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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO 5°

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE LONDRINA – PARANÁ.

Processo nº 0062290-22.2022.8.16.0014

VALORIZA COMERCIO DE VEÍCULOS LTDA, já


devidamente qualificado nos autos em epígrafe, vem tempestiva e
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art.
42, §2º da Lei 9.099/95 propor:

CONTRARRAZÕES AO
RECURSO INOMINADO

interposto por ALLAN ALVES DA SILVA, o que faz pelas razões


abaixo dispostas.

Termos em que pede deferimento.

Londrina, 26 de Maio de 2.023.

OTÁVIO TAKAO FUJIMOTO


OAB/PR 47.171

#3044337 Fri May 26 16:59:47 2023


TURMA RECURSAL DO ESTADO DO PARANÁ.

COLENDA TURMA

Trata-se de recurso inominado em face de decisão que julgou parcialmente à


ação proposta, tal qual, de danos materiais no valor de R$525,00 (quinhentos e vinte e
cinco reais) e improcedência nos danos morais, que não deve ser provido pelas seguintes
razões.

DO MÉRITO

DA INEXISTÊNCIA DE DANO MORAL

Pretende o recorrente a reforma da sentença de primeiro grau, no que diz


respeito ao dano moral, conforme seu recurso em seq. 30.1.

Data máxima vênia, o recurso interposto pelo recorrente não merece


prosperar.

A situação fática, descrita na inicial, nem de longe representa qualquer forma


de dano ao recorrente. O estrago de duas peças e mais a mão de obra, totalizando R$525,00
(quinhentos e vinte e cinco reais), é incapaz de considerado ato ilícito capaz de ensejar um
dano moral.

Outrossim, o recorrente não demonstrou quanto tempo ficou sem o seu


veiculo no conserto ou algo que ensejasse o seu abalo moral.

#3044337 Fri May 26 16:59:47 2023


O instituto da indenização por dano moral não pode ser banalizado ao
ponto de levar qualquer inconveniente da vida social aos Tribunais, sob pena de ser
judicializada toda a vida social e até a tornar inviável.

Acrescente-se que não há qualquer prova mínima de ofensa efetiva à


honra, à moral ou imagem da parte prejudicada, como in casu. Os danos ventilados pelo
recorrente não passam de conjecturas.

Não fosse isso o suficiente, afirma-se que a dor moral, decorrente da


ofensa aos direitos da personalidade, conquanto subjetiva, deve ser diferenciada do mero
aborrecimento. Isso qualquer um está sujeito a suportar. Nesse compasso, o dever de
indenizar por dano moral reclama um ato ilícito capaz de imputar um sofrimento físico ou
espiritual, impingindo tristezas, preocupações, angústias ou humilhações. É dizer, o abalo
moral há de ser de tal monta que adentre na proteção jurídica e, por isso, necessária cabal
prova de acontecimentos específico e de sua intensidade.

Dessarte, os supostos transtornos, levantados pelo recorrente, não passam


de meros aborrecimentos. E esses, bem como quaisquer chateações do dia a dia, desavenças
ou inadimplemento negocial, são fatos corriqueiros e não podem ensejar indenização por
danos morais. Afinal, faz parte da vida cotidiana, com seus incômodos normais, ainda
mais com um veículo usado, ano 2008 e com mais de 15 (quinze) anos de fabricação.

Com efeito, para que se possa falar em dano moral, é preciso que a pessoa
seja atingida em sua honra, sua reputação, sua personalidade, seu sentimento de dignidade,
passe por dor, humilhação, constrangimentos, tenha os seus sentimentos violados. Em nada
disso se apoia a peça vestibular.

A Turma Recursal deste Estado, vem entendendo nesse sentido:

“RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS E MATERIAIS. COMPRA DE PASSAGEM
AÉREA POR INTERMÉDIO DE EMPRESA DE TURISMO.

#3044337 Fri May 26 16:59:47 2023


CANCELAMENTO IMOTIVADO DA RESERVA PELA
RECLAMADA, SEM O CORRESPONDENTE ESTORNO DOS
VALORES. (...) - No caso concreto, narrou a parte autora ter
realizado a compra de uma passagem aérea por intermédio da
agência de turismo reclamada, a qual cancelou a reserva sem disso
cientificar a parte reclamante, inclusive deixando de promover o
correspondente estorno da operação. - Do que consta dos autos,
considerando a inversão do ônus da prova promovida pelo juízo de
origem, de fato a reclamante logrou trazer elementos indicativos da
aludida compra do bilhete, ao passo que a parte reclamada não se
desincumbiu do ônus de provar tenha havido fato extintivo,
modificativo ou impeditivo do direito da autora. (...) No mais, dispõe
o art. 42, parágrafo único do CPC que o consumidor cobrado em
quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao
dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e
juros legais, salvo hipótese de engano justificável. - E a jurisprudência
do STJ é firme no sentido de que a repetição em dobro do indébito,
sanção prevista no art. 42, parágrafo único, do CDC, pressupõe tanto a
existência de pagamento indevido quanto a má-fé do credor (STJ, 4ª
Turma. AgRg no AREsp 196.530/SP, Rel. Min. Raul Araújo, j. em
23.06.2015). - No caso, suas conjecturas apontam para a má-fé da
reclamada que, mesmo diante das solicitações da consumidora de
restituição dos valores e mesmo admitindo, em sua contestação,
que de fato houve o cancelamento da passagem, não procedeu ao
respectivo estorno dos valores por aquela despendidos. - Quanto ao
dano moral, forte o Enunciado n.º 12.10 das TRU/TJPR, segundo o
qual "A simples cobrança de dívida inexistente, sem maiores reflexos,
não acarreta dano moral". - No mesmo sentido, a jurisprudência do
STJ tem assinalado que os aborrecimentos comuns do dia a dia, os
meros dissabores normais e próprios do convívio social não são
suficientes para originar danos morais indenizáveis (STJ, 3.ª
Turma, REsp. n.º 1.399.931/MG, Rel. Sidnei Beneti, j. em

#3044337 Fri May 26 16:59:47 2023


06.03.2014). - A situação tratada na demanda não tem o condão de, por
si só, ensejar ofensa à dignidade ou personalidade da parte autora que,
aliás, realizou a viagem sem maiores problemas. (...). (TJPR - 1ª
Turma Recursal - 0002388-05.2017.8.16.0018 - Maringá - Rel.: Maria
Fernanda Scheidemantel Nogara Ferreira da Costa - J. 21.03.2018)”
(grifo nosso)

DO QUANTUN INDENIZATÓRIO

Na eventualidade de acolhimento do presente recurso, o que não se


espera, o quantum indenizatório deve ser fixado de modo a não só garantir à parte que o
postula a recomposição do dano em face da lesão experimentada, mas igualmente deve
servir de reprimenda àquele que efetuou a conduta ilícita, como assevera a doutrina:

“Com efeito, a reparação de danos morais exerce função diversa


daquela dos danos materiais. Enquanto estes se voltam para a
recomposição do patrimônio ofendido, por meio da aplicação da
fórmula "danos emergentes e lucros cessantes" (CC, art. 402),
aqueles procuram oferecer compensação ao lesado, para atenuação
do sofrimento havido. De outra parte, quanto ao lesante, objetiva a
reparação impingir-lhe sanção, a fim de que não volte a praticar
atos lesivos à personalidade de outrem." (BITTAR, Carlos Alberto.
Reparação Civil por Danos Morais. 4ª ed. Editora Saraiva, 2015.
Versão Kindle, p. 5423)”

DOS REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer seja recebida a presente contraminuta ao


Recurso Inominado, por tempestiva e cabível, para no mérito seja IMPROVIDO o
Recurso, pelos motivos acima dispostos.

Nestes termos, pede deferimento.

#3044337 Fri May 26 16:59:47 2023


Londrina, 26 de Maio de 2.023.

OTÁVIO TAKAO FUJIMOTO


OAB/PR 47.171

#3044337 Fri May 26 16:59:47 2023

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