Você está na página 1de 4

EXCELENTÍSSIMO JUIZO DA VARA … DA COMARCA DE …

Autos do Processo nº …

Autor: Joana Caloteira

Réu: Ótica fundos de garrafa

JOANA CALOTEIRA, já qualificado nos autos em epígrafe, por intermédio de sua


advogada legalmente constituída, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência
apresentar uma AÇÃO DE CONTESTAÇÃO, em face da empresa ÓTICA FUNDO DE
GARRAFA, inscrita no CNPJ..., domicílio..., no prazo legal, e com os inclusos
documentos, pelos motivos de fato a seguir delineados:

DOS FATOS

A Autora relata que realizou uma compra na Ótica Fundos de Garrafa, cujo valor inicial era de R$
748,60 (setecentos e quarenta e oito reais e sessenta centavos), sendo que tal valor foi parcelado em 5
vezes, 4 parcelas no valor de R$ 149,00 (cento e quarenta e nove reais), e a última parcela no valor de
R$ 152,60 (cento e cinquenta e dois reais e sessenta centavos).

Afirma ter pagado algumas parcelas em atraso, motivo pelo qual a autora procurou a requerida com o
intuito de renegociar a dívida e adimplir o débito em questão. A quarta parcela do acordo ficou com o
vencimento para o dia 01/08/2019, e Joana somente conseguiu realizar o pagamento no dia
13/11/2019, e seu nome já havia sido inserido no cadastro de maus pagadores no dia 22/09/2019.

Devido ao atraso, o valor foi acrescido de juros, pagando a autora o valor de R$ 175,89 (cento e
oitenta e cinco reais e oitenta e nove centavos).

Alega que mesmo após o adimplemento total da dívida, após realizar consulta no sstema de maus
pagadores no dia 13 de agosto de 2020, ainda constava seu nome junto ao mesmo, em razão da
parcela do mês de 01/08/2019, que já foi devidamente paga, conforme relatório de débitos entregues a
Joana pelo funcionário da Ótica.

DAS PRELIMINARES
Antes de adentrar no mérito, mister se faz apontar algumas defesas em sede preliminar.

Conforme prevê o artigo 337 do CPC:

Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:


III - incorreção do valor da causa;

O valor pedido na inicial não confere com nenhuma obrigação da parte, uma vez que
nenhum dando fora causado, não tendo nenhum fato gerador de responsabilidade a ser
discutido.

DO MÉRITO

Superadas as preliminares, o que se admite apenas para argumentar, tampouco no mérito


prosperará a demanda proposta pela autora.

A parte autora move tal ação querendo reparação de dano moral, e m decorrência do
incidente narrado nesta peça, o promovente experimentou situação constrangedora, sendo
suficiente a ensejar danos morais, notadamente porque ela já efetuou o pagamento da dívida,
mesmo com atraso, pagando o juro proposto pela empresa e até o presente momento e mesmo
tendo enveredado esforços para que o dano não ocorresse, a autora permanece com seu nome
no sistema de maus pagadores por conta de um débito já quitado e precisa que seja retirado
para continuar sua vida.

A única conclusão a que se pode chegar é a de que a reparabilidade do dano moral puro não
mais se questiona no direito brasileiro, porquanto uma série de dispositivos jurisprudencial
garantem sua tutela legal.

COBRANÇA INDEVIDA DE SERVIÇOS DE INTERNET E TELEFONIA - AUSÊNCIA DE


CONTRATAÇÃO - DANO MORAL NÃO CONFIGURADO - MERO ABORRECIMENTO.
A reprovabilidade da conduta que gera meros dissabores e incômodos cotidianos não dá azo à
indenização por danos morais. A concessão dessa verba reparatória pressupõe a existência de um
fato com eficácia para causar abalo psicológico ao ofendido, seja pelo sofrimento psíquico interno,
seja pela desonra pública. Noutros termos, o incômodo sofrido, por si só, não dá margem à
indenização por danos morais. É preciso que reste evidenciado o prejuízo moral.

(TJ-SC - APL: 03014342120198240040 TJSC 0301434-21.2019.8.24.0040, Relator: LUIZ CÉZAR


MEDEIROS, Data de Julgamento: 18/08/2020, 5ª Câmara de Direito Civil)

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS. ATRASO NO LEVANTAMENTO DE HIPOTECA. SENTENÇA DE
PARCIAL PROCEDÊNCIA. IRRESIGNAÇÃO DA AUTORA. CONFIGURAÇÃO DE
DANO MORAL. TESE RECHAÇADA. DEMORA NO LEVANTAMENTO DE HIPOTECA,
MESMO APÓS QUITAÇÃO DO CONTRATO EM QUE A GARANTIA FOI PRESTADA
NÃO CARACTERIZA, POR SI SÓ, ABALO ANÍMICO. SITUAÇÃO QUE NÃO
REPERCUTIU NA SUA ESFERA ÍNTIMA AO PONTO DE OFENDER A HONRA E A
DIGNIDADE. MERO DISSABOR. AUSÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR. "Mero
dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano
moral, porquanto, além de fazerem parte da normalidade do nosso dia a dia, no trabalho, no
trânsito, entre os amigos e até no ambiente familiar, tais situações não são intensas e duradouras, a
ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo." (FILHO, Sérgio Cavalieri. Programa de
responsabilidade civil - 13. ed - São Paulo: Atlas, 2019, p.120). RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO.

(TJ-SC - RI: 03001772120198240020 Criciúma 0300177-21.2019.8.24.0020, Relator: Ana Karina


Arruda Anzanello, Data de Julgamento: 27/10/2020, Segunda Turma Recursal)

Com base nos fundamentos acima, percebe-se, de pleito, que a conduta não ensejou a
caracterização dos pressupostos que balizam o dano moral. Ou seja, o entendimento é que
houve, na verdade, um aborrecimento não estando este sedimentado no instituto dano moral,
que representa a ofensa aos direitos de personalidade.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

a) O deferimento para que a empresa reclamada retire imediatamente o nome da suplicante do


sistema de maus pagadores;

b) Não sendo acolhidas as preliminares, requer a apreciação do mérito, para declarar


improcedente a ação e todos os pedidos da parte autora, com a consequente extinção do
processo, com resolução de mérito, nos moldes do art. 487, I, Novo CPC;

c) Que a Promovida seja condenada ao pagamento das custas processuais e honorários


sucumbenciais 

Dá a causa o valor de R$.

Termos em que pede e espera deferimento.

[CIDADE], [DATA].
[NOME DO ADVOGADO]

Você também pode gostar