1) A autora requer declaração judicial de união estável com seu falecido companheiro para receber pensão por morte do INSS. 2) Ela e o companheiro viveram juntos por 7 anos como marido e mulher, apesar de não morarem na mesma casa. 3) A autora apresenta provas como testemunhas, fotos e cheques para comprovar a união estável e seu direito ao benefício.
1) A autora requer declaração judicial de união estável com seu falecido companheiro para receber pensão por morte do INSS. 2) Ela e o companheiro viveram juntos por 7 anos como marido e mulher, apesar de não morarem na mesma casa. 3) A autora apresenta provas como testemunhas, fotos e cheques para comprovar a união estável e seu direito ao benefício.
1) A autora requer declaração judicial de união estável com seu falecido companheiro para receber pensão por morte do INSS. 2) Ela e o companheiro viveram juntos por 7 anos como marido e mulher, apesar de não morarem na mesma casa. 3) A autora apresenta provas como testemunhas, fotos e cheques para comprovar a união estável e seu direito ao benefício.
JUIZ FEDERAL DA SEÇÃ O JUDICIÁ RIA DA COMARCA DE BELÉ M –
PA. T.A.M., brasileira, aposentada, viú va, portadora da Carteira de Identidade nº 2ª via SSP/PA, inscrita no CPF sob o nº , residente e domiciliada na Rua , Bairro – Belém - PA, CEP: , nã o possui endereço eletrô nico, por sua procuradora infra-assinado, mandato anexo vem perante Vossa Excelência, fundamentada no art. 1.723 do Có digo Civil e na Lei nº 9.278 de 10 de Maio de 1996 propor DECLARATÓ RIA DE UNIÃ O ESTÁ VEL PARA RECEBIMENTO DE PENSÃ O DO INSS, contra INSS INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, pessoa jurídica de direito pú blico interno, constituída sob a forma de Autarquia Federal, com endereço nesta cidade na Av. Nazaré, nº 79, Nazaré, Belém – PA, CEP: 66040-145, pelos fatos e fundamentos que passa a expor: DA ASSISTÊ NCIA JUDICIÁ RIA GRATUITA Inicialmente, afirma, nos termos de acordo com o art. 4º da Lei 1060/50, com a nova redaçã o introduzida pela lei 7510/86, e, dos arts. 98 a 102 do CPC, que nã o tem condiçõ es de arcar com custas processuais e honorá rios de advogado, sem prejuízo do sustento pró prio e de sua família, razã o pela qual faz jus à Gratuidade de Justiça. DOS FATOS A Requerente viveu como companheira de fato, em uniã o está vel, do falecido há aproximadamente 07 anos, sendo esta uniã o de conhecimento dos filhos de ambos. O casal se conheceu aproximadamente em agosto de 1999, quando iniciaram um namoro. Ambos eram viú vos. Em 2007, resolveram pela uniã o está vel, que era conhecida por terceiros (rol de testemunhas) e pela pró pria família do “de cujus”. O seu companheiro, TTG, docs anexos, faleceu em 05 de janeiro de , aos 87 anos de idade. Viveram durante estes sete anos, como se casados fossem, de forma contínua e pú blica, uma família nos moldes atuais, esclarecendo que o casal já era idoso, portanto, nã o pretendiam mais ter filhos, nem morar na mesma casa. (fotos anexas) A uniã o mantida entre o casal era revestida de todos os elementos comuns ao casamento, ou seja, o dever de fidelidade e lealdade, assim como de mú tua assistência. O casal mantinha um relacionamento saudá vel, nã o moravam juntos, porém, estavam sempre na companhia um do outro, quando na residência do falecido no endereço na Av. em Belém, ou na residência da requerente. A requerente mora com sua mã e,, uma senhora idosa, que sempre precisou da companhia da mesma, uma das razõ es da requerente continuar morando com ela, e, nã o querer mudar-se para a casa do falecido. Vejamos o que diz Euclides de Oliveira, sobre o fato de nã o morarem juntos nã o significa que os parceiros nã o tenham convivência ou sejam simples namorados. “Há muito tempo o Supremo Tribunal Federal já decidiu que o antigo concubinato nã o dependia da vida em comum sob o mesmo teto (Sú mula 382). Esclarece, novamente, que o vínculo fá tico existente entre a requerente e o “de cujus” era um vínculo de natureza matrimonial, pois conviviam como marido e mulher, com os mesmos direitos e deveres relativos ao matrimô nio, sendo sua uniã o contínua, pú blica e notó ria, era conhecida de todos os seus familiares, vizinhos e demais cidadã os do município, mesmo nã o morando juntos. Fato esse já superado pelos nossos tribunais. Com a doença do de cujos, a requerente contratou uma cuidadora para o mesmo, pois, como ressaltado acima, nã o moravam juntos, mas, o dever de cuidado sempre existiu. O casal fazia viagens constantes, para ..., para tratamento médico do de cujus, entre outras cidades do Brasil. Para ..., era comum, e, sempre com os filhos do de cujus. A requerente recebia uma quantia semanal do de cujus, como forma de ”mesada”, no valor de R$- que pode ser comprovado por meio dos cheques do Banco , que eram sacados diretamente no banco, na Agência . Pelo que requer de V. Exa., que seja oficiado o BANCO mencionado para apresentar os espelhos dos cheques que foram sacados pela autora, pois como a conta nã o era conjunta, ela nã o pode requerer tais provas. Cheques que pertenciam ao de cujus. Apó s o falecimento de seu companheiro, requereu junto ao INSS a Pensã o por Morte, porém, em março deste ano, seu pedido foi negado por falta de provas. Atitude contumaz desse ó rgã o, que a parte sempre precisa recorrer judicialmente para conseguir o benefício. (doc. anexo) Em tendo sido negativo a tentativa extrajudicial de reconhecimento da qualidade de companheira da Requerente, pelo INSS, é que se ajuíza a presente demanda. Excelência, a Requerente preenche todos os requisitos legais para ser declarada por sentença como companheira do falecido, o que desde já se REQUER. DO DIREITO À CONCESSÃ O DO BENEFÍCIO Inicialmente, cumpre destacar a oportuna liçã o do professor FÁ BIO ZAMBITTE IBRAHIM, sobre o benefício pensã o por morte e a quem este se destina: “A pensã o por morte é benefício direcionado aos dependentes do segurado, visando à manutençã o da família, no caso da morte do responsá vel pelo seu sustento.”(Curso de Direito Previdenciá rio: Editora Impetus, 7ª ediçã o, 2006, Niteró i, RJ, p.521) O artigo 74 da Lei 8.213/1991 dispõ e acerca da pensã o por morte de segurado da Previdência Social da seguinte forma: “Art. 74. A pensã o por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou nã o, a contar da data: I – do ó bito, quando requerida até trinta dias depois deste;” Como já mencionado, alguns dias apó s o ó bito de seu companheiro, a Requerente dirigiu-se a Agência da Previdência Social mais pró xima com vistas ao recebimento da pensã o por morte de PEDRO RENDA FILHO. Também como já descrito, houve negativa administrativa do direito à percepçã o do benefício, por ter entendido o instituto Réu que nã o estariam cumpridos os requisitos para sua instauraçã o. Erroneamente, o INSS entendeu que a Autora nã o se configura como dependente do ex-segurado. Ocorre que o artigo 16 do mesmo diploma legal elenca as pessoas que podem figurar como dependentes do segurado, entre as quais figuram a companheira, conforme se vê: “Art. 16. Sã o beneficiá rios do Regime Geral de Previdência Social, na condiçã o de dependentes do segurado: I- o cô njuge, a companheira, o companheiro e o filho nã o emancipado, de qualquer condiçã o, menor de 21 (vinte e um) anos ou invá lido;” Sobre a matéria, o pará grafo 3º, do mesmo artigo 16 considera como companheiro ou companheira a pessoa que, sem ser casada, mantém uniã o está vel com o segurado ou segurada da Previdência Social, nos termos previstos na Constituiçã o Federal, ponderando o § 4º do mesmo diploma legal que a dependência econô mica entre eles é presumida. Confira-se: “Art. 16. (...) § 3º- Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém uniã o está vel com o segurado ou com a segurada, de acordo com o §. 3ºdo art. 226 da Constituiçã o Federal. § 4º - A dependência econô mica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada.” Nã o obstante, foram colacionados aos autos, ainda, diversos outros meios de prova da convivência perpetuada pelo casal, como se casados fossem, além das provas testemunhais. Todas as fotografias e declaraçõ es de pessoas que conviviam com Autora e ex- segurado denotam o convívio marital de ambos, apresentando-se perante a sociedade como um casal há mais de 7 (sete) anos e entrelaçando suas vidas em â mbito social, familiar e financeiro. Tais DOCUMENTOS, provas testemunhais e fotografias apresentam-se como meios outros que levam à convicçã o do fato a comprovar, qual seja, o vínculo de uniã o está vel, conforme art. 22, § 3º, XVII. Pelo que se vê, a Autora apresentou provas suficientes, conforme requerido pela Lei, para comprovaçã o de seu vínculo de uniã o está vel com o ex-segurado. A recusa administrativa para a concessã o do pleito, verifica-se, foi mero equívoco quando da aná lise da documentaçã o apresentada, nã o devendo ser mantida por este douto juízo, pelo simples fato de nã o morarem na mesma casa. O casal já tinha uma idade avançada, e pessoas dessa idade nã o costumam mudar de suas residências, pois já existe a necessidade de manter sua casa, suas coisas, e, isso foi um dos fatores que o casal nã o quis se desfazer. O de cujus morava com seus filhos, e a requerente nã o pretendia deixar de ter a privacidade de sua casa. E, no caso da requerente, esta morava e mora ainda na casa que pertence a sua mã e, assim, o de cujus¸ também nã o queria perder sua privacidade e, na idade que estava ainda ter que morar na casa da sogra. DO DIREITO A Uniã o está vel encontra-se amparada constitucionalmente a partir de 1988, como se depreende do art. 226, § 3º., como bem lembra o Desembargador do TJPR, Ronaldo Accioly[6], que: “O Concubinato, sendo uma uniã o está vel entre o homem e a mulher, é hoje reconhecido pela Constituiçã o Federal, como entidade familiar. E, assim sendo, deve ser tratado com os mesmos princípios do Direito de Família.” Vale transcrever o entendimento do Desembargador do citado Tribunal, Renato Pedroso[7], que: “Se é certo que o legislador constituinte procurou amparar a uniã o está vel entre o homem e a mulher como entidade familiar, no sentido de facilitar a sua conversã o em casamento, fê-lo por considerar a família como base da sociedade, da mesma sorte que a Sú mula 380 do STF, deu foro de legalidade ao concubinato.” Neste sentido: STJ, REsp nº. 10113/SP, j. 04/06/91, rel. Min. Sá lvio de Figueiredo, v. u. A Constituiçã o Federal de 1988, em seu art. 226 § 3º, reconheceu, para efeito de proteçã o do Estado, a uniã o está vel entre o homem e a mulher como entidade familiar. Instituiu também, norma programá tica no sentido de a lei facilitar sua conversã o em casamento. A Carta Magna apenas legitimou uma prá tica social aceitá vel, ou seja, a existência de uniõ es livres, de duraçã o compatível com a estabilidade das relaçõ es afetivas, que sã o diferenciadas daquelas vindas de comportamento adulterino, que com elas nã o guardam a mesma identidade jurídica, no plano do direito de família, já que, nas relaçõ es adulterinas, o adú ltero mantém relaçã o de casamento com outrem. Apó s o dispositivo constitucional, adveio a Lei nº 8.971, de 29 de dezembro de 1994, que disciplinou o direito dos companheiros a alimentos e à sucessã o. No entanto, nã o definiu o instituto da uniã o está vel, o que veio a acontecer apenas com a Lei nº 9.278, de 10 de maio de 1996. Este ú ltimo diploma legal, em seu artigo 1º, edificou o significado da uniã o está vel no momento em que dispô s que "é reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pú blica e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com o objetivo de constituiçã o de família". O Novo Có digo Civil consolidou a matéria relacionada com a uniã o está vel – também denominado concubinato puro -, trazendo normas reguladoras da entidade entre os seus artigos 1.723 a 1.727. O artigo 1.723, § 1º, do Novo Có digo Civil, traz regra pela qual "a uniã o está vel nã o se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; nã o se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente". E, assim, a requerente se encontra em todos os requisitos para que seja declarada a uniã o está vel do casal. DOS PEDIDOS Ex positis, a Autora REQUER: a) A CITAÇÃ O do Instituto Réu, no endereço declinado no preâ mbulo da presente, para, querendo, apresentar resposta; b) A CONDENAÇÃ O do INSS a concessã o à Autora do benefício previdenciá rio de PENSÃ O POR MORTE, com data de inicio retroativa ao primeiro requerimento administrativo, ou seja, 09.03.2015; c) O integral deferimento de todos os pedidos formulados nesta exordial, com a posterior condenaçã o do INSS nos consectá rios da sucumbência e demais despesas de ordem legal; d) A juntada dos documentos anexos, declarando os subscritores desta, serem as có pias autênticas, correspondendo-se a reproduçõ es fiéis dos originais. A declaraçã o em epígrafe é prestada sob a guarida do artigo 365, inciso IV do Có digo de Processo Civil; e) A INTIMAÇÃ O do réu para que junte aos autos o extrato de pagamento do benefício de pensã o do ex-segurado ... bem como, todos documentos necessá rios ao esclarecimento da causa, com base no que dispõ e o artigo 11 da Lei 10.259 de 12.07.2001. f) A concessã o dos benefícios da ASSISTÊ NCIA JUDICIÁ RIA GRATUITA, por ser a Requerente pobre no sentido legal, nã o tendo condiçõ es de arcar com as custas processuais e honorá rios advocatícios, com fulcro no inciso LXXIV do artigo 5º da Constituiçã o da Repú blica e na Lei nº 1.060/50 modificada pela Lei nº 7.115/83, e, arts. 98 a 102 do CPC. g) Que seja oficiado o Banco , agência , para enviar a este D. juízo, có pias de cheques no nome do falecido, sacados pela requerente, no período de 2007 até janeiro de 2015. Requer provar o alegado por todos os meios admitidos em direito, precipuamente documental e testemunhal. Atribui-se à causa o valor de R$ Nestes termos, Pede e espera deferimento. Belém, 25 de novembro de 2015. Pp. Gisele de Souza Cruz da Costa OAB/PA 8593 ROL DE TESTEMUNHAS: 1-