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CONTESTAÇÃO
Nome do aluno (a) Ciro Ariel Souza de Andrade
MACAPÁ-AP
2021
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- CASO CONCRETO:
Juliana Flores, brasileira, solteira, empresária, residente e domiciliado na Rua Tulipa, 333,
Campinas /SP, procura você, advogado, portando mandado de citação recebido no dia de
ontem, expedido pelo Juízo da 1ª Vara Cível Comarca de Campinas, relativo ao processo n°
1234, ação de Anulação de Negócio Jurídico proposta em 20 de janeiro de 2017, por Suzana
Marques.
Na petição inicial consta que Suzana doou no dia 18 de março de 2012, o sitio situado na Rua
Melão,121, Ribeirão Preto/SP, que tem o valor de mercado de R$50.000,00 (cinquenta mil
reais), para o Orfanato Semente do Amanhã . Alega a autora que tal doação ocorreu em
virtude da coação sofrida pelo mesmo já que era funcionária da empresa XYZ Ltda. Onde
Juliana é sócia majoritária e presidente. Sendo certo também, que Juliana desempenhava a
função de diretora do orfanato beneficiário da doação. A autora informa em sua inicial que
diariamente a ré lhe dizia que deveria doar algum bem para a caridade a fim de que
“reservasse seu espaço no céu”, crença da religião a qual pertencia. Receosa de ser demitida,
já que trabalhava como gerente de recursos humanos da empresa, percebendo um excelente
salário mensal, decidiu por doar um de seus três imóveis, o de menor valor à instituição
supramencionada.
Conclui informando que não deseja a designação de conciliação, requerendo a citação do réu
bem como a procedência do pedido para anular o negócio jurídico, atribuindo à causa o valor
de R$50.000,00.
Juliana lhe informa o que se segue:
Que efetivamente é sócia majoritária e presidente da empresa onde a autora trabalhava , que a
autora percebia mensalmente o salário de R$15.000,00 (quinze mil reais) sendo certo, no
entanto, que jamais coagiu o mesmo a realizar qualquer doação, sendo a liberalidade realizada
por livre vontade já que a autora pertencia à mesma religião da ré . Esclarece que no mês
seguinte à doação, ou seja, em abril de 2012, a autora pediu demissão por ter aceitado a
proposta de emprego feita pela concorrente em fevereiro de 2012, em razão do melhor salário.
Realmente a ré sugere que seus funcionários pratiquem atos de caridade. No entanto, jamais
ameaçou quem quer que fosse como pode ser constatado por seus funcionários que adotam
religião diversa e que jamais realizaram qualquer doação ao orfanato que era dirigido pelo ré.
Por último esclarece que desde 2013 não é mais diretor do orfanato em questão.
Por derradeiro esclarece que esta é a segunda ação intentada pela autora em face da ré com os
mesmos argumentos e finalidade, sendo certo que a primeira, proposta em 10 de abril de
2015, tramitou perante a 2ª Vara Cível da Comarca de Campinas sendo julgado improcedente
o pedido não sendo cabível mais qualquer recurso e que também não deseja participar da
audiência de conciliação.
- Elabore a medida judicial cabível para defesa dos interesses do réu abordando as questões de
direito processual e material.
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA
COMARCA DE CAMPINAS/SP
CONTESTAÇÃO
I – GRATUIDADE DE JUSTIÇA
A PARTE RÉ informa que não possui recursos suficientes para pagar as
despesas processuais e os honorários advocatícios.
Como prova do alegado, instrui a presente com a declaração de
hipossuficiência (DOC. X) e cópia das três últimas declarações do IRPF (DOC. X).
Por tal razão, pleiteia os benefícios da Justiça Gratuita, assegurados pela
Constituição Federal, art. 5º, LXXIV, e pelos arts. 98 a 102 do CPC
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II – SÍNTESE PROCESSUAL
A PARTE AUTORA doou, no dia 18/03/2012, um bem imóvel situado na Rua
Melão 121, Rio Preto/SP, no valor de R$ 50.000,00, ao Orfanato Semente do
Amanhã, onde a PARTE RÉ exercia a função de diretora.
A PARTE AUTORA, que desempenhava o cargo de gerente de recursos
humanos na empresa XYZ LTDA, a qual a PARTE RÉ era a sócia-majoritária e
presidente, alega que tal doação só ocorreu por receio de perda do emprego, devido
à coação praticada diariamente pela PARTE RÉ, demandando a anulação do
negócio jurídico em questão.
III – PRELIMINARES
III.1 – COISA JULGADA
A ação é plenamente improcedente diante da ocorrência de coisa julgada,
uma vez que o pedido da PARTE AUTORA já foi declarado improcedente em
sentença transitada em julgado proferida pelo Juízo da 2ª Vara Cível da Comarca de
Campinas/SP (DOC-X).
Desse modo, o processo deve ser extinto sem resolução do mérito, com
fulcro no art. 354 c/c art. 485, inc. V, ambos do Código de Processo Civil.
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janeiro de 2017, o que, certamente, impõe o fato de que a PARTE AUTORA decaiu
do direito de ação.
V – MÉRITO
A alegação da PARTE AUTORA é completamente infundada, pois em
nenhum momento a PARTE RÉ praticou qualquer tipo de ameaça que viciasse a
declaração de vontade necessária para que a PARTE AUTORA realizasse a doação
do imóvel ao Orfanato Semente do Amanhã.
Por professar a mesma religião da PARTE AUTORA, a PARTE RÉ só lhe
aconselhava sobre a necessidade de realização de caridades, ou seja, mesmo
sendo diretora do orfanato donatário, jamais influiu diretamente na decisão pela
celebração do negócio jurídico entre a PARTE AUTORA e a referida instituição
beneficente.
A alegação da PARTE AUTORA de que só celebrou o negócio jurídico
devido ao receio de ser demitida pela PARTE RÉ é completamente ilógica! Uma vez
que a PARTE AUTORA pediu demissão um mês após a celebração do negócio
jurídico, com vistas a aceitação de proposta de emprego de uma empresa
concorrente, sendo que tal proposta já havia sido feita em fevereiro de 2012, ou
seja, no mês anterior à realização da doação!
Como pode uma pessoa alegar que realizou um negócio jurídico sob coação
com a ameaça de perda do emprego, se essa pessoa já tinha proposta de emprego
de outra empresa concorrente? Isso não faz nenhum sentido, e demonstra a total
incoerência do pedido da PARTE AUTORA.
A PARTE RÉ é extremamente religiosa, mas isso nunca influenciou de
maneira abusiva nas relações de trabalho para com os empregados da empresa da
qual ela é sócia majoritária e presidente. A empresa gerida pela PARTE RÉ tem
outros funcionários que adotam religiões diversas, e que jamais doaram qualquer
tipo de bem ao Orfanato Semente do Amanhã, o que corrobora o fato de nunca ter
havido qualquer coação com a ameaça de perda do emprego a qualquer
colaborador da empresa de propriedade da PARTE RÉ.
VI - PEDIDO
Diante do exposto, requer a esse juízo:
A – o acolhimento da preliminar de coisa julgada, com a consequente extinção do
processo sem resolução do mérito, na forma do art. 485, inc. V, do CPC;
B – o acolhimento da preliminar de legitimidade ad causam, com a consequente
extinção do processo sem resolução do mérito, na forma do art. 485, inc. VI, do
CPC;
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C – o acolhimento da prejudicial de mérito, com a consequente extinção do processo
com resolução do mérito, na forma do art. 487, inc. II, do CPC;
D- no mérito, a improcedência do pedido autoral;
E – a condenação da PARTE AUTORA ao pagamento das despesas processuais e
os honorários advocatícios de sucumbência.
VII - PROVAS
Requer a produção das provas documental, depoimento pessoal, testemunhal e
daquelas que se fizerem necessárias no curso da instrução processual.
Local e data.
Nome do Advogado
OAB/ (Sigla do Estado)
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