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Coisas presentes e coisas futuras (art. 211º): as 2º não existem ainda, tendo de haver um
regime especial. O direito de propriedade não se afirma a uma coisa que ainda não exista. O
pintor pode vincular-se a pintar um quadro para X. X é credor, não é proprietário. Engloba
também a coisa cujo sujeito não tem o poder de disposição sobre ela. Quando aquele que
dispõe não tem um direito de propriedade sobre a coisa, só tendo mais tarde, essa também
é uma coisa futura (existe, mas não está na esfera dos disponente para que este possa dela
alienar-se). Para constituirmos direitos de propriedade, eles só podem existir sobre coisas
que existam e alienados por quem tem poder sobre elas, sendo que não tem poder de
diligência.
É relevante quanto à possibilidade das doações e, nos negócios válidos, quanto ao momento
da transmissão do direito que incide sobre o bem.
Coisas principais e coisas acessórias (art. 210º): o negócio de uma coisa principal englobe
coisas acessórias, mas o contrário não é verdade; As coisas acessórias não seguem a coisa
principal, sendo uma regra supletiva (as partes podem afastá-la); Isto é criticável. Ascensão
distingue entre coisas acessórias e pertenças. Para as pertenças não valeria a regra. A coisa
acessória tem uma certa autonomia, enquanto que a pertença não. Nos negócios, o
relevante é a vontade das partes. A base do Direito Civil é a distribuição justa.
Frutos (art. 212º): podem ser naturais ou civis (ex: juros). Diferente do produto: utilidades
de que uma coisa se reveste, mas que não são periódicos (ex: veneno de uma serpente). Os
negócios jurídicos respeitantes à coisa mãe englobam os frutos (ex: quem vende um
rebanho vende os animais que possam ainda não ter nascido). Não pode haver um direito
sobre a coisa mãe independente da coisa filha). É possível estabelecer-se, quanto as frutos
naturais, um prazo de pertença.
Art. 215º: restituição dos frutos. Quem for obrigado por lei à restituição dos frutos
percebidos, é ainda obrigado a indemnizar proporcionalmente (art. 1268º e 1269º). Esta
obrigação só pode existir em relação ao possuidor, distinguindo-se o regime quanto à boa-
fé.
Art. 408º do CC—ler com atenção. Necessidade de especificação do direito em causa para o
efeito.
Benfeitoria: todas as despesas feitas para melhorar ou conservar a coisa (ex: construir uma
piscina numa quinta). O problema é quando o benfeitor não é o proprietário da coisa. Não é
possível separar a coisa benfeitorizada da benfeitoria. Necessário também distinguir as
benfeitorias necessárias das meramente úteis (art. 1268º e 1269º).
Facto jurídico
O facto jurídico é o elemento da relação jurídica que desencadeia uma situação jurídica. São
fonte de relação jurídica. Consoante o tipo de facto tem de haver uma resposta diferente.
Os factos jurídicos stritus sensu são aqueles cuja vontade humana não é relevante.
Diferentes dos atos jurídicos. Há factos em que há vontade humana, mas esta não é
relevante (ex: nascimento e conceção humana). No caso do suicídio, a vontade é relevante,
mas não para efeitos sucessórios). Quanto a vontade é relevante, esta tem de ser
esclarecida e livre.
Os atos jurídicos são factos cuja vontade é relevante. São operações jurídicas destinadas a
alterar a realidade/mundo exterior. É um ato mediante o qual alguém assume o domínio do
facto sobre uma coisa. A ordem jurídica atribui tutela na medida em que existe uma
vontade relevante. São atos materiais (ex: Miguel Ângelo e a sua escultura).
Podemos ter, para além de atos materiais, quase-negócios jurídicos- categoria especial que
envolve declarações. São atos declarativos, diferentes dos materiais: a ideia é de que temos
uma autonomia no negócio jurídico. Nos quase-negócios jurídicos, temos declarações que
podem ou não ser emitidas. Pressupõem uma vontade mas são independentes dessa
vontade. Os seus efeitos já não decorrem da lei (ex lege) mas decorrem da vontade (ex
voluntate). Ex: declaração de perfilhação. Negócio jurídico e art. 294º e ss. do CC.
No negócio jurídico, há liberdade de celebração e de conformação do negócio. Esta
liberdade não existe do mesmo modo em relação a todos os negócios. Há negócios que não
consentem desvios no tipo de efeitos que produzem. Ex: casamento (não há liberdade de
conformação, só de celebração). Nos negócios reais, também temos um pr. de tipicidade: só
se podem criar relações previstas na lei (art. 1306º do CC- numerus clausus).
A ligação entre o negócio e a vontade é complexa. Nem sempre a ordem jurídica é fiel à
ideia de que os efeitos são ex voluntate. Como é que a vontade pode produzir efeitos? A
liberdade é também uma fonte de responsabilidade. O enlace entre a vontade e os efeitos
não é linear, pois no negócio jurídico as partes não têm que configurar todos os efeitos da
sua relação. A vontade não tem que se estender a todos os efeitos jurídicos de uma relação.
A vontade apenas tem de abranger os efeitos principais. Muitos dos efeitos não são objeto
da vontade do sujeito. Os principais são ex voluntate.
Há quem diga que o que é importante na vontade é a produção de efeitos práticos (ex: a
renda- o que importa é a vontade de entregar a coisa a outrem para que se sirva dela). Esta
teoria está errada. Não bastam efeitos práticos. Estes podem ser muito parecidos. No tráfico
jurídico, o que importa é a forma como o jurista entende que a sua relação jurídica deve ser
tratada. A teoria certa é aquela que enlaça os efeitos jurídicos do negócio com a vontade.
Teoria dos efeitos prático-jurídicos.
É um ato de autonomia privada. Não é de conceção do Estado. Não é a ordem jurídica que
nos autoriza a celebrar negócios. O Estado tem de a reconhecer. Não pode eliminá-la. Não é
contraria à autonomia privada a existência de normas supletivas: normas que podem ser
afastadas se as partes não quiserem. O que pode contrariar a autonomia privada são as
normas imperativas, que não podem ser afastadas, que surgem em negócios jurídicos
devido à sua importância, como para a proteção da parte mais fraca em determinados
contratos. Mas mesmo que hajam normas imperativas, há sempre uma vontade.
Erro do direito: erro quanto às consequência jurídicas do seu negócio. Às vezes, esse erro faz
com que o Direito possa levar à irrelevância do negócio. Outras vezes não. Daí o Direito
distinguir o negócio do quase-negócio jurídico. A autonomia privada não tem de ter
historicamente a mesma amplitude.
Embora o negócio jurídico ser a expressão máxima da autonomia privada, ele não é a única
expressão. Os atos quase negócio também o são. A oportunidade de produzir efeitos
jurídicos e de modificação do mundo exterior. Porém, a autonomia privada permite ao
sujeito produzir efeitos ex voluntate, mas não assegura a obediência a esses efeitos. O
ordenamento jurídico garante a eficácia prática da autonomia privada predispondo um
conjunto de meios de tutela. O Estado colabora com a autonomia privada. Reconhece-a.
Colabora com ela.
Penhor: garantia dada ao credor de se fazer pagar o valor da coisa com preferência dos
demais credores. Se o mútuo não for restituído, o credor pode usufruir daquela coisa para
satisfazer o seu direito, com preferência dos demais credores serem obrigados a restituição.
Um contrato de penhor implica também a entrega da coisa, de que depende os seus efeitos
jurídicos. Dá ao credor o poder de se fazer pagar pelo produto da coisa sobre os demais
credores. Eles sabem através da entrega da coisa, que a coisa está afeta á satisfação da
dívida cuja posse está naquela pessoa. A entrega da coisa tem a função de dar publicidade
ao próprio credor. Todos ficam a saber pela entrega da coisa de que esta está atribuída a
esta pessoa.
Hipoteca: direito real de garantia. Nesta temos um outro aspeto. Esta só se considera
constituída se for registada. O registo é constitutivo da hipoteca. Uma vez que os moveis
não estão sujeitos a registo, a opção de garantia tem de ser diferente e o regime da
possibilidade tem de ser diferente. É a entrega da coisa.
A publicidade é muito importante. registo não dá direitos, mas acresce ao ato. É algo não
obrigatório. Periodtttt
Negócios reais VS pessoais VS familiares VS obrigacionais VS: não é o critério para saber
o que é preciso para que o negócio fique perfeito ou completo. A questão é saber os efeitos
do negócio.
O direito de crédito é uma obrigação (art. 397º do CC). O direito real é um direito sobre uma
coisa. Os direitos reais quod effectum são os negócios que constituem, modificam ou
extinguem direitos reais (produzem efeitos reais). Negócios reais quod effectum. Diferente
do quod constituion. Nos 2º, olhamos à forma como se constituem, independentemente
dos efeitos que são produzidos. Nos 1º, olhamos para os efeitos independentemente do
modo como são constituídos. Ex: contrato de comodato (não são reais quod effectum). No
mútuo civil, o negócio é real quod constitutionem, mas o dinheiro passará a ser propriedade
de quem o recebeu.
Se uma pessoa vende uma coisa, e se passado um tempo ela vem a ser furtada, o risco dessa
ocorrência é do comprador, não podendo este desvincular-se da obrigação do pagamento
da coisa (pq já houve a transferência da propriedade). Não há qualquer oposição entre
contratos reais quod effectum e constitutione effectum. O critério é saber se há algum
contrato que requer a entrega de uma coisa para se aperfeiçoar, independentemente dos
efeitos (obrigacionais e reais). Ex: doação verbal de coisas móveis (efeito real e
obrigacional), mútuo.
Negócios causais e negócios abstratos: têm haver com as atribuições patrimoniais feitas
através do negócio. Se o negócio é causal e a atribuição patrimonial que ele produz depende
da validade da causa. Se a c.v tiver sido celebrada sob coação, p.e, essas condições
patrimoniais têm de ser revertidas (o comprador terá direito à devolução do preço).
Depende da qualidade da causa. Por sua vez. O negócio feito por ladrões não tem uma
causa válida. Exige-se uma vontade válida e uma causa válida.
Os negócios abstratos produzem efeitos independentemente de uma causa válida. Ex:
alguém é coiagido a passar um cheque. Se o coator indossar o cheque a terceiro de boa-fé, a
promessa de pagamento surte efeitos. A lembrança é válida. Serve para proteger a pessoa
que desconhece da causa inválida. Se quisermos ter meios de pagamento deste género,
precisamos de admitir estas hipóteses. A abstração é uma forma de desprender os efeitos
do fundamento, de modo a assegurar a segurança do tráfego jurídico (justiça VS segurança).
Em pr., os negócios são causais. Mas nem sempre. Há negócios que nem indicam a causa
(art. 458º). “Pagar-te-ei/Devo-te 50”- não sabemos a causa. Negócios que não indicam o
motivo da produção de efeitos não são inválidos. Presume-se que têm uma causa. Logo, à
partida tem de ser o devedor a provar que não há causa. Eles são formulados de modo
abstrato, mas
A causa é uma função que o negócio tem de ter. Se não tiver uma causa económico-pessoal
justa, não faz sentido o ordenamento jurídico proteger o negócio (art. 458º do CC).
Precisamos do conceito de causa.
Negócios típicos: aquele cuja relação está disciplinada pela lei, sobretudo através de normas
supletivas (autonomia privada). Os atípicos não (ex: contrato de promuta).
Negócios mistos: negócios que se combinam elementos de diversos tipos negociais (ex:
contrato de hospedagem- arrendamento+ locação+ prestação de serviços. Problema de
saber quais os efeitos a aplicar). Diferentes das uniões de contratos.
Elementos/pressupostos do negócio
Elementos gerais: tornam-se necessários para que qualquer negocio exista. São 3:
capacidade do sujeito, declaração negocial e objeto possível.
Elementos específicos: preço na c.v. Para além das caraterísticas gerais, são específicos
daquele negócio.
Elementos naturais: não são necessários, mas são elementos que o negócio
naturalmente apresenta. Normas supletivas (não ser obrigado a pagar até ser feita a entrega
da coisa). Normas supletivas, que podem ser afastadas pelas partes, mas que correspondem
às consequências naturais do negócio que em princípio decorrem dos negócios.
Elementos acidentais: clausulas condicionais p.e. Estão no negócio por acidente.
Os negócios resultam da combinação de todos estes elementos. Se olharmos para a sua
essência , todos os negócios têm como fonte a lei e a vontade. A vontade tem de existir
sempre. Mas a vontade também pode ser determinante para uma clausula acidental, assim
como as normas imperativas que podem condicionar os negócios. Resulta destes 3 fatores.
Há ainda um elemento: a legitimidade. A legitimidade é um elemento essencial. É preciso
que o seu objeto deva estar numa certa relação com o titular de uma esfera jurídica
atingida. Para que o negócio possa surtir efeitos, tem de haver legitimidade. Art. 892º- a
venda feita de um bem alheio é nula (art. 305º). A legitimidade coincide geralmente com a
titularidade, mas pode não ser (não obstante o art. 268º/1). Art. 292º.
A legitimidade assiste ao titular do negócio. Qualidades intrínsecas do sujeito- incapacidade.
Ilegitimidade- relação com a esfera jurídica.
Também não são propostas as meras cartas de intenção. Não é uma proposta. Podem dar
lugar a uma responsabilidade pela confiança, mas que é diferente de uma obrigação
assumida.
Acordos quadro são acordos que também são preliminares de outros contratos, mas dão
um enquadramento geral de diversos outros contratos que virão a ser celebrados. Os
protocolos complementares complementam o contrato, sem autonomia.
Nos contratos é preciso haver uma vontade de contratação, comunicação e de produção de
efeitos jurídico-negociais. Nem tudo o que acontece na vida social é um contrato. Uma
relação de cortesia não +é um negócio jurídico. As partes não querem elevar ao patamar do
Direito para efeitos de poder ser exigido o cumprimento de uma cortesia. Isso não significa
que não possam ter efeitos jurídicos, mas não produzem efeitos jurídico-negociais. Mas não
são irrelevantes do ponto de vista jurídico. Há relações de facto relevantes para o Direito,
visto que pode vincular as partes a deveres de entreajuda, proteção… Têm efeitos
jurídicos/deveres jurídicos, mas isso não significa a negocialização das relações
Os acordos de cavalheiros são acordos que as pessoas fazem, invocando a sua condição de
cavalheiros, mas em que excluem a possibilidade de recorrerem ao tribunal para dirimirem
os conflitos que possam surgir. Os acordos de cavalheiro são acordos em matéria , em que
as partes excluem a possibilidade de irem a tribunal. Quando não são observados (acordos
de concorrência), qual é a vinculatividade? Não é nenhuma. Art. 809º do CC é uma
expressão disso.
O processo de formação e celebração é livre, mas não deixa de ser relevante para o Direito.
Art. 227º do CC- todo este processo de subordinação do contrato implica que as partes tem
de observar a boa-fé.
Há muitas vezes, a anteceder a conclusão do contrato, um conjunto de procedimentos
demorados tendentes a permitir a formação de uma vontade de contratar. Os concusrsos
públicos são muitas vezes antecedidos de processos complexos, estudos, atos
interlocutórios, autorizações. O ajustamento da vontade negocial que é necessário nos
termos do art. 242º para a formação do contrato só se obtém durante estes processos. A
proposta e a aceitação surgem nos termos de processos complexos.
Estes processos são relevantes para o Direito. Apesar de o contrato ser livre na celebração e
formação do conteúdo, a verdade é que o processo de formação do contrato está orientado
e regulado na ordem jurídica.
Art. 227º do CC: disciplina esta matéria. Todo o processo de negociação do contrato está
subordinado à regra da conduta da boa-fé. Elas são livres de contratar, de interromper o
processo negocial, desde que esteja orientado pela regra da conduta de boa-fé, sob pena de
se responder pelos danos causados. Se por exemplo alguém comunica a outrem uma
intenção de comunicar que efetivamente não tem, desencadeando na outra parte um
conjunto de atividades materiais, e se essa intenção não era verdadeira, ele fica responsável
pelo prejuízo causado à outra parte.
A culpa in contraendo é importante. Muitas questões do Direito Civil relacionam-se com
este instituto. É recente. Caso de responsabilidade daquele que induzia outro à celebração
de contrato nulo (venda de coisa alheia). Se alguém vende a outrem conscientemente uma
coisa alheia, pode criar um grande prejuízo à outra parte. O contrato nulo é celebrado,
sendo uma parte responsável. Este instituto surgiu numa descoberta doutrinal, não estando
codificado.
A boa-fé é uma expressão muito rica. O art. 227º é uma clausula geral, que usa um conceito
indeterminado “boa-fé” com grande amplitude. Por isso, o grande desafio é concretizar
aquilo que são os ditames da boa-fé in contraindo. O legislador não disse em que consistia a
boa-fé. O que importa é estabelecer grupos de casos, ou seja, ver como é que tem havido a
interpretação dos ditames da boa-fé para serem capazes de aplicar a norma devidamente.
Os grupos de casos não são taxativos. Há várias aplicações.
Podemos já dizer por exemplo que os ditames da boa-fé obrigam as partes a determinados
deveres de proteção dos interesses razoáveis uma da outra no âmbito das negociações.
Esses deveres implica que haja um dever de cuidado para não infringir danos á pessoa ou ao
património da outra parte no âmbito de um processo negocial (ex: test drive prudente).
Deveres sobre informação: na sociedade da informação, precisamos de estar informados
para contratar. Para que a nossa vontade de negociar seja plenamente esclarecida e livre,
precisamos de estar informados. E a boa-fé pode obrigar uma pessoa a prestar a outra
informações no domínio pré-negocial (ex: no âmbito dos negócios, existe o pr. da
autorresponsabilidade informativa- cada um trata de si, devendo procurar por si a
informação que precisa para saber se celebra ou não um contrato. Sendo cada um
autonomo e livre, a cada um cabe a prossecução autonoma dos seus interesses. Este é o pr.,
mas há exceções. Caso se dá em que os ditames da boa-fé impõem a uma das partes o
dever de informar outrem. Tem de ser situações especiais, mas tem-se multiplicado as
situações em que há um dever pré-contratual de informar. É o caso das relações de
consumo, onde é difícil obter a informação sobre vários produtos. Há um desequilibro de
informação). Temos uma clausula geral que se aplica no âmbito dos direitos privados
especiais. A informação é essencial, podendo haver uma obrigação mesmo que essa
informação não seja solicitada.
Ex: compra de um terreno com petróleo. Há um dever de informação? No direito de
trabalho, por exemplo, há perguntas impertinentes (pretende engravidar).
Dever de verdade: dever de falar a verdade. Às vezes não há o dever de informação, mas se
a pessoa decide falar, tem de falar a verdade, sob pena de haver responsabilidade civil. Às
vezes a pessoa pode não saber que está a dar uma informação errada. Mas tem que querer
dizer a verdade.
A violação destes deveres cobustancia um caso de culpa in contraendo.
Dever de lealdade: a pessoa que diz estar emprenhada em vender o seu terreno e induz na
outra a segurança que de vai prosseguir os seus esforços com vista a negociar (podendo por
exemplo contratar arquitetos…), é uma deslealdade se o sujeito diz que está interessado em
vender e não está (ou muda de ideias e não informa a outra parte). Ninguém é obrigado a
manter-se num processo negocial, mas caso tencione afastar-se do processo há um dever
de comunicação.
Os ditames da boa-fé podem obrigar uma pessoa a celebrar um contrato? Não. Enquanto
não estiver celebrado, a desistência é livre. O individuo não age mal, nem tem de justificar.
A boa-fé só organiza o modo como as negociações devem ser conduzidas. Mas elas podem
ser interrompidas a qualquer momento, mesmo criando prejuízos. Nestes casos, pode ser
devida uma compensação pela desistência. Mas essa compensação não radica de um ato
ilícito da violação de um dever de contratar da boa-fé. Decorre apenas da proteção da
confiança. A rutura das negociações não é ilícita. Ilícita é entrar em negociações sem o
propósito serio de as levar por adiante, ou mante-las quando desapareceu o propósito serio
de negociar.
Há um conjunto de ideias que justificam essa norma: a proteção da parte mais fraca contra
contratos desequilibrados. Ex: acidentes em supermercados (escorregar numa couve- culpa
in contraindo, porque no supermercado temos uma oferta ao publico, uma atividade
tendente à proteção. Dever de manter o supermercado limpo. É o supermercado que tem
de provocar que garantiu o cumprimento dos deveres de cuidado. Já fora da culpa in
contraendo, é o lesado que tem de provar a violação desse dever por parte do dono do
supermercado). Na dúvida, tende-se a decidir a parte mais fraca (dever de proteção in
contraindo).
A culpa in contraindo pode alargar-se a terceiros que não são parte do contrato, mas podem
induzir com a sua conduta decisões de contratar (perito de arte contratado pelas partes
para analisar a veracidade de um quadro). Há um dever de informação. Responsabilidade
civil de terceiros. Também eles estão vinculados aos ditames da boa-fé.
A consequência da culpa in contraindo é a responsabilidade civil. Quando há ou se
estabeleceu os ditames da boa-fé para uma das partes na relação de negociação, é ela que
tem de provar que não tem culpa. A culpa é uma culpa presumida. Cabe ao demonstrar que
a sua inobservância não decorreu da culpa sua (analogia com a obrigações de
responsabilidade obrigacional- art. 798º). Pode ainda não haver obrigações, mas há um
dever de comportamentos. Vai-se cobrir os custos realizados em função de um negocio que
não chegou a ser celebrado ou não seria celebrado pq o sujeito não estava informado. Não
são os danos decorrentes do incumprimento. São outros. Não se destinam a assegurar os
interesses dos contratos, mas das partes durante o processo negocial. Interesse contartual
positivo VS negativo. A culpa in contraindo só disciplina o modo como a negociação tem de
decorrer, mas não atribui nenhum direito a um contrato não negociado. A culpa in
contraindo só protege as partes de um dano que não teria havido se houvessem sido
cumpridos os ditames da boa-fé.
Serve para mostrar o quão erradas estão as pretensões de quem diz que o Direito e a moral
não se relacionam.
Qual é o limiar da imputabilidade de um sujeito para efeitos in contraindo. Regra da
maioridade?- só quando é maior OU regra do art. 488º?? A lei nada diz, mas como estamos
no âmbito dos contartos, a capacidade contartual move a capacidade pré-contartual.
A boa-fé tem duas formas: como regra de comportamento (culpa in contraindo) OU como
estado psicológoco (aquele que se encontra de boa-fé).
Em relação à 2º, a boa-fé aparece por exemplo na área do usucapião. Art. 243º é outro
exemplo. Esta boa-fé em sentido psicológico é diferente de um sentido ético-jurídico. O
professor acha que é o 2º. Se bastasse a mera ignorância, então o individuo que não quer
saber seria mais favorecido do que aquele que é cuidadoso e, perante a desconfiança, foi
investigar. Não faz sentido um mero estado psicológico. É preciso que esse estado não
decorra de nenhuma ligeireza, descuido. É preferível uma conceção ético-subjetiva.
Valoração do estado psicológico. Mas há exceções.
A boa-fé em sentido objetivo é uma regra/conduta, num padrão de apreciação de
comportamentos, de resolução de conflitos jurídicos que já vão estar em causa de uma
forma objetiva. Expressões: art. 762º, nº2, abuso de direito, art. 437º. A regra da boa-fé
tutela a proteção da confiança. A boa-fé vincula o interprete a essa possibilidade. O DC quer
a resolução justa dos problemas da vida comum, mesmo não havendo a concretização das
expectativas. Mas há caso em que o Direito acha justo proteger a confiança só pq há
confiança.
Ex: X, com base numa partilha de boca, construiu num terreno uma oficina de automóveis e,
antes de passar o prazo de usucapião, o outro veio exigir uma partilha judicial passados 18
anos.
Aquele que induz uma confiança e frusta essa confiança é responsável em sede de
responsabilidade civil pelos danos causados por quem investiu nessa confiança. A ordem
jurídica visa a realização da justiça, mesmo que isso não corresponda a representações
individuais. As razões da ordem jurídica são razões objketivas (sentença no direito
processual civil). Justiça humana- há falhas. Tem de haver instrumentos que respondam a
essas falhas. E a justiça da ordem jurídica incorpora a tutela das expectativas legitimamente
formadas.
4 pressupostos para a proteção das expectativas: representação do sujeito, um confiança
num determinado estado de coisas; representação justificada; investimento de confiança
(com base nessa representação houve um desenvolvimento de uma atividade- o Direito não
tutela a tristeza); essa expectativa justificada que se frustrou tenha na base uma conduta de
alguém que as criou e defraudou (imputação dupla- tem de ser a mesma pessoa a criar e a
frustrar a expectativa). Tem ainda de haver um juízo, uma lei que diga que é assim (clausulas
gerais da boa-fé- art. 334º).
O ponto de vista da sentença é justificar que há uma tutela das expectativas, estão reunidos
os requisitos, podendo-se aplicar a norma de abuso de direito. A ordem jurídica portuguesa
protege a tutela jurídica através de um conjunto de disposições que protegem essas
expectativas. Quando protege de uma forma concreta, não há problema (art. 892º- há uma
norma que regula a situação em concreto). Há muitas normas específicas. Casamento
potativo (pensar que estava casado e não estou). Instituto que protege aquele que de boa-
fé merece estar casado. Circunstancias que se desenvolveram para proteger as expectativas.
Hoje há uma consciência maior. Daí o funcionamento das clausulas gerais que recorrem a
boa-fé para tutelar as expectativas.
Nem todo o abuso de direito é um problema de tutela de expectativas. Ex: exercício de
direito para prejudicar outrem (atos imolativos). O venire contra factum proprium já é, pois
pode frustar expecxtativas justificadas (porque cria uma expectativa de continuidade,
consistência). Supressio: . O abuso de direito é uma figura fragmentária. Os atos abusivos
são todos muito diferentes uns dos outros. Mesmo os sistemas que não têm uma norma de
abuso de direito. ´´E um atutela qwue se inclina como ordem jurídica de justiça. Resposta
para lá do que o legislador previu. O interprete aplicador pode aploicar um estado de
necessidade ético-juridico para proteger (justiça praeter legis).
Inalegalidades formais: circusntancias em que o individui fica impedido de invocar uma
nulidade formal. Pr. da liberdade de forma do 219º VS forma estabelecida pela lei (art. 220º-
nulidade). Quando a lei impõe uma forma segue um conjunto de objetivos que justificam
essa consequência: solubilidade do ato (registo do imóvel- sistema de publicidade. Não faz
parte do ato. Fora do seu âmbito), reflexão dos contraentes, prova do ato (registo- não é
requisito de eficácia. É apenas condição de exercício do direito sobre terceiros) a forma é
uma forma ato substância: é requisito de validade. Embora quando impõe a forma esteja a
pensar na facilidade de prova, isso não significa que o ato possa provar-se de outra forma,
salvaguardando a validade do ato. Se a forma não é observada, o ato é nulo. Forma ato-
substância.
São preocupações que a ordem jurídica tem. As norma de forma são normas plenas. Nunca
a sua observância pode ser dispensada. Mesmo que haja formas até distorcidas (na prática
não é porque não está em causa a sua casa, que tem um valor para além do patrimonial).
Nem todas as normas de forma são perfeitas, mas há sempre uma racionalidade por detrás.
Quando a norma jurídica não se conforma com a prova testemunhal (ex das simulações-
estabelece a prova escrita, aceitando outro tipo de prova mais exigente- confissão
verdadeira e livre). Art. 202º e 203º.
Art. 221º: presunção de como há uma forma verbal as partes tem de colocar tudo o que
querem do negocio lá. É preciso mostrar que houve uma representação de vontade de
alterar o conteúdo do negócio. A declaração está sujeita a uma forma legal se se
demonstrar que elas foram efetivamente queridas. ´
Quanto à forma convencional, só há aquilo que corresponder a essa forma (ex:
estabelecimento de uma forma especial. Tem que se demonstrar que as partes só querem
vincular-se dessa maneira). Art. 221º, 222º e 223º.
Inalegalidades formais: saber se há restrições à invocação do vicio de forma. Art. 286º e ss.
Questão da invocação da nulidade/anulabilidade como abuso de direito. Mendes Carneiro
dizia que havia situações de grande injustiça que permitiam a paralisação da invocação de
falta de forma em que havia a obrigação de indeminizar (art. 566º/nº1). Teria de ser
celebrado o negócio a titulo indemnizatório. Mas a teoria foi abandonada. Na nova teoria, é
possível através do abuso paralisar o vicio de forma, quando a sua invocação for abusiva.
Quando há uma confiança justificada e o respetivo investimento, houve uma obrigação de o
tribunal declarar a impossibilidade de invocação do vicio (proteção da confiança). Também
se pode ir pela culpa in contraindo (limite da boa-fé). São situações de venire contra factum
proprium. São casos limite onde não há outra solução suficiente (art. 286º- o tribunal pode
invocar, não é obrigado). Na verdade, no trafego jurídico é normal celebrar-se negócios sem
a respetiva forma.
Art. 280º do CC: no âmbito da autonomia privada, é permitido tudo o que não é proibido.
Combinação com a nulidade. Art. 281º- outro limite. Só temos limites.
Requisitos para o objeto do negócio (conteúdo do negócio, no sentido mais amplo.
Diferente do restrito, que corresponde a coisa concreta sobre que incide o negócio).
Fisicamente impossível: entrega de um anel dentro de um rio- impossível (seria obrigado a
indeminizar). Ninguém pode ser responsabilizado por um negócio que não pode cumprir.
Essa impossibilidade varia. O conceito de impossibilidade não pode ser-se entendido em
termos absolutos. O que é impossível hoje não é amanhã. Não é impossível a venda de um
bem futuro. Os efeitos dessa venda tarnslativos dfa propriedade só vão operar a partir do
momento em que o bem exista (ou apartir do momento em que a sua propriedade entre na
esfera jurídica do vendedor). O sujeito alienante fica obrigado a tomar todas as diligencias
necessárias.
Objeto legalmente possível: a própria lei determina que é impossível. Ninguem pode
comprometer-se a construir numa zona de proteção. Salvaguardar o interesse da lei.
Objeto que seja minimamente determinável: não tem de estar determinado. Tem de ser
determinável. Mesmo quando haja alguma indeterminação, ou uma posterior
concretização, tem de saber como é que se determina/conclui o contrato. Art. 883º e ss.
Obrigação genérica (vende-se um determinado género de coisas). Se for absolutamente
determinável, não há possibilidade de construir um vinculo jurídico válido (ex: vender
laranjas sem determinar a quantidade de laranjas). O vinculo tem de ser concreto.
Negócio lícito: não contrariarem as exigências que a ordem jurídica estabelece. Proíbe a sua
celebração. Ilicitude de conteúdo do negócio e do fim do negócio (pode só o fim ser ilícito-
comprar uma pistola sem licença para se matar X- ilicitude do fim do negócio). Fins
reprovados pela ordem jurídica (art. 281º).
O fim do negócio pode ser muito diversificado. Através de um negócio, as partes até podem
ter fisn atípicos (negócios indireitos- A vende a B um automóvel caro por um preço barato-
negócio indireto). Isto é lícito, desde que os fins sejam lícitos. É um negócio misto, mas não
deixa de ser indireto. Os negócios indiretos são diferentes dos da fraude à lei (através de um
esquema que visa fraudar a lei. Ex: casamento para ter a nacionalidade portuguesa- não há
vontade de casar- nulidade). Montagem complexos que visam iludir a lei, não estando por
ela previstos. Categora fora do art. 281º. A contrariedade à lei pode ser direta ou indireta.
Fraude à lei é sobretudo a 2º, que visam contornar proibições legais).
Ordem pública: tem uma outra conotação ético-jurídica própria dos bons
costumes. São antes um conjunto de princípios injuntivos próprios que não podem ser
afastados pelas partes. São princípios que estruturam uma ordem jurídica e carecem de ser
observados. Há sobreposição entre ordem publica e bons costumes (fluidez de fronteiras).
Estão em causa princípios injuntivos, nomeadamente o pr. da dignidade da pessoa humana
(ex: anões em canhõezinhos; DIP e respeito pela ordem pública portuguesa). É a própria lei
que impõe esses mesmos limites, através do conceito de ordem pública. O negócio injusto
não é suficiente para ser inválido (tem que ter-se em conta a liberdade das partes e do seu
consentimento livre e esclarecido). Mas há aqui uma limitação do negócio usurário: caso das
clausulas contratuais gerais (onde há um controlo do conteúdo mais apertado). Há uma
ligação à temática desse negócio usurário: negócio desequilibrado por regulamentação geral
(uma das partes tem uma lesão enorme). Será que merece ser nulo? A ideia geral é que o
DC não faz um controlo do conteúdo. Contudo:
Art. 282º/nº1: há um elemento objetivo da usura que é dado pela concessão de benefícios
injustificados. Mas isso só é relevante com o elemento subjetivo: exploração de
vulnerabilidades de outrem. A ordem jurídica culmina com a anulabilidade desse negócio
(art. 289º- destruição ex post). A usura é um instituto tem muita aplicação e pode aplicar-se
contra uma grande injustiça de um contrato, que faz presumir a exploração de uma
vulnerabilidade, que só por si a justiça não releva, mas é suficiente para presumir essas
circunstâncias. A parte lesada pode anular e querer modifucar o conteúdo do negocio. A
anulação não +é igual ao fim do negocio.
Regime especial dos juros usurários (excessivos): art. 1146.
Clausulas típicas: aparecem tipicamente, aplicadas a negócios típicos. São acessórias e não
são de um negocio em especifico. Podem ser apostas a vários, e pela sua regularidade estão
previstas na lei.
Condição (art. 270º): clausula cujos efeitos negociais estão dependentes de um futuro
incerto (os efeitos dependem de passar no exame. Se não passar, a clausula destrói os
efeitos do negócio). Pode funcionar como uma clausula resolutiva se o acontecimento não
vier a verificar-se. (ex: arrendar se for colocada).
Condição casuais: acontecimento casual, que não depende da vontade do sujeito.
Condição potestativa: depende da vontade do sujeito.
?????????????? passar no exame
Clausula de condição
Condições imprórpias: condições presentes ou passadas (ou já ocorreu, ou está a acontecer.
O sujeito não sabe. Ex: condição de passar o exame. Ele já fez o exame, mas não sabe o
resultado).
Futuro incerto: condições imprevisíveis. Não é suscetível de conduzir ao regime das
condições.
Condições legais: condições que a lei estabelece (ex: convenção antemunicipial está
dependetnte de se verificar o casamento).
Condição redutiva tácita: vem em contratos sinalagmaiticos que um das prestações é a
razão da outra. Não é bem uma condição. É um regime geral que corresponde da
correspetividade das prestações.
3 clausulas típicas:
A deixa testamentária pode ser com encargo. Também se pode estipular a uma doação uma
clausula resolutiva. Destrua a doação. Condição resolutiva é automática. No direito de
resolução, tem de haver um direito potestativo extintivo a ser exercido. As condições são de
funcionamento automático. Nestas faculdades, estamos a falar do exercício de direitos
potestativos. Na condição resolutiva, o encargo assume uma importância fundamental. O
obetivo é beneficiar o sujeito com o encargo, e não tanto a doação em si. Só quando as
partes quiserem. O momento do encargo não suspende a atuação. O encargo obriga ao
cumprimento, mas o não cumprimento não tem efeitos sobre o negócio. Enquanto o
negocio não for eficaz ele não obriga.
Dr. Menezes Varela- ensaio sobre o modo
Interpretação do negócio
É preciso saber interpretar as clausulas contratuais. Qual a melhor interpretação dos
negócios para o interesse das partes. Perceber qual é o sentido do negócio.
A interpretação obedece a regras?
Sim. Podemos não as saber, mas toda a teoria da interpretação estabelece umconjunto de
regras que usamos espontaneamente como produto da nossa racionalidade. Hermenêutica
é a ciência da interpretação. Mesmo quando não as conhecemos. São regras de Direito. É o
legislador que condiciona a nossa interpretação. A interpretação jurídica é um campo
particular de uma atividade muito mais geral, que é a atividade interpretativa. A finalidade é
de saber qual é o sentido válido do negócio. É uma tarefa pratico-jurídica: queremos saber o
que o negocio diz. Que sentido é que vale. Como é que se resolve a materia do ponto de
vista jurídico.
Nesse aspeto, o legislador pode estabelecer algumas regras que auxiliem o interp+rete. O
legislador não pode ignorar o fenómeno da interpretação. Regras não arbitrarias. Tem de
ter um mínimo de correspondência com a mente humana. Diretrizes interpretativas. Não é
algo arbitrário. A interpretação é prévia. Estas regras precisam de ser interpretadas. A lei
não diz se estas normas são regras imperativas ou não? Até que ponto é possível afastar
regras interpretativas?
Autonomia privada: tem de ser interpretada de acordo com a vontade do declaranete. Se
houver um conflito de declarações, deve prevalecera vontade do declaranete. Criterio da
vontade do declarante. Prevalencia do sujeito do autor da declaração.
Problema: muitas vezes não temos só um declarante. Há casos em que sim, como no
testamento (em que o critério é o da vontade do testador). No negócio inter vivos, também
temos de olhar à situação , ao mercado . Impressão do destinatário: interessa não a vontade
do declarante, mas também a impressão que causa na esfera do destinatário (o que é que
era legítimo de esperar). Há 2 polos: declarante e destinatário. Não interessa apenas a
vontade objetiva do negócio. Subjetivismo- vontade do declarante VS objetivismo- a
vontade que se pode retirar da declaração.
A nossa lei procura juntar estes critérios. Uma vontade que ainda não se expressou não é
uma vontade negocial. O sentido interpretativo não pode ser percebido nem só através da
vontade nem da vontade objetiva da declaração. Há uma fusão entre vontade e a
declaração. A autonomia privada e a tutela da confiança dão 2 referenciais para
interpretarmos a declaração negocial. Equilíbrio.
Cânones hermenêuticos: pautas da interpretação que a lei apresenta.
Art. 236ºO delaratario tem de ser capaz de perceber a vontade do declarante. Uma das
criticas que se faz é que este tipo de regras está feito apenas para negócios inter vivos. Nos
mortis causa, o que interessa é a vontade do declarante. A vontade do declaratário é a
única coisa que importa.
Parte fina: o legislador sacrifica a vontade do decxalarante na mdedia em que o considera
que deve poder contar com o significado que atribui o declaratario. Há casos em que não é
exigido ao sujeito que conheça o sentido que o declaratário normal. Não é justo imputar um
significado só porque o declarante o conhece. Há aqui um dissenso. Não é possível esta
conclusão. O declaratario não entendeu . Dissenço oculto. Verifica-se que o negocio não se
consumou pq as vontades não se encontraram. Se for manifesto, art. 232º. O problema é
quando o negocio parece estar celebrado, mas por interpretação se percebe que não é
assim. A ineficácia do negocio vem da possibilidade de lhe poder ser imputado o
desconhecimento da interpretação.
Aquilo que releva é o que as partes entendem. Se o declaratario conhecer a vontade real do
declaranete, é essa vontade que é relevante. Pode haver duvidas. No caso de duvida, a
regra final de desempate está no art. 237º (caso de duvida que permanecem depois de ser
aplicados os outros critérios de interpretação- art. 236º). Na duvida, prevalece o sentido
menos oneroso. Compreende-se que quando o negocio é formal, há um conjunto de
requisitos adicionais. O negocio não pode valer com um sentido diferente daquilo que está
escrito na escritura. O negócio verbalizado não é querido pelas partes. A declaração não
pode valer quando tem um sentido contrário à vontade real das partes. As razões de forma
não dizem respeito a tudo o que é convencionado. Só às matérias em que o legislador
impõe a forma.
Note-se que quando falamos da vontade do declarante, ou então presumível, temos de
procurar essa mesma prova. Os contratos públicos instalam-se litígios e uma das formas de
resolver é saber os termos do concurso. Outras vezes é importante o modo como as partes
entenderam um contrato. É relevante como é que durante a execução do contarto as partes
interpretaram o contarto.
Interpretação teleológica: há uma razão de ser do contrato, face aos fins que escolheram.
Elemento histórico: o fundamento do contrato. As regras de hermenêutica do CC também
se aplicam aos contratos. Há uma interligação de vontades negociais.
Quando se trata de contratos, o sentido do contrato corresponde ao encontro da vontade
das partes. Critério teleológico da interpretação + elemento sistemático e a unidade do
sentido + razoabilidade da regulamentação do contrato (em função do que o fim pede) +
negociações antecedentes. Aplicação adaptada daquilo que vigora na lei. Vale para os
negócios em gerais. Elementos da interpretação, critérios que auxiliam o interprete-
aplicador.
Estes critérios não nos dão uma solução, mass orientam o aplicador no sentido de busca de
um sentido da declaração negocial. É o legislador que diz como é que um negocio deve ser
interpretado. Aplicam-se critérios formais quando os interpretativos não são suficientes.
São poucas essas regras formais, devido à autonomia privada.
Pode acontecer que, depois de interpretatetado, o negócio se revele lacunoso:
Integração do negócio
Lacunas: incompletude por relação com o plano. Contrariedade a um plano que está
incompleto. Deveriam regular algo que pela sua própria natureza não está regulado. Plano
regulativo contratual que não se apresenta indonico pq falta uma regra. As lacunas tem de
ser articulado com as disposições supletivas, sendo que a ausência de estipulação das partes
pode ser resolvido por disposições supletivas. Não há propriamente uma lacuna. Lacunas
contratuais só é relevante quando não há uma disposição supletiva, pq é frequente. Mesmo
a regulamentação do legislador pode ser incompleta. Lei supletiva e lei do contrato.
A lacuna faz referencia a um plano. É preciso estar atento, pq a falta de regulamentação
pode corresponder a uma lacuna da lei, quando se tarat de um negocio tipíco. Integração
de negocio é diferente de integração da lei. Se for uma falha da lei, deve ser esta a ser
integrada. Só quando não há lacuna da lei é que o interprede pode recorrer ao disposto no
art. 239º- só pode ser movimentada verificando-se que a lacuna do negócio não é da lei. Se
for, ele deve integrar a lei e por essa via obter a solução que deve valer negocialmente. Há
varias normas supletivas, e quando estas se aplicam não podemos falar de uma lacuna. As
normas supletivas podem precisar de preenchimento, devendo a lei ser integrada.
Art. 239º: referencia a uma vontade hipotética objetiva. Temos que nos colocar na
perspetiva das partes e averiguar o que elas quereriam. Não é qualquer vontade que a
impede de ficar sujeita aos critérios da razoabilidade do negocio. Consideram-se ambas as
partes. SE uma não quisesse uma determinada forma, e essa vontade não for razoável, ela
não é atendida. Uma vontade razoável. Aquilo que objetivamente/razoavelmente
convergiriam. A razão está na parte final do 239º. A lei estabelece que se a vontade
psicológica, meramente subjetiva for contrária aos ditames da boa-fé, são estes que valem.
Pq essa vontade só pode ser atendida segundo os ditames da boa-fé.
Como é que operalizamos estes critérios. Partimos de onde as partes quiseram, e
desenvolvemos essa vontade de modo a suprir a lacuna. Continuação da atividade
interpretativo. É interpretar a vontade das partes (interpretação complementadora-
complementa-se naquilo que as partes estabeleceram). Interpretação-integração: a
integração continua a atividade interpretativa, e só com essa atividade se compreende. Este
critério de integração fazem apelo não a uma vontade psicológica, mas a uma reconstituída
tendo em conta a razoabilidade e o equilíbrio. Isto só se aplica para os negócios bilaterais,
não para os unilaterais como o testamento: aqui, o único interesse a considerar é o
interesse do testador, mesmo sendo arbitrária ou pouco razoável (só não pode ser ilícita).
Temos de descobrir a vontade real ou presumir. A parte geral não é assim tão geral.
O modo como se mobilizam os crieteroos de interpretação e integração é juridicamente
determinada e portanto é uma questão de Direito. Ex: saber se aquela forma negocial
obedece à lei. Não são questões de facto (tipo saber se vale para o prédio X ou Y). É uma
questão de Direito, pelo que se pode recorrer a uma sentença por interpretação
inadequada, na medida em que não foram obedecidas as regras da hermenêutica jurídica.
Nestas hipóteses, a ordem jurídica tem de tarçar equilíbrios por vezes delicados. Qualquer
perturbação na formação da vontade dá lugar à ineficácia do negócio. Há também que
atender à posição daquele que toma conhecimento a declaração mas desconhece a
perturbação da vontade do declarante. Se o erro não é ostensivo e se o declaratário não o
consegue conhecer, também ele merece ser atendido. Requer-se um compromisso entre os
interesses do autor da declaração negocial, afetada pelo vício de vontade que leva à
ineficácia do negocio, e os interesses do declaratário, que confia na declaração defeituosa, e
que taamb+ém merecer ser considerado. Consoante a força da vontade, o interesse do
declaratário será mais ou menos considerado.
Falta e vícios da vontade: não só da vontade, mas também da representação da realidade. O
erro temos a parte intelectual (racionalidade- a pessoa quer algo que representa. Ou é a
vontade em si mesma que fica perturbada, ou é a sua capacidade intelectiva que é
perturbada). Há ainda a situação da vontade formou-se corretamente mas formolou-se
incorretamente. Divergencia da vontade real e da vontade declarada (escreveu o nº do
prédio errado). Quando a vontade não se forma bem, a divergência é com a vontade
hipotética (o que ele teria querido).
Vícios não intencionais VS vícios intencionais. A declaração negocial é uma unidade. Quando
perturbada, temos o problema de saber em que medida deve prevalecer, tendo em conta a
realização da autonomia privada.
Vício da vontade
1. Coação física: alguém levado a emitir uma declaração sem ter qualquer vontade de o
fazer. A visão tradicional da coação, não há qualquer vontade de emitir uma
declaração. Situações raras, que podem zacontecer em sequestros p.e (quando o
silencio vale como vontade das partes, o sequestro obtem uma declaração . O
declarante encontra-se impedido de desfazer o valor do silencio).
Podemos analiticamente identificar 3 tipos de vontade: de ação . Na coação física, nenhma
vontade existe. É apenas uma aparente declaração negocial. A ordem jurídica, nos termos
do art. 246º, impede A PRODUÇÃO DE QUALQUER efeito em situações de coação física. O
individuo que acreditou na declaração aparente não merece tutela (a consequência é a
nulidade da declaração, segundo Menezes Cordeiro. A doutrina maioritária acha que é uma
inexistência).
Nota: diferentes são os meios usados para a coação. Nem todos estes meios são meios de coação
física. Chicotear alguém até assinar- não há uma eliminação da vontade, mas um enfraquecimento
da mesma. Se pusermos na hipótese de coação física vários constrangimentos da vontade, deixamos
de ter espaço para a coação moral, cuja consequência é diferente. Tem de haver uma eliminação
total da vontade!!!
Aqui, como não há vontade de produzir efeitos negociais, diz que a declaração não surte
qualquer efeito. Não se lhe pode imputar qualquer consciência. O autor da pretensa declaração
não precisa de fazer nada, pq ela é ineficaz. É preciso que haja uma consciência da declaração
negocial naquela concreta situação.
Nota: saber se validar o andante ou entrar no comboio é uma declaração negocial. Ele só precisa
de saber que o seu comportamento tem consequências jurídicas. Isso é para o professor
suficoiente. O que é a consciência da declaração?
A ordem jurídica confere alguma proteção aos que emitem uma declaração sem consciência
com culpa. Aqui, o declarante fioca obrigado a indeminizar o declaratário. Mas não há na mesma
produçºão de efeitos. Hipótese particular de culpa in contraindo (“falsa declaração”). O
declaratário, se perceber da situação, não tem de executar o contrato.
3. Coação moral: definição do art. 255º. Há uma vontade, mas ela é perturbada. Este vício é de
vontade é um vicio elástico. As greves têm uma função de coação moral. O essencial é de
que existe uma opção de padecer o mal e opta por emitir uma declaração.
A ordem jurídica prevê que ela é fonte de anulação. A declaração é anulável. Surte provisoriamente
efeitos, mas se o sujeito quiser, ele pode anular os efeitos da declaração. Ele pode preferir a
declaração. Relativamente às ameaças, diz-se que a coação pode respeitar à pessoa ou de terceiro.
Não constitui coação o exercício normal do direito ou a reação emocional de terceiros. Imitações
normais da liberdade. Exercício NORMAL (se for anormal, ou seja, se executar uma divida antiga sem
qualquer tipo de relação com o negóciuo atual, apenas para alcançar um efeito totalmente distante,
aí o exercício de abuso de direito).
A coação é ilícita, quer quando os meios de coação são ilícitos, quer por haver um exercício de
direito não relacionado com o fim. Tudo o resto não é ilícito, e por isso não é coação.
Requisitos da coação moral: a coação tem de ser determinante, ou seja, essencial para a formação
da vontade (ex: situações em que a pessoa não se deixou levar pela coação, ou quando a coação só
foi feita em relação ao modo como foi emitida). A coação tem de ser essencial pq tem de ser
determinante, mas o modo como se manifesta pode ser diferente. Coação moral incidental: apenas
atinge os termos. Esta coação moral é relevante; a coação pode ser feita pelo destinatário ou por
terceiro. Se for , a declaração é anulável em qualquer circunstancia. Se for de terceiro, temos 2
interesses em conflito: o declarante e o declaratário. Há uma necessidade de ponderar 2 interesses
em conflito. A ordem jurídica diz que no caso de coação por via de etreceiro, a declaração +e
anulável, mas o mal tem de ser grave (já que o declaratário não tem nada haver com a coação).
Erro sobre a pessoa do declaratário: uma pessoa pensa que está a negociar com uma entidade, mas
está na verdade a negociar com outro/a (pode ser um erro sobre a identidade do declaratário, ou
sobre as qualidades). Há aqui várias nuances, mas as consequências são as mesmas.
Erro sobre o objeto do negócio: o individuo compra um cavalo pq pensa que é o campeão. Pode ser
erro sobre a identidade do objeto em si, ou erro sobre as suas qualidades (que são determinantes).
O erro sobre um determinado bem. Estamos a falar de qualidades que integram o negócio enquanto
tal.
Erro de Direito: objeto em sentido amplo como conteúdo do negocio. Pode haver erro quando o
sujeito erra sobre os efeitos jurídicos a ser produzidos (ex: achar que pode denunciar o negócio após
6 meses). A ignorância da lei não desculpa (art. 6º)?-É diferente, pq ninguém pode tomar partido de
um erro alheio, mesmo que de Direito. Estamos no campo da autonomia privada.
Erro sobre os motivos: erro previsto no 252º, nº1- É um erro que a lei regula pela negativa. “Aquilo
que não é um erro, mas…”. As modalidades de erro até aqui são modalidades sobre motivos
(comprar algo pq julga que…). São erros especiais, com tratamento específico (art. 251º). Este é um
erro que só incide em erros emotivos qualificados (clausula geral).
Erro sobre a base do negócio (art. 252º/nº2): outro tipo de erro dos motivos, mas que se refere a
circunstancias que constituem a base do negócio. São erros que incidem sobre circunstancias que
“são a base de toda a contratação”. Ex: caso da coroação e compra de um apartamento para ver um
cortejo cancelado. Se for cancelado antes, é um erro. Se for depois, é uma alteração das
circunstâncias do facto. É um motivo especial, pq a pessoa não arrendaria o seu prédio se não fosse
pelo cortejo. Há um tratamento especial pq o erro incide sobre uma base comum a ambas as partes
(o risco é compartilhado- o cancelamento do cortejo tem um efeito sobre todo o contrato). A lei
manda aplicar o disposto no art. 437º (o que está aqui em causa são os requisitos do erro- o regime
a aplicar prevê a anulabilidade e/ou a redução/integração/adaptação do negócio).
Simulação sobre os sujeitos: contorna-se uma proibição legal (art. 953º e ss.) através de
uma simulação dos sujeitos, na modalidade de interposição fictícia dos sujeitos. A não pode
doar diretamente a B, então doa a C para que este transmita a B. Nestas hipóteses de
interposição fictícia, o sujeito interposto não quer comprar ou alienar a coisa. Apenas tem o
intuito de interpor a doação. Há 2 negócios jurídicos simulados que na verdade tem por
negócio dissimulado um negócio que a ordem jurídica proíbe. O acordo simulatório (pactum
simulationes) abrange os 3. É claro que uma pessoa pode atuar no interesse de outrem, e
isso é legítimo, não existindo nenhuma simulação.
Ex: se A pede a B para lhe comprar um livro na Amazon, B não está a fazer um negócio
simulado, mas a atuar em benefício daquele que lhe deu encargo. Temos uma situação de
mandato, não de simulação. Não há sequer representação, ele está a atuar ele próprio. Só
há simulação se as partes, por acordo, transmitirem uma declaração contrária à vontade
real. Não confundir interposição fictícia da interposição real. (no qual se destaca o mandato
sem representação).
Pode haver negócios simulados feitos apenas com o intuito de prejudicar alguém (filho p.e).
É possível o herdeiro legitimário invocar a simulação. Na verdade, os herdeiros só tem
direito a suceder os bens da pessoa à data da mporte. Não obstante, sim, ele tem esse
direito. Ao rdem jurídica reconhece que se houver uma simulação com o intuito de
prejudicar o herdeiro legitimário, ele pode reagir e invocar a nulidade.
Reserva mental
A pessoa declara o que não quer, tendo o intuito de enganar. Aqui o individuo diz o
contrario do que pensa para enganar o próprio declaratário. Não há um pacto entre o
declarante e o declaratário. Enganar não tem de ser prejudicar.
Efeitos: não são nenhuns. A reserva não prejudica a validade da declaração. Não pode ser
invocada uma reserva mental. Exceção: se a reserva mental for conhecida do declaratário,
então ele não merece tutela. O objetivo é p+roteger o declaratario que desconhece da
reserva mental. Se o declaratario conhece, não há nenhuma razão para o tutelar. A
declaração é nula. Não produz efeitos.
Às vezes ambas as partes usam da reserva mental. Reserva mental bilateral. Numa hipótese
destas, não faz sentido aplicar a regra do 244º. O negócio será também nulo. A reserva
mental não prejudica a vontade da declaração, tornando-se o individuo pela palavra.
Esta regra pode ser dura nos casos em que a reserva mental é inocente. Ex: a mãe que
promete ao filho um brinquedo sem ter dinheiro. O filho não pode invocar reserva mental
para exigir o brinquedo. Ou promessas feitas no leito da morte. São situações em que as
resrevas mentais foram feita com boa intenção. Tem de haver uam restrição teleológica do
art. 244º quanto à intenção. Seria contrário aos bons costumes invocar a reserva mental
nestes acsos.
Invalidades
Inexistencia: o negócio não existe mesmo, ainda que haja aparaencia de um negócio.
Invalidade: há um vicio intrínseco que impede a normal produção de efeitos.
Ineficácia: há um obstáculo externo, mas o negócio em si é válido. Trata-se de uma
ineficácia que não tem origem em algo que . Foi uma vicissitude posterior que originou a
ineficácia. Abrange uma multiplicidade de ocorrência.
Quando há uma violação de uma regra imperativa que a ordem jurídica estabelece, a
consequência regra é a nulidade (art. 284º).
Aos atos jurídicos que não são negócios são aplicáveis por analogia o regime do negócio
jurídico- art. 295º. Com as necessárias adaptações.
Caducidade: outra causa de extinção dos direitos, mas dá-se quando um direito tenha de ser
exercido dentro de certo tempo, sob pena de extinção (e não apenas a inexigibilidade do
direito). Tratam-se de prazos inferiores aos prescritivos. É o caso do prazo da anulação. O
prazo de caducidade não é o mesmo que o da prescrição. Ele não está sujeito nem à
suspensão nem à interrupção. Só pode ser impedida pela prática do ato em causa. Mas a
caducidade pode ser convencionada (e não só legal), ou seja, são as partes que a
estabelecem. Relativamente à caducidade legal, compreende-se que possa ser apreciada
oficiosamente pelo tribunal e pode ser alegada em qualquer fase do processo. As regras de
caducidade, em matérias em que esteja em causa a disponibilidade das partes podem ser
afastadas por elas. Elas podem estabelecer que num contrato de arrendamento aquela
faculdade que a ordem jurídica que fosse exercida pelo senhorio no prazo de 1 ano, não há
nenhuma razão para não as respeitar. Este regime é moldável em certo ponto pelas partes
em matéria sujeita à sua disponibilidade.
O vetor da justiça aqui em causa é o da segurança e certeza jurídica.
Representação
Temos um fenómeno de colaboração entre pessoas. O art. 258º fala dos efeitos da
representação. Noção indireta de representação quanto aos seus efeitos.
A representação é um fenómeno de colaboração. O que está em causa é uma causa de
colaboração humana. A colaboração de pessoas é necessária, assumindo diversas
manifestações.
A representação incide sobre atos jurídicos. São colaborações com uma fisionomia
especifioca. Alguém atua em nome de outrem na situação de negocio para que a esfera
jurídica do representado se produzam os efeitos do negócio.
Diferente por exemplo de uma gestão de negócios. Não há representação se alguém apenas
atuar no interesse em outrem. Tem de atuar EM NOME de outrem. Também não há
representação quando alguém atua em nome falso. Para haver representação tem de haver
contemplação domino, tornando presente alguém que não está. Há ainda o mandato, onde
alguém se obriga a praticar um negocio jurídico por conta de outrem. Pode ou não ser
representativo. No mandato sem representação, o mandatário assume as obrigações do
negocio. Se houver, ele não assume qualquer obrigação- quem fica vinculado é o
representado.
O fenómeno representativo é o de atribuir poderes para representar, e tem de ter uma
justificação. Há uma representação numa relação subjacente. A relação subjacente pode
não ser a do mandato. Existem ainda hipóteses de representação orgânica, para além da
legal, quando a própria lei estabelece, e não a vontade (voluntária).
Colisão de direitos
Hipóteses em que os direitos se encontram em confronto uns com os outros. Como se
resolve?
Figura extremamente variada. São muitas as hipóteses. Às vezes é aparente, no sentido em
que a própria lei dá o critério de solução. O interprete quando tem um critério tem a vida
facilitada. Se A vende a B e A vende a C, o conflito de direitos entre B e C está resolvido no
art. 892º do CC (a 2º venda seria nula, a não ser que haja registo). Outro exemplo é a regra
segundo o qual os direitos reais devem prevalecer sobre os direitos de crédito
incompatíveis.
Uma das áreas mais frequentes são as áreas de vizinhança. Constituição de direitos de
passagem é o exemplo da resolução de um conflito de direitos (1336). O Direito pretende
evitar conflitos.
Art. 335/1: se os direitos são iguais, aquilo que se deve fazer é arranjar um critério de
concordância para que todos possam produzir os seus efeitos em igualdade. Se não for,
prevalece o superior.
Um dos critérios é o da antiguidade dos direitos (qual é o que surgiu 1º. Quem estava lá
primeiro). Critério do dano mínimo: procurar encontrar o que é que causaria menos dano
(pode haver uma colisão entre um direito à propriedade e iniciativa económica e o direito
ao repouso- obras. A prazo, o 2º é um dano menor). Critério do proveito: como é que se
otimiza o proveito, quem é que tira maior proveito (ex: casal com 2 filhos ou com sete?).
A verdade é que estes critérios são auxiliares. A ordem jurídica tem uma medida abstrata.
Princípio cardinal/terminal da igualdade. No limite, pode haver necessidade de anular um
dos direitos, ou de o decompor aleatoriamente.
Exercício jurídico coletivo: partimos do principio de que há uma posição jurídica detida por
um sujeito e exercida só por ele. Mas há fenómenos de contitularidade. Dá-se quando mais
do que um sujeito é titular de uma posição jurídica. Os herdeiros são cotitulares de uma
herança. Há vários tipos de contitularidade. A do casamento é uma contitularidade tem
como finalidade a satisfação das necessidades da família. O património tem uma afetação e
não pode deixar de a ter. Germânico VS romano.
A contitularidade envolve muitas formas de exercício que refletem a natureza das posições
jurídicas que se tratam de exercer.
Exercício singular: cada sujeito mantem a sua autonomia (ex: A e B são credores de C em
1000$. C deve pagar a A e B 1000. Aqui, cada titular pode exerecer a sua porção da dívida).
Relaciona-se com a autonomia privada. Isto sobretudo nos créditos (art. 1404º??- regras de
copropriedade, aplicáveis em comunhão com qualquer outro direito). Há partida, todos
podem fazer valer a sua posição (uso da coisa comum- art. 1406º).
Exercício solidário: um por outros. Há atividade em que um dos cotitulares exerce aproveita
os demais. Um pode agir pelos demais. Art. 1405º, nº2- possibilidade de reivindicação de
cada um dos proprietários. É uma ação que aproveita o outro. A ordem jurídica procura
facilitar a reivindicação. Através desse exercício solidário, evita-se o conluio entre um deles
e terceiro.
Exercício coletivo: exercício indivisível. Exige a intervenção de todos os sujeitos. Na
copropriedade, para alienar o terreno com terceiro, ambos têm de intervir. O mesmo em
relação aos herdeiros. Como afeta a totalidade da posição jurídica, só conjuntamente pode
ser afetada. Havendo a vontade de alienar a sua posição jurídica, o sujeito deve dar um
direito de preferência aos seus cotitulares. Evita-se a entrada de terceiros.
Exercicio em mão comum: posições em que não há propriamente uma posição individual.
Na copropriedade, cada um tem uma posição. Se A e B forem casados, B já nem a sua quota
pode alienar a terceiro. Não há direitos individuais, há direitos em mão comum. O mesmo
em relação a herdeiros. Ex: baldios. Os baldios não são espaços públicos, mas são das
pessoas que vivem naquele lugar. Elas não têm uma posição jurídica que possam alienar.
Não há posições autónomas, pelo que ningeum pode alienar a sua parte. Só podem
administrar/dispor em conjunto.