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Centro Universitário Instituto de Educação Superior de Brasília - IESB

Disciplina: Direito Civil V Docente: Frederico do Valle Abreu


Curso: Direito. Discente: Viviam Gomes de Araujo
Matrícula: 18211010134
Turma: OCJUN5A Turno: Noturno

Responsabilidade Civil

QUAIS OS CRITÉRIOS ADOTADOS PARA A QUANTIFICAÇÃO DA


COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS?

Após a Constituição Federal de 1988, a reparação dos danos morais


passou a ter amparo constitucional, em específico nos artigo 5º, incisos V e X,
sendo elevado assim, ao patamar de Direito e Garantia Fundamental, e, em
razão disso, o juiz não precisa mais se basear única e exclusivamente em
expressa disposição legal para a quantificação do dano moral, pois não existe
mais valor legal prefixado. Quando o bem jurídico lesado é imaterial, ou seja,
de cunho personalíssimo, por não possuir equivalência em pecúnia, o juiz fica
habilitado a arbitrar um valor em dinheiro que mais se aproxime da quantia, por
meio da qual se almeja diminuir o dano sofrido pela vítima em face da lesão
que lhe foi causada. No entanto, na atualidade, apesar de inexistir critérios
previstos em dispositivos de lei, os magistrados, no momento de fixar o
quantum da indenização dos danos morais, podem observar certos e
específicos critérios, os quais serão utilizados por eles como parâmetros
norteadores, os quais os ajudarão, a de forma justa e adequada fixar o referido
valor. Tais critérios se resumem em oito, os quais são: extensão e repercussão
da ofensa moral, condições socioeconômicas do ofendido e do ofensor,
intensidade da culpa, intensidade do sofrimento da vítima, providências
adotadas pelo ofensor após os danos, nível cultural do ofensor, repercussão do
fato lesivo na comunidade em que vive o ofendido e bom senso e moderação
por parte do magistrado.

JURISPRUDÊNCIA
CIVIL, CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO.
RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. DISTRITO
FEDERAL. FALHA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS.
DEMONSTRADA. PENSÃO VITALÍCIA. PROVA DA
ATIVIDADE LABORAL. DESNECESSIDADE. DANOS
MORAIS. RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE.
QUANTUM MANTIDO. JUROS E CORREÇÃO
MONETÁRIA. TERMO INICIAL. DANO MORAL.
ARBITRAMENTO. PENSÃO VITALÍCIA. DATA DO DANO.
ÍNDÍCE APLICÁVEL. IPCA-E. 1. Trata-se de reexame
necessário e apelações contra sentença que condenou o
Distrito Federal ao pagamento de danos morais e pensão
vitalícia, em virtude de falha na prestação de serviços
médicos. 2. A responsabilidade civil do Estado pelos danos
causados por seus agentes a terceiros é, em regra, objetiva
(art. 37, §6º da CF), observando-se a teoria do risco
administrativo, segundo a qual não se perquire a culpa, mas
sim o nexo de causalidade entre o serviço público oferecido
e o dano sofrido pelo administrado, devendo ser verificada a
ocorrência dos seguintes elementos: i) o ato ilícito praticado
pelo agente público; ii) o dano específico ao administrado; e
iii) o nexo de causalidade entre a conduta e o dano sofrido.
Não configurados quaisquer desses requisitos, deve ser
afastada a responsabilidade civil do Estado. 3. No caso de
suposto erro médico cometido pela rede de saúde do
Estado, a responsabilidade estatal é subjetiva, fundada na
teoria da "falta do serviço", sendo imprescindível a
comprovação da conduta imprudente, negligente ou imperita
do profissional. 4. No caso em apreço, os documentos
demonstram o dano, a falha na prestação dos serviços
médicos e o nexo de causalidade, caracterizando-se a
responsabilidade estatal. 5. O artigo 950 do Código Civil
determina o pagamento de pensão vitalícia em caso de
defeito que impossibilite ou diminua a capacidade do
exercício de ofício ou profissão, não condicionando o seu
recebimento à comprovação do exercício de atividade
laboral no momento da ofensa, recomendando esta Corte,
nesses casos, a condenação em 01 (um) salário mínimo
mensal. 6. Para a fixação da indenização por danos morais,
diante da ausência de critérios legalmente definidos, deve o
julgador, atento às finalidades compensatória, punitiva e
preventivo-pedagógica, guiado pelos princípios gerais da
prudência, bom senso, proporcionalidade e razoabilidade,
estabelecer valor que se mostre adequado às circunstâncias
que envolveram o fato e compatível com o grau e a
repercussão da ofensa moral discutida. 7. No caso em
apreço, o valor arbitrado na sentença - R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais) - mostra-se adequado à compensação
do dano moral na espécie, levando-se em conta a gravidade
do ocorrido e o sofrimento e angústia experimentados pelo
autor, em razão da sua incapacidade permanente. 8. Antes
da sentença, não há se falar em mora do devedor,
porquanto há mera expectativa de condenação em dano
moral pelo magistrado, passando a indenização por dano
moral puro (prejuízo, por definição, extrapatrimonial) a ter
expressão em dinheiro somente a partir da decisão judicial
que a arbitrou. Assim, os juros de mora só fluem a partir da
fixação, e não da citação. Entendimento do Superior Tribunal
de Justiça. 9. As parcelas vencidas da pensão vitalícia
prevista no artigo 950 do Código Civil devem ser corrigidas
monetariamente a partir da data do evento danoso,
consoante artigo 398 do Código Civil e Súmulas 43 e 54 do
Superior Tribunal de Justiça. Precedente. 8. A aplicação do
IPCA-E como fator de correção monetária encontra respaldo
na jurisprudência, notadamente nas teses firmadas pelas
Cortes Superiores no RE n.º 870.947 e REsp n.º
1.495.146/MG, que indicam a aplicação do índice Nacional
de Preços ao Consumidor Amplo-Especial. 9. Recursos e
reexame necessário conhecidos. Recurso do autor
PARCIALMENTE PROVIDO. Recurso do réu
DESPROVIDO. Reexame necessário PROVIDO.
(Acórdão 1154804, 00040136020168070018, Relator:
SANDOVAL OLIVEIRA, 2ª Turma Cível, data de julgamento:
20/2/2019, publicado no PJe: 10/3/2019. Pág.: Sem Página
Cadastrada.)

É POSSÍVEL, SEGUNDO A JURISPRUDÊNCIA BRASILEIRA, HAVER


DANO MORAL COLETIVO COMPENSÁVEL? DÊ EXEMPLOS CONCRETOS.

O reconhecimento do dano moral coletivo — lesão na esfera moral de


uma comunidade, — vem avançando no Superior Tribunal de Justiça e
inovando a jurisprudência. As ações podem tratar de dano ambiental,
desrespeito aos direitos do consumidor, danos ao patrimônio histórico e
artístico, violação à honra de determinada comunidade e até fraude a
licitações.
A possibilidade de indenização por dano moral está prevista na
Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso V. O texto não restringe a
violação à esfera individual, e mudanças históricas e legislativas têm levado a
doutrina e a jurisprudência a entender que, quando são atingidos valores e
interesses fundamentais de um grupo, não há como negar a essa coletividade
a defesa do seu patrimônio imaterial.
Apesar de encontrar eco nos tribunais, no STJ a tese encontra
resistências. Caso a caso, os ministros analisam a existência desse tipo de
violação, independentemente de os atos causarem efetiva perturbação física
ou mental em membros da coletividade. Ou seja, é possível a existência do
dano moral coletivo mesmo que nenhum indivíduo sofra, de imediato, prejuízo
com o ato apontado como causador?

JURISPRUDÊNCIA

AÇÃO CIVIL PÚBLICA - AJUIZAMENTO PELO


MINISTÉRIO PÚBLICO - REPRISE DE NOVELA EM
HORÁRIO VESPERTINO - ALEGAÇÃO DE NÃO
SUPRESSÃO SUFICIENTE DE CENAS DE SEXO E
VIOLÊNCIA - REJEIÇÃO DE REQUERIMENTO DE
REALIZAÇÃO DE PROVA SOB O FUNDAMENTO DE
QUE MATÉRIA PREJUDICADA - INDEFERIMENTO DE
PROVA PERICIAL - ALEGAÇÃO DE NECESSIDADE NÃO
APRECIADA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM - RECURSO
ESPECIAL PROVIDO - ANULAÇÃO DO JULGAMENTO
DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Acolhida a
alegação de que não apreciada pelos Embargos de
Declaração a alegação de que havia necessidade de
realização de prova pericial nos termos em que requerida,
anula-se o Acórdão dos Embargos de Declaração, para
que outro Acórdão seja proferido pelo Tribunal de Origem,
permanecendo as demais matérias preliminares e de fundo
por ora sem julgamento - Prevalência dos votos dos Min.
HUMBERTO GOMES DE BARROS E ARI PARGENDLER,
nos termos do voto deste último, seguido pelo voto do Min.
SIDNEI BENETI, vencida a Min. NANCY ANDRIGHI, que
não conhecia do Recurso Especial. Recurso especial
provido.
Decisão

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes


as acima indicadas, acordam os Ministros da Terceira
Turma do Superior Tribunal de Justiça, por maioria,
prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr.
Ministro Sidnei Beneti, conhecendo do recurso especial e
dando-lhe provimento, conhecer do recurso especial e dar-
lhe provimento. Os Srs. Ministros Ari Pargendler e Sidnei
Beneti votaram com o Sr. Ministro Humberto Gomes de
Barros. Vencida a Sra. Ministra Nancy Andrighi. Lavrará o
acórdão o Sr. Ministro Sidnei Beneti (art. 52, IV, b do
RISTJ).

O julgamento supra citado de Recurso Especial, relatado pela ministra Nancy


Andrighi. Para ela, o Código de Defesa do Consumidor é um divisor de águas.
Na sessão, ela lembrou que o artigo 81 do CDC rompeu com a tradição jurídica
clássica, de que só indivíduos seriam titulares de um interesse juridicamente
tutelado ou de uma vontade protegida pelo ordenamento.

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