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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS CÍVEIS DA


COMARCA DE PESQUEIRA/PE

TALLITA SOUZA LEITE DE VASCONCELOS,


brasileira, casada, professora, filha de Itamar Leite da Silva e Verônica Iraneide de
Souza, portadora da cédula de Identidade sob nº 7.475.900 SDS-PE e do CPF/MF
sob nº 065.662.524-44, residente e domiciliado na Rua 12, nº 01, COHAB II -
Pesqueira/PE, CEP:55200-000, por seu advogado in fine assinado, com escritório
profissional o do timbre desta peça, que indica para fins do Art. 39, inciso I do
Código de Processo Civil, vem, mui respeitosamente, perante Vossa Excelência
para propor a presente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

Em face de CELPE- GRUPO NEOENERGIA


CIA ENERGETICA DE PERNAMBUCO, portador do CNPJ:
10.835.932/0001-08, localizada na Av. João de Barros, nº 111 – Boa Vista –
Recife-PE, pelos seguintes fatos e fundamentos de direito:

DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA

O ordenamento jurídico brasileiro, através da Lei nº


1.060/50, garantiu aos hipossuficientes pleno acesso aos órgãos judicantes por
meio da isenção do pagamento das despesas processuais. Referida garantia ficou
consagrada pelo art. 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal e também passou
a ser tutelada no novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015).

Vale ressaltar que a pessoa natural tem sua alegação


sustentada por uma presunção de veracidade. Sendo assim, à pessoa natural basta
a mera alegação de insuficiência de recursos, sendo desnecessária a produção de
provas da hipossuficiência financeira conforme art. 99, parágrafo § 3o do NCPC.

Ademais, o fato da parte Autora ser assistida por


advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça (art. 99, § 4º,
do CPC).

Portanto, requer a parte autora que seja deferido o


benefício da justiça gratuita, na conformidade da declaração em anexo (Doc. 02),
por não ter possibilidade de arcar com as despesas processuais e honorários
advocatícios, sem que isso importe em prejuízo próprio ou da respectiva família.
II – DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Inicialmente verificamos que o presente caso se trata de relação de


consumo, sendo amparada pela Lei 8.078/90, que trata especificamente das
questões em que fornecedores e consumidores integram a relação jurídica,
principalmente no que concerne a matéria probatória.

Tal legislação, faculta ao magistrado determinar a inversão do ônus da


prova em favor do consumidor conforme seu artigo 6º, VIII:

Art. 6º. “São direitos básicos do consumidor:


VIII – A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com
a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias
de experiência. ”

Da simples leitura deste dispositivo legal, verifica-se, sem maior esforço,


ter o legislador conferido ao arbítrio do juiz, de forma subjetiva, a incumbência
de, presentes o requisito da verossimilhança das alegações ou quando o
consumidor for hipossuficiente, poder inverter o ônus da prova.

Assim, presentes a verossimilhança do direito alegado e a hipossuficiência da


parte autora para o deferimento da inversão do ônus da prova no presente caso,
dá-se como certo seu deferimento.

DOS FATOS

A autora é moradora da residência a qual contém


contrato com a ré de fornecimento de energia elétrica, sendo que a conta contrato
com endereço à Rua 12, n° 01 – COHAB II – Pesqueira/PE, está em nome da
sogra, já falecida, consoante documento em anexo.

Ocorre que a autora no dia 21 de fevereiro por volta


das vinte horas (20h00min) recebeu uma ligação da sua mãe VERÔNICA
IRANEIDE DE SOUZA, a qual encontrava em sua residência, nos cuidados da
neta, a qual é filha da autora Tarsilla Maria Souza de Vasconcelos, com idade de
01 ano e três meses, enquanto a autora estava trabalhando como professora, na
escola Dr. Carlito Didier Pitta-CAIC, informando que um caminhão não
identificado atingiu o poste que faz o fornecimento da residência, bem como
afetando o sistema de energia da residência da autora, a qual está sem energia até
o dia de hoje 28.09.2022.
Ocorre que a autora entrou em contato no dia
seguinte com CELPE- GRUPO NEOENERGIA CIA ENERGETICA DE
PERNAMBUCO, ás 14h51, no qual ligou para o número 116, com protocolo
00400698550 no dia 22/09/2022, sendo informada a autora que dentro do prazo
de 24 horas seria religado a energia de sua residência em caráter de urgência.
Contudo, não foi realizado nenhum serviço de
religação de energia, a qual a autora teve que se deslocar com sua filha de apenas
01 ano e 03 meses para residência de sua genitora a qual se encontra lá até hoje,
em virtude do não abastecimento de energia em sua casa.
Deste modo na terça-feira, 27/09/2022, a autora
voltou a ligar para CELPE-GRUPO NEOENERGIA CIA ENERGETICA DE
PERNAMBUCO, onde foi informada que não havia nenhum chamado realizado
junto a companhia de energia, sendo realizado mais um novo chamado com nº
8114018922, e sendo informada a autora que mais uma vez havia colocado a
solicitação com informativo de urgência.
Porém, a autora já estava a 08 dias sem energia,
dessa forma impossibilitando que possa estar em sua residência.
Vale ressalta que ouve inúmeras ligações solicitando
a religação, diversas vezes após as ligações e com os protocolos em mãos, foi
informado que não havia solicitação alguma no sistema.
Estando de posse de inúmeros protocolos conforme
a seguir:
Nº 8114060502 - 28/09/2022 ás 17:57
Nº 8114084630 - 29/09/2022 ás 20:13
Nº 8114106989 - 30/09/2022 ás 19:26
Nº 8114111510 - 01/10/2022 ás 18:37
Nº 8114124635 - 03/10/2022 ás 11:02

. Contudo, a empresa ré não teve qualquer atenção e


cuidado para solucionar o problema que a requerente foi bastante lesada com o
ocorrido.

Excelência, a autora sempre quitou suas obrigações


tempestivamente e, sem mais nem menos, ter um descuido desse da empresa ré
em não buscar de forma ágil solucionar o problema que causou grande transtornos
a requerente, como o constrangimento de ter que passar dias afastada de sua
residência por não ter as mínimas condições de estar ali. E, como não é de se
espantar, a parte ré lesou a autora, em sua esfera moral por tal constrangimento.

A autora não tem culpa da má prestação de serviços


da CELPE- GRUPO NEOENERGIA CIA ENERGETICA DE
PERNAMBUCO, afinal é esta quem deve tomar todas as precauções para que o
serviço disposto à sociedade seja eficaz, é o mínimo que se pode exigir.
Não tendo outro caminho a sanar as injustiças
praticadas pela parte demandada, restou à autora bater às portas do judiciário e
pedir a justa composição dos danos sofridos.
II- DO DIREITO
 2.1 DO DANO MORAL 

O dano moral foi inserido em nossa Carta Magna no art. 5º, inc. X, da
Constituição de 1998:

Art. 5º. “[…]


X – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano moral ou material decorrente dessa violação. ” 

Seguindo a mesma linha de pensamento do legislador constituinte, o


legislador ordinário assim dispôs sobre a possibilidade jurídica da indenização
pelos danos morais, prescrevendo no art. 6º, VI, da Lei 8.078/90:

Art. 6º. “São direitos básicos do consumidor:


VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e
morais, individuais, coletivos ou difusos. ”

SAVATIER define o dano moral como:

“Qualquer sofrimento humano que não é causado por uma


perda pecuniária, abrangendo todo o atentado à reputação
da vítima, à sua autoridade legitima, ao seu pudor, a sua
segurança e tranquilidade, ao seu amor próprio estético, à
integridade de sua inteligência, as suas afeições, etc.” (Traité
de La ResponsabilitéCivile, vol. II, nº 525, in Caio Mario da
Silva Pereira, Responsabilidade Civil, Editora Forense, RJ,
1989).

Quando se pleiteia uma ação visando uma indenização pelos danos morais
sofridos, não se busca um valor pecuniário pela dor sofrida, mais sim um lenitivo
que atenue, em parte, as consequências do prejuízo sofrido. Visa-se, também, com
a reparação pecuniária de um dano moral imposta ao culpado representar uma
sanção justa para o causador do dano moral. A ilustre civilista Maria Helena
Diniz, já preceitua:

“Não se trata, como vimos, de uma indenização de sua dor,


da perda sua tranquilidade ou prazer de viver, mas de uma
compensação pelo dano e injustiça que sofreu, suscetível de
proporcionar uma vantagem ao ofendido, pois ele poderá,
com a soma de dinheiro recebida, procurar atender às
satisfações materiais ou ideais que repute convenientes,
atenuando assim, em parte seu sofrimento.

A reparação do dano moral cumpre, portanto, UMA FUNÇÃO DE


JUSTIVA CORRETIVA ou sinalagmática, por conjugar, de uma só vez, a
natureza satisfatória da indenização do dano moral para o lesado, tendo em vista o
bem jurídico danificado, sua posição social, a repercussão do agravo em sua vida
privada e social e a natureza penal da reparação para o causador do dano,
atendendo a sua situação econômica, a sua intenção de lesar, a sua imputabilidade,
etc.”(DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 13. Ed. São Paulo:
Saraiva, 1999, v.2).

A tormenta maior que cerca o dano moral, diz respeito a sua quantificação,
pois o dano moral atinge o intimo da pessoa, de forma que o seu arbitramento não
depende de prova de prejuízo de ordem material.

Evidentemente o resultado final também leva em consideração as


possibilidades e necessidades das partes de modo que não seja insignificante, a
estimular a prática do ato ilícito, nem tão elevado que cause o enriquecimento
indevido da vítima.

O dano moral sofrido pelo Autor ficou claramente demonstrado, vez que a
ligação de energia do seu imóvel se encontrava desligada por MAIS DE 7 DIAS,
vendo seus alimentos putrefarem em sua geladeira, sem nada poder fazer e por um
motivo alheio a sua conduta.

VII – DOS PEDIDOS


Ante o exposto, requer a Vossa Excelência que seja julgada TOTALMENTE
PROCEDENTE a presente ação, com:

a) A procedência do pedido quanto à gratuidade de justiça, inclusive para efeito de


possível recurso;

b) A inversão do ônus da prova;

c) A citação da empresa Ré para comparecer à audiência de conciliação a ser


marcada, podendo esta ser convolada em audiência de instrução e julgamento nos
termos da Lei 9.099/95, sob pena de revelia e confissão;

d) que a empresa Ré seja condenada ao pagamento a título de DANOS MORAIS


no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais);

e) protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos,


especialmente depoimento pessoal do representante legal da reclamada e juntada
de documentos.
Dá-se à causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), nos termos do art. 292,
III, do NCPC.

Termos em que,

Pede deferimento.

Pesqueira/PE, 16 de novembro de 2022.

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JOSÉ EDSON VASCONCELOS JÚNIOR
OAB/PE Nº 58.657

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