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Exercício n.

º4

1. Casimiro residente no Porto celebrou em 2011 um contrato de mútuo


pelo valor de 30.000,00euros com Delfina e o seu marido Alberto
Joaquim residentes em Braga, tendo estes ficado de devolver a Casimiro
32.500,00 euros até ao final de 2018. Alberto Joaquim e Delfina são
casados desde 2010 no regime de comunhão de adquiridos. Como
Delfina e Alberto Joaquim não devolveram o dinheiro a Casimiro este
pretende intentar uma ação judicial com vista a recuperar o seu
dinheiro. Indique justificadamente:

1.1. Que tipo de ação deve propor Casimiro.


Em princípio, não tendo Casimiro um título executivo, nos termos
do art. 703.º do CPC, terá de intentar uma ação de condenação,
em conformidade com o art. 10.º, n. º2 e 3.º, al. b) do CPC.
No entanto, uma vez que o contrato de mútuo de valor superior a
25.000 tem, sob pena de nulidade por inobservância de forma, de
ser celebrado por escritura pública ou documento particular
autenticado, Casimiro não terá de intentar uma ação de
condenação, podendo recorrer diretamente à ação executiva para
pagamento de quantia certa, nos termos do arts. 10.º, n.º 5 e 6 e
703.º, n. º1, al. b) do CPC.

1.2. Qual o tribunal competente?


O tribunal competente, nos termos do art. 71.º CPC, é o tribunal
do domicílio do réu, ou seja, no Juízo Central Cível de Braga, na
Comarca de Braga. juízo de execução

1.3. Contra quem deve ser intentada a ação?


No caso em apreço estamos perante um caso de litisconsórcio
necessário, nos termos dos arts. 33.º e 34.º do CPC.

1.4. Imagine que Casimiro intenta a ação apenas contra Alberto


Joaquim. Quid Iuris?
Se Casimiro perceber esse lapso antes da Contestação pode
recorrer ao incidente da intervenção provocada, de modo a fazer
intervir no processo enquanto Réu ou Exequente, dependendo da
ação de estiver em causa, nos termos dos arts. 316.º e ss do CPC.
Se não o fizer antes da Contestação, será alegada uma exceção
dilatória da ilegitimidade de alguma das partes (art. 576.º, n. º3,
al. e) CPC).

2. Luzia, residente em Felgueiras foi atropelada numa passadeira por


Jeremias residente em Coimbra, enquanto passava as suas férias de
Verão em Albufeira. Em virtude desse atropelamento Luzia sofreu danos
patrimoniais e não patrimoniais no valor de 2500,00€, que o Jeremias
se recusa a pagar por entender que no local não existia nenhuma
passadeira. Jeremias transferiu a sua responsabilidade no seguro contra
terceiros que efetuou para a sua viatura coma seguradora Confiança,
S.A. com sede em Lisboa. Inconformada com tal justificação Luzia
pretende instaurar uma ação judicial contra Jeremias.
2.1. Qual o tribunal competente para o fazer e contra quem deve ser
instaurada a respetiva ação?
Nos termos do art. 71.º, n. º2 do CPC, destinando-se a ação a efetivar
a responsabilidade civil baseada em facto ilícito o tribunal competente
é o do lugar onde ocorreu o facto, ou seja, o Juízo Local Cível de
Albufeira, no Tribunal Judicial da Comarca de Faro.
Nos termos do art. 32.º, n. º1 do Regime do Sistema de Seguro
obrigatório de Responsabilidade Civil Automóvel, a ação deve ser
proposta contra a seguradora, uma vez que os danos indemnizáveis
totais não excedem o capital mínimo legalmente estabelecido para o
seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel.

3. Carlota intentou contra Guilherme uma ação destinada a constituir uma


servidão legal depassagem em benefício de um seu prédio sito nos Arcos
de Valdevez, que alega ser encravado, sobre um prédio que diz pertencer
a Guilherme. Guilherme residente em Guimarães, vem defender-se
alegando que o prédio em causa pertence à herança indivisa do seu pai,
Antero, falecido em março do corrente ano e que não é parte legítima
na ação. Guilherme tem a sua mãe Ana e o seu irmão Pedro como
familiares diretos.

3.1. Que tipo de ação deve intentar Carlota e em que tribunal.


A ação que deve ser proposta é a ação declarativa comum
constitutiva propriamente dita, nos termos do art. 10.º, n. º1 e 3,
al. c) do CPC.

tribunal judicial da comarca de viana do castelo, juízo central cível de viana do castelo
3.2. Pronuncie-se sobre a alegação de Guilherme que se considera “parte
ilegítima na ação”.
De acordo com Acórdão Tribunal da Relação de Guimarães, de 7 de
dezembro de 2016, Processo n.º 74/15.0T8CHV-A.G1, Relator Maria
Purificação Carvalho, disponível em www.dgsi.pt, A herança indivisa diz
respeito ao património deixado pelo autor da sucessão, aceite pelos
respetivos herdeiros, que ainda não foi partilhado. Deste modo, a herança
ilíquida e indivisa já aceite pelos sucessíveis não tem personalidade
judiciária, pelo que terão de ser os herdeiros a assumir a posição passiva
no âmbito da ação judicial. Nestes termos, Guilherme tem legitimidade,
podendo a ação ser intentada contra si.
art. 12º CPC + ART. 2081º CPC — Litisconsórcio necessário -
por todos os herdeiros e contra a todos os herdeiros
4. Gaspar Henrique, conhecido joalheiro de Viana do Castelo, casado com
Marta Sofia desde 1998, no regime de comunhão geral de bens, tomou-
se de amores por Andressa uma jovem de29 anos, com que já vive em
Lisboa. Tendo conhecimento desse facto Marta Sofia pretende
divorciar-se, coisa que por ser extremamente religioso Gaspar Henrique
não quer. Marta Sofia que se sente profundamente humilhada com tal
situação pretende divorciar-se de Gaspar Henrique.

4.1. Diga justificadamente que tipo de ação deve instaurar Marta Sofia e
qual o tribunal competente para o fazer.
Em causa deve ser intentada uma ação declarativa constitutiva extintiva, nos
termos do art. 10.º, n. º2 e 3.º, al. c) do CPC, nomeadamente uma ação de
divórcio sem o consentimento de um dos cônjuges, de acordo com o art. 1781.º,
al. d) do CC. Nos termos do art. 72.º do CPC o tribunal competente é o Juízo de
família e menores de Viana do Castelo.
processo especial
4.2. Imagine agora que Gaspar Henrique pretende vender a quinta situada
em Melgaço de que é proprietário desde 2001, para comprar um BMW série
8 e uma casa no algarve à sua amada Andressa. Marta Sofia, revoltada com
a situação e após ter sido informada de tais factos, pretende instaurar um
procedimento cautelar de arresto sobre a referida quinta, para evitar que
Gaspar Henrique se desfaça de um bem que também considera ser seu e
com isso delapide o seu património e o do seu filho João de 14 anos.
Indique justificadamente qual o tribunal competente para Marta Sofia
instaurar o procedimento cautelar em causa.
Uma vez que a ação principal foi intentada num juízo de competência
especializada, o procedimento cautelar não pode correr por apenso nesse
tribunal, pois esse tribunal não é competente para avaliar o mérito da
providência, pelo que o tribunal competente para intentar o procedimento
cautelar é o Juízo Central Cível de Viana do Castelo.

5. Imagine agora que Marta Sofia tendo visto ser-lhe negado o arresto dos
bens pretende separar-se judicialmente de pessoas e bens de Gaspar
Henrique, com vista a salvaguardar a sua parte do património. Que
forma deverá seguir a ação que Marta Sofia pretende instaurar?
Justifique a sua resposta.
Pedido de separação de pessoas e bens deve ser pedido em
reconvenção da ação principal de divórcio, nos termos do art. 1795.º,
n. º1 do CC.
art. 984º CC - ação especial de separação de pessoas e bens
6. Eustáquio de 38 anos, solteiro, anão, desesperado por não conseguir
arranjar emprego aceita proposta de um circo para em todas as matinés
em que houver espetáculo se lançar comomunição de um canhão como
bala humana a troco de 20,00€ por cada lançamento. A sua mãe Carla,
indignada com o grave atentado que essa conduta constitui à
integridade física do seu filho, pretende agir judicialmente para
proteger a integridade física de Eustáquio. Indique o que deve Carla
fazer e qual a forma que revestirá o processo.
Carla deverá intentar, nos termos do arts. 878.º e 546.º, n. º2 do CPC, um
processo especial de tutela de personalidade contra o autor do ato ofensivo.
art. 31º - a mãe tem legitimidade porque está em causa uma situação que afeta a qualidade de vida do
autor do ato ofensivo
7. O condomínio de um prédio situado na baixa do Porto, pretende
instaurar uma ação contra Hermenegildo, proprietário de uma das
frações do prédio (2.º esquerdo) pelo fato deste não pagar o condomínio
há 3 anos, após repetidas interpelações para o fazer.
7.1. O condomínio pode intentar a ação? Que tipo de ação?
Em princípio poderia, se existisse uma deliberação dos condóminos que
conste em ata. Com efeito, poderá intentar uma ação executiva para
pagamento de uma quantia certa, munido das atas de condomínio, que
corresponde ao título executivo (arts. 10.º, n.º 5 e 6 e 703.º, n. º1, al. d)
do CPC).

OU art. 12º, al. e) + ação declarativa de condenação


7.2. Suponha agora que Hermenegilo é casado com Berta no regime de
adquiridos. Contra quem tem de ser intentada a ação?
Nos termos do art. 741.º do CPC, o Condomínio pode recorrer ao
incidente da comunicabilidade da dívida, sendo para isso necessário
alegar fundamentadamente que a dívida é comum, o que será possível,
na medida em que Hermenegildo e Berta são, em primeiro lugar,
casados em comunhão de bens, tendo sido a dívida contraída depois do
casamento e, além disso, diz respeito à casa de morada de família.

Art. 1695 CC - litisconsórcio necessário

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