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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO 01º JUIZADO ESPECIAL

CÍVEL DA COMARCA TEIXEIRA DE FREITAS (BA)

Autos nº.: 0004008-47.2022.8.05.0256

EBAZAR.COM.BR LTDA. (MERCADO LIVRE)., já qualificadas nos autos da ação


movida por HOMAX FRANCA DE ANDRADE, vem, tempestivamente e respeitosamente, à
elevada presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 1.022 e incisos do Código de
Processo Civil de 2015, opor os presentes EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, em face da
contradição constante na r. sentença, pelas razões de fato e de direito que a seguir passa
a expor.

DA OMISSÃO, OBSCURIDADE e CONTRADIÇÃO


VERIFICADAS

Ao delinear a sentença, o juízo de piso, mais precisamente em seu dispositivo,


decidiu por condenar a empresa Embargante nos seguintes termos:

“(...) Ante o exposto, JULGO PROCEDENTES os pedidos da parte autora


para, 1. CONDENAR, solidariamente, as Promovidas à restituírem a quantia
de R$ 1.373,64 acrescidos de juros moratórios legais de 1% ao mês e
correção monetária (INPC/IBGE) desde 04/05/2022. 2. CONDENAR,
solidariamente, as Promovidas a pagarem a quantia de R$4.000,00 (quatro
mil reais) à parte Promovente, a título de reparação por danos morais,
acrescida de juros moratórios legais (art. 405 do CC/2002, c/c e artigo 240
do CPC), a partir citação e correção monetária (INPC/IBGE), desde a data
do arbitramento (Súmula 362 STJ).”

Ocorre que, a decisão proferida pelo juízo de primeira instância não observou a
jurisprudência atual ao determinar como termo inicial dos juros do dano moral a citação e
dos danos materiais o evento danoso, sendo que a consequente manutenção é
necessária, uma vez que ignora o entendimento estabelecido pelo Superior Tribunal de
Justiça quanto aos danos morais e disposto em lei quanto aos danos materiais.

Assinado eletronicamente por: EDUARDO CHALFIN;


www.cgvadvogados.com.br
Código de validação do documento: 9230aed4 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Conforme exposto, tal disposição é conflitante em relação ao entendimento firmado
no STJ, que determina os juros dos danos morais à partir do arbitramento, e não a partir
da citação, como estipulado.

Assim, vejamos:

“RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. INFECÇÃO


HOSPITALAR. SEQÜELAS IRREVERSÍVEIS. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO.
CULPA CONTRATUAL. SÚMULA 7. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. DANO MORAL.
REVISÃO DO VALOR. JUROS DE MORA. CORREÇÃO MONETÁRIA.
TERMO INICIAL. DATA DO ARBITRAMENTO. REDUÇÃO DA CAPACIDADE
PARA O TRABALHO. PENSÃO MENSAL DEVIDA. 1. [...] 8. A indenização por
dano moral puro (prejuízo, por definição, extrapatrimonial) somente
passa a ter expressão em dinheiro a partir da decisão judicial que a
arbitrou. O pedido do autor é considerado, pela jurisprudência do STJ,
mera estimativa, que não lhe acarretará ônus de sucumbência, caso o
valor da indenização seja bastante inferior ao pedido (Súmula 326).
Assim, a ausência de seu pagamento desde a data do ilícito não pode ser
considerada como omissão imputável ao devedor, para o efeito de tê-lo
em mora, pois, mesmo que o quisesse, não teria como satisfazer
obrigação decorrente de dano moral, sem base de cálculo, não traduzida
em dinheiro por sentença judicial, arbitramento ou acordo (CC/1916,
art. 1064). Os juros moratórios devem, pois, fluir, no caso de
indenização por dano moral, assim como a correção monetária, a partir
da data do julgamento em que foi arbitrada a indenização, tendo
presente o magistrado, no momento da mensuração do valor, também o
período, maior ou menor, decorrido desde o fato causador do sofrimento
infligido ao autor e as consequências, em seu estado emocional, desta
demora. 9. Recurso especial do réu conhecido, em parte, e nela não
provido. Recurso especial do autor conhecido e parcialmente provido.”
RECURSO ESPECIAL Nº 903.258 - RS (2006/0184808-0), Relatoria
Ministra Maria Isabel Gallotti. Julgamento em 21 de junho de 2011.

Nesses termos, o dano moral, e o seu cálculo moratório, devem ser contabilizados,
para efeito de atualização monetária e juros, a partir do arbitramento, no caso dos autos,
a partir da sentença.

Ademais, quanto aos danos materiais, também conflitante em relação ao


disposto em lei, que determina os juros à partir da citação, e não a partir do evento danoso,
como estipulado.

Assim, vejamos:

Assinado eletronicamente por: EDUARDO CHALFIN;


www.cgvadvogados.com.br
Código de validação do documento: 9230aed4 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
“Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.”

Conforme se verifica do artigo 405 do Código Civil Brasileiro, o termo inicial para
contagem dos juros de mora é a citação.

Assim, com o devido respeito, requer seja sanado a contradição verificada e seu
conflito com o entendimento do STJ e dispositivo legal quanto ao correto arbitramento dos
juros moratórios dos danos morais e materiais, para que termo inicial seja o arbitramento
e citação, respectivamente.

PEDIDO

Diante do exposto, data maxima venia, requer a Vossas Excelências se dignem a


conhecer e acolher os presentes embargos de declaração, para sanar a contradição
apontada, com a finalidade de atribuir ao caso o entendimento do STJ, quanto ao termo
inicial para cálculo da condenação ao pagamento de indenização por danos morais.

Por fim, requer que todas as publicações veiculadas no Diário Oficial, intimações e
qualquer ato de comunicação no presente processo sejam feitas em nome de EDUARDO
CHALFIN, inscrito na OAB/BA sob nº 45.394.

Termos em que,
pede deferimento.

São Paulo, 22 de setembro de 2023.

EDUARDO CHALFIN
OAB/BA sob nº 45.394

Assinado eletronicamente por: EDUARDO CHALFIN;


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Código de validação do documento: 9230aed4 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.

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