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CASO N.

º 6

No final do inquérito movido contra A e B, com base em queixas-crime recíprocas por ofensa
à integridade física simples, o Ministério Público, depois de obtida a concordância do Juiz de
Instrução Criminal, determinou o arquivamento dos autos para dispensa de pena com fundamento
na circunstância de os arguidos se terem agredido mutuamente e não existirem elementos
probatórios para determinar quem iniciou as agressões (art. 143.º, n.º 3, al. a), CP).
Um ano mais tarde, uma testemunha ocular, C, veio ao processo informar que foi A quem
agrediu B em primeiro lugar, exibindo uma gravação obtida pela câmara de vigilância do seu
supermercado em corroboração das declarações prestadas.

a) Verifique do cumprimento dos requisitos do arquivamento em caso de dispensa de pena.


b) Poderá o Ministério Público determinar a reabertura do inquérito contra A com
fundamento no disposto no artigo 279.º CPP? Justifique.

CASO N.º 7

Chegou ao Ministério Público da comarca de Coimbra uma denúncia anónima por crime de
violência doméstica cometido por A sobre B. Constituído arguido e informado dos seus direitos, A
admitiu em interrogatório judicial que discutiu com o namorado no dia referido na denúncia e que
no contexto dessa discussão ambos trocaram palavras azedas, negando, todavia, ter havido entre
eles qualquer gesto de violência física.
Findo o inquérito, o MP determinou, a pedido de B e depois de verificar que não existia
qualquer condenação ou suspensão provisória do processo por crimes da mesma natureza, a
suspensão do processo pelo período de um ano. O JIC inviabilizou a solução por ter entendido que
«não há no caso indícios suficientes da prática do crime imputado, sendo certo que, se os
houvesse, a suspensão do processo só poderia ter lugar mediante imposição ao arguido de
injunções e regras de conduta».

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Faculdade de Direito da Universidade do Porto – DPP I (Criminologia/Direito)
a) Comente criticamente o despacho do JIC, aludindo ao sentido e alcance do instituto
da suspensão provisória do processo no âmbito específico dos crimes de violência
doméstica.
b) Poderá interpor-se recurso da decisão do JIC que negou a concordância à
suspensão? Justifique.

CASO N.º 8

A apresentou queixa-crime contra B, imputando-lhe a prática de um crime de difamação


(art. 180.º, n.º 1, do CP). Admitida a intervenção de A como assistente, o MP remeteu os autos
para mediação penal.
O processo de mediação culminou na assinatura de um acordo com as seguintes cláusulas:
«1.º O arguido compromete-se a apresentar um pedido público de desculpas ao ofendido; 2.º O
arguido obriga-se a entregar € 100 (cem euros) à “Animalia - Associação de proteção dos direitos
dos animais”; 3.º O arguido obriga-se a frequentar a missa dominical da paróquia de Aldoar
durante seis meses».

a) Pronuncie-se sobre a admissibilidade do acordo de mediação nos termos em que está


exarado. Como deve o MP proceder?
b) Expurgado de eventuais ilegalidades, o acordo foi recebido pelo MP, que o considerou
conforme e homologou a desistência de queixa. Um ano mais tarde, o ofendido renovou
a queixa alegando que A, apesar de ter cumprido escrupulosamente os demais deveres,
nunca apresentou o pedido público de desculpas. Quid iuris?

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