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Impostos sobre o património

IMI – imposto municipal sobre bens imóveis:

 Incidência subjetiva – art. 8º/1 e 2 do CIMI – incide sobre o proprietário (detém o direito
de propriedade sobre o imóvel), usufrutuário e superficiário. O CIMI acolhe também estes
dois últimos, porque pode acontecer que alguém viva na casa e não seja o proprietário
desta.
o Hipótese do usufrutuário – vamos supor que A tem um terreno e, como não sabe
tratar deste, efetua um usufruto para um agricultor. Esse agricultor vai poder
usufruir do terreno e aproveitar os seus frutos.
o Hipótese do superficiário – temos uma disparidade entre a propriedade do terreno
e a casa que possa ser construída nesse terreno – uma coisa é o terreno e outra
coisa será a casa que será construída nesse terreno, são duas coisas diferentes.
 Incidência objetiva – valor patrimonial tributário calculado nos termos do art. 38º do
CIMI – vamos ter em consideração a área, a localização e qualidade do bem imóvel (há
outros fatores que são tidos em conta). Este valor patrimonial tributário não tem em
consideração dois fatores relevantes – estado de conservação e altura do edifício.
 Taxas – dotada de proporcionalidade (art. 112º e 112º-A do CIMI) – estas taxas terão de
obedecer ao princípio da legalidade dado que todos estes impostos têm de se fundar em
lei da AR. Contudo, como o IMI é um imposto municipal as autarquias podem fixar
concretamente a taxa de IMI que será aplicável aos prédios urbanos, embora tenham
sempre de respeitar o disposto na lei da AR (esta estabelece o intervalo mínimo e máximo
das taxas a aplicar).
 Liquidação – temos uma liquidação oficiosa prevista no art. 113º do CIMI.
 Pagamento – natureza periódica.

IMT – imposto sobre as transmissões onerosas de bens imóveis:

 Incidência subjetiva – adquirente do imóvel.


 Incidência objetiva – valor do contrato que está na base da transmissão onerosa, ou o
valor patrimonial tributário, consoante o que for maior.
 Valor patrimonial tributário
o Exemplo – tenho uma casa que vale (valor patrimonial tributário) 1 milhão de
euros, e vendo-a por 200.000 euros – poderá afirmar-se que estamos perante uma
simulação e uma tentativa de fraude fiscal. No entanto, o imposto não vai incidir
sobre os 200.000 euros, mas sim sobre o valor patrimonial tributário de 1 milhão
de euros. Quando o valor patrimonial tributário for superior ao valor estabelecido
no negócio, o legislador vai ter em consideração o valor patrimonial tributário
(mecanismo para impedir fraudes). O contribuinte pode suscitar uma nova
avaliação do valor patrimonial tributário, dado que pode entender que este está
sobrevalorizado/inflacionado, nos termos do art.30º do CIMI.
 Taxas – proporcionalidade (para os terrenos rústicos – quinta com animais) e
progressividade (prédios urbanos – prédio).
 Liquidação – autoliquidação.
 Pagamento – obrigação única.

Imposto de selo (não incide sobre o IVA)– abrange as transmissões gratuitas, os atos e
contratos:

 Incidência subjetiva – incide sobre o beneficiário da doação (art. 2º do CIS) e sobre a


herança e as figuras do art.2º do CIS.
 Incidência objetiva – incide sobre o ato ou o contrato, ou transmissão gratuita.
 Taxas – proporcionalidade.
 Liquidação – autoliquidação.

Nota: art. 53º do CIVA – na coletânea está 12500, mas atualmente com o OE atual é o valor
de 15000.

Hipótese da cumulação de impostos – é possível porque os impostos têm incidências


objetivas diferentes, logo podem ser aplicados cumulativamente ao mesmo ato jurídico, á
exceção do IVA.

Resolução das perguntas e casos práticos

1. Defina os seguintes conceitos:

a) Valor patrimonial tributário – resulta das avaliações feitas pela Autoridade Tributária
com base em coeficientes, nos termos do art. 38º do CIMI. Para a determinação do mesmo
são consideradas as seguintes características – localização, qualidade, conforto, área e a sua
antiguidade. Como tudo, este conceito encontra deficiências na precisa medida em que não
toma em atenção o estado de conservação e a altura dos edifícios.
b) Sujeito passivo em sede de IMT – o IMT é devido pelos adquirentes dos bens imóveis
(art. 4º do CIMT). Relativamente à incidência material este incide sobre as transmissões
onerosas do direito de propriedade sobre bens imóveis situados em território português (art.
2º do CIMT).

C) Liquidação em sede de IMI e IMT – o pagamento do IMI é responsabilidade do


proprietário, usufrutuário ou superficiário (art. 8º do CIMI), e o imposto é liquidado de forma
oficiosa nos termos do art. 113º do CIMI. O pagamento do IMT é da responsabilidade do
adquirente, e estamos perante uma autoliquidação (art. 19º do CIMT).

d) Sujeitos passivos em sede de imposto de selo – incide sobre as entidades constantes do


art. 2º do CIS, ou sobre a herança. No caso de uma transmissão gratuita este incide sobre o
beneficiário, ou sobre a herança no caso de transmissão mortis causa.

e) Taxa aplicável à aquisição gratuita de bens – afasta-se a aplicação do IMT (dada a


gratuitidade da transmissão) e apenas se vai aplicar o imposto de selo, sendo que as taxas
aplicáveis serão proporcionais (art. 22º do CIS e da tabela anexa). Apesar de ser uma taxa
proporcional, a Professora Doutora Glória Teixeira questiona se não poderá existir uma taxa
progressiva nesta sede.

2. Qual é a importância do conceito do valor patrimonial tributário no âmbito dos


impostos sobre o património?

O valor patrimonial tributário será relevante em sede de IMI e IMT. No IMI, o valor
patrimonial tributário é calculado, pela AT, segundo os coeficientes constantes do art. 38º do
CIMI, embora não consiga abranger o estado de conservação e altura dos edifícios. No IMT,
o valor patrimonial tributário resulta do valor do ato ou contrato (art. 12º do CIMT). No
entanto, no caso de se verificar um valor patrimonial tributário excessivo (art. 30º do CIMT)
pode o contribuinte, antes da celebração do contrato, requerer a avaliação do imóvel em
causa. Se o valor for inferior haverá, automaticamente, uma correção do mesmo. No caso de
existir uma diferença significativa entre o valor do contrato e o valor patrimonial tributário,
será considerado o valor patrimonial tributário para fins tributários, caso este seja superior ao
valor do contrato. Cabe ao contribuinte provar que o valor da escritura é o valor real
requerendo a avaliação do VPT (art. 12º e 30º do CIMT).

3. É correto dizer que o imposto de selo é um imposto cumulativo?


O imposto de selo incide sobre atos, contratos e transmissões gratuitas, mas em relação ao
IVA não é um imposto cumulativo. Relativamente ao IMT pode ser cumulativo, na precisa
medida em que o IMT e o IS têm incidências objetivas diferentes. Assim, no âmbito de uma
compra e venda de bens imóveis poderemos aplicar o IMT, mas também o IS (relativamente à
escritura pública). O IMT incide sobre o valor da transmissão, ou sobre o VPT, enquanto o IS
incide sobre o documento que formaliza essa transmissão.

Caso Prático 10

Suponha a seguinte situação hipotética:

O Sr.. A queria vender a sua casa, localizada no Porto, com um extenso jardim. O Sr.
B( sujeito passivo IMT), seu vizinho, pretendia adquirir a casa de A, pois, unindo as
duas casas, conseguiria finalmente proceder à construção de uma mansão. No dia 5 de
maio, o Sr. A e o Sr. B decidem iniciar os procedimentos da compra e venda da casa,
dirigindo-se à conservatória para a celebração da escritura pública. Quid iuris?

Neste caso, estamos perante uma compra e venda celebrada validamente através de escritura
pública. Estão aqui em causa o IMT e o IS, sobre a escritura pública. Dos dois é preciso
referir a incidência, taxas e liquidação. Pode existir esta cumulação de impostos, na precisa
medida em que têm incidências objetivas diferentes – a exceção reside no art. 2º do CIS, não
sendo o IS cumulativo com o IVA.

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