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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA

COMARCA DE NUPORANGA, ESTADO DE SÃO PAULO.

Autor por intermédio de sua advogada adiante assinada


(procuração anexa), vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, propor a
presente:

AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL COM


PARTILHA DE BENS C/C GUARDA UNILATERAL

Em face de DAIANE CRISTINA DOS SANTOS, brasileira,


convivente, enfermeira, portadora do RG nº 422344977 SSP/SP e inscrita no CPF sob
o nº 227.958.238-45, residente e domiciliada na Rua João Picinato, nº 29, Centro, na
cidade de Sales Oliveira/SP, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.

I - PRELIMINARMENTE

I.I - DA JUSTIÇA GRATUITA


O autor declara para os devidos fins de direito, que não possui
condições de arcar com as custas, despesas processuais e honorários advocatícios,
sem prejuízo de seu sustento, conforme se comprova através de sua CTPS anexa.

Portanto, requer com fundamento no artigo 98 e seguintes do


CPC/15 a concessão do benefício da justiça gratuita, conforme declaração de
hipossuficiência anexa.

II - DOS FATOS

Trata-se de um uma ação de reconhecimento e dissolução de


união estável com partilha de bens cumulada com pedido de guarda compartilhada.

Os requerentes viveram juntos como se fossem marido e mulher,


do período compreendido de junho de 2015 até dezembro de 2020, inclusive possuem
uma ESCRITURA PÚBLICA DE DEPENDÊNCIA FINANCEIRA lavrada em Cartório (em
anexo).

Dessa relação, o casal teve uma filha, VALENTINA


BRUNHEROTI, atualmente com 03 (três) ano de idade.

Contudo, a relação matrimonial começou a ser desgastada em


virtude de incompatibilidades diversas, e assim foi se tornando insuportável a
convivência das partes durante esse período.

O casal encontra-se separado de fato há 3 (três) meses, ocasião


em que o cônjuge varão deixou a residência do casal, estando a Requerente residindo
sozinha com a menor.
Assim, não possuindo interesse em continuar com a união, requer
o reconhecimento e dissolução da união estável, bem como a partilha dos bens
adquiridos na constância da união, motivo pelo qual ajuíza a presente ação.

III - DO DIREITO
3.1. DO RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL

A união estável encontra guarida no ordenamento jurídico


brasileiro na Lei nº 9.278/96 e no artigo 1.723 e seguintes do Código Civil. O artigo
1.723 em sua inteligência afirma:

“Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união


estável entre o homem e a mulher, configurada na
convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida
com o objetivo de constituição de família.”

As partes viveram juntos como se fossem marido e mulher no


período compreendido entre junho de 2015 até dezembro de 2020, conforme é
comprovado pela certidão de nascimento da filha do casal, escritura pública
declaratória de dependência financeira e demais documentos que ora requer a juntada.

Durante da união do casal, tiveram relação duradoura, pública e


com a finalidade de constituir família, requisitos exigidos pelo código civil em seu artigo
1.723, devendo ser reconhecida como união estável.

3.2. DA DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL

A relação entre o casal veio a se dissolver em dezembro de 2020,


foi quando houve a separação de fato do casal, permanecendo no imóvel apenas a
Requerida e a filha.
Desta forma, requer que seja decretada a dissolução da presente
união estável com data final a separação de fato do casal.

3.3. DOS BENS ADQUIRIDOS

No caso em tela, incide o regime da comunhão parcial de bens,


uma vez que, nos termos do art. 1.725, do Código Civil, esse é o regime a ser aplicado
na união estável, quando inexiste contrato escrito entre os companheiros.

Assim, uma vez verificada a existência de união estável, os bens


adquiridos na constância da relação deverão ser partilhados ao término do vínculo, nos
termos do art. 1.658, do Código Civil.

Por conta disso, deverão ser partilhados entre as partes, os bens


que foram adquiridos durante a união das partes, quais sejam:

a) um imóvel urbano, matriculado sob o nº 9.792, no Cartório de


Imóveis de Nuporanga/SP, localizado na Rua João Picinato, n º 29, Centro, na cidade
de Sales Oliveira, em nome da Requerida, avaliado em R$ 102.400,0 (cento e dois mil,
quatrocentos reais), do qual pagavam mensalmente em conjunto, as parcelas de
financiamento pela Caixa Econômica Federal desde julho de 2019. E além das
parcelas, o Autor arcou integralmente com os materiais da construção do imóvel, como
faz prova em anexo, com valores de sua economia que sempre fez ao longo da vida, e
que não se comunicava na partilha.

b) um veículo, qual seja, Onix 1.0 Joye, placa FRL 1469,


Renavam 01140532836, o qual, conforme tabela FIPE, está avaliado em R$ 35.730,00
(trinta e cinco mil, setecentos e trinta reais), que o ora Requerente requer e o imediato
BLOQUEIO de circulação do veículo até a resolução do divórcio e partilha.

d) a divisão dos bens que guarnecem a residência do casal, quais


sejam:
1. Um guarda-roupa;
2. Uma cama de casal;
3. Uma cama de solteiro;
4. Uma TV de 50 polegadas;
5. Uma TV de 32 polegadas;
6. Um fogão;
7. Uma geladeira;
8. Um microondas;
9. Duas mesas;
10. Uma rack;
11. Uma máquina de lavar;
12. Uma cômoda;
13. Um armário de cozinha.

Portanto, a fim de que se possa auferir o que fora investido no


estabelecimento e, assim, proceder com a divisão dos bens e valores despendidos.

O artigo 5º da Lei nº. 9.278/96 que trata a respeito da União


Estável, estabelece que os bens móveis ou imóveis adquiridos por um ou por ambos os
conviventes, na constância da união estável e a título ONEROSO, são considerados
fruto do trabalho e da colaboração de ambos os companheiros.

O artigo 1.725 do C. C, estabelece que na união estável, salvo


contrato escrito, o regime de bens será regido pelo o regime de comunhão parcial de
bens. Como não houve qualquer contrato escrito referente a escolha do regime de
bens deve ser partilhado em 50% (cinquenta por cento) para cada convivente de
acordo com a avaliação dos bens.

3.3. DA GUARDA UNILATERAL

Desde que o casal se separou a criança permaneceu sob a


guarda de fato do pai e completamente adaptada à convivência com ele, manifestando
o desejo de assim permanecer.

A criança passa o dia todo com o pai e a mãe a busca a menor


apenas dormir com ela. A genitora é enfermeira e o horário de trabalho é totalmente
fora da rotina da menor. Inclusive, o horário de saída da mãe é sempre após às 22h,
chegando inclusive algumas vezes a busca-lá próximo da meia noite. Ou seja,
independente do horário que a mãe encerra o expediente, ela busca a menor na casa
do genitor, independente do horário e retira a criança da casa, mesmo dormindo,
afetando diretamente o bem estar da filha.

É fato que isso traz um prejuízo enorme para a saúde da menor,


pois sabemos que ao não dormir a quantidade de sono adequada, pode trazer vários
danos, como por exemplo, afetar no crescimento da criança, falta de concentração,
problemas de cansaço, dentre tantos outros.

É salutar para toda criança conviver em ambiente familiar,


devendo ser protegida de qualquer situação que a exponha a qualquer tipo de risco e
exploração, sendo mandamento constitucional a seguridade, pela família, pelo Estado
e pela sociedade, da dignidade, do respeito, além da proteção a qualquer forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Sendo assim, conforme o artigo 227, da Constituição Federal,


direitos da criança e adolescente que devem ser observados:
“Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado
assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.”

O critério norteador na atribuição da guarda é a vontade dos


genitores, tendo sempre em vista os interesses do menor, visando atender suas
necessidades.

Quanto ao direito de visita da mãe, o requerente nada tem a se


opor.

3.4. DOS ALIMENTOS

É sabido que a cumulação de dissolução de união estável com


alimentos em favor do filho em comum se afigura perfeitamente possível. No caso em
comento, a obrigação alimentar da Requerida decorre do fato dela ser mãe da menor,
conforme Certidão de Nascimento anexa, e que atualmente se encontra sob a guarda
fática do Requerente.

Com efeito, o dever de alimentar dos pais para com os filhos está
expressamente previsto no artigo 229 da Carta Magna, bem como nos artigos 1.694 e
1.696 do Código Civil.

Neste diapasão, uma vez reconhecida a obrigação alimentar, faz-


se necessário determinar o quantum a ser pago, devendo-se observar o binômio
necessidade do alimentado e a possibilidade do alimentando.

Não havendo dúvida quanto à obrigação alimentar da


Requerida, aparenta ser plenamente razoável a fixação de pensão alimentícia em
favor da menor no patamar de 30% (trinta por cento) de seus rendimentos.

Requer-se ainda que, em caso de desemprego ou ausência de


renda do Requerido, os alimentos devidos ao menor passem a ser correspondentes a
um terço do salário mínimo vigente e sendo por este corrigido.

3.5 DOS ALIMENTOS PARA A EX-CÔNJUGE

Em relação aos alimentos, o Autor informa que sua ex-cônjuge,


tem como prover o seu próprio sustento e sobrevivência, em razão de ser enfermeira,
não sendo necessários os alimentos.

IV – DOS PEDIDOS

Diante o exposto, requer:

a) conceder a gratuidade judiciária ao Autor, por se pobre na


acepção jurídica da palavra, não podendo arcar com as despesas processuais sem
privar-se do seu próprio sustento;

b) Seja deferida a prioridade na Tramitação com fulcro nos


artigos 152 da Lei nº 8.096/1990 e artigo 1.048, II, do Código de Processo Civil;
c) Seja citada a Requerida, para tomar conhecimento do feito e,
caso o queira, oferecer contestação;

d) seja determinado imediatamente o BLOQUEIO de circulação


do veículo Onix 1.0 Joy, placa FRL 1469, Renavam 01140532836, até a resolução do
divórcio e partilha.

e) O deferimento da GUARDA PROVISÓRIA UNILATERAL da


menor em favor do Requerente, bem como para que sejam FIXADOS ALIMENTOS EM
DESFAVOR DA REQUERIDA, no valor de 30% de seus rendimentos;

f) Ao final, seja a presente ação julgada TOTALMENTE


PROCEDENTE para:
f.1) Reconhecer a existência de união estável entre o Requerente
e a Requerida, bem como a dissolução desta, do período compreendido de junho de
2015 até dezembro de 2020;
f.2) a partilha dos bens em comum do casal, conforme proposta e
bens apresentados, vez que a mesma se encontra em conformidade com a ordem
emanada do art. 1.658, do CC.
f.3) Regulamentar e confirmar, em definitivo, a guarda unilateral
da menor, permanecendo a morar com o Requerente, expedindo-se, para tanto, o
competente mandado de guarda definitiva em favor do Requerente;
f.4) Regulamentar o direito de visitas da Requerida, que o ora
Requerente nada tem a opor;
f.5) fixar os alimentos em desfavor da Requerida e em favor da
criança, no patamar de 30% de seus rendimentos.

g) Intimar o douto Representante do Ministério Público, a fim de


que acompanhe o referido processo;
h) Decidir pela condenação da Requerida ao pagamento das
verbas de sucumbência, isto é, das custas processuais e honorários advocatícios,
estes na base de 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação.

i) Na oportunidade, requer que todos os atos e publicações


alusivos ao feito sejam realizados, em nome de ambas patronas, quais sejam,
ROBERTA LUCIANA MELO DE SOUZA, OABSP 150.187 e MONIZE CAMPOS
BOCALON, OAB/SP 399.852, sob pena de nulidade.

Por fim, protesta provar o alegado por todos os meios de prova


em direito admitidas, além dos documentos que ora junta, depoimento pessoal e prova
testemunhal, bem como as que se fizerem necessária.

Dá-se a presente causa o valor de R$ 209.755,00 (duzentos e


nove mil, setecentos e cinquenta e cinco reais).

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.

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