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IMPUGNAÇÃO JUDICIAL DA RESOLUÇÃO DO CONTRATO DE

TRABALHO COM FUNDAMENTO EM COMPORTAMENTO CULPOSO DO


EMPREGADOR (VIOLAÇÃO DO DEVER DE RESPEITO, DE URBANIDADE,
MUDANÇA DE CATEGORIA) – PETIÇÃO INICIAL

TRIBUNAL DO TRABALHO …

…, residente na Rua …, vem propor

ACÇÃO DECLARATIVA COMUM EMERGENTE DE CONTRATO DE


TRABALHO, contra

…, com sede na Rua …,


nos termos e com os seguintes fundamentos:

I – DO CONTRATO

1.º
O Autor é proprietário de um estabelecimento comercial sito na Rua …, onde se
dedica à actividade de reparação e venda de material informático.

2.º
No exercício da sua actividade, admitiu, em …, ao seu serviço o Réu,

3.º
Para desempenhar as seguintes funções (que sempre desempenhou de facto):
Introdução da identificação dos produtos para venda no sistema informático;

4.º
Venda ao público;
5.º
Elaboração de relatório de contas diário.
6.º
Laborando no aludido estabelecimento das 9:00 horas às 13:00 horas e das 14:00
horas às 18:00 horas, de segunda-feira a sexta-feira,

7.º
mediante uma retribuição mensal de € ….

8.º
No dia …, o Reu resolveu o contrato de trabalho referido.

II – DA INEXISTÊNCIA DOS FACTOS QUE MOTIVARAM A RESOLUÇÃO

9.º
É falso que o Autor tenha dito ao Réu, no dia … e na presença de … e …, o
seguinte:
“Tu aqui não mandas nada, nenhum subordinado teu te deve respeito”.

10.º
É falso que o Autor tenha dito ao Réu, no dia … e na presença de … e …, o
seguinte:
“És um ladrão, um chulo, andas-me a chular desde sempre”.

11.º
É falso que o Autor tenha dito ao Réu, no dia … e na presença de … e …, o
seguinte:
“Se eu pudesse, malhava-te de pancada, se eu um dia te apanho sem ninguém
ver …”.

12.º
É falso que o Autor tenha dito ao Réu, no dia … e na presença de … e …, o
seguinte:
“Tu não queres ir embora? É que a partir de hoje, não tens amis acesso ao
computador”.

13.º
O Autor nunca faltou ao respeito, injuriou ou maltratou o Réu, pelo contrário
sempre o tratou, como aliás faz com todos os seus trabalhadores, com o maior respeito e
consideração.

14.º
Pelo exposto, são falsos os factos vertidos nos pontos 1, 2, 3 e 4, da carta de
resolução apresentada pel Réu junta como doc. N.º 1.

15.º
O sistema informático da empresa do Autor é de acesso livre, não sendo
necessário nenhum código para o efeito.

16.º
Ao Autor não só nunca foi negado o acesso ao sistema informático da empresa,
como também nunca lhe foi impedido que: gerisse stocks, acedesse a fichas de clientes,
processasse facturas, emitisse recibos.

17.º
Pelo exposto, é falso o vertido no ponto 5, da carta de resolução apresentada
pelo Réu.

18.º
O estabelecimento do Autor é constituído por um espaço de venda directa a
clientes não comerciantes e um espaço de atendimento e venda a clientes comerciantes.

19.º
Em …, o trabalhador …, que prestava funções no espaço de venda e
atendimento a clientes comerciantes, teve um grave acidente de trabalho.

20.º
Em virtude disso, o Autor pediu ao Réu que substituísse esse colega até à sua
alta clínica.

21.º
Ao que o Réu consentiu, passando, a partir de …, a prestar funções no espaço
destinado a clientes comerciantes.

22.º
Tal espaço era e continua a ser composto por um balcão, três secretárias, 10
estantes, 8 cadeiras e diverso material para venda.

23.º
Aí exerciam funções, para além do Autor, o Sr. … e o Sr. ….

24.º
O primeiro dedicava-se e dedica-se à venda directa ao público.

25.º
O Segundo dedicava-se e dedica-se à reparação de material.

26.º
O movimento e círculo de clientes no espaço de atendimento e venda a
comerciantes é, desde sempre, muito maior do que no espaço de venda a não
comerciantes.

27.º
Por outro lado, o contacto com os clientes é muito mais aliciante e estimulante,
dado o grau de tecnicidade envolvido.

28.º
Durante o período em que esteve nesse espaço, o Réu atendeu inúmeros clientes,
emitiu recibos, fez encomendas, elaborou relatórios de contas, ordenou reparações.

29.º
Sendo assim, não houve nenhuma baixa de categoria, bem pelo contrário.

30.º
Pelo exposto, é falso que o Autor tenha dado ao réu, em …, a seguinte ordem:
“A partir de agora, vais trabalhar para o armazém e tens que registar o material
que entra e que sai”.

31.º
É falso que, no espaço em causa, existam apenas algumas caixas contendo
material não usado, uma secretária e uma cadeira, bem como é falso que o Réu tenha
ficado, durante o período de … a …, sentado à espera da recolha ou depósito de
material.

32.º
É falso que, durante esse período, nesse local, não tenha sido recolhida nem
depositada uma única peça, nem tenha entrado uma única pessoa.

33.º
É falso que o Réu tenha sido isolado e que tenha deixado de exercer quaisquer
funções.

34.º
Pelo exposto, são falsos os factos alegados nos pontos 6, 7, 8, 9, 10 e 11, da carta
de resolução apresentada pelo réu.

35.º
Em suma, o Autor não violou nenhum direito ou garantia do Réu, pelo que não
praticou nenhum comportamento que configurasse justa causa de resolução.

36.º
Termos em que deve a resolução do Réu ser declarada ilícita, nos termos do art.
398.º, n.º 1, do CT.
III – DA INDEMNIZAÇÃO PELA RESOLUÇÃO ILÍCITA

37.º
No dia …, o Réu atendeu o Sr. …, que encomendou material informático
destinado à vigilância e segurança, pelo mesmo foi dito que precisava desse material,
impreterivelmente, no dia … e que passaria na loja para o levantar.

38.º
Tendo o Réu, nessa data, assumido que o material estaria disponível.

39.º
Para responder a tal encomenda, o Réu teria que solicitar ao fornecedor do Autor
duas peças de origem alemã que demorariam cerca de dois dias a chegar.

40.º
Seria, ainda necessário, fazer a formatação do respectivo SOFTWARE.

41.º
Acontece que, o Réu não só não encomendou as peças referidas, como também
não solicitou a formatação do SOFTWARE.

42.º
Em …, o Sr. … dirigiu-se ao estabelecimento do Autor para levantar a
encomenda.

43.º
Acontece que, a encomenda não estava pronta, não só porque o trabalhador não
providenciou pela sua entrega, como também, porque não comunicou a nenhum colega
que a mesma tinha sido pedida.

44.º
O cliente ficou extremamente indignado, até porque precisava daquele material
(como aliás tinha dito ao Réu) impreterivelmente, para esse dia.
45.º
Perante tal situação, decidiu não levar nenhum material, nem fazer nenhuma
encomenda, pois tinha perdido a confiança naquela casa.

46.º
O Autor se tivesse vendido o referido material teria lucrado a quantia de € ….

47.º
Pelo exposto, deve o réu ser condenado a pagar ao Autor a quantia de € …, a
título de indemnização pelos prejuízos causados em virtude da ilicitude da resolução,
conforme previsto no art. 399.º, do CT.

Termos em que deve a presente acção ser julgada provada e procedente, e,


em consequência, ser:
I – declarada ilícita a resolução do contrato de trabalho promovida pelo
Réu;
II – o Réu condenado a pagar ao Autor a quantia de € …, a título de
indemnização pelos prejuízos causados em virtude da ilicitude da resolução, a que
acrescem os respectivos juros legais.

PROVA TESTEMUNHAL:
1. …, residente na Rua …;
2. …, residente na Rua …;
3. …, residente na Rua ….

VALOR: € ….
JUNTA: 1 documento, procuração forense e comprovativo do pagamento de taxa de
justiça.

O Advogado

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