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ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA
DRª CÉLIA MURAD PONTES
Rua Carvalho de Souza, nº 182 - sala 405 – Madureira - RJ
e-mail: Célia_murad@yahoo.com.br - Tels.: 2464.0828 / 99926.1997
_______________________________________________________________________________

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CIVEL DO FORUM


REGIONAL DE MADUREIRA DA COMARCA DA CAPITAL - RJ.

JACQUELINE SERRA DE ANDRADE FERREIRA, brasileira,


casada, Odontologa, portadora da carteira de identidade nº 17451-
CRO, e CPF nº 601.347.394-34, residente e domiciliada na rua
Maria Freitas 123 – sala 301 - Madureira.vem respeitosamente a
presença de V.Exª. por sua advogada in fine (doc. anexo), que
receberá as intimações em seu escritório, à Rua Carvalho de Souza,
nº 182/405, Madureira, CEP: 21.350-180, Rio de Janeiro, RJ,
endereço eletrônico: celia_murad@yahoo.com.br, propor a presente:

AÇÃO OBRIGAÇÃO DE FAZER


C/C INDENIZAÇÃO por DANOS MORAIS

Em face de CENTRO COMERCIAL POLO I – EDIFICIO POLO, situado na


Estrada do Portela, nº 99 ,SL 329 - Madureira, Rio de Janeiro –
RJ, CEP: 21.351-901. CNPJ: 29.006.665.0001-94, endereço eletrônico:
adm@polo1.com.br, pelos fundamentos de fatos e direito a seguir
aduzidos.
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DOS FATOS:
Em razão das festas natalina a Autora dirigiu-se
ao Centro Comercial, ora Réu, onde, ao entrar deparou-se com uma
urna com os seguintes dizeres “DEPOSITE AQUI O SEU CUPOM DA PROMOÇÃO
NESTE NATAL O POLO I VAI DOBRAR AS SUAS COMPRAS!” Conforme fotos
anexas;
Tal promoção, ocorrida nos meses de novembro e
dezembro de 2015. Consistia em ofertar os clientes com 01 cupon a
cada R$ 50,00 (cinqüenta reais), em compras.

Tendo a Autora direito a 68 cupons, dado o valor


de suas compras R$ 3.417,00 (três mil quatrocentos e dezessete
reais). Preencheu metade em seu nome, e a outra metade dos cupons em
nome de seu esposo Eduardo Gaspar Ferreira Neto. Colocando-os na
citada urna.
No mês de Janeiro de 2016, a Autora foi procurou
a administradora do Centro Comercial para saber o resultado do
sorteio. Sendo informada pela recepcionista que “estavam separando
os cupons para saber o nome do ganhador” e que logo que tivessem o
ganhador iriam entrar em contato por telefone.

Informação esta que causou estranheza a Autora.


Vez que, a informação era que haveria SORTEIO e não escolha de cupon;

Após alguns dias o esposo da Autora recebeu


ligação do Réu informando que fora sorteado. E, somente depois de 02
(dois) dias ligaram para a Autora dando a mesma informação.

Assim, ambos se dirigiram a administração do


Centro Comercial para recebimento do premio. Ou seja, o valor da
compra em dobro.

O que não ocorreu!!!!

Sendo entregue a cada um deles 04 vales compras,


cada um no valor de R$ 50,00 (cinqüenta reais), totalizando a
importância de R$ 200,00 (duzentos reais), para cada “sorteado”.
Conforme documento (vales compras) anexo.
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Ressalta-se que na urna onde os cupons deveriam


ser depositado lia-se a seguinte frase. “NESTE NATAL O POLO I VAI
DOBRAR AS SUAS COMPRAS” Conforme fotos anexas.

Portanto, o “premio” entregue a Autora não


corresponde à proposta da Promoção amplamente divulgada pela empresa
Ré.
Assim sendo, não restou alternativas a Autora,
senão, ajuizar a presente ação.

Tais fatos enunciados nos parágrafos anteriores


proporcionam a Autora, enorme abalo psicológico, vez que, após a
alegria de ter sido sorteada. Experimentou o dissabor da frustração,
ao receber como prêmio valor muito inferior ao que esperava.

gmíseros R$ 200,00 pelos ppr .

prejuízos de grande monta. Vez que NÃO


CONSEGUIU COMPRAR O REFRIGERADOR QEU NECESSITA, TAMPOUCO ABRIR CONTA
BANCÁRIA.

O Autor objetiva com a presente, a defesa da


legalidade e do espírito de defesa do consumidor.

TJ-RS - Recurso Cível 71003202181 RS (TJ-RS)

Data de publicação: 30/01/2012


Ementa: RECURSO INOMINADO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE
DÉBITO CUMULADA COM PEDIDO DE DANOS MORAIS. PROMOÇÃO DA
ADMINISTRADORA DE CARTÕES DE CRÉDITO. ENTREGA DE BRINDE
(APARELHO DE DVD) NO CASO DE
"RASPADINHA" PREMIADA E COMPRASACIMA DE R$ 100,00, PARCELADAS
EM 12 VEZES NO CARTÃO DE CRÉDITO. PROMESSA DESCUMPRIDA.
PUBLICIDADE ENGANOSA. DANOS MORAIS. QUANTUM INDENIZATÓRIO
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PRUDENTEMENTE FIXADO. 1. Razões recursais que não guardam absoluta


relação com o feito, insurgindo-se as recorrentes contra a condenação por danos
morais em razão de ser a parte autora devedora...

Violação do dever contratua

TJ-DF - Apelacao Civel do Juizado Especial ACJ 20130610064595 DF 0006459-


77.2013.8.07.0006 (TJ-DF)

Data de publicação: 29/11/2013


Ementa: JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS. CONSUMIDOR. COMPRA E VENDA DE
IMÓVEL. PROMOÇÃO PARA GANHAR UMA TV DE 42´, LIMITADA AOS DIAS 13,
14 E 15 DE NOVEMBRO DE 2010 ("FERIADÃO PREMIADO"). A AUTORA
COMPROVOU QUE O RECIBO (FL. 09) E A PROPOSTA DE COMPRA COM
RECIBO DE SINAL (FL. 10) FORAM EMITIDOS NO DIA 13 DE NOVEMBRO DE
2010. LOGO SE PERCEBE QUE A DATA DE 05.11.10 PARA O CONTRATO DE FL. 58
TRATA DE EVIDENTE EQUÍVOCO. PORTANTO, CORRETA A SENTENÇA QUE
CONDENOU A RÉ A CUMPRIR COM A PREMIAÇÃO PROMETIDA. RECURSO
CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA PELOS SEUS PRÓPRIOS
FUNDAMENTOS. A SÚMULA DE JULGAMENTO SERVIRÁ DE ACÓRDÃO, NA
FORMA DO ARTIGO 46 DA LEI 9.099 /95. CONDENADO O RECORRENTE
VENCIDO AO PAGAMENTO DAS CUSTAS PROCESSUAIS E HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS QUE FIXO EM R$ 500,00 (QUINHENTOS REAIS).
TJ-RS - Recurso Cível 71004278016 RS (TJ-RS)

Assim sendo, não restou alternativas ao Autor,


senão, ajuizar a presente ação.

Tais fatos enunciados nos parágrafos anteriores


proporcionam ao Autor, além de abalo psicológico, prejuízos de
grande monta. Vez que NÃO CONSEGUIU COMPRAR O REFRIGERADOR QEU
NECESSITA, TAMPOUCO ABRIR CONTA BANCÁRIA.

O Autor objetiva com a presente, a defesa da


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legalidade e do espírito de defesa do consumidor.

DO DEVER DE INDENIZAR

A responsabilidade civil parte da norma


preceituada no 927 do Código Civil:

Art. 927 “Aquele que, por ato ilícito


causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.”

DA OCORRÊNCIA DOS REQUISITOS ENSEJADORES DO DANO INDENIZÁVEL

No caso estão presentes todos os requisitos,


ensejadores e imprescindíveis para caracterização do dano
indenizável, quais sejam:

- a diminuição ou destruição de um bem jurídico,


patrimonial ou moral;

- afetividade ou certeza do dano, porque a lesão


não poderá ser hipotética ou conjectural;

- relação entre falta e o prejuízo causado;


- subsistência do dano no momento da reclamação
do lesado;

- legitimidade, uma vez que a reparação só pode


ser pleiteada pelo titular do direito atingido;

- ausência de causas excludentes de


responsabilidade.

Portanto, presentes tais requisitos, amplamente


provados inclusive, é de se levar em conta o conjunto de fatos para
apreciação da matéria sob o prisma da completude do instituto da
reparação do dano moral.
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DO DANO MATERIAL

A empresa Ré celebrou com a Autora PACTO PARA DEVOLUÇÃO EM DOBRO DOS


VAORES GASTOS NAS LOJAS QUE COMPOEM O POLO COMERCIAL, onde A Autora
efetuou compras no valor de R$ 3.417,00 (Tres mil quatrocentos e
dezessete reais), conforme extrato de cartão de crédito anexo.

Logo, subtraindo-se R$ 400,00 (quatrocentos reais), do valor a ser


pago, a saber, R$ 6.834,00 (seis mil oitocentos e trinta e quatro
reais), a Autora teria a receber a importância de R$ 6.434,00 (seis
mil quatrocentos e trinta e quatro reais);

De certo que a Autora envidou esforços, unicamente, para usufruir


dos benefícios da falsa compra premiada, conforme descrito na urna
localizada no interior do Centro Comercial.

DO DANO MORAL:
Apenas para consignar a reparação do dano moral,
encontra-se assegurada pelo Art. 5º, V e X da Carta Magna.

“O fundamento da reparabilidade pelo dano moral


está em que, a par do patrimônio em sentido
técnico, o indivíduo é titular de direitos
integrantes de sua personalidade, não podendo
conformar-se a ordem jurídica em que sejam
impunemente atingidos. Colocando a questão em
termos de maior amplitude, Salvatier oferece uma
definição de dano moral como “qualquer
sofrimento humano que não é causado por uma
perda pecuniária”, e abrange todo o atentado à
reputação da vítima, à sua autoridade legítima,
ao seu pudor, à sua segurança e tranqüilidade,
ao seu amor próprio estético, à integridade de
sua inteligência, a suas afeições, etc.” (CAIO
MÁRIO DA SILVA PEREIRA, “Responsabilidade
Civil”, 7ª edição, Rio de Janeiro, 1996, página
54). (grifo nosso)
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DOS PARAMETROS PARA FIXAÇÃO DO QUANTUM

Na avaliação do dano, devem concorrer, por equidade, as


circunstâncias de cada caso, quais sejam:

- subjetivas: posição social ou política do ofendido;

- objetivas: situação econômica do ofendido e do ofensor,


risco criado, gravidade ou repercussão da ofensa,
influências de acontecimentos exteriores ao foto
prejudicial.

Segundo Maria Helena Diniz,

“ na reparação do dano moral, o órgão judicante deverá


estabelecer uma reparação equitativa, baseada na culpa do agente, na
extensão do prejuízo causado e na capacidade econômica do
responsável”.

Ou seja, a discricionariedade do Julgador deve pautar nos


paradigmas acima referidos, porque é o que se lhe apresenta para a
fixação do valor indenizável. Este quantum deve seguir critérios de
valor, inclusive, pois aceitar a neutralidade do Juiz seria
petrificar o objetivo a ser alcançado que é o do bem comum, fim
último da Justiça e da Jurisdição. Por isso deve o Magistrado
sensibilizar-se não somente no apego à fria legislação, mas nas
categorias de valor humano que o ordenamento visa resguardar, POR
INTEIRO, verificando, sobretudo, a situação econômica das partes.

Em síntese, os parâmetros para a fixação do quantum devem


tomar por base a frustração da parte Autora. Levando-se em conta que
a parte Autora priorizou o Centro Comercial em razão da PROMOÇÃO
COMPRA PREMIADA.
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DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

No contexto da presente demanda, há possibilidades


claras de inversão do ônus da prova ante a verossimilhança das
alegações, conforme disposto no artigo 6º do Código de Defesa do
Consumidor.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VIII – a facilitação da defesa de seus
direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando a
critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, seguindo as
regras ordinárias de expectativas.

Desse modo, cabe ao Réu demonstrar provas em contrário


ao que foi exposto pelo Autor.

DO PEDIDO

Ante todo o exposto, é a presente para requerer a V.Exa.,

1) a citação da empresa Ré, inicialmente por meio postal e,


sendo infrutífera, por oficial de justiça, ou ainda por meio
eletrônico, tudo nos termos do art. 246, incs. I,II e V do
CPC; ara responder os termos da presente demanda, dentro do
prazo legal, sob pena de não o fazendo, serem considerados
verdadeiros os fatos, sendo decretada a revelia e conseqüente
confissão fática e assim suportar os efeitos daí advindos;

2) a designação de audiência prévia de conciliação/mediação, nos


termos do art. 319, VII, do CPC;

3) inversão do ônus da prova, conforme disposto no art. 6º, inciso


VIII, da Lei nº 8.078/90.

4) Seja a empresa Ré condenada a indenizar a Autora a diferença


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de R$ 6.434,00 (seis mil quatrocentos e trinta e quatro reais),


corrigidos monetariamente, desde à época da premiação
(janeiro/2016);

5) Seja a empresa Ré ao final condenada a indenizar a parte Autora


em danos morais equivalentes à R$ 5.000,00 (cinco mil reais).
Em razão da frustração imposta pela Ré.

DAS PROVAS:

Requer a produção de provas, na amplitude do art. 32, da


Lei nº 9.099/95, especialmente documental, testemunhal e depoimento
pessoal do representante legal da empresa Ré, pena de confissão caso
não compareça ou, comparecendo, se recuse a depor.

Dá-se à causa o valor de R$ 11.434,00 (onze mil


quatrocentos e trinta e quatro reais).

N. Termos P.

e espera deferimento.

Rio de Janeiro, 08 de agosto de 2016.

Célia Wanda Murad Pontes


OAB/RJ 82.145

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