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Exmo.

Senhor Juiz de Direito


do Juízo Central Cível de
Braga

Processo n.º: 1234/19.1T8BRG


Art. 572.º, al. a)

Juiz 3

Introito
Bernardo Bento, Réu nos autos à margem referenciados e ali melhor
identificado, vem, nos termos e para os efeitos do disposto nos arts.
569.º e ss. do CPC, apresentar

CONTESTAÇÃO

Com os seguintes fundamentos:

Por Exceção Dilatória:

1.º
O tribunal onde correm os presentes autos não é o competente, uma
vez que nos termos do disposto no art. 70.º, n.º 1 do CPC, devem ser
propostas no tribunal da situação dos bens as ações referentes a
direitos reais ou pessoais de gozo, entre outras, nomeadamente, as
de despejo.
Art. 572.º, als. b) e c)

2.º
A presente ação – ação de despejo – tem como objeto um imóvel sito
Narração
na cidade de Matosinhos, razão pela qual é o tribunal respetivo, a
saber, o tribunal de Matosinhos, o competente para esta lide.

3.º
Verifica-se uma incompetência em razão do território, que é uma
incompetência relativa e exceção dilatória, pelo que a ação deve ser
remetida ao tribunal competente, nos termos dos arts. 577.º, al. a),
104.º, n.º 1, al. a) e 105.º, n.º 3 do CPC.
4.º
Por outro lado, como é do conhecimento do Autor, o Réu é casado
com Fátima Fernandes.

5.º
Assim, o Réu é parte ilegítima na presente ação, que deveria também
ter sido intentada contra Fátima, conforme disposto no n.º 3 do artigo
34.º do CPC.

6.º
Por se verificar a exceção dilatória de ilegitimidade, deve o Réu ser
absolvido da instância, nos termos dos artigos 576.º, n.º 2, 577.º, al.
e) e 278.º, n.º 1, al. d) do CPC.

SEM PRESCINDIR, E POR CAUTELA,

Por Impugnação e Exceção Perentória:

7.º
Dão-se por verdadeiros e confessados os factos vertidos nos arts. 1.º
a 5.º da PI. Porém,

8.º
Desconhece o Réu a matéria contida no art. 6.º da PI, pelo que aqui
se impugna.

9.º
Impugnam-se por falsos os arts. 7.º a 11.º da PI, pelos motivos que a
seguir se expõem:
10.º
A mulher do Réu, Fátima, tem como atividade profissional dois part-
time, um dos quais no horário compreendido entre as 19 horas e as
24 horas, cinco dias da semana, rotativos (Doc. 1, junto e que aqui se
dá por integralmente reproduzido).

11.º
O Réu desempenha as funções de motorista de pesados numa
empresa internacional de distribuição, pelo que se encontra ausente
do país por vários dias da semana (Doc. 2, junto e que aqui se dá por
integralmente reproduzido).

12.º
Torna-se, assim, de todo impossível a realização das festas alegadas
pelo Autor, pelo que,

13.º
Os ruídos descritos, a existirem, terão uma origem alheia ao Réu e
sua mulher.

14.º
Por algumas vezes, o Réu foi abordado pela vizinha do 1.º andar
direito, D. Albina, no entanto, tal sucedeu sempre durante o dia e na
sequência de atividades quotidianas, nomeadamente, o
manuseamento de aparelhos domésticos.

15.º
Tal como alegado no art. 10.º da PI, as autoridades policiais
deslocaram-se à fração onde reside o Réu, tendo constatado que os
ruídos eram provenientes das atividades supra descritas.
16.º
Nunca poderia ser diferente, uma vez que o Réu sempre pautou a sua
conduta pela retidão e respeito impostos pela sã convivência em
sociedade.

17.º
Ademais, bem sabe o Autor o porquê de o Réu não ter pago as duas
últimas rendas, uma vez que chove dentro do locado, facto que já foi
transmitido ao Autor por diversas vezes (Docs. 3 a 8, juntos e que aqui
se dão por integralmente reproduzidos).

18.º
Tal acontece porque as janelas existentes no locado não isolam
devidamente, o que permite a entrada de água para as divisões.

19.º
Perante a inércia do Autor, o Réu viu-se forçado a realizar as obras
necessárias à reparação das ditas janelas, tendo na data de início das
mesmas remetido carta registada com aviso de receção ao Autor, a
informá-lo disso mesmo (Doc. 9, junto e que aqui se dá por
integralmente reproduzido).

20.º
O custo da reparação das janelas ascendeu a 3.000,00€ (três mil
euros) (Doc. 10, junto e que aqui se dá por reproduzido).

21.º
As obras urgentes realizadas no locado pelo Réu são da total
responsabilidade do Autor (artigos 1074.º e 1036.º do Código Civil).

22.º
Assim, constitui manifesto abuso do direito, conforme previsto no
artigo 334.º do Código Civil, o pedido de resolução do contrato com
base no não pagamento de 400,00€ de rendas, quando o valor das
obras urgentes, da total responsabilidade do Autor, se cifrou em
3.000,00€ (três mil euros).

23.º
Face ao exposto, resulta evidente que não se encontram preenchidos
os pressupostos de aplicação do art. 1081.º, n.º 1, al. a) do Código
Civil e, por conseguinte, não existem razões para a resolução do
contrato de arrendamento,

24.º
Concluindo o Réu que tais situações descritas pelo Autor mais não
são do que devaneios e resultado de uma injustificada perseguição
levada a cabo por este e pela D. Albina, a vizinha.

DA RECONVENÇÃO:

25.º
Dá-se por integralmente reproduzido o exposto em 17.º e 21.º desta
contestação.

26.º
Art. 583.º, n.º 1

É do conhecimento do Autor que tem chovido frequentemente no


prédio, uma vez que foi alertado pelo Réu por diversas vezes (cfr.
docs. 3 a 8 já juntos).

27.º
O custo da reparação das janelas ascendeu a 3.000,00€ (três mil
euros), totalmente imputáveis ao Autor,

28.º
Razão pela qual, da conjugação do disposto nos artigos 1074.º e
1036.º do Código Civil resulta que deve o Autor ser condenado a
pagar ao Réu, o valor de 3.000,00€ (três mil euros).
Nestes termos e nos demais de Direito,
Requer a V. Exa. se digne:
I) Julgar procedente, por provada, a exceção
dilatória de incompetência relativa e, por via
disso, ordenar a remessa dos presentes
autos para o Tribunal competente;
II) Julgar procedente, por provada, a exceção
dilatória de ilegitimidade e, por via disso, ser
o Réu absolvido da instância;
III) Julgar improcedente por não provada a
presente a ação e, por via disso, absolver o
Réu do pedido;
IV) Julgar procedente, por provada, a
Conclusão
exceção perentória de abuso de direito e, por
via disso, ser o Réu absolvido do pedido;
V) Julgar procedente, por provada, o pedido
reconvencional e, por via disso, condenar o
Autor (Reconvindo) no pagamento ao Réu
(Reconvinte) a quantia de 3.000,00€ (três mil
euros), acrescidos de juros de mora,
vencidos e vincendos, até efetivo e integral
pagamento.
PARA TANTO, requerem a V. Exa. se digne
ordenar a notificação do reconvindo para,
querendo, e no prazo legal, replicar a
presente reconvenção.
Arts. 583.º, n.º 2 e 299.º, n.º 2

VALOR DA RECONVENÇÃO: 3.000,00€ (três mil euros).


VALOR DA AÇÃO: 15.000,00€ (quinze mil euros).
PROVA:
- Documental que ora se junta;
Art. 572.º, al. d)

- Testemunhal que ora se indica e cuja notificação se requer:


1. Francisco Novais, casado, maior, agente da PSP, residente na
Rua das Flores, n.º 23, 4500 Matosinhos;
2. Joana Fonseca, solteira, maior, desempregada, residente na
Rua das Acácias, n.º 42, 2.º Esquerdo, 4500 Matosinhos.
Arts. 570.º e 530.º, n.º 2

JUNTA: 10 documentos, procuração forense e requerimento de


pedido de apoio judiciário.

A Advogada

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