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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO

DA .....VARA DA COMARCA DE LIMOEIRO ESTADO DE PERNAMBUCO

MARIA JOSÉ BEZERRA, brasileira, solteira, aposentada,


portadora da Cédula de Identidade RG nº 25.256.242-2 /SSP-SP,
inscrita no CPF/MF sob o nº 045.734.888-71, natural de Limoeiro-
PE, com 64 anos de idade, Filha de Severino Inácio Bezerra e
Júlia Daniel de Oliveira, residente e domiciliada no Loteamento
Cidade Alta, nº 48, Bairro: Cidade Alta – Limoeiro-PE, CEP.
55.700-000 por seu representante legal “in finne”, que receberá
as intimações no endereço profissional nos termos do Art. 77, V,
do CPC, conforme Instrumento de Mandato Art. 105,§ 2º e § 4º do
CPC, vem, perante Vossa Excelência, propor:

AÇÃO DE ANULAÇÃO DE ESCRITURA PÚBLICA DE COMPRA E VENDA DE


IMÓVEL

NULIDADE DE ATO JURÍDICO, CUMULADA COM DANOS MORAIS E MATERIAIS


E PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

(pelo procedimento comum (Art. 318 do CPC/2015)

Em face, LUÍS SEVERINO BEZERRA e JOSEFA SOARES BEZERRA, ele;


brasileiro, casado, vigilante, portador do CPF/MF sob o nº
743.693.774-04 e CTPS nº 55.339, série 00017, ela; brasileira,
casada, agricultora, portadora da CTPS nº 96.579 série 425-PE e
CPF/MF nº 990.594.794-91 ambos residentes e domiciliados na Rua:
Enoque Felix dos Santos, nº 37, Loteamento Sinhazinha, Limoeiro-
PE, CEP. 55.700-000 próximo a Subestação (por trás) pelas razões
que passa a expor:

DA PRIORIDADE DA JUSTIÇA:

Nos termos do Art. 71 da Lei. 10.741/03, “pessoas com idade igual ou


superior a 60 (sessenta) anos, tem prioridade no processo
administrativo e judicial em todas as instâncias”
JUSTIÇA GRATUITA:

Por ser hipossuficiente e não ter recurso para arcar com taxa e custas
processuais, honorários advocatícios sem prejuízo seu e/ou de sua
família nos termos do Art. 5º inc. LXXIV da Magna Carta e da Lei. 1.
060/50, e Art 98,I, 99 do CPC, consoante declaração acostada.

TUTELA ANTECIPADA

I - SÍTESE DOS FATOS

Alega a Autora em tela que, adquiriu um lote nº 08 – Quadra – “C


“Localizado no micro loteamento Sinhazinha, situado na rua:
Enoque Félix dos Santos nº _37, Cidade de Limoeiro-PE, CEP.
55.700-000, tendo como LIMITES: Medindo 8,00 metros de frente e
Fundos, Laterais: 21,00 com uma área total de 168m², -
CONFRONTANDO-SE , Frente: com a antiga Rua Projetada (atual
Rua Enoque Felix dos Santos), Fundos: com o Lote 03 da mesma
Quadra, Lateral direito: com o lote 07 da mesma Quadra;
Lateral/Esquerdo; com o Lote 09 da mesma Quadra, com inscrição
cadastral nº 01.04.190.0145.000;no dia __/__/__.

ao Requeridos e estes, teriam enriquecidos ilicitamente, as


custas do dinheiro da Autora, aliás, conseguido após muito anos
de trabalho, espelhando verdadeiro ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA.

Referida OUTORGA foi realizada através de fraude e simulação de


ato jurídico, conforme se provará a seguir, passível de
nulidade, ex-vi do artigo 151 do Código Civil Brasileiro, e por
tais razões esta eivada de nulidade, não podendo gerar nenhum
efeito jurídico.

Descortinada a fraude só agora no 2022, os Requeridos decidiram


lesar à Autora, tão só a, – irrisória desculpa que não podem
pagar pela fraude a lei, segue áudio (doc. Anexo). Quanto ao
dolo praticado pelo o Réu, os Requeridos deixaram a Autora a
“ver navios”, enriquecendo-se ilicitamente às custas do
patrimônio desta que, diga-se de passagem, foi adquirido após
anos e anos de luta, suor e muito trabalho.

Desnecessário, à vista do exposto, afirmar a Vossa Excelência


que a fraude foi perpetrada com a convivência da família, que
não mediu esforços, sempre em conluio com os demais requeridos,
para induzir a Autora em erro com o objetivo de apropriarem-se
do imóvel
A falsidade nas informações que foram transferidas à Autora, no
momento consumativo da odiosa “venda”, foi arquitetada tanto
pelo Sr. LUÍS SEVERINO BEZERRA E O CONJUGE VIRAGO, quanto pelos
filhos que figurou como incentivadores da fraude, porque,
ninguém melhor que eles para saber dos vícios legais daquela
posse.

Falsidade em sentido amplo, é tudo aquilo que se opõe a


verdadeiro; em sentido jurídico, é toda alteração da verdade.

As provas encartadas a esta, são robustas e concludentes


demonstrado à saciedade, a falsidade das afirmações dos
requeridos no momento consumativo da venda.

DO DIREITO

O artigo 104 do Código Civil estabelece que:

Art. 104 – A validade do negócio jurídico requer:

I – agente capaz;

II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III – forma prescrita ou não defesa em lei.

Dita o artigo 147 do Código Civil que, são anuláveis os negócios


jurídicos …” quando as declarações de vontade emanarem de erro
substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência
normal, em face das circunstâncias do negócio.”

Não há dúvida que a declaração de vontade da Autora ao efetuar a


proposta da compra do Lote originou-se de erro substancial,
podendo, portanto, ser anulado o negócio jurídico.

8. Houve também o silêncio intencional por parte dos


Requeridos em relação a falsidade ideológica existentes
no imóvel, no momento da transação. E, de acordo com o
artigo 147 do Código Civil, tal silêncio constitui
omissão dolosa e, portanto, macula o ato com nulidade
insanável.

“Verbis”

Art. 147 – Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio


intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade
que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa,
provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
Ora, tivessem os Requeridos cientificado a Autora que o Lote
compromissado a venda foi edificado uma casa no meio do terreno
que chegou a comprometer toda área, e que já teriam inúmeras
vezes tentado reaver a metade do preço vigente no valor de R$
80.000,00 (oitenta mil reais) como indenização contra a
Construção, com a mais absoluta certeza, alega não teria o Réu,
sequer, efetuado a proposta de restituição.

Nem se diga, alhures, que o Réu; veja Vossa Excelência que os


Requeridos LUÍS SEVERINO BEZERRA e sua esposa JOSEFA SOARES
BEZERRA, ignoravam os vícios de nulidades, lesão e fraude a lei;

A fraude ocorreu devido ao Réu, no momento da outorga se passar


por outra pessoa, visando se apossar por meio fraudulento do
referido lote, lesando a parte Autora e a interveniente anuente
GEUZA DIÓGENS CABRAL dolosamente esse LOTE no mesmo valor dos
demais, e em nenhum momento pagou nenhuma quantia diante a
Tabeliã e/ou a interveniente anuente GEUZA DIÓGENS CABRAL,
mostrou a verdadeira intenção da fraude

É de clareza solar que, pela má-fé do réu, torna-se anulável o


negócio jurídico, tendo em vista que esse induziu o autor em
erro dolosamente, de acordo com o art. 171, II do CC.

“[…] por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de


perigo, lesão ou fraude contra credores.” (Grifo nosso).

DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

a concessão da TUTELA ANTECIPADA – inaudita altera par’s,


determinando a NULIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO e/ou a importância
do valor vigente do LOTE conforme o entendimento da Vossa Exª
salvaguardando-se assim os direito e o patrimônio da Autora,
tudo para que não reste, ao final, ilusória a tutela
jurisdicional do Poder Judiciário;

b) a citação dos Requeridos “ab initio” qualificados nos termos


do art. 221, I, e 222 do CPC, para que, se quiserem e puderem,
responderem aos termos da presente ação anulatória, a qual
deverá ser julgada totalmente procedente para declarar a nulo o
negócio jurídico efetuado, condenando-os a devolução da
importância pecuniária que foi – indevidamente – expropriada;

c) a expedição de ofício ao Cartório de Registro de Imóveis da


………. Circunscrição de ……………………, rua …………. nº ……., determinando
que apresente a esse Juízo a matrícula atual do imóvel “sub
judice“, com registro nº ……………… e demais averbações existentes,
onde se demonstrará se os Requeridos já venderam o imóvel
pertencente à venda à Autora;

d) a condenação dos Requeridos na indenização dos danos morais


no importe do valor vigente do Lote, e nos de cunho material já
causado, aplicando-se lhe a pena pecuniária conforme
entendimento de V.Exª. quantia essa razoável e facilmente
suportável pelos Requeridos, posto que tratam-se de expediente
impróprio e por meios fraudulentos, lesivo, doloso tentam o
enriquecimento sem causa por meio ilícito, valor esse que não
levará os mesmos à insolvência, bem como, ao pagamento das
custas processuais e honorários advocatícios que Vossa
Excelência houver por bem em determinar;

e) a designação de audiência de conciliação;

f) provar o alegado por todos os meios de provas em direito


admitidos, especialmente pelo depoimento pessoal dos Requeridos,
testemunhas.

Requer o conhecimento e a apreciação da presente ação, com


designação de audiência de mediação ou de conciliação, sendo o
réu citado com, no mínimo, 20 (vinte) dias de antecedência. Não
comparecendo o réu à audiência, sem que, com no mínimo 10 (dez)
dias de antecedência, tenha peticionado em contrário à
autocomposição, pede-se a aplicação de multa de 2% do valor da
causa, conforme art. 334, §§ 5º e 8º, do CPC/2015.

Pede que o Réu seja informado que poderá contestar a petição


inicial, até 15 (quinze) dias contatos da audiência de
mediação/conciliação, conforme art. 335 do CPC/2015, e caso não
conteste a ação, incorrerá em revelia, conforme art. 344 do
CPC/2015.

Seja concedida o benefício da justiça gratuita, por ser a Autora


aposentada com salário mínimo, declaração e número do benefício
acostada.

Espera-se que a ação seja julgada totalmente procedente,


declarando-se assim nulo o contrato de compra e venda,
(ESCRITURA PÚBLICA) e por consequência, a decretação da nulidade
da escritura e da devolução do Lote no estado co-ante, perdas e
danos, pena convencional, custas e despesas processuais, e
honorários advocatícios em 20% sobre o valor da ação.

Almeja-se provar o alegado por todos os meios de prova em


direito admitidos, em especial, pelo depoimento do Réu, e
requer-se, para a citação, os favores do art. 212 do CPC/2015.
 

Atribui-se à causa o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais)


meramente para efeitos fiscais.

brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ….., portador (a) do


CIRG n.º ….. e do CPF n.º ….., residente e domiciliado (a) na Rua …..,
n.º ….., Bairro ….., Cidade ….., Estado ….., por intermédio de seu (sua)
advogado(a) e bastante procurador(a) (procuração em anexo – doc. 01),
com escritório profissional sito à Rua ….., nº ….., Bairro ….., Cidade …..,
Estado ….., onde recebe notificações e intimações, vem mui
respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor

AÇÃO ORDINÁRIA DE NULIDADE DE ATO JURÍDICO,


CUMULADA COM DANOS MORAIS E MATERIAIS E
PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA PARA SEQUESTRO DE
BEM
em face de ….., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de …..,
portador (a) do CIRG n.º ….. e do CPF n.º ….., residente e domiciliado
(a) na Rua ….., n.º ….., Bairro ….., Cidade ….., Estado ….. e …..,
brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ….., portador (a) do
CIRG n.º ….. e do CPF n.º ….., residente e domiciliado (a) na Rua …..,
n.º ….., Bairro ….., Cidade ….., Estado ….., pelos motivos de fato e de
direito a seguir aduzidos.

DOS FATOS
A Autora, no início do mês de ……… de …….., foi procurada pelo Corretor
de Imóveis Sr ………., ora Requerido, que lhe ofereceu-lhe um imóvel
residencial que encontrava-se à venda. Havendo interesse na aquisição
do bem, firmou proposta de Compra e Venda do imóvel residencial, tipo
apartamento, localizado na rua ………… nº ……, apartamento ……., Edifício
………., Cidade de …………… Estado …………….., com área construída de
………………m2, com área total de m2, matrícula nº ………………. (……
Registro de Imóvel de ………… – ……) pelo preço de R$ …….. nas seguintes
condições:

a) R$ …………………, como sinal;

b) R$ …………………, para pagamento em ….. dias;


c) R$ …………………, para pagamento em ….. dias;

d) R$ …………………, para pagamento através de financiamento imobiliário.

Firmado a proposta de compra de imóvel, a Autora fez transferência, no


ato da assinatura e diretamente ao Corretor e Terceiro Requerido, da
importância de R$ ………… Após, em data de …../…../….., efetuou a
transferência em conta corrente dos primeiros Requeridos da
importância de R$ ………, deixando de efetuar o pagamento das demais
prestações avençadas, já que cientificou-se que houvera sido vítima do
“conto do vigário”, já que o imóvel não encontra-se em condições de
habitação, pois era apropriado.

Ocorre que somente após ter efetuado parte de pagamento do imóvel, a


Autora se deu conta que houvera sido induzida em erro, considerando-se
que o bem encontra-se com sérias avarias estruturais, inclusive,
impossibilitando para habitação, visto que existe, conforme
documentação em anexo, infiltrações na viga mestra, rachaduras,
plumada de águas pluviais, infiltração nas janelas e paredes, água no
poço do elevador, etc…, vícios estes sorrateiramente, ocultos quer pelo
Corretor de Imóveis, quer pelos “vendedores”, transmudando o
“negócio” jurídico para ato lesivo ao patrimônio da Autora, induzida em
erro que foi.

Tivesse a Autora conhecimentos dos vícios redibitórios existentes, não


teria efetuado a entrega de R$ ……… ao Requeridos e estes, não
teriam enriquecidos ilicitamente, as custas do dinheiro da
Autora, aliás, conseguido após muito anos de trabalho,
espelhando verdadeiro ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA.

Referida venda foi realizada através de fraude e simulação de


ato jurídico, conforme se provará a seguir, passível de
nulidade, ex-vi do artigo 151 do Código Civil Brasileiro, e por
tais razões esta eivada de nulidade, não podendo gerar nenhum
efeito jurídico.

Descortinada a fraude, os Requeridos decidiram devolver à


Autora, tão só a, – irrisória – importância de R$ ……….., através
de depósito bancário (doc. Anexo). Quanto ao saldo da
importância expropriada R$ ……., os Requeridos deixaram a Autora
a “ver navios”, enriquecendo-se ilicitamente às custas do
patrimônio desta que, diga-se de passagem, foi adquirido após
anos e anos de luta, suor e muito trabalho.

Desnecessário, à vista do exposto, afirmar a Vossa Excelência


que a fraude foi perpetrada com a convivência do Terceiro
Requerido, o Corretor de Imóveis ………., que não mediu esforços,
sempre em conluio com os demais Requeridos, para induzir a
Autora em erro com o objetivo de apropriarem-se do valor de R$
………………..

A falsidade nas informações que foram transferidas à Autora, no


momento consumativo da odiosa “venda”, foi arquitetada tanto
pelo Corretor de Imóveis, quanto pelo casal que figurou como
vendedores, porque, ninguém melhor que eles para saber dos
vícios estruturais daquele Edifício.

Falsidade em sentido amplo, é tudo aquilo que se opõe a


verdadeiro; em sentido jurídico, é toda alteração da verdade.

As provas encartadas a esta, são robustas e concludentes


demonstrado à saciedade, a falsidade das afirmações dos
requeridos no momento consumativo da venda.

DO DIREITO

Em síntese: Nulo foi o negócio jurídico, por tratar-se de negócio ILÍCITO,


originário da fraude, do engodo, da simulação.

Diz o artigo 166 incisos II e IV do Código Civil aduz:

Art. 166 – é nulo o negócio jurídico quando:

II – for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;

IV – não revestir a forma prescrita em lei/

Vê-se, portando, MM. Juiz, que os atos praticados margeia o estelionato


e são ABSOLUTAMENTE NULOS, nos expressos termos do que dispõe o
artigo 166 inciso II do Código Civil.

Presente o dolo no induzimento em erro da Autora, o ato jurídico


encontra-se eivado com nulidade absoluta, viciando todos os
subsequentes atos praticados, inclusive o pagamento da importância
pecuniária.

Nesse sentido são os ensinamentos do festejado tratadista CARVALHO


SANTOS, que em sua obra Código Civil Brasileiro Interpretado, Edição
Freitas Bastos, 1958, vol. III, bem analisa a matéria:

“O ilícito abrange não somente o que é criminoso, mas ainda o que é


contrário aos bons costumes, à moral em suma, tudo aquilo que é
contrário às ordem pública, ou seja, aos interesses da vida social”.
(Págs. 237/238)
Logo, ato jurídico fundado em induzimento em erro, FALSO, é NULO DE
PLENO DIREITO, porque ILÍCITO o seu objeto.

O ato jurídico NULO, inexiste no mundo jurídico. É um nada.

A despeito disso, gera consequências, enquanto não pronunciada a


nulidade pela autoridade competente: O Juiz.

Neste caso, a prestação jurisdicional invocada e que acarreta o


conhecimento, por parte do Juiz, do ato jurídico nulo ou de seus efeitos
(não jurídicos), objetiva tão somente o pronunciamento dessa nulidade,
no sentido da Autora reaver a importância expropriada pelos Requeridos,
bem como, se indenizada pelos danos que lhes foram causados, já que
vendeu o apartamento onde morava com seus filhos, entregou o
dinheiro para os Requeridos e foi obrigada a morar a aluguel. Em suam,
ficou sem o dinheiro da venda de seu apartamento e sem um teto para
morar, por obra e arte dos Requeridos.

O pronunciamento da nulidade, proferido pela autoridade competente, (o


Juiz), surge, COMO EFICÁCIA MANDAMENTAL DE QUE SE REVESTE, a
determinação do cancelamento do “negócio jurídico” que decorreram do
ATO JURÍDICO NULO.

É evidente, pois face à letra da lei, que, para ser pronunciada a nulidade
que o Juiz conheça do ATO NULO, quando a nulidade estiver
devidamente provada.

CARVALHO SANTOS, com a propriedade que caracteriza seus


ensinamentos, preleciona:

“O que distingue mais o ato nulo, quanto aos seus efeitos, é que, PARA
SER DECLARADA NULIDADE, NÃO SE PRECISA INTENTAR
PROPRIAMENTE UMA AÇÃO DE NULIDADE,…”. (op. Cit., pág. 253)

“DAÍ PODER E, MAIS QUE ISSO, DEVER O JUIZ PRONUNCIÁ-LO DE


OFÍCIO, quando reconhecer do ato ou dos seus efeitos…”

“NÃO SE PRECISA INTENTAR UMA AÇÃO DE NULIDADE, ficou dito acima.


E é a pura realidade. Pois a NULIDADE, É OBRA DO LEGISLADOR, como
acentua PLANIOL, tornando nulo o que foi feito, SEM NECESSIDADE
ALGUMA DE QUALQUER AÇÃO. O JUIZ NÃO PRECISA NADA JULGAR pois
é a própria lei que lhe nega valor e eficácia…”

“Essa é a verdadeira doutrina, pois em realidade, a nulidade opera ipso


jure, não produzindo o ato nulo nenhum efeito, mesmo sem a
declaração de nulidade”. (Op. Cit., pág. 255)
E, como complemento, esclarece o insigne tratadista:

“OPERANDO A NULIDADE DE PLENO DIREITO, como ficou dito, CLARO


ESTÁ QUE NÃO SE PRECISA ANULAR O ATO PARA QUE ELE NÃO
PRODUZA NENHUM DOS EFEITOS JURÍDICOS A QUE SE DESTINAVA”.
(Op. Ct., pág. 255)

SERPA LOPES, no seu Curso de Direito Civil, Vol. I, pág. 615, em


Comentários no parágrafo único do artigo 145 do Código Civil de 1916,
ensina:

“COMO SE AFIRMAR, no parágrafo único, que AS NULIDADE ABSOLUTAS


DEVEM SER PRONUNCIADAS PELO JUIZ, quando conhecer do ato ou dos
seus efeitos, SUBENTENDE-SE O PODER DO JUIZ DE PRONUNCIÁ-LAS,
INDEPENDENTEMENTE DE UMA AÇÃO ESPECIAL PARA TAL
PRONUNCIAMENTO”.

PONTES DE MIRANDA, com a autoridade que lhe é reconhecida, ensina,


no seu Tratado de Direito Privado, Parte Geral, Tomo IV, pág. 42/43
que:

“O que alega a nulidade será diante de suporte fático que entrou no


mundo jurídico, mas profundamente comprometido. Por isso mesmo, O
JUIZ, encontrando fatos que a provam, TÊM O DEVER DE DECRETAR A
NULIDADE DO ATO JURÍDICO”.

“A alegação de nulidade pode ser, portanto, incidentes, sempre que haja


interesse em que se tenha por nulo o ato jurídico: E CORRE AO JUIZ O
DEVER DE DESCONSTITUIR O ATO JURÍDICO QUE TÃO
DEFICITARIAMENTE SE CONSTITUIU”.

WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO, Curso de Direito Civil, 12ª Edição


Saraiva, 1973, 1º volume, pág. 261, ao fazer as distinções entre as
nulidades absolutas e as relativas, assim preleciona:

“A ANULABILIDADE há de ser pronunciada mediante provocação da


parte, não podendo ser decretada ex Ofício pelo Juiz (art. 152); A
NULIDADE PODE SER DECRETADA DE OFÍCIO (art. 146, parágrafo
único)”.

Ocorre que, por força da existência desses ATOS JURÍDICOS NULOS,


consubstanciados na venda e um apartamento não próprio para
habitação com sérios à saúde e até à própria vida humana, a Autora
perdeu se patrimônio, conseguindo após anos e anos de trabalho.
Evidente também, e de forma inequívoca, que esses ATOS JURÍDICOS
NULOS, absolutamente nulos, se constituíram em OBJETO ILÍCITO, já
que o próprio objetivo era e é ilícito.

Destarte, a NULIDADE do negócio jurídico é a medida que se impõe e


desde já fica Requerido.

Como já foi dito, a Autora para comprar o apartamento que lhe foi
ofertado pelos Requeridos, vendeu o imóvel onde morava com suas
filhas (menores) e entregou o produto da venda nas mãos dos
Requeridos. Estes, por sua vez, fizeram a “partilha” do produto e, após
exaustivos pedidos da Autora, acabaram por devolver-lhe somente parte
do dinheiro.

Os primeiro Requeridos, após o recebimento do dinheiro das mãos da


Autora, venderam – novamente – o mesmo apartamento à outro
“incauto” e com o dinheiro amealhado, iniciaram a construção de outro
imóvel. Já o Terceiro Requerido está a gastar, impunemente, zombando
da Autora e porque não dizer da Justiça.

A conduta dos Requeridos, quer pela omissão de informações sobre os


vícios redibitórios do imóvel, quer pelo “ardil” usado para induzir a
Autora em erro, acabaram causando-lhe prejuízo de grande monta, quer
no âmbito MORAL quer no MATERIAL. Devem, pois, serem
responsabilizados a ressarcir os prejuízos causados.

Dita o Código Civil Brasileiro que…

Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927 – Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, é obrigado a repará-lo.

Parágrafo único – haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando
a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por
sua natureza, risco para os direitos de outrem.

28.Pelos fatos retro narrados, não há dúvida que os Requeridos, através


de suas ações criminosas, trouxeram danos de grande monta à Autora,
porque macularam sua honra subjetiva, vez que foi obrigada a morar de
aluguel com suas filhas menores, abdicando do conforto que usufruía em
seu próprio teto. Já quanto ao dano material o prejuízo beira a casa dos
R$ ………….., já que vendeu o imóvel onde residia por preço abaixo do
mercado, entregou o valor (em moeda) de R$ …………….. aos Requeridos
e já pagou até a presente data R$ ……………… de aluguel, além do que
não teve qualquer indexação de seu capital.

A ação premeditada dos Requeridos visando lançar mão no patrimônio


da Autora, merece uma resposta imediata do Poder Judiciário, para
coibir ou mesmo impedir que continuem a praticar atos dessa natureza,
induzindo pessoas em erro, para auferir vantagem pecuniária.

Entende, porém, os patronos da Autora, que o melhor remédio contra os


delitos infamantes está na ação civil de danos morais e materiais,
sobretudo depois da Constituição de 1988…

“verbis”

Art. 5º – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
pais, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurando o direito a indenização pelo dano material ou
moral, decorrente da sua violação.”

Ressalte-se que o texto fundamental é absolutamente claro e imperioso


ao assegurar “o direito de indenização” por “dano moral”, no mesmo
plano de indenização por “dano material”, consagrado no artigo 159 do
Código Civil Brasileiro.

A jurisprudência dos nossos Tribunais têm assegurado proteção jurídica


contra lesões morais e materiais. No mesmo sentido são os magistérios
de nossos mais consagrados doutrinadores. O conceito de “danos
morais” é assim traçado por Wilson Mello da Silva (O Dano Moral e Sua
Reparação – Forense, 3ª Edição, 1983, p.1)…

“verbis”

“Danos morais são lesões sofridas pelo sujeito físico ou pessoa natural
de direito em seu patrimônio ideal, entendendo-se por patrimônio ideal,
em contraposição a patrimônio material, tudo aquilo que não seja
susceptível de valor econômico. Jamais afetam o patrimônio material,
como salienta DEMONGUE. E para que facilmente o reconheçamos, basta
que se atente, não para o bem sobre que incidiram, mas, sobretudo,
para a natureza do prejuízo final. Seu elemento característico é a dor,
tomado o termo em seu sentido amplo, abrangendo tanto os sofrimentos
meramente físicos, como os morais propriamente ditos. Danos morais,
pois, seriam, exemplificamente, os decorrente das ofensas à honra, ao
decoro, à paz interior de cada qual, à crenças íntimas, aos sentimentos
afetivos de qualquer espécie, à liberdade, à vida, à integridade
corporal.”

No momento em que foi violada a honra subjetiva da Autora, nasceu


para os ofensores (REQUERIDOS) a obrigação de indenizar o ofendido
por “danos morais”, conforme preceitua o texto constitucional e o art.
159 do Código Civil.

Sobre o assunto o festejado Celso Ribeiro Bastos preceitua:

“verbis”

“A novidade que há aqui é a introdução do dano moral como fator


desencadeante da reparação. De fato não faz parte da tradição do nosso
direito o indenizar materialmente o dano moral. No entanto esta tradição
no caso há de ceder diante da expressa previsão constitucional. E é bom
que tenha agido assim o constituinte. A inclusão da responsabilidade
civil reveste-se em muitas hipóteses de uma força intimidatória que as
outras formas de responsabilização podem não possuir, sobretudo em
decorrência de uma desaplicação quase sistemática das normas penais
sobre os segmentos mais endinheirados da população. Temos para nos
que é sem dúvida um reforço substancial que se presta ao cumprimento
destes direitos. Não se desconhecem as dificuldades de encontrar-se
uma correspondência entre o dano moral e a reparação patrimonial. No
particular, a experiência dos países que têm longo trato com o assunto
servirá, certamente, de auxílio para a atividade do magistrado (In
“Comentários à Constituição do Brasil”, 2º vol., p. 65)”.

O mesmo autor, in “Enciclopédia Saraiva do Direito”, vol. 22, p. 267,


doutrina:

“verbis”

“Os danos morais, de cuja reparabilidade, ou não, se cogita, são apenas


aqueles danos que, nem direta, nem indiretamente possam admitir uma
reparação econômica, dentro dos moldes usuais e rotineiros. O direito,
advirta-se, tal como proclamado por Recaséns Siches, nem sempre
materializa uma lógica aristotélica do dois e dois são quatro. Direito é,
sobretudo, ciência de vida e de valoração. A fórmula ampla em que se
vaza é a do “neminem laedere” pelo que, como de curial entendimento,
não poderia ater-se apenas as coisas materiais, de maneira exclusiva,
tal como, a muitos pareceria quem efetivamente, fosse. Quando se fala
em reparabilidade do dano moral, nossas vistas não se valores de
natureza direta, para o dinheiro ou para os amealháveis, sujeitos à
distorções tecnocratas, interesseiras e, sobretudo, arbitrárias e, por
vezes, iníquas, dos tempos que fluem. O dano moral, certo é, têm em
conta o outro lado do ser humano: seus sentimentos, suas afeições,
suas crenças e tudo o mais que se possam comprar ou vender à maneira
dos bens materiais de um modo amplo. Como advertiria alguém, nós
tanto podemos ser lesados no que temos, como, também, no que
somos.”

A jurisprudência brasileira retratando o inconformismo de insignes


magistrados, diante do fato incompreensível de não existir, à época,
previsão legal acolhedora do dano moral, registrava, no começo do
século, tentativas conscientes de torná-lo indenizável, conforme se
depreende dos Acórdão seguintes coletados por WILSON MELLO DA
SILVA, na obra já citada às pp. 535/536:

“verbis”

“A obrigação de indenizar o dano procedente do fato ilícito abrange não


só o dano patrimonial com o puramente moral.” (Acórdão do Tribunal de
Minas – Rev. Forense, vol. X, p. 199 e Revista de Direito, vol. 9, pp./
566 e 571).

“A reparação do dano moral é tão justamente devida como a do dano


material. Nas faltas de critérios estabelecidos na lei, tanto a apreciação
dos danos morais como a sua indenização ficam entregues ao prudente
arbítrio do julgador, que deve pesar a prova da realidade e a extensão
do prejuízo segundo as circunstâncias especiais de cada caso.” (De uma
sentença de Raul de Souza Martins, de 06.11.1911, d. Revista de
Direito, vol. 19, p. 349).

“Estão acordes todos os autores em reconhecer e confessar a


dificuldade, a impossibilidade se quiserem, de dar uma expressão
econômica a valores morais como esse que perdeu a autora. Mas ao
mesmo tempo, na doutrina dos melhores escritores e da jurisprudência
dos tribunais mais adiantados, afirma-se que é preciso reconhecer o
direito sobre esses bens morais e a necessidade de obrigar os que
violam tais direitos a um ressarcimento que é ante destinado ao fim de
reconhecer e consagrar o direito de que a uma justa indenização
(Acórdão do Supremo Tribunal Federal, de 13.12.1913, v. Revista dos
Tribunais, vol. 8, pp. 181 e 11, p. 35)”.

Atualmente nossos tribunais mais expressivos não discrepam quanto à


viabilidade da condenação do ofensor por danos morais, cumprindo por
em destaque, além da súmula 37 do S.T.J., os seguintes julgados:

“Superior Tribunal de Justiça – Súmula nº 37 – São cumuláveis as


indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.”
– referência: Código Civil, artigo 159 – Resp 3.604 – SP (2ª T 19.09.90
– DJ 22.10.90) Resp 4.236 – RJ (3ª T 04.06.91 – DJ 01.07.91) – Resp
3.229 – RJ (3ª T 10.06.91 – DJ 05.08.91). Resp 10.536 – RJ (3ª T
21.06.941 – DJ 19.08.91). Resp 1.604 – SP (4ª T 09.10.91 – DJ
11.11.91). Corte Especial, em 13.03.92. DJ 17.03.92, p. 3.172. Rep.
19.03.92, p. 3.201.

“S.T.F. 2ª Turma – Admito o ressarcimento do dano moral em nosso


sistema jurídico vigente.” (17.5.76, rel. Ministro Moreira Alves, R.T.J.
62/298)

“T.J.R.S.: O dano moral é indenizável, tanto quanto o dano patrimonial.”


(2ª Câmara Cível, 29.9.76, rel. Ladislau Ferreira Rohnelt. R.J.T.J.R.S.
63/254; 1ª Câmara Cível, 2.5.1978, rel. Oscar Gomes Nunes,
R.J.T.J.R.S. 72/309).

Malgrado muito desses julgados, sobretudo o do Supremo Tribunal


Federal, relatado pelo Min. Moreira Alves, foram pronunciados antes da
Constituição de 1988, todos passaram a admitir a ação indenizatória por
danos morais. Já quanto ao montante da indenização deve ficar a
critério do julgador, ficando este com inteira liberdade para fixar o
montante que entender justo, dentro do critério de desestimular o
culpado a não mais praticar esse tipo de delito.

Esta importante evolução do direito brasileiro, libertou as vítimas dos


antigos institutos, que permitiam a execução civil da sentença criminal
muito depois da lesão sofrida e sempre sujeita às limitações de toda
ordem, inclusive, as do art. 935 do Código Civil Brasileiro. Hoje o
processo civil têm preferência e, inegavelmente, maior eficácia na
repressão e prevenção dos delitos contra a honra, deixando-se para o
processo penal aqueles de ação pública.

Por tudo quanto foi aqui exposto, Ínclito Julgador, a Autora busca
responsabilizar os Requeridos pelos maus causados ao seu patrimônio e
à sua pessoa e à sua família.

A Autora sofreu, além dos prejuízos morais que ora estima em R$ …….,
gritante DANOS MATERIAIS, visto que, vendeu o apartamento onde
morava com suas filhas para entregar o produto da venda aos
Requeridos e hoje não consegue comprar o mesmo imóvel, o valor de R$
…………… que entregou aos Requeridos, chega-se à casa dos R$ …….

Assim, somando-se os prejuízos materiais e morais da Autora, atingimos


a cifra pecuniária de R$ …….. Esse o valor que devem os Requeridos
serem condenados, pelos prejuízos materiais e morais que causou ao
Autor.
A pretensão da tutela antecipada, encontra amparo legal no artigo 300
do Estatuto Civil Adjetivo onde…

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos


que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco
ao resultado útil do processo.

I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação.

Não há como negar que, com o ajuizamento da presente ação


anulatória, poderão os Requeridos desfazerem-se do restante do
dinheiro da Autora que encontram-se depositados em contas bancárias
dos Requeridos, restando ilusório a pretensão de reaver seu patrimônio.

O remédio jurídico cabível in espécie, como medida acauteladora, é o


SEQÜESTRO dos numerários, permanecendo estes em conta própria
deste juízo, até decisão final da lide.

O SEQUESTRO encontra amparo legal como medida acauteladora,


salvaguardando-se assim, o ressarcimento dos valores apropriados.

O artigo 301 do Estatuto Adjetivo Civil dita que …

Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada


mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto
contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para
asseguração do direito

Não há como negar a existência de prova material de que a Autora


efetuou DEPÓSITO de numerários na conta corrente dos Primeiros
Requeridos, como também, que estes, confessando a apropriação da
importância pecuniária, efetuaram a devolução (através de depósito na
conta corrente da Autora – doc. Anexo).

O Egrégio STJ já decidiu que ….

“O sequestro pode incidir sobre bens que constituam proveito do ato


ilícito praticado pelos Autores, dando-se interpretação extensiva ao
conceito de coisa litigiosa”(STJ – 4ª Turma, Resp 60.288-2- SP, rel. Min.
Ruy Rosado, j. 21.6.95, v.u.).

O PERIGO de dilapidação do patrimônio (dinheiro) da Autora é iminente.

46.Destarte, nos termos do art. 822 do CPC, Vossa Excelência poderá


determinar o SEQÜESTRO – inaudita altera par’s, oficiando-se ao Banco
Central para que proceda o devido bloqueio na conta corrente dos
Requeridos, rastreando-se as contas existentes em nome dos
Requeridos ………………………………………….., engenheiro civil, portador do
CPF nº …………………….. e do RG nº ……………………. e
……………………………………….., portadora do CPF nº ……………….. e do RG nº
………………., salvaguardando-se assim os direitos e o patrimônio da
Autora, tudo para que não reste ilusória a tutela jurisdicional do Poder
Judiciário.

47.O tratadista NELSON NERY JUNIOR em sua obra “Código de Processo


Civil Comentado” 3ª ed. 1997 – Revista dos Tribunais, pág. 547, leciona
que …

“quando a citação do réu puder tornar ineficaz a medida, ou, também,


quando a urgência indicar a necessidade de concessão imediata da
tutela, o juiz poderá fazê-lo inaudita par’s, que não constitui ofensa, mas
sim limitação iminente do contraditório, que fica diferido para momento
posterior do procedimento.”

É o que desde já fica Requerido.

Existe o periculum in mora. Como já foi dito, os Requeridos estão a


gastar o dinheiro que lhes foi entregue pela Autora, por negócio jurídico
que não chegou a concretizar-se. Os primeiro Requeridos estão
construindo um novo imóvel com o dinheiro da Autora. Quanto ao
Terceiro Requerido, pela condição de Corretor de Imóveis, está
aplicando o dinheiro na compra e venda de imóveis. Este por sua vez,
corre o risco de, perder o dinheiro num negócio sem sucesso. Saliente-
se à existência do periculum in mora, também pela possibilidade do
patrimônio da Autora cair em mãos de Terceiros durante a persecução
processual e sendo este de boa-fé, certamente os reflexos serão
malignos.

Assim, antes que isso venha a concretizar-se, poderá esse r. Juízo coibir,
inclusive a ocorrência de danos, não só ao Autor como também a
terceiros, mediante a prestação da tutela requerida.

Sobre o periculum in mora, nos ensina Humberto Theodoro Junior que


para “a obtenção da tutela cautelar, a parte deverá demonstrar fundado
temor de que, enquanto aguarda a tutela definitiva, venham a faltar as
circunstâncias de fato favoráveis à própria tutela.”

Já quanto ao fumus boni juris, a matéria de direito aqui desfilada, deixa


claro sua existência processual. Não bastasse a farta matéria jurídica
aqui desfilada, some-se ainda, o fato dos Requeridos devolverem parte
dos numerários surrupiados, soando dita devolução como uma confissão,
deixando cristalino a presença deste pressuposto processual autorizador
da medida inaudita altera par’s, dispensando-se maiores indagações a
respeito da matéria.

A liminar – TUTELA ANTECIPADA – merece ser acolhida, para que não


venha a ocorrer a dilapidação do patrimônio da Autora.

Diante de todo o exposto, não resta dúvida acerca da existência dos


requisitos da concessão da tutela antecipada, qual seja, o periculum in
mora e o fumus boni juris.

O artigo 104 do Código Civil estabelece que:

Art. 104 – A validade do negócio jurídico requer:

I – agente capaz;

II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III – forma prescrita ou não defesa em lei.

Dita o artigo 147 do Código Civil que, são anuláveis os negócios


jurídicos …” quando as declarações de vontade emanarem de erro
substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência
normal, em face das circunstâncias do negócio.”

Não há dúvida que a declaração de vontade da Autora ao efetuar a


proposta da compra do apartamento originou-se de erro
substancial, podendo, portanto, ser anulado o negócio jurídico.

9. Houve também o silêncio intencional por parte dos


Requeridos em relação aos vícios redibitórios existentes
no imóvel, no momento da transação. E, de acordo com o
artigo 147 do Código Civil, tal silêncio constitui
omissão dolosa e, portanto, macula o ato com nulidade
insanável.

“Verbis”

Art. 147 – Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio


intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade
que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa,
provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.

Ora, tivessem os Requeridos cientificado a Autora que o


apartamento compromissado a venda estava edificado num prédio
com infiltrações que chegaram a comprometer a viga mestre, e que
os condôminos já teriam até ingressado em Juízo com processo de
indenização contra a Construtora, com a mais absoluta certeza
não teria a Autora, sequer, efetuado a proposta de compra.

Nem se diga, alhures, que o Requerido veja Vossa Excelência que


os Requeridos …………. e sua esposa …….., ignoravam os vícios
estruturais do Edifício. Além de …………………. ser engenheiro civil foi o
mesmo que ocupou o cargo de SÍNDICO daquele edifício, eleito que foi
através da Ata de Eleição datada de …./…./….. (doc. Anexo). Sua esposa
……………………. também tinha total conhecimento dos fatos, já que vive
sob o mesmo teto e compartilham os mesmos problemas, casados que
são.

“Na própria Ata de Eleição para o cargo de SÍNDICO do Requerido


……………….. (…/…./….), consta ao final que …. “foi elaborada uma
comissão de obras pra relacionar os problemas que estão ocorrendo no
condomínio e encaminhar à Construtora (leia-se Construtora
……………………….) num prazo de ……. (……………. dias).”

Os “problemas” que estavam ocorrendo eram e são graves, tanto que


contrataram Advogado (Dr. …………) para ingressar com ação de
indenização conta a Construtora ……………..

“verbis”

Ata do Condomínio Edifico ……………….. em data de …./…../……

“item 1 – A síndica expôs aos presentes a falta de vontade demonstrada


pela construtora para solução dos problemas e que propõe face isso
acionar a empresa. O custo dos honorários do advogado são de R$
………….., dividimos em ………. parcelas mensais de R$ …………… pelo
tempo que for necessário.”

Ata do Condomínio Edifício ……………………… em data de ……/……/……

A sindica demonstra sua preocupação com as despesas da ação com a


construtora que podem chegar a R$ …………….

8.5.Enfim: ninguém em sã consciência compraria um apartamento cuja


construção estava prestes a ruir. Dito edifício foi comparado àquele que
ruiu em …………………, construído que foi com areia de praia. Nos dias de
hoje poder-se-ia compará-lo ao Edifício construído pelo ex-deputado
federal …………………. Nesse sentido foram as palavras da moradora Srª
………………………… na Ata da Assembleia Geral do dia ……/……/…..
“verbis”

“…logo em seguida a Srª ……………………. falou sobre uma conversa com


funcionário da empresa contratada pela construtora que falou a ela e ao
Sr. …………………. do apto ……… que o prédio parecia com o de ………………….
e que sua estrutura contém muita areia e que corria o risco de
desabamento …” (….).

Sendo o Requerido ……………………… ENGENHEIRO CIVIL e estando este


consciente de que continuar residindo naquele edifício colocaria em risco
a de sua família, tratou logo de arrumar um “comprador” e, por ironia do
destino, a Autora teve a infelicidade de cruzar o caminho do Terceiro
Requerido, que como Corretor de Imóveis fez o “fechamento” do
negócio. Tal situação assemelha-se ao “picareta” (vendedor de
automóveis usados) que para vender não mede as consequências de
seus atos. Mesmo sabedor de que o veículo encontra-se com o motor
“fundido”, vende o carro ao primeiro cliente que aparece, dizendo-lhe
que “aquele veiculo encontra-se em perfeito Estado de conservação, que
é pouco “rodado”, que nunca sofreu uma batida, etc…, iludindo o
comprador até lançar mão do dinheiro da “venda”. A situação aqui é
análoga. Todos os ardis foram usados para iludir a infeliz Autora. Aliás,
existe uma diferença entre a venda perpetrada pelo “picareta'” de
automóveis e aquela levada adiante pelos Requeridos: o “picareta” de
automóveis e aquela levada adiante pelos Requeridos: o “picareta” se
receber, após a venda, a visita do comprador (vítima) com o carro
“guinchado” é bem provável que devolva o dinheiro ou arrume outro
motor para o infeliz “cliente”. Já aqui não: além dos requeridos
induzirem a Autora em erro, esta ficou sem o apartamento que houvera
comprado dos Requeridos (já foi vendido para outra pessoa incauta);
sem o dinheiro que entregou para os Requeridos e, como “sobra”, foi
morar de aluguel, porque vendeu seu apartamento para entregar o
resultado da venda aos Requeridos. Triste realidade …!!!

Em síntese: Nulo foi o negócio jurídico, por tratar-se de negócio ILÍCITO,


originário da fraude, do engodo, da simulação.

Diz o artigo 166 incisos II e IV do Código Civil aduz:

Art. 166 – é nulo o negócio jurídico quando:

II – for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;

IV – não revestir a forma prescrita em lei/


Vê-se, portando, MM. Juiz, que os atos praticados margeia o estelionato
e são ABSOLUTAMENTE NULOS, nos expressos termos do que dispõe o
artigo 166 inciso II do Código Civil.

Presente o dolo no induzimento em erro da Autora, o ato jurídico


encontra-se eivado com nulidade absoluta, viciando todos os
subsequentes atos praticados, inclusive o pagamento da importância
pecuniária.

Nesse sentido são os ensinamentos do festejado tratadista CARVALHO


SANTOS, que em sua obra Código Civil Brasileiro Interpretado, Edição
Freitas Bastos, 1958, vol. III, bem analisa a matéria:

“O ilícito abrange não somente o que é criminoso, mas ainda o que é


contrário aos bons costumes, à moral em suma, tudo aquilo que é
contrário às ordem pública, ou seja, aos interesses da vida social”.
(Págs. 237/238)

Logo, ato jurídico fundado em induzimento em erro, FALSO, é NULO DE


PLENO DIREITO, porque ILÍCITO o seu objeto.

O ato jurídico NULO, inexiste no mundo jurídico. É um nada.

A despeito disso, gera consequências, enquanto não pronunciada a


nulidade pela autoridade competente: O Juiz.

Neste caso, a prestação jurisdicional invocada e que acarreta o


conhecimento, por parte do Juiz, do ato jurídico nulo ou de seus efeitos
(não jurídicos), objetiva tão somente o pronunciamento dessa nulidade,
no sentido da Autora reaver a importância expropriada pelos Requeridos,
bem como, se indenizada pelos danos que lhes foram causados, já que
vendeu o apartamento onde morava com seus filhos, entregou o
dinheiro para os Requeridos e foi obrigada a morar a aluguel. Em suam,
ficou sem o dinheiro da venda de seu apartamento e sem um teto para
morar, por obra e arte dos Requeridos.

O pronunciamento da nulidade, proferido pela autoridade competente, (o


Juiz), surge, COMO EFICÁCIA MANDAMENTAL DE QUE SE REVESTE, a
determinação do cancelamento do “negócio jurídico” que decorreram do
ATO JURÍDICO NULO.

É evidente, pois face à letra da lei, que, para ser pronunciada a nulidade
que o Juiz conheça do ATO NULO, quando a nulidade estiver
devidamente provada.
CARVALHO SANTOS, com a propriedade que caracteriza seus
ensinamentos, preleciona:

“O que distingue mais o ato nulo, quanto aos seus efeitos, é que, PARA
SER DECLARADA NULIDADE, NÃO SE PRECISA INTENTAR
PROPRIAMENTE UMA AÇÃO DE NULIDADE,…”. (op. Cit., pág. 253)

“DAÍ PODER E, MAIS QUE ISSO, DEVER O JUIZ PRONUNCIÁ-LO DE


OFÍCIO, quando reconhecer do ato ou dos seus efeitos…”

“NÃO SE PRECISA INTENTAR UMA AÇÃO DE NULIDADE, ficou dito acima.


E é a pura realidade. Pois a NULIDADE, É OBRA DO LEGISLADOR, como
acentua PLANIOL, tornando nulo o que foi feito, SEM NECESSIDADE
ALGUMA DE QUALQUER AÇÃO. O JUIZ NÃO PRECISA NADA JULGAR pois
é a própria lei que lhe nega valor e eficácia…”

“Essa é a verdadeira doutrina, pois em realidade, a nulidade opera ipso


jure, não produzindo o ato nulo nenhum efeito, mesmo sem a
declaração de nulidade”. (Op. Cit., pág. 255)

E, como complemento, esclarece o insigne tratadista:

“OPERANDO A NULIDADE DE PLENO DIREITO, como ficou dito, CLARO


ESTÁ QUE NÃO SE PRECISA ANULAR O ATO PARA QUE ELE NÃO
PRODUZA NENHUM DOS EFEITOS JURÍDICOS A QUE SE DESTINAVA”.
(Op. Ct., pág. 255)

SERPA LOPES, no seu Curso de Direito Civil, Vol. I, pág. 615, em


Comentários no parágrafo único do artigo 145 do Código Civil de 1916,
ensina:

“COMO SE AFIRMAR, no parágrafo único, que AS NULIDADE ABSOLUTAS


DEVEM SER PRONUNCIADAS PELO JUIZ, quando conhecer do ato ou dos
seus efeitos, SUBENTENDE-SE O PODER DO JUIZ DE PRONUNCIÁ-LAS,
INDEPENDENTEMENTE DE UMA AÇÃO ESPECIAL PARA TAL
PRONUNCIAMENTO”.

PONTES DE MIRANDA, com a autoridade que lhe é reconhecida, ensina,


no seu Tratado de Direito Privado, Parte Geral, Tomo IV, pág. 42/43
que:

“O que alega a nulidade será diante de suporte fático que entrou no


mundo jurídico, mas profundamente comprometido. Por isso mesmo, O
JUIZ, encontrando fatos que a provam, TÊM O DEVER DE DECRETAR A
NULIDADE DO ATO JURÍDICO”.

“A alegação de nulidade pode ser, portanto, incidentes, sempre que haja


interesse em que se tenha por nulo o ato jurídico: E CORRE AO JUIZ O
DEVER DE DESCONSTITUIR O ATO JURÍDICO QUE TÃO
DEFICITARIAMENTE SE CONSTITUIU”.

WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO, Curso de Direito Civil, 12ª Edição


Saraiva, 1973, 1º volume, pág. 261, ao fazer as distinções entre as
nulidades absolutas e as relativas, assim preleciona:

“A ANULABILIDADE há de ser pronunciada mediante provocação da


parte, não podendo ser decretada ex Ofício pelo Juiz (art. 152); A
NULIDADE PODE SER DECRETADA DE OFÍCIO (art. 146, parágrafo
único)”.

Ocorre que, por força da existência desses ATOS JURÍDICOS NULOS,


consubstanciados na venda e um apartamento não próprio para
habitação com sérios à saúde e até à própria vida humana, a Autora
perdeu se patrimônio, conseguindo após anos e anos de trabalho.

Evidente também, e de forma inequívoca, que esses ATOS JURÍDICOS


NULOS, absolutamente nulos, se constituíram em OBJETO ILÍCITO, já
que o próprio objetivo era e é ilícito.

Destarte, a NULIDADE do negócio jurídico é a medida que se impõe e


desde já fica Requerido.

Como já foi dito, a Autora para comprar o apartamento que lhe foi
ofertado pelos Requeridos, vendeu o imóvel onde morava com suas
filhas (menores) e entregou o produto da venda nas mãos dos
Requeridos. Estes, por sua vez, fizeram a “partilha” do produto e, após
exaustivos pedidos da Autora, acabaram por devolver-lhe somente parte
do dinheiro.

Os primeiro Requeridos, após o recebimento do dinheiro das mãos da


Autora, venderam – novamente – o mesmo apartamento à outro
“incauto” e com o dinheiro amealhado, iniciaram a construção de outro
imóvel. Já o Terceiro Requerido está a gastar, impunemente, zombando
da Autora e porque não dizer da Justiça.

A conduta dos Requeridos, quer pela omissão de informações sobre os


vícios redibitórios do imóvel, quer pelo “ardil” usado para induzir a
Autora em erro, acabaram causando-lhe prejuízo de grande monta, quer
no âmbito MORAL quer no MATERIAL. Devem, pois, serem
responsabilizados a ressarcir os prejuízos causados.
Dita o Código Civil Brasileiro que…

Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927 – Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, é obrigado a repará-lo.

Parágrafo único – haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando
a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por
sua natureza, risco para os direitos de outrem.

28.Pelos fatos retro narrados, não há dúvida que os Requeridos, através


de suas ações criminosas, trouxeram danos de grande monta à Autora,
porque macularam sua honra subjetiva, vez que foi obrigada a morar de
aluguel com suas filhas menores, abdicando do conforto que usufruía em
seu próprio teto. Já quanto ao dano material o prejuízo beira a casa dos
R$ ………….., já que vendeu o imóvel onde residia por preço abaixo do
mercado, entregou o valor (em moeda) de R$ …………….. aos Requeridos
e já pagou até a presente data R$ ……………… de aluguel, além do que
não teve qualquer indexação de seu capital.

A ação premeditada dos Requeridos visando lançar mão no patrimônio


da Autora, merece uma resposta imediata do Poder Judiciário, para
coibir ou mesmo impedir que continuem a praticar atos dessa natureza,
induzindo pessoas em erro, para auferir vantagem pecuniária.

Entende, porém, os patronos da Autora, que o melhor remédio contra os


delitos infamantes está na ação civil de danos morais e materiais,
sobretudo depois da Constituição de 1988…

“verbis”

Art. 5º – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
pais, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurando o direito a indenização pelo dano material ou
moral, decorrente da sua violação.”

Ressalte-se que o texto fundamental é absolutamente claro e imperioso


ao assegurar “o direito de indenização” por “dano moral”, no mesmo
plano de indenização por “dano material”, consagrado no artigo 159 do
Código Civil Brasileiro.

A jurisprudência dos nossos Tribunais têm assegurado proteção jurídica


contra lesões morais e materiais. No mesmo sentido são os magistérios
de nossos mais consagrados doutrinadores. O conceito de “danos
morais” é assim traçado por Wilson Mello da Silva (O Dano Moral e Sua
Reparação – Forense, 3ª Edição, 1983, p.1)…

“verbis”

“Danos morais são lesões sofridas pelo sujeito físico ou pessoa natural
de direito em seu patrimônio ideal, entendendo-se por patrimônio ideal,
em contraposição a patrimônio material, tudo aquilo que não seja
susceptível de valor econômico. Jamais afetam o patrimônio material,
como salienta DEMONGUE. E para que facilmente o reconheçamos, basta
que se atente, não para o bem sobre que incidiram, mas, sobretudo,
para a natureza do prejuízo final. Seu elemento característico é a dor,
tomado o termo em seu sentido amplo, abrangendo tanto os sofrimentos
meramente físicos, como os morais propriamente ditos. Danos morais,
pois, seriam, exemplificamente, os decorrente das ofensas à honra, ao
decoro, à paz interior de cada qual, à crenças íntimas, aos sentimentos
afetivos de qualquer espécie, à liberdade, à vida, à integridade
corporal.”

No momento em que foi violada a honra subjetiva da Autora, nasceu


para os ofensores (REQUERIDOS) a obrigação de indenizar o ofendido
por “danos morais”, conforme preceitua o texto constitucional e o art.
159 do Código Civil.

Sobre o assunto o festejado Celso Ribeiro Bastos preceitua:

“verbis”

“A novidade que há aqui é a introdução do dano moral como fator


desencadeante da reparação. De fato não faz parte da tradição do nosso
direito o indenizar materialmente o dano moral. No entanto esta tradição
no caso há de ceder diante da expressa previsão constitucional. E é bom
que tenha agido assim o constituinte. A inclusão da responsabilidade
civil reveste-se em muitas hipóteses de uma força intimidatória que as
outras formas de responsabilização podem não possuir, sobretudo em
decorrência de uma desaplicação quase sistemática das normas penais
sobre os segmentos mais endinheirados da população. Temos para nos
que é sem dúvida um reforço substancial que se presta ao cumprimento
destes direitos. Não se desconhecem as dificuldades de encontrar-se
uma correspondência entre o dano moral e a reparação patrimonial. No
particular, a experiência dos países que têm longo trato com o assunto
servirá, certamente, de auxílio para a atividade do magistrado (In
“Comentários à Constituição do Brasil”, 2º vol., p. 65)”.

O mesmo autor, in “Enciclopédia Saraiva do Direito”, vol. 22, p. 267,


doutrina:

“verbis”

“Os danos morais, de cuja reparabilidade, ou não, se cogita, são apenas


aqueles danos que, nem direta, nem indiretamente possam admitir uma
reparação econômica, dentro dos moldes usuais e rotineiros. O direito,
advirta-se, tal como proclamado por Recaséns Siches, nem sempre
materializa uma lógica aristotélica do dois e dois são quatro. Direito é,
sobretudo, ciência de vida e de valoração. A fórmula ampla em que se
vaza é a do “neminem laedere” pelo que, como de curial entendimento,
não poderia ater-se apenas as coisas materiais, de maneira exclusiva,
tal como, a muitos pareceria quem efetivamente, fosse. Quando se fala
em reparabilidade do dano moral, nossas vistas não se valores de
natureza direta, para o dinheiro ou para os amealháveis, sujeitos à
distorções tecnocratas, interesseiras e, sobretudo, arbitrárias e, por
vezes, iníquas, dos tempos que fluem. O dano moral, certo é, têm em
conta o outro lado do ser humano: seus sentimentos, suas afeições,
suas crenças e tudo o mais que se possam comprar ou vender à maneira
dos bens materiais de um modo amplo. Como advertiria alguém, nós
tanto podemos ser lesados no que temos, como, também, no que
somos.”

A jurisprudência brasileira retratando o inconformismo de insignes


magistrados, diante do fato incompreensível de não existir, à época,
previsão legal acolhedora do dano moral, registrava, no começo do
século, tentativas conscientes de torná-lo indenizável, conforme se
depreende dos Acórdão seguintes coletados por WILSON MELLO DA
SILVA, na obra já citada às pp. 535/536:

“verbis”

“A obrigação de indenizar o dano procedente do fato ilícito abrange não


só o dano patrimonial com o puramente moral.” (Acórdão do Tribunal de
Minas – Rev. Forense, vol. X, p. 199 e Revista de Direito, vol. 9, pp./
566 e 571).

“A reparação do dano moral é tão justamente devida como a do dano


material. Nas faltas de critérios estabelecidos na lei, tanto a apreciação
dos danos morais como a sua indenização ficam entregues ao prudente
arbítrio do julgador, que deve pesar a prova da realidade e a extensão
do prejuízo segundo as circunstâncias especiais de cada caso.” (De uma
sentença de Raul de Souza Martins, de 06.11.1911, d. Revista de
Direito, vol. 19, p. 349).

“Estão acordes todos os autores em reconhecer e confessar a


dificuldade, a impossibilidade se quiserem, de dar uma expressão
econômica a valores morais como esse que perdeu a autora. Mas ao
mesmo tempo, na doutrina dos melhores escritores e da jurisprudência
dos tribunais mais adiantados, afirma-se que é preciso reconhecer o
direito sobre esses bens morais e a necessidade de obrigar os que
violam tais direitos a um ressarcimento que é ante destinado ao fim de
reconhecer e consagrar o direito de que a uma justa indenização
(Acórdão do Supremo Tribunal Federal, de 13.12.1913, v. Revista dos
Tribunais, vol. 8, pp. 181 e 11, p. 35)”.

Atualmente nossos tribunais mais expressivos não discrepam quanto à


viabilidade da condenação do ofensor por danos morais, cumprindo por
em destaque, além da súmula 37 do S.T.J., os seguintes julgados:

“Superior Tribunal de Justiça – Súmula nº 37 – São cumuláveis as


indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.”
– referência: Código Civil, artigo 159 – Resp 3.604 – SP (2ª T 19.09.90
– DJ 22.10.90) Resp 4.236 – RJ (3ª T 04.06.91 – DJ 01.07.91) – Resp
3.229 – RJ (3ª T 10.06.91 – DJ 05.08.91). Resp 10.536 – RJ (3ª T
21.06.941 – DJ 19.08.91). Resp 1.604 – SP (4ª T 09.10.91 – DJ
11.11.91). Corte Especial, em 13.03.92. DJ 17.03.92, p. 3.172. Rep.
19.03.92, p. 3.201.

“S.T.F. 2ª Turma – Admito o ressarcimento do dano moral em nosso


sistema jurídico vigente.” (17.5.76, rel. Ministro Moreira Alves, R.T.J.
62/298)

“T.J.R.S.: O dano moral é indenizável, tanto quanto o dano patrimonial.”


(2ª Câmara Cível, 29.9.76, rel. Ladislau Ferreira Rohnelt. R.J.T.J.R.S.
63/254; 1ª Câmara Cível, 2.5.1978, rel. Oscar Gomes Nunes,
R.J.T.J.R.S. 72/309).

Malgrado muito desses julgados, sobretudo o do Supremo Tribunal


Federal, relatado pelo Min. Moreira Alves, foram pronunciados antes da
Constituição de 1988, todos passaram a admitir a ação indenizatória por
danos morais. Já quanto ao montante da indenização deve ficar a
critério do julgador, ficando este com inteira liberdade para fixar o
montante que entender justo, dentro do critério de desestimular o
culpado a não mais praticar esse tipo de delito.

Esta importante evolução do direito brasileiro, libertou as vítimas dos


antigos institutos, que permitiam a execução civil da sentença criminal
muito depois da lesão sofrida e sempre sujeita às limitações de toda
ordem, inclusive, as do art. 935 do Código Civil Brasileiro. Hoje o
processo civil têm preferência e, inegavelmente, maior eficácia na
repressão e prevenção dos delitos contra a honra, deixando-se para o
processo penal aqueles de ação pública.

Por tudo quanto foi aqui exposto, Ínclito Julgador, a Autora busca
responsabilizar os Requeridos pelos maus causados ao seu patrimônio e
à sua pessoa e à sua família.

A Autora sofreu, além dos prejuízos morais que ora estima em R$ …….,
gritante DANOS MATERIAIS, visto que, vendeu o apartamento onde
morava com suas filhas para entregar o produto da venda aos
Requeridos e hoje não consegue comprar o mesmo imóvel, o valor de R$
…………… que entregou aos Requeridos, chega-se à casa dos R$ …….

Assim, somando-se os prejuízos materiais e morais da Autora, atingimos


a cifra pecuniária de R$ …….. Esse o valor que devem os Requeridos
serem condenados, pelos prejuízos materiais e morais que causou ao
Autor.

A pretensão da tutela antecipada, encontra amparo legal no artigo 300


do Estatuto Civil Adjetivo onde…

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos


que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco
ao resultado útil do processo.

I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação.

Não há como negar que, com o ajuizamento da presente ação


anulatória, poderão os Requeridos desfazerem-se do restante do
dinheiro da Autora que encontram-se depositados em contas bancárias
dos Requeridos, restando ilusório a pretensão de reaver seu patrimônio.

O remédio jurídico cabível in espécie, como medida acauteladora, é o


SEQÜESTRO dos numerários, permanecendo estes em conta própria
deste juízo, até decisão final da lide.

O SEQUESTRO encontra amparo legal como medida acauteladora,


salvaguardando-se assim, o ressarcimento dos valores apropriados.

O artigo 301 do Estatuto Adjetivo Civil dita que …

Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada


mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto
contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para
asseguração do direito

Não há como negar a existência de prova material de que a Autora


efetuou DEPÓSITO de numerários na conta corrente dos Primeiros
Requeridos, como também, que estes, confessando a apropriação da
importância pecuniária, efetuaram a devolução (através de depósito na
conta corrente da Autora – doc. Anexo).

O Egrégio STJ já decidiu que ….

“O sequestro pode incidir sobre bens que constituam proveito do ato


ilícito praticado pelos Autores, dando-se interpretação extensiva ao
conceito de coisa litigiosa”(STJ – 4ª Turma, Resp 60.288-2- SP, rel. Min.
Ruy Rosado, j. 21.6.95, v.u.).

O PERIGO de dilapidação do patrimônio (dinheiro) da Autora é iminente.

46.Destarte, nos termos do art. 822 do CPC, Vossa Excelência poderá


determinar o SEQÜESTRO – inaudita altera par’s, oficiando-se ao Banco
Central para que proceda o devido bloqueio na conta corrente dos
Requeridos, rastreando-se as contas existentes em nome dos
Requeridos ………………………………………….., engenheiro civil, portador do
CPF nº …………………….. e do RG nº ……………………. e
……………………………………….., portadora do CPF nº ……………….. e do RG nº
………………., salvaguardando-se assim os direitos e o patrimônio da
Autora, tudo para que não reste ilusória a tutela jurisdicional do Poder
Judiciário.

47.O tratadista NELSON NERY JUNIOR em sua obra “Código de Processo


Civil Comentado” 3ª ed. 1997 – Revista dos Tribunais, pág. 547, leciona
que …

“quando a citação do réu puder tornar ineficaz a medida, ou, também,


quando a urgência indicar a necessidade de concessão imediata da
tutela, o juiz poderá fazê-lo inaudita par’s, que não constitui ofensa, mas
sim limitação iminente do contraditório, que fica diferido para momento
posterior do procedimento.”

É o que desde já fica Requerido.

Existe o periculum in mora. Como já foi dito, os Requeridos estão a


gastar o dinheiro que lhes foi entregue pela Autora, por negócio jurídico
que não chegou a concretizar-se. Os primeiro Requeridos estão
construindo um novo imóvel com o dinheiro da Autora. Quanto ao
Terceiro Requerido, pela condição de Corretor de Imóveis, está
aplicando o dinheiro na compra e venda de imóveis. Este por sua vez,
corre o risco de, perder o dinheiro num negócio sem sucesso. Saliente-
se à existência do periculum in mora, também pela possibilidade do
patrimônio da Autora cair em mãos de Terceiros durante a persecução
processual e sendo este de boa-fé, certamente os reflexos serão
malignos.

Assim, antes que isso venha a concretizar-se, poderá esse r. Juízo coibir,
inclusive a ocorrência de danos, não só ao Autor como também a
terceiros, mediante a prestação da tutela requerida.

Sobre o periculum in mora, nos ensina Humberto Theodoro Junior que


para “a obtenção da tutela cautelar, a parte deverá demonstrar fundado
temor de que, enquanto aguarda a tutela definitiva, venham a faltar as
circunstâncias de fato favoráveis à própria tutela.”

Já quanto ao fumus boni juris, a matéria de direito aqui desfilada, deixa


claro sua existência processual. Não bastasse a farta matéria jurídica
aqui desfilada, some-se ainda, o fato dos Requeridos devolverem parte
dos numerários surrupiados, soando dita devolução como uma confissão,
deixando cristalino a presença deste pressuposto processual autorizador
da medida inaudita altera par’s, dispensando-se maiores indagações a
respeito da matéria.

A liminar – TUTELA ANTECIPADA – merece ser acolhida, para que não


venha a ocorrer a dilapidação do patrimônio da Autora.

Diante de todo o exposto, não resta dúvida acerca da existência dos


requisitos da concessão da tutela antecipada, qual seja, o periculum in
mora e o fumus boni juris.

DOS PEDIDOS E DOS REQUERIMENTOS


Diante do exposto, REQUER-SE:

a)a concessão da TUTELA ANTECIPADA – inaudita altera par’s,


determinando o SEQÜESTRO – de importância(s) que encontram-se
depositadas em conta(s) correntes e/ou poupança em nome dos
Requeridos até o valor de R$ ……………. (importância expropriada)
oficiando-se ao Banco Central para que proceda o rastreamento
das contas existente em nome dos Requeridos ….., Engenheiro
Civil, portador do CPF nº ………. e do RG nº ……… e ……….. portadora
do CPF nº ……………….. e do RG nº. …………, brasileiro, casado,
corretor de imóveis, portador do CRECI nº ………………., com endereço
comercial na rua ………… nº ………, ……. andar, CEP ……………., Cidade ……..
Estado ……, salvaguardando-se assim os direito e o patrimônio da
Autora, tudo para que não reste, ao final, ilusória a tutela
jurisdicional do Poder Judiciário;

b) a citação dos Requeridos “ab initio” qualificados nos termos


do art. 221, I, e 222 do CPC, para que, se quiserem e puderem,
responderem aos termos da presente ação anulatória, a qual
deverá ser julgada totalmente procedente para declarar a nulo o
negócio jurídico efetuado, condenando-os a devolução da
importância pecuniária que foi – indevidamente – expropriada;

c) a expedição de ofício ao Cartório de Registro de Imóveis da


………. Circunscrição de ……………………, rua …………. nº ……., determinando
que apresente a esse Juízo a matrícula atual do imóvel “sub
judice“, com registro nº ……………… e demais averbações existentes,
onde se demonstrará que os Requeridos já venderam o imóvel
prometido à venda à Autora;

d) a condenação dos Requeridos na indenização dos danos morais


no importe de R$ ………….., e nos de cunho material já causado,
aplicando-se lhe a pena pecuniária de R$ …….., quantia essa
razoável e facilmente suportável pelos Requeridos, posto que
tratam-se de Engenheiro Civil e Corretor de Imóveis, valor esse
que não levará os mesmos à insolvência, bem como, ao pagamento
das custas processuais e honorários advocatícios que Vossa
Excelência houver por bem em determinar;

e) a designação de audiência de conciliação;

f) provar o alegado por todos os meios de provas em direito


admitidos, especialmente pelo depoimento pessoal dos Requeridos,
testemunhas e periciais.

Dá-se à causa o valor de R$ 00.000,00 (valor por extenso).

Nestes Termos, Pede e Espera Deferimento.

João Pessoa, 09 de março de 2084

[Local],      [dia] de [mês] de [ano]

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