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Curso de Solicitadoria

Processo Civil II – Aula 18/02/2019 Ano Letivo 2018/2019

Sumário
1. Fases do processo declarativo
2. Articulados:
2.1. Noção e espécies
2.2. Forma articulada
2.3. Indicação dos meios de prova
2.4. Modo de apresentação a juízo
3. Petição Inicial
3.1. Estrutura e conteúdo
3.2. Modalidades do pedido
3.3. Apresentação da PI e atos subsequentes
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Instrução

Fase Fase Final


Fase Inicial
Intermédia Fase da Discussão e
Fase dos Articulados
Fase do Saneamento Julgamento

• Petição Inicial • Despacho Pré-Saneador • Audiência Final


• Contestação • Audiência Prévia • Sentença
• Despacho Saneador
• Réplica • Despacho designa Objeto e
• Articulados Temas da Prova
Supervenientes • Despacho designa data e
programação Audiência Final
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Contestação Réplica Despacho
Petição Inicial Articulados
552.º e ss. CPC
Reconvenção Supervenientes Pré-Saneador
569.º e ss. CPC 590.º CPC
584.º 2 ss. CPC

Audiência
Prévia
591.º e ss. CPC

Audiência Despacho Saneador +


Recurso Sentença
607.º e ss. CPC
Final Despacho Objeto e
627.º e ss. CPC
599.º e ss. CPC Temas da Prova +
Despacho Programação
e Data Audiência Final
595.º e 596.º CPC 3
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1. FASES DO PROCESSO DECLARATIVO


FASE INICIAL
Corresponde à introdução do litígio em juízo.
É aquela em que as partes apresentam os respetivos articulados, tendo como principal função a
formulação da pretensão pelo autor e da defesa pelo réu.

FASE INTERMÉDIA
É, por um lado, o momento processual de verificação da regularidade da instância.
Pode, também, aí ser proferida decisão que ponha termo ao processo – por razões formais
(absolvição da instância) ou por razões substanciais (procedência ou improcedência da ação).
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Quando o processo não termina nesta fase, ela destina-se a preparar a tramitação subsequente.
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FASE FINAL
Esta fase desdobra-se em dois momentos: audiência final e sentença.
Na audiência final, têm lugar os atos de produção de prova e as alegações orais dos advogados das
partes.
Terminada a audiência, o processo é feito concluso ao juiz para a prolação da sentença.

“FASE DA INSTRUÇÃO”
Em tempos entendida como uma fase autónoma do processo – afirmação atualmente sem
correspondência com a realidade.
A instrução inicia-se com a apresentação da prova nos articulados e encontra o seu expoente
máximo quando as provas são produzidas para formação da convicção do Tribunal quanto aos
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factos alegados que se mantenham controversos.
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2.ARTICULADOS
2.1. NOÇÃO E ESPÉCIES
Artigo 147.º, n.º 1 do CPC
Os articulados são as peças em que as partes expõem os fundamentos da
ação e da defesa e formulam os pedidos correspondentes.

• Articulados normais
I. Petição Inicial – apresentada pelo autor e marca o início da ação (arts.
552.º e ss. do CPC)
II. Contestação – apresentado pelo réu e na qual deduz a sua defesa (arts.
569.º e ss. do CPC) 6
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• Articulados eventuais
Pode haver lugar a um terceiro articulado – Réplica (arts. 584.º do CPC)
Apenas surge:
I. Quando o réu formula um pedido reconvencional;
II. Tratando-se de uma ação de simples apreciação negativa (art. 10.º, n.º 3, al. a), in
fine).

• Articulados supervenientes
Permitem trazer ao processo factos que tenham ocorrido depois da apresentação
dos articulados OU quando as partes apenas tenham tomado conhecimento após a
apresentação daqueles (arts. 588.º e 589.º do CPC).
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2.2. FORMA ARTICULADA

Artigo 147.º, n.º 2 do CPC


Nas ações, nos seus incidentes e nos procedimentos cautelares, havendo
mandatário constituído, é obrigatória a dedução por artigos dos factos que interessem
à fundamentação do pedido ou da defesa (…).

Tem por base a ideia de sintetização e concisão na exposição dos fundamentos


de facto e de direito, tornando-os mais exatos e claros.

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2.3. INDICAÇÃO DOS MEIOS DE PROVA NOS ARTICULADOS

Artigo 552.º, n.º 2 do CPC


- No final da PI, o autor deve apresentar o rol de testemunhas e requerer outros
meios de prova;
- Caso o réu conteste, o autor é admitido a alterar o requerimento probatório
inicialmente apresentado, podendo fazê-lo:
I. Na réplica, caso haja lugar a esta;
II. Ou no prazo de 10 dias a contar da notificação da contestação.

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Artigo 572.º, al. d) do CPC


- Na contestação deve o réu apresentar o rol de testemunhas e requerer outros
meios de prova;
- Tendo havido reconvenção, caso o autor replique – apresente réplica –, o réu é
admitido a alterar o requerimento probatório inicialmente apresentado, no prazo
de 10 dias a contar da notificação da réplica.

Artigo 598.º, n.ºs 1 e 2 do CPC


- O requerimento probatório apresentado pode ser alterado na audiência prévia
quando a esta haja lugar (…).
- O rol de testemunhas pode ser aditado ou alterado até 20 dias antes da data
em que se realize a audiência final – Obrigação de apresentação das testemunhas
(n.º 3 mesmo artigo) 10
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2.4. MODO DE APRESENTAÇÃO A JUÍZO DO ARTICULADOS

Artigo 144.º do CPC – Portaria n.º 280/2013, de 26 de Agosto


1. Os atos processuais que devam ser praticados por escrito pelas partes são
apresentados a juízo por transmissão eletrónica de dados (…) valendo como data
da prática do ato processual a da respetiva expedição.

2. A parte que pratique o ato processual nos termos do número anterior deve
apresentar por transmissão eletrónica de dados a peça processual e os
documentos que a devam acompanhar, ficando dispensada de remeter os
respetivos originais (exceção artigo 4.º, n.º 2 da Portaria).
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Artigos 8.º e 10.º, n.º 1 da Portaria


Formato PDF e dimensão máxima de10 Mb

Artigo 10.º, n.ºs 3 e 4 da Portaria


3. Nos casos em que o limite previsto no n.º 1 seja excedido em virtude da
dimensão dos documentos, a peça processual deve ser apresentada através do
sistema informático (…), devendo os documentos, no mesmo dia, ser
apresentados pela mesma via, através de um único requerimento,
OU quando tal não seja possível por desrespeitar o limite previsto no n.º 1,
através do menor número possível de requerimentos.

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4. Quando a peça em causa seja uma PI ou outro ato processual sujeito a


distribuição, a apresentação dos documentos prevista no número anterior deve
ser efetuada até ao final do dia seguinte ao da distribuição.

Artigo 144.º, n.ºs 7 e 8 do CPC


Regulam a outras formas de apresentação de peças processuais nos autos:
- O n.º 7 quando a causa não importe a constituição obrigatória de mandatário;
- O n.º 8 em virtude de impedimento para uso dos meios eletrónicos.

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3. PETIÇÃO INICIAL
Articulado que o autor utiliza para formular a sua pretensão de tutela
jurisdicional e alegar os respetivos fundamentos de facto e de direito.

É o articulado mais importante pois corresponde à base do processo,.

É a entrada da petição inicial em juízo que determina o início da instância – artigo


259.º, n.º 1 do CPC – sendo que também impede a caducidade de direitos cujo
exercício implique a via judicial – artigo 333.º do CC (arts. 1085.º, 1410.º e 1786.º
do CC).

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3.1. ESTRUTURA E CONTEÚDO DA PETIÇÃO INICIAL

Artigo 552.º do CPC


Estabelece os requisitos a ter em conta na elaboração da PI
A PI estrutura-se em quatro partes fundamentais:
a) Endereço;
b) Introito;
c) Narração;
d) Conclusão.

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A) ENDEREÇO
Artigo 552.º, n.º 1, al. a), 1.ª parte
Contém a designação do tribunal e do juízo onde a ação é proposta.
Supõe a prévia determinação do tribunal competente.

B) INTROITO
Artigo 552.º, n.º 1, al. a), 2.ª parte
Deve o autor identificar as partes, indicado os seus nomes, domicílios ou sedes
e, sendo possível, números de identificação civil e fiscal, profissões e locais de
trabalho.
É importante atentar no estado civil das partes para efeitos do disposto no
artigo 34.º do CPC, e sendo a parte solteira, há interesse em determinar se é
maior ou menor para evitar problemas ao nível da sua capacidade judiciária. 16
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Artigo 552.º, n.º 1, al. c)


Do introito deve ainda constar a forma do processo, devendo o autor indicar
se a ação é comum ou especial.

C) NARRAÇÃO
Parte nuclear da PI.
Artigo 552.º, n.º 1, al. d)
Na petição, com que propõe a ação, deve o autor expor os factos essenciais
que constituem a causa de pedir e as razões de direito que servem de
fundamento à ação.

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Artigo 5.º, n.º 1 do CPC

Cabe às partes alegar os factos essenciais que constituem a causa de pedir

Todos os factos de cuja verificação


depende a procedência da
pretensão deduzida

A causa de pedir tem uma essência fáctica cuja alegação compete ao autor de
modo a fundamentar a sua pretensão.

O autor deve expor (narrar) os factos correspondentes ao tipo legal do qual


pretende tirar partido com a ação instaurada. 18
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EXEMPLOS:
a) Alegação e descrição dos concretos factos de uma compra e venda de um
bem, do qual o autor ficou credor do preço sobre o réu;
b) Alegação e descrição dos concretos factos relativos à ocorrência de um
acidente de viação e respetivas consequências, e à responsabilidade civil daí
decorrente;
c) Alegação e descrição dos concretos factos relativos à celebração de um
contrato de arrendamento e à conduta do réu, violadora dos seus deveres de
arrendatário;
d) Alegação e descrição dos concretos factos relativos à celebração de uma
promessa de compra e venda e à falta de cumprimento do promitente
vendedor.
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É da correspondência entre os factos alegados e descritos pelo autor e os


quadros fácticos previstos numa ou mais normas de direito substantivo, que
resultará o reconhecimento ou não e em que termos, do direito por aquele
invocado – em sede de sentença.

Ainda em sede da al. d) do n.º 1 do Artigo 552.º:


O autor deve indicar as razões de direito que fundamentam a ação.
Enquadramento jurídico da pretensão deduzida,
que justifica, em face dos factos alegados, o pedido
formulado.
A este propósito, veja-se o artigo 5.º, n.º 3 do CPC.
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D) CONCLUSÃO
Artigo 552.º, n.º 1, al. e)
Parte da PI destinada à formulação do pedido.
O autor expressa a concreta tutela jurisdicional que pretende obter com a
proposição da ação.

Trata-se de um elemento fundamental da PI pois estabelece, desde logo, os


limites da sentença – artigo 609.º, n.º 1 do CPC.

O pedido deve ser expressamente formulado na conclusão, não bastando que


apareça acidentalmente na narração da PI.
É o corolário lógico dos facto descritos na narração e que são o seu 21
fundamento.
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EXEMPLOS
a) O autor pedirá a condenação do réu no pagamento da quantia em dívida;
b) O autor pedirá a condenação da ré companhia de seguros no pagamento de
certo valor a título de indemnização;
c) O autor pedirá a resolução do contrato de arrendamento e a consequente
condenação do réu a abandonar o locado;
d) O autor pedirá a execução específica do contrato-promessa pela prolação de
sentença que produza os efeitos da declaração negocial do promitente
vendedor.

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ADEMAIS
Artigo 552.º, n.º 1, al. f)
A PI deve conter a indicação do valor da causa Artigos 296.º e ss. do CPC

Artigo 552.º, n.º 1, als. b) e g)


A PI deve conter a indicação do domicílio profissional do mandatário judicial e, quando
for caso disso, a designação do AE que efetuará a citação ou do mandatário judicial que a
promoverá.

Artigo 552.º, n.º 3


O autor deve juntar à PI comprovativo do prévio pagamento da taxa de justiça – DL
n.º 34/2008, de 26/02, ou Regulamento das Custas Processuais – ou da concessão
do benefício de apoio judiciário – L n.º 34/2004, de 29/07, ou Lei do Acesso ao 23
Direito.
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3.2. MODALIDADES DO PEDIDO


• Pedidos Alternativos – Artigo 553.º, n.º 1 do CPC
Na base do pedido alternativo está uma obrigação alternativa, ficando o direito
do autor satisfeito efetuando-se uma só das prestações.
Artigos 543.º e ss. do CC
Originariamente – obrigação nasce ou
ou Por Natureza constitui-se de modo
alternativo
Direitos
Alternativos
Não o são Casos em que o credor,
perante o incumprimento
inicialmente mas
do devedor, pode optar por
podem resolver-se uma de várias soluções
em alternativa apresentadas pela lei. 24
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Necessidade de uma escolha sobre que direitos exercer ou que prestação efetuar.
- Se a escolha pertencer ao credor:
a) Fá-la antes de instaurar a ação e apresenta um pedido fixo; ou
b) Não a faz e formular um pedido alternativo. Aqui cabe ao réu escolher a prestação
a efetuar.
Artigo 297.º, n.º 3, 1.ª parte!
A escolha pelo réu tanto pode ser feita na pendência da ação como depois de finda
(este último caso implica a condenação em alternativa).

Artigo 553.º, n.º 2 do CPC


Caso a escolha pertença ao devedor.
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• Pedidos subsidiários – Artigo 554.º, n.º 1 do CPC


Pedido subsidiário é o que se apresenta ao tribunal para ser tomado em
consideração apenas no caso de não proceder pedido anterior.

Casos em que o autor, tendo dúvidas acerca da admissibilidade ou sucesso da


sua pretensão, deduz na PI dois pedidos.
Porque tem preferência por um deles, formula-o em primeiro lugar, só se
debruçando o tribunal pelo pedido formulado em segundo lugar se o primeiro for
improcedente.

Diferem dos pedidos alternativos na medida em que aqui há uma graduação das
pretensões, há preferência do primeiro sobre o segundo, ao passo que os pedidos
alternativos se equivalem juridicamente. 26
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EXEMPLO
Contrato-promessa de compra e venda de um imóvel.
O promitente comprador prestou sinal.
O promitente vendedor falta ao cumprimento da obrigação.
O promitente comprador tem a faculdade de exigir a restituição do sinal em
dobro (art. 442.º do CC) ou de requerer a execução específica do contrato (art.
830.º do CC).
O promitente comprador pode preferir a execução específica, mas como há
casos em que ela acaba por não ser possível, o autor pode formular o pedido de
execução específica e, caso este improceda, o pedido subsidiário de restituição do
sinal em dobro.
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• Pedidos cumulativos – Artigo 555.º do CPC


Formulação pelo autor, num só processo, de vários pedidos contra o réu.
Na cumulação, o autor pretende obter ao mesmo tempo e na mesma ação todas as
pretensões formuladas.

Diferem das anteriores modalidades de pedidos uma vez que naquelas o autor visava
apenas uma das pretensões.

A cumulação depende da verificação de dois requisitos:


a) Compatibilidade entre os pedidos;
b) Identidade de forma de processo dos pedidos;
c) Identidade de juízo competente para deles conhecer.

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a) Os pedidos não podem ser incompatíveis entre si, ou seja, os seus efeitos
jurídicos não podem ser contrários ou opostos.

b) A todos os pedidos tem de corresponder a mesma forma de processo.


Artigo 37.º, n.ºs 2 e 3 do CPC

c) A cumulação é admitida desde que o tribunal onde a ação é proposta tenha


competência absoluta para conhecer de todos os pedidos.
O tribunal tem de ser internacional, material e hierarquicamente competente,
ainda que não o seja em função do valor e do território.

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• Pedidos genéricos – Artigo 556.º


Situações em que o autor, no momento da proprositura da ação, não tem
condições para indicar em concreto o que ou quanto pretende.
É-lhe admitido fazer um pedido cujo objeto é apresentado globalmente.

N.º 1, al. a)
Quando a ação tenha por objeto mediato uma universalidade de facto ou de
direito.
O autor limita-se a indicar a universalidade de facto ou de direito a que
pertencem determinados elementos que a integram.
A universalidade deve ser corretamente identificada sob pena da PI ser inepta.
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N.º 1, al. b)
Quando no momento da propositura da ação não é ainda possível fixar de
modo definitivo as consequências do facto ilícito.
Acontece quando o réu, pela prática de um facto ilícito, causa danos ao autor e
este pretende obter a respetiva indemnização, não lhe sendo ainda possível
determinar a extensão dos danos.

N.º 1, al. c)
Quando a fixação do quantitativo estiver dependente da prestação de contas ou
outro ato que deva ser praticado pelo réu.
Acontece quando o réu, em virtude das suas funções ou da prática de certos
atos, estiver obrigado, perante o autor, a prestar contas da sua atividade e a pagar
àquele o saldo que vier a apurar-se. 31
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EXEMPLOS
Al. a) O autor pretende a condenação do réu na entrega de uma biblioteca –
universalidade de facto. Ou, por testamento, um indivíduo foi instituído herdeiro
universal de uma herança – universalidade de direito – e pretende que um
terceiro que está na posse de todos os bens da herança lhos entregue (art. 2075.º
do CC).

Al. b) Casos de ações destinadas à efetivação da responsabilidade civil


emergente de acidentes de viação. O autor pode pedir que o réu seja condenado
em indemnização cujo montante se liquidará posteriormente.

Al. c) O pedido do autor consiste em o réu prestar contas e pagar-lhe o saldo 32

que se apurar, e que o autor, à partida, desconhece (arts. 941.º e ss. do CPC).
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• Pedido de prestações vincendas – Artigo 557.º


O autor pode, em certos casos, pedir a condenação do réu no cumprimento de
prestações futuras, isto é, de prestações ainda não vencidas e, à partida, inexigíveis.
São denominados pedidos de prestações vincendas ou condenações in futurum.

I. O réu está obrigado a cumprir determinadas prestações periódicas e deixa de


cumprir. O autor pode requerer a condenação do réu nas prestações vencidas e
nas que se venceram enquanto persistir a obrigação (n.º 1).

II. Situação em que a falta de título executivo na data do vencimento da obrigação


pode causar prejuízo ao credor. A lei adianta o caso em que se pretenda o
despejo de um prédio para o termo do arrendamento. 33
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Recusa pela
secretaria
Artigo 558.º do CPC

Autor Secretaria
Réu
Petição Inicial Judicial

Distribuição Início da instância:


Citação do Réu
Peça processual recebida via
Artigos 219.º e ss. do CPC
Artigos 203.º e Citius, por transmissão
Artigo 563.º do CPC
204.º do CPC eletrónica de dados
Artigo 144.º do CPC
Portaria n.º 280/2013, de
26/08
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3.3. APRESENTAÇÃO DA PI E ATOS SUBSEQUENTES

Artigo 203.º do CPC


Uma vez recebida, a PI é apresentada à distribuição.
Tem em vista a repartição igualitária do serviço judicial e assegura a designação
da secção, da instância e do tribunal em que a ação correrá o seus termos.

A distribuição é feita sequencialmente segundo as espécies referidas no artigo


212.º do CPC.

Tem lugar diariamente e é realizada de forma automática , duas vezes por dia, às
9h e às 16h – artigos 208.º do CPC e 16.º, n.º 2 da Portaria n.º 280/2013,
de 26 de Agosto.
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Artigo 259.º, n.º 1 do CPC


O recebimento da PI pela secretaria marca o início da instância.

Artigo 558.º do CPC – Recusa de recebimento da PI


A secretaria recusa o recebimento da PI quando sucedam determinadas
situações:
a) A peça não tenha endereço ou esteja endereçada a outro tribunal, juízo do
mesmo tribunal ou autoridade;
b) Seja omitida a identificação das partes;
c) Não seja indicada a forma de processo;
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d) Seja omitida a indicação do valor da causa;


e) Não seja comprovado o prévio pagamento da taxa de justiça ou a concessão
de apoio judiciário;
f) Não esteja assinada;
g) Não seja indicado o domicílio profissional do mandatário constituído;
h) Não esteja redigida em língua portuguesa;
i) O papel utilizado não obedeça aos requisitos regulamentares.

Esta atuação da secretaria corresponde apenas a um mero controlo formal da PI,


não lhe competindo qualquer outro tipo de juízo.
O ato de recusa deve ser justificado por escrito. 37
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Do ato de recusa é admitida reclamação para o juiz.


Se o juiz confirmar a recusa, o autor pode recorrer para a Relação, ainda que o
valor da ação não ultrapasse a alçada da 1.ª instância – artigo 559.º, n.º 2 do
CPC.

Havendo recusa ou confirmação judicial da recusa, o autor dispõe da


possibilidade de, no prazo de 10 dias apresentar nova PI (Artigo 560.º do CPC)
Vale como data de início da ação aquela em que foi
apresentada a 1.ª PI

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