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Conteúdo do negócio jurídico

1-Preliminares

1.1-Noção de conteúdo

Conteúdo do negócio jurídico- Conjunto de fenómenos jurídicos (efeitos) que são


objeto da vontade negocial, no sentido oportunamente afixado. Assim, nesta aceção,
conteúdo do negócio jurídico equivale a objeto jurídico ou substância do negócio.

Conjunto ou disposições, estipuladas pelas partes ou resultantes da lei e por via das
quais o negócio se há-de produzir, não é uma correta definição de conteúdo de
negócio jurídico, mas são antes dos elementos do conteúdo.

Cláusula do negócio jurídico- Elemento do conteúdo do negócio que seja em si mesmo


eficaz, isto é, estipule um certo efeito proveniente da vontade faz partes. Não se
devem assimilar às cláusulas outros elementos do negócio, derivados de normas
dispositivas, ou de normas interpretativas.

Efeitos e conteúdo do negócio- O conteúdo do negócio refere-se aos efeitos queridos,


enquanto a eficácia aos efeitos produzidos, podendo não haver correspondência entre
eles; basta que algum vício perturbe o negócio para que a sua eficácia (efeitos
produzidos) não corresponda aos efeitos queridos pelas partes.

Quanto maior a coincidência entre os efeitos produzidos e os queridos, tanto mais


plenamente se realizará a função do negócio jurídico. Se a coincidência for total, o
negócio atingiu a sua plena eficácia em relação ao seu conteúdo.

1.2-Razão de ordem

A interligação entre o conteúdo do negócio jurídico e a eficácia do negócio jurídico


desloca o estudo do conteúdo para o plano casuístico dos tipos negociais, pois a cada
um deles corresponde um conjunto próprio de efeitos. Nem, por isso, deixam de se
colocar questões que interessam a uma teoria geral do negócio jurídico.

Essas questões vão ser analisadas por referência a três pontos fundamentais:
formação do conteúdo, elementos do conteúdo e determinação do conteúdo.
Pela formação do conteúdo, trata-se de apurar o papel da vontade e da lei na sua
constituição.

Os elementos do conteúdo reportam-se à eficácia. Há elementos do conteúdo


específicos de cada negócio e que assim não cabe analisar em sede de teoria geral.
Esta afirmação é verdadeira, para os elementos de cada negócio, enquanto
conformadores do respetivo tipo. Diferentemente se passam as coisas como
elementos acidentais, que podem ser incluídos no conteúdo de uma grande variedade
de negócios, embora nem todos assumam a mesma relevância no plano prático,
quando vistos numa perspetiva geral. Por isso limitamo-nos à análise dos que
justifiquem um tratamento genérico. Vamos desenvolver os mais significativos: a
condição, o termo e o modo.

Na determinação do conteúdo do negócio jurídico cabem as matérias da


interpretação e da integração negocial.

No negócio jurídico consubstanciam-se um comando jurídico, uma regra de conduta


individual e concreta, dirigida primariamente a quem nele é parte, mas com projeção
também em terceiros. A determinação do sentido desse comando é essencial para a
fixação dos efeitos que o negócio jurídico pode produzir. Este é o problema da
interpretação do negócio jurídico. Contudo, nem sempre os autores do negócio
jurídico, esgotando a faculdade que a lei lhes reconhece de conformação do negócio
jurídico, preenchem plenamente o seu conteúdo; daí que também quanto a ele se
ponham, à semelhança da lei, problemas de integração.

1.3-Sede legal da matéria

As razões que explicam a pouca projeção do problema do conteúdo em sede de teoria


geral justificam também a escassez de disposições legais relativas a esta matéria.

Na parte Geral, as disposições relativas ao conteúdo respeitam às questões da sua


formação e, em especial, a certas cláusulas acessórias típicas, condição e termo. Estão
em causa os artigos 270 a 279. Outras cláusulas são tratadas a propósito dos negócios
jurídicos de que são próprias ou vêm regulados em locais dispersos pelo código. Pela
sua maior relevância damos, desde já, notícia do tratamento “legal do modo e da pena
convencional”

O modo não é regulado na parte geral do código civil, o que se explica por ser
elemento próprio dos negócios gratuitos. Por isso, o código só se ocupa dele, com
algum desenvolvimento, a propósito da doação (artigos 963 a 968) e testamento
(artigos 2244 a 2248). Para além destas, há normas esparsas que se referem a esta
modalidade de cláusula acessória a respeito de negócios gratuitos. Um deles, o artigo
191, quanto à instituição de fundações.
Pelo que respeita à pena convencional o seu tratamento foi remetido para o regime
das obrigações em geral, relativos aos efeitos de falta de cumprimento pelo devedor,
mais particularmente em sede de fixação contratual de direitos ao credor (artgo 809 e
seguintes).

A outra matéria do conteúdo do negócio genericamente tratada na parte geral do


código civil é relativa à determinação do conteúdo e respeita à interpretação e
integração (artigos 236 a 239). Para além destes preceitos existem regimes especiais
contidos no diploma que rege as cláusulas contratuais gerais. Deve ser tido em conta o
artigo 2187 relativo a um negócio de feição particular, o testamento, mas que, por isso
mesmo dá um relevante contributo para a fixação do sentido do regime geral daqueles
institutos.

2-Formação do conteúdo

2.1 Papel da vontade na formação do conteúdo

2.1.1-Generalidades

A vontade é uma das fontes do conteúdo do negócio jurídico, podendo mesmo dizer-
se ser a mais relevante. Isto é assinalar o princípio da autonomia privada, na área do
regime do negócio.

Ao analisar o alcance da autonomia privada como princípio fundamental do Direito


Civil Português, e também em algumas matérias do regime do negócio, já fica claro o
papel da vontade na formação do negócio jurídico, não é sempre de igual relevância.

Partindo do artigo 405 do CC, e levando em conta aspetos gerais já conhecidos,


podemos afirmar que o princípio da autonomia privada, quanto à relevância da
vontade na formação do conteúdo do negócio jurídico, se manifesta em dois aspetos:
liberdade de celebração e liberdade de estipulação.

Ao lado destas manifestações da autonomia negocial, é corrente uma terceira,


liberdade de seleção do tipo negocial, que é ainda uma modalidade da liberdade de
estipulação, mas para facilidade de análise, vai ser considerada autonomamente.

2.1.2-Liberdade de celebração
Nós encontramos algumas limitações legais ao princípio da autonomia privada, mas
não são só elas em pouco número como ainda têm caráter excecional.

A liberdade de celebração desdobra-se em duas manifestações do princípio da


autonomia privada: liberdade de celebrar e liberdade de não celebrar negócios
jurídicos. Isto significa que não há limitações, em geral, à prática de negócios jurídicos
privados; as pessoas celebram os que entendem e quando entendem. Mas, a
celebração do negócio jurídico também é livre no sentido de ninguém poder ser
compelido a celebrar negócios jurídicos. Poder de celebrar os negócios que quiser, mas
só os celebra se quiser.

O princípio da liberdade de celebração comporta algumas limitações que podem


atingir tento a sua manifestação positiva, como a sua manifestação negativa. Esta
restrição pode tanto ser de fonte convencional como de fonte de fonte legal.

Limitações negativas e positivas à liberdade de celebrar negócios jurídicos

1-Se a limitação é de fonte convencional, ela tem, como é manifesto, em geral,


natureza obrigacional, como acontece com o pacto de preferência, a menos que a lei
lhe atribua eficácia real (artigo 413). Em regra, neste caso, as limitações
circunscrevem-se aos negócios que tenham por objeto coisas imóveis ou móveis
sujeitas a registo e as correspondentes cláusulas estão sujeitas a registo.

Exemplo de manifestações positivas de limitações à liberdade de contratar: O titular


de um direito pode obrigar-se, perante uma pessoa, a não o alienar (artigo 577).

2-As limitações da liberdade de contratar quando em manifestação negativa,


consistem na imposição do dever de contratar, ou seja, tornam ilícita ou ilegítima a
recusa de contratar

Exemplo de manifestações negativas de limitações à liberdade de contratar: Uma


aplicação específica da cláusula geral do abuso de direito. Apesar de dúvidas, alguns
autores consideram que” não é admissível recusa de contratar, quando ela constitua
um abuso de direito”

Limitações à liberdade de contratar de fonte convencional e legal (lei expressa)


1- A obrigação de contratar de fonte convencional pode resultar de vários atos,
das quais os mais salientes são o contrato-promessa (artigo 410 e 830 do CC) e
o mandato sem representação (artigo 1181\1).

2-A imposição por lei da obrigação de contratar não é muito corrente no direito
civil. Um exemplo é o de seguro obrigatório. Em alguns casos a obrigação de contratar
resulta de imposição de ordem deontológica, a observar o exercício de certas
profissões, como médicos ou advogados (patrocínio de nomeação oficiosa).

Importa demarcar a obrigação de contratar, da situação que ocorre por consagração


legal da possibilidade de certos efeitos jurídicos, normalmente, emergentes do negócio
bilateral, serem produzidos por virtude de apenas de uma das partes interessadas.
Exemplos dos artigos 830 e 1793. Nestes dois casos não há propriamente uma
obrigação de contratar, mas de sujeição.

Nos termos do artigo 830, verificados certos requisitos, havendo incumprimento da


obrigação de contratar por parte de quem assumiu a promessa de o fazer, pode a
outra obter sentença que produza os efeitos da declaração negocial do faltoso. Assim,
neste caso, tudo se passa como se a declaração em falta fosse emitida, pois é suprida
pela sentença.

Quanto ao artigo 1793\1, estatui-se nele que, em caso de divórcio, a pedido de


qualquer um dos cônjuges, o tribunal pode dar-lhe de arrendamento a casa de morada
da família.

O princípio da liberdade de celebração comporta também uma outra modalidade: a


liberdade de escolha da pessoa com quem se celebra o negócio

Nesse sentido, cabe a quem pretende fazer um negócio jurídico também a liberdade
de escolha para fazer o negócio com quem quiser. Semelhante ao que acontece a
outras manifestações da liberdade de celebração também esta sofre de certas
restrições, que podem ter origem na vontade das partes ou na lei.

Neste caso, não falamos da liberdade de contratar, mas de escolher um outro


contraente. Deste modo, as restrições agora em análise não impõem a obrigação de
contratar, mas caso o decida fazer, de o fazer com determinada pessoa.
Por exemplo: O pacto de preferência (artigo 414). Por força dele, se certa pessoa
dispuser de celebrar determinado negócio, obriga-se a fazê-lo, de preferência, com
determinada pessoa. Isto também existe com os direitos de preferência de
determinadas pessoas (artigo 1409).

Também, apesar de diferenças, são de igual modo, limitações à liberdade de seleção


aquando a celebração do negócio certas proibições de celebração determinados
negócios com certas pessoas em determinadas circunstâncias (artigos 579, 876, 877,
2192 a 2197)

2.1.3-Liberdade de seleção do tipo negocial

A liberdade de seleção de seleção de certo tipo negocial envolve vários aspetos a


saber:

-A liberdade de escolher o negócio mais adequado à prossecução do interesse visado;

-Liberdade de celebrar negócio diferentes dos previstos da lei;

-Liberdade de reunir no mesmo negócio elementos de dois ou mais negócios previstos


na lei.

Este é oi regime que se deduz do artigo 405\1 e 2. Este princípio não tem a mesma
extensão em todos os ramos do direito civil. Existem vários tipos como reais,
obrigacionais, familiares e sucessórios. Quando domine um princípio da tipicidade do
negócio jurídico, sofre restrições, a liberdade de seleção do tipo negocial.

2.1.4-Liberdade de estipulação

O princípio da liberdade de estipulação é o que mais diretamente se prende com a


matéria da formação do conteúdo do negócio jurídico. Segundo ele, podem as partes
fixar livremente o conteúdo dos contratos e incluir nestes as cláusulas que lhes prover.

A liberdade de estipulação sofre fortes restrições em negócios obrigacionais e algumas


menos significativas em negócios reais, familiares e sucessórios. Isto também ocorrerá
no direito comercial onde em nome do interesse coletivo, no domínio do controlo dos
preços. Também outras se podem apontar no direito do trabalho, relativamente às
normas que fixam regalias mínimas para os trabalhadores.

2.1.5-Classificação dos negócios jurídicos em função do papel da vontade

O princípio da autonomia privada, como antes visto, permite fazerem-se negócios


jurídicos diferentes dos previstos na lei e, bem assim, de aporem aos negócios típicos
as cláusulas que bem lhes aprouver, típicas ou não e, ainda de estabelecerem entre
negócios diversos as ligações que bem, entenderem.

Nesta base distingue-se negócios típicos ou atípicos, e se fala em negócios mistos e


união de negócios.

Negócios típicos- Os negócios previstos e regulados em normas jurídicas e que têm,


além disso, nomen iuris (ter nome legal).

Estas são aquelas modalidades de negócio que por questões históricas ou de maior
relevância, mereceram uma atenção particular do legislador, tendo um regime próprio
para iniciativa das partes.

Negócios atípicos- Os negócios que se constroem na atuação da sua liberdade de


seleção.

São, sem dúvidas, atípicos os negócios jurídicos criados inteiramente de novo pelas
partes.

Em casos em que adicionem a negócios típicos, cláusulas não previstas por lei, sejam
novas, não correspondentes ao modelo legal ou importadas de outro tipo, cabe
perguntar quando a adição de cláusulas não típicas a um negócio típico o muda.

Existem cláusulas mais e não essenciais para o negócio tipo do negócio. Quando a
adição de cláusulas, subverta o que há de essencial no tipo, surge um negócio atípico.

Negócios mistos- Negócio que se compõe de elementos de outros negócios, sejam


eles previstos ou não na lei. O negócio misto pode resultar da vontade das partes,
como da própria lei, pelo que lhe poderíamos aplicar o critério que reparte os negócios
atípicos e típicos.

Por exemplo: um negócio típico misto, o s arrendamentos previstos no artigo 74 do


RAU, relativos à localização de casas mobiladas, em que o arrendamento é
acompanhado do aluguer da mobília.

O principal problema destes tipos de negócios é o de saber qual o regime que lhes
deve ser aplicado, dada a complexidade do seu conteúdo. A solução não pode ser
universal, dependendo da diferente modalidade que o negócio misto revista. Este
deverá, de acordo com a doutrina, ser tratado de acordo ao regime do negócio
dominante. Outra doutrina manda aplicar os regimes de cada ato. Outra solução
doutrinária parte de tratar o negócio misto como atípico, logo omissos na lei, e manda
recorrer ao poder integrativo do negócio, atribuído ao julgador, que aplicará o regime
de integração de lacunas negociais.

A união de negócios- Quando se celebra dois negócios jurídicos diferentes, sem que
qualquer deles perca a sua individualidade, mas existindo entre eles alguma ligação.

Atendendo ao tipo de ligações existente entre os negócios, podem distinguir-se duas


situações:

-Quando a ligação é meramente acidental, tendo na sua origem fatores externos,


como a identidade das partes, a contemporaneidade da sua celebração ou comunhão
do título.

Por exemplo: Seja o caso de A celebrar com B um contrato de trabalho e arrendar-lhe


um andar para habitação, sem qualquer ligação com o contrato de trabalho. Fala-se a
este respeito em junção de contratos, não perdendo qualquer um deles a sua
autonomia.

-Quando a ligação é funcional, ou seja, querida pelas partes na prossecução de


determinado fim. Nestes casos, ditos de coligação, o regime de cada negócio é
influenciado pelo do outro, pois só assim se alcança a finalidade visada pelas partes.
Assim os negócios presentes não são tidos como autónomos, mas antes dependentes
um do outro. Esta interdependência mútua pode revestir várias hipóteses. Pode ser
recíproca quando bilateral, não tendo qualquer dos negócios papel principal, ou pode
ser unilateral a interdependência nos casos em que um dos negócios ocupe uma
posição subordinada em relação ao outro, que será o negócio principal.

Por exemplo: A autoriza B a usar um processo de fabrico de sua invenção, e este


celebra com A um contrato de trabalho para dirigir a correspondente secção da fábrica
de B.

A estabelece com B um contrato de trabalho e um contrato de comodato de um andar


anexo ao local, mantendo-se este último contrato pelo tempo em que vigore a relação
laboral.

3-O papel da lei na formação do conteúdo

Apesar do predominante relevo da vontade na formação conteúdo, também a lei tem


um papel essencial.
Vale a pena assinalar que é importante ter em conta, nos negócios típicos a
necessidade de ter em consideração as normas que definem o tipo do negócio, ou
seja, que o qualificam como tal, e que não podem ser afastadas sob pena do negócio já
não ser do tipo entendido pelas partes. Também convém que muitos pontos
normativos não regulados pelas partes são preenchidos supletivamente pela lei.

A lei na feitura do conteúdo negocial dá-se através de normas de natureza diversa,


podendo ser injuntivas e dispositivas.

Conteúdo do negócio jurídico


Conteúdo como categoria

1-Quadros da eficácia negocial


1.1-Noção de conteúdo

O conteúdo do negócio corresponde à regulação por ele desencadeada: ao conjunto


de regras que, por ele ter sido celebrado, tenham aplicação ao espaço que as partes
tenham entendido reger.

O recurso à ideia do conteúdo visa proporcionar uma ponderação global da regulação


promovida pelo negócio. Este soma todas as regras que o componham.

Falar em conteúdo em objeto não é o mesmo, pois o objeto não tem que ver com a
regulação em si, mas com o quid sobre que irá recair a regulação negocial
propriamente dita. Por exemplo, num contrato de compra e venda:

-A regras aplicáveis, por via dele, às partes, constituem o seu conteúdo, neste caso, a
transmissão da propriedade;

-A coisa que é transmitido forma o objeto.

1.2- Composição do conteúdo

O conteúdo analisa-se em elementos normativos e em elementos voluntários.

Elementos voluntários- Regras aprontadas e fixadas pelas partes;

Elementos necessários- Fatores que embora a disponibilidade das partes,


tenham de por elas ser fixados sob pena de incompletude do negócio (por exemplo, o
preço, no caso da compra e venda);

Elementos eventuais- Elementos integrados no negócio apenas


entendimento das partes

Elementos normativos- Correspondem este elemento às regras aplicáveis, isto é,


àquelas que o direito associe à celebração do negócio, independente de uma expressa
vontade negocial nesse sentido.

Elementos injuntivos- Não disponíveis às partes, nem que por elas possam ser
afastados;

Elementos supletivos- Quando a aplicação venha suprir o silêncio ou


insuficiência do clausulado negocial.

O negócio jurídico é composto por cláusulas (os elementos que há pouco falámos).
Estas podem ser:

-Cláusulas em sentido formal-Correspondem a proposições apresentadas


vocabularmente como autónomas, em regras numeradas pelas próprias partes;
-Cláusulas em sentido material- Equivalem a conjunções normativas que não podem
ser separadas sob pena de se perder o seu teor ontológico.

1.3-Tipo negocial e cláusulas típicas

Tipo negocial- Equivale ao conjunto de elementos voluntários e normativos


necessários. Não correspondem ao tipo negocial os elementos voluntários eventuais e
aqueles que afastem os fatores normativos supletivos.

Na maioria dos negócios as partes limitam-se a escolher o tipo negocial necessário à


prossecução dos seus interesses e a preencher os elementos voluntários necessários.
O tipo negocial determina as regras aplicáveis ao negócio.

Do tipo negocial deverão ser separadas as cláusulas típicas, aquelas que definem o tipo
negocial (prevista por lei para um certo tipo). Como estas não chegam, deveram-lhe
ser adicionadas elementos voluntários eventuais.

Por exemplo: um tipo negocial será contratos civis, os quais têm como cláusulas típicas
(necessárias ao tipo negocial): a condição (artigo 270), o termo (artigo 278 e 279) e o
sinal (artigo 440)

Ao lado do tipo legal, o mais comum, também temos o tipo social.

Tipo social- No direito comercial, por exemplo, deparamo-nos com negócios não
regulados pela lei, mas conhecemos os seus aspetos habituais. Têm regimes
estabilizados pelos usos, pelo costume, ou pelas cláusulas contratuais gerais. Sem
prejuízo do controlo que deva ser feito através da boa-fé.

Requisitos do negócio jurídico

1-Possibilidade e determinabilidade

1.1-Possibilidade; Nota histórica


Num sistema dominado pela autonomia privada, boa parte dos negócios são regulados
pela negativa, isto é, por limites. Desses limites, os mais caraterísticos são os
requisitos, portanto, qualidades que os negócios, para serem válidos, devam assumir
no seu conteúdo.

Dispõe nesse domínio o artigo 280, sobre o conteúdo negocial (apesar de lhe chamar
objeto do negócio).

“É nulo o negócio cujo objeto seja física ou legalmente impossível, contrário à lei ou
indeterminável”. Vamos pelos seguintes pontos:

Possibilidade:

- Quando o negócio se reporte a uma coisa inexistente ou inalcançável (É admissível


coisa futura quando a lei não o proíba); Também quando o negócio se reporte a uma
ação humana que não possa, objetiva e absolutamente, ser levada a cabo.

- Quando, em termos jurídicos, se reporte que o objeto se analise num efeito jurídico
não permitido.

1.2-Aspetos dogmáticos da possibilidade

As regras que dão corpo à possibilidade encontram-se no artigo 280\1, no caso do


negócio jurídico.

Como foi dito, a possibilidade é física ou jurídica, consoante o objeto ou o conteúdo


contundam com o direito ou natureza das coisas.

A possibilidade é:

Possibilidade absoluta-Quando atinja o objeto do negócio, sejam quais forem as


pessoas envolvidas (é sempre nula não só para certas pessoas e independente da
situação); Esta é uma verdadeira impossibilidade. O sujeito está concretamente
impedido de atuar certo negócio poderá, não obstante, celebrá-lo, desde que possa,
depois, fazer substituir na execução;

Possibilidade relativa- Quando somente opere perante as pessoas concretamente


consideradas (pode ser possível para certas pessoas).

Esta distinção explica a possibilidade de negociar coisas futuras, na hipótese de estas


existirem, mas fora da esfera do disponente (artigo 211 e 401\2).

A possibilidade também pode ser:


-Impossibilidade temporária- É previsível que a impossibilidade cesse (poderá ser
viável, mesmo com a impossibilidade temporária, dentro das regras das coisas
futuras);

-Impossibilidade efetiva- Não é previsível que a impossibilidade cesse (é requisito


negativo do conteúdo do negócio jurídico)

A impossibilidade também poderá ser:

-Impossibilidade- O objeto do negócio é ontologicamente inviável;

-Impossibilidade económica- Neste caso, o objeto do negócio é pensável, mas


economicamente tão pesável que se torna injusto ou iníquo. Todavia, as únicas partes
capazes de fazer bitolas de “justiça” ou de “equidade” são as próprias partes. A menos
que se verifique um erro ou outro vício relevante, o objeto “difícil”, sendo querido
validamente pelas partes, é juridicamente operacional.

A possibilidade deve ser aferida não de forma matemática, mas em termos de


normalidade social.

A impossibilidade também poderá ser:

-Impossibilidade inicial- A impossibilidade opera logo no início, no momento de


celebração do negócio;

De acordo com o artigo 280\1 esta implica a nulidade do negócio.

-Impossibilidade superveniente- A impossibilidade manifesta-se, após celebração do


negócio.

Esta impossibilidade atinge os requisitos do negócio. A consequência é a extinção da


obrigação, quando a impossibilidade ocorra por causa não imputável ao devedor
(artigo 790\1), ou na sua extinção com a aplicação das regras do incumprimento,
quando o próprio devedor ocasione a responsabilidade (artigo 801\1)

Também pode a impossibilidade ser quando: O objeto do negócio jurídico seja, física e
juridicamente possível, mas exija, no seu cumprimento a violação de regras morais.
Podemos admitir a “impossibilidade moral” como modalidade de impossibilidade
jurídica, quando estejam em causa valores fundamentais do sistema jurídico,
expressos pela ideia de “boa-fé”.

A impossibilidade pode ser subjetiva se depender da pessoa (vender um tigre a João


até 20 de Outubro).

1.3-Determinabilidade
O artigo 280\1, in fine, refere um requisito de certo modo ligado à possibilidade: a
determinabilidade.

O negócio para poder ser executado, deve dar azo a atos cognoscíveis pelas partes.
Pode suceder, no momento da celebração, que as partes não tenham, ainda, fixado o
seu conteúdo preciso: não obstante elas terão de prever um esquema que faculte essa
determinação. É, pois, viável, um negócio cujo objeto, embora indeterminado, seja
determinável; a lei prevê, para tal hipótese, esquemas para a determinação (artigo
400).

A indeterminabilidade pode envolver um conjunto de hipóteses possíveis. Nessa


eventualidade, além das regras do artigo 400, poderão ter aplicação os regimes
atinentes às obrigações genéricas (artigo 539) e às obrigações específicas (artigo 543 e
seguintes).

O objeto do negócio será indeterminável quando, nem com recurso às referidas regras,
seja possível proceder à determinação.

Por exemplo: a jurisprudente tem aplicado a indeterminabilidade do negócio


particularmente no domínio bancário: tal o caso de fianças em garantias de obrigações
futuras indeterminadas e indetermináveis, o da locação financeira, quando o valor
residual seja indeterminável e do aval concedido na proporção da quota do avalista de
certa sociedade, sem que o seu montante possa resultar do título.

2-Lícitude e fraude à lei

2.1- Licitude e conformidade legal

De licitude pode ser utilizada pode ser utilizada numa aceção estrita e ampla. Em
sentido amplo, é lícito o negócio que tenha surgido no espaço deixado pelo direito à
autonomia privada. A licitude então teria de observado os requisitos negociais.

Em sentido estrito, o negócio ilícito é aquele que implique, para as partes, o


desenvolvimento de atuações contrárias a normas jurídicas imperativas (injutivas).

A proibição de negócio ilícito constitui um limite da autonomia privada, derivando do


artigo 280\1 (“ contrário à lei”) e 294. O ilícito constitui-se por violação de normas
injuntivas.
A ilicitude pode emergir do resultado ou dos meios, isto é: o negócio ilícito pode
alcançar algo que o direito proíba ou, simplesmente, pode prosseguir uma finalidade
admissível, mas por meios vedados pelo direito.

O fim do negócio é suscetível, ainda, de entendimentos subjetivizantes, traduzindo não


resultado em si, mas o objetivo das partes. Nessa aceção, compreende-se que cada
uma das partes possa ter o seu próprio fim.

Artigo 281: “se apenas o fim for contrário à lei, o negócio só é nulo quando for comum
a ambas as partes”.

O negócio diz-se indireto quando traduza a utilização de um tipo contratual para


prosseguir os efeitos práticos de um tipo diverso. O exemplo mais caraterístico é o da
venda por preço simbólico: ela atinge os efeitos da doação. O problema do negócio
indireto tem que ver com a formação e exteriorização da vontade das partes, uma vez
que, no fundo obriga a pesquisar qual a vontade juridicamente relevante. É ainda
possível um problema de “fraude à lei”. De todo o modo, o negócio indireto não é por
si só contrário à lei.

Pode, no entanto, colocar uma questão de licitude, dado o desvio perpetrado: trata-se
de saber em que medida são admissíveis tais derivações. A solução reside no princípio
na primazia das conjunções substanciais: o negócio indireto, uma vez demostrada a
vontade real das partes, é lícito na medida em que seja o negócio encoberto. Depõe,
nesse sentido, o regime da simulação e a lógica do sistema.

A conformidade legal corresponde a um requisito residual destinado a facultar a


sistematização dos fatores que a lei exija para a validade de negócios específicos.

Por exemplo: os direitos litigiosos não podem ser cedidos às pessoas referidas no
artigo 579; os avós e pais não podem vender a filhos e netos exceto nas condições do
artigo 877.

A conformidade acaba por estar presente no artigo 294: “os negócios jurídicos
celebrados contra preceitos legais imperativos são nulos.
2.2-Fraude à lei

A propósito licitude coloca-se o problema do negócio em fraude à lei.

Fraude à lei (definição romana) - “comportamento malicioso e contrário à norma


explícita ou implícita, ou ao costume, através do qual se tenta conseguir um resultado
ilícito. A consequência deste é a nulidade.

Tipos de fraude à lei:

-Específicas- Quando as próprias normas prevendo determinadas hipóteses de


contornar a lei as viessem proibir;

-Genéricas- Sempre que resultassem do sentido geral do sistema jurídico

2.2- A não autonomia da fraude à lei no Direito Português

Fraude à lei- “Forma de ilicitude que envolve, por si, a nulidade do negócio. A sua
particularidade residirá, quanto muito, no facto de as partes terem tentado através de
artifícios formais mais ou menos assumidos, conferir ao negócio uma feição inóqua.

No fundo a fraude à lei apenas exige uma interpretação melhorada dos preceitos
vigentes:

- Se se proíbe o resultado, também se proíbe os meios indiretos para lá chegar;

-Se se proíbe apenas um meio, por se apresentar perigoso ou insidioso, fica em aberto
a possibilidade de percorrer outras vias que a lei não proíba.
3-Bons costumes e ordem pública

3.1-Generalidades; evolução geral e direito comparado

Segundo o artigo 280\2, é nulo o negócio jurídico contrário à ordem pública e bons
costumes.

Algumas formulações deste tipo são: artigo 271\1, 281, 334, 340\2, 465, 967, 1422\2,
2186 e 2230\2.

Os bons costumes e a ordem pública constituem noções distintas. Além disso, os bons
costumes permitem a sindicância de todos os negócios jurídicos. Este trata-se de um
conceito indeterminado.

Como o conceito é indeterminado ele impõe especial cautela e precisão, por parte do
intérprete-aplicador. Para entender o sentido dos bons costumes à que recorrer ao
direito comparado.

-No direito romano, corpus iuris civilis, ir contra os bons costumes seria ir contra a
regra moral.

-Na doutrina francesa, no código de napoleão, ir contra os bons costumes estaria


ligado às práticas sociais, dado haver uma tendência sociológica, e violação da moral
cristã.

-O BGB, na necessidade de concretizar a moral subjacente aos bons costumes diz:


“retirar da consciência popular dominante, do sentimento de decência de todos os que
pensam équa e justamente”. Da bitola, “todos os que pensam équa e justamente”,
haveria que atender, dentro do círculo próprio onde o problema se ponha, às pessoas
médias.

Alguns exemplos de negócios à qual a jurisprudência alemã aplica os bons costumes


são:

-Contratos de opressão e proibições de concorrência, isto é, contratos que


estabeleçam excessivas limitações pessoais ou económicas à liberdade das partes ou
que prejudiquem as regras do mercado;

-Utilização excessiva duma posição de supremacia e exploração do devedor;

-Comercialização de bens de personalidade;

-Atentados à ordem familiar;

-Atentados à ética profissional;


-Liberdades como fim contrário aos costumes;

-Negócios usurários

3.2-Bons costume no direito Português

No direito português, a referência aos bons costumes recebeu influência verbal


napoleónica. No código de Seabra: “não podem legalmente ser objeto de contrato, os
atos contrários à moral pública, ou às obrigações impostas por lei”.

A constituição de 1933 falava de religião católica, artigo 46, pois referia uma “moral
pública”.

O código civil aproxima muitas vezes, bons costumes, ordem pública e boa-fé.

No tocante à boa-fé, a distinção é: os bons costumes não apelam a valores


fundamentais do ordenamento, concretizados pelos princípios mediantes da tutela da
confiança e da primazia material subjacente. Antes tem que ver com, regras
circunscritas e acolhidas, do exterior, pelo sistema.

Se analisarmos os casos concretizantes dos bons costumes que nos advém da


experiência alemã, encontramos dois grandes grupos: hipóteses que se prendem com
princípios cogentes da ordem jurídica e hipóteses ligadas à moral social. Os primeiros
estão no nosso sistema, relacionados com a ordem pública (na Alemanha só referem
bons costumes e não ordem pública).

Por força dos bons costumes, neste caso da perceção moral atual, negócios jurídicos
que tenham como objeto prestações que envolvam relações familiares ou condutas
sexuais são contra os bons costumes (códigos de conduta familiar e sexual).

Também os bons costumes envolvem questões nas áreas de códigos deontológicos,


que a lei não explicita, mas que são de reconhecimento objetivo. Estes são formuladas
por instâncias profissionais próprias, como advogados, médicos, jornalistas e
banqueiros.
3.3-A ordem pública

Ao contrário dos bons costumes, a ordem pública constitui um fator sistemático de


limitação da autonomia privada. Podemos alcança-la através de simples considerações.

A autonomia privada é limitada por normas jurídicas injuntivas. Todavia, o sistema não
inclui apenas normas, a retirar das fontes, pela interpretação: ela abrange também
princípios, a construir pela ciência jurídica. Tais princípios não são vetores
expressamente legislados, mas importantes.

Muitas vezes, eles prendem-se com bens de personalidade: justamente uma área
onde, mercê dos valores em presença, a autonomia privada surge limitada. Por
exemplo, nesse sentido, o artigo 81\1.

São assim, contrários à ordem pública, contratos que exijam esforços desmesurados ao
devedor ou que restrinjam demasiado a sua liberdade pessoal ou económica. Também
são contrários à ordem pública, negócios que atinjam valores constitucionais
importantes.

Em nossos tribunais a ordem pública é mais invocada que os bons costumes. Ela tem
sido usada para deter negócios contrários a normas imperativas, como os que
contrariem os salários mínimos, o regime vinculativo do arrendamento, ou que iludiria
os direitos sucessórios.

Também é contrários à ordem pública assunção de garantias sem limite de tempo e


em dimensão indeterminável. Todavia, havendo proibições específicas, a cláusula da
ordem pública fica prejudicada.
Cláusulas típicas

1-Condição

1.1-Conceito e modalidades

Condição é uma cláusula contratual típica que vem subordinar a eficácia duma
declaração de vontade a um evento futuro e incerto. (artigo 270). Podemos distinguir a
condição em:

-Condição suspensiva-Quando o negócio só produza efeitos após a eventual


verificação da ocorrência;

-Condição resolutiva- Sempre que o negócio deixe de produzir efeitos após a eventual
verificação da ocorrência em causa.

Em concreto para saber se estamos perante uma condição, temos uma questão de
interpretação.

A condição vem satisfazer necessidades práticas importantes. Na verdade, aquando da


contratação, as partes desconhecem, muitas vezes, a evolução futura dos factos em
que assentem. Por isso, há interesse na possibilidade de subordinar a própria eficácia
negocial a esse desenrolar de factos.

Podem surgir atos jurídicos típicos que impliquem, por si só, condições: assim, o
pagamento do cheque ao seu portador, pelo próprio banco sacado, considera-se feito
sob a condição suspensiva de saldo suficiente na conta do sacador.

As condições podem também classificar-se em:

1-

-Condições casuais-Conforme o evento incerto de que dependam se traduza num facto


alheio às partes do negócio jurídico; Esta pode depender de um facto natural, como o
facto de chover ou não chover num certo dia, dum ato de terceiro, como a conceção
de uma fiança ou de um ato social ou administrativo, como a autorização para
construir.

-condições potestativas-Conforme o evento incerto emerja da vontade de uma das


partes; neste caso, a parte em causa recebe o direito potestativo de deter ou
desencadear a eficácia do negócio, consoante seja suspensiva ou resolutiva.
2-

-Condições de momento certo- Ainda que a condição seja incerta, ocorre numa
situação prefixada. Por exemplo, quando o beneficiário tiver 30 anos, o que poderá
suceder ou não.

-Condição de momento indeterminado- A condição ocorre numa ocasião


indeterminada. Por exemplo, quando o João casar.

3-

-Condições automáticas-Não é precisa qualquer manifestação de vontade para a sua


eficácia.

-Condições exercitáveis- É necessária manifestação de vontade para a eficácia da


condição. Esta condição é como que um misto da condição casual e potestativa, pois é
preciso, além de um advento, uma vontade.

1.2-Condições impróprias e figuras semelhantes

A doutrina distingue certas condições que não são formalmente condicionais, não
constituindo verdadeiras condições. São as condições impróprias. Estas ocorrem por
faltar algum dos requisitos das condições, designadamente: a natureza futura,
incerteza ou voluntariedade da própria cláusula em si. São condições impróprias:

-As condições presentes ou passadas: a condição fica dependente de algo que ,


existindo já, ou não, aquando a sua celebração, não deixa margem de pendência para
o negócio;

No entanto, deve considerar-se que há condição quando as partes se reportem não ao


acontecimento em si, mas ao conhecimento dele: produz-se quando chegar ao
conhecimento que ocorreu tal facto.

-As condições impossíveis, ou seja, aquelas que, por razões físicas (se beberes o mar)
ou jurídicas (se venderes a um cão) nunca poderão ocorrer; neste último caso ainda se
poderia distinguir entre impossibilidade moral e legal, consoante seja vedada a
condição por lei ou por princípios gerais ou por ou cláusulas indeterminadas ou pela
boa-fé ou bons costumes.

-Condições necessárias, ou seja, aquelas que por razões naturais ou legais, irão de
certeza ocorrer, mesmo que em momento incerto.

Por exemplo: Quando alguém morrer ou quando alguém deixar o governo.


-Condições legais- Quando a condição abranja factos eventuais e futuros a que a
própria lei, e não as partes, subordine certa eficácia.

Por exemplo: convenções antenupciais produzem efeitos depois do casamento; entre


as condições legais aparece a chamada condição resolutiva tácita; isto é, a
possibilidade de alguém resolver o contrato por incumprimento da contraparte; desta
figura não é possível aproximar a condição resolutiva consistente na impossibilidade
superveniente, física ou legal de certa prestação.

A condição distingue-se de múltiplas figuras próximas. Desde logo o termo: o termo


traduz evento futuro e certo quanto à sua ocorrência.

A condição distingue-se em do modo, próprio dos negócios gratuitos e que postula


uma atuação do beneficiário.

A condição distingue-se de outros institutos dependentes de factos futuros e incertos,


que disponham de regimes típicos consolidados. Por exemplo, a reversão da coisa
(artigo 960).

1.3-Natureza e invalidades

A condição aparece como algo de autónomo num determinado conteúdo negocial. A


condição está sujeita à mesma forma do contrato em que se insira.

Não há, pois, uma vontade de certo efeito e, depois, nova vontade de subordinar o
negócio a determinado evento. Há, antes, uma única vontade, mas condicional.
Resulta daí que todo o conteúdo do negócio condicionado fica, por igual, tocado pela
condição, com claros reflexos no regime. E designadamente: a invalidas de duma
condição acarreta invalidade de todo o negócio.

O primeiro ponto do regime da condição diz respeito â sua aponibilidade: em que


negócios podem ser apostas condições?

Regra geral: emergente do artigo 405\1, a liberdade contratual, é a da livre colocação


de condições: quem está livre de estipular, pode condicionar. Deduz-se, daí, que os
atos em sentido estrito não são condicionáveis, ou já terão outra natureza.
A lei proíbe colocar condições nas seguintes situações: Com a compensação do
casamento (artigo 848\2), com o casamento (artigo 1618\2), com a perfilhação (artigo
1852\1 e 2064\1). Em todos estes casos, ocorre isto, pois nenhum tem liberdade de
estipulação.

No direito comercial, designadamente em títulos de crédito e, há outros atos não


condicionáveis: endosso, aceito e o aval.

Além disto, o direito não permite que negócios que quer firmes, sejam condicionados.
Assim, o arrendamento não pode ser condicionado resolutivamente, sob pena de
frustrar o princípio vinculístico da renovação automática. Isto também sucede com o
contrato de trabalho.

A aponibilidade (possibilidade) é diferente da licitude da condição. Dadas as relações


da condição com o negócio, é possível que a sua aplicação resulte em resultados
proibidos pelo direito. Tal pode suceder:

-Por a própria condição em si ser contrária à lei: por exemplo, dou algo, se ele cometer
certo crime;

-Por da condição resultar uma relação com o negócio que repugne o direito: por
exemplo, dou se ele castigar o filho;

-Por a condição conduzir a resultados indesejáveis ou que o direito queria livres: por
exemplo, dou se ele desistir do exame, ou se romper o noivado.

O código civil distingue, neste ponto, o tipo de regra atingida: se for condição contrária
à lei, à ordem pública ou bons costumes (artigos 271\1 e 2230\2).

Sempre que haja uma condição num negócio incondicionável ou que a condição seja,
em si, ilícita, o negócio é, no se todo, nulo, regra essa que se alarga às condições
impossíveis: é a norma do artigo 271, corresponde à natureza global do negócio
condicionado e da vontade condicional, acima referidos.

Esta regra tem exceções: em certos casos, o direito, em vez de cominar a nulidade de
todo o negócio, determina a nulidade, apenas da condição. Assim sucede com atos
pessoais e familiares no domínio do casamento e da perfilhação. Assim também
sucede no domínio de atos gratuitos.

Há condições impossíveis que não significam a nulidade do negócio ou até mesmo da


condição. Por exemplo, caso contigo quando as galinhas tiverem dentes. É uma
aparente condição, sendo inválida dado ser impossível, no entanto, esta cláusula deve
não implica invalidade.

Em todos os casos, excecionais, atrás falados, a nulidade da condição não significa


nulidade do contrato. O importante será saber se as partes ainda teriam querido nesse
momento o negócio mesmo sem a condição.

No caso da galinha, se a condição não escrita for negativa, esta significa que não há
negócio.

1.4-Regime

O regime da condição procura um equilíbrio: por um lado deve ser respeitada,


envolvendo todo o negócio jurídico; por outro, ela não paralisa o comércio jurídico , na
expetativa que ocorra.

Então, concluímos que:

- A autonomia privada é imposta pelas partes e, nessa medida, deve ser respeitada. As
partes até podem estipular os efeitos da condição, diferentes das previstas, desde que
não proibidas;

-A condição tem de estar em boa-fé (objetiva), nas suas duas vertentes, com a tutela
da confiança e com a primazia da materialidade subjacente. A boa-fé deve ser acatada
pelas partes, de modo a evitar danos desnecessários;

-Existe uma distribuição dos riscos, pois as partes estão condicionadas a um facto
instável, daí podendo ambas ter danos, mas danos que livremente assumiram, pelo
que deve ser suportado pela ordem natural das coisas.

Desde o momento em que seja celebrado o negócio condicionado, até à altura em que
se verifique a condição ou haja certeza que ela não se possa verificar, a condição está
pendente.

A pendência da condição gera uma situação de conflito de direitos: aquele que aliene
um direito sob condição suspensiva mantém-se seu titular, mas deixará com a
verificação dela.

Por seu turno, quem adquira um direito sob condição resolutiva, passa a ser titular,
mas deixará de o ser com a condição verificada.

Em ambos os casos, o titular é, de algum modo, precário, ora, se lhe fosse permitido
agir como titular pleno, ele poderia por em perigo o direito da outra parte. Mas por
outro lado, ele é, ainda titular. Isto cria problemas.
A pendência da condição cessa pela verificação da condição, ou pela não verificação,
consoante seja resolutiva ou suspensiva. A certeza que a condição não se pode
verificar, equivale à não verificação da condição (artigo 275\1).

Em princípio a condição deve seguir o seu curso natural. Se for contra a boa fé,
impedida por aquele que prejudica, tem se por verificada a condição. Se for, contra a
boa-fé, provocada a condição, por aquele que da condição beneficia, considera-se não
verificada.

Verificada a condição, os seus efeitos sofrem de retroatividade à data de conclusão do


negócio. Quer isto dizer que, sendo a condição resolutiva, o negócio tornar-se-ia como
não celebrado. Sendo suspensiva, ficara como que plenamente celebrada. Esta regra
encontra-se no artigo 276.

O artigo 277 retira dessa retroatividade em 3 casos:

-Contratos de execução continuada

-atos de administração ordinária entretanto praticados;

-a natureza da boa-fé à posse do titular, o que lhe confere, por exemplo, direito aos
frutos.

1.5-Em especial: pendência da boa-fé

Do regime da condição importa considerar, o problema da pendência.

Segundo o artigo 275:

-Se a condição for impedida, contra as regras da boa-fé, por aquele a quem prejudica,
tem se por verificada; se for provocada, nos mesmos termos, por aquele a quem
aproveita, considera-se como não verificada.

Esta disposição pode ser entendida como uma concretização do artigo 272:

-Aquele que contrair uma obrigação ou alienar um direito sob condição suspensiva, ou
adquirir um direito sob condição resolutiva, deve agir, na pendência da condição,
segundo os ditames da boa-fé, de forma que não comprometa a integridade do direito
da outra parte.

Do artigo 272, retira-se a importância de observar à boa-fé, que tem sido entendida
como sujeição à regra de correção, menos exigente que o instituto de abuso de direito.
Aqui há que aplicar a boa-fé objetiva.
A boa-fé objetiva exprime a necessidade de, em cada situação jurídica, se observarem
os vetores fundamentais da ordem jurídica. Para tal terá de haver observância dos
princípios:

-A tutela da confiança;

Esta implica que, na pendência da condição, as partes não possam agir contra o que,
pelas suas ações contratuais ou pela ordem natural das coisas, iria, em princípio,
suceder, em termos que provocaram a crença legítima da outra parte.

-A primazia material subjacente.

Esta primazia obriga a que a condição não possa transformar-se num jogo formal de
proposições: ela deve exprimir, no seu funcionamento, a vontade condicional das
pares, isto é, a sua subordinação ao facto futuro e incerto que escapa à vontade de
qualquer uma delas.

Assim, será contrário à boa-fé qualquer ação das partes que incida sobre o iter
formativo da condição desde que:

- Se venha a verificar a interferência na sua ocorrência (ou não ocorrência) em termos


que violem a confiança da outra parte.

-Se venha a bulir com a essência futura e incerta da verificação da condição,


transformando-a, por exemplo, num simples exercício potestativo da parte
interventora.

Deve sublinhar-se que os deveres oriundos da boa-fé e que funcionam na pendência


da condição são deveres acessórios, de tipo contratual, que decorrem do negócio
mesmo antes de verificada a condição.

O código civil quando sanciona, no artigo 275\2, as interferências contrárias à boa-fé


na verificação da condição distingue-se:

-a condição impedida por aquele a quem prejudica;

-a condição provocada por aquele a quem aproveita.

Põe-se um problema: num contrato bilateral, a condição, seja ela qual for, vai sempre
em simultâneo, beneficiar e prejudicar ambas as partes. Por exemplo, a condição
resolutiva prejudica o adquirente, que perde a coisa, mas beneficia-o, liberando-o do
pagamento da coisa.

Pretender num casos desses, que a verificação provocada da condição não é


sancionável, por não lhe aproveitar, seria abrir a porta para que, nos contratos
bilaterais, as partes pudessem, livremente interferir na condição. Não pode ser assim,
pelo que entende-se que qualquer das partes que provoque uma condição deve
considerar-se como aproveitando dessa ocorrência. No entanto, deve ser isto
ponderado caso a caso.

Nenhuma das partes pode, contra a boa-fé, impedir ou provocar condições.

2-O Termo

2.1-Conceito e modalidades

Diz-se que a cláusula típica pela qual as partes subordinam a eficácia do negócio
jurídico à verificação de certo evento futuro e certo.

O artigo 278 remete para aspetos importantes do termo, remetendo deste para o
regime da condição, artigos 272 e 273.

O termo é suscetível de várias classificações:

-Suspensivo (se começarem os efeitos a produzir a partir do facto). Exemplo: pais têm um filho
a ir à universidade, mas ainda não só começam a 1 de outubro. Antes da data da entrada
celebram um negócio de arrendamento, mas os efeitos estão suspensos, pois só se produzem
quando o filho entrar, isto é, 1 de Outubro. Até lá, nem os pais pagam, nem o filho pode entrar
em casa arrendada.

-Resolutivo (se os efeitos deixarem de se produzir a partir do facto). Por exemplo, a


universidade que contratar um professor, pois a professora está em licença de maternidade.
Fazem um contrato cujos efeitos findam após 9 meses, isto é, o período da licença de
maternidade. Após isso, o negócio acaba.

Quanto ao momento de verificação do evento, o termo é:


- Certo, quando seja conhecido de antemão esse momento (5 anos);

-Incerto, quando o momento referenciado pelo termo seja desconhecido (morte de


Manuel).

Quanto ao modo de exprimir o termo, este poderá ser expresso ou tácito. É expresso
quando resulte da vontade assumida das partes; é tácito quando derive de
circunstâncias que com toda a probabilidade, revelem ser vontade das partes.

O termo pode ser:

-Convencional, se convencionado pelas partes;

-Legal, se imposto pela lei.

O termo pode ser:

-Essencial, sempre que o desrespeito envolva impossibilidade de prestação ( por


exemplo, se o termo diz para a pessoa servir à mesa da passagem de ano até àqs 24h
de 31 de Dezembro);

-Não essencial, quando tal desrespeito implique a mora do devedor (por exemplo, o
automóvel ficará reparado dentro de uma semana).

A mora do devedor caracteriza-se quando este não cumprir, por sua culpa, a prestação
devida na forma, tempo e lugar estipulados. A mora do devedor pressupõe um
elemento objetivo e um elemento subjetivo: O elemento objetivo é a não realização do
pagamento no tempo, local e modo convencionados; o subjetivo é a inexecução
culposa de sua parte

2.2-Regime

O termo, tal como a condição, depende da vontade das partes. Por isto, as partes
sempre ordem recorrer a ele, a menos que este negócio esteja disposto pela lei como
inaprazável.

No entanto, importa que aqui o regime do termo e da condição não coincidem. Se o


negócio é inaprazável é, por maioria, incondicionável, enquanto que o inverso não é
verdade. Caso a caso será de verificar se a proibição legal se estende à condição e ao
termo, ou se apenas à condição. Colocar o termo quando a lei o proíba envolve a
nulidade de todo o negócio jurídico. Esta regra também é aplicável quando haja um
termo impossível (por exemplo, 32 de Julho), ou inviável (por exemplo, até ontem),a
menos que, pela interpretação, se consiga apurar se houve mero lapso material
(aplicando-se, então o artigo 249) ou que as vontades tinham outra vontade em vista.

Desde o momento de estipulação e até à verificação do termo, diz-se o termo de


pendente. Na pendência do termo há um conflito de direitos entre o atual possuidor
do direito e aquele que o receberá com o termo.

Estes problemas são semelhantes ao da condição, pelo que se verifica remissão do


artigo 278, que manda aplicar ao termo os artigos 272 (pendência da condição e dever
de atuar de boa-fé) e artigo 273 (atos conservatórios).

A contrário, aparenta que os artigos 274, 275,276 e 277 não teriam aplicação ao
termo, mas, no entanto, não é assim.

De facto, apesar do termo, pode a parte abrir a mão de praticar atos dispositivos e de
administração, havendo, então, que recorrer aos artigos 274 e 277\2 e 3.

Também se pode verificar que u termo, apesar de certo por definição, se venha a
impossibilitar por modificação superveniente. Por exemplo, quando o automóvel se
transformar em sucata; ora, o automóvel pode perecer de tal modo que nem sucata
fique, artigo 275\1 terá, então a maior utilidade.

Igualmente é fácil de imaginar que alguém impeça, contra a boa-fé, a verificação de


um termo ou, também contra a boa fé, a provoque, neste caso aplica-se o artigo 272\2
(a certeza não significa intangibilidade para estes casos).

Também a retroatividade do termo poderá operar ou não, consoante a vontade das


partes e as circunstâncias. Os artigos 276 e 277\1 têm aqui utilidade.

Concluímos, que se preconiza um entendimento lato da remissão feita pelo artigo 278:
todo o regime da condição é aplicável ao termo, cabendo depois, caso a caso,
ponderar até onde vai essa aplicabilidade. Se necessário, podemos invocar a analogia.

Por vezes, a inclusão, num negócio, de um termo resolutivo pode bater com valores
sociais e individuais, obrigando o legislador a intervir. É o que sucede no tocante aos
contratos de trabalho: este, quando temporalmente limitado, fica precarizado.
O código do trabalho prevê no seu artigo 129 e seguintes, um regme adaptado para os
contratos de trabalho a termo, de tipo fortemente restritivo e com múltiplos desvios
em relação a regras gerais e à autonomia privada.

2.3-Cômputo

O cômputo do termo cria dificuldades práticas. Na verdade, as partes podem, fixar


para ele, um momento claro e preciso: por exemplo, 15 de Agosto, no entanto as
partes podem decidir uma designação mais vaga, como fim do mês. Estas dúvidas são
resolvidas pelo artigo 279, da seguinte forma:

-Na contagem do prazo não se conta, nem a dia nem a hora, se o prazo for de horas,
em que ocorrer o evento a partir do qual o prazo começa a correr (alínea b))

-O prazo fixado em semanas, meses ou anos, a contar de certa data, termina às 24


horas do dia que corresponda, dentro da última semana, mês ou ano, a essa data. Se
no prazo de meses, este findar num mês sem dia correspondente, o prazo finda no
último dia desse mês (alínea c))

-O prazo que termine em Domingo ou feriado transmite-se para o primeiro dia útil
(alínea e));

-Se o termo referir ao princípio, meio e fim do mês, entende-se como tal, meio como
dia 15, princípio como dia 1 e fim como último dia do mês. Se for inicio do ano, dia 1
de Janeiro, meio do ano, como dia 30 de Junho e o fim como dia 31 de Dezembro
(alínea a));

-Se o prazo for de 8 a 15 dias ou de 24 a 48 horas, é havido, respetivamente, como de


1 ou duas semanas ou de um ou dois dias (alínea d))

Estas regras são auxiliares da interpretação. As partes podem ter feito opções
diferentes, as quais prevalecem.

Este artigo ainda é supletivo, de acordo com o artigo 296. Só não se aplica estas regras
caso existam de regras especiais.
3-O modo\ encargo

A doutrina inclui, muitas vezes, junto da condição e do termo, o modo. Ao contrário


das duas anteriores, ela não é tão comum, e possível de colocar a todos os negócios
jurídicos. Apenas pode ser aposta nos negócios gratuitos. Assim aparece prevista nos
artigos 963 a 967 da doação e nos artigos 2244 a 2248 do testamento, podendo ser
alargado, no entanto, a outros negócios jurídicos, como o comodato.

O modo traduz uma obrigação cargo do beneficiário da liberalidade. Ficam abrangidos


a todos os casos em que é imposto ao donatário o dever de efetuar uma prestação,
quer pela força do bem doado, que pelos restantes bens da herança.

Há algumas dificuldades práticas na distinção do modo e da condição. Quando se trate


de uma condição suspensiva, a diferença reside em que esta suspende o negócio, mas
não obriga, enquanto que o modo não suspende, mas adstringe. Por exemplo, deixo
este terreno à liga dos amigos contra o cancro desde que, nele, ela construa um
pavilhão oncológico: será condição, quando ela só adquira o terreno se construir o
pavilhão, mas será modo quando ela adquira logo o terreno e deva, depois, construir
o pavilhão (ao que ficará obrigada). Tudo dependerá da vontade das partes e os
efeitos do regime são evidentes: pode exigir o cumprimento do modo, mas não da
condição.

Na distinção entre modo e condição resolutiva, a distinção é a seguinte: no modo, o


autor da liberalidade pretende beneficiar o destinatário e aproveita para prosseguir
um efeito secundário; na condição resolutiva, ele pretende o tal efeito lateral e apenas
utiliza o negócio como via para o conseguir. Também aqui a diferença dos regimes é
aparente: a condição bloqueia o negócio, enquanto que o modo o deixa prosseguir,
mas obrigando o beneficiário.

Se a cláusula modal não for cumprida, a doação subjacente não pode ser resolvida
(finda), salvo cláusula em contrário (artigo 966).

Outro aspeto do regime devem ser determinados caso a caso, consoante se trate de
doação ou testamento.

Modo o interesse é mais ser simpático é emprestar. O que quis foi beneficiar esta pessoa. O
modo é algo importante em relação ao equilíbrio do negócio.

No caso do segundo, o objetivo prima se calhar é beneficiar a mim mesmo e não ele. O modo
será assim.
Na dúvida, nos negócios gratuitos é a condição, pois ele pode manter o negócio ou exigir o
negócio. No modo ele não pode resolver. Artigo 237.

4-O sinal

O sinal é uma cláusula típica própria dos contratos onerosos e que consiste,
sumariamente: aquando da celebração de um contrato, uma das partes entrega, à
outra, uma coisa ou quantia; se o contrato for cumprido se o contrato for cumprido, a
coisa ou quantia entregue, é imputada no cumprimento ou, não sendo a imputação
possível, é restituída; se houver incumprimento, cabe distinguir, sendo o
incumprimento provocado por quem recebe o sinal, este deve restituí-lo em dobro;
sendo, pelo contrário, causado por quem dá o sinal, fica este perdido.

O sinal previsto no artigo 440, tem grande eficácia no domínio do contrato-promessa.

O sinal não tem natureza unitária. Tal como ele nos surge, trata-se, na verdade, de
uma evolução histórica, nascendo na Grécia antiga e tendo uma função confirmativa
em Roma.

As dimensões do sinal são:

-O sinal tem uma dimensão confirmatório-penal, na medida em que dá consistência ao


contrato e funciona como indemnização pelo não cumprimento;

-O sinal tem uma dimensão penitencial quando funcione como “preço


arrependimento”, permitindo ao interessado resolver o contrato (pode determinar o
fim do contrato das pares, só tendo de pagar o sinal, nada mais).

No âmbito do contrato-promessa, quando as partes afastem a execução específica, o


sinal é penitencial; na hipótese inversa, ele é confirmatório-penal, uma vez que não há
“direito ao arrependimento”.

O sinal pode ter preferencialmente um dos dois significados. Se for confirmatório-


penal, as partes queriam ver os danos ressarcidos, no entanto, caso tenha
predominância penitencial eles procuravam reservar a faculdade do recesso. No
primeiro há indemnização pelo não cumprimento, mas no segundo caso há pagamento
do preço acordado.

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