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EXMO SR. DR.

JUIZ FEDERAL DA SEÇÃ O JUDICIÁ RIA DA COMARCA DE BELÉ M –


PA.
T.A.M., brasileira, aposentada, viú va, portadora da Carteira de Identidade nº 2ª via
SSP/PA, inscrita no CPF sob o nº , residente e domiciliada na Rua , Bairro – Belém -
PA, CEP: , nã o possui endereço eletrô nico, por sua procuradora infra-assinado,
mandato anexo vem perante Vossa Excelência, fundamentada no art. 1.723 do
Có digo Civil e na Lei nº 9.278 de 10 de Maio de 1996 propor DECLARATÓ RIA DE
UNIÃ O ESTÁ VEL PARA RECEBIMENTO DE PENSÃ O DO INSS, contra INSS
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, pessoa jurídica de direito pú blico
interno, constituída sob a forma de Autarquia Federal, com endereço nesta cidade
na Av. Nazaré, nº 79, Nazaré, Belém – PA, CEP: 66040-145, pelos fatos e
fundamentos que passa a expor:
DA ASSISTÊ NCIA JUDICIÁ RIA GRATUITA
Inicialmente, afirma, nos termos de acordo com o art. 4º da Lei 1060/50, com a
nova redaçã o introduzida pela lei 7510/86, e, dos arts. 98 a 102 do CPC, que nã o
tem condiçõ es de arcar com custas processuais e honorá rios de advogado, sem
prejuízo do sustento pró prio e de sua família, razã o pela qual faz jus à Gratuidade
de Justiça.
DOS FATOS
A Requerente viveu como companheira de fato, em uniã o está vel, do falecido há
aproximadamente 07 anos, sendo esta uniã o de conhecimento dos filhos de ambos.
O casal se conheceu aproximadamente em agosto de 1999, quando iniciaram um
namoro.
Ambos eram viú vos.
Em 2007, resolveram pela uniã o está vel, que era conhecida por terceiros (rol de
testemunhas) e pela pró pria família do “de cujus”.
O seu companheiro, TTG, docs anexos, faleceu em 05 de janeiro de , aos 87 anos de
idade.
Viveram durante estes sete anos, como se casados fossem, de forma contínua e
pú blica, uma família nos moldes atuais, esclarecendo que o casal já era idoso,
portanto, nã o pretendiam mais ter filhos, nem morar na mesma casa. (fotos
anexas)
A uniã o mantida entre o casal era revestida de todos os elementos comuns ao
casamento, ou seja, o dever de fidelidade e lealdade, assim como de mú tua
assistência.
O casal mantinha um relacionamento saudá vel, nã o moravam juntos, porém,
estavam sempre na companhia um do outro, quando na residência do falecido no
endereço na Av. em Belém, ou na residência da requerente. A requerente mora
com sua mã e,, uma senhora idosa, que sempre precisou da companhia da mesma,
uma das razõ es da requerente continuar morando com ela, e, nã o querer mudar-se
para a casa do falecido.
Vejamos o que diz Euclides de Oliveira, sobre o fato de nã o morarem juntos nã o
significa que os parceiros nã o tenham convivência ou sejam simples namorados.
“Há muito tempo o Supremo Tribunal Federal já decidiu que o antigo concubinato
nã o dependia da vida em comum sob o mesmo teto (Sú mula 382).
Esclarece, novamente, que o vínculo fá tico existente entre a requerente e o “de
cujus” era um vínculo de natureza matrimonial, pois conviviam como marido e
mulher, com os mesmos direitos e deveres relativos ao matrimô nio, sendo sua
uniã o contínua, pú blica e notó ria, era conhecida de todos os seus familiares,
vizinhos e demais cidadã os do município, mesmo nã o morando juntos. Fato esse já
superado pelos nossos tribunais.
Com a doença do de cujos, a requerente contratou uma cuidadora para o mesmo,
pois, como ressaltado acima, nã o moravam juntos, mas, o dever de cuidado sempre
existiu.
O casal fazia viagens constantes, para ..., para tratamento médico do de cujus, entre
outras cidades do Brasil. Para ..., era comum, e, sempre com os filhos do de cujus.
A requerente recebia uma quantia semanal do de cujus, como forma de ”mesada”,
no valor de R$- que pode ser comprovado por meio dos cheques do Banco , que
eram sacados diretamente no banco, na Agência . Pelo que requer de V. Exa., que
seja oficiado o BANCO mencionado para apresentar os espelhos dos cheques que
foram sacados pela autora, pois como a conta nã o era conjunta, ela nã o pode
requerer tais provas. Cheques que pertenciam ao de cujus.
Apó s o falecimento de seu companheiro, requereu junto ao INSS a Pensã o por
Morte, porém, em março deste ano, seu pedido foi negado por falta de provas.
Atitude contumaz desse ó rgã o, que a parte sempre precisa recorrer judicialmente
para conseguir o benefício. (doc. anexo)
Em tendo sido negativo a tentativa extrajudicial de reconhecimento da qualidade
de companheira da Requerente, pelo INSS, é que se ajuíza a presente demanda.
Excelência, a Requerente preenche todos os requisitos legais para ser declarada
por sentença como companheira do falecido, o que desde já se REQUER.
DO DIREITO À CONCESSÃ O DO BENEFÍCIO
Inicialmente, cumpre destacar a oportuna liçã o do professor FÁ BIO ZAMBITTE
IBRAHIM, sobre o benefício pensã o por morte e a quem este se destina:
“A pensã o por morte é benefício direcionado aos dependentes do segurado,
visando à manutençã o da família, no caso da morte do responsá vel pelo seu
sustento.”(Curso de Direito Previdenciá rio: Editora Impetus, 7ª ediçã o, 2006,
Niteró i, RJ, p.521)
O artigo 74 da Lei 8.213/1991 dispõ e acerca da pensã o por morte de segurado da
Previdência Social da seguinte forma:
“Art. 74. A pensã o por morte será devida ao conjunto dos dependentes do
segurado que falecer, aposentado ou nã o, a contar da data:
I – do ó bito, quando requerida até trinta dias depois deste;”
Como já mencionado, alguns dias apó s o ó bito de seu companheiro, a Requerente
dirigiu-se a Agência da Previdência Social mais pró xima com vistas ao recebimento
da pensã o por morte de PEDRO RENDA FILHO. Também como já descrito, houve
negativa administrativa do direito à percepçã o do benefício, por ter entendido o
instituto Réu que nã o estariam cumpridos os requisitos para sua instauraçã o.
Erroneamente, o INSS entendeu que a Autora nã o se configura como dependente
do ex-segurado.
Ocorre que o artigo 16 do mesmo diploma legal elenca as pessoas que podem
figurar como dependentes do segurado, entre as quais figuram a companheira,
conforme se vê:
“Art. 16. Sã o beneficiá rios do Regime Geral de Previdência Social, na condiçã o de
dependentes do segurado:
I- o cô njuge, a companheira, o companheiro e o filho nã o emancipado, de qualquer
condiçã o, menor de 21 (vinte e um) anos ou invá lido;”
Sobre a matéria, o pará grafo 3º, do mesmo artigo 16 considera como companheiro
ou companheira a pessoa que, sem ser casada, mantém uniã o está vel com o
segurado ou segurada da Previdência Social, nos termos previstos na Constituiçã o
Federal, ponderando o § 4º do mesmo diploma legal que a dependência econô mica
entre eles é presumida. Confira-se:
“Art. 16. (...)
§ 3º- Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada,
mantém uniã o está vel com o segurado ou com a segurada, de acordo com o §. 3ºdo
art. 226 da Constituiçã o Federal.
§ 4º - A dependência econô mica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a
das demais deve ser comprovada.”
Nã o obstante, foram colacionados aos autos, ainda, diversos outros meios de prova
da convivência perpetuada pelo casal, como se casados fossem, além das provas
testemunhais.
Todas as fotografias e declaraçõ es de pessoas que conviviam com Autora e ex-
segurado denotam o convívio marital de ambos, apresentando-se perante a
sociedade como um casal há mais de 7 (sete) anos e entrelaçando suas vidas em
â mbito social, familiar e financeiro.
Tais DOCUMENTOS, provas testemunhais e fotografias apresentam-se como meios
outros que levam à convicçã o do fato a comprovar, qual seja, o vínculo de uniã o
está vel, conforme art. 22, § 3º, XVII.
Pelo que se vê, a Autora apresentou provas suficientes, conforme requerido pela
Lei, para comprovaçã o de seu vínculo de uniã o está vel com o ex-segurado. A recusa
administrativa para a concessã o do pleito, verifica-se, foi mero equívoco quando da
aná lise da documentaçã o apresentada, nã o devendo ser mantida por este douto
juízo, pelo simples fato de nã o morarem na mesma casa.
O casal já tinha uma idade avançada, e pessoas dessa idade nã o costumam mudar
de suas residências, pois já existe a necessidade de manter sua casa, suas coisas, e,
isso foi um dos fatores que o casal nã o quis se desfazer. O de cujus morava com
seus filhos, e a requerente nã o pretendia deixar de ter a privacidade de sua casa. E,
no caso da requerente, esta morava e mora ainda na casa que pertence a sua mã e,
assim, o de cujus¸ também nã o queria perder sua privacidade e, na idade que
estava ainda ter que morar na casa da sogra.
DO DIREITO
A Uniã o está vel encontra-se amparada constitucionalmente a partir de 1988, como
se depreende do art. 226, § 3º., como bem lembra o Desembargador do TJPR,
Ronaldo Accioly[6], que: “O Concubinato, sendo uma uniã o está vel entre o homem
e a mulher, é hoje reconhecido pela Constituiçã o Federal, como entidade familiar.
E, assim sendo, deve ser tratado com os mesmos princípios do Direito de Família.”
Vale transcrever o entendimento do Desembargador do citado Tribunal, Renato
Pedroso[7], que: “Se é certo que o legislador constituinte procurou amparar a
uniã o está vel entre o homem e a mulher como entidade familiar, no sentido de
facilitar a sua conversã o em casamento, fê-lo por considerar a família como base da
sociedade, da mesma sorte que a Sú mula 380 do STF, deu foro de legalidade ao
concubinato.” Neste sentido: STJ, REsp nº. 10113/SP, j. 04/06/91, rel. Min. Sá lvio
de Figueiredo, v. u.
A Constituiçã o Federal de 1988, em seu art. 226 § 3º, reconheceu, para efeito de
proteçã o do Estado, a uniã o está vel entre o homem e a mulher como entidade
familiar. Instituiu também, norma programá tica no sentido de a lei facilitar sua
conversã o em casamento.
A Carta Magna apenas legitimou uma prá tica social aceitá vel, ou seja, a existência
de uniõ es livres, de duraçã o compatível com a estabilidade das relaçõ es afetivas,
que sã o diferenciadas daquelas vindas de comportamento adulterino, que com elas
nã o guardam a mesma identidade jurídica, no plano do direito de família, já que,
nas relaçõ es adulterinas, o adú ltero mantém relaçã o de casamento com outrem.
Apó s o dispositivo constitucional, adveio a Lei nº 8.971, de 29 de dezembro de
1994, que disciplinou o direito dos companheiros a alimentos e à sucessã o. No
entanto, nã o definiu o instituto da uniã o está vel, o que veio a acontecer apenas com
a Lei nº 9.278, de 10 de maio de 1996.
Este ú ltimo diploma legal, em seu artigo 1º, edificou o significado da uniã o está vel
no momento em que dispô s que "é reconhecida como entidade familiar a
convivência duradoura, pú blica e contínua, de um homem e uma mulher,
estabelecida com o objetivo de constituiçã o de família".
O Novo Có digo Civil consolidou a matéria relacionada com a uniã o está vel –
também denominado concubinato puro -, trazendo normas reguladoras da
entidade entre os seus artigos 1.723 a 1.727.
O artigo 1.723, § 1º, do Novo Có digo Civil, traz regra pela qual "a uniã o está vel nã o
se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; nã o se aplicando a
incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou
judicialmente".
E, assim, a requerente se encontra em todos os requisitos para que seja declarada a
uniã o está vel do casal.
DOS PEDIDOS
Ex positis, a Autora REQUER:
a) A CITAÇÃ O do Instituto Réu, no endereço declinado no preâ mbulo da presente,
para, querendo, apresentar resposta;
b) A CONDENAÇÃ O do INSS a concessã o à Autora do benefício previdenciá rio de
PENSÃ O POR MORTE, com data de inicio retroativa ao primeiro requerimento
administrativo, ou seja, 09.03.2015;
c) O integral deferimento de todos os pedidos formulados nesta exordial, com a
posterior condenaçã o do INSS nos consectá rios da sucumbência e demais despesas
de ordem legal;
d) A juntada dos documentos anexos, declarando os subscritores desta, serem as
có pias autênticas, correspondendo-se a reproduçõ es fiéis dos originais. A
declaraçã o em epígrafe é prestada sob a guarida do artigo 365, inciso IV do Có digo
de Processo Civil;
e) A INTIMAÇÃ O do réu para que junte aos autos o extrato de pagamento do
benefício de pensã o do ex-segurado ... bem como, todos documentos necessá rios ao
esclarecimento da causa, com base no que dispõ e o artigo 11 da Lei 10.259 de
12.07.2001.
f) A concessã o dos benefícios da ASSISTÊ NCIA JUDICIÁ RIA GRATUITA, por ser a
Requerente pobre no sentido legal, nã o tendo condiçõ es de arcar com as custas
processuais e honorá rios advocatícios, com fulcro no inciso LXXIV do artigo 5º da
Constituiçã o da Repú blica e na Lei nº 1.060/50 modificada pela Lei nº 7.115/83, e,
arts. 98 a 102 do CPC.
g) Que seja oficiado o Banco , agência , para enviar a este D. juízo, có pias de
cheques no nome do falecido, sacados pela requerente, no período de 2007 até
janeiro de 2015.
Requer provar o alegado por todos os meios admitidos em direito, precipuamente
documental e testemunhal.
Atribui-se à causa o valor de R$
Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Belém, 25 de novembro de 2015.
Pp. Gisele de Souza Cruz da Costa
OAB/PA 8593
ROL DE TESTEMUNHAS:
1-

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