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1. GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Ademais, nos termos da Súmula 481 do Supremo Tribunal de Justiça, salvaguarda o direito
ao benefício da gratuidade da justiça a pessoa jurídica em razão da impossibilidade de
assumir os encargos processuais, evitando provocar o prejuízo próprio. Vejamos:
“Súmula 481
Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins
lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos
processuais.”
Logo, a assunção de novos compromissos financeiros, tais como custas processuais e afins,
representaria grande impacto sobre a própria subsistência do requerente.
Assim, entendimento contrário seria uma clara violação ao amplo acesso ao Poder Judiciário
(art. 5º, XXXV, CF) e ao art.98 do CPC, em que garantem o usufruto em caso de
comprovação da hipossuficiência financeira.
Nestes termos, pede deferimento da gratuidade da justiça.
2. DOS FATOS
Assim, em síntese, a parte Autora não tem sido remunerada pelos seus serviços e tem
enfrentado claros prejuízos financeiros devido à má imagem que tem sido construída pelas
falsas informações e na medida em que a questão não pôde ser solucionada de forma
amigável, restou à parte autora recorrer ao Poder Judiciário, de modo que se espera que seja
julgada procedente a presente demanda, de acordo com os pedidos expostos a seguir.
A ação de cobrança pode ser compreendida como sendo uma propositura no âmbito judicial
que exige o pagamento de uma dívida perante um juízo, devendo o valor principal
reivindicado ser acrescido de juros e correção monetária. Sob esse prisma, tal ação se faz
viável sempre que alguém, cumprindo a sua parte no contrato, depara-se com o
inadimplemento do outro contratante.
Em conformidade com essa prerrogativa, aduz o Código Civil em seu artigo 884 que “aquele
que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o
indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários".
Desse modo, não é errôneo afirmar que a situação narrada acima se enquadra perfeitamente
no caso em questão, uma vez que SIMPLES AGÊNCIA, contratada pela PLUS
VITA ESTÉTICA MODERNA LTDA, para prestação de serviços por prazo determinado,
consoante as condições presente no contrato juntado nos autos, para planejamento e
execução de campanhas digitais.
No entanto, apesar da SIMPLE AGÊNCIA ter honrado com o seu compromisso, a ré, PLUS
VITA ESTÉTICA MODERNA LTDA, apenas cumpriu com a obrigação acordada no
primeiro mês, ficando inadimplente nos outros últimos três meses que precederam o
contrato.
Outro ponto que merece destaque diz respeito ao fato da impontualidade do pagamento
sujeitar ao contratante, além da quantia devida e não paga, multa de 2% (dois por cento) e
juros moratórios de 1% (um por cento) ao mês, bem como correção monetária pelo INPC.
Conforme o Código de Civil, “não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e
danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos, e honorários de advogado.”
Diante do caso supracitado, a empresa ré encontra-se em mora, uma vez que não efetuou o
pagamento do valor devido no prazo e forma estipulados em contrato.
O contrato firmado entre as partes deveria ter sido cumprido em um prazo de 18 meses a
contar de sua assinatura, com a probabilidade de prorrogação, se novamente acordados.
Ocorre que, a Requerida, além de não pagar a quantia devida à Autora (R$ 12.560,00)
como acordado (Cláusula nona, Seção 06 do contrato em anexo), sequer lhe deu
justificativa a mora do pagamento e, simplesmente, ignorou as tentativas da parte autora
em ter qualquer contato.
Portanto, considerando que a ré não realizou os pagamentos devidos, nem os demais fatos
acordados contratualmente, patente a necessidade de rescisão do contrato entre as partes.
No caso dos autos, a Simple Agência teve que assumir com uma sequência de prejuízos
econômicos ocasionados por despesas decorrentes da inadimplência da contratante,
consoante os documentos juntados demonstram cabalmente.
Frisa-se que, em razão das circunstâncias mencionadas, além das perdas obtidas pelo
descumprimento contratual da Plus Vita, também a parte autora teve que arcar com
dispêndios da divulgação de falsas informações formuladas por esta, culminando em uma
lesão de mais de R$ 30.000,00 (trinta mil) reais em novos negócios. Desta forma, conforme
será demonstrado a seguir, é evidente o direito da requerente a ser ressarcida pelos danos
emergentes e lucros cessantes.
Os danos emergentes são lidos como prejuízos efetivamente sofridos pela vítima no que
tange o seu patrimônio. Segundo o civilista Anderson Schreiber “os danos emergentes são
chamados de danos negativos; é o prejuízo representado por uma perda, uma diminuição do
patrimônio.”.
Veja-se que de acordo com o artigo 389 do Código Civil (CC), é atribuído ao devedor a
resposta pelas perdas e danos juntamente com os juros e atualizações monetárias ante seu
descumprimento. Para além, visando a salvaguarda patrimonial também em consequência de
um inadimplemento obrigacional, abrangendo todas as efetivas perdas, conforme já
mencionado, o CC prevê expressamente a responsabilização do devedor pelos decréscimos
experimentados pela vítima, restando-lhe o dever de reparação.
Ressalva-se que a indenização deve objetivar a restitutio in integrum, para que assegure o
princípio da reparação integral paralelo a função da responsabilidade civil que também deve
cumprir a função reparadora.
Outrossim, Maria Helena Diniz traz brilhantíssima análise sobre este princípio, observe:
“(...) A responsabilidade civil pressupõe uma relação jurídica entre a pessoa
que sofreu o prejuízo e a que deve reperá-lo, deslocando o ônus do dano
sofrido pelo lesado para outra pessoa que, por lei, deverá suportá-lo,
atendendo assim à necessidade moral, social e jurídica de garantir a
segurança da vítima violada pelo autor do prejuízo. Visa, portanto,
garantir o direito do lesado à segurança, mediante o pleno
ressarcimento dos danos que sofreu, restabelecendo-se na medida do
possível o statu quo ante. Logo, o princípio que domina a
responsabilidade civil na era contemporânea é o da restitutio in
integrum, ou seja, da reposição completa da vítima à situação anterior à
lesão, por meio de uma reconstituição natural, de recurso a uma
situação material correspondente ou de indenização que represente de
modo mais exato possível o valor do prejuízo no momento de seu
ressarcimento, respeitando assim, sua dignidade. (grifo nosso)
Em caso de prejuízos oriundos de inadimplemento contratual, o Egrégio Tribunal de Justiça
do Estado de Minas Gerais, acertadamente, tem aplicado a condenação por danos materiais
emergentes. Vejamos o precedente:
Entendimento contrário a este seria a aplicação de uma dupla penalidade sofrida pela
requerente e uma clara violação aos artigos, 927, 402 e 403 do Código Civil brasileiro que
cuida da recomposição patrimonial perdida.
Logo, pede-se que a Plus Vita seja condenada ao pagamento de danos materiais emergentes
em R$ 30.000,00 (trinta mil reais).
Por sua ordem, os lucros cessantes importa no dano patrimonial que a vítima deixa de auferir
por certo tempo. Nesse sentido, os atos praticados que abalaram os ativos financeiros e
impossibilitaram a celebração de novos contratos, não só provocou um dano efetivo
conforme narrado no tópico anterior, mas também o impedimento de certos ganhos futuros.
O próprio artigo 402 do Código Civil ora mencionado condiciona o devedor a responder
pelos danos futuros em decorrência do dano, ou seja, perdas de receitas. É inconteste que, em
consequências do cancelamento de novos negócios, houveram paralisações dentro do
movimento de normalidade financeiro da empresa. Assim, uma vez comprovados os
detrimentos, a indenização é medida impositiva.
Ademais, imperioso também fazer ressalva ao disposto no art. 403 do CC, em que indene de
dúvidas sobre o direito a percepção a título de lucros cessantes em face o prejuízo, já que
sofreu substancialmente em razão do ato ilícito já descrito.
Se tratando de empresa jurídica, cumpre lembrar que tal inadimplemento atinge a empresa
como um todo, o dispêndio engendrado tem culminado, inclusive, na dificuldade de
cumprimento das obrigações das empresas, como ao pagamento a funcionários, restando
patente o agravo provocado pelo dano sofrido.
Nesse ângulo, a jurisprudência tem fixado o entendimento de ser devido a reparação a título
de lucros cessantes em caso comprovação de supressão de ganhos em virtude de
inadimplemento contratual de uma das partes. Vejamos os precedentes:
Para a circunstância exposta nesse pedido, importa destacar o dano moral presumido diante
da ofensa à honra objetiva da parte Autora, dano esse que se perpetua a cada segundo em que
as postagens difamatórias realizadas pela parte Ré continuam a circular na rede mundial de
computadores.
Não obstante, imperioso ressaltar, não só o entendimento dos Egrégios Tribunais acima, mas
também o entendimento sumulado do STJ, a Súmula 227: A pessoa jurídica pode sofrer
dano moral.
Assim, restando patente a ocorrência do dano moral na espécie, cabe tratar ainda acerca da
quantia a ser arbitrada por este MM Juízo.
Em primeiro lugar, a parte Autora está sendo exposta a intenso dano à sua imagem e
credibilidade, o que adiciona riscos maiores à sua continuidade no mercado. Não obstante,
claro, o exponencial agravamento da situação danosa pela qual a parte Autora está passando
considerando o potencial de alcance do sistema mundial de computadores.
Em segundo lugar, é válido mencionar, desta feita, que tanto na Doutrina quanto na
Jurisprudência, o valor deve ser fixado com caráter dúplice, tanto punitivo do agente, quanto
compensatório em relação à vítima.
Consoante descrito em alhures, a autora tomou conhecimento de postagem gerida pelo réu
contendo mensagens infundadas acerca do seu trabalho, em que a localização se encontra no
seguinte endereço eletrônico: (URL)
Inconteste a responsabilidade do Twitter pela rede social, utilizada pelo usuário do perfil:
(URL), que foi utilizado para divulgação ilícita.
Frisa-se que o objetivo do presente pedido não é culpabilizar a ré pela divulgação do
conteúdo no TWITTER, na verdade, sua legitimidade é proveniente do art.17 do CPC/15 e
aos arts.5, VII; 19 e 21 da Lei 12.965/14.
Art. 5.
VII - aplicações de internet: o conjunto de funcionalidades que podem
ser acessadas por meio de um terminal conectado à internet; e
Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a
censura, o provedor de aplicações de internet somente poderá ser
responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo
gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as
providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e
dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado
como infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário.
(grifo nosso)
Excelência, o conteúdo produzido pela Plus Vita no Twitter gerou claro dano à parte autora,
podendo somente ser cessado através da presente ação judicial.
O fumus boni júris se caracteriza pelos próprias provas carreadas aos autos, que atestam que teve
o autor seu direito a imagem e honra objetiva violado com a publicação das mensagens.
Evidenciado igualmente se encontra o periculum in mora, eis que a demora na retirada das
mensagens do Twitter, certamente acarretará maior exposição indevida da imagem no tráfego
comercial.
A reversibilidade da medida também é evidente, uma vez que a requerida, se vencedora na lide,
poderá ser ressarcida dos gastos que efetuou, mediante ação de cobrança própria.
Com esse mesmo enfoque, sustenta Nélson Nery Júnior, delimitando comparações acerca da
“probabilidade de direito” e o “fumus boni iuris”, esse professa, in verbis:
Portanto, deverá ser concedida a tutela de urgência pretendida, na forma do art.300 do CPC,
frente a probabilidade do direito alegado e perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo,
devendo se indisponibilizar e retirar o link (URL), além de desindexação das palavras
identificadoras das palavras indicadas nas ferramentas de busca, que vinculam a imagem da
empresa a má prestação de serviços.
Entendimento distinto do que ora se apresenta implicaria na possibilidade do réu protelar por
meses ou anos a sua obrigação, após a Autora já ter passado bastante tempo visando obter o
reconhecimento do seu direito em Juízo, o que violaria frontalmente o princípio
constitucional da razoável duração do processo e a própria efetividade da prestação
jurisdicional.
Ante o exposto, requer que seja aplicada a multa diária de R$ 200,00 (duzentos reais) para o
caso de descumprimento da decisão judicial que determinou ao réu o apagamento das
postagens indicadas pela autora.
4. DOS PEDIDOS
Assim, requer a Vossa Excelência que seja conhecida e julgada totalmente procedente a
presente ação de cobrança para que seja determinada:
a- a citação do Réu para contestar a presente ação no prazo legal, sob pena de
confissão e revelia;
b- a concessão da gratuidade da justiça, nos termos da Lei Federal n. 1.060/50 e do
art. 98 e seguintes do Código de Processo Civil;
c- a produção de todos os meios de prova de direito admitidos, em especial a
documental;
d- a procedência da presente ação para no mérito:
d.1- condenar a Plus Vita ao pagamento dos valores devidos e não pagos à autora
no montante total de R$12.560,00 (doze mil quinhentos e sessenta reais) com a
atualização de juros e correção monetária;
d.2- decretar a rescisão do contrato firmado entre as partes, sem qualquer ônus a
autora, uma vez que não deu causa a rescisão, devendo pagar o correspondente a
multa de 20% sobre o valor total do contrato;
d.3- condenar a Plus Vita ao pagamento a título de danos emergentes pelo prejuízo
causado a autora no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), com a atualização de
juros e correção monetária;
d.4- condenar a Plus Vita ao pagamento a título de lucros cessantes pelo prejuízo
causado a no valor de R$ 11.500,00 (onze mil e quinhentos reais), com a atualização
de juros e correção monetária;
d.5- condenar a Plus Vita ao pagamento a título de danos morais causados no
valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) com juros e correção monetária;
e- que seja concedida a tutela de urgência pretendida, na forma do art. 300 do Código
de Processo Civil, ante ao perigo de dano, considerando a exposição indevida de
mensagens difamatórias, devendo a ré ser intimada para que, em prazo não superior a
05 (cinco) dias, para remoção do conteúdo localizado no URL e desindexação das
palavras indicadas nas ferramentas de busca (....), nos termos do art. 21, sob pena de
multa cominatória de R$ 200,00 (duzentos reais), sem prejuízo do eventual
majoração, caso caracterizado o descumprimento.
f- a condenação do Acionado ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios, estes no equivalente a 20% (vinte por cento) do total da
condenação;
g- o pagamento de correção monetária e juros de mora.
Dá-se à causa o valor de R$ 76.860,00 (setenta e seis mil e oitocentos e sessenta reais).