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1-Preliminares
1.1-Noção de conteúdo
Conjunto ou disposições, estipuladas pelas partes ou resultantes da lei e por via das
quais o negócio se há-de produzir, não é uma correta definição de conteúdo de
negócio jurídico, mas são antes dos elementos do conteúdo.
1.2-Razão de ordem
Essas questões vão ser analisadas por referência a três pontos fundamentais:
formação do conteúdo, elementos do conteúdo e determinação do conteúdo.
Pela formação do conteúdo, trata-se de apurar o papel da vontade e da lei na sua
constituição.
O modo não é regulado na parte geral do código civil, o que se explica por ser
elemento próprio dos negócios gratuitos. Por isso, o código só se ocupa dele, com
algum desenvolvimento, a propósito da doação (artigos 963 a 968) e testamento
(artigos 2244 a 2248). Para além destas, há normas esparsas que se referem a esta
modalidade de cláusula acessória a respeito de negócios gratuitos. Um deles, o artigo
191, quanto à instituição de fundações.
Pelo que respeita à pena convencional o seu tratamento foi remetido para o regime
das obrigações em geral, relativos aos efeitos de falta de cumprimento pelo devedor,
mais particularmente em sede de fixação contratual de direitos ao credor (artgo 809 e
seguintes).
2-Formação do conteúdo
2.1.1-Generalidades
A vontade é uma das fontes do conteúdo do negócio jurídico, podendo mesmo dizer-
se ser a mais relevante. Isto é assinalar o princípio da autonomia privada, na área do
regime do negócio.
2.1.2-Liberdade de celebração
Nós encontramos algumas limitações legais ao princípio da autonomia privada, mas
não são só elas em pouco número como ainda têm caráter excecional.
2-A imposição por lei da obrigação de contratar não é muito corrente no direito
civil. Um exemplo é o de seguro obrigatório. Em alguns casos a obrigação de contratar
resulta de imposição de ordem deontológica, a observar o exercício de certas
profissões, como médicos ou advogados (patrocínio de nomeação oficiosa).
Nesse sentido, cabe a quem pretende fazer um negócio jurídico também a liberdade
de escolha para fazer o negócio com quem quiser. Semelhante ao que acontece a
outras manifestações da liberdade de celebração também esta sofre de certas
restrições, que podem ter origem na vontade das partes ou na lei.
Este é oi regime que se deduz do artigo 405\1 e 2. Este princípio não tem a mesma
extensão em todos os ramos do direito civil. Existem vários tipos como reais,
obrigacionais, familiares e sucessórios. Quando domine um princípio da tipicidade do
negócio jurídico, sofre restrições, a liberdade de seleção do tipo negocial.
2.1.4-Liberdade de estipulação
Estas são aquelas modalidades de negócio que por questões históricas ou de maior
relevância, mereceram uma atenção particular do legislador, tendo um regime próprio
para iniciativa das partes.
São, sem dúvidas, atípicos os negócios jurídicos criados inteiramente de novo pelas
partes.
Em casos em que adicionem a negócios típicos, cláusulas não previstas por lei, sejam
novas, não correspondentes ao modelo legal ou importadas de outro tipo, cabe
perguntar quando a adição de cláusulas não típicas a um negócio típico o muda.
Existem cláusulas mais e não essenciais para o negócio tipo do negócio. Quando a
adição de cláusulas, subverta o que há de essencial no tipo, surge um negócio atípico.
O principal problema destes tipos de negócios é o de saber qual o regime que lhes
deve ser aplicado, dada a complexidade do seu conteúdo. A solução não pode ser
universal, dependendo da diferente modalidade que o negócio misto revista. Este
deverá, de acordo com a doutrina, ser tratado de acordo ao regime do negócio
dominante. Outra doutrina manda aplicar os regimes de cada ato. Outra solução
doutrinária parte de tratar o negócio misto como atípico, logo omissos na lei, e manda
recorrer ao poder integrativo do negócio, atribuído ao julgador, que aplicará o regime
de integração de lacunas negociais.
A união de negócios- Quando se celebra dois negócios jurídicos diferentes, sem que
qualquer deles perca a sua individualidade, mas existindo entre eles alguma ligação.
Falar em conteúdo em objeto não é o mesmo, pois o objeto não tem que ver com a
regulação em si, mas com o quid sobre que irá recair a regulação negocial
propriamente dita. Por exemplo, num contrato de compra e venda:
-A regras aplicáveis, por via dele, às partes, constituem o seu conteúdo, neste caso, a
transmissão da propriedade;
Elementos injuntivos- Não disponíveis às partes, nem que por elas possam ser
afastados;
O negócio jurídico é composto por cláusulas (os elementos que há pouco falámos).
Estas podem ser:
Do tipo negocial deverão ser separadas as cláusulas típicas, aquelas que definem o tipo
negocial (prevista por lei para um certo tipo). Como estas não chegam, deveram-lhe
ser adicionadas elementos voluntários eventuais.
Por exemplo: um tipo negocial será contratos civis, os quais têm como cláusulas típicas
(necessárias ao tipo negocial): a condição (artigo 270), o termo (artigo 278 e 279) e o
sinal (artigo 440)
Tipo social- No direito comercial, por exemplo, deparamo-nos com negócios não
regulados pela lei, mas conhecemos os seus aspetos habituais. Têm regimes
estabilizados pelos usos, pelo costume, ou pelas cláusulas contratuais gerais. Sem
prejuízo do controlo que deva ser feito através da boa-fé.
1-Possibilidade e determinabilidade
Dispõe nesse domínio o artigo 280, sobre o conteúdo negocial (apesar de lhe chamar
objeto do negócio).
“É nulo o negócio cujo objeto seja física ou legalmente impossível, contrário à lei ou
indeterminável”. Vamos pelos seguintes pontos:
Possibilidade:
- Quando, em termos jurídicos, se reporte que o objeto se analise num efeito jurídico
não permitido.
A possibilidade é:
Também pode a impossibilidade ser quando: O objeto do negócio jurídico seja, física e
juridicamente possível, mas exija, no seu cumprimento a violação de regras morais.
Podemos admitir a “impossibilidade moral” como modalidade de impossibilidade
jurídica, quando estejam em causa valores fundamentais do sistema jurídico,
expressos pela ideia de “boa-fé”.
1.3-Determinabilidade
O artigo 280\1, in fine, refere um requisito de certo modo ligado à possibilidade: a
determinabilidade.
O negócio para poder ser executado, deve dar azo a atos cognoscíveis pelas partes.
Pode suceder, no momento da celebração, que as partes não tenham, ainda, fixado o
seu conteúdo preciso: não obstante elas terão de prever um esquema que faculte essa
determinação. É, pois, viável, um negócio cujo objeto, embora indeterminado, seja
determinável; a lei prevê, para tal hipótese, esquemas para a determinação (artigo
400).
O objeto do negócio será indeterminável quando, nem com recurso às referidas regras,
seja possível proceder à determinação.
De licitude pode ser utilizada pode ser utilizada numa aceção estrita e ampla. Em
sentido amplo, é lícito o negócio que tenha surgido no espaço deixado pelo direito à
autonomia privada. A licitude então teria de observado os requisitos negociais.
Artigo 281: “se apenas o fim for contrário à lei, o negócio só é nulo quando for comum
a ambas as partes”.
Pode, no entanto, colocar uma questão de licitude, dado o desvio perpetrado: trata-se
de saber em que medida são admissíveis tais derivações. A solução reside no princípio
na primazia das conjunções substanciais: o negócio indireto, uma vez demostrada a
vontade real das partes, é lícito na medida em que seja o negócio encoberto. Depõe,
nesse sentido, o regime da simulação e a lógica do sistema.
Por exemplo: os direitos litigiosos não podem ser cedidos às pessoas referidas no
artigo 579; os avós e pais não podem vender a filhos e netos exceto nas condições do
artigo 877.
A conformidade acaba por estar presente no artigo 294: “os negócios jurídicos
celebrados contra preceitos legais imperativos são nulos.
2.2-Fraude à lei
Fraude à lei- “Forma de ilicitude que envolve, por si, a nulidade do negócio. A sua
particularidade residirá, quanto muito, no facto de as partes terem tentado através de
artifícios formais mais ou menos assumidos, conferir ao negócio uma feição inóqua.
No fundo a fraude à lei apenas exige uma interpretação melhorada dos preceitos
vigentes:
-Se se proíbe apenas um meio, por se apresentar perigoso ou insidioso, fica em aberto
a possibilidade de percorrer outras vias que a lei não proíba.
3-Bons costumes e ordem pública
Segundo o artigo 280\2, é nulo o negócio jurídico contrário à ordem pública e bons
costumes.
Algumas formulações deste tipo são: artigo 271\1, 281, 334, 340\2, 465, 967, 1422\2,
2186 e 2230\2.
Os bons costumes e a ordem pública constituem noções distintas. Além disso, os bons
costumes permitem a sindicância de todos os negócios jurídicos. Este trata-se de um
conceito indeterminado.
Como o conceito é indeterminado ele impõe especial cautela e precisão, por parte do
intérprete-aplicador. Para entender o sentido dos bons costumes à que recorrer ao
direito comparado.
-No direito romano, corpus iuris civilis, ir contra os bons costumes seria ir contra a
regra moral.
-Negócios usurários
A constituição de 1933 falava de religião católica, artigo 46, pois referia uma “moral
pública”.
O código civil aproxima muitas vezes, bons costumes, ordem pública e boa-fé.
Por força dos bons costumes, neste caso da perceção moral atual, negócios jurídicos
que tenham como objeto prestações que envolvam relações familiares ou condutas
sexuais são contra os bons costumes (códigos de conduta familiar e sexual).
A autonomia privada é limitada por normas jurídicas injuntivas. Todavia, o sistema não
inclui apenas normas, a retirar das fontes, pela interpretação: ela abrange também
princípios, a construir pela ciência jurídica. Tais princípios não são vetores
expressamente legislados, mas importantes.
Muitas vezes, eles prendem-se com bens de personalidade: justamente uma área
onde, mercê dos valores em presença, a autonomia privada surge limitada. Por
exemplo, nesse sentido, o artigo 81\1.
São assim, contrários à ordem pública, contratos que exijam esforços desmesurados ao
devedor ou que restrinjam demasiado a sua liberdade pessoal ou económica. Também
são contrários à ordem pública, negócios que atinjam valores constitucionais
importantes.
Em nossos tribunais a ordem pública é mais invocada que os bons costumes. Ela tem
sido usada para deter negócios contrários a normas imperativas, como os que
contrariem os salários mínimos, o regime vinculativo do arrendamento, ou que iludiria
os direitos sucessórios.
1-Condição
1.1-Conceito e modalidades
Condição é uma cláusula contratual típica que vem subordinar a eficácia duma
declaração de vontade a um evento futuro e incerto. (artigo 270). Podemos distinguir a
condição em:
-Condição resolutiva- Sempre que o negócio deixe de produzir efeitos após a eventual
verificação da ocorrência em causa.
Em concreto para saber se estamos perante uma condição, temos uma questão de
interpretação.
Podem surgir atos jurídicos típicos que impliquem, por si só, condições: assim, o
pagamento do cheque ao seu portador, pelo próprio banco sacado, considera-se feito
sob a condição suspensiva de saldo suficiente na conta do sacador.
1-
-Condições de momento certo- Ainda que a condição seja incerta, ocorre numa
situação prefixada. Por exemplo, quando o beneficiário tiver 30 anos, o que poderá
suceder ou não.
3-
A doutrina distingue certas condições que não são formalmente condicionais, não
constituindo verdadeiras condições. São as condições impróprias. Estas ocorrem por
faltar algum dos requisitos das condições, designadamente: a natureza futura,
incerteza ou voluntariedade da própria cláusula em si. São condições impróprias:
-As condições impossíveis, ou seja, aquelas que, por razões físicas (se beberes o mar)
ou jurídicas (se venderes a um cão) nunca poderão ocorrer; neste último caso ainda se
poderia distinguir entre impossibilidade moral e legal, consoante seja vedada a
condição por lei ou por princípios gerais ou por ou cláusulas indeterminadas ou pela
boa-fé ou bons costumes.
-Condições necessárias, ou seja, aquelas que por razões naturais ou legais, irão de
certeza ocorrer, mesmo que em momento incerto.
1.3-Natureza e invalidades
Não há, pois, uma vontade de certo efeito e, depois, nova vontade de subordinar o
negócio a determinado evento. Há, antes, uma única vontade, mas condicional.
Resulta daí que todo o conteúdo do negócio condicionado fica, por igual, tocado pela
condição, com claros reflexos no regime. E designadamente: a invalidas de duma
condição acarreta invalidade de todo o negócio.
Além disto, o direito não permite que negócios que quer firmes, sejam condicionados.
Assim, o arrendamento não pode ser condicionado resolutivamente, sob pena de
frustrar o princípio vinculístico da renovação automática. Isto também sucede com o
contrato de trabalho.
-Por a própria condição em si ser contrária à lei: por exemplo, dou algo, se ele cometer
certo crime;
-Por da condição resultar uma relação com o negócio que repugne o direito: por
exemplo, dou se ele castigar o filho;
-Por a condição conduzir a resultados indesejáveis ou que o direito queria livres: por
exemplo, dou se ele desistir do exame, ou se romper o noivado.
O código civil distingue, neste ponto, o tipo de regra atingida: se for condição contrária
à lei, à ordem pública ou bons costumes (artigos 271\1 e 2230\2).
Sempre que haja uma condição num negócio incondicionável ou que a condição seja,
em si, ilícita, o negócio é, no se todo, nulo, regra essa que se alarga às condições
impossíveis: é a norma do artigo 271, corresponde à natureza global do negócio
condicionado e da vontade condicional, acima referidos.
Esta regra tem exceções: em certos casos, o direito, em vez de cominar a nulidade de
todo o negócio, determina a nulidade, apenas da condição. Assim sucede com atos
pessoais e familiares no domínio do casamento e da perfilhação. Assim também
sucede no domínio de atos gratuitos.
No caso da galinha, se a condição não escrita for negativa, esta significa que não há
negócio.
1.4-Regime
- A autonomia privada é imposta pelas partes e, nessa medida, deve ser respeitada. As
partes até podem estipular os efeitos da condição, diferentes das previstas, desde que
não proibidas;
-A condição tem de estar em boa-fé (objetiva), nas suas duas vertentes, com a tutela
da confiança e com a primazia da materialidade subjacente. A boa-fé deve ser acatada
pelas partes, de modo a evitar danos desnecessários;
-Existe uma distribuição dos riscos, pois as partes estão condicionadas a um facto
instável, daí podendo ambas ter danos, mas danos que livremente assumiram, pelo
que deve ser suportado pela ordem natural das coisas.
Desde o momento em que seja celebrado o negócio condicionado, até à altura em que
se verifique a condição ou haja certeza que ela não se possa verificar, a condição está
pendente.
A pendência da condição gera uma situação de conflito de direitos: aquele que aliene
um direito sob condição suspensiva mantém-se seu titular, mas deixará com a
verificação dela.
Por seu turno, quem adquira um direito sob condição resolutiva, passa a ser titular,
mas deixará de o ser com a condição verificada.
Em ambos os casos, o titular é, de algum modo, precário, ora, se lhe fosse permitido
agir como titular pleno, ele poderia por em perigo o direito da outra parte. Mas por
outro lado, ele é, ainda titular. Isto cria problemas.
A pendência da condição cessa pela verificação da condição, ou pela não verificação,
consoante seja resolutiva ou suspensiva. A certeza que a condição não se pode
verificar, equivale à não verificação da condição (artigo 275\1).
Em princípio a condição deve seguir o seu curso natural. Se for contra a boa fé,
impedida por aquele que prejudica, tem se por verificada a condição. Se for, contra a
boa-fé, provocada a condição, por aquele que da condição beneficia, considera-se não
verificada.
-a natureza da boa-fé à posse do titular, o que lhe confere, por exemplo, direito aos
frutos.
-Se a condição for impedida, contra as regras da boa-fé, por aquele a quem prejudica,
tem se por verificada; se for provocada, nos mesmos termos, por aquele a quem
aproveita, considera-se como não verificada.
Esta disposição pode ser entendida como uma concretização do artigo 272:
-Aquele que contrair uma obrigação ou alienar um direito sob condição suspensiva, ou
adquirir um direito sob condição resolutiva, deve agir, na pendência da condição,
segundo os ditames da boa-fé, de forma que não comprometa a integridade do direito
da outra parte.
Do artigo 272, retira-se a importância de observar à boa-fé, que tem sido entendida
como sujeição à regra de correção, menos exigente que o instituto de abuso de direito.
Aqui há que aplicar a boa-fé objetiva.
A boa-fé objetiva exprime a necessidade de, em cada situação jurídica, se observarem
os vetores fundamentais da ordem jurídica. Para tal terá de haver observância dos
princípios:
-A tutela da confiança;
Esta implica que, na pendência da condição, as partes não possam agir contra o que,
pelas suas ações contratuais ou pela ordem natural das coisas, iria, em princípio,
suceder, em termos que provocaram a crença legítima da outra parte.
Esta primazia obriga a que a condição não possa transformar-se num jogo formal de
proposições: ela deve exprimir, no seu funcionamento, a vontade condicional das
pares, isto é, a sua subordinação ao facto futuro e incerto que escapa à vontade de
qualquer uma delas.
Assim, será contrário à boa-fé qualquer ação das partes que incida sobre o iter
formativo da condição desde que:
Põe-se um problema: num contrato bilateral, a condição, seja ela qual for, vai sempre
em simultâneo, beneficiar e prejudicar ambas as partes. Por exemplo, a condição
resolutiva prejudica o adquirente, que perde a coisa, mas beneficia-o, liberando-o do
pagamento da coisa.
2-O Termo
2.1-Conceito e modalidades
Diz-se que a cláusula típica pela qual as partes subordinam a eficácia do negócio
jurídico à verificação de certo evento futuro e certo.
O artigo 278 remete para aspetos importantes do termo, remetendo deste para o
regime da condição, artigos 272 e 273.
-Suspensivo (se começarem os efeitos a produzir a partir do facto). Exemplo: pais têm um filho
a ir à universidade, mas ainda não só começam a 1 de outubro. Antes da data da entrada
celebram um negócio de arrendamento, mas os efeitos estão suspensos, pois só se produzem
quando o filho entrar, isto é, 1 de Outubro. Até lá, nem os pais pagam, nem o filho pode entrar
em casa arrendada.
Quanto ao modo de exprimir o termo, este poderá ser expresso ou tácito. É expresso
quando resulte da vontade assumida das partes; é tácito quando derive de
circunstâncias que com toda a probabilidade, revelem ser vontade das partes.
-Não essencial, quando tal desrespeito implique a mora do devedor (por exemplo, o
automóvel ficará reparado dentro de uma semana).
A mora do devedor caracteriza-se quando este não cumprir, por sua culpa, a prestação
devida na forma, tempo e lugar estipulados. A mora do devedor pressupõe um
elemento objetivo e um elemento subjetivo: O elemento objetivo é a não realização do
pagamento no tempo, local e modo convencionados; o subjetivo é a inexecução
culposa de sua parte
2.2-Regime
O termo, tal como a condição, depende da vontade das partes. Por isto, as partes
sempre ordem recorrer a ele, a menos que este negócio esteja disposto pela lei como
inaprazável.
A contrário, aparenta que os artigos 274, 275,276 e 277 não teriam aplicação ao
termo, mas, no entanto, não é assim.
De facto, apesar do termo, pode a parte abrir a mão de praticar atos dispositivos e de
administração, havendo, então, que recorrer aos artigos 274 e 277\2 e 3.
Também se pode verificar que u termo, apesar de certo por definição, se venha a
impossibilitar por modificação superveniente. Por exemplo, quando o automóvel se
transformar em sucata; ora, o automóvel pode perecer de tal modo que nem sucata
fique, artigo 275\1 terá, então a maior utilidade.
Concluímos, que se preconiza um entendimento lato da remissão feita pelo artigo 278:
todo o regime da condição é aplicável ao termo, cabendo depois, caso a caso,
ponderar até onde vai essa aplicabilidade. Se necessário, podemos invocar a analogia.
Por vezes, a inclusão, num negócio, de um termo resolutivo pode bater com valores
sociais e individuais, obrigando o legislador a intervir. É o que sucede no tocante aos
contratos de trabalho: este, quando temporalmente limitado, fica precarizado.
O código do trabalho prevê no seu artigo 129 e seguintes, um regme adaptado para os
contratos de trabalho a termo, de tipo fortemente restritivo e com múltiplos desvios
em relação a regras gerais e à autonomia privada.
2.3-Cômputo
-Na contagem do prazo não se conta, nem a dia nem a hora, se o prazo for de horas,
em que ocorrer o evento a partir do qual o prazo começa a correr (alínea b))
-O prazo que termine em Domingo ou feriado transmite-se para o primeiro dia útil
(alínea e));
-Se o termo referir ao princípio, meio e fim do mês, entende-se como tal, meio como
dia 15, princípio como dia 1 e fim como último dia do mês. Se for inicio do ano, dia 1
de Janeiro, meio do ano, como dia 30 de Junho e o fim como dia 31 de Dezembro
(alínea a));
Estas regras são auxiliares da interpretação. As partes podem ter feito opções
diferentes, as quais prevalecem.
Este artigo ainda é supletivo, de acordo com o artigo 296. Só não se aplica estas regras
caso existam de regras especiais.
3-O modo\ encargo
Se a cláusula modal não for cumprida, a doação subjacente não pode ser resolvida
(finda), salvo cláusula em contrário (artigo 966).
Outro aspeto do regime devem ser determinados caso a caso, consoante se trate de
doação ou testamento.
Modo o interesse é mais ser simpático é emprestar. O que quis foi beneficiar esta pessoa. O
modo é algo importante em relação ao equilíbrio do negócio.
No caso do segundo, o objetivo prima se calhar é beneficiar a mim mesmo e não ele. O modo
será assim.
Na dúvida, nos negócios gratuitos é a condição, pois ele pode manter o negócio ou exigir o
negócio. No modo ele não pode resolver. Artigo 237.
4-O sinal
O sinal é uma cláusula típica própria dos contratos onerosos e que consiste,
sumariamente: aquando da celebração de um contrato, uma das partes entrega, à
outra, uma coisa ou quantia; se o contrato for cumprido se o contrato for cumprido, a
coisa ou quantia entregue, é imputada no cumprimento ou, não sendo a imputação
possível, é restituída; se houver incumprimento, cabe distinguir, sendo o
incumprimento provocado por quem recebe o sinal, este deve restituí-lo em dobro;
sendo, pelo contrário, causado por quem dá o sinal, fica este perdido.
O sinal não tem natureza unitária. Tal como ele nos surge, trata-se, na verdade, de
uma evolução histórica, nascendo na Grécia antiga e tendo uma função confirmativa
em Roma.