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EXCELENTÍSSIMO JUÍZO DO __
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE BRASÍLIA/DF

DEBORAH SCHEIDEGGER SOBOLL, brasileira, casada, médica veterinária,


inscrita no CPF sob o n° 014.343.369-56, portadora do RG n° 3301456, endereço eletrônico:
deborahsoboll@gmail.com, residente e domiciliada na SMPW, Quadra 28, Conjunto 06, Lote
2, Casa 03, Bairro: Park Way, Brasília/DF, CEP: 71745-806, por meio do seu advogado infra-
assinado (procuração em anexo), vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência,
com fulcro nos artigos 186 e 927, ambos do Código Civil propor:

AÇÃO DE COBRANÇA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

Em face de GERALDO JAIR VIEIRA SEGATTO, nacionalidade: desconhecida,


estado civil: desconhecido, profissão: desconhecido, endereço eletrônico: desconhecida,
inscrito no CPF sob o n° 833.332.666-87, residente e domiciliado na SQSW, Quadra 305,
Bloco H, Ap. 208, Bairro: Sudoeste, Brasília/DF, CEP: 70673-428, pelos fatos e fundamentos a
seguir expostos.

I - DOS FATOS
A Autora firmou com o Réu um negócio jurídico de contrato de prestação
de serviços e aquisição de produtos nos seguintes termos:

 Hospedagem do cão “CLARK KENT DC”, de raça; Golden


Retriever, de sexo masculino, no período de 26/10/2019 a
01/11/2019, totalizando 5 (cinco) diárias, no importe de R$350,00
(trezentos e cinquenta reais);
 Anticarrapaticida oral Simparic, no importe de R$ 100,00 (cem
reais);
 Coleira Seresto, no importe de R$ 250,00 (duzentos e cinquenta
reais).

Ocorre que mesmo após a efetivação do serviço e a entrega dos produtos,


o réu inadimpliu o pagamento no valor de R$ 700,00 (setecentos reais) até a presente data
sem qualquer justificativa plausível.

A Autora realizou várias ligações e enviou diversas mensagens via aplicativo


WhatsApp, na busca de resolver o inadimplemento, contudo não obteve qualquer êxito
diante da negativa do pagamento dos serviços prestados.

A requerente encaminhou carta de notificação extrajudicial a parte ré (vide


documentos em anexo), com o intuito de resolver a lide amigavelmente, demonstrando zelo
e cuidado no exercício de seus direitos. No entanto, nenhuma providência foi tomada, logo,
não obteve êxito na solução extrajudicial.

Alexandre Alves Sociedade Individual de Advocacia | OAB/DF 57.542 | Endereço: Avenida Central, Lote 1010, Loja 02,
Bairro: Núcleo Bandeirante | CEP: 71.710-019 | Brasília-DF| Telefone (61) 99998-2587 |
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Na tentativa
de solucionar o problema, a autora buscou esclarecimentos e a obtenção de mais
informações sobre o réu, e para sua surpresa frustrando qualquer expectativa depositada
em resolver o conflito, a Autora teve a notícia que o Réu além de restar inadimplente junto
as suas obrigações contratuais, chegou a difamar seu estabelecimento e seus gerentes por
acusações inverídicas perante diversas pessoas na internet.

O requerido fez alegações que deixou seu cachorro no estabelecimento da


Autora e a mesmo apresentou sérios problemas de saúde após retornar da estadia, quais
sejam, Dermatite e Pneumonia, além de se utilizar da palavra “sequela” perante diversos
potenciais clientes do estabelecimento da requerente.

Nessa consequência, após saber do suposto problema de saúde ocorrido


com o cachorro, os veterinários do estabelecimento se prontificaram em ajudá-lo, e caso
houvesse alguma inconsistência na saúde do cão, ambos donos do estabelecimento são
médicos veterinários e estavam à disposição para custear remédios, procedimentos clínicos
e intervenções mais complexas caso fosse necessário.

Tendo em vista o que foi relatado, a autora solicitou exames clínicos,


relatórios médicos ou laudos, onde se afirma que o cão passou por “problemas graves”, no
entanto, nada lhe foram apresentados para a análise.

Ademais, foi repassado no grupo de WhatsApp, nomeado de “Clube


Golden de Bsb”, um link de notícia “Dia Nacional dos Animais: Casal brasiliense cria 27
goldens”, em um site 1 de grande repercussão brasiliense (metrópoles), onde é possível
verificar críticas do réu contra o estabelecimento.

Outrossim, é possível verificar que os comentários do réu inflamaram os


outros usuários do grupo, incorrendo em algumas críticas. Senão vejamos:

“Nosso Buzz veio de lá, é a hospedagem lá foi a pior


experiência que já tivemos.
Voltou doente e tive tratar com a prepotência dos donos do
canil.
Detesto, só isto.
Buzz tem sequelas até hoje”.

Ocorre que além de inverídico, o conteúdo da conversa do Réu perante


terceiros é difamatório e atenta contra a honra da Autora, e a sua divulgação sem qualquer
fundamento causou danos à imagem da Autora, além da repercussão negativa, inclusive
contra potenciais clientes, prejudicando seu negócio de cães especializado na raça de
Golden Retriever.

1
https://www.metropoles.com/colunas-blogs/e-o-bicho/dia-nacional-dos-animais-casal-brasiliense-cria-27-goldens

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Assim, diante
de tal evidência resta claro que são devidos os danos materiais (prejuízo financeiro dos
serviços prestados e não adimplidos) e dos danos morais (difamação) que a Autora fora
acometida, restando inequívoco o direito a indenização.

Vale ressaltar que no presente caso, resta cristalino a intenção do Réu de


difamar a Autora, imputando a ela fato falso que não cometeu, de forma a atingir a sua
honra e credibilidade, daí porque a conduta do Réu deve ser reprimida, representando para
a vítima uma satisfação capaz de amenizar de alguma forma o abalo sofrido e uma sanção de
alerta para que o causador não volte a repetir o ato, uma vez que fica evidenciado o
completo descaso aos transtornos causados.

Razão pela qual não restou outra alternativa a parte autora senão buscar o
poder judiciário, para ver ressarcida a obrigação e os danos que lhe foram causados pela
conduta do Réu.

II - DAS PRELIMINARES
a) DA COMPETÊNCIA

O juízo da presente Circunscrição Judiciaria, revela-se competente para a


propositura da presente ação, nos termos do artigo 4°, I, da Lei n. 9.099, conforme disposto
abaixo:
Art. 4º - É competente, para as causas previstas nesta Lei, o
Juizado do foro:

I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde


aquele exerça atividades profissionais ou econômicas ou
mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou
escritório;

(...) Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser


proposta no foro previsto no inciso I deste artigo.

Neste sentido, o foro do Juizado Especial Cível da Circunscrição Judiciária


de Brasília/DF revela-se competente para a propositura da presente ação.

b) DA QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A demandante declara que não foi possível indicar todos os dados da


parte demandada como requerido pelo CPC. Mas isto jamais pode ser obstáculo para o
acesso à justiça, especialmente quando se está diante de uma parte hipossuficiente
probatória para suprir estes dados.

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Deste modo,
este requisito não pode ser obstáculo ao recebimento da demanda, senão restará
configurada hipótese insuperável de inconstitucionalidade por violação do art. 5º, inciso
XXXV da Constituição de 1998.

Ao lado disso, os elementos indicados nesta exordial são suficientes para


permitir a citação. Ademais, por força do princípio da colaboração 2, cumpre às partes
demandadas complementar seus dados quando da apresentação de sua defesa.

Portanto, deve ser aplicada a norma do art. 319, §3 do CPC,


determinando-se, se for o caso, a realização de diligências necessárias à sua obtenção, nos
termos do art. 319, §1 do CPC. Assim, pugna-se pela aplicação do disposto no art.319, §3
do CPC ao caso em estudo.

c) DA OPÇÃO PELA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO

A parte autora já buscou dirimir o conflito desta demanda diretamente


com o réu, porém não obteve sucesso.

Todavia, o requerente não se opões às possibilidades de soluções


amigáveis às demandas judiciais, demonstrando zelo do poder judiciário concretizando as
novas diretrizes do CPC/15 com enfoque na celeridade processual.

Desta maneira, manifesta o interesse pela audiência de composição do


litígio, nos termos do art. 319, VII do CPC/15, requerendo por fim citação da parte ré para
que manifeste sua concordância, nos termos do art. 334, caput c/c §5º do CPC 15.

III - DO DIREITO
a) DO NEGÓCIO JURÍDICO

A conduta do Réu trata-se de atitude incompatível a boa-fé contratual,


tendo em vista que foi pactuado contrato de prestação de serviço e aquisição de produtos,
no qual foi cumprido pela parte Autora e inadimplido pela parte Ré.

O Código Civil de 2002 prevê em seus artigos. 110 e 113 que o negócio
jurídico deve ser pautado na manifestação de vontade das partes e interpretado conforme
a boa-fé objetiva, conforme destaca in verbis:

Art. 113.   Os negócios jurídicos devem ser interpretados


conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
§ 1º  A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o
sentido que: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

2
DE OLIVEIRA NETO, Olavo. DE MEDEIROS NETO, Elias Marques. DE OLIVEIRA, Patrícia Elias
Cozzolino. Curso de Direito Processual Civil. São Paulo: Verbatim, v.2, 1ed, 2016, p. 40.

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I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à
celebração do negócio; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado
relativas ao tipo de negócio; (Incluído pela Lei nº 13.874, de
2019)
III - corresponder à boa-fé; (Incluído pela Lei nº 13.874, de
2019)

Além desses pressupostos, o negócio jurídico deve compreender três


diferentes planos, da existência, da validade e da eficácia, para que possa produzir efeitos
jurídicos.
Nesse sentido, conforme se depreende nas provas colacionada aos autos,
sem prejuízo de outras provas a serem produzidas no decorrer do processo, a parte ré
celebrou e autorizou o negócio jurídico com a Autora.

A requerida nunca negou a existência ou validade do negócio jurídico,


pelo contrário sempre anuiu com o avençado e manifestou sua vontade de adquirir os
produtos e serviços da requerente.

No entanto, a parte ré não cumpre o avençado, não realiza o pagamento,


terminando por violar o pacta sunt servanda, incorrendo em mora por período superior a 7
meses; 2 semanas e 4 dias sem qualquer justificativa plausível.

Assim, ante o exposto, considerando que o Réu ultrapassou os limites


razoáveis do exercício de seu direito, é devido a quantia de R$ 700,00 (setecentos reais),
devendo ser pagos a Autora com juros e atualização monetária, nos termos do art. 389 do
CC/2002.

b) DIREITO DO CREDOR

A legislação brasileira, em especial o Código Civil, prevê a possibilidade de


o credor buscar a satisfação de seu crédito mediante a oposição de ação pertinente.

No presente caso, tem-se um ato ilícito pelo descumprimento de obrigação


pactuada por parte do Réu, o que se enquadra no Código Civil nos seguintes termos:

Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por


perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo
índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado.

No caso em tela, tem-se a demonstração inequívoca da ilicitude do ato do


Réu ao deixar de pagar o valor de R$ 700,00 (setecentos reais), nos termos do Art. 186 do
Código civil, sendo inexigível qualquer outra prova, conforme precedentes sobre o tema:

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APELAÇÃO CÍVEL. CONTRATOS AGRÁRIOS. AÇÃO DE COBRANÇA.
ARRENDAMENTO AGRÍCOLA. AUSÊNCIA DE PROVA DE FATO
IMPEDITIVO, MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DO DIREITO DO
AUTOR. APLICAÇÃO DA REGRA DO ARTIGO 373 DO CPC/15. NÃO
CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO. SENTENÇA MANTIDA. Cobrança
referente aos contratos de arrendamento inadimplido
parcialmente pelo arrendatário. O ônus de comprovar o
pagamento de uma obrigação é do devedor, cabendo ao credor
apenas a prova da existência da dívida, instrumentalizada por
documento particular, consoante estabelece o artigo 320 do
Código Civil. Isto porque, nas ações de cobrança a prova do
adimplemento da obrigação constitui fato impeditivo,
modificativo e extintivo do direito do autor, que, por sua vez,
deverá amparar a lide com prova escorreita da contratação, ex vi
legis, do artigo 373, incisos I e II, do CPC/15. Precedentes do
colendo Superior Tribunal de Justiça e desta egrégia Corte.
NEGARAM PROVIMENTO AO APELO. UNÂNIME. (Apelação Cível
Nº 70080145311, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: Giovanni Conti, Julgado em 21/02/2019).

Trata-se da necessária aplicação da lei, uma vez que demonstrado o


compromisso firmado e a ocorrência do descumprimento, outra solução não resta se não o
imediato pagamento do débito, conforme amplamente protegido pelo direito.

Portanto, requer o pagamento integral da dívida no importe de R$ 700,00


(setecentos reais), já com perdas e danos, mais juros e atualização monetária face a
extensão do prejuízo sofrido.

c) DO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO

Não reconhecer o direito aqui pleiteado, configura grave privilégio ao


ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA, uma vez que ficou perfeitamente demonstrado
enriquecimento indevido do devedor em detrimento ao direito da credora, devendo ser
ressarcido, nos termos do Código Civil:

Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa


de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente
auferido, feita a atualização dos valores monetários.

Ampla doutrina reforça a importância da censura ao enriquecimento sem


causa, para fins da efetiva preservação da boa-fé nas relações jurídicas:

"O repúdio ao enriquecimento indevido estriba-se no


princípio maior da equidade, que não permite o ganho de um,

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em detrimento de outro, sem uma causa que o justifique. (...)
A tese, hoje, preferida pela doutrina brasileira é a da admissão
do princípio genérico de repulsa ao enriquecimento sem causa
indevido. Essa a opinião de que participo." (RODRIGUES, Silvio.
Direito civil: parte geral das obrigações. 24 ed. São Paulo:
Saraiva, p. 159.)

Afinal, a total ausência de motivação pelo inadimplemento deve configurar o


dever de pagar, sob pena de enriquecimento ilícito.

Assim, considerando-se a tentativa infrutífera de recebimento dos valores


devidos, bem como os prejuízos que tal atraso no cumprimento das obrigações geraram a
credora, requer-se desde logo o pagamento integral no valor de R$ 700,00 (setecentos
reais), devidamente atualizados cumulados com juros de mora e atualização monetária.

d) DA RESPONSABILIDADE CIVIL

No presente caso, a responsabilidade do réu advém do inadimplemento de


uma obrigação pactuada devido ao não pagamento da prestação de um serviço e de
alegações inverídicas impostas a parte Autora.

Assim, vale ressaltar que para a configuração da responsabilidade civil por ato
ilícito são exigidos três requisitos essenciais.

O primeiro é a conduta ilícita do agente, que há de ser sempre contrária ao


direito, na medida em que quem atua na conformidade do ordenamento jurídico não o
infringe, vez que antes é por ele protegido.

O segundo requisito é o dano ou o resultado lesivo experimentado pelo


ofendido.

Por último, o nexo de causalidade, isto é, o liame ou vínculo entre a conduta


ilícita ou contrária ao direito e o resultado lesivo experimentado pelo ofendido.

No caso em tela, verifica-se que todos os requisitos caracterizadores do ato


ilícito foram preenchidos, vez que não há dúvidas de que a conduta adotada pelo Réu
constituiu ato ilícito por ação dolosa, devendo o Réu reparar os danos causados à Autora.

Nesta demanda restaram configurados a existência dos três requisitos: (i)


o Réu, ao ser inadimplente e imputar à Autora conduta ilícita, com declarações
difamatórias e ofensivas, cometeu conduta antijurídica; (ii) a repercussão do conteúdo em
conversa de grupo de WhatsApp, gerou abalos que ultrapassam meros dissabores,
atingindo diretamente a honra e credibilidade da Autora; (iii) o nexo causal é intuitivo.

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Por sua vez,
toda e qualquer reparação civil está intimamente ligada à responsabilidade do causador do
dano em face do nexo causal presente no caso concreto, o que ficou perfeitamente
demonstrado nos fatos narrados. Sendo devido, portanto, a recuperação do patrimônio
lesado por meio da indenização, conforme leciona a doutrina sobre o tema:
"Reparação de dano. A prática do ato ilícito coloca o que
sofreu o dano em posição de recuperar, da forma mais
completa possível, a satisfação de seu direito, recompondo o
patrimônio perdido ou avariado do titular prejudicado. Para
esse fim, o devedor responde com seu patrimônio, sujeitando-
se, nos limites da lei, à penhora de seus bens." (NERY JUNIOR,
Nelson. NERY, Rosa Maria de Andrade. Código Civil
Comentado. 12 ed. Editora RT, 2017. Versão ebook, Art. 1.196)

Motivos pelos quais devem conduzir à indenização aos danos materiais


sofridos, bem como aos lucros cessantes.

e) DO DANO MORAL

Como relatado acima, o Réu incorreu em infundadas acusações quanto a


parte Autora, ao passo que indagou que o estabelecimento da Autora causou graves danos
ao seu animal, vez que são alegações infundadas em fatos inverídicos, sem nenhum contexto
probatório.

O dano moral pretendido encontra amparo no art. 5º, X da Constituição


Federal e nos artigos 186, 187 e 927 do Código Civil.

Com efeito, a Constituição Federal é elucidativa e suficiente, no referido


inciso, ao resguardar àqueles que possuam direito subjetivo violado de recorrerem a justa
indenização:
Art. 5º, X, CF/88 - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;

Já o Código Civil é mais específico ao elucidar o conceito de ato ilícito e as


consequências do mesmo:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária negligência
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que,


ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo

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seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes.

É notório o fato de que há nexo de causalidade entre o dano suportado


pela Autora e o ato lesivo praticado pelo Requerido, aplicando perfeitamente o disposto do
Código Civil de 2002 no que tange a reparação de danos no caso em tela, conforme dispõe o
texto legal:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano
a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Convém pôr em relevo que o Réu agiu com negligência e imprudência ao


proferir fato falso ante a imagem e reputação da Autora perante terceiros, devendo ser
condenado pela prática ilegal da difamação, em atenção a teoria do desestímulo, além do
caráter pedagógico da conduta, vale levar em consideração as condições sociais-econômicas
do lesante, além das circunstâncias fáticas do caso em concreto.

Resta incontroverso a ilicitude notória das alegações trazidas pelo Réu,


tendo em vista que o estabelecimento de hospedagem dos cães preza pela saúde dos
animais como bem maior, não se trata apenas de um "spa" ou "recanto de cachorros", mas
sim de ambiente adequado para os animais especializados na raça Golden Retriver, com
gestores que possuem mais de 15 anos de experiência no mercado.

Ademais, ambos os gestores do estabelecimento de cães são médicos


certificados pelo CRMV, não são apenas anfitriões de uma localidade ou recinto, motivo pelo
qual saberiam com toda certeza, se tivesse ocorrido algum problema relacionado a saúde do
animal.
Como visto, não restam dúvidas que a Autora sofreu abalos que fogem à
normalidade da vida cotidiana.

Neste sentido, é plenamente configurável o dano moral em casos como o


ora analisado. Havendo relação direta entre o ato ilícito praticado e a lesão de caráter moral,
carece ser aplicada a devida reparação.

Em vista de todo o exposto, por força dos dispositivos mencionados,


deverá o Réu, face a gravidade e prejudicialidade do ilícito, ser condenado no importe de R$
5.000,00 (cinco mil reais), a títulos de Danos Morais.

f) DA CORREÇÃO MONETÁRIA E DOS JUROS LEGAIS

A correção monetária, para os casos de indenização a título de reparação


material, deve incidir a contar da data do efetivo prejuízo, a teor da sumula 43 do STJ 3 e para

3
SÚMULA 43 - Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo.

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a indenização a reparação por
danos morais, a contar da data do arbitramento, nos termos da sumula 54 do STJ 4.

No que concerne os juros de mora, que seja fixado 1% ao mês a contar do


evento danoso sobre todos os valores decorrentes desta ação, conforme disposições da
sumula 54 do STJ.

IV - DOS PEDIDOS
Ante o exposto, REQUER que Vossa Excelência se digne em:

a) Receber a presente petição inicial, a despeito da inexistência do


endereço eletrônico da parte ré e outros dados de impossível
obtenção, a teor do art. 319, §3 do CPC/15;

b) Citar a parte ré para apresentar defesa no prazo legal, sob pena de


revelia e confissão;

c) Julgar procedente o pedido para condenar que o réu proceda com


o pagamento imediato do valor de R$ 772,03 (setecentos e setenta
e dois reais e três centavos), incluindo juros e correção monetária
atualizada a época do seu desembolso;

d) Julgar procedente para condenar o réu em Danos Morais no


importe de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) em atenção da teoria do
desestímulo, principalmente pelo caráter pedagógico da sanção,
além de levar em consideração o constrangimento indevido
suportado pela Autora face sua reputação, sua imagem e a
credibilidade do seu estabelecimento perante a terceiros, além do
potencial econômico-social do lesante e as circunstâncias fáticas;

e) Provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em


direito, principalmente a prova documental, testemunhal e
depoimento pessoal, sem prejuízo de outras que se fizerem
necessárias durante o deslinde do feito;

f) A condenação do réu ao pagamento de custas e honorários


advocatícios em caso de recurso, nos parâmetros previstos no art.
85, §2 do CPC, eis que cabíveis em segundo grau de jurisdição, com
fulcro no art. 55 da lei 9.099/95;

g) Por fim, Requer que todas as publicações e intimações sejam feitas


constando exclusivamente no nome do Dr. ALEXANDRE ALVES DE
SOUZA, inscrito na OAB/DF 57.542, com endereço profissional
constante do instrumento procuratório, sob pena de nulidade, nos
termos do art. 272, §5 do CPC/155.
4
SÚMULA 362- A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento.
5
Art. 272 do Código de Processo Civil (CPC/15). Quando não realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas
as intimações pela publicação dos atos no órgão oficial.

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V - DO VALOR DA
CAUSA

Atribui-se à causa o valor de R$ 5.772,03 (cinco mil reais, setecentos e


setenta e dois reais e três centavos).

Nestes termos, pede deferimento.


Brasília, 8 de June de 2021.

ALEXANDRE ALVES DE SOUZA RAISA DA SILVA OLIVEIRA


OAB/DF 57.542 OAB/DF 63.048

ANEXOS

1. Procuração
2. Documento de Identificação da Autora (CPF)
3. Comprovante de Residência
4. Contrato de Compra e Venda do Semovente
5. Notificação Extrajudicial
6. E-mail com confirmação de Recebimento do Réu
7. Provas da Ocorrência (Conversas do WhatsApp entre a Autora e Réu)
8. Provas da Ocorrência (Conversas do WhatsApp Perante Grupo e Terceiros)
9. Memória de Cálculo da Quantia Devida (Planilha do TJDFT)

§5 - Constando dos autos pedido expresso para que as comunicações dos atos processuais sejam feitas em nome dos
advogados indicados, o seu desatendimento implicará nulidade.

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