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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

PRÁTICA JURIDICA INTERDISCIPLINAR I


02.10.2019 – quarta-feira (1ª aula) – Professora Ana
Professora Ana Paula Lourenço e Trovão do Rosário
Passe e-lerning: PjiI1920_PL
Avaliação:
1. Trabalho
2. Teste: 22.01.2020

10.10.2019 – quinta-feira (4ª aula) – Professor Trovão do Rosário


Caso prático
O António vendeu um carro por €2.000,00, e é um roubo e quer avançar
judicialmente. Será que é possível?
As regras não são as do Código Penal, até porque não há crime.
Temos de ter uma conduta objetiva e fria na análise das situações em
concreto.
Analisar as circunstâncias em que foi celebrado o contrato/negócio, se foi
coagido. Saber quem são os intervenientes:
1. Comerciante (elementos do negócio), as partes;
2. As condições da celebração do negócio;
3. Os prazos;
4. Saber se o preço foi integralmente pago.
Depois podemos analisar a pretensão da pessoa e terá ou não legitimidade
para impugnar algum vicio de vontade, ou seja, temos de perceber esta
avaliação, desde logo iremos pedir os documentos na formação do negócio
(comprovativos de troca de correspondência, comprovativos de transferência).
Outras provas, nomeadamente prova testemunhal que tenha acompanhado o
processo. Outro meio de prova, que pode ser admitida é uma prova pericial ao
veículo. Vamos imaginar que o individuo tinha razão na sua pretensão, iriamos
elaborar uma petição inicial. Por outro lado, vamos imaginar que o vendedor era
comerciante, podemos intentar uma injunção, que é uma forma de tentativa de
cobrança de créditos de divida – artigo 7.º, 10.º do CPC e DL 32/2003, de 17.02,
não se aplica neste caso. Podemos ir pelas normas do direito do consumo, sendo
a nossa opção a petição inicial para o Juízo local Cível. Sendo o contrato
celebrado aqui na UAL, o tribunal competente – artigo186.º; 552.º e 558.º do
CPC, o domicílio do réu conforme o artigo 71.º do CPC. Posto isto, passamos à

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identificação das testemunhas (nome, morada, estado civil e profissão). Há


desde 2013 um limite quanto ao número de testemunhas – artigo 495.º do CPC,
as testemunhas podem ser indicadas na data da audiência e a parte assume
esta responsabilidade, caso não haja notificação. O CITUS também permite
integrar esta situação das testemunhas. O caso dos impedimentos só se aplica
em processo penal. As testemunhas são um meio de prova e tem de ser
identificadas com estes 4 elementos. O valor da ação são €2.000,00.
Apresentamos a PI no Tribubal competente (local do contrato ou do domicilio do
reú). Há um aspecto, que é a jurisprudência dos Tribunais em determinadas
matérias são diferentes de ponto para ponto, ou seja, o critério do sentido das
decisões dos Tribunais (fiscal/trabalho, etc). O crime de abuso de confiança –
artigo 105.º e 107.º IA, na escolha do local para interpor a ação. A não entrega
das prestações à segurança social dos trabalhadores, a tendência e o modo de
decisão nesses tribunais. No direito do trabalho o objetivo é a defesa dos
direitods dos trabalhadores e os direitos fundamentais dos trabalhadores, desde
logo, é bem diferente o Tribunal de Braga, Seixal e Setubal, dai a opção de
wscolh do foro do próprio Tribunal. O prazo para contestar é de 30 dias, a contar
da citação – artigo 571.º, 569.º, 572.º e 583.º do CPC.
O prazo hoje é contínuo, quando prazo termina aos feriados ou ao fim de
semana, a prática do ato deverá ocorrer no dia seguinte, e relativamente às férias
judiciais (15.07). No caso da pessoa morar fora do país (França), tem o prazo de
30 dias e acresce um prazo de mais 30 dias, nos termos do nº 3 do artigo 245.º
e 569.º do CPC. Na contestação o reu deve ponderar.

16.10.2019 – quarta-feira (5ª aula) – Professora Ana Paula Lourenço


Trabalho de grupo: Abel Matinhos, Joana Conceição, Maria Filipe, Mário
Ramires e Ricardo Dias.
1º trabalho: as várias fases do Processo Executivo, com os respetivos artigos, o
que acontece nas diversas fases.

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INSTRUÇÃO (410º): com a alteração


da lei sobre a forma do processo, a
Fases do Processo civil fase da instrução, deixou de ser uma
Forma Comum artigo 552.º do CPC fase concreta e com a dispensa da
audiência preliminar e notadas as
partes para apresentarem o
requerimento de prova.
Isto é:
A apresentação e admissão dos meios
de prova, passaram a acontecer em
vários momentos ou fases
processuais.

ARTICULADOS GESTÃO INICIAL DO PROC. E AUDIÊNCIA FINAL SENTENÇA RECURSOS


DA AUDIÊNCIA PRÉVIA
Artigos 552º a 589º Artigos 599º a 606º Artigos 607º a Artigos 627º a
626º 702º
Artigos 590º a 598º

1ª fase: OS ARTICULADOS: - artigo 147.º CPC


Fase em que as partes definem o objeto do processo. Apresentando as
razões de facto e de direito em que se fundamentam. Fase em que se define os
Termos Essenciais da ação. Apresentam-se as peças escritas onde as partes
expõem os fundamentos da ação e da defesa, formulando os pedidos
correspondentes. As peças escritas devem ser elaboradas por artigos (através
de proposições gramaticais numeradas). Devem ser apresentados a juízo por
transmissão eletrónica de dados. Incluem: a Petição Inicial, a Contestação, a
Réplica e os Articulados Supervenientes

A PETIÇÃO INICIAL (P.I)


É o articulado onde o autor deduz a sua pretensão de tutela expondo os
respetivos fundamentos de facto e de direito. É com a receção da p.i na
secretaria do tribunal - artigo 157.º do CPC, que se inicia o processo, a instância,
constituindo-se a relação jurídica processual entre o autor e o tribunal. A ação
passa a considerar-se pendente, impedindo a caducidade do direito – artigo
331º C.C). Relativamente ao réu, a proposição da ação só produz efeitos, por
regra, a partir do momento da citação (n.º 2 do art.º 259º). A p.i decompõem-se
em 4 partes:
Introito - onde o autor designa o tribunal e a respetiva secção em que a
ação é proposta, identifica as partes e indica o tipo de ação e forma do processo.

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Narração - onde o autor expõe os factos e as razões de direito que servem


de fundamento á ação.
Conclusão - onde o autor formula o pedido. (importância do artigo 609º, o
juiz não pode condenar em quantidade superior ou em objeto diferente do
pedido. Elementos complementares (artigo 552.º do CPC)
• Declaração do valor da causa – nº 1 al. f)
• Indicação do domicílio profissional do mandatário - al.
b)
• Apresentação do rol de testemunhas e requerimento
Obrigatórios
dos demais meios de prova (nº 2) - ónus processual
• Junção de doc. comprovativo do prévio pagamento da
taxa de justiça devida ou da concessão do benefício
de apoio judiciário(nº 3).
Autor pode designar o agente de execução incumbido
Facultativos
de efetuar a citação ou o mandatário judicial
responsável pela sua promoção (nº 5).

O Pedido: consiste na solicitação de uma concreta providência processual


para a tutela do interesse afirmado pelo autor. Deve ser inteligível e idóneo, ou
seja, claro, compreensível e relativo à tutela de um bem jurídico. O autor não
está limitado a deduzir um único pedido por processo, pode deduzir mais do que
um pedido contra o mesmo réu ou uma pluralidade de pedidos contra diversos
réus. As situações de pluralidades de pedidos:
i) Cumulação de Pedidos (artigo 555.º) - o autor formula mais do que um
pedido pretendendo a apreciação e procedência de todos.
ii) Pedidos Subsidiários (artigo 554º) - aquele que é apresentado
para ser tomado em consideração apenas no caso de não proceder um pedido
anterior. São pedidos condicionais por se encontrarem sujeitos à condição
suspensiva de improcedência do pedido principal.
iii) Pedidos Alternativos, no caso de o autor formular duas ou mais
pretensões, disjuntivamente, para que seja satisfeita apenas uma delas pelo
demandado. Depende da verificação das circunstâncias do artigo 553º. CPC.
iv) Pedidos Genéricos (artigo 556º) - pedidos relativos a um bem que
não é rigorosamente determinado.
v) Pedido de prestações vincendas e futuras (artigo 557º)

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A Causa de Pedir: é o facto ou conjunto de factos jurídicos concretos que


servem de fundamento à pretensão formulada. É integrada por factos concretos,
e não por conceitos jurídicos ou juízos meramente conclusivos sobre a realidade.
As características da causa de pedir:
a) Concretização - tem de se traduzir em factos concretos, determinados ou
individualizados;
b) Inteligibilidade - deve ser percetível, compreensível;
c) Adequação - deve ser apta à produção dos efeitos pretendidos.

A CONTESTAÇÃO – artigo 569.º a 583.º do CPC


É a peça escrita, por regra articulada, em que o réu responde à p.i
deduzindo os meios de defesa que dispõe contra a pretensão do autor (sentido
material). É a peça escrita onde o réu pode apresentar a sua defesa (sentido
formal).

Modalidades de Contestação:
1. Contestação-defesa, o réu limita-se a negar, direta ou
indiretamente, a pretensão do autor, nos termos em que esta é deduzida. Por
exemplo, numa ação de condenação existirá contestação-defesa se o réu se
limitar a alegar que o crédito invocado pelo autor nunca chegou a constituir-se
validamente ou que se extinguiu por pagamento. Defesa por impugnação: esta
forma de contestação pode consistir na negação dos factos articulados pelo
autor ou do efeito jurídico que o autor deles pretende extrair. Defesa por exceção:
contestação-defesa pode consistir igualmente na alegação de factos novos com
o objetivo de contrariar a pretensão do autor.
2. Contestação-reconvenção, pressupõe já um contra-ataque por
parte do réu. O réu deduz aqui uma pretensão autónoma contra o autor, diferente
do simples pedido de improcedência da ação ou de não conhecimento do mérito
da ação, como, por exemplo, o pedido do réu de condenação do autor no
pagamento da indemnização devida pelas benfeitorias que introduziu no imóvel
em causa, no âmbito de uma ação de despejo.

A RÉPLICA – artigos 584.º a 587.º do CPC


A réplica é o articulado ou peça processual pela qual o autor responde à
contestação do réu quando nela tenha sido formulado um pedido
reconvencional, isto é, um pedido formulado pelo réu contra o autor. A réplica
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assume, pois, hoje a função de contestar o pedido reconvencional e já não de


responder às exceções deduzidas na contestação, à exceção do processo
administrativo que continua a consagrar esta possibilidade. Neste articulado, o
autor não pode tentar corrigir, completar ou esclarecer factos que servem de
fundamento à sua pretensão, ainda que eles tenham sido impugnados na
contestação. Se o autor não respeitar os limites fixados na lei para a elaboração
da réplica, verificar-se-á nulidade (parcial ou total) do articulado, o que implica a
eliminação de toda a matéria que exceda os limites previstos. Destaca-se, neste
contexto, o caso das ações de simples apreciação negativa, isto é, ações em
que o autor solicita ao tribunal a declaração de que um determinado direito não
existe. A réplica assume particular relevância neste tipo de ações, já que servirá
para o autor impugnar os factos constitutivos que o réu tenha alegado e para
invocar os factos impeditivos ou extintivos do direito que o réu se haja arrogado.
A réplica deve ser apresentada no prazo de 30 dias a contar daquele em
que for ou se considerar notificada a apresentação da contestação.

OS ARTICULADOS SUPERVENIENTES – artigo 558.º do CPC

2ª fase: A GESTÃO INICIAL DO PROCESSO E DA AUDIÊNCIA PRÉVIA:


Fase num momento processual Preliminar, destinado à apreciação da
regularidade da instância e à sua (se necessária) regularização, tendo em vista,
o fim último do processo: a justa composição dos litígios. Pode ter lugar na fase
dos articulados, podendo traduzir-se na prolação de um Despacho Convite ao
aperfeiçoamento da P.I deficiente ou irregular, ou num Despacho de Sanação
destinado a suprir a falta de Pressupostos Processuais (6º).

DESPACHO LIMINAR DE INDEFERIMENTO DA P.I


É aquele que por imposição legal ou determinação do juiz é proferido antes
da citação do réu.

DESPACHO PRÉ-SANEADOR
É proferido terminada a fase dos articulados. Destinado a (590º, n º2)
1. Providenciar pelo suprimento de exceções dilatórias
2. Providenciar pelo aperfeiçoamento dos articulados

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3. Determinar a junção de documentos com vista a permitir a


apreciação de exceções dilatórias ou o conhecimento, no todo ou em parte, do
mérito da causa no despacho saneador.
nº 3, o juiz deve convidar as partes a suprir as irregularidades dos
articulados, quando estes careçam de requisitos legais ou a parte não haja
apresentado doc. essencial ou de que a lei faça depender o prosseguimento da
causa.
nº 4, incumbe ao juiz, convidar as partes ao suprimento das insuficiências
ou imprecisões na exposição ou concretização da matéria de facto alegada,
fixando prazo para a apresentação de articulado em que se complete ou corrija
o inicialmente produzido.

Finalidades – artigo 590.º do CPC


1. A sanação da falta de pressupostos processuais (al. a), nº 2 do art. 590º)
2. O aperfeiçoamento dos articulados irregulares (al. b), nº2 do art. 590º),
quando careçam de requisitos legais (que não dizem respeito ao conteúdo dos
articulados) ou a Parte não haja apresentado doc. essencial ou de que a lei faça
depender o prosseguimento da causa.
3. O aperfeiçoamento dos articulados deficientes (nº 4 do art. 590º)

AUDIÊNCIA PRÉVIA
Depois de concluídas as diligências do Despacho Pré-Saneador (se for o
caso), o juiz deve, em princípio, convocar uma audiência a realizar num dos 30
dias subsequentes (nº 1 do 591.º) indicando o seu objeto e finalidade (nº 2 do
591.º). Se o juiz não especificar os fins da audiência, apenas a convocar pelas
partes, para os efeitos do artigo 591.º CPC deve entender-se que a mesma é
convocada para todas as finalidades indicadas no artigo.

3ª fase: Audiência Final - artigos 599.º a 606.º CPC


A fase da audiência final compreende a produção da prova, a decisão sobre
a matéria de facto e ainda a prolação da sentença, ou seja, é o último momento
para ampliar o pedido, apresentar articulados supervenientes e ampliar as
formas da prova1. Tem por objeto os temas da prova:
▪ Prova por confissão2

1
Conforme as disposições dos artigos 265.º 588.º e 602.º do Código Processo Civil.
2
Vide artigo 352.º CC, artigos 452.º e 466.º CPC.
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▪ Prova documental3
▪ Prova pericial4
▪ Prova por inspeção5
▪ Prova testemunhal6
A audiência por norma é pública, no entanto pode o Tribunal decidir o
contrário, em despacho fundamentado, quando esteja em causa a salvaguarda
da dignidade das pessoas, a salvaguarda moral e pública, ou para garantir o seu
normal funcionamento7. A audiência é contínua e pode ser interrompida por
motivos de força maior, por absoluta necessidade ou nos casos do n º 1 do artigo
607.º do CPC.

4ª fase: Sentença - artigo 607.º a 626.º CPC


No processo civil, o termo “sentença” designa o “acto pelo qual o juiz decide
a causa principal ou algum incidente que apresente a estrutura de uma causa”
(artigo 152º, nº 2, do CPC). Tal expressão abarca também, além da decisão
final dos procedimentos cautelares, o despacho saneador que conhece
imediatamente do mérito da causa, isto é, que aprecia o pedido ou algum dos
pedidos ou exceção perentória, nos termos do artigo 595º, nº1 al. b), do CPC.
No que diz respeito ao artigo 607.º CPC, respeitante à “sentença”, é um
acto que, após a audiência final, congrega tanto a decisão da matéria de facto,
como a respetiva integração jurídica.
A sentença, como os demais actos processuais, deve ser redigida em
português (artigo 133º, nº 1, do CPC), mas numa linguagem corrente e fluente
que, sem ser coloquial, permita a fácil compreensão do seu conteúdo.
No que concerne à matéria de facto provada, deve evidenciar, de forma
imediata, coerente e lógica, a realidade sob apreciação, o que de modo algum
se satisfaz com a colagem de diversos elementos que nem sequer internamente
se mostram ordenados. Tal como acontece com um puzzle, em que o encaixe
das peças se revela imprescindível à representação da imagem, também a
realidade que o Tribunal considera apurada apenas ganha sentido com a
ordenação dos diversos segmentos da matéria de facto. Ainda que se mantenha
o número de componentes, o amontoado de peças (ou o arrazoado de factos)

3
Vide artigo 362.º CC e artigo 423.º CPC.
4
Vide artigo 388.º CC e artigo 467.º CPC.
5
Vide artigo 390.º CC e artigo 490.º CPC.
6
Vide artigo 495.º CPC.
7
Nos termos do disposto do nº 1 do artigo 606.º do CPC e artigo 206.º da CRP.
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não permite perceber a imagem (ou a realidade) em que se integra cada um dos
elementos. Acresce que determinados segmentos da matéria de facto apenas
revelam o seu verdadeiro sentido depois de contextualizados, atendendo, por
um lado, ao modo como foram alegados e, por outro, aos motivos por que foram
considerados provados. Com facilidade se encontram exemplos de uma
deficiente metodologia na elaboração de decisões judiciais, designadamente em
ações de responsabilidade civil por acidente de viação, em que é usual a mera
transcrição dos factos assentes, seguida de outros que decorrem da alegação
do autor e do réu, uns relativos às circunstancias do acidente, outros aos
diversos danos invocados, numa amálgama dificilmente decifrável. Nestas e
noutras situações, só uma ordenação lógica e coerente da matéria de facto
permite percecionar a realidade que esta em causa, tarefa que, uma vez
executada, facilita a sua integração jurídica. A sentença pode ser proferida
oralmente, no final da audiência de julgamento, ficando gravada, nos termos dos
artigos 155º, nº 1, e 153º, nº 3, opção que se revela especialmente eficiente nos
casos mais simples.
Um dos segmentos principais da sentença deve reportar o resultado da
convicção formada pelo juiz relativamente à matéria abarcada pelos “temas de
prova”, em resultado da apreciação dos meios de prova que foram produzidos
na audiência final ou da análise do processado. O julgamento da matéria de facto
provada e não provada será o resultado de dois processos decisórios
submetidos a regimes diversificados. Determinados meios de prova não
consentem qualquer margem de apreciação, gozando de força probatória plena.
Assim ocorre com a confissão que a lei admita (artigos 354º e 358º do CC) e
com os documentos autênticos, autenticados e mesmo particulares, nos termos
que estão regulados nos artigos 371, nº 1, e 376º, n º 1, do CC.
A força probatória plena equivalente à confissão acompanha também os
factos relativamente aos quais exista acordo expresso ou tácito das partes, nos
termos dos artigos 574º, nºs 2 e 3, e 587º, nº1, do CPC.
Nestes casos, os factos que encontrem em tais meios de prova força plena
terão de ser obrigatoriamente assumidos pelo juiz, sem que possam ser
informados por outro género de provas (testemunhas, perícias ou presunções
judiciais). E numa outra perspetiva, acautelada no artigo 607º, nº 5, também é
vedado ao juiz declarar provados determinados factos para os quais a lei exija
determinada formalidade especial ou por documentos sem que essa exigência
legal se mostre satisfeita. Fora destas situações vigora o princípio da livre
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apreciação, nos termos do qual o juiz aprecia os meios de prova segundo a sua
prudente convicção, aplicando no exercício desse múnus as legis artis
adequadas (nº 5 do artigo 607º). Tal revela-se especialmente relevante no que
concerne à prova testemunhal (com as exceções previstas nos artigos 393º a
395º do CC), à prova por declarações de parte (artigo 466º, nº 3 do CPC), à
prova pericial (em que esse principio expresso no artigo 389º do CC, deve ser
usado cum granu salis), à prova por inspeção judicial e por verificação não
judicial qualificada (nos termos do artigo 391º do CC e do artigo 494º,nº 3, do
CPC) e à prova por presunções que sofre as limitações previstas para a prova
testemunhal (artigo 351º do CC). No que concerne à decisão sobre a matéria
de facto provada ou não provada, não será indiferente nem o modo como as
partes exerceram o seu ónus de alegação, nem a forma como o juiz, na
audiência prévia ou em despacho autónomo, enunciou os temas da prova.
Quanto ao ónus de alegação cumpre destacar o artigo 5º, nº 1 do CPC, devendo
o autor e o réu concentrar-se nos factos essenciais que constituem a causa de
pedir ou em que se baseiam as exceções invocadas (a que deve acrescer a
alegação, ainda que não preclusiva, dos respetivos factos complementares),
sem excessiva preocupação pelos factos instrumentais, já que estes poderão ser
livremente discutidos na audiência final.
Naturalmente o ónus de alegação exerce influência na enunciação dos
temas da prova que deverão ter por base os fundamentos de facto da acção e
da defesa, sem que essa vinculação leve ao extremo (revelado pela pratica
anterior) de inserir toda a factualidade alegada (e controvertida) só porque foi
alegada. A matéria de facto provada deve ser descrita pelo juiz de forma mais
fluente. Se por opção, por conveniência ou por necessidade, nos temas de prova
se inscreveram factos simples, a decisão será o reflexo da convicção formada
sobre tais factos convertida num relato natural da realidade fixada.
Já quando porventura se tenha optado por proposições de carácter mais
abrangente ou de pendor mais genérico ou conclusivo, mas que permitam
delimitar e compreender a matéria de facto que é relevante para a resolução do
concreto litigio, poderá justificar-se um maior labor na sua concretização,
seguindo um critério funcional que atenda às necessidades do concreto litigio,
desde que, como é natural, seja respeitada a correspondência com a prova que
foi produzida e bem assim os limites materiais da acção e da defesa.

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5ª fase: Recursos – artigo 627.º a 702.º CPC


• Prazo – artigo 638.º, 644.º/2, 673.º e 677.º do CPC, são de 30 dias e de
15 dias para processos urgentes;
• Apelação – artigo 644.º do CPC ou de Revista - artigo 671.º do CPC;
• Extraordinários: uniformização - artigo 688.º do CPC e de revisão - artigo
696.º do CPC;
• Incidente da instância – artigo 292.º do CPC;
• Habilitação – artigo 351.º do CPC
*******************************************************************************************
2º trabalho: investigação de um acórdão: tramitação, PI que não foi
admitida, a contestação que não foi admitida por falta de documento. Acórdão
de 26.10.2017, conteúdo da contestação: defesa da contestação. Pedido: RO
instaura uma ação declarativa de condenação com processo comum – ação de
honorários contra J.A. e A.A. pedindo que sejam os réus condenados a pagar-
lhe a quantia de €5.173,25. Abel Matinhos – 20140152, Joana Conceição-
30003646, Maria Filipe – 30003513, Mário Ramires – 20090427 e Ricardo Dias
– 20130380.
*******************************************************************************************
17.10.2019 – professor Trovão do Rosário
Abaixo resumos das tarefas que temos de executar nas próximas semana.
Prática Jurídica Interdisciplinar – Prof. Trovão
Tarefa: duas atividades:
O desenvolvimento de minuta de contrato promessa de compra e venda
de imóvel, com base nos dados fornecidos na aula e que anexo a este e-mail,
esta minuta deve conter os clausulados considerados relevantes;

Apresentação na aula da próxima 5ª feira, 24/10;


Grupos:
1. Para a tarefa descrita devemos constituir-nos em grupos de até
ao máximo de 5 elementos;
2. A constituição destes grupos deve ser-me enviada por e-mail até
ao final do dia do próximo Domingo;
3. As minutas dos trabalhos devem também ser-me enviadas por e-
mail após o que enviarei todos os trabalhos ao Prof. Trovão até à próxima 3ª
feira, 22/10 – recordando a forma de funcionamento do Professor, imagino que
o limite de tempo para entrega deverá ser no email dele até às 23h59, pelo que
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peço o favor de terem isso em consideração e me enviarem os documentos o


mais tardar até às 23h30 do dia em questão. Atenção: de acordo com a
informação do Prof. Trovão os grupos constituídos para esta tarefa manter-se-
ão até ao final do semestre para todas as tarefas que nos sejam solicitadas nesta
Unidade Curricular.

Prática Jurídica Interdisciplinar – Profª. Ana Paula


▪ Resumo das fases do processo civil (feito na aula de ontem);
▪ Identificação de um acórdão em que o Tribunal não admita “algo” de uma
dessas fases do processo civil – ex: recusa de petição inicial, de contestação, de
prova, etc.
▪ Apresentação na aula do próximo dia 23/10, do resumo acima referido e
de uma breve descrição do acórdão identificado;
Atenção: estas apresentações serão efetuadas pelos grupos tal como se
constituíram na aula de ontem (16/10).
*******************************************************************************************
O contrato de promessa é uma convenção pela qual alguém se obriga a
celebrar determinado contrato, sendo o seu regime regulado pelo artigo 410.ºss
do Código Civil. Está-se perante uma obrigação que tem por objecto uma
prestação de facto positivo – os contraentes obrigam-se a celebrar
oportunamente, o contrato que, de momento não podem ou não querem
celebrar. Trata-se em suma, de um contrato que cria a obrigação de contratar.
Importa averiguar quais os elementos essenciais a um contrato-promessa.
Desde logo, os elementos do contrato-promessa são, em principio os de
qualquer outro contrato. Assim, para ser válido tem de reunir os seguintes
elementos: capacidade das partes, mútuo acordo e o objeto possível.
Para além destes requisitos que podemos considerar genéricos, o
contrato-promessa, deve conter também os elementos essenciais do contrato
prometido, ou estabelecer o critério da sua determinação.
É que, só assim se pode saber em que consiste a obrigação que as partes
assumiram. Trata-se do princípio da equiparação, ao qual a lei - artigo 410.º do
Código Civil – abre duas exceções:
I. Uma respeitante à forma;
II. Outra respeitante às disposições que, pela sua razão de ser, se não
podem considerar extensivas ao contrato-promessa;

12 | P á g i n a
PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

A maior parte dos contratos-promessa que se celebram respeitam a


imóveis (compra e venda de edifícios ou frações autónomas). Vejamos, pois, os
requisitos que a lei impõe para que tais contratos sejam válidos.
Nos termos do nº 3 do artigo 410.º do Código Civil, «no caso de promessa
relativa à celebração de contrato onerosos, de transmissão de direito real sobre
o edifício ou fração autónoma dele, já construído, em construção ou a construir,
o documento (…) deve conter o reconhecimento presencial da assinatura do
promitente ou promitentes e a certificação, pelo notário, da existência da licença
respetiva de utilização ou de construção».
É certo que, ainda segundo o disposto no citado normativo legal «… o
contraente promete transmitir ou constituir o direito só pode invocar a omissão
destes requisitos quando a mesma tenha sido culposamente causada pela outra
parte». E, nos termos do artigo 220.º do CC, a inobservância da forma legal
prescrita determina a nulidade do contrato celebrado. Atendendo ao disposto na
segunda parte do nº 3 do artigo 410.º do Código Civil, a posição do
promitente vendedor está menos acautelada, por terá que provar que a omissão
dos requisitos é imputável ao promitente comprador. O único problema reside,
então, na impossibilidade de utilizar o contrato-promessa celebrado sem
observância das formalidades legais, para vir, mais tarde, pedir a execução
específica do contrato. Nos termos do artigo 830.º do Código Civil «Se alguém
se tiver obrigado a celebrar certo contrato e não cumprir a promessa, pode a
outra parte, na falta de convenção em contrário, obter sentença que produza os
efeitos da declaração negocial do faltoso, sempre que a isso não se oponha a
natureza da obrigação assumida». Convêm realçar que um aspeto que tem
dividido a doutrina e a jurisprudência é o facto de ser ou não possível a execução
especifica do contrato-promessa, tendo no mesmo sido estipulado um sinal.
Na verdade, nos termos do nº 2 do artigo 830.º do Código Civil, entende-
se haver convenção em contrário (que impede a execução especifica), se existir
sinal. Mas, o artigo 442.º do mesmo diploma, que regulamenta a disciplina do
sinal, estatui que o contraente não faltoso pode requerer a execução especifica
do contrato nos termos do artigo 830.º do Código Civil.
Porém, não se olvide o estatuído no artigo 441.º do CC.
Segundo este normativo “No contrato-promessa de compra e venda
presume-se que tem carácter de sinal toda a quantia entregue pelo promitente-
comprador ao promitente-vendedor, ainda que a título de antecipação ou
princípio de pagamento do preço”. Este é, em termos muito gerais, o regime legal
13 | P á g i n a
PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

do contrato-promessa. Trata-se de uma área muito «movediça» em que não há,


ainda um entendimento uniforme no que concerne aos problemas que o contrato
de promessa levanta, com especial relevância relativamente aos contratos
promessa sobre imóveis. É certo que a prática corrente é celebrarem-se os
contratos-promessa mediante simples escrito particular – documento apenas
assinado pelos promitentes. Na verdade, a observância da formalidade prescrita
na lei, isto é, a ida ao notário, implica o pagamento de emolumentos e de imposto
selo. Importa, ainda realçar que se entende que as promessas de compra e
venda de imóveis estão sujeitas a imposto logo que verificado a tradição para o
promitente comprador. E, basta ter havido uma transferência da posse, para se
considerar verificada a tradição.
*******************************************************************************************
Perante uma situação de direito civil, alguém se dirige com esta pretensão
a realização de um negócio relativo ao imóvel misto, o mesmo tem um artigo
urbano e um artigo misto.
«««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««
Contrato de promessa compra e venda:
Dados: Imóvel misto, com artigo urbano 99 e artigo rústico 88-B, descrito
na Conservatória do Registo Predial de Beja sob a Descrição X.
Preço: €500.000,00;
Sinal: 10% do preço da venda;
Compradora: uma sociedade comercial por quotas, a PJI, Lda., com sede
no Porto e vendedora a Senhora D. Balbina dos Prazeres, casada em comunhão
de adquiridos com o senhor Ambrósio, residentes na Amadora.
A posse já é transmitida.
Data da escritura: 10 de novembro de 2019.
«««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««««
Contrato-Promessa de Compra e Venda de PRÉDIO MISTO
Entre BALBINA DOS PRAZERES, natural da Freguesia de ....., concelho
de ....., portador do Cartão de Cidadão nº ........, com validade até....., emitido
pela República Portuguesa, Contribuinte Fiscal nº....., residente na Rua......,
freguesia da Amadora, concelho de Lisboa, casada, no regime de comunhão de
adquiridos, com AMBRÓSIO CONTENTE, portador do Cartão de Cidadão nº
........, com validade até....., emitido pela República Portuguesa, Contribuinte
Fiscal nº.... e residente na mesma morada, adiante designados por
PROMITENTES-VENDEDORES,
14 | P á g i n a
PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

E,
PIJ, LDA., Sociedade comercial por quotas, com o capital social de Euros
......, matriculada na Conservatória do Registo Comercial de ....., sob o nº...,
inscrita como Pessoa Coletiva com o nº ......., contribuinte nº...., com sede no
Porto, aqui representada por ...... (identificação).... e
Adiante designada por PROMITENTES-COMPRADORES,
É celebrado o presente Contrato-Promessa de Compra e Venda de Fração
Autónoma, nos termos e condições constantes das cláusulas seguintes:

1. Os PROMITENTES-VENDEDORES são donos e legítimos possuidores
da fração autónoma, que corresponde ao 2º andar direito do prédio rústico e
urbano sito na Rua .............., em Beja, descrito na Conservatória do Registo
Predial de Beja, sob o nº X e inscrito na matriz predial urbana, sob o art.º 99, e
na matriz rural, sob o art.º 88-B, com a Licença de Habitação nº ......., emitido
em......, pela Câmara Municipal de ...........
2. Os PROMITENTES-COMPRADORES declaram que, previamente à
assinatura do presente Contrato-Promessa, visitaram a fração, pelo que
conhecem o estado físico, construtivo e urbanístico da mesma.

Os PROMITENTES-VENDEDORES prometem vender aos
PROMITENTES-COMPRADORES, e estes prometem comprar a referida fração,
no estado de conservação em que atualmente se encontra.

Esta venda é feita livre de quaisquer ónus, encargos ou responsabilidades,
totalmente devoluto e sem qualquer vínculo contratual ou de qualquer outra
espécie.

O preço acordado para a referida Compra e Venda é de € 500.000,00
(quinhentos mil euros) a ser pago do seguinte modo:
a) Por conta desse preço, a título simbólico de sinal e princípio de
pagamento, com a assinatura do presente Contrato-Promessa de Compra e
Venda, os PROMITENTES-COMPRADORES entregaram aos PROMITENTES-
VENDEDORES a quantia de € 50.000,00 (cinquenta mil euros).
b) O remanescente do preço, no valor € 450.000,00 (quatrocentos e
cinquenta mil euros), será pago no ato da escritura pública de compra e venda.

15 | P á g i n a
PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE


1. A escritura pública de compra e venda a celebrar em nome dos
PROMITENTES-COMPRADORES, deverá ser celebrada na Conservatória do
Registo Predial de Beja, no dia 10 de novembro de 2019, altura em que os
PROMITENTES-VENDEDORES deverão entregar a fração, devoluta de
pessoas e bens.
2. Para os efeitos do disposto no número anterior, os PROMITENTES-
COMPRADORES deverão comunicar aos PROMITENTES-VENDEDORES, a
hora da realização da escritura de compra e venda.

São da conta dos PROMITENTES-COMPRADORES todas as despesas
inerentes a esta compra e venda, incluindo as de registos, escritura e IMT, se a
ele houver lugar.

Se, em caso de impedimento legal, devidamente comprovado, o negócio
não puder ser realizado o sinal entregue será devolvido em singelo, não havendo
lugar a qualquer indemnização, seja a que título for.

1. Em caso de incumprimento do presente Contrato-Promessa por causa
imputável aos PROMITENTES-COMPRADORES, os PROMITENTES-
VENDEDORES poderão fazer suas as quantias recebidas.
2. Em caso de incumprimento do presente Contrato-Promessa por causa
imputável aos PROMITENTES-VENDEDORES, os PROMITENTES-
COMPRADORES terão direito à restituição da quantia paga, em dobro.
3. As partes, não obstante a existência de um sinal simbólico, acordam, em
alternativa, optar pela Execução-Específica do Contrato, nos termos do artigo
830.º do Código Civil e demais legislação aplicável.

Para qualquer questão emergente de interpretação, integração e execução
do presente Contrato-Promessa de Compra e Venda, as Partes acordam que
será exclusivamente competente o foro da Comarca de Beja, com renúncia
expressa a qualquer outro.
Feito em duplicado, ficando um exemplar na possa dos PROMITENTES-
COMPRADORES, e outro, na posse dos PROMITENTES-VENDEDORES.
Lisboa, 19 de outubro de 2019.
OS PROMITENTES-VENDEDORES
16 | P á g i n a
PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

OS PROMITENTES-COMPRADORES

06.11.2019 – 4ª feira
Boa noite,
Alguns esclarecimentos adicionais em relação ao trabalho pedido pela
Professora Ana Paula:
• Cada grupo deverá escolher um acórdão sobre o princípio atribuído pela
Professora.
• Esse acórdão deve ser levado para a próxima aula (próxima 4ª), onde
será trabalhado pelo grupo;
• O objetivo é posteriormente, em aula a indicar, cada grupo apresentar o
acórdão e o princípio que lhe foi atribuído. Para esse efeito dispõe cada grupo
de 5m.
*******************************************************************************************
07.11.2019 – 5ª feira – Professor Pedro Trovão
13.11.2019 – 4ª FEIRA
Os princípios do Processo civil
O processo civil engloba um conjunto de actos e formalidades que tem que
ser observadas desde o momento e que se dá entrada da ação em tribunal, até
ao momento e quem é proferida a decisão final, de uma forma definitiva, caso
contrário tem sempre possibilidade de recurso.
Os princípios do processo civil em que toda a pessoa tem direito, em plena
igualdade, a que a sua causa seja julgada por um tribunal independente e
imparcial, que decida dos seus direitos e obrigações, em matéria de direito civil,
ou das razões de qualquer acusação que contra si seja feita, em matéria penal8.
O principio de proibição de autodefesa presente no artigo 1.º do CPC e
no 336.º, nº 1 do CC é ilícito o recurso à força com fim de assegurar ou realizar
o próprio direito, quando a ação directa for indispensável, pela impossibilidade
de recorrer em tempo útil aos meios coercivos normais para evitar a inutilização
prática desse direito.
O principio de garantia de acesso aos tribunais artigo 2.º do CPC e
artigo 20.º da CRP a todo o direito, exceto quando a lei o determine o contrario
corresponde a ação adequada a fazer reconhecer em juízo. Posto isto a todos é
reconhecido o acesso aos tribunais e a fazer reconhecer um direito em juiz.

8
Vide artigo 2.º e nº 1 do artigo 20.º da CRP.
17 | P á g i n a
PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

O artigo 3.º do CPC, apresenta dois princípios o principio da necessidade


do pedido, isto é, o principio do dispositivo, e por outro lado o principio do
contraditório. Em primeiro lugar o processo só tem inicio por força do impulso do
autor ao formular o respetivo pedido. A iniciativa nunca poderá pertencer ao juiz,
são as pontes que através do pedido (do autor ou reconvinte) circunscrevem o
thema decidendum. As legislações atuais consagram o principio do dispositivo
com certas limitações imposta pela necessidade de salvaguardar a verdade
material em detrimento da forma e eficácia dos meios processuais. Se por um
lado, o tribunal não pode resolver um litigio sem que lhe seja pedido por uma das
partes por outro lado igualmente não pode resolver sem que a outra parte seja
devidamente chamada para deduzir oposição ou seja principio do opositório ou
da contradição.
O principio da igualdade de partes9 em que ambas as partes devem ser
consideradas como detentoras dos mesmos direitos e oneradas como os
mesmos deveres, encontrando-se numa oposição de plena paridade entre si e
perante o tribunal. Posto isto terão idênticas possibilidades de alcançar a justiça
a que tem direito. Estando ligado ao principio da igualdade10, dispondo do
preceito que os cidadãos têm a mesma dignidade e são iguais perante a lei. O
principio da igualdade das partes e do contraditório estão intimamente
associados: com o efeito a segunda deriva do primeiro e assegurará um
tratamento igualitário entre as partes num processo daí que ambos os princípios
assim conexionados derivam assim em ultima instância do principio do estado
de direito encerrando uma particular garantia de imparcialidade perante as
partes.
O principio do dever de gestão processual, diz-nos que cumpre ao juiz
sem prejuízo do ónus do impulso, dirigir ativamente o processo e providenciar “o
seu andamento célere” adotando mecanismos de simplificação e agilização
processual que garanta a justa composição do litigio em prazo razoável. Posto
isto o artigo 6.º do CPC, apresenta também outro principio, o principio do prazo
razoável e o principio de dever de gestão processual vigoram em todo o
processo.
Princípio da Boa-fé Processual11, “as partes devem agir de boa-fé e
observar os deveres de cooperação resultantes do preceituado no artigo

9
Conforme o artigo 6.º do CPC.
10
Conforme o nº 1 do artigo 13.º da CRP.
11
Nos termos do artigo 8.º do CPC.
18 | P á g i n a
PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

anterior.” O conceito normativo de boa-fé é utilizado pelo legislador em dois


sentidos distintos: no sentido de boa fé objetiva, enquanto norma de conduta, ou
seja, no plano dos princípios normativos, como base orientadora e fundamento
de efetivas soluções reguladoras dos conflitos de interesses, alcançadas através
da densificação, concretização e preenchimento pelos Tribunais desta cláusula
geral; e no sentido de boa fé subjetiva ou psicológica, isto é, como consciência
ou convicção justificada de se adotar um comportamento conforme ao direito e
respetivas exigências éticas. Em litígio visando a efetivação da responsabilidade
civil do tomador de seguro, originada pela prestação culposa, aquando da
participação de sinistro, de declarações inexatas - decisivas para apurar da
cobertura efetiva do risco - o que essencialmente releva é o plano da boa fé
objetiva, sendo necessário determinar, por preenchimento e densificação da
referida cláusula geral, se o comportamento do recorrente consubstanciado nos
factos provados, viola ou não os ditames da boa fé objetiva, tal como devem ser
concretizados no âmbito da específica relação contratual – contrato de seguro
de acidentes de trabalho na modalidade de prémio variável, mediante inclusão
dos trabalhadores nas folhas de férias remetidas à seguradora –
independentemente da existência de dolo ou intenção de prejudicar por parte do
tomador de seguro. Ao incluir nas folhas de salários remetidas à seguradora
alguém que nunca fora seu trabalhador e a quem nunca havia pago qualquer
salário – como resulta cabalmente do reconhecimento confessório constante da
carta, remetida à seguradora no âmbito do procedimento de averiguações
posterior ao momento em que esta havia assumido inicialmente as suas
responsabilidades, com base na declaração inverídica apresentada logo após o
acidente laboral – violou o tomador de seguro um fundamental dever de exatidão
e verdade, decorrente do princípio da boa-fé objetiva no cumprimento do contrato
de seguro, devendo, consequentemente, responder civilmente pelos danos
causados culposamente à contraparte.
Princípio do Dever de Recíproca Correção12, “ 1 - Todos os
intervenientes no processo devem agir em conformidade com um dever de
recíproca correção, pautando-se as relações entre advogados e magistrados por
um especial dever de urbanidade. 2 - Nenhuma das partes deve usar, nos seus
escritos ou alegações orais, expressões desnecessária ou injustificadamente
ofensivas da honra ou do bom nome da outra, ou do respeito devido às

12
Nos termos do artigo 9.º (artigo 266.º-B CPC 1961).
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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

instituições.” O uso de expressões que, à luz do senso comum, veiculem uma


ideia de insanidade mental e de desonestidade intelectual de quem é parte num
processo, atenta contra a sua honra e pode deslustrar, perante terceiros que
disso tomem conhecimento, a consideração que o visado lhes merece. Constitui,
pois, uma ofensa à integridade moral do visado, cuja ilicitude é declarada no
artigo 26.º da CRP e no artigo 70.º do CC, sendo, verificados que estejam os
demais pressupostos, uma fonte idónea de responsabilidade civil. O facto de a
utilização destas expressões ocorrer num processo judicial, em sede de defesa
da posição processual de uma das partes, não é, por si só, bastante para
desresponsabilizar o advogado que delas faz uso, já que o CPC, nos seus artigos
9.º, nº 2 e 150.º, nº 2, proíbem e caraterizam como ofensa ao dever de recíproca
correção o uso desnecessário ou injustificado de expressões desse juiz. Impõe-
se, pois, determinar, através da averiguação dos pertinentes factos, se o uso de
tais dizeres, objetivamente ofensivos da honra e consideração daquele a quem
se referem, configurando, em princípio, um ato ilícito, assim não deve ser
considerado por se mostrar justificado e indispensável à defesa da parte que os
utiliza.
Princípio da Limitação dos Atos 13, “Não é lícito realizar no processo atos
inúteis.” Por atos Inúteis, entendem-se os atos simples e percetíveis que se
destinam ao fim que pretendem atingir. Inúteis no sentindo de “ganhar tempo”,
isto é, a economia processual. O princípio da economia processual, está
presente em muitas das orientações processuais. Este princípio consiste em
procurar obter o máximo resultado da atividade processual desenvolvida. Por
outras palavras, procura-se que, com o menor esforço processual possível, se
alcance a resolução do máximo de litígios. Para alcançar um determinado
resultado processual devem utilizar-se os meios necessários e não mais que
esses. Deste modo, pretende-se reduzir o número de processos (é a ideia que
preside), e evitar os atos e formalidades desnecessárias. O artigo 130.º proíbe a
realização de atos inúteis. Por sua vez, o artigo 131.º determina que os atos
processuais têm a forma que, nos termos mais simples, melhor corresponda ao
fim que visam atingir. O artigo 130.º reproduz a 1ª parte do anterior artigo 137.º,
tendo disso eliminada a respetiva 2ª parte, que consignava incorrem em
responsabilidade disciplinar os funcionários que os praticassem. A eliminação da
2ª parte do anterior artigo 137.º, não significa que os funcionários que pratiquem

13
Conforme o disposto artigo 130.º do CPC (artigo 137.º CPC 1961).
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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

no processo atos inúteis deixem de incorrer em responsabilidade disciplinar.


Significa apenas que essa responsabilidade, como ilícito disciplinar que é, será
apreciada pelo Conselho dos Oficiais de Justiça (COJ), sob participação de
quem nisso tiver interesse. A lei processual não autonomiza da sanção de
ilegalidade a inutilidade dos despachos judiciais por via do disposto no artigo
137.º do CPC, nem estabelece a sua nulidade em razão dela, que só pode
ocorrer em razão da verificação de algumas causas previstas no artigo 668.º nº
1, do CPC. É nulo por constituir ato que a lei proíbe, o despacho invocando
reponderação de jurisprudência de tribunal superior e o disposto no artigo 137.º
do CPC, declara sem efeito decisão anterior de que havia sido interposto recurso
e declara este superveniente inútil. No sentido de constituir um ato
manifestamente inútil, deve-se analisar a impugnação da decisão sobre a
matéria de facto se os factos impugnados não tiverem qualquer relevância para
a decisão da causa.
Princípio da Publicidade do Processo14, “1 - O processo civil é público,
salvas as restrições previstas na lei. 2 - A publicidade do processo implica o
direito de exame e consulta do processo por via eletrónica, nos termos definidos
na portaria prevista no n.º 2 do artigo 132.º, e na secretaria, bem como o de
obtenção de cópias ou certidões de quaisquer peças nele incorporadas, pelas
partes, por qualquer pessoa capaz de exercer o mandato judicial ou por quem
nisso revele interesse atendível. A publicidade do processo é um princípio que
deve ser respeitado, não podendo a lei restringi-lo ou cerceá-lo. Este tem como
finalidade mostrar que o processo é justo, não tendo, por isso, nada a esconder.
Possibilita-se, assim, a fiscalização dos trabalhos efetuados durante a tramitação
processual. Todos os atos processuais devem ser públicos: as audiências, as
intimações, os julgamentos, os próprios autos etc. devem estar disponíveis a
todos mediante amplo acesso e informação. Porém, quando o interesse público
ou a intimidade exigirem, pode o processo dispensar a sua publicidade,
tramitando em segredo de justiça, conforme preceitua o artigo 164.º nº 1 do CPC,
(1 - O acesso aos autos é limitado nos casos em que a divulgação do seu
conteúdo possa causar dano à dignidade das pessoas, à intimidade da vida
privada ou familiar ou à moral pública, ou pôr em causa a eficácia da decisão a
proferir). Nestes casos, o segredo alcança somente terceiros estranhos ao
processo. As partes e os procuradores envolvidos na causa continuam a dispor

14
Conforme as disposições no artigo 163.º do CPC.
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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

de toda a informação e publicidade necessária à observância do processo legal.


Revela-se uma opção legislativa amparada pela proporcionalidade (a intimidade
ou o interesse público devem ser preservados em detrimento da publicidade).
Princípio da Estabilidade da Instância15, citado o réu, a instância deve
manter-se a mesma quanto às pessoas, ao pedido e à causa de pedir, salvas as
possibilidades de modificação consignadas na lei. O texto atual reproduz, sem
alterações, o anterior artigo 268.º do CPC. De entre os principais desvios ao
princípio da estabilidade da instância contam-se as modificações subjetivas da
instância previstas nos artigos 351.º e ss., 356.º, 311.º e ss., 261.º nº1 e 266.º
nº4 e as modificações objetivas da instância reguladas nos artigos 264.º, 265.º,
590.º, 591.º nº1 e 588.º.
O Princípio da preclusão constitui um dos princípios fundamentais do
processo civil, impondo que os atos das partes – máxime a dedução dos
fundamentos da ação e dos meios de defesa – sejam formulados todos de uma
vez e no ciclo processual próprio.
O princípio da estabilidade da instância significa que, estabilizada a
instância, esta deve, em princípio, manter-se a mesma quanto às pessoas,
objeto ou pedido e causa de pedir. Todavia, o facto de o pedido ser estabilizado,
de não poder ser alterado pelo autor, não implica que o juiz tenha e o acolher ou
acatar.
Principio do Inquisitório16, muito embora o processo seja iniciado pelo
autor, incumbe ao juiz “realizar ou ordenar, mesmo oficiosamente, todas as
diligências necessárias ao apuramento da verdade e à justa composição do
litígio, quanto aos factos de que lhe é licito conhecer”. Por força desta última
norma, atribui-se agora ao tribunal um poder-dever de indagação e recolha de
prova relativamente aos factos sujeitos à sua apreciação. Pode dizer-se que as
novas opções legislativas têm sido orientadas no sentido de dar prevalência a
diferentes objetivos. É por isso que o principio do dispositivo tem atualmente
certas limitações impostas pela necessidade de salvaguardar a verdade
material, em detrimento da forma, e ainda com o objetivo de imprimir maior
celeridade e eficácia aos meios processuais. Equivale a dizer que o principio do
inquisitório tem vindo a conquistar gradualmente uma evolução relativamente ao
principio do dispositivo. Embora o impulso processual pertence as partes,
cumpre ao juiz providenciar pelo andamento regular e célere do processo,

15
Nos termos do artigo 260.º do CPC (artigo 268.º CPC 1961).
16
Conforme as disposições do artigo 411.º do CPC.
22 | P á g i n a
PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

promovendo oficiosamente as diligências necessárias ao normal


prosseguimento da ação e recusando o que for impertinente ou meramente
dilatório; o juiz deve ainda suprir a falta de pressupostos processuais cuja
sanação seja possível, determinar a pratica dos atos necessários à regularização
da instância ou, quando a sanação dependa de certo ato que deva ser praticado
pelas partes, convidando estas a praticá-lo – artigo 6.º, n.º 1 e 2. Por outro lado,
deve o juiz adotar a tramitação processual adequa às especificidades da causa
e adaptar o conteúdo e a forma dos atos processuais ao fim que visam atingir,
assegurando um processo equitativo – artigo 547.º. Incumbe ao juiz convidar ao
suprimento das insuficiências ou imprecisões na exposição ou concretização da
matéria de facto alegada, concedendo prazo para apresentação de novo
articulado – artigo 590.º, nº 4. Por sua iniciativa ou a requerimento de qualquer
das partes, o juiz pode requisitar informações, pareceres técnicos, plantas,
fotografias, desenhos, objetos ou outros documentos necessários ao
esclarecimento da verdade – artigo 487.º, nº 2. O juiz pode incumbir um técnico
ou pessoa qualificada de proceder aos atos de inspeção de coisas ou locais ou
de reconstituição de factos – artigo 494.º, nº 1. O tribunal pode, no decurso da
ação, inquirir pessoa não oferecida como testemunha, tendo em vista a boa
decisão da causa – artigo 526.º, nº 1. Em suma, o principio do dispositivo manter-
se-á no que diz respeito aos pontos essenciais, por forma a que a intervenção
do juiz não deixe de evidenciar o natural distanciamento relativamente à
estratégia das partes. Por outro lado, não pode deixar de ser atribuída às partes
a responsabilização pelo êxito das posições que defendem no processo. O que
se passa no âmbito do processo civil é diferente do que se passa no domínio do
processo penal, visto que neste caso o Estado detém o jus puniendi e, por isso,
cabe-lhe não só a iniciativa de instaurar a ação penal, como também tem o ónus
de averiguar oficiosamente os factos que interessam ao apuramento da verdade.
Principio da Preclusão17, este principio articula-se com o principio do
dispositivo e o principio da autorresponsabilização das partes (o principio da
preclusão). É por força do principio do dispositivo que sobre as partes incide um
ónus de alegação e de impugnação, mas é nos termos do principio da preclusão
que vamos encontrar o momento exato até ao qual as partes devem fazer essa
alegação. Ora, sendo o processo uma sequência de atos organizados,
determina-se que sejam estabelecidos ciclos e fases dentro das quais esses

17
Nos termos do artigo 573.º do CPC.
23 | P á g i n a
PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

mesmos atos podem ser praticados. A preclusão significa que um ato que não
seja praticado no momento próprio já não poderá, em regra, ser posteriormente
praticado pelas partes. No processo, existem poderes e ónus das partes: os
poderes de alegação e de impugnação que, na verdade, por importarem
consequências desfavoráveis para quem deles não se faz valer, ficam
transformados em verdadeiros ónus. Se o exercício desses poderes deriva da
consagração do principio do dispositivo, a existência de ónus constitui já um
afloramento do principio da preclusão, ou seja, a inobservância de qualquer
destes ónus dá lugar a preclusões. O principio da preclusão encontra a sua ratio
em duas ordens de razões: em primeiro lugar, impõe que a conduta das partes
se desenvolva numa lógica de lealdade, de transparência e de boa-fé, estando
elas obrigadas desde logo a revelar todos os factos que conhecem e toda a
estratégia processual, sob pena de, mais tarde, não se poderem fazer valer de
determinados factos ou direitos por já ter terminado o momento processual
oportuno para o fazerem, em segundo lugar, o consagrado do principio da
preclusão resulta de um confronto entre dois outros princípios- o da verdade
material e o da celeridade-, tornando-se necessário dar prevalência ao último,
sob pena do processo não ver o seu fim se for permitido às partes entrar em
alegações sucessivas, conforme a causa se fosse desenrolado num sentido que
lhes fosse favorável ou desfavorável. É precisamente sobre o balanço entre
estes dois vetores que incidirá a presente dissertação, procurando-se, no
decurso da mesma, discernir exatamente qual o regime consagrado no CPC e
apurar se esse regime é o mais adequado à justa composição do litígio.
Principio da adequação formal18, no dever de gestão processual19,
podem considerar-se englobados não só o poder de direção do processo como
também o principio de adequação formal. Na verdade, são atribuídas ao juiz um
conjunto de faculdades que lhe permitem decidir o modo de tramitação do
processo, mas também o poder de praticar e mandar praticar os atos
considerados necessários para uma rápida e justa resolução do litígio. De acordo
com as diretivas previstas no nº 1 deste preceito, cumpre ao juiz, sem prejuízo
do ónus de impulso especialmente imposto pela lei às partes, dirigir ativamente
o processo e providenciar pelo seu andamento célere, promovendo
oficiosamente as diligências necessárias ao normal prosseguimento da ação,
recusando o que for impertinente ou meramente dilatório e, ouvidas as partes,

18
Nos termos do artigo 547.º do CPC.
19
Previsto no artigo 6.º do CPC.
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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

adotando os mecanismos de simplificação e agilização processual que garantam


a justa composição do litígio em prazo razoável. Atribuindo ao juiz a direção ativa
do processo, impõe-lhe o dever de organizar o trabalho do tribunal por forma a
que o litígio termine por uma resolução justa com a celeridade possível. Para
alcançar tal desiderato, o juiz deve praticar e mandar praticar os atos necessários
à simplificação e agilização do processo. Desde logo, decorre do que fica dito
que o juiz deve começar por não admitir que sejam praticados atos inúteis, os
quais são proibidos, pelo artigo130.º do CPC. A mesma razão que impede a
prática de atos inúteis, deve impedir igualmente a utilização de diligência
dilatórias. Como é do conhecimento comum, existe uma certa tendência para
lançar mão de algumas disposições processuais com a finalidade de agilizar a
justa solução do conflito. O dever de gestão processual não se confunde com o
principio de adequação formal. O Código de Processo Civil faz uma referência
autónoma à adequação formal adequada às especificidades da causa e adapte
o conteúdo e a forma dos atos processuais ao fim que visam atingir. A
adequação formal, a simplificação e agilização processual imposto dever de
gestão processual encontram-se coroadas em outras disposições,
nomeadamente nos seguintes preceitos legais: artigo 591.º, nº 1, alínea e); artigo
593.º, nº 2, alínea b); artigo 597.º, alínea d). A faculdade de que ora nos
ocupamos não se limita a atribuir o poder de simplificar e agilizar o processo,
pois, como resulta da própria expressão, impõe-lhe o dever de o fazer, desde
que respeite certos princípios processuais, nomeadamente o da igualdade das
partes e do contraditório que, aliás, o juiz nunca pode perder de vista. A
simplificação e agilização processual podem ser alcançadas também por outras
vias que não devem ser desprezadas. Nos termos do artigo 193.º do CPC, no
caso de erro na forma de processo ou no meio processual, é permitido- quanto
ao primeiro referido- a anulação apenas dos atos que não possam ser
aproveitados e - quanto ao segundo - deve o juiz corrigir oficiosamente o erro na
qualificação do meio processual utilizado pela parte, determinando que sejam
seguidos os termos processuais adequados. É ainda admissível a rectificação
de erros de cálculo ou de escrita, revelados no contexto da peça processual
apresentada – artigo 146.º, nº 1. Esta faculdade está em consonância com o que
prescreve o artigo 249.º do Código Civil acerca desses mesmos. Por sua vez, o
nº 2 do artigo 146.º permite, com algumas limitações, o suprimento ou correção
de vícios ou omissões puramente formais de atos praticados. A simplificação e
agilizando que se pretendem no âmbito do dever de gestão processual também
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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

se podem alcançar pela possibilidade que o juiz tem de programar, após audição
dos mandatários, os atos a realizar na audiência final, no âmbito da audiência
prévia – artigo 591.º, nº 1, alínea g), ou, quando a realização desta tenha sido
dispensada, nos termos do artigo 593º, nº 2, alínea d). A partir dessa
programação, compete-lhe dirigir os trabalhos e assegurar que estes decorrem
de acordo com a mesma- artigo 602.º, nº 2, alínea a). Findo os articulados, o juiz
pode determinar a junção de documentos com vista a permitir a apreciação de
exceções dilatórias ou o conhecimento, no todo ou em parte, do mérito da causa
no despacho saneador- artigo 590.º, nº 2, alínea c). Atendendo à natureza e
extensão dos temas de prova, pode o juiz admitir a inquirição de testemunhas
para além do limite previsto – artigo 511.º, nº 4. Com a mesma finalidade de
simplificar e agilizar, o juiz pode ordenar a apensação de ações, a requerimento
de qualquer das partes, nos termos do disposto no artigo 267.º o juiz pode
excecionalmente aplicar uma taxa de justiça sancionatória quando a ação,
oposição, requerimento, recurso, reclamação ou incidente seja manifestamente
improcedente e a parte não tenha agido com a prudência ou diligência devida –
artigo 531.º. Com fundamento no disposto no artigo 630.º, nº2, não é admissível
recurso das decisões de simplificação ou de agilização processual, proferidas
nos termos previstos no nº 1 do artigo 6.º, salvo se contenderem com os
princípios da igualdade e do contraditório, com a aquisição processual de factos
ou com a admissibilidade de meios probatórios.
Principio do valor extraprocessual das provas20, as condições de
admissibilidade do “valor extraprocessual das provas”, vêm previstas no artigo
421.º, nº 1 e 2 do CPC, designadamente e como o preceito indica, que os
depoimentos e perícias produzidos num processo com audiência contraditória
da parte podem ser invocados noutro processo contra a mesma parte, sem
prejuízo do disposto no nº 3 do artigo 355.º do Código Civil que nos dá como
exceições a confissão poder ser judicial ou extrajudicial; a confissão judicial é a
feita em juízo, competente ou não, mesmo quando arbitral, e ainda que o
processo seja de jurisdição voluntária. “A confissão feita num processo só vale
como judicial nesse processo; a realizada em qualquer procedimento preliminar
ou incidental só vale como confissão judicial na ação correspondente”. Porém, o
regime de produção da prova do primeiro processo de oferecer ás partes

20
Nos termos do artigo 421.º do CPC.
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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

garantias inferiores às do segundo, os depoimentos e perícias produzidos no


primeiro só valem no segundo como principio de prova.
O principio da livre apreciação das provas21, é um principio estruturante
no que toca ao tema da prova, pois está relacionado com o seu valor e com a
sua eficácia. No direito predomina a prova livre, em detrimento da prova legal,
de forma que, influenciado por essa corrente, o legislador consagra no CPC, o
chamado “sistema da prova livre”. Observada a letra da lei, é isso que dispõe o
artigo 607.º, nº 5, ao determinar que “o juiz aprecia livremente as provas segundo
a sua prudente convicção acerca de cada facto”. Está em causa a liberdade e
por outro lado, a vinculação do julgador no último momento do procedimento
probatório: a valoração da prova. O juiz, para formar o seu convencimento, deve
apreciar as provas livremente, segundo a sua prudente convicção e as regras de
experiência. Na apreciação da prova, o juiz deve valorar os elementos da prova
segundo critérios lógicos e dando fundamentação legal de sua decisão. Logo, o
que irá orientar o do julgador serão as circunstâncias e os factos constantes dos
autos. Assim, na apreciação da prova, a regra no processo civil é que a mesma
seja realizada, pelo tribunal, sem submissão a quaisquer regras a não ser as da
experiência, determinando, nesse sentido o já referido, nº 5 do artigo 607.º que
o juiz decida sobre a matéria de facto da causa de acordo com a sua prudente
convicção, formada pelo confronto dos vários meios de prova.
Cumpre referenciar as exceções em que o tribunal está vinculado ás provas
com força probatória preestabelecida na lei, nos termos e limites aí fixados; isto
é, nos casos de prova legal, em que a lei lhe impõe a conclusão a tirar de certo
meio de prova. Exemplos: prova por documentos autênticos (artigo 371.º, nº 1
do C.C.) ou particulares (artigo 376.º, nº1 do C.C.; bem como à confissão judicial
reduzida a escrito (artigo 358.º, nº 1 do C.C.), à confissão extrajudicial escrita
(artigo 358.º, nº 2 do C.C.) e às presunções legais stricto sensu (artigo 350.º do
C.C.). Fora dos suprarreferidos casos, as denominadas provas tarifadas, para
cada uma das quais a lei estabelece um valor racionalizado- tem plena aplicação
o principio da livre apreciação da prova, podendo o juiz determinar o valor
probatório de cada prova de acordo com a sua experiência de vida e não por
referência a formas legalmente prescritas- “as provas são valoradas livremente,
sem qualquer grau de hierarquização, nem preocupação do julgador quanto à
natureza de qualquer delas”. Assim, possibilita-se ao juiz um âmbito de

21
Conforme as disposições do artigo 607.º do CPC.
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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

discricionariedade na apreciação de cada uma das provas atendíveis que


suportam a decisão, sendo que, com tal previsão, não se pretende, de todo,
instaurar a irracionalidade ou arbitrariedade do juiz- pede-se-lhe antes que,
libertado da rigidez da prova legal, se guie pelas regras da ciência, da lógica e
da argumentação, para além de se encontrar sempre vinculado ao principio da
descoberta da verdade material.
Identificam-se, aqui, critérios racionais e objetivos, juízos de ilações e
inferências razoáveis, mas sempre de mera possibilidade. De facto, não se exige
do julgador uma convicção assente num juízo de suficiente probabilidade ou
verosimilhança. Portanto, o julgador produz um juízo positivo de prova quando,
em face dos instrumentos disponíveis, do seu conteúdo, consistência e
harmonia, se afigure aceitável à consciência de um cidadão medianamente
informado e esclarecido, que a realidade por eles indiciada se possa ter como
efetiva. Quando, por sua vez, no espirito do julgador se forma a dúvida sobre a
realidade dos factos a provar, o facto não pode ser dado como provado, devendo
ser decidido em prejuízo da parte onerada com a respetiva prova ou, na duvida
sobre a determinação desta, em prejuízo da parte onerada com a respetiva prova
ou, na dúvida sobre a determinação desta, em prejuízo da parte a quem o facto
aproveitaria, nos termos do artigo 414.º.
O princípio da publicidade e continuidade da audiência 22, as audiências
dos tribunais são públicas, salvo quando o próprio tribunal, em despacho
fundamentado, excluir essa publicidade para salvaguardar a dignidade das
pessoas e a moral pública ou para garantir o seu normal funcionamento 23. A
audiência final deve ser, com essas mesmas exceções, pública. Assim por
exemplo, numa ação sobre direitos patrimoniais não há, em regra, qualquer
motivo para que essa audiência não seja pública, mas numa ação de
investigação da paternidade ela poderá ser realizada sem acesso ao público. A
audiência final é contínua, só podendo ser interrompida por motivos de força
maior, por absoluta necessidade ou nos casos regulados na lei24. Se não for
possível concluí-la num dia, o Juiz marcará a sua continuação para o dia útil
imediato, ainda que compreendido em férias, e assim sucessivamente.

22
Nos termos do artigo 606.º do CPC.
23
Conforme o disposto no artigo 209.º da CRP, artigo 10.º da DUDH, artigo 14.º, nº 1 da PIDCP
e artigo 6.º da CEDH.
24
Nos termos do artigo 602.º e 606.º do CPC.
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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

O princípio da plenitude da assistência do Juiz 25, só podem intervir na


decisão da matéria de facto aqueles que tenham assistido a todos os atos de
instrução de discussão praticados na audiência final 26. Assim sendo a violação
desta regra tem por consequência e cuja a justificação é evidente, origina uma
nulidade processual27. Se durante a audiência, o Juiz falecer ou se impossibilitar
permanentemente, os atos já realizados são repetidos perante um Tribunal com
nova composição. Se a impossibilidade for temporária, interrompe-se a
audiência ou, se parecer mais aconselhável, repetem-se perante um novo
Tribunal os atos já praticados, o que é decidido sem recurso, em despacho
fundamentado pelo Juiz substituto28. Por outro lado, se o Juiz transferido,
promovido ou aposentado, conclui-se, que haja o julgamento antes da efetivação
dessa deslocação ou aposentação, exceto se esta se fundamentar na
incapacidade física, moral ou profissional para o exercício do cargo29.
O princípio da cooperação para a descoberta da verdade30, determina
que na condução e intervenção no processo, devem os magistrados, os
mandatários judiciais e as próprias partes cooperar entre si, concorrendo para
se obter, com brevidade e eficácia, a justa composição do litígio. Este principio
deve ser entendido como recíproco nas relações que se estabelecem entre as
partes e entre estas e o Tribunal, impondo-se a terceiros. O Juiz pode, em
qualquer altura do processo, ouvir as partes, seus representantes ou
mandatários, convidando-os a fornecer os esclarecimentos sobre a matéria de
facto ou de direito que se afigurem pertinentes e dando-lhes conhecimento à
outra parte dos resultados da diligência31. No entanto o dever de cooperação tem
como limites que legitimam que a pessoa se recuse a obedecer – os vêm
consagrados no nº 3 do artigo 417.º do CPC, conforme determina o nº 3 do artigo
7.º do CPC.
O princípio da aquisição processual32, segundo o qual a prova, uma vez
produzida, não pertence a nenhuma das partes do processo, sendo irrelevante
a sua autoria. Em razão do referido principio após a sua realização, a prova
passa a integrar o processo podendo, em tese, até mesmo prejudicar o seu

25
Nos termos do artigo 605.º do CPC.
26
Conforme disposto no artigo 605.º do CPC
27
Nos termos do nº 1 do artigo 195.º do CPC.
28
Vide nº 1 do artigo 605.º do CPC.
29
Conforme disposto nos nºs 2, 3 e 4 do artigo 605.º do CPC.
30
Nos termos dos artigos 7.º e 417.º do CPC e nº 8 do artigo 32.º da CRP.
31
Nos termos do nº 2 do artigo 7.º do CPC.
32
Conforme dispõe o artigo 413.º do CPC.
29 | P á g i n a
PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

autor. De acordo com o artigo 413.º, do CPC, que estabelece o “Princípio da


aquisição processual”, «O tribunal deve tomar em consideração todas as provas
produzidas, tenham ou não emanado da parte que devia produzi-las, sem
prejuízo das disposições que declarem irrelevante a alegação de um facto,
quando não seja feita por certo interessado», isto é, todos os “materiais”
(afirmações e provas) aduzidos por uma das partes ficam adquiridos para o
processo. São atendíveis mesmo que sejam favoráveis à parte contrária. Ou
seja, efetuada a prova em tribunal sobre um determinado facto (um ou vários)
através do material probatório respetivo (documentos, depoimentos, etc.), ela
passa a pertencer ao processo, sendo irrelevante saber quem a produziu. Tanto
é assim que nenhuma parte pode seccionar a prova de modo a aproveitar
somente o segmento que lhe interessa pela simples razão de que, uma vez
fornecida, a prova pertence ao processo e não às partes. Portanto, isto significa
que um documento, por exemplo, que serviu de prova para um determinado facto
pode vir a ser utilizado para a prova de outro facto diferente. E se isto se diz de
um documento, “mutatis mutandis” dir-se-á da prova obtida a partir de um
depoimento testemunhal.
O princípio da atendibilidade de factos jurídicos supervenientes 33,
sem prejuízo das restrições estabelecidas noutras disposições legais,
nomeadamente quanto às condições em que pode ser alterada a causa de pedir,
deve a sentença tomar em consideração os factos constitutivos, modificativos ou
extintivos do direito que produzam posteriormente à propositura da ação, de
modo que a decisão corresponda à situação existente no momento do
encerramento da discussão. Só são, porém, atendíveis os factos que segundo o
direito substantivo aplicável, tenha influência sobre a existência ou conteúdo da
relação controvertida. A circunstância de o facto jurídico relevante ter nascido ou
se haver extinguido no decurso é levada em conta por efeito de condenação de
custas. Importa salientar que para que os factos supervenientes sejam
atendíveis, nos termos súbditos, é necessário que eles se repercutam na causa
de pedir invocada na ação, isto é, que sejam aptos a constituir, modificar ou
extinguir o direito invocado pelo autor, e não outro direito, para cuja atuação terá
o interessado de introduzir nova demanda. Atendendo que o juiz, por principio,
só pode servir-se, com vista à decisão a proferir, dos factos articulados pelas
partes, torna-se necessário que estas utilizem os articulados supervenientes

33
Vide artigo 611.º do CPC.
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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

(artigos 588.º e 589.º do CPC) quando pretendem a atendibilidade de quaisquer


factos produzidos depois de proposta a ação. A não ser que se trate de factos
instrumentais, ou notórios de que o Tribunal tenha conhecimento no exercício
das situações, ou no caso ainda de se entender o uso anormal do processo, de
que o Tribunal pode conhecer oficiosamente. A atendibilidade dos factos
supervenientes é condicionada primeiro pelas regras sobre a modificação da
causa de pedir, que indiretamente estabelecem quaisquer restrições sobre a
modificação dos factos futuros e que cumpre respeitar.
O princípio da audiência contraditória 34, diz-nos que, durante a instrução
do processo, “nenhuma prova pode ser produzida sem audiência contraditória
da parte a quem hajam de ser opostas”, isto é, proporcionar a cada uma das
partes a possibilidade de defesa contra as provas oferecidas pela outra, assim
também respeitando outro princípio fundamental da lei processual civil, o
princípio do contraditório. No entanto, no caso das providências cautelares, as
provas podem ser decretadas sem audiência da parte contrária, de forma a
permitir uma maior celeridade da mesma.
O Princípio da concentração da defesa na contestação35, este princípio
(também conhecido como princípio da preclusão e princípio da concentração)
fala do momento em que deve ser deduzida toda a defesa e está previsto no
artigo 573.º do CPC. Salvo as exceções previstas nas duas alíneas do mesmo
artigo (como incidentes que a lei mande deduzir em separado ou incidentes
supervenientes), toda a defesa deve ser deduzida na contestação. Este princípio
procura garantir a boa ordem e disciplina no processo. Todos os factos que não
forem alegados dentro do prazo já não o poderão ser no futuro. Citando Jorge
Augusto Pais de Amaral “pretende-se obrigar o réu a agir de boa-fé, fazendo jogo
limpo, por forma a pôr todas as cartas na mesa”.
O princípio da imparcialidade do juiz 36, este princípio, procura garantir a
imparcialidade do juiz. Para tal o legislador expôs nesse artigo um vasto número
de situações que, ao se verificarem, leva ao impedimento do juiz nesse processo
(situações como ser cônjuge de uma das partes ou que já tenha deposto ou vá
depor como testemunha nesse processo, entre muitas outras). É um princípio
importante, pois visa garantir não só a imparcialidade do juiz, mas também
afastar eventuais suspeições ou desconfianças sobre o mesmo, dando assim

34
Nos termos do artigo 415.º do CPC.
35
Conforme dispõe o artigo 573.º do CPC.
36
Nos termos do artigo 115.º do CPC.
31 | P á g i n a
PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

maior confiança às partes e à comunidade em geral em relação à aplicação do


Direito pelos tribunais.
O princípio do conhecimento oficioso do Direito37
O princípio do pedido38, diz-nos que os tribunais devem apenas resolver
e decidir as questões que lhe são pedidas pelas partes, nunca devendo ir além
delas (como resolver conflitos por interesse próprio) ou condenando em
quantidade superior ou objecto diferente do que foi pedido. É mais um princípio
que visa dar segurança jurídica às partes. Pretende-se assim que seja
impossível ao tribunal pronunciar-se sobre algo que as partes não pediram (se
não o fizeram é porque não querem, logo não pode o tribunal fazê-lo por iniciativa
própria contra a vontade das partes) ou que condene em objecto diferente ou
valor superior ao pedido (a título de exemplo, se A pede uma indeminização a B
no valor de 10.000€, o tribunal não pode condenar em algo que não seja uma
indeminização em dinheiro, ou condenar em valor superior, como por exemplo
condenar B a pagar 15.000€ de indeminização a A). Este princípio está previsto
em dois artigos do CPC, no artigo 3.º nº 1 (em relação ao pedido) e no artigo
609.º nº 1 (objecto e valor do pedido).

14.11.2019 – 5ª FEIRA
20.11.2019 – 4ª FEIRA
O princípio da plenitude da assistência do Juiz
O princípio da plenitude da assistência do Juiz, encontra-se consignado no
artigo 605.º do CPC que reproduz as regras do anterior artigo 654.º do CPC,
agora adaptadas ao juiz singular, quando antes previam a intervenção do
Tribunal Coletivo na decisão da matéria de facto, e daí, o aditamento do novo nº
4. Antes da entrada em vigor do novo CPC, o princípio da plenitude da
assistência do juiz só tinha aplicabilidade para a decisão sobre a matéria de facto
nos termos do artigo 654.º do CPC. O princípio da plenitude da assistência do
juiz, ou, como outros preferem, o principio da identidade do julgador, abarca duas
hipóteses:
a) Ocorrência da impossibilidade do juiz no decurso da audiência final;
b) A sua transferência, promoção ou aposentação no decorrer da mesma.
A principal novidade em confronto com o regime anterior consiste no
seguinte: no anterior CPC, o princípio da plenitude da assistência dos juizes

37
Conforme dispõe o artigo 5.º nº 3 do CPC.
38
Nos termos dos artigos 3.º nº 1 e 609.º nº1 do CPC.
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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

respeitava apenas a decisão de matéria de facto, não se estendendo à prolação


da sentença, agora, como não há uma decisão de facto autónoma, levada a
efeito por um órgão distinto (Tribunal Coletivo), a prolação da sentença deve ser
feita pelo juiz que interveio na audiência final. Resumidamente com as alterações
introduzidas através do artigo 605.º do novo CPC, o referido princípio passou a
aplicar-se à fase da audiência final pois o julgamento em matéria de facto
passava conter-se nesta.
No âmbito deste principio só podem intervir na decisão da matéria de facto
aqueles que tenham assistido a todos os atos de instrução de discussão
praticados na audiência final39. Assim sendo a violação desta regra tem por
consequência e cuja a justificação é evidente, origina uma nulidade processual40.
Se durante a audiência, o Juiz falecer ou se impossibilitar permanentemente, os
atos já realizados são repetidos perante um Tribunal com nova composição. Se
a impossibilidade for temporária, interrompe-se a audiência ou, se parecer mais
aconselhável, repetem-se perante um novo Tribunal os atos já praticados, o que
é decidido sem recurso, em despacho fundamentado pelo Juiz substituto41. Por
outro lado, se o Juiz transferido, promovido ou aposentado, conclui-se, que haja
o julgamento antes da efetivação dessa deslocação ou aposentação, exceto se
esta se fundamentar na incapacidade física, moral ou profissional para o
exercício do cargo42.

Análise do Acórdão do Tribunal da Relação de Évora - Resumo


Na sequência do acórdão do Tribunal da Relação de Évora, que teve na
sua origem o processo nº 306.9TBGLG.E2, datado de 22.03.2018, apresentado
como relatores os juízes: Manuel Bargado, Albertina Pedroso e Tomé Ramião,
encontra-se subjacente o princípio da plenitude da assistência dos Juízes, a
nulidade processual, o princípio do inquisitório, as declarações de parte e por fim
o enriquecimento sem causa. Assim sendo as partes acordaram na 1ª Seção
Cível deste tribunal o seguinte: “AA instaurou uma ação declarativa, com
processo comum, contra BB pedindo que esta seja condenada a pagar-lhe a
quantia de € 34.542,88, acrescida de juros de mora vencidos, no montante de €
2.964,06, e vincendos. Alegando, que em 07.10.2008, por decisão proferida na
Conservatória do Registo Predial da Golegã, foi decretado o divórcio entre o

39
Conforme disposto no artigo 605.º do CPC
40
Nos termos do nº 1 do artigo 195.º do CPC.
41
Vide nº 1 do artigo 605.º do CPC.
42
Conforme disposto nos nºs 2, 3 e 4 do artigo 605.º do CPC.
33 | P á g i n a
PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

autor e a ré, tendo sido posteriormente instaurado processo de inventário para


separação de meações, tendo o autor relacionado, em sede de passivo, várias
quantias que discrimina, por si pagas enquanto solteiro, relativas a trabalhos
realizados em imóvel que era bem comum do dissolvido casal”.

Matéria de facto
Antes de falar sobre a matéria de facto relativa ao nosso acórdão e
importante diferenciar a matéria de facto da matéria de direito.
Entende-se por matéria de facto aquilo que acontece, um facto real para
ser interpretado não precisa de recurso à lei. Enquanto que matéria de direito é
tudo aquilo que precisa de interpretação da lei ou da norma jurídica. E, portanto,
se estamos a falar de factos (matéria de facto e matéria de direito é diferente).
Matéria de facto é um conjunto de factos que são demonstráveis do ponto
de vista da realidade material dos próprios factos que para serem percebidos e
interpretados não necessitam do recurso à via interpretativa, seja da lei, seja da
norma jurídica. Isto é facto e é isto que vai para a base instrutória da causa. É
isto que é selecionado para a seleção da matéria de facto como nos diz o (artigo
511.º CPC - seleção da matéria de facto), portanto isso é que é determinante
para sabermos o que é que é facto e o que é direito.
Tudo aquilo que é susceptível, para ser compreendido, para ser percebido
com recurso à lei interpretação da lei ou à interpretação da norma jurídica é
matéria de direito.
Não se pergunta matéria de direito na base instrutória da causa. Não se
pergunta matéria de direito na seleção da matéria de facto. Perguntam-se factos.
As perguntas feitas às testemunhas não são sobre a interpretação jurídica, não
são sobre a interpretação da lei, mas sim sobre factos, o que é importante é que
a testemunha testemunhe o facto, e a prova documental que sirva para provar
factos. Factos revestidos de normatividade, o facto em si e não tem nenhuma
correspondência com a lei.
Com isto e analisando o nosso acórdão, relativamente à matéria de facto a
parte AA instaurou uma acção declarativa, com processo comum, contra a parte
BB pedindo que esta seja condenada a pagar-lhe a quantia de €34.542,88,
acrescida de juros de mora vencidos, no montante de €2.964,06, e vincendo até
integral pagamento. Alegou, em síntese, que em 7 de Outubro de 2008, por
decisão proferida na Conservatória do registo Predial da Golegã, foi decretado o
divórcio entre o autor e a ré, tendo sido posteriormente instaurado processo de
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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

inventário para separação de meações, tendo o autor relacionado em sede de


passivo varias quantias que discrimina, por si pagas enquanto solteiro, relativas
a trabalhos realizados em imóvel que era bem comum do dissolvido casal,
sucedendo que na conferência de interessados realizada no aludido processo
de inventário a ré não aprovou aquele passivo, sendo tal questão relegada para
os meios comuns, a que acresce o facto de o referido imóvel ter sido adjudicado
à ré. A ré indignada contestou, invocando para alem da matéria de direito que os
bens comuns do casal já tinham sido partilhados, nomeadamente o imóvel, casa
de morada de família, o qual lhe foi adjudicado com a inerente responsabilidade
pelo pagamento do empréstimo, razão pela qual, o autor não pode, nesta sede,
ser ressarcido de quaisquer quantias.

Matéria de Direito
I) Em matéria de Direito o primeiro ponto a ser avaliado por este acórdão é
se há ou violação do princípio da plenitude da assistência do juiz. Este princípio
está previsto no artigo 605.º do Código do Processo Civil (CPC) e procura que o
juiz que decida sobre a matéria de facto seja o mesmo que já assistiu a toda a
instrução e discussão da causa. Assim sendo, durante a audiência final, em caso
de impossibilidade permanente do juiz, todos os actos já praticados serão
repetidos perante o juiz substituto, mas caso se trate de uma simples
impossibilidade temporária haverá apenas uma interrupção da audiência.
Neste caso concreto, a audiência final teria de ser repetida (artigo 662.º nº
2 alínea c) CPC) em primeira instância, o que aconteceu, mas com juiz diferente,
embora a juíza que iniciou o julgamento se mantivesse em funções no tribunal,
pelo que deveria ter sido presidido por ela. O Tribunal da Relação deu, portanto,
razão ao autor, dizendo que houve de facto violação do princípio da plenitude da
assistência do juiz. Esta violação constitui numa nulidade nos termos do artigo
195.º CPC. Diz ainda o acórdão que esta é uma nulidade inominada ou
secundária, e que deve ser alegada no prazo de 10 dias (nos termos do artigo
149.º CPC). Ora, o acto que deu origem à nulidade (o julgamento) deu-se a 21
de abril de 2017 e o recorrente só arguiu a nulidade no próprio recurso a 2 de
outubro de 2017, estando assim caducado o direito de reclamar contra ela. A
nulidade fica, portanto, considerada sanada ou suprida. Improcede, por
conseguinte, este segmento do recurso.

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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

II) O segundo ponto é a nulidade da sentença. O recorrente diz que a


sentença é nula pela falta de assinatura do juiz (artigo 615.º nº 1 alínea a) CPC)
e por violação do princípio do inquisitório.
Em relação à assinatura diz o acórdão que a sentença foi assinada pelo
juiz na data em que foi proferida, afastando logo a arguida nulidade.
Já na questão da violação do princípio do inquisitório, o recorrente diz que
o juiz deveria ter ordenado a que fosse determinado o valor de mercado do
prédio (já que o autor não o fez) e, ao não fazê-lo, violou um poder-dever seu
(artigo 411.º CPC). O recorrente pede assim a nulidade da sentença. O acórdão
afasta essa nulidade de diversas formas, de maneira a não deixar dúvidas ao
recorrente. Primeiro refere que, mesmo existindo tal violação do princípio, a
mesma só daria lugar a uma nulidade processual e não à nulidade da própria
sentença. Refere ainda que o juiz não tinha de ordenar diligências probatórias
pois para tal os factos teriam de estar articulados pelas partes e controvertidos
(artigo 5.º e 596.º CPC respetivamente). Por fim refere que, de qualquer maneira,
a tal nulidade já estaria considerada sanada ou suprida graças ao prazo para
arguir de 10 dias do artigo 149.º CPC (semelhante ao caso acima descrito).
Improcede também nesta parte do recurso.
III) O terceiro ponto diz respeito à impugnação matéria de facto. O
recorrente pede a alteração de um dos pontos por si contestados no recurso,
que diz terem sido alvo de incorreta avaliação face às provas apresentadas, mas
especialmente por prova testemunhal. O Acórdão, mais uma vez, não dá razão
ao recorrente, justificando com a lei (onde diz que o tribunal aprecia livremente
as declarações das partes, salvo as confissões, artigo 466.º nº3 CPC) e com a
doutrina, em especial com a tese do princípio de prova. Diz o acórdão que as
declarações de parte que não constituam confissão só devem ser valoradas
favoravelmente para a sua parte se obtiverem suficiente confirmação noutros
meios de prova, o que não aconteceu. A Relação mantém assim intacta a
decisão sobre a matéria de facto.
IV) por fim, também não há enriquecimento sem causa como alega o
recorrente. O acórdão demonstra que, analisando o mapa de partilha, não vê a
que empobrecimento do autor correspondeu um enriquecimento da ré.

A decisão

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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

Foi anulada a decisão sobre a matéria de facto devido à prolação da


subsequente sentença por juiz diferente realizado o primeiro julgamento violando
assim o principio de plenitude de assistência de juiz.
Acrescentando que a violação deste principio constitui uma simples
nulidade processual inominada ou secundária que só é apreciada mediante
reclamação da parte interessada ou da eliminação do ato e deve ser alegada no
prazo de 10 dias.
O principio do inquisitório é hoje um poder dever do juiz tendo este a
obrigação de ordenar diligencias necessárias para o apuramento da verdade e
à justa composição do litigio, quanto aos factos de que lhe é licito conhecer, só
podendo ordenar diligencias probatórias necessárias para o apuramento da
verdade.
Não tendo sido alegado nos articulados o valor de marcado do imóvel que
foi adjudicada à ré após a licitação no processo de inventário à juíza a quo.
As declarações de parte não constituem uma confissão só devem ser
valoradas favoravelmente à parte que as produziu.
O enriquecimento sem causa como fonte obrigacional especifica pressupõe
assim a existência de uma causa justificativa da deslocação patrimonial.
É inexistente a causa justicativa se um dos cônjuges ainda em solteiro teve
despesas com a construção da habitação, que veio a ser a casa de morada de
família, sendo considerada um bem comum veio ser adjudicada a outro cônjuge.

21.11.2019 – 5ª FEIRA
REQUERIMENTO DE JUNÇÃO DE DOCUMENTOS43
Proc.º _______

Exmº Sr. Juiz do Juízo Central Cível


do Tribunal Judicial de Beja

Nomes dos advogados, Advogados, com escritório na Av. Lusíada, nº 38,


r/c, 1093-002 Lisboa, mandatários da Autora, Sociedade Anónima: “ABCD, SA”,
no processo à margem identificado, vem por este meio solicitar a Vª Exma. que
se digne autorizar a junção dos documentos abaixo indicados à Petição Inicial,

43
Nos termos dos nº 1, 2 e 3 do artigo 423.º e artigo 523.º do Código de Processo Civil.
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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

uma vez que a Autora sofreu um ataque de vírus no sistema informático no dia
27.11.2019, o qual fez paralisar o sistema impossibilitado a sua junção.

Lisboa, 02 de dezembro de 2019

Pede deferimento

Os advogados

Assinaturas

Juntada: 18 documentos à Petição Inicial.


Destinam-se a fazer prova do exposto.
*******************************************************************************************
DOCUMENTO 1 – CADERNETA PREDIAL DO PRÉDIO MISTO
DOCUMENTO 2 - CERTIDÃO DE TEOR MATRICIAL
DOCUMENTO 4 – CONTRATO DE ARRENDAMENTO
Contrato de Arrendamento para Industria, Comercio e Serviços em
Regime de Renda Livre e Duração Limitada
Entre:
Primeiro: Balbina dos Prazeres, contribuinte fiscal nº. 134 526 819,
residente na praça marquês de Paiva, freguesia de Avenidas Novas, concelho
de Lisboa, casado no regime geral de bens com Ambrósio Contente,
contribuinte fiscal nº 111 889 243 na qualidade de senhorio e adiante designado
como primeiros contraentes.
E
Segundo: ABCD SA, contribuinte fiscal nº 533 788 912, com sede em
Avenidas Novas, concelho de Lisboa, na qualidade de arrendatário e adiante
designado como segundo contraente, é celebrado o presente contrato, constante
das seguintes clausulas:
1ª.
Os primeiros contraentes são legitimos proprietários de um prédio misto,
que corresponde ao prédio rústico e urbano, destinado a indústria, comércio e
serviços. Inscrito na respetiva matriz predial, com artigo urbano 99 e artigo

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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

rústico 88-B, sob o artigo 88-B, com a Licença de Habitação nº ......., emitido
em......, pela Câmara Municipal de ........... com a área de 600 m2.
2ª.
O presente contrato terá uma duração limitada de 1 ano, renovável, com
início em 27.08.2015 e termo em 27.08.2016.
3ª.
O segundo contraente pode renunciar o contrato mediante um aviso prévio
de 90 dias aos primeiros contraentes.
4ª.
A renda anual acordada é de Euro 4.800€ (Quatro Mil, Seiscentos Euros),
a pagar pelo segundo contraente em duodécimos de Euro 400€ (Quatrocentos
Euros) aos primeiros contraentes.
5ª.
A renda será atualizada anualmente de acordo com os coeficientes legais
publicados por portaria governamental.
6ª.
A renda será paga aos primeiros contraentes através numerário, até ao dia
oito do mês anterior a que respeita.
7ª.
O imóvel objecto deste contrato destina-se a indústria, comércio e serviços
do segundo contraente e do seu agregado familiar, não lhe sendo lícito atribuir
outro fim ou uso.
8ª.
Ao segundo contraente fica vedado a sublocação ou cedência do
arrendado, total ou parcial, onerosa ou gratuita, sem consentimento expresso e
por forma escrita dos primeiros contraentes.
9ª.
O imóvel é entregue aos primeiros contraentes com todas as suas partes
integrantes em pleno estado de conservação e funcionamento.
10ª.
Cessando o contrato, o segundo contraente devera restituir aos primeiros
o imóvel com todas as suas partes integrantes, equipamentos e mobília no
mesmo estado de conservação e funcionalidade em que, pelo presente titulo o
recebe, indemnizando os primeiros contraentes de eventuais danos causados.

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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

11ª.
O segundo contraente deve permitir o acesso ao arrendado, com vista ao
exame do seu estado de conservação, pelos primeiros contraentes ou seu
representante, desde que avisado com antecedência mínima de quinze dias.
12ª.
O segundo contraente obriga-se, também, sob pena de indemnização:
a) A conservar em bom estado, como atualmente se encontram, as
canalizações de água, esgotos, todas as instalações sanitárias e de luz e
respetivos acessórios, pagando à sua custa as reparações relativas a
deteriorações e danificações;
b) A manter em bom estado as paredes, soalhos e vidros.
13ª.
O segundo contraente obriga-se ao pagamento da água municipalizada
que consumir para os seus usos industriais ou sanitários e da energia elétrica
que gastar, bem como de todas as despesas inerentes ao presente contrato,
incluindo o devido Imposto de Selo.
14ª
É expressamente proibido a presença de animais no arrendado, caso
aconteça o segundo contraente terá que abandonar o arrendado.
15ª
Em tudo o que estiver omisso regulam as disposições legais aplicáveis.

Declara o segundo contraente que aceita este contrato nos termos exarados.

Feito em triplicado.
Lisboa, 27 de agosto 2015
Assinaturas
Pelo Primeiro Contraente
Pelo Segundo Contraente

DOCUMENTO 5 – CERTIDÃO DE REGIME DE CASAMENTO

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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

DOCUMENTO 6 – REGISTO DE CONTRATO DE ARRENDAMENTO NO


SERVIÇO DE FINANÇAS

DOCUMENTO 7 – COMPROVATIVO DE CORREIO ELETRÓNICO

Data: 2 Novembro 2019


De: balbinaprazeres@gmail.com
Para: abcd_support@gmail.com
Mensagem:
Boa tarde, envio-vos este email para informar que celebrei um contrato promessa
de compra e venda (CPCV) com uma empresa para a venda do imóvel onde
vocês estão atualmente como arrendatários. O contrato de compra e venda será
celebrado dentro de 8 dias. O contrato de arrendamento mantém-se como está,
apenas muda o senhorio.
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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

- Balbina dos Prazeres


Enviado do meu iPhone

DOCUMENTO 8 – COMPROVATIVO DE CORREIO ELETRÓNICO

Data: 2 Novembro 2019


De: abcd_support@gmail.com
Para: balbinaprazeres@gmail.com
Mensagem:
Boa tarde, apesar de tardio ficamos agradecidos pelo contacto e pelo aviso. De
qualquer maneira, como arrendatários há algum tempo, temos o direito de
conhecer os detalhes do negócio para a eventualidade de querermos exercer o
direito de preferência nos termos do Código Civil.

DOCUMENTO 9 – COMPROVATIVO DE CORREIO ELETRÓNICO

Data: 2 Novembro 2019


De: balbinaprazeres@gmail.com
Para: abcd_support@gmail.com
Mensagem:
Pronto, está bem… É o seguinte:
[detalhes do CPCV]
Enviado do meu iPhone

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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

DOCUMENTO 10 – COMPROVATIVO DE CORREIO ELETRÓNICO

Data: 3 Novembro 2019


De: abcd_support@gmail.com
Para: balbinaprazeres@gmail.com
Mensagem:
Bom dia. Após alguma reflexão decidimos exercer o nosso direito de preferência,
as condições são boas e seria uma mais-valia para a empresa. Se possível diga-
nos uma boa altura para nos encontrarmos e tratarmos do negócio
pessoalmente.

DOCUMENTO 11 – COMPROVATIVO DE CORREIO ELETRÓNICO

Data: 3 Novembro 2019


De: balbinaprazeres@gmail.com
Para: abcd_support@gmail.com
Mensagem:
Não tenho disponibilidade para tal nem aceito tal coisa. O CPCV está assinado
e vai para a frente! Vou cumprir o contrato, vou vender isto, não me estraguem
o negócio!
Enviado do meu iPhone

DOCUMENTO 12 – COMPROVATIVO DE CORREIO ELETRÓNICO

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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

Data: 3 Novembro 2019


De: abcd_support@gmail.com
Para: balbinaprazeres@gmail.com
Mensagem:
Desculpe, mas é um direito nosso, não nos pode impedir de o exercer. Queremos
resolver isto a bem, mas se necessário iremos avançar com uma acção em
tribunal.

DOCUMENTO 13 – COMPROVATIVO DE CORREIO ELETRÓNICO

Data: 3 Novembro 2019


De: balbinaprazeres@gmail.com
Para: abcd_support@gmail.com
Mensagem:
Epá, nunca gostei muito da vossa postura, mas isto passa dos limites! Porque
estão agora com isto? Aposto que vocês nem estão interessados em comprar
nada, é só para nos chatearem, a mim e ao meu pobre marido. Nós vamos
vender isto, já está tudo tratado. Agora o novo proprietário que vos ature. Adeus.
Enviado do meu iPhone

DOCUMENTO 14 A 16 – COMPROVATIVOS DE CORREIO ELETRÓNICO

Data: 4 Novembro 2019


De: abcd_support@gmail.com
Para: balbinaprazeres@gmail.com
Mensagem:
Boa tarde, tentámos entrar em contacto por telefone, mas sem resposta da sua
parte, por favor ligue-nos de volta assim que possível.

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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

DOCUMENTO 17 – COMPROVATIVO DA PAGAMENTO DO DUC


DOCUMENTO 18 – COMPROVATIVO DE FATURA DE REPARAÇÃO DO
SISTEMA INFORMÁTICO

27.11.2019 – 4ª FEIRA
28.11.2019 – 5ª FEIRA
04.12.2019 (8ª aula) – 4ª FEIRA
Não houve aula.
05.12.2019 (8ª aula) – 4ª FEIRA
Apresentação da PI do Grupo II.

11.12.2019 (8ª aula) – 4ª FEIRA


REQUERIMENTO DE SUPRESSÃO DAS EXCEÇÕES44
Processo nº 0100/19 TCBJ

Exmº Sr. Juiz do Juízo Central Cível


do Tribunal Judicial da Comarca de
Beja

A sociedade de Advogados: “AJMMR, associados – Sociedade de


Advogados, RL”, com escritório na Av. Lusíada, nº 38, r/c, 1093-002 Lisboa,
mandatários da Autora, Sociedade Anónima: “ABCD, SA”, no processo à
margem identificado, vem por este meio de acordo com o Despacho emando por
Vª Exma, suprir as exceções referidas nos pontos 1 a 7.
Face ao exposto no artigo 35.º da Petição Inicial, vem a Autora fazer prova
do pagamento de todas as rendas no prazo e local estipulado e proceder a sua
junção aos autos (comprovativo de pagamento das rendas aos proprietários do
prédio misto no ano de 2019), nos termos do nº 2 do artigo 552.º do Código de
Processo Civil (documento 2). Quanto aos pontos do despacho saneador:
1
A Autora vem intentar uma ação declarativa condenatória em processo
comum, sob a forma ordinária, nos termos da alínea b) do nº 1 do artigo 10.º do
CPC.
2

44
Nos termos da alínea a) do nº 2 do artigo 590.º do Código de Processo Civil.
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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

Conforme consta do artigo 4.º da Petição Inicial o prédio misto foi


adquirido pelos Réus, na descrita situação de regime de comunhão de
adquiridos, por escritura outorgada em … no Cartório Notarial de ..........., pelo
que sendo donos e legítimos possuidores do prédio a ação foi intendada contra
ambos (documento nº 3).
3
De acordo com o exposto na Petição Inicial o pedido traduz-se em exigir
a prestação de aquisição através da compra e venda de prédio misto e a causa
de pedir na condenação dos RR por violação do direito de preferência na compra
e venda desse prédio nos termos da alíena d) e e) do nº 1 do artigo 552.º do
Código de Processo Civil.
4
O valor da causa de pedir, do exercício do direito de preferência, é o preço
devido que consta do teor da escritura pública, que é de €500.000,00, único
elemento disponível para os Autores, com base no qual instauraram a ação,
satisfazendo a exigência legal do depósito preliminar do preço, aquele que ao
preferente, em face dos elementos objectivos existentes, se revele como sendo
o preço real do negócio, nos termos do artigo 296.º conjugado com a alíena f) do
nº 1 do artigo 552.º do Código de Processo Civil.
5
Por lapso de erro de escrita onde se lê: “advogados estagiários”, deverá
ler-se: sociedade de advogados - “AJMMR, associados – Sociedade de
Advogados, RL”, nos termos do artigo 40.º do Código de Processo Civil
(documento 1).
6
A Autora indicou duas testemunhas e por motivos de ausência no
estrangeiro não foi possível a sua identificação na data da emissão da Petição
Inicial, das quais segue a sua identificação, nos termos do nº 2 do artigo 552.º
do Código de Processo Civil.
1) ANABELA PACHECO DAVIDE, secretária da sociedade “ABCD”,
SA, maior, CC 12548363, residente Palácio Dos Condes Do Redondo, R. de
Santa Marta 56, 1169-023 Lisboa.
2) OTAVIO DUARTE AMARO, técnico de informática, maior, CC
11235839, residente na Rua de Santa Marta, nº 69, 1169-023 Lisboa.

7
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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

Conforme consta do requerimento a solicitar a juntada dos documentos a


Petição Inicial foi realizado o pagamento da taxa de justiça e nas disposições do
nº 1 do artigo 132.º e o nº 4 do artigo 552.º do Código de Processo Civil,
conjugado com a Portaria n.º 170/2017, de 25 de maio, estipula a dispensa por
parte dos mandatários da apresentação de comprovativo de pagamento prévio
de custas judiciais, pelo que basta introduzir o número do Documento Único de
Cobrança, ou DUC, no formulário digital apresentado no portal Citius e e faz a
prova do pagamento (documento nº 4 - comprovativo de pagamento do DUC).

Lisboa, 10 de dezembro de 2019


________________________________________
(assinatura dos legais representantes + carimbo da sociedade)

Juntada: documentos 1, 2, 3 e 4 para juntar à Petição Inicial e destinam-se a


fazer prova no âmbito do despacho saneador.
*******************************************************************************************
12.12.2019 (8ª aula) – 5ª FEIRA, 08.01.2020 (8ª aula) – 4ª FEIRA, 19.01.2020
(7ª aula) – 5ª FEIRA, 15.01.2020 (8ª aula) – 4ª FEIRA
16.01.2020 (7ª aula) – 5ª FEIRA
PARECER JURÍDICO
O parecer jurídico é um documento por meio do qual o jurista fornece
informações técnicas acerca de determinado tema, com opiniões jurídicas
fundamentadas em bases legais, doutrinárias e jurisprudenciais. Geralmente é
solicitado por uma pessoa jurídica ou física como elemento necessário para
tomada de uma decisão importante. Entretanto o cliente não está vinculado ao
parecer jurídico. Apesar de não existir uma forma obrigatória, há certa estrutura
a ser seguida.

PARECER JURÍDICO Nº 150/97


ASSUNTO: Prestações familiares - Extinto subsídio de aleitação - Subsídio
familiar a crianças e jovens - Seu pagamento - Sucessão de leis no tempo
(Informação nº 397 da Direcção dos Serviços de Administração Geral)
I - A QUESTÃO
1. Em requerimento dirigido ao Senhor Director-Geral do Orçamento, a terceiro
oficial do quadro desta Direcção-Geral, MARCELA MARIA GUERREIRO DE
ALMEIDA DA FONSECA, vem solicitar que lhe sejam processadas e pagas as
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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

importâncias relativas a mais dois meses do extinto subsídio de aleitação, do


qual lhe foram pagos dez meses. Fundamenta o seu pedido na alteração
legislativa, entretanto verificada, do regime jurídico das prestações familiares,
constante do Decreto-Lei nº 133-B/97, de 30 de Maio, bem como na
interpretação que ela própria faz das instruções, sobre esta matéria, transmitidas
pela Circular, série A, nº 1249, desta Direcção-Geral, concretamente sobre o
segundo parágrafo do seu nº 6.
II - O DIREITO
2. Refira-se, desde já, que a questão suscitada pela requerente se enquadra no
âmbito da sucessão de leis no tempo e que, em princípio, toda a norma legal só
dispõe para o futuro, tal como estabelece o artigo 12º do Código Civil.
3. Nos termos do preceito do nº 1 do artigo 8º do Decreto-Lei nº 170/80, de 29
de Maio, «o subsídio de aleitação será atribuído, independentemente da
amamentação materna, total ou parcial, apenas em prestações pecuniárias
mensais, nos primeiros dez meses de vida da criança».
4. O Decreto-Lei nº 133-B/97, de 30 de Maio, revogou expressamente o Decreto-
Lei nº 170/80 e extinguiu o subsídio de aleitação. Entre as prestações familiares
previstas na nova lei, figura o subsídio familiar a crianças e jovens que
corresponde ao antigo abono de família. Nos termos do nº 4 do artigo 31º do
citado diploma legal, «nos primeiros 12 meses de vida, o montante do subsídio
familiar a crianças e jovens é majorado».
4.1. Verifica-se, assim, que o antigo subsídio de aleitação foi «absorvido» pelo
novo subsídio familiar a crianças e jovens, o qual é majorado nos primeiros 12
meses de vida da criança.
5. Segundo o artigo 76º do Decreto-Lei nº 133-B/97, o regime nele estabelecido
aplica-se:
a) Às prestações requeridas após a sua entrada em vigor;
b) Às relações jurídicas prestacionais constituídas ao abrigo de legislação
anterior e que se mantenham na vigência da lei nova.
5.1. Estas normas permitem resolver com segurança a questão suscitada pela
requerente. Trata-se de preceitos legais de direito transitório material que
regulam de maneira própria as situações ou relações jurídicas a que duas leis
sucessivas se reportam. Com efeito, a relação jurídica no âmbito da qual foi pago
à requerente o subsídio de aleitação, além de ter sido constituída no domínio da
lei anterior, esgotou-se antes da entrada em vigor da lei nova, dado que o início
da vigência desta se verificou em 1 de Julho de 1997 (Vd. seu artigo 80º). Assim,
48 | P á g i n a
PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR – UAL - DIREITO 2019/2020 – 4º ANO, 1º SEMESTRE

o período de dez meses de atribuição do subsídio de aleitação, que lhe era


devido pela lei antiga, terminou no mês de Junho anterior.
5.2. Só assim não seria se a relação jurídica prestacional da requerente se
mantivesse para além da entrada em vigor da lei nova, nem que fosse por uma
só prestação mensal. Nesse caso, aplicar-se-ia à requerente o regime constante
do referido Decreto-Lei nº 133-B/97, ou seja, funcionaria em pleno o preceito
constante da al. b) do artigo 76º, ficando ela com direito ao pagamento de mais
duas prestações. Ora, não foi isso que sucedeu. Como vimos, o período de dez
meses que lhe era devido pelo regime antigo terminou antes da entrada em vigor
do novo regime.
6. Invoca ainda a requerente o disposto no segundo parágrafo do nº 6 da
Circular, série A, nº 1249, desta Direcção-Geral. Porém, esse parágrafo limita-
se a definir os montantes das prestações que deverão ser pagas aos
beneficiários, até à aplicação dos escalões de rendimentos a definir por diploma
regulamentar posterior, questão esta que nada tem a ver com a aplicação no
tempo da nova lei. Ou seja, o que ali se diz é que as tais prestações podem ser
até durante 12 meses, precisamente para salvaguardar as situações
transitórias que perdurem após a entrada em vigor do Decreto-Lei nº 133-B/97.
Aliás, aquela Circular, por se tratar de Instruções com natureza regulamentar,
não poderia, como é evidente, contrariar o disposto na lei, pelo que, se
porventura tivesse o sentido que a requerente lhe atribui, ficaria ferida de
ilegalidade.
III - CONCLUSÃO
6. Pelo exposto, somos de parecer que a pretensão da terceiro-oficial Marcela
Maria Guerreiro de Almeida da Fonseca não pode ser deferida por falta de
fundamento legal e ser contrária à lei aplicável ao seu caso.
DGO, 5 de Março de 1998
O ASSESSOR JURÍDICO
Manuel Mendes de Almeida
DESPACHOS:Concordo, à requerente não lhe assiste o direito ao pagamento
dos dois meses do extinto subsídio de aleitação. Comunique-se.
O DIRECTOR GERAL,Manuel Teixeira
10.3.98
*******************************************************************************************
22.01.2020 (8ª aula) – 4ª FEIRA - TESTE

49 | P á g i n a

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