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Teoria geral do direito civil II

Teoria Geral do Direito Civil II (Universidade Lusófona de Humanidades e Technologias)

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Teoria geral do direito civil II – 1ª Frequência

receptícios

unilaterais

Ilícitos/lícitos negócios jurídicos não receptícios

Voluntários bilaterais
ou contrato
simples atos jurídicos
Factos jurídicos
quase negócios
jurídicos
Involuntários

operações jurídicas
ou atos materiais

O NEGÓCIO JURÍDICO EM GERAL

Elementos da relação jurídica: sujeitos, objeto, facto jurídico e garantia.

Regime do negócio jurídico- é um facto jurídico (estes são todos os factos juridicamente relevantes). É
através dos negócios jurídicos que as pessoas conseguem satisfazer as necessidades e interesses, é
através destes que se gera a riqueza, particularmente através do contrato.
Todos os negócios jurídicos seguem um princípio internacional de ius congens que é o pacta sunt
servanda, significa que todo o contrato tem que ser cumprido na sua integra e pontualmente (respeitar
todos os pontos dele e clausulas nele existentes).
O facto jurídico é um evento da vida social que é relevante, a constituição dessa relação jurídica depende
da verificação de inúmeros fatores, mas as mais importantes são:
-A vontade da parte de se vincular juridicamente
-Da manifestação dessa vontade.

Os factos jurídicos podem ser: constitutivos, modificativos e extintivos.

As partes que celebram um negócio jurídico pretendem produzir certos efeitos jurídicos, para essa
submissão ao negócio jurídico a parte tem que ter vontade destinada à sua vinculação jurídica. Existindo
essa vontade, os efeitos jurídicos produzem-se e ficam vinculados.
Todavia nem sempre os efeitos jurídicos produzem-se a título definitivo, acontece nas situações em que:
-As partes por vontade sua decidem adiar ou não assumir em definitivo a produção de efeitos
jurídicos, por exemplo condicionar a validade de um contrato a algum tipo de acontecimento externo às
partes (não depende da vontade das mesmas).

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-Quando a ordem jurídica assim determina, nas situações em que o negócio jurídico apresenta
desde a criação certas deficiências que o tornam invalida, neste caso a ordem jurídica recusa dar
proteção aos efeitos do negócio jurídico.
O negócio tem que ser celebrado dentro do quadro da ordem jurídica privada. Ex: quando uma parte é
incapaz, em que não teve capacidade de formar a sua vontade, aí a ordem jurídica pode limitar os seus
efeitos. Outra situação e quando o objeto da ordem jurídica não e permitido.

Negócio jurídico- regulado nos Art.º 217 a 294 CC.


Não existe nenhuma definição em concreto no Código Civil, e por isso a ordem jurídica alemã no seu
código civil define um negócio jurídico como uma declaração de vontade privada que visa a produção de
um efeito jurídico que se verifica conforme a ordem jurídica por ter sido querido pelas partes.

 Resultam 2 pressupostos do negócio jurídico:

-a vontade em termos privados, tem que ser dirigida a produção de efeitos jurídicos, tem que ser
exteriorizada segundo a intenção daquilo que deve acontecer segundo aquele negocio. A vontade é o
elemento interno de cada sujeito, ou seja, o elemento subjetivo, e a manifestação da vontade é
elemento objetivo.
Declaração de vontade- art.º 217 CC.

-a garantia em termos legais, da produção de efeitos jurídicos tem que ser consagrada pela ordem
jurídica ou seja pelo direito objetivo.

 A falta de declaração da vontade pode assumir 2 formas:


Quando falta a declaração de vontade, o negócio carece do seu elemento essencial e é um negócio
jurídico inexistente.

-Não existe a declaração, que não chegou a ser prestada, nada foi manifestado;
ou
-Existe a declaração, mas não existe com caráter negocial (por exemplo num leilão, uma pessoa ao
levantar o braço está a manifestar a vontade de licitar por norma, e se por exemplo uma pessoa levanta
a mão sem querer, por exemplo para cumprimentar alguém e é considerado que esta a licitar existe uma
declaração sem carater negocial, pois não era esse o objetivo)
Art.º 246 CC- é necessário determinar em que circunstância é que aconteceu quando isto acontece para
não haver responsabilidade.

Não são negócios jurídicos os chamados compromissos de honra, ou negócios por obsiquidade e por
favor. Certos tipos de favores que não se qualificam como negócios jurídicos. Pois o negócio jurídico visa
a produção de efeitos jurídicos, e a vontade nesse sentido implica a consciência de criar uma vinculação
jurídica da parte do declarante.

A vontade e declaração de vontade são necessários para a realização de negócio jurídicos, porém nem
sempre, pois há certos tipos de contratos que exigem um ato material a acompanhá-lo, um ato de
entrega da coisa, ou pagamento da coisa, para a declaração produzir efeitos. Por exemplo o Art.º 1129
CC.
Não basta a declaração jurídica. Se nunca entregar a coisa o negócio jurídico nunca vai produzir efeitos.
São deste tipo o contrato mútuo (Art.º 1142CC), contrato depósito (Art.º 1185 CC), comodato (Art.º
1129 CC) e os contratos reais, são contratos que versam sobre direitos reais.

Elementos do negócio jurídico:

 Elementos essenciais- caracterizam o respetivo tipo negocial que é escolhido pelas partes e
admitido pela lei, que o individualizam face aos outros tipos negociais. Por exemplo são
elementos essenciais de um contrato compra e venda os requisitos enunciados no Art.º 874 CC
em comparação com o Art.º 940 CC. São os mais importantes, porque existem sempre.

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 Elementos naturais- são as regras da ordem jurídica que complementam a regulamentação


encontrada pelas partes, ou seja, existem negócios jurídicos como por exemplo no contrato de
compra e venda, que ao comprar um café não estamos a declarar todo o tipo de cláusulas,
existem normas supletivas que o fazem e que regulam tudo aquilo que não foi regulado pelas
partes, na ausência de estipulação pelas partes o ordenamento jurídico complementa.
Art.º 878 CC- contrato.

 Elementos acidentais- são estipulações das partes que não integram o respetivo tipo negocial,
mas que contém cláusulas complementares ou assessórias, por exemplo condições, prazos,
cláusulas exclusivas ou limitativas ou cláusulas arbitrais. São elementos acidentais ao negócio,
as partes podem querer integrar estes elementos naturais no negócio jurídico. Na maior parte
dos negócios jurídicos não existem.

Os elementos essências e acidentais situam-se no mesmo plano, na medida em que resultam da


regulamentação negocial das partes.
Os elementos naturais, por seu lado, não resultam da vontade das partes, mas sim da lei, que encontra
as soluções que normalmente as partes teriam querido se tivessem providenciado sobre a matéria.

Intervenientes do Negócio Jurídico

Existem negócios que são oponíveis a terceiros, tem força erga omnis, porque se opõe a todos. E esses
normalmente são direitos reais sujeitos a registo, para além da declaração negocial, todos podem
conhecer esse negócio. Mas a regra é de que os negócios produzem apenas efeitos inter partes e isto
significa eu não podem ser celebrados por representantes, em vez das próprias partes ( o representante
não passa a ser a parte, emite apenas a declaração em nome da parte).
Esta oponibilidade a terceiros depende do conteúdo do negócio, isto é, sobre que incide bem como do
conhecimento que o terceiro tem sobre o negócio.
Um sujeito só pode conformar relações jurídicas de forma unilateral quando se trata do exercício de um
direito já constituído, quando o ato afeta só o património próprio.

Não é possível estabelecer ou conformar relações por ato unilateral, relações que favorecem uma
pessoa, pois neste caso é exigido o consentimento prévio do outro ou a aceitação.
Ex.: doação (art.º 940 CC), testamento (art.º 2179 CC).

Mas também por via contratual não é possível favorecer terceiros contra a sua vontade, são apenas
favorecidos desde que o queiram, art.º 443 e 447 CC.

Não pode ainda haver contratos que produzam efeitos em desfavor de um terceiro, alheio ao negócio,
estes são nulos em relação as partes e ineficazes para os terceiros que não intervieram.

Existem dois tipos de representantes:


-Legais, os pais face aos menores de 18 anos ou emancipação e nessa medida podem celebrar
determinados negócios jurídicos em nome do menor cujos efeitos jurídicos se vão concretizar na esfera
dos filhos.
-Voluntários.

Classificação dos negócios jurídicos

Art.º 217 a 294 CC.


Podem ser:

 Negócios jurídicos unilaterais – há apenas uma declaração de vontade ou de várias mas que
sejam todas do mesmo lado, e não dependem da aceitação ou concordância de uma segunda
parte ou terceira para ter efeitos jurídicos, no entanto pode ser necessário que a outra parte
conheça o conteúdo da declaração ou que esta chegue ao seu poder e por subdividem-se em 2:

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-Recepticios: a declaração de vontade carece de chegar ao conhecimento de um terceiro, ou


seja, se o negócio jurídico não for dado ao conhecimento de um terceiro não produz efeitos jurídicos. Ex.
questão da denúncia do arrendamento, tem que ser dado a conhecer ao arrendatário. No contrato de
trabalho também, tem que dar conhecimento ao mesmo caso se queira demitir do posto de trabalho por
exemplo. Servidão de passagem também é um exemplo onde podemos observar um negócio jurídico
unilateral recepticio.

-Não recepticios: basta a mera emissão da declaração não carecendo do conhecimento do


conteúdo por parte do destinatário/terceiro. Ex. o testamento, pois qualquer pessoa pode elaborar um
sem dar conhecimento a ninguém e esse testamento pode produzir efeitos.

 Negócios jurídicos plurilaterais-compõem 2 ou mais declarações de vontade proveniente de 2


ou mais lados, incluem-se aqui também os negócios bilaterais, mas estes apenas são celebrados
entre duas partes. Nos plurilaterais os sentidos se encontram e convergem. Ex. atos de
constituição de associações.

 Negócios jurídicos bilaterais ou contratos- são os negócios mais importantes, em grande parte
contratos celebrados no direito das obrigações. Podemos encontrar 2 situações dentro dos
negócios jurídicos bilaterais, que podem ser:

-Contratos bilaterais: podem ser:


-sinalagmáticos ou perfeitos: existe uma reciprocidade entre as obrigações das partes,
notório nos casos de compra e venda, art.º 874 CC. A prestação de uma parte é
realizada em virtude de uma outra prestação. São contratos onerosos.

-imperfeitos: inicialmente há apenas uma obrigação para uma das partes podendo
surgir posteriormente obrigação para a outra parte também.

-Contratos unilaterais: criam obrigações para apenas uma das partes contraentes. Um caso
exemplar é a doação, art.º 949 nº1 CC e art.º 957 nº1 CC.

NOTA: dentro dos contratos bilaterais sinalagmáticos temos contratos de execução imediata
(executam se num único ato de cumprimento no caso de uma troca, cessa a obrigação
depois de efetuada a troca), de execução continuada (exige uma obrigação duradoura , no
caso do arrendamento , contrato de trabalho ) , de execução periódica ( tem uma obrigação
com uma certa periodicidade , no caso de restaurantes com fornecedores por exemplo de
semana a semana, por exemplo só em certos dias já expectáveis).

 Negócios jurídicos onerosos e gratuitos- nos onerosos cada uma das partes envolvidas faz uma
certa atribuição patrimonial, existe uma contraprestação que tem valor patrimonial, é
necessário que o negócio seja mais beneficiante para uma parte em face de outra, isto para
cumprir o princípio da liberdade contratual por exemplo.
Nos gratuitos existem liberalidades em que uma parte atribui a outra algo em prejuízo dela
própria, sem haver contraprestação.
Tem duas subespécies:

-Negócios jurídicos aleatórios – consta dos negócios gratuitos ou onerosos, em que as partes
aqui se sujeitam a um negócio, em que não se sabe por parte das partes se ganham ou não, por
exemplo nos casos de jogos de apostas. Existe um risco inerente. Por exemplo: as seguradoras
(existe o risco depois de fazer a celebração do contrato de seguro, existir um acidente no caso é
a seguradora tem que indemnizar terceiros.)

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-Negócios jurídicos parciários- consta também dos negócios onerosos e gratuitos e traduz-se
pelo risco que se tem num certo empreendimento no que diz respeito aos lucros esperados.

 Negócios jurídicos entre vivos e os negócios mortis causa- Os entre vivos produzem os seus
efeitos em vida das partes enquanto os mortis causa destinam-se a produzir os seus efeitos
depois da morte das partes ou uma delas. Os negócios mortis causa são negócios com
irrevogabilidade a todo o tempo. Entre vivos- art.º 406 nº1 CC.

 Negócios jurídicos formais ou solenes e negócios não formais ou não solenes- Em Portugal
vigora o princípio da liberdade de forma, ao abrigo do art.º 219 CC e art.º 217 nº1 CC mas por
regra os negócios não estão sujeitos a exigência de forma. Para aquele que é exigida forma por
ser uma exceção e a forma não for respeitada, há uma nulidade conforme o art.º 220 CC. Pode
ser exigida pelo legislador uma forma para existir segurança jurídica como acontece no caso da
escritura pública no caso da compra e venda de uma casa.

 Negócios jurídicos consensuais e reais- no negócio consensual o contato fica perfeito com o
simples acordo das partes, isto é, o consenso das partes. No negócio real é preciso para além do
acordo, ainda um ato material.

 Negócios jurídicos obrigacionais, reais, familiares e sucessórios (liberdade contratual):


-Obrigacionais: quanto a fixação do conteúdo e sua celebração, vale o princípio da liberdade
contratual.
-Reais: por virtude do numerus clausus, o princípio da liberdade contratual é afastado quanto à
fixação do conteúdo do contrato. Segundo o princípio da tipicidade só pode ser celebrado aqueles que
estão legalmente previstos, art.º 1306 CC.
-Familiares: o princípio da liberdade contratual está excluído do que toca aos negócios
familiares pessoais, porem no que toca ao negócio jurídico familiar patrimonial já tem alguma
importância e existe um pouco de liberdade contratual.
-Sucessórios: não há liberdade contratual, com exceção do art.º 1699 CC, nos casos em que o
legislador impôs regras imperativas, no caso de convenções antenupciais.

 Negócios jurídicos de mera administração e negócios de disposição- são atos de mera


administração aqueles que são atos jurídicos de gestão corrente, não existe alteração da
substância do bem e por isso é limitada que permite apenas prática de atos que alienação que
mantenham intacta a raiz dos bens. E são negócios de disposição os que se altera a disposição
do bem e do património administrado.

Eficácia do Negócio Jurídico

Modalidades da declaração negocial:

Para existir negócio jurídico tem que haver uma declaração de vontade, em que o declarante escolherá o
meio mais razoável de exprimir a vontade.

Elemento objetivo ou externo da declaração negocial:


3 modalidades:

-Expressa- quando for feita por palavras escrita ou qualquer meio direto de declaração ou manifestação
de vontade. Ex: gestos ou sinais. Destina-se única ou principalmente a exteriorizar uma certa vontade
negocial, art.º 217 nº1 CC.

-Tácita, quando a vontade se deduz de factos que com toda a probabilidade a revelam, factos com os
quais se pode deduzir a vontade da parte. art.º 217 nº1 e 2 parte CC.
Ex: estacionar o carro no parque pago, visa diretamente imobilizar o carro, e ainda que não diretamente
aceita também o pagamento do preço do parqueamento, existe a vontade tacita.

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-Por meios de atribuição de valor declarativo ao silêncio, distingue-se da modalidade tácita e expressa
porque na tácita tem manifestação de vontade, já no silencio não existe qualquer manifestação de
vontade, a lei parte do princípio de que o silêncio não tem qualquer valor declarativo, nem mesmo de
recusa ou de aceitação do negócio. Isto é, por via de regra, o silencio não vale juridicamente, apenas nos
casos expressamente previstos, art.º 218 CC, na lei, através de uso ou convenção.
Aquilo que esta em causa não é a ausência da vontade, estamos sim perante a ausência da manifestação
da vontade. Esta questão poderia levar a certos abusos, não se pode usar o silencio de forma abusiva,
regulado na própria lei no art.º 224 nº2 e 3 CC, pode-se responsabilizar.
Ainda art.º 334 CC, fala do abuso de direito. Ou seja, circunstância em que uma pessoa tem um
determinado direito, mas de má-fé ou abusivamente usa dele. Aplica-se em todas as áreas do direito
privado.

Exemplos de artigos do código civil em que o silêncio tem valor declarativo:


-Art.º 923 nº2 CC
-Art.º 1163 CC
-Art.º 1432 nº8 CC
-Art.º 1805 nº2 CC
-Art.º 1077 CC
-Decreto-lei lei 24/2014

Elemento subjetivo ou interno da declaração negocial:


3 partes:

-A vontade da ação: para o efeito o declarante tem que ter uma ação, tem de agir. Uma ação em sentido
jurídico, é uma ação quando e comandada pela vontade do declarante, e essa vontade tem que ser
dirigida a execução da própria ação. Os movimentos reflexos não são considerados ações comandadas
pela vontade, nem a coação física.

-A vontade (ou consciência) da declaração: existe quando o declarante tem a consciência de que o seu
comportamento ou manifestação significam uma declaração negocial. Art.º 217 nº1 CC.

-A vontade negocial- vontade dirigida a um determinado defeito, ou seja, a celebração de um negócio


específico em que a vontade visa um determinado fim ou objeto. Por exemplo: tenho a vontade negocial
de compra e venda e foi manifestada a vontade de doação.
Não confundir a vontade com o motivo de celebrar um negócio. Os motivos não são relevantes para a
vontade negocial, estão antes da vontade negocial.
Se os motivos fossem relevantes, por exemplo, iriam afetar os negócios jurídicos, por exemplo se
comprar algo com um motivo e depois de comprar já não tiver este motivo, não posso proceder ao
retorno da coisa que comprei, se não haveria uma perda por parte de quem celebrou o negócio jurídico.

Se algum destes pontos faltar ou se for deficiente, ou se o elemento objetivo não obedecer à exigências
legais, a declaração negocial é atingida por esse facto e, conforme os casos, é não existente ou inválida
(nula ou anulável).

Tendo em consideração os princípios da autonomia privada e da autodeterminação da pessoa por meio


do negócio jurídico por um lado, e a necessidade da segurança do tráfico jurídico e o princípio de
proteção à confiança, bem como as soluções do Código Civil, pode dizer-se me que a declaração de
vontade é um ato (ação) que produz um efeito jurídico intencionado pelo declarante, de acordo com o
conteúdo objetivo que a declaração apresenta ou que lhe é atribuído.

Art.º 219 CC- não obstante em matéria de declaração negocial o princípio seja o da liberdade, existem
exceções em que o legislador requer uma forma para motivos de interesses de segurança jurídica como
na compra e venda de um imóvel por exemplo que requer um documento autenticado isto é a escritura
pública. Deste modo, os declarantes não são obrigados a adotar uma forma, facto que não exclui que
dentro do princípio da liberdade de forma eles sejam livres de adotar alguma.
Consequência da violação da não liberdade de forma- nulidade, art.º 220 CC.

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Art.º 222 nº1 CC- se estivermos a falar da adoção da forma de uma forma voluntária, não requerida por
lei e o declarante decidiu adotar, as declarações anteriores e simultâneas são válidas.

Art.º 223 CC- nº1- não há exceção, existe a possibilidade das partes determinarem uma forma.
nº2- se existir fundamento para as partes quererem se vincular desde o primeiro
momento, a forma é irrelevante.

O formalismo legal refere-se apenas às declarações negociais no sentido do art.º 217 do CC, mas não às
intervenções de natureza não negocial ou não jurídico-privada.

As razões para o legislador, que este visa a proteger ao obrigar as partes a recorrerem a uma destas
formas:
⁃ A ponderação da decisão, evitar que as partes tenham soluções precipitadas;
⁃ Pela clareza no momento exato da conclusão de um negócio, se for um contrato feito
verbalmente a prova do momento de início é difícil;
⁃ A clareza do próprio conteúdo, as clausulas redigidas a escrito são mais claras.
⁃ O maior motivo como contrato escrito também se previne litígios.
⁃Publicidade para terceiros, principalmente nos autênticos que são publicados e disponível para
todos.
⁃ Controlo dos interesses da comunidade para terceiros.

As partes podem fazer estipulações a parte do contrato, no CC podemos ver no artº 221º CC.

NOTA: clausulas acessórias integram os elementos acidentais dos negócios, podem constar dos
negócios se as partes optarem por as integrar, por exemplo ao comprar um telemóvel quando nos
vendem o seguro do telemóvel.

Art.º 286 CC, cancela todos os efeitos já produzidos, porque não respeitava a exigência de forma. A
exigência de forma sem a qual o negócio não é válido, implica uma redução da fluência e da celeridade.

Quando a lei exige uma determinada forma, art.º 219 CC, entende-se por isso que a declaração negocial
tem que se fazer acompanhar de um documento autenticado.

Quando a lei exige observância de forma legal, parte-se do princípio de que este documento, necessário
para o efeito, inclui tudo aquilo que as partes contraentes quiseram regular entre si.
As partes podem fazer estipulações, acordos complementares ou adicionais fora do documento temos
que saber se estas estão abrangidas ou não pelo âmbito da forma legal, ao abrigo do art.º 221 CC.

Fases temporais da declaração negocial

A declaração negocial feita por uma das modalidades previstas no art.º 217 CC, de forma tácita ou
expressa, e de acordo com a forma escrita ou convencionada nos termos do art.º 219, 222 e 223 CC, a
declaração negocial ainda não produz sem mais os efeitos pretendidos.
É relevante também o momento da sua eficácia e o momento da sua emissão.

2 grupos

Declarante/ o proponente Declaratário/o que recebe a declaração negocial

Exteriorização Receção
Expedição Conhecimento

Teoria da Exteriorização-quando a declaração é formulada, que defende que para que a declaração
comece a produzir efeitos basta a exteriorização da vontade.

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Teoria da Expedição-depois de exteriorizada é expedida pelo declarante, para que esta tenha efeitos
tem que ser expedida para o declaratário.
Teoria da Receção- só produz efeitos quando chega ao poder do seu destinatário em termos que
normalmente lhe permitam tomar conhecimento.
Teoria do Conhecimento-quando o destinatário toma conhecimento da declaração que lhe foi dirigida.

Nem todas as declarações negociais apresentam estas 4 fases. Por exemplo nos negócios unilaterais não
receticios, não se verificam as fases do destinatário. Por exemplo no testamento, a partir da expedição o
testamento ganha eficácia.
Pode existir ausência das fases como também a coincidência de todas as fases. Ex.: uma pessoa entra
numa loja e quer comprar um determinado bem, esta a emitir e a exteriorizar a sua vontade e
praticamente no mesmo momento existe a receção e conhecimento do destinatário, e por isso podem se
verificar todas ao mesmo tempo.

Qual é a posição adotada pelo Código Civil? Com base art.º 224 CC e art.º 226 CC vem conhecer uma
maior importância à doutrina da receção.

O código civil dispõe que, ao abrigo do seu artigo 217, que a declaração negocial ganha existência
jurídica no momento da sua emissão. Por isso, tendo sido emitida e assim ganho existência, torna-se
eficaz nos termos do art.º 224 CC.

Artigo 224º CC
Nº1- teoria do conhecimento, porque tem que chegar ao seu poder (do destinatário), para aquelas que
tem destinatário. Para os que não tem destinatário é a teoria da exteriorização.
Nº2- se se adotar a teoria do conhecimento e se a declaração não tiver sido recebida pelo destinatário,
ela não produz efeitos. Ou seja, é um desvio da chegada ao poder do destinatário.
Nº3- clarifica-se o conceito de chegada ao poder. Constitui um complemento do nº1 do artigo. trata-se
também neste número que as de3clarações tornam-se ineficazes quando o destinatário não tem culpa
de não perceber a declaração como nos casos de analfabetismo.

Artigo 225º remete para o artigo 459º CC.


Estamos a falar de uma situação em que o declarante quer fazer uma declaração negocial a uma pessoa
que não sabe quem é ou não sabe onde é o seu paradeiro.

Artigo 226º CC
Nº1- exemplo de incapacidade- regime do maior acompanhado. Antes de morrerem ou antes de ficarem
incapazes emitem uma declaração, um segundo momento onde ou morrem ou são declaradas
incapacitadas.
Nº2- se feita uma declaração, e se estiver em causa uma declaração sobre a disposição de um direito
qualquer, se o declarante deixa de ter esse direito na sua disposição entre o momento em que é feita a
declaração e o momento em que vai ser conhecida por ele, então a declaração é ineficaz.

Conclusão dos Contratos

A conclusão dos contratos em Portugal é sempre feita ao abrigo da liberdade contratual, ao abrigo do
art.º 405 CC. Este artigo permite que as partes façam muitas coisas no âmbito dos contratos.
A liberdade contratual é um princípio básico de direito privado, consagrado nos art.º 405 e 406 CC, e por
isso as declarações negociais mais importantes são aquelas que conduzem à conclusão de um contrato.
Art.º 232 CC- diz-nos que estamos em face de conclusão de um contrato quando as partes tiverem
chegado a um acordo entre elas sobre todas as cláusulas julgadas necessárias.
O acordo é obtido, ou seja, o contrato é concluído, mediante uma declaração negocial, a proposta
contratual e uma outra declaração negocial, a aceitação dessa proposta.
São as duas declarações negociais, nos termos do art.º 217 e 218 CC.

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A proposta contratual e a sua aceitação


Art.º 232 CC- no 1º momento existe uma proposta e no 2º momento existe uma aceitação.

A conclusão do contrato faz-se mediante uma proposta, formulada pelo proponente, e a aceitação dessa
proposta, proveniente do aceitante que conduz ao acordo entre ambos.

A proposta contratual tem que ser distinguida de certos atos ou comportamentos preliminares ou
preparatórios que a antecedem, designadamente do convite a contratar.

Uma proposta tem que ser clara e completa relativamente a todos os elementos essenciais no negócio
jurídico, e o convite a contratar é alguém que tem vontade de contratar, mas ainda não esta em cima da
mesa todos os detalhes relevantes de um negócio jurídico. É difícil muitas vezes distinguir quando
estamos na presença de uma ou de outra, o código civil não define nenhuma.

-Ex de proposta contratual: quando alguém chega a uma bomba de gasolina e pega na
mangueira e começa a encher o carro, quando encho o carro estou a aceitar uma proposta contratual,
não há qualquer dúvida de que quem disponibilizou a bomba tem alguma duvidas do negócio. Estou a
aceitar uma proposta contratual feita de forma tacita que é feita pelo dono das bombas de combustível.

-Ex de convite a contratar: a publicidade por exemplo de um supermercado que tem algo, mas
não garante que quando nos chegamos lá para comprar ainda exista o tal produto e na quantidade que
queremos.

Pode acontecer que num momento exista uma não aceitação e uma contraproposta. E aquele que era
inicialmente o proponente passa a ser aceitante e o que era aceitante passa a proponente se existir uma
contraproposta.
A contrário- é sempre necessária uma proposta e uma aceitação da proposta.

Constitui elemento essencial de cada proposta contratual a sua suscetibilidade de ser aceite, por isso
tem que ser concretas e determinada e que permita ao destinatário responder de forma objetiva com
apenas um ‘sim’.
Tendo-se tornado eficaz, nos termos dos art.º 224 a 226 CC, a proposta fica à espera de ser aceite ou
não. Para este efeito é irrevogável, durante certo tempo, necessário para que se possa dar a sua
aceitação ou rejeição.
A irrevogabilidade da proposta resulta do art.º 230 CC. Decorre deste artigo que todas as propostas são,
em princípio irrevogáveis a não ser que existam exceções, previstas no nº1 do mesmo artigo. todavia, a
proposta nunca pode ser revogada depois de ter sido aceite, art.º 406 nº1 2º parte.

Sendo a proposta irrevogável, resta-nos saber por quanto tempo a proposta se mantém para poder ser
aceite pelo seu destinatário, isto é o prazo, uma vez que a proposta não poderá vincular eternamente o
proponente.
É no art.º 228 CC, que prevê 4 hipóteses diferentes para este caso.
Nº3- acumula os prazos da al.b do mesmo artigo. 3 dias para ir, 3 para vir e 5 desta, no total 11 dias.

Estes prazos existem para fomentar a segurança no tráfico jurídico e para proteger as expectativas
criadas pelo lado do destinatário. Mas se não aceitar a proposta dentro do prazo esta caduca e extingue-
se e por isso o proponente fica completamente desvinculado da mesma como se não existisse mais.
E por isso, em consequência de uma aceitação tardia e fora do prazo, a formação de um contrato fica
dependente de uma nova proposta e uma nova aceitação, art.º 229 nº2 CC.
Se, por algum motivo, a aceitação tiver sido expedida dentro do prazo e o proponente só receber depois
de caducado, o proponente tem a oportunidade de escolher se aceita ou não que aquele negócio se
realize.

A conclusão do contrato pressupõe, deste modo, sempre uma proposta e a sua aceitação, devendo a
aceitação ocorrer e tornar-se eficaz, em princípio, dentro do prazo em que a proposta de contrato obriga
o proponente. Assim, é no momento da eficácia da aceitação que o contrato acaba por ficar concluído.

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Mas, enquanto o proponente está vinculado à sua proposta, suscetível de ser aceite, o destinatário está
livre (art.º 405 CC) de aceitar ou não, a não ser que exista um dever jurídico de aceitar. Portanto, como
princípio, o destinatário de uma proposta de contrato tem a escolha entre aceitar ou não a mesma.

Contudo, há exceções em que não é necessário que a aceitação seja levada ao conhecimento do
proponente. O art.º 234 CC, é a regra de exceção que dispensa a declaração de aceitação, contudo não
dispensa que existe um comportamento exterior que mostre a vontade de aceitar, esta conduta é uma
declaração negocial tácita não recepticia.
Depois de se ter aceitado, a aceitação é irrevogável. Se no fi da conclusão do contrato quiserem as duas
partes por mútuo acordo revogar é possível, art.º 406 nº1, 2º parte do CC.

Se a rejeição e a aceitação, chegarem ao mesmo tempo ao proponente, prevalece sempre a aceitação.

A proposta deixa de ser vinculativa para o proponente assim que:

1º-quando o prazo é ultrapassado (art.º 228 nº1 CC);


2º-quando rejeitada, mesmo antes de acabar o prazo;
3º-quando ao abrigo do art.º 225 CC, for revogada (art.º 230 nº3 CC);
4º-quando se torna ineficaz por força do art.º 231 nº2 CC.

Se existirem modificações à proposta suficientemente precisas, estamos perante uma contraproposta,


que agora parte do destinatário da proposta anteriormente feita. Ocorre isto, até que se chegue a um
acordo entre as partes em todas as cláusulas sobre as quais as partes consideram necessárias, de modo
que o contrato não fica concluído até então. Está-se perante uma situação de dissenso (desencontro de
vontades).

Cláusulas Contratuais Gerais- são elaboradas por uma das partes anteriormente sem dar conhecimento
a outra parte, e destinadas a serem aceites pela outra.
Deste modo, atualmente, devem de ser comunicadas na íntegra aos aderentes do contrato, cabendo a
quem as estabeleceu um dever de informação, se existirem cláusulas especificamente acordadas,
prevalecem sobre estas gerais.
São proibidas toas as cláusulas contrárias à boa-fé.

A culpa in contrahendo- o início das negociações com vista à conclusão de um contrato estabelece um
relação jurídica pré-contratual entre as partes que dá origem a deveres de lealdade e obrigações. Tem
que se adotar um comportamento que não venha a prejudicar o bom andamento das negociações.
Se, se observar este tipo de comportamentos, e se ocorrerem danos pode haver uma obrigação de
indemnizar ao abrigo do art.º 227 CC. Este artigo visa proteger o processo de formação do contrato em
todas as suas fases. Viola-se aqui o princípio da liberdade contratual e pressupõe culpa.
É uma obrigação extracontratual.

A representação na conclusão do contrato

As declarações negocias nem sempre são prestadas e recebidas pelas próprias partes, isto é, a
declaração pode ser formulada ou recebida por outros que agem em vez das partes ou de uma delas.
É o que acontece no caso da representação, em que há um representante que participa no tráfico
jurídico negocial em e em nome de outrem, o representado, e os efeitos dos negócios por ele concluídos
produzem-se, direta e imediatamente, na esfera jurídica do representado, ou seja, os efeitos jurídicos
são sempre suportados pelo representado.
Os poderes de representação podem resultar de duas formas:
-Da lei, temos uma representação legal.
-De um negócio jurídico, temos uma representação voluntária também chamada de
procuração, art.º 262 a 269 CC.
De acordo com a origem da representação variam também as suas funções.

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A representação voluntária, outorgada por negócio jurídico, melhora e aumenta as possibilidades de os


particulares participarem no tráfico jurídico. Isto, quanto aos particulares que possuem capacidade
negocial.
No caso dos incapazes, a situação é diferente, como também nos casos de maiores acompanhados. Os
incapazes não estão em condições de participar por ato próprio de acordo com o princípio da autonomia
privada, por isso também não podem nomear um representante voluntário, uma vez que carecem de
capacidade de exercício para o fazer ao abrigo do art.º 123 CC a não ser que exista uma exceção à sua
incapacidade ao abrigo do art.º 127 CC. Também os maiores acompanhados não podem nomear um
representante voluntário caso tenha sido decretada uma medida de acompanhamento que os impeça de
o fazer, art.º 145 nº2 al. b) CC.
Não tem capacidade de serem titulares de direitos e obrigações e para evitar este resultado, serve a
figura de representante legal e por isso não se trata aqui da autonomia privada, mas sim da integração
dos incapazes e maiores acompanhados no tráfico jurídico negocial.
A representação legal é conferida por lei, ao contrário da representação voluntária.

É regulada no art.º 258 a 269 do CC, é uma figura jurídica do direito dos negócios jurídicos.

Os pressupostos para a produção de efeitos jurídicos em virtude de representação são os seguintes:


-Um negócio jurídico
-Realizado pelo representante em nome do representado
-Nos limites dos poderes que lhe competem.

Para feitos de nulidade e anulabilidade, como o representante é que emite a declaração negocial
própria, o art.º 259 nº1 CC, determina que em princípio é na sua esfera que se devem verificar a falta ou
vicio de vontade bem como o conhecimento ou ignorância de determinados factos que podem interferir
nos efeitos jurídicos do negócio.

Negócios jurídicos com eficácia limitada

Em modo normal, os negócios jurídicos produzem os efeitos pretendidos logo a serem concluídos, mas
nem sempre é assim. Em certas ocasiões, muito embora o negócio seja perfeitamente válido, os efeitos
não se produzem desde logo de forma estável ou não se produzem, na sua integra.
Estes condicionalismos afetam os negócios desde a sua celebração e às vezes em relação a terceiros.

As partes de um negócio jurídico, podem, em princípio, subordinar o início ou a cessação da produção


dos seus efeitos a verificação de uma condição ou de um termo.
Não é necessário que a lei os permita expressamente, uma vez que as partes agem com base na sua
autonomia privada.
O termo e a condição têm em comum a sua qualidade de acontecimentos futuros, mas eles distinguem-
se quando à certeza do acontecimento que no caso da condição a sua verificação é incerta e por outro
lado no caso do termo ela é certa.

 Condição

Tem a sua definição no art.º 270 nº1 CC, nomeadamente que é um acontecimento incerto e futuro, ao
qual as partes subordinam a produção ou a resolução dos efeitos do negócio jurídico. No primeiro caso,
a produção de efeitos, a condição chama-se suspensiva e no segundo caso no que toca a resolução dos
efeitos a condição diz-se resolutiva.
A condição é um elemento querido pelas partes que é acrescentado ao negócio jurídico.
Nem todos os negócios jurídicos admitem condições.

 Termo

Vem regulado no art.º 278 e 279 CC. A lei não oferece nenhuma noção a respeito desta.
Aos negócios a termo aplicam-se, com as necessárias adaptações, as disposições dos art.º 272 e 273 CC.

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Negócios jurídicos com eficácia relativa

A eficácia relativa tem por objetivo a proteção da confiança de terceiros e, em simultâneo, a proteção do
tráfico jurídico em geral.
Um desses casos é:

 Falta de publicidade
Os casos de ineficácia relativa a terceiros são precisamente os casos em que um negócio devia ter sido
publicitado, respetivamente registado, mas não foi. Art.º 168 nº3 CC.
Um caso muito comum é o regime encontrado pelo Código do Registo Predial.
Estão sujeitos a registo, os factos jurídicos que importem a constituição, a aquisição ou a modificação do
direito de propriedade ou um direito real limitado sobre um prédio.
Os factos sujeitos a registo podem ser invocados entre as próprias partes ou seus herdeiros, ainda que
não registados.

O terceiro só aparece em processos aquisitivos que tenham por objeto um imóvel. Neste tipo de
negócios, os factos ou direitos não registados não são oponíveis a terceiros que participam num
processo aquisitivo quando a um imóvel não registado.
Exemplo: se A inscrito no registo predial como proprietário de um imóvel, o vender a B na forma legal
devida (escritura pública), este é, devido ao princípio da consensualidade o novo proprietário do imóvel.
Há eficácia imediata entre as partes e efeito erga omnes em relação a todos em geral. Mas se B não
registar a sua aquisição, A continua inscrito no registo como sendo o proprietário. Sem ser registada, se
for adquirido por C, que é terceiro para feitos de registo, e este regista o imóvel. Sem ser registada, a
propriedade de B não é oponível a terceiros adquirentes, não produzindo efeitos em relação a eles.

Esta ineficácia, pode ter graves consequências para quem adquire por meio de contratos sujeitos a
registos, mas não regista a sua aquisição como devia fazer, visto que se a segunda aquisição for registada
em primeiro lugar, fica prejudicada a aquisição feita anteriormente, mas não registada.
O direito inscrito em primeiro lugar e não o direito adquirido em primeiro lugar, prevalece sobre o que
lhes seguirem relativamente aos mesmos bens por ordem de data dos registos. Pode perder-se um
direito adquirido que apenas possuía eficácia relativa.

 Os casos da inoponibilidade da invalidade


Trata-se de casos em que o negócio é nulo. Os negócios aqui em causa dizem todos respeitos a
atribuições patrimoniais.

Interpretação e integração da declaração negocial

Quando a declaração se torna eficaz e o contrato tem-se por concluído, pode dar lugar a dúvidas quanto
ao seu conteúdo e alcance. Pode acontecer que sejam vários os sentidos daquela declaração negocial ou
pode existir uma lacuna, e neste caso teria que se integrar a lacuna existente com recurso à integração.

O art.º 236 CC estabelece regras para a interpretação da declaração negocial.


A interpretação deve procurar uma conciliação dos interesses do declarante e do declaratório dentro do
sistema legislativo respeitante ao negócio jurídico.
Neste caso temos duas teorias que procuram a solução deste problema:
-teoria subjetivista: relevante é apenas a vontade real do declarante
-teoria objetivista: relevante é apenas o que o declaratário entendeu
-posição intermédia: relevante é o valor objetivo para o declaratário desde que seja imputável
ao declarante.

O objeto da interpretação é a manifestação da vontade, o elemento externo e e apropria declaração


negocial. O sistema deve procurar averiguar a vontade que está atrás da manifestação, a vontade que se
pretendeu declarar.

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No que toca a integração, se a declaração não apresentar um sentido obscuro, mas sim lacunas, lacunas
essas em principio desconhecidas pelas partes, aplicar-se-á, se o recurso às normas supletivas não for
suficiente, a regra do art.º 239 CC. se existir um disposição legal especial, este artigo já não se aplica.

No caso de as partes conhecerem as lacunas, trata-se do caso abrangido pelo art.º 232 CC, segundo o
qual o contrato não se concluiu ainda.
A integração das lacunas nunca pode substituir ou alargar o objeto do negócio jurídico em causa. Ela tem
de manter-se dentro do âmbito negocial traçado pelas partes.

A invalidade do negócio jurídico

Por regra, o negócio jurídico é válido e sendo válido produza os seus efeitos, a não ser que se verifique
uma ineficácia que os limites ou os afete.
Os efeitos da mesma podem vir a ser prejudicas ab início por razões que se encontram na génese do
negócio jurídico, chamando-se a estas invalidades. A invalidade praticamente impede a ordem jurídica
de dar proteção aos efeitos pretendidos.
Um negócio jurídico é inválido quando não está em conformidade com as exigências legais que foram
estabelecidas para ele dentro da ordem jurídica.

Sendo emitida, falta a declaração adquirir eficácia.


A validade antecede a eficácia e respeita ao lado intrínseco da declaração e a eficácia ao lado extrínseco
da declaração. Desta relação entre estas duas, resulta de que uma invalidade, na sua forma de nulidade
e anulabilidade, afeta a produção dos efeitos pretendidos por esta.

A ineficácia pode resultar de dois fatores:

-Fatores externos ou ineficácia em sentido restrito: a nível de condição ou termo,


inoponibilidade ou ausência de ratificação.
-Fatores internos ou ineficácia em sentido amplo: por virtude de uma invalidade.

Nos casos de ineficácia provocada por invalidade, aplica-se o disposto nos art.º 285 a 293 CC.
Nos casos de ineficácia em sentido restrito aplicam-se as regras de enriquecimento sem causa, art.º 473
e ss CC.

Regime geral de nulidade e anulabilidade- art.º 285, 286 a 293 CC- é apenas na falta de um regime
especial que se aplicam a nulidade e anulabilidade do negócio jurídico.

 Nulidade

Incide sobre:

-Negócios celebrados sem capacidade negocial de gozo e situações afins: visto que a capacidade é o
pressuposto mais importante aquando da participação no tráfico jurídico negocial.

-Negócios celebrados contra a lei: quando não se respeitar os limites legais que são impostos quando
aos respetivos negócios jurídicos, visto que a autonomia privada só pode ser exercida nos limites da lei.
Art.º 294 CC- regra fundamental. Não é nulo só apenas por ser contra a lei mas também pode ser devido
a uma fraude à lei.

-Negócios com conteúdo desaprovado pela ordem jurídica: a norma do art.º 294 CC é concretizada pelo
art.º 280 CC.

-Negócios celebrados sem observância de forma legal: a não ser que esteja outra sanção
expressamente prevista na lei, art.º 220 CC, mesmo que as partes queiram cumprir. A forma nem
sempre provoca a nulidade do negócio por exemplo num contrato de arrendamento ou no direito do
trabalho. Se for nula pode ser invocada ao abrigo do art.º 286 CC ou por quem provocou a invalidade.

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-Negócios celebrados com falta de vontade: na sua maioria são nulos. Normalmente a vontade e a sua
manifestação costumam coincidir, mas existem situações em que esta coincidência não existe e por isso
não temos uma vontade igual à que parece ser manifestada. Esta falta é o resultado de uma divergência
entre a vontade real e a vontade declarada.
As figuras da falta de vontade são seis:

1- Simulação
2- Reserva mental
3- Declaração não séria
4- Falta de consciência da declaração
5- Coação física
6- Erro na declaração

Encontram-se reguladas nos art.º 240 a 250 CC. Algumas são intencionais/ voluntárias e outras são não
intencionais/ não voluntárias.

Vontade Declaração

Divergência

Intencional Não intencional

-Simulação (art.º 240 e ss. CC)


-Reserva mental (art.º 244 CC)
-Declaração não séria (art.º 245 CC)

Forçada Ignorada

-Coação física (art.º 246 CC) -Falta de consciência


da declaração (art.º 246 CC)
-Erro (art.º 247 e ss. CC)

Simulação, o declarante faz uma declaração ao manifestar uma vontade, mas não quer o declarado,
precisamente porque lhe falta a vontade, porém o declaratário sabe disso e está de acordo com isso pois
o intuito é de enganar terceiros.

 Exemplo
Quando declarante e declaratário, intencionalmente, não querem concluir o preciso negócio X
de que falam e que ostentam, mas querem celebrar, isso sim, um negócio Y, um negócio
diferente. Há falta de vontade quanto ao primeiro negócio X, que ninguém quer celebrar. Desde
modo, o negócio X é simulado, porque quanto a este, estamos perante uma mentira.

 O valor do negócio simulado


Existe a simulação fraudulenta e a simulação inocente, porém a nulidade abrange os dois tipos
de simulação. Tem o mesmo valor.

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 O regime de nulidade do negócio simulado em geral e em relação a terceiros


O regime de nulidade é o regime geral previsto no art.º 286 CC, acrescentado do art.º 242 CC e
art.º 605 CC.
Existe uma limitação, no caso de os simuladores arguirem a simulação uns contra os outros não
é permitido o recurso a prova testemunhal, art.º 394 nº2 CC, e também é excluída a admissão
de presunções legais e judiciais (quando o legislador assume um determinado facto como
provado) art.º 350 e 351 CC. E por isso não podem usar as presunções a seu favor os
simuladores, mas os restantes meios de prova são admitidos.
Contudo, a simulação pode afetar terceiros adquirentes.

Caso prático:
Um devedor quer esconder bens a um credor e finge vender uma casa a um amigo. Na
verdade, ele não vendeu nada e o amigo nada comprou também pois ambos se entenderam
que seria para enganar o credor. Entretanto, o amigo doa por ato verdadeiro a casa à sua
namorada. Aquela venda entre eles era nula visto ser simulada, o amigo era um adquirente
simulado e ao doar a casa estava a praticar doação de coisa alheia (art.º 956 nº1 CC)
igualmente nula. Tendo em conta isto não pode transmitir a propriedade e a namorada não a
pode adquirir. O devedor invoca a nulidade da aquisição da namorada com base no regime
geral do art.º 286 CC.

Resolução:
Em princípio não haverá nenhum problema por invocar a nulidade pelo credor pois o regime
geral estabelece que qualquer interessado pode arguir a nulidade. Todavia, no momento da
conclusão do contrato de doação da casa, a namorada confiava que o namorado era o
proprietário da casa, a situação altera-se.
Visto o art.º 243 nº1 CC, o terceiro é a namorada e é alheia ao negócio pois não sabia do
sucedido negócio simulado. Deste modo, o art.º 243 nº2 CC defende o terceiro (namorada do
amigo), contra os simuladores e afasta o art.º 286 CC e cria um regime especial ao retirar aos
simuladores a legitimidade para invocar a nulidade. Neste caso não pode o devedor arguir a
nulidade.

Visto que o negócio simulado é sempre sujeito a nulidade, esta constitui-se uma exceção e a lei
escolhe proteger o terceiro adquirente de boa-fé contra o negócio, segundo o art.º 291 CC,
porem todos os requisitos deste tem que ser preenchidos. Visto que a namorada estava de boa-
fé, em princípio ficaria com o imóvel, pois desconhecia do vicio entre o devedor e o amigo,
porém tem que registar o imóvel antes que seja interposta uma ação de arguir a nulidade. Se
for interposta antes uma ação, a namorada do amigo já não está protegida ao abrigo do artigo
291 CC, e também porque não foi a título oneroso, mas sim a título gratuito.

 Simulação relativa subjetiva e simulação relativa objetiva

As partes não celebram apenas o negócio que não querem celebrar, o caso de simulação
absoluta, mas celebram às escondidas do negócio simulado concluir um outro negócio,
diferente, que querem celebrar de verdade sem que se saiba, neste caso falamos de uma
simulação relativa.
Estas situações são reguladas no art.º 241 nº1 CC, sustentando este artigo que a validade do
negócio dissimulado não fica prejudicada pela nulidade do negócio simulado, ficando
preservado como se tivesse sido celebrado abertamente, tendo em conta que a validade
depende apenas ao regime que ele respeita e as invalidades que ele próprio atinge como por
exemplo o fim ou o conteúdo ilícito, inobservância de forma legal, entre outros, e é por isso
tratado de forma autónoma ao contrário do negócio simulado que é sempre nulo.

Os simuladores tem várias hipóteses para fingir um negócio jurídico:


-Podem simular apenas uma parte do negócio, que consiste numa interposição fictícia de uma
pessoa- simulação relativa subjetiva;
-Podem simular a natureza do negócio ou do seu valor, ou seja, sobre o conteúdo- simulação
relativa objetiva.

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Caso prático:
António casado, tem uma amante ao qual gostaria de oferecer uma valiosa estatueta de
marfim. Ele sabe que se tivesse amante não o pode fazer pois é casado, pois é um caso de
adultério nos temos do artigo 953 e 2196 CC. Para evitar riscos, António entrega ao amigo
Bernardo a estatueta e explica-lhe a situação e este doa à amante. Na verdade, o António é
uma pessoa fictícia (simulada). Tempos duas doações simuladas e por isso nulas. Mas estas
nulidades não afetam a verdadeira doação de Antónia á sua amante. Por ser um caso de
adultério pois violou uma indisponibilidade relativa.

Na interposição fictícia há um concluiu entre as verdadeiras partes do negócio e a pessoa


interposta por elas. Todos os intervenientes sabem da operação fictícia que, todavia, fica oculta
para terceiros que se visam enganar. Na interposição real, pelo contrário, não existe este
concluiu. Apenas há uma cordo interno, ou seja, o contrato de mandato, entre um dos
interessados no negócio, o mandante, e a pessoa por ele interposta, o mandatário, que realiza o
negócio com uma pessoa em nome do mandante, mas que é desconhecida pela outra parte do
negócio.

A simulação relativa objetiva, respeita a natureza do negócio ou ao seu valor. Quando se finge
contratos de compra e venda que encobrem doações.

 Simulação em negócios formais

Os negócios simulados e dissimulados também são praticados quando, para a validade de um


negócio é exigida a observância de uma forma legal (art.º 219 CC).
Quando a forma legal não tiver sido observada o negócio é, para alem de ser nulo por ser
simulado também é nulo por falta de forma, art.º 220 CC. por outro lado, se o negócio simulado
respeitou a forma ele é nulo por ter sido simulado art.º 240 nº2 CC.
Um exemplo claro é quando um negócio simulado no que toca ao objeto, será um imóvel. Só é
valido se for celebrada por escritura pública ou por documento particular, art.º 947 n º1 CC.
se a escritura for fingida, é nula.

Recorre-se à figura da falsa demonstrativo, ou seja, atende-se a vontade real dos simuladores
apenas existente no negócio dissimulado, e conjuga-se esta solução com o aproveitamento da
forma do negócio simulado. Recorrer a esta figura é uma distorção de lei pois esta respeita um
desvio no que toca ao significado das palavras empregues em relação a um negócio que se quer
celebrar. Por isso esta serve para salvar o negócio dissimulado.
Desta forma, as consequências da nulidade do negócio dissimulado no caso da falta de
observância de forma legal são:
-em relação as partes do negócio, temos o negócio dissimulado.
-em relação a terceiros, não existe proteção do artigo 243 contra terceiros.

Reserva mental, o declarante faz uma declaração ao manifestar a sua vontade, mas novamente esta lhe
falta porque ele não quer o declarado, só que agora o intuito não é enganar terceiros, mas sim enganar a
outra parte do negócio.
Prevista no art.º 244 CC.

Os requisitos desta são:


-Uma declaração recepticia cujo conteúdo é contrário à vontade efetiva do declarante
-O intuito deste de enganar, o declaratário.

A lei distingue duas modalidades de reserva mental:


-Desconhecida do declaratário, não afeta a validade da declaração negocial, que produz os seus efeitos
normais como se não tivesse havido reserva mental (art.º 244 nº1 CC). Visto que continua o declaratário
vinculado à sua declaração e o interesse do declaratário fica protegido.

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-Conhecida do declaratário, a declaração negocial é nula, a consequência da nulidade resulta do art.º


244 nº2 2ª parte CC. Aproxima-se bastante da simulação, as distinguem-se no facto de que a reserva
mental não vida enganar terceiros.
Par aa consequência da nulidade é necessária sempre que o declaratário conheça o sentido positivo da
reserva, art.º 259 CC, e a reserva mental do declarante apaga a culpa do declaratário.

Declaração não séria, o declarante faz uma declaração ao manifestar uma vontade, mas esta falta-lhe
porque não quer o declarado, todavia, o declarante não visa enganar ninguém pois espera que todos
conheçam a falta de seriedade da declaração.
Art.º 245 nº1 CC, neste caso, as declarações têm que ser ao mesmo tempo não sérias e não
enganadoras. Se faltarem estes requisitos ou um deles, está-se em face de reserva mental.
A consequência desta é a não produção de efeitos, que não significa que não tenha outros efeitos
jurídicos, podendo verificar-se embora não possuam natureza negocial.

Para que o declarante seja obriga a indemnizar o declaratário são necessários 3 pressupostos:
-O declarante tomou a declaração a sério.
-Esta atitude de tomar a sério foi originada por circunstâncias que a declaração foi feita.
-A atitude do declaratário é justificada pelas circunstâncias do caso.
Verificando-se estres 3 requisitos e o nexo de causalidade entre eles, indemniza-se o declaratário pelos
danos sofridos e causados pela confiança que ele depositou na declaração negocial, uma indemnização
pelo dado de confiança.

Falta de consciência da declaração, com efeito, quando falta a vontade de ação não há um
comportamento consciente, voluntário, reflexo ou, na hipótese de coação física, absolutamente forçado,
embora exteriormente pareça estar-se perante uma declaração.
Art.º 246 CC, a falta de consciência da declaração não é voluntária, o declarante nem sequer se
apercebe, e no caso da coação física a declaração é forçada, embora aqui o declarante saiba o que esta a
fazer.

Consequências: a declaração não produz quaisquer efeitos devido não existência de um negócio jurídico.
Quando falta a vontade de fazer uma declaração no sentido do art.º 217 CC.
Na segunda parte do artigo está presente o dano de confiança, é preciso haver nexo de causalidade
entre o dano e a atuação, para existir uma indemnização.

Negócios jurídicos que poderão ser anuláveis (anulabilidade)

 Negócios celebrados sem capacidade de exercícios e situações afins


A anulabilidade é menos gravosa que a nulidade. A causa mais frequente é a falta de capacidade de
exercício e por isso temo que saber antes de tudo se a declaração foi feita por pessoa capaz ou se foi
dirigida a pessoa capaz, pois só essas pessoas podem fazer ou receber declarações negociais.
Os art.º 217 a 294 CC são concebidos em função de capazes. Se possuírem capacidade de exercício a
anulabilidade pode resulta da incapacidade acidental.
Ex: menoridade, maior acompanhado.

 Negócios celebrados contra a lei e os negócios celebrados sem os necessários consentimentos


No art.º 294 CC, podemos ver que os negócios jurídicos celebrados contra disposição legal de caráter
imperativo são nulos salvo disposição legal em contrário, podemos então retirar daí que se pode
encontrar outra sanção, nomeadamente da anulabilidade para este tipo de casos. São anuláveis os
negócios sucedâneos com os quais se pretende defraudar normas proibitivas.
São também anuláveis negócios cuja celebração validade pressupõe o consentimento de quem for
afetado por eles, quando o respetivo consentimento não foi prestado previamente e sem que tivesse
havido confirmação do consentimento.

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 Negócios usurários
Art.º 282 e ss CC. Não se aplica a todas as situações, mas só em situações que exista a vulnerabilidade
de um face ao outro. Este artigo implica uma limitação ao princípio da liberdade contratual no que
respeita a liberdade da fixação do conteúdo do contrato.
O artigo não permite que se desvinculem mediante a situação de uma inferioridade.
Exemplo: fazer um empréstimo de 1000€ por exemplo, e aplicam-se uma taxa de juros muito maior ao
que seria o normal, o expectável e o legal.
Art.º 281 CC- se o fim não for comum, e se só for para uma dar partes e não a ambas, a consequência é a
anulabilidade e não a nulidade.
A proteção conferida pelo artigo é meramente aparente pois quem for vítima deste negócio não é
propriamente a pessoa mais indicada para anular o negócio lesivo, embora seja a pessoa em cujo
interesse a lei estabelece a anulabilidade.
Alem da anulabilidade, com base no art.º 282, o artigo 238º nº1 prevê a hipótese de o lesado requerer
uma modificação dos negócios usurários segundo juízos de equidade.

 Negócios celebrados com erro na declaração


O erro na declaração pertence aos casos em que há uma divergência entre a declaração e a vontade, que
conduz tendencialmente à nulidade.
Art.º 247 CC, neste caso o erro produz uma declaração não conforme a vontade e, assim, verifica-se uma
divergência entre esta e a declaração.

Para haver erro na declaração é necessário que o declarante:


-Diga uma coisa diferente daquilo que queria dizer realmente, trata-se de um erro na própria
declaração ou no ato da declaração.

-Diga aquilo que realmente queria dizer, atribuindo embora às palavras que emprega um
significado ou sentido diferentes dos que ela objetiva e efetivamente tem, trata-se de um erro sobre o
conteúdo da declaração.

Em ambos os casos, existe uma diferença entre o realmente pretendido e a manifestação da vontade. A
distinção entre estas duas nem sempre é fácil, mas a lei submete as duas ao mesmo regime e assim o
problema de delimitação não tem grande relevância.

Usa-se a definição do erro sobre o conteúdo para separar do dissenso oculto. Como já sabemos que há
dissenso oculto quando as partes, sem se aperceberem disso não chegam a um acordo sobre todas as
cláusulas consideradas essências e por isso nenhum contrato fica concluído de acordo com o art.º 232
CC.
Existem situações, porém, em que é possível atribuir a ambas as declarações um sentido ou conteúdo
objetivo comum, mas este não está em sintonia com ambas as vontades. A este tipo de casos de
dissenso oculto deve aplicar-se, quanto às declarações, o regime de erro na declaração: o contrato
considera-se concluído, mas o declarante cuja vontade real difere do conteúdo objetivo comum que foi
atribuído à sua declaração pode anular com base em erro, nos termos do art.º 247 CC.

Exemplo: quem vem de Coimbra, encomenda no Porto um prato de bacalhau dourado, mas no Porto a
confeção é diferente da de Coimbra e por isso recebe algo diferente do que pediu. As partes pensavam
que estavam de acordo com o conteúdo, mas que afinal existiu um erro e não era isso que queria.

Consequência do erro: a declaração negocial se torna anulável para o declarante, mas a anulação deste
só acontece desde que existam também do lado do declaratório os pressupostos necessários para o
efeito, ou seja, a lei só concede ao declarante a anulação, na medida em que o declaratário dispõe de
dados objetivos que lhe permitem conclusões a respeito do condicionalismo de decisão do lado do
declarante.
Para que a anulação proceda, não se exige a desculpabilidade do erro, nem o conhecimento ou a
possibilidade da existência do erro por parte do declaratário, isto é , a declaração negociável pode ser
anulável mesmo que o declaratário não conheça o erro.

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A anulação por parte do declarante, pode conferir ao declaratário um direito de indemnização, somente
nos temos do art.º 227 CC.

Uma subespécie de erro na declaração é o erro na transmissão da declaração, regulado nos dois
números do artigo 250, onde prevê este artigo a transmissão da declaração do declarante para o
declaratário por meio de um terceiro.
O erro na transmissão da declaração não tem, portanto, relevância autónoma e desencadeará o efeito
anulatório, apenas nos termos do art.º 247º CC.

Estabelece-se uma exceção a este regime geral:


-em que a transmissão é feita dolosamente, é sempre anulável, pois tira a responsabilidade ao
declarante, nº2 do mesmo artigo.
-quando não há dolo, há apenas erro, o legislador diz que a responsabilidade recai sobre o declarante,
nº1 do artigo, a responsabilidade é imputada ao declarante, desde que preenchidos os tipos do artigo
247º.

Para que o erro seja relevante, exija-se sempre que o declaratário assuma a essência do motivo:
• Ou porque conhecia o motivo (art.º 251º, 252º/2 CC);
• Ou porque havia de o conhecer (art.º 251º, 252º/2 CC);
• Ou porque o declaratário reconheceu por acordo como declarante a essencialidade do motivo (art.º
252º/1 CC).
Os requisitos, do erro relativo ao destinatário da declaração seja qual for a modalidade, tem sempre a
intenção de acautelar o interesse do declaratário (na subsistência do negócio). Traduzem-se numa
limitação da relevância invalidaste do erro protegendo essencialmente a confiança que ao declaratário.

Temos ainda:
Erro de cálculo ou de escrita, art.º 249 CC, são erros aritméticos.
Por exemplo: temos uma lista de produtos e cada um tem o preço a frente, o que aconteceu foi que no
total ficaram a faltar 15€, é um erro de calculo ou de escrita, não origina a anulabilidade do negócio, mas
sim a retificação desde que não seja abusiva.

 Negócios celebrados com vícios de vontade

Como sabemos, o negócio jurídico só pode desempenhar as suas funções quando a vontade, se forma
de uma maneira esclarecida, assente em bases corretas e livre de influências exteriores, caso contrário,
ela está viciada.
Tendo ocorrido um vicio, está em causa o lado interno da declaração, na formação da vontade.

Temos várias formas de vícios de vontade: (não há divergência entre a vontade e a declaração)
-Erro sobre os motivos – art.º 252-252-247 CC.
-Dolo – art.º 253 e 254 CC.
-Coação moral – art.º 255 e 256 CC.
(-incapacidade acidental – art.º 257 CC).

Estes vícios da vontade dão origem à anulabilidade. Aqui já não se fala entre uma divergência entre a
vontade e a declaração. A anulabilidade, porém, não é atribuída sem se verificarem certos pressupostos
que variam de acordo com o tipo de vicio de vontade em causa.

1ª Erro sobre os motivos ou erro-vicio

Este tipo de erro verifica-se quando alguém, sem se aperceber disso, acaba por dizer uma coisa que não
quer, ou por se ter enganado no meio declarativo ou por se ter enganado sobre o conteúdo (significado)
das suas palavras.
O erro recai sobre a vontade, portanto verifica-se um vicio na vontade. O erro sobre os motivos poder
ser designado como erro-vicio.
O regime geral do erro sobre os motivos está regulado no art.º 252 CC.

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Este é uma ideia e representação inexata sobre a verificação de uma circunstância presente que era
determinante para a declaração negocial sem a qual a declaração negocial não teria sido emitida no
contexto que foi, e por isso, o declarante ao ter a vontade de celebrar tal negócio parte de pressupostos
errados e em virtude disso toma uma decisão errada, que manifesta corretamente atras da sua
declaração negocial. E por isso, conseguimos perceber que o erro sobre os motivos recai sobre o lado
interno/subjetivo da declaração negocial e sobre os elementos determinantes da formação da vontade.

Em princípio, este erro não tem consequências, porem existem certas exceções em que se conduz à
anulabilidade do erro sobre os motivos:

-O erro sobre a pessoa do declaratário, previsto na 1ª parte do art.º 251 CC que remete para o
art.º 247 CC, que só é anulável se forem preenchidos os requisitos deste artigo.
-Erro sobre o objeto do negócio, fim da 1ª parte do art.º 251 CC.
-O erro sobre as circunstâncias que constituem a base do negócio, art.º 252 nº2 CC que remete
para o art.º 437 a 439 CC que são as circunstâncias vigentes, que fala da alteração das circunstâncias.

2º Erro sobre a pessoa ou sobre o objeto do negócio

A relevância do erro sobre o objeto do negócio jurídico ou as suas qualidades depende, nos termos dos
artigos 247º e 251º do Código Civil, da reunião de três requisitos.:

1º - Que a vontade declarada esteja viciada por erro sobre o objeto do negócio ou as suas qualidades e,
por isso, seja divergente da vontade que o declarante teria tido sem tal erro.
2º - Que, para o declarante, seja essencial o elemento sobre o qual incidiu o erro, de tal forma que não
teria celebrado o negócio jurídico se se tivesse apercebido do erro.
3º - Que o declaratário conhecesse ou não devesse ignorar a essencialidade do elemento sobre o qual
incidiu o erro para o declarante.

O erro que incide sobre o objeto da declaração, é um erro na declaração, podemos estar perante um
erro incidental, em que se recair sobre o negócio 89em si, a anulação atinge todo o negócio e se recair
sobre certos aspetos do negócio, abrange somente estes.

3ª Erro sobre a base do negócio

Abrange o erro que incide sobre as circunstâncias que constituem a base do negócio de facto e de direito
que se forem conhecidas por ambas as partes foram tomadas em consideração por elas na celebração
do ato que determinam o os termos concretos do conteúdo do negócio, art.º 427/nº1 CC.
Da remissão do art.º 252/nº2 CC, resulta que o erro sobre a base do negócio é relevante desde que:

1º- incida sobre as circunstâncias em que as partes fundaram a decisão de contratar.


2º- desde que essas circunstâncias sejam comuns a ambas as partes.
3º- desde que a manutenção do negócio tal como foi celebrado seja contrária à boa-fé.

Se o erro for relevante na base do negócio ou é anulável ou é modificável (se as partes estiverem de
acordo pode ser pedido) no entanto essa modificação ser feita sobre juízos de equidade.

4º Dolo

Também no caso do dolo estamos perante um vicio de vontade.


Vem regulado nos art.º 253 (noção) e 254º (efeitos) CC.
Entende-se por dolo, no geral, qualquer sugestão ou artificio, empregue com a intenção ou a consciência
de induzir, manter o declarante em erro ou de dissimular o seu erro.
A lei defende o dolo não o condenando logo a partida e não dizendo que é ilícito, consagrando o lodo
lícito ou dolus bónus no nº2 do artigo 253 CC.
Tratando agora de dolus malus, é a deformação da vontade que provém de uma atuação exterior do
declaratário que impede a livre formação da vontade do declarante.

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Para que exista um dolo ativo ou omissivo, o dolus malus, são necessários os seguintes pressupostos:

-Que o declarante esteja em erro.


-Que o declarante tenha sido induzido e mantido em erro pelo próprio declaratário ou por um
terceiro.
-Que o declaratário ou um terceiro haja recorrido, ilicitamente a qualquer artificio, sugestão ou
embuste.

Há dolo sempre que o meio enganoso é empregue com a consciência de que, com ele o declarante é
determinado a fazer uma declaração que não teria emitido sem aquele engano, na maior parte das vezes
o enganado sofrerá um prejuízo. Há um nexo de causalidade entre o dolo e a declaração.
Os efeitos do dolo são enunciados no art.º 254 CC.

Só é relevante para efeitos de anulação, o dolo anterior ou simultânea da declaração, desde que
realmente a tivesse determinado, ou seja, desde que tivesse sido o elemento causal.
Se o dolo for bilateral, a anulabilidade subsiste, e o negócio é duplamente anulável.

-Se o dolo provier do declaratário, a declaração é sempre anulável.


-Se provier de um terceiro, a declaração é, em princípio, válida no que diz respeito ao dolo,
embora possa ser anulável por outras razões.

O dolo ilícito viola sempre o princípio da boa-fé, art.º 227 CC, e assim, o autor do dolo incorre em
responsabilidade pré-contratual, que o obriga a indemnizar os danos decorrentes da sua negociação
desleal. No caso de induções negligentes em erro, aplica-se o regime do dolo em si.

5ª Coação moral

Regulada nos art.º 255 (noção) e 256 (efeitos) CC.


É prestada uma declaração negocial determinada pelo receio de um mal de que o declarante foi
ilicitamente ameaçado pelo declaratário ou por terceiro, com o fim de obter dele, por este meio, a
declaração pretendida. A ilicitude aqui já faz parte da hipótese legal ao contrário do dolo.

Falta ao coagido liberdade exterior, mas embora ceda a ameaça é um colaborador consciente na própria
lesão, podendo estar em causa aqui o estado de necessidade.
A ameaça deve ser ilícita, que pode referir-se ao fim prosseguido (atos ilegais) ou ao meio empregue
(chantagem).
Pode ainda acontecer que a coação seja ilícita, mas que o coagido não se intimide com ela o que não
leva a declaração negocial e por isso já não se aplica o disposto no art.º 255 CC. E por isso, basta a
simples ameaça de um mal cujo receio de concretização seja determinante para a declaração.

O efeito da coação moral é a anulabilidade quando exercida pelo declaratário.


Quando exercida por terceiro, a lei já diferencia em função da gravidade da coação, e para que seja
anulável tem que se preencher 2 requisitos nomeadamente que tenha sido grave o mal e justificado o
receio da sua consumação.

Consequências da invalidade do negócio jurídico

Quando o negócio jurídico é inválido ficam afetados os efeitos jurídicos a cuja produção o negócio se
destinada.
Consequência da invalidade:
-nulidade: não produção de efeitos jurídicos volitivos ou pretendidos desde o inicio.
-anulabilidade: produção de todos os efeitos volitivos ou pretendidos, mas apenas de natureza
provisória e sujeitos à anulação.

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Quem pode arguir a invalidade no caso da anulabilidade e nulidade?


Art.º 285 a 294 CC.

-As próprias partes que reconhecem por acordo a invalidade.


-Por ação judicial.
E no caso de ser uma nulidade pode ainda ser declarada oficiosamente pelo tribunal.

Se for reconhecida a invalidade por via judicial, tem efeitos retroativos as duas invalidades.

-Para o caso da anulação do negócio, quanto ao efeito retroativo, são retransmitidos todos os
direitos imediatamente, e quanto ao efeito restitutivo a prestação efetuada no cumprimento do contrato
anulável tem que ser restituída imediatamente.
Uma vês que os efeitos da anulação se retrotraem ao momento da celebração do negócio, em principio,
tudo se passa como se o negócio nunca tivesse sido celebrado.

-Para o caso da nulidade, o negócio não produziu desde a sua celebração os efeitos volitivos
pretendidos. Temos dois efeitos, retroativo e restitutivo, que é necessário a um determinado momento
restituir-se tornar como estava antigamente antes do negócio ser celebrado. A restituição é pelo objetivo
em si, chama-se restituição natural, ou seja, se comprar uma casa tenho que restituir uma casa, se for
dinheiro tem que se restituir o dinheiro. A restituição é integral (na sua totalidade).
Se não for possível restituir de forma natural, e se existir perda da coisa, ou outro motivo que já não
tenha a coisa na sua totalidade, através de uma avaliação pecuniária poderá fazer-se um ajuste.
Se não existir culpa nem negligência por danos eventualmente causados por motivos alheios como por
exemplo as catástrofes naturais, depende se estava de boa-fé ou não e neste caso não será
responsabilizado pelos danos da coisa em causa. Art.º 1269 CC.
Aplica-se tudo isto aos adquirentes todos do negócio.

Pessoas legitimadas para invocar a invalidade

-Nulidade: invocável a todo o tempo por qualquer interessado que se mostre como interessado
e que o prove como tal e pode ser declarada oficiosamente pelo tribunal pois pode coincidir com
interesses públicos.

-Anulabilidade: tem prazo, ou é 1 ano subsequente à conclusão do negócio ou no prazo de 1


ano subsequente ao conhecimento do vicio que estava em causa. Pode ser invocada por qualquer
interessado normalmente privado, os que a lei determinar como legítimos , art.º 287 CC.

Art.º 291 CC- se aplicarmos o art.º 286 CC, havendo 10 sujeitos, por exemplo, que tinham sido partes
nos negócios subsequentes da compra e venda de um imóvel, toda esta cadeira teria sido destruída. Este
artigo coloca um travão até onde se pode destruir o negócio. Nem sempre pode ser destruído um
negócio nulo.
Os negócios que caiem dentro deste artigo são negócios a titulo oneroso.

Se fosse de má-fé, o artigo 291 não protege. Apenas protege os que estão de boa-fé que não sabiam do
vicio, se souberem do vicio este artigo já não protege os terceiros adquirentes.

Redução e a conversão são situações de apesar da existência da nulidade e anulabilidade existe o


princípio do aproveitamento da vontade das partes, o legislador tenta apesar da existência de algum
vicio aproveitar que o negócio tenha sido celebrado.
Princípio da conservação dos negócios jurídicos também chamado, muitas vezes produzem-se muitos
efeitos neste negócio jurídico e produzem-se efeitos muitos pesados. O legislador concede alguma
proteção através dos artigos 292 e 293 CC.
Formas de conservação:
-Art.º 288 CC, confirmação, refere-se apenas a anulabilidade pois a nulidade não pode ser sanada, mas a
anulabilidade sim. Podem as partes mediante confirmação sanar o vicio, afastar o regime da
anulabilidade e o negócio passa a ser válido. É normalmente para proteger o interesse das próprias

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partes. Se elas decidirem que pretendem o negócio mesmo com o vicio podem querer continuar a
celebrar o negócio. Confirma e sana o vicio.
Não é necessário ser expressamente, pode também ser tacitamente ao abrigo do número 3.
-Art.º 292, redução, se num determinado negócio, se se verificar problemas com determinadas
cláusulas, tem que se verificar todas as cláusulas. Quando a clausula é nula, art.º 280, não se anula todo
o negócio por causa de uma clausula.

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29/03

Art.º 236 CC.

CASO PRATICO:
A diz a B por telefone que lhe vende o rebanho por 200.000€. B diz ‘’ já te respondo’’ sem chegar a
responder a A. No dia seguinte B apresenta-se na quinta de A com o respetivo cheque e uma camioneta
alugada a fim de transportar o rebanho. A que, entretanto, receberá uma proposta de compra de C por
preço superior e recusa a venda a B. QUID IURIS?

Resposta:
A proposta de A é válida. É um negócio de compra e venda, identificou-se o objeto e o preço. A resposta
de B não constitui nenhuma declaração negocial. Pode ser uma declaração de vontade pois ele falou
sobre o assunto, mas não foi negocial.
Uma proposta feita telefonicamente ganha eficácia assim que o B ouviu a proposta. Art.º 228 CC, a
resposta no caso de B teria que ser dada imediatamente, não fazendo nenhuma aceitação nem rejeição
nem uma contraproposta, a mesma perde a eficácia pois B não respondeu logo, por isso, a partir do
momento em que B desliga deixa A de estar vinculado a proposta.
A alínea c) do artigo 288º interpreta-se à contrário. Na alínea c diz que é a pessoa ausente, mas no caso
a pessoa não é ausente e sim presente pois foi por chamada telefónica. A alínea c não se aplica, pois, só
trata de pessoas ausentes, deduz-se que se a pessoa for presente a resposta tem que ser imediata.
Em relação a proposta de C, o negócio será válido pois não estava já vinculado a proposta de A.

Caso prático:
A 2 de março, A envia uma carta a B dizendo ‘’ vendo-te o meu mercedes por 20.000€’’. A carta foi
recebida a 4 de março. B concorda com a compra por carta enviada nesse mesmo dia. Entusiasmado
compra produtos de limpeza de carros gastando 100€, no mesmo dia A entrega o carro a C por preço
superior.

RESPOSTA:
A proposta ganhou eficácia quando foi recebida e conhecida por B, a partir desse momento é
irrevogável, art.º 230 al. a CC, dia 4 de março ganhou eficácia.
Com base no art.º 228 al. c CC, temos os 3 dias iniciais do envio da proposta alínea b), mais os 5 dias
estabelecidos na alínea c), mais os 3 dias de envio da resposta alínea b). De 2 a 13 de março, A esta
vinculado a proposta.
A violou os deveres da responsabilidade contratual face a B celebrando outro contrato com C, ou seja, A
deveria ter esperado até findo o prazo por uma resposta de B. A deverá ser responsabilizado pela
responsabilidade pré contratual. Podia pedir indemnização pelo dinheiro que gastou.

absoluta
relativa
simulação inocente
fraudulenta

Divergências
intencionais
enganosas reserva mental

Vícios de formulação div. intencionais declarações não serias


da vontade não enganosas

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erro
divergencias coação fisica
não intencionais falta de consciência na declaração

Vícios na formação da vontade- vícios que provocam uma vontade que foi formulado com base em
circunstâncias erradas, em coação física por exemplo. Situações em que o sujeito está viciado na forma
como pensou fazer o negócio.

Coisa distinta será vícios da formulação- mostra o quadro acima, a vontade real e a vontade declarada
são divergentes. Tem que existir uma divergência entre a vontade real e declarada, o segundo
pressuposto tem que existir um acordo entre o declarante e declaratário, e o terceiro pressuposto tem
que ter o intuito de enganar terceiros.

**foto Nadia **- tipos de condição


Caso prático:
A alienante da propriedade do imóvel X vende a B em negócio sujeito a condição suspensiva e decide
posteriormente vender a C durante a tendência da condição.

Resposta:

05/04

A invalidade ou validade de algum negócio antecede a eficácia.


A validade é o lado intrínseco da declaração e a eficácia é o lado extrínseco da declaração.

A simulação, art.º 240 e seguinte CC, tem três requisitos:


-Pacto simulatório
-Divergência entre a vontade real e a declarada
-Intuito de enganar terceiros, não tem que prejudicar nem beneficiar como por exemplo no caso de
mera ostentação, ou pode ocorrer uma delas.

O negócio dissimulado é quando na verdade queremos fazer negócios, mas fazemos outro negócio.

A simulação pode ser absoluta e realtiva , na relativa temos negócios simulados e dissimul.ados.

Casos práticos
Indique se existe algum negócio jurídico e classifique-o:

a- António e Maria felizes pelo seu filho João ter entrado no curso de direito oferecem-lhe um
terreno de que são proprietários no Algarve.
b- António, vítima de covid, receando pelo termo da vida decide deixar uma valiosa joia de família
a Joana, sua namorada de sempre e para sempre. Fê-lo através de testamento.
c- Francisco, Manuel, Vicente e Xavier, amigos de longa data decidem constituir uma sociedade
por quotas de denominaram FMVX, LDA
d- Ana vende a Maria os seus sapatos de verniz azuis.

15/02

Correção:
a- É um facto jurídico voluntário. É um negócio jurídico bilateral unilateral/ imperfeito. Existe a
obrigação a partir do momento que está a doar, mas João pode aceitar ou não.

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Nota: na doação só tem eficácia o contrato se o outro agente aceitar.


No testamento, quem o faz, ao fazê-lo ganha logo eficácia.

b- Negócio jurídico unilateral não recepticio.


c- Negócio jurídico plurilateral.
d- Negócio jurídico bilateral sinalagmático de execução imediata.

A comprou a B um quadro emoldurado da Paula Rego que este último tinha na sua sala. Todavia, na
data aprazada A foi surpreendido pelo facto de a pintura ser entregue sem a respetiva moldura.
Quid júris.

Estamos perante um contrato jurídico de compra e venda, negócio bilateral sinalagmático de execução
imediata.
No caso não diz as cláusulas presentes.
Objeto da relação jurídica- o quadro, são coisas que se remete ao artigo 210 CC.
Art.º 882 nº1 CC. A moldura estava inserida no negócio, e por isso na entrega do quadro teria que ser
entregue a moldura.
A solução seria a mesma se fosse negócio gratuito, no caso de doações ? art 237º cc ,se o que receberia
a doação nao tivesse visto a moldura antes, não saberia que a moldura vinha incluída, dai existir duvida
no caso. Mas se quem recebe a doação visse o quadro no momento em que o doador se compromete a
doar , aplica-se o artigo 955 CC. No caso de não ver , não teria que ter a moldura mas no caso de saber
teria que incluir a moldura.

15/03

Caso prático
A faz uma proposta negocial para a aquisição do bem X, B aceita e envia para A a carta, este recusa-se a
receber a carta da aceitação. Quid Iuris

O A tem conhecimento por outras vias, logo o negócio tem se como concluído de acordo com a doutrina
do conhecimento. Se, neste caso, A não tiver conhecimento, de acordo com o nº2 do art.º 224º do CC, a
aceitação também é eficaz, este por sua culpa não haja recebido a aceitação, esta será eficaz, o negócio
será dado como concluído. Se o A for analfabeto, recebe a carta, mas não a consegue interpretar, aí a
declaração é ineficaz (nº3 do art.º 224º do CC).

Prazo de irrevogabilidade- art.º 228 CC.


Estas alíneas respondem em que termos e que fica vinculado.

Caso prático
A faz a proposta a b por escrito no dia 10 de fevereiro, b recebe e aceita no dia 13. A recebe a aceitação
dia 22. Quid iuris?

Caso prático
A propõe a B a compra do seu cão, dia 10, b recebe a carta dia 12, contudo por gostar muito do seu cão
rejeita no mesmo dia, no dia seguinte depois de refletir e face aos 5 mil euros oferecidos decide aceitar.
A recebe ambas as cartas no mesmo dia, dia 14.
Quid iuris?
E se a só receber a aceitação no dia seguinte, dia 15?
Resposta: art.º 235 nº1 CC.
Prevalece a aceitação pois recebeu no mesmo dia.
A partir do momento em que se recebe a rejeição, provoca a caducidade da proposta, e a aceitação fica
sem efeito quando recebe. A proposta deixa de ser valida e A deixa de estar vinculado a essa proposta. O
contrato poderá celebrar-se mediante uma nova proposta e um novo contrato.

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Outra situação seria:


B diz que aceita a proposta, se A pagar 6000€ em mão no momento. A não aceita. B vem dizer que aceita
os 5000€. Quid iuris?

Resposta: art.º 233 CC- aceitação com modificações.


O facto de haver uma contraproposta, implica a rejeição da primeira proposta. Muda-se a classificação
de proponente para destinatário. Por isso, quando há uma contraproposta parte-se do princípio que a
primeira proposta foi rejeitada pelo destinatário. B não poderia dizer que aceitava a proposta inicial pois
a proposta inicial caducou.

Situações em que a proposta deixa de ser vinculativa:

-Art.º 228 CC
-Quando é rejeitada.
-Art.º 225 CC
-Art.º 230 CC
-Art.º 231 CC

Caso prático
Um cidadão sueco encomenda um produto na noruega a ser entregue na suécia, sendo o preço
estipulado em coroas. O sueco pensa pagar em coroas suecas enquanto o norueguês pensa pagar em
coroas norueguesas.

Anulabilidade - tem que a própria lei prever quem tem legitimidade.


Nulidade- os interessados podem arguir, mas não é qualquer pessoa, tem que provar ter interesse na
causa.
Temos dois efeitos, retroativo e restitutivo, que é necessário a um determinado momento restituir-se
tornar como estava antigamente antes do negócio ser celebrado. A restituição é pelo objetivo em si,
chama-se restituição natural, ou seja, se comprar uma casa tenho que restituir uma casa, se for dinheiro
tem que se restituir o dinheiro. A restituição é integral (na sua totalidade).
Se não for possível restituir de forma natural, e se existir perda da coisa, ou outro motivo que já não
tenha a coisa na sua totalidade, através de uma avaliação pecuniária poderá fazer-se um ajuste.
Se não existir culpa nem negligência por danos eventualmente causados por motivos alheios como por
exemplo as catástrofes naturais, depende se estava de boa-fé ou não e neste caso não será
responsabilizado pelos danos da coisa em causa. Art.º 1269 CC.
Aplica-se tudo isto aos adquirentes todos do negócio.

Eficácia ex tunc- a anulabilidade e a nulidade tem eficácia ex tunc, ou seja, produzem efeitos retroativos.
Eficácia ex nunc- não tem efeitos retroativos.

Art.º 291 CC- se aplicarmos o art.º 286 CC, havendo 10 sujeitos, por exemplo, que tinham sido partes
nos negócios subsequentes da compra e venda de um imóvel, toda esta cadeira teria sido destruída. Este

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artigo coloca um travão até onde se pode destruir o negócio. Nem sempre pode ser destruído um
negócio nulo.
Os negócio que caiem dentro deste artigo são negócios a titulo oneroso.

Se fosse de má-fé, o artigo 291 não protege. Apenas protege os que estão de boa-fé que não sabiam do
vicio.

Redução e a conversão são situações de apesar da existência da nulidade e anulabilidade existe o


princípio do aproveitamento da vontade das partes, o legislador tenta apesar da existência de algum
vicio aproveitar que o negócio tenha sido celebrado.
Princípio da conservação dos negócios jurídicos também chamado, muitas vezes produzem-se muitos
efeitos neste negócio jurídico e produzem-se efeitos muitos pesados. O legislador concede alguma
proteção através dos artigos 292 e 293 CC.
Formas de conservação:
-Art.º 288 CC, confirmação, refere-se apenas a anulabilidade pois a nulidade não pode ser sanada, mas a
anulabilidade sim. Podem as partes mediante confirmação sanar o vicio, afastar o regime da
anulabilidade e o negócio passa a ser válido. É normalmente para proteger o interesse das próprias
partes. Se elas decidirem que pretendem o negócio mesmo com o vicio podem querer continuar a
celebrar o negócio. Confirma e sana o vicio.
Não é necessário ser expressamente, pode também ser tacitamente ao abrigo do número 3.
-Art.º 292, redução, se num determinado negócio, se se verificar problemas com determinadas
cláusulas, tem que se verificar todas as cláusulas. Quando a clausula é nula, art.º 280, não se anula todo
o negocio por causa de uma clausula.

Caso prático

M vendeu a O, com reserva mental e cumprindo a forma legal em janeiro 2013, O doou a P o imóvel
em documento particular em fevereiro de 2014 e o P vendeu a S pela forma legalmente prescrita que
procedeu ao imediato registo em marco de 2015, S desconhecia qualquer vicio anterior.

É um negócio jurídico bilateral de compra e venda sinalagmático.


A reserva mental é o intuito de M enganar O, mas O sabia. Art.º 244 nº2, tem os mesmos efeitos que a
simulação, que é a nulidade. O primeiro negócio é nulo.
Art.º 953 CC e 947 CC. O negócio entre O e P é nulo também.
P e S cumpre todos os requisitos legais mas como ela já registou o imóvel e está protegida pelo artigo
291. No entanto mesmo depois da venda, se qualquer interessado arguir a nulidade dentro do prazo de
3 anos, nº2 do artigo 291, S teria que restituir a coisa.

10/05

Não sai a matéria da representação/ procuração.

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