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AO JUÍZO DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE RECIFE – PE

Rayane Soares dos Santos, brasileira, solteira, portadora do RG n° 00000-00 e inscrita no


inscrita no CPF n° 000.000.000-00, residente e domiciliada no Endereço: CEP: 0000, rua,
número, onde recebe intimações e notificações, vem respeitosamente, a presença de Vossa
Excelência, propor:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR COBRANÇA INDEVIDA c/c DANOS MORAIS.

Em face de Carrefour Comercio e Industria Ltda, inscrita no inscrita no CNPJ sob o n°


45.543.915/0897-35, situada no endereço: Avenida Recife, 5005, LOJA 0000 POSTO, Areias, em
Recife-PE, CEP 50781-000, pelos motivos de fato e de Direito que expõe:

I - DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

A requerente não possui condições financeiras para arcar com as custas processuais, sem
prejuízo do seu sustento e de sua família. Nesse sentido, junta declaração de hipossuficiência
sua família e Carteira de Trabalho (Documentos anexo anexos).

Por tais razões, pleiteiam-se os benefícios da Justiça Gratuita, assegurados pela Constituição
Federal, artigo 5°, LXXIV e pela Lei 13.105/2015 (NCPC), artigo 98 e seguintes.

II - DOS FATOS DOS FATOS

A Requerente no mês de julho do corrente ano, tentou realizar o pagamento do seu cartão
Carrefour, mas ao verificar os valores, notou que haviam parcelados as quais ela desconhecia,
no valor de R$ 0.000,00 ( xxxxx reais), conforme documento anexo.

Importante destacar que a requerente nunca efetuou negócio com o requerido, de tal forma,
nunca efetuou parcelamento, muito menos em tais quantidades.

Confusa com a situação, a requerente tentou entrar em contato com a empresa requerida
para entender o que estavam lhe cobrando, porém de forma ignorante, informaram
desconhecer tais valores, insistindo que seria devida a dívida e que o boleto deveria ser pago
até o vencimento.

Preocupada em manter seu nome sem restrições nos órgãos de proteção, evitando futuros
protestos ou até mesmo execuções do valor referido, a requerente não vê outra forma de
sanar seu problema senão a via judicial.

Destaca-se ainda, Excelência, que o valor da cobrança foi emitido de forma indevida, pois a
requerente nada deve para o requerido, além dos valores de forma simples, visto NUNCA ter
realizado nenhum tipo de negociação para parcelamento, muito menos de tal.

II - DO DIREITO

II.I - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Em regra, o ônus da prova incumbe a quem alega o fato gerador do direito mencionado ou a
quem o nega, fazendo nascer um fato modificativo, conforme disciplina o artigo 333, incisos I e
II do Código de Processo Civil. No entanto, o Código de Defesa do Consumidor representa uma
atualização do direito vigente e procura amenizar a diferença de forças existentes entre os
polos processuais, onde, de um lado, temos o consumidor como figura vulnerável e, de outro,
o fornecedor como detentor dos meios de prova que são muitas vezes buscados pelo primeiro
e aos quais este não possui acesso. Assim, adotou-se uma teoria moderna onde se admite a
inversão do ônus da prova justamente em face desta problemática.

Havendo uma relação caracterizada pela vulnerabilidade entre as partes, como de fato há, esta
deve ser agraciada com as normas atinentes na Lei no. 8.078/90, principalmente no que tange
aos direitos básicos do consumidor, e a letra da Lei é clara.

Ressalte-se que se considera relação de consumo a relação jurídica havida entre fornecedor
(artigo 3° da LF 8.078/90), tendo por objeto produto ou serviço, onde nesta esfera cabe a
inversão do ônus da prova.

No caso em tela, inclusive, deve-se aplicar a inversão do ônus da prova, pois a Requerente é
hipossuficiente.
Diante do exposto e com os fundamentos acima pautados, requer a aplicação do Código de
Defesa do Consumidor, e ainda que o ônus da prova seja invertido na Audiência de Instrução e
Julgamento ou em outra fase que este juízo entender necessário, incumbindo à requerida a
demonstração de todas as provas referentes ao pedido desta peça, principalmente no sentido
de inserir nos autos os contratos que viabilizaram a referida lide.

II.II- DO DANO MORAL

A Requerente foi colocada em uma situação constrangedora, tendo sua moral abalada devido
às insistentes ligações de cobrança que vem recebendo, o que é suficiente para ensejar danos
morais.

Diante do narrado, fica claramente demonstrado o descaso e imprudência por parte da


empresa requerida, que emitiu indevidamente um boleto no valor de R$ 00.000,00, fazendo-a
passar por um constrangimento lastimável.

À luz do artigo 186 do Código Civil, aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete
ato ilícito.

Evidente, portanto, que devem ser acolhidos os danos morais suportados, visto que, em razão
desse fato, decorrente da culpa única e exclusiva da empresa Requerida, a Requerente teve
sua moral afligida, foi exposta ao ridículo e sofreu constrangimento de ordem moral, o que
inegavelmente consiste em meio vexatório.

Estando mais que comprovado o dano causado pela empresa requerida, e podendo repará-lo,
não o fez, incorrendo nos artigos 186 e 927 do Código Civil, cometendo assim ato ilícito,
conforme dispõe o mesmo.
Uma vez demonstrada a cobrança indevida por parte da requerida, e com amparo legal no art.
42, parágrafo único do CDC, cabe o ressarcimento do valor cobrado pelo requerido em dobro,
conforme dispõe a seguir:

"O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor
igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais."

Acerca do assunto, a jurisprudência tem se manifestado no seguinte sentido:

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - CARTÃO DE


CRÉDITO BLOQUEADO - COBRANÇA DE ANUIDADE
INDEVIDA - INSCRIÇÃO EM ÓRGÃO DE PROTEÇÃO
AO CRÉDITO - Pelos princípios que regem as
relações contratuais, não é cabível a cobrança e o
apontamento em órgãos de proteção ao crédito
de dívida originada de anuidade de cartão de
crédito bloqueado. A cobrança da referida taxa só
se legitima com a utilização efetiva do cartão ou o
expresso desbloqueio, hipóteses que não
ocorreram no presente caso. Portanto, a
negativação configura-se como ato ilícito sujeito à
indenização, na modalidade de dano in re ipsa.
Recurso do Banco não provido. INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS – MAJORAÇÃO Com base nos
princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade, deve-se quantificar as indenizações
por danos morais de modo a não ensejar o
enriquecimento ilícito a uma das partes em
detrimento da outra, funcionando, ainda, como
forma de punir o infrator e como meio de coibir a
prática de novos atos da mesma natureza.
Contudo, o valor arbitrado na r. Sentença
recorrida mostra-se incoerente com aquilo
demonstrado nos autos referentes aos
mencionados danos morais, o que enseja, por ser
de rigor, a sua adequação e, consequentemente, a
sua majoração. Recurso da requerente provido
nesse ponto. HONORÁRIOS DE ADVOGADO
Justificada a majoração, de modo a garantir
remuneração condigna aos patronos do autor,
tendo em conta a quantidade e a qualidade do
trabalho por eles desenvolvidos - Art. 20, § 3° do
CPC / Verba honorária majorada para 20% do
valor da condenação. Recurso da requerente
provido nesse ponto. Recurso da autora provido.
Recurso do réu não provido. (TJ-SP - APL: 00000-
00, Relator: Roberto Mac Cracken, Data de
Julgamento: 06/08/2010, 37a Câmara de Direito
Privado, Data de Publicação: 31/08/2010)

A empresa requerida em momento algum influiu para que seus funcionários tomassem
qualquer atitude que buscassem minimizar o constrangimento sofrido pela Reclamante, que
por diversas vezes ligou para a empresa para ter a sua cobrança indevida cessada. Houve, pois,
inquestionavelmente, omissão do Reclamado.

III - DO PEDIDO:

Expostos os fatos e evidenciada a culpa da empresa Requerida, o ato ilícito, os danos, o nexo
de causa e efeito entre a conduta contrária ao direito e o resultado, o que emana da lei, da
doutrina e da jurisprudência, requer a Vossa Excelência:

a) Seja concedido para a Requerente o benefício da justiça gratuita, nos termos da Lei
1.060/50;

b) Seja a citada requerida, para querendo, contestar a presente AÇÃO, sob pena de confissão e
revelia, art. 344 e 345 do NCPC;

c) Seja declarada a inexigibilidade do boleto emitido indevidamente no valor de R$ 00.000,00;

d) Seja a Requerida condenada a pagar à Requerente o valor de R$ 2.000,00, a título de danos


morais ou outro valor não inferior, a ser arbitrado pelo Douto Magistrado;

e) Seja concedida a inversão do ônus da prova, com base no artigo 333, incisos I e II do Código
de Processo Civil, e no inciso VIII do art. 6° do CDC;

f) Seja a requerida condenada ao pagamento das custas processuais e pagamentos que a


demanda por ventura ocasionar, bem como perícias que se fizerem necessárias, exames,
laudos, vistorias, conforme arbitrados por esse D. Juízo.

g) Seja a presente ação julgada TOTALMENTE PROCEDENTE.


Por fim, pretende provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, sejam
testemunhais, documentais ou outros que se fizerem necessários durante a lide (art. 355 do
NCPC).

Dá-se à presente causa o valor de R$ 2.000,00.

Nestes termos, pede deferimento.

Recife - PE, 00 de Julho de 2023.

Rayane Soares dos Santos

CPF:

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