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RECLAMAÇÃO GRACIOSA
Fundamentos:
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I – PRELIMINARES
1. Foi com alguma surpresa que a Reclamante foi notificada das liquidações
adicionais de IMI aqui em causa – que apenas por erro informático se justificam.
Todavia,
Isto posto:
II – OS FACTOS
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7. No ínterim, foi a Reclamante notificada de liquidações adicionais de IMI,
relativas a tais imóveis e respeitantes aos anos de 2004, 2005 e 2006 (docs. n.ºs 3, 4, 5 e 6),
10. pois não teve conhecimento dos eventuais negócios e, portanto, neles
não interveio seja a que título for,
11. sendo certo que, como adiante melhor se dirá, a Reclamante mais não
pode fazer do que supor, uma vez as sobreditas liquidações não se encontram
fundamentadas.
13. Casos há, todavia, em que a primeira transmissão não releva para efeitos
de IMI, relevando apenas, quando muito, para efeitos de Imposto Municipal sobre a
Transmissão de Bens Imóveis (IMT) na esfera do adquirente,
14. o que se justifica, do ponto de vista da técnica fiscal, com o facto de não
se operar a mudança de sujeito passivo para efeito de tributação em IMI.
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15. É precisamente no âmbito desta excepção que dever ser aferido o caso
concreto.
É que,
Em suma:
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21. Verifica-se, pois, errónea qualificação dos factos tributários – que, como
ilegalidade que é, determina a anulabilidade das liquidações aqui em causa (arts. 70.º n.º 1,
99.º, 124.º CPPT e 135.º CPA).
Ora,
26. sendo que, como adiante melhor se dirá, a Reclamante supõe que os
valores tidos em conta para a determinação da liquidação adicional tiveram em conta os
novos valores patrimoniais tributários supra referidos em 25.,
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27. pelo que, como resulta da concatenação entre o exposto supra, foi
aplicada uma errada taxa de IMI,
28. uma vez que, nos termos da lei, a taxa aplicável seria a da alínea c) do
artigo 112.º CIMI (de 0,2% a 0,5%, e não a taxa da alínea b) (de 0,8%) aplicável no caso em
apreço.
31. o que significa que o não exerceu, porque não foi para tanto chamada
pela AF,
Ora,
33. estabelece o artigo 60.º n.º 1 a) da Lei Geral Tributária (LGT) que:
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«A participação dos contribuintes na formação das decisões que lhes digam
respeito pode efectuar-se, sempre que a lei não prescrever em sentido diverso, por qualquer
das seguintes formas:
a)Direito de audição antes da liquidação (…)» (sic, sublinhado nosso),
É que,
38. uma vez que a audiência prévia insere-se, como logo resulta da predita
finalidade, no conjunto das regras procedimentais tributárias - constituindo uma verdadeira
fase dirigida à obtenção da decisão mais adequada e justa que ponha termo ao
procedimento.
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267.º, n.º 5 da Constituição da República), determinando para o órgão administrativo
competente a obrigação de associar o administrado à tarefa de preparar a decisão final.
II - Se não for dada, ao contribuinte, a possibilidade de exercício do direito de
audiência, o acto final é anulável por padecer de vício formal.»
(sic, AC STA de 26.11.2008 in www.dgsi.pt, sublinhado nosso)
Destarte,
ii – Falta de fundamentação
41. Como supra se deixou dito em 9. e 12., a Reclamante apenas pode supor
que terá sido a venda de uma parte ideal dos imóveis em causa, por parte de algum dos
comproprietários, o que terá “despoletado” as liquidações adicionais de imposto em causa,
42. uma vez que a AF, ao não fundamentar as sobreditas liquidações, não
esclarece qual o facto tributário que as determinou,
43. como também não fundamenta o porquê de ser aplicável a uns imóveis a
taxa de 0,8%, e a outros bens imóveis, com a mesma natureza e situados no mesmo
município e freguesia, aplicar a taxa de 0,5%,
44. sendo que, nos termos do disposto no artigo 112.º CIMI, a taxa de
imposto varia entre mínimos e máximos,
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46. o que impõe a sua explicitação, quer para cabal cumprimento do dever
de fundamentação constitucionalmente previsto, quer, sobretudo, para esclarecimento do
destinatário do acto administrativo – a ora Reclamante.
Mais:
48. porquanto os ditos valores nada têm que ver com aqueles que foram
notificados à Reclamante (Cfr. Docs. n.ºs 6 e 7).
Em suma:
Ora,
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54. No caso em apreço, a AF apenas se limita a remeter para valores e taxas
– sem explicitar com rigor, como era mister, de que forma aqueles foram obtidos.
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Ainda que assim não se entendesse:
E) – A ILEGALIDADE DA COBRANÇA
64. Estabelece o artigo 120.º n.º 3 CIMI que «Sempre que no mesmo ano, por
motivos imputáveis aos serviços, seja liquidado imposto respeitante a dois ou mais anos e o
montante total seja superior a €250, o imposto relativo a cada um dos anos em atraso é
pago com intervalos de seis meses (…)» (sic, sublinhado nosso)
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65. No caso em apreço, verifica-se que o imposto é relativo a três anos ,
67. sendo que, como se alcança das liquidações de imposto juntas (docs.
n.ºs 3, 4, 5 e 6) não foi respeitado o referido interregno legal de seis meses relativamente a
cada liquidação.
É que,
71. pelo que, não podia a Reclamante ter sido notificada para proceder ao
pagamento do imposto respeitante a todos os anos em atraso,
72. tendo em conta que a norma que prevê esse procedimento apenas é
aplicável aos casos em que o atraso é imputável ao sujeito passívo – o que não sucede.
Com efeito,
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73. a liquidação e cobrança do imposto em causa deveria ter seguido a regra
do artigo 120.º n.º 3 para os casos em que o atraso na liquidação não é imputável ao sujeito
passivo,
74. o que determinaria que a Reclamante tivesse sido notificada para pagar
o imposto relativo aos três anos em causa com o intervalo de seis meses,
Sendo assim,
79. pois que o artigo 103.º n.º 3 CRP estatui que «Ninguém pode ser
obrigado a pagar impostos (…) cuja liquidação e cobrança se não façam nos termos da lei.»
(sic, sublinhado nosso).
Em suma:
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80. o procedimento adoptado pela AF labora em erro de direito na forma de
liquidação e cobrança do imposto - assim violando o disposto no artigo 120.º CIMI,
Sem prescindir:
IV - JUROS INDEMNIZATÓRIOS
83. assiste-lhe o direito de pedir, como ora pede, que, anulada a liquidação,
lhe seja restituído o imposto indevidamente pago acrescido de juros indemnizatórios, nos
termos dos arts. 43.º da LGT e 61.º do CPPT.
V – CUMULAÇÃO DE PEDIDOS
85. tendo em conta que de tal cumulação não resulta qualquer prejuízo para
a celeridade da decisão – muito pelo contrário, tal cumulação impor-se-ia em cumprimento
dos princípios de celeridade e economia processual (art. 137.º e 138.º n.º 1 Código de
Processo Civil, aplicável por força do disposto no artigo 2.º CPPT).
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86. verifica-se também, no caso vertente, identidade do tributo, identidade
do órgão competente para a decisão e identidade dos fundamentos de facto e de direito
invocados (art. 71.º n.º 2 CPPT).
ESPERA DEFERIMENTO.
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Protesta juntar: procuração forense.
Anexa: cópia para nela ser dado recibo (art. 26.º CPPT).
O Advogado,
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