Você está na página 1de 19

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Única

da Comarca de Venturosa/PE

Processo-Crime nº. 000166-73.2012.8.17.1550


Autor: Ministério Público do Estado de Pernambuco
Denunciado(os): Cilmar Saturnino e Outro
Alegações Finais

CILMAR SATURNINO E WILAMAR


SATURNINO, já devidamente qualificados nos autos do
processo a epígrafe, por seu advogado que esta subscreve,
vem mui respeitosamente à presença de V. Exª., para
apresentar

ALEGAÇÕES FINAIS

nos termos a seguir aduzidos:

1
SÍNTESE DOS AUTOS

Aduz a peça de denúncia que fora


formulada na Promotoria de Justiça desta Comarca, que in
tese, no dia 24.12.11, por volta de 19:30 h, na Vila do Tará,
Zona Rural de Venturosa/PE, o Sr. Luciano Alves da Silva,
conhecido por “Neguinho de Napoleão”, foi vítima de cinco
disparos de arma de fogo efetuadas segundo a exordial por
Cilmar Saturnino (primeiro defendente), com a efetiva
participação de Wilamar Saturnino (segundo defendente), não
se consumando o delito por circunstâncias alheias à vontade
dos agentes.

Segundo consta na peça acusatória à


vítima comprou uma cerveja no Bar de Maria Pimentel Alípio,
conhecido por “Menininha”, e saiu do local, momento que foi
alvejada por tiros disparados pelo primeiro defendente, tendo
a vítima apoiado na pessoa de Marinalva Valentim da Rocha,
que passava no momento, tendo Marinalva se soltado da
vítima e adentrado na casa de Alzira Camelo Martins e a
vítima caída ao chão, sendo alvo de mais disparos, não se
consumando o crime por circunstâncias alheias à vontade dos
agentes.

Aduz a peça inicial que em ato


contínuo, o primeiro defendente correu em direção ao
segundo defendente que já estava na sua espera em uma
motocicleta ligada, tendo os oras defendentes fugidos do
local.

2
Ainda, à peça acusatória, elenca
que à testemunha Leonardo Fernando Vieira de Almeida,
utilizando seu carro, chegou a perseguir a motocicleta
utilizada como transporte para a fuga dos defendentes, tendo
atingido a moto e derrubando os defendentes. Ainda, segundo
a peça inaugural, os defendentes rondavam o local antes do
crime.

A autoria delitiva e a materialidade


se encontram demonstrada pela declaração da vítima e pelos
depoimentos das testemunhas presenciais que confirmaram os
fatos, bem como pelo Laudo de Lesão Corporal, à fls. 44 e
pelo Auto de Reconhecimento fotográfico de fls. 45.

Assim, requereu o Órgão Acusatório,


que os defendentes fossem incurso nas penas do art. 121 c/c
art. 14, II ambos do Código Penal Brasileiro.

Pedido de Representação pela


Prisão Preventiva dos defendentes, oferecido pela Autoridade
Policial. (fls. 87/90).

Parecer Ministerial (fls. 113/114).


Prisão decretada consoante decisão Interlocutória simples.
(fls. 116).

Mandado de prisão expedido (fls.


118/119). Sendo cumprido em 14.06.2012 (fls. 123).

Recebida à denúncia (fls. 133).

3
Este patrono encontra-se
devidamente constituído nos autos (fls. 142/143).

Apresentada petição de Revogação


da prisão cautelar, Substituição da medida e revogação da
prisão em razão do excesso de prazo para encerramento da
instrução. (Fls. 144/157). Manifestação Ministerial (fls.
162/163). Sendo indeferido consoante (fls. 172/175).

Defesa Prévia (fls. 183/189).

Audiência de instrução, realizada


em 11.12.2012 (fls. 215/223). Sendo resignada para o dia
29.01.2013.

Parecer Ministerial (fls. 255/258).

Decisão interlocutória Simples (fls.


260/262).

Continuação da audiência de
instrução (fls. 265/268). Sendo resignada para o dia
26.02.2012. Audiência datada em 26.02.2013, sendo resignada
a sua continuação para a data de 22.03.2013. (fls. 287).

Pedido de adiamento de audiência


(fls. 297//298). Audiência datada em 09.04.2013 (fls.
304/308).

4
Alegações finais por parte do órgão
ministerial (fls. 312/317). Manifestação Ministerial
(fls.318/322).

NO MÉRITO
DA NEGATIVA DE AUTORIA

Os fatos narrados na peça inaugural


são insuficientes a ensejar uma pronúncia criminal por parte
deste juízo contra os defendentes.

Os ora defendentes no dia e hora do


fato não se encontravam no local onde ocorreram os fatos
narrados na peça de denúncia.

Assim, resta afirmar que o primeiro


defendente não praticou nenhum crime, nem muito menos o
segundo defendente.

Consoante se depreende dos


depoimentos prestados em juízo as Fls. 306/307, foram
categóricos ao afirmarem que não estavam no local dos fatos
no momento alegado pela acusação. Senão vejamos o que
disse o primeiro defendente CILMAR SATURNINO, in verbis:

“que a acusação não é verdadeira;


que no dia do fato estava em casa
com a sua esposa; que não
conhece a vítima; que não
conhece o bar da Menininha, local

5
dos fatos; que no dia dos fatos, seu
irmão Wilamar estava em uma
festa em lagoinha com a moto do
interrogando; que seu irmão
Wilamar foi assaltado quando
estava indo para Alagoinha, tendo
a moto do interrogando sido
roubada (...)”

Agora o que diz o segundo


defendente WILAMAR SATURNINO, in verbis:

“que não é verdade a acusação; que


no dia do fato havia pegando a moto
de seu irmão emprestada para ir a
uma festa em Alagoinha; que
quando estava indo para a festa,
perto de Alagoinha, no Sitio
Jenipapinho, quatro pessoas
roubaram a moto; que deixaram o
interrogando numa estrada de terra;
que, perdido, o interrogando andou
a noite inteira, chegando em casa
apenas no dia 25.12.2011; que não
conhece o bar da menininha; que
não conhece a vítima; que não
conhece Leonardo Fernando Vieira
de Almeida (...)”.

Outrossim, à vítima LUCIANO ALVES


DA SILVA, afirmou em depoimento em juízo que não fora
nenhum dos defendentes os autores dos disparos. Senão
vejamos trecho de seu depoimento, in litteris:

6
“Que no dia dos fatos chegou do
Tará e chegou no Bar da Menininha
ara tomar uma cerveja; que no
momento em que saiu do bar em
direção do carro, uma pessoa tocou
no seu ombro e começou a atirar;
que a vitima não sabe dizer quem
lhe tocou; que não sabe dizer se
foram os acusados que lhe
efetuaram o disparo; que tinha
bebido no dia dos fatos (...)”

Ora, não há dúvidas de que não


foram os defendentes os autores do delito praticado in baila,
sendo que a própria vítima em seu depoimento perante este
juízo sumariante afirma que não conhece os defendentes e
não sabe dizer se foram os acusados que lhe efetuaram os
disparos.

Caso não compartilhe este juízo do


entendimento acima, é de se reconhecer que não há provas da
participação dos defendentes na empreitada criminosa.

Oferecida à denuncia, cabe ao


Ministério Público provar o que alega, sendo inaceitável que
alguém seja condenado apenas com base nos elementos do
inquérito policial ou de quaisquer outros procedimentos
administrativos, sem a presença do contraditório.

Portanto, caberia à acusação ao


ingressar com a ação penal provar o que se alega, e diante do
tramite processual, ou seja, na instrução processual, não ficou

7
provado e nem a acusação conseguiu provar que os
defendentes participaram do delito em comento.

Essa posição, inconteste na doutrina


Brasileira, é corroborada por julgados sem conta dos tribunais,
afiançando que prova suficiente para a condenação é aquela
colhida em juízo.

Veja-se o acórdão do Supremo


Tribunal Federal, rel. Min. Soares Muños, in RT 540/412. Em
decisão mais recente, o STF acentuou que “a peça
inquisitorial serve para formar a opinio delicti e alicerçar a
instauração da ação penal. Não pode ser a base ou
fundamento de uma decisão condenatória, isto é, sem
respaldo em elemento probante produzido durante a
instrução criminal, sob pena de ferir o principio
constitucional do contraditório”(RE 331.133-PR, rel. Min.
Sepúlvede Pertence, DJU 25.02.2004).

E recorde-se, ainda, a percuciente


observação de Alberto Silva Franco, quando o Juiz do Tribunal
de Alçada Criminal de São Paulo, que ponderou, “com lógica
irredutível, que se uma condenação pudesse ter por
suporte probatório apenas elementos retirados do inquérito
policial, ficaria o Ministério Público, no limiar das própria
ação penal, exonerado de comprovar a acusação, dando por
provado o que pretendia provar, e a instrução criminal se
transformaria numa atividade inconseqüente (TACrim,
julgados. 66/454)”.

8
Em momento algum, durante a
instrução do processo foram apresentadas provas que
pudessem incriminar os defendentes, nem mesmo indícios de
autoria.

Ademais, os defendentes não


participaram de forma alguma da empreitada criminosa
narrada pelo parquet.

No entendimento de Júlio Fabbrini


Mirabete1 "Para que o juiz declare a existência da
responsabilidade criminal e imponha sanção penal a uma
determinada pessoa, é necessário que adquira a certeza de
que foi cometido”.

Como ensina Carrara2, “a certeza


está em nós; a verdade está nos fatos”

Ressalte-se, por oportuno, que os


defendentes, não praticaram nenhum crime, pois na data do
fato os defendentes não se encontravam no local descrito na
peça exordial e nem tinha cometido crime algum, ou
participado do evento que tentou contra a vida da vítima, de
modo que não podem ser responsabilizados criminalmente
pelos disparos que às atingiram à vítima.

Por outro lado, os defendentes


estão sendo às vítimas de uma acusação falsa, que deu ensejo
1
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 16. ed., revista e atualizada. São Paulo: Atlas, 2004.
p. 274-275.
2
Carrara, Programa Del curso de derecho criminal disctado em La Real Universidad de Pisa, v. 2,
p. 291.

9
a instauração da ação penal em comento, pois nunca convidou
quem quer que seja para a prática de delitos.

Frise-se, por oportuno, que os


defendentes nunca agiram de acordo com a peça de acusação
que afirmam que os defendentes foram os responsáveis pelos
disparos de arma de fogo contra a vítima.

Na hora e dia do fato o primeiro


defendente estava em casa como demonstrado em seu
depoimento (fls. 306) e o segundo defendente esta ondo a
uma festa na cidade de Alagoinha conforme seu depoimento
(fls. 307).

Outrossim, falta aos autos indícios


suficientes que comprovem que os defendentes participaram
da empreitada criminosa, assim, faltando indícios suficientes
de autoria ou da participação, o juiz deverá impronunciar os
defendentes.

O dispositivo do art. 414 do Código


de Processo Penal Brasileiro, é claro ao afirmar, in verbis:

“Art. 414.  Não se convencendo da


materialidade do fato ou da
existência de indícios suficientes
de autoria ou de participação, o
juiz, fundamentadamente,
impronunciará o acusado”.

10
Nas palavras do professor Fernando
Capez3 define a impronúncia, “É uma decisão de rejeição da
imputação para o julgamento perante o Tribunal do Júri,
porque o juiz não se convenceu da existência do fato ou de
indícios suficientes de autoria ou de participação. Nesse
caso, a acusação não reúne elementos mínimos sequer para
ser discutidos. Não se vislumbra nem o fumus boni iuris, ou
seja, a probabilidade de sucesso na pretensão punitiva”.

È unânime o entendimento
jurisprudencial dos Nossos Tribunais Pátrios, acerca da
impronuncia. Senão vejamos, in verbis:

“DIREITO PENAL E PROCESSUAL


PENAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO.
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.
PRONÚNCIA. INEXISTÊNCIA DE
INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA.
OITIVA DAS TESTEMUNHAS DE
ACUSAÇÃO. DECLARAÇÕES
INCONSISTENTES, BASEADAS
EXCLUSIVAMENTE EM OUVIR DIZER.
ÁLIBI APRESENTADO PELO RÉU E
CONFIRMADO POR TRÊS
TESTEMUNHAS DE DEFESA. PROVA
TESTEMUNHAL QUE NÃO FOI
INFIRMADA PELO MINISTÉRIO
PÚBLICO.
1. A absoluta inexistência de
indícios mínimos de autoria, aliada
ao robusto álibi apresentado pelo
réu - e não infirmado pelo titular
da ação penal -, leva à
impronúncia.

3
CAPEZ, Fernando, Curso de direito processual pena, Ed. Saraiva, 2012,p. 209

11
2. O próprio Promotor de Justiça, na
audiência realizada em 18/01/2006,
reconheceu a imprestabilidade da
prova testemunhal colhida na fase
inquisitorial, baseada
exclusivamente em ouvir dizer.
3. Os depoimentos das testemunhas
de acusação, prestados em juízo,
foram tão obscuros e inconsistentes,
como o foram na Delegacia de
Polícia, perecendo diante do
comprovado álibi do réu.
4. Ante a insuficiência de prova
circunstancial, a impronúncia se
impõe.
5. Recurso provido. Decisão
unânime. (TJPE - Recurso em
Sentido Estrito: RECSENSES
5944020058171020 PE 0022915-
49.2010.8.17.0000; Relator(a);
Antônio Carlos Alves da Silva;
Julgamento: 24/10/2011; Órgão
Julgador: 2ª Câmara Criminal;
Publicação:203)

“Se o juiz reconhecer a


inexistência de indícios suficientes
da participação do acusado no
homicídio de que é
responsabilizado como co-autor,
deve impronunciá-lo” (TJSP – Rec.
– Rel. Marzagão Barbuto – RT
551/343).

Cabe ao Estado-Juiz, em razão da


inconsistência das alegações ministeriais, face à falta de
provas, e até de indícios, no caso presente, a IMPRONÚNCIA

12
dos defendentes, livrando-os da humilhação de se sentar no
banco dos réus, inocentes que são da acusação perpetrada na
peça exordial.

DA REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA POR ESCESSO DE


PRAZO

É de se notar, por oportuno, que o


atraso injustificado para inicio e encerramento da instrução
processual causou excesso de prazo.

A nova reforma processual penal


determina taxativamente que o prazo para encerramento dos
processos de julgamento pelo Tribunal do Júri é peremptório,
a coso esteja o acusado preso, deve ser incontinenti colocado
em liberdade, Senão vejamos, in litteris:

“Art. 412. O procedimento será


concluído no prazo máximo de 90
(noventa) dias”.

Retratando a morosidade do
judiciário, leia-se o relato no Pacto de Estado em favor de um
judiciário mais rápido, in verbis:

“poucos problemas nacionais


possuem tanto consenso no tocante

13
aos diagnósticos quanto a questão
judiciais. A morosidade dos
processos judiciais e a baixa
eficácia de suas decisões retardam
o desenvolvimento nacional,
desestimulam investimentos,
propiciam a inadimplência, geram
impunidade e solapam a crença dos
cidadãos no regime democrático4”.

A decisão deve ser buscada no caso


concreto, sob o mato do principio da razoabilidade, a busca de
equilíbrio entre tempo de tramitação processual e segurança
jurídica é consectário da aplicação do principio da dignidade
da pessoa humana. Esse respeito consiste em uma prestação
jurisdicional segura quando ágil, sem que menospreze a
aplicação dos princípios do devido processo legal, do
contraditório, da razoabilidade e do principio da dignidade da
pessoa humana.

O direito à duração razoável do


processo nasce associado ao due processo of law (princípio do
devido processo legal). Este é o principio fundamental do
processo, matriz genética de todos os outros princípios, que
na verdade são seus desdobramentos.

Essa preocupação com o


retardamento dos julgamentos demonstra claramente que não
há devido processo legal sem a duração razoável do processo,
pois, como é dito e repetido por gerações de juristas desde

4
Pacto de estado em favor de um judiciário mais rápido e republicano, assinado pelos chefes dos
três poderes em 15/12/2004. Congresso nacional, Brasília, 20005, p.1.

14
RUI BARBOSA, na oração aos Moços: “Justiça atrasada não é
justiça, senão injustiça qualificada e manifesta”5.

Nos tempos atuais, o princípio da


duração razoável do processo encontra-se impresso em
inúmeras declarações de direitos e constituições, fazendo
mister a menção a alguns diplomas.

Por sua vez, o Pacto Internacional


de Direitos Civis e Políticos, aprovado pela Assembléia Geral
da ONU em 1966 – que faz parte da Carta Internacional de
Direitos Humanos, constituída ainda pela Declaração Universal
de Direitos Humanos, proclamada pela Assembléia geral da
ONU, em 1948, e pelo Pacto Internacional de Direitos
Econômicos, Sociais, Culturais, também aprovado em 1966,
consagra, em seus artigos 9º e 14 § 3°, 3, o direito a um
processo justo, com inúmeras garantias aos litigantes,
dentre as quais a de um julgamento em tempo razoável.

A convenção Americana de Direitos


Humanos de 1969, conhecida como Pacto de São José da Costa
Rica, in verbis:

Art. 7º - Direito à liberdade pessoal.


5. Toda pessoa presa, detida ou
retida deve ser conduzida, sem
demora, à presença de um juiz ou
outra autoridade autorizada por lei
a exercer funções judiciais e tem o
direito de ser julgada em prazo
razoável ou de ser posta em
liberdade, sem prejuízo de que

5
BARBOSA, Rui. Oração aos Moços, 5. Rio de janeiro: edições Casa de Rui Barbosa, 1999, p. 40.

15
prossiga o processo. Sua liberdade
pode ser condicionada a garantias
que assegurem o seu
comparecimento em juízo.

Artigo 8º - Garantias judiciais


1. Toda pessoa terá o direito de ser
ouvida, com as devidas garantias e
dentro de um prazo razoável, por
um juiz ou Tribunal competente,
independente e imparcial,
estabelecido anteriormente por lei,
na apuração de qualquer acusação
penal formulada contra ela, ou na
determinação de seus direitos e
obrigações de caráter civil,
trabalhista, fiscal ou de qualquer
outra natureza.

O Supremo Tribunal Federal vem


aplicando diurnamente o principio da razoável duração do
processo em mateia processual penal, a fim de determinar,
em casa caso concreto, senão vejamos, in litteris:

HABEAS CORPUS. PENAL,


PROCESSUAL PENAL E
CONSTITUCIONAL. PRISÃO
PREVENTIVA. CONCESSÃO DA
ORDEM, NO STJ, REVOGANDO, AB
INITIO, A AÇÃO PENAL POR
INOBSERVÂNCIA DO RITO DA LEI N.
10.409/02. MANUTENÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA, CONSIDERADO O
FLAGRANTE POR CRIME DE TRÁFICO
DE ENTORPECENTES (LEI N.
11.343/06). EXCESSO DE PRAZO.
JULGAMENTO EM PRAZO RAZOÁVEL

16
(CONSTITUIÇÃO DO BRASIL, ART. 5,
INC. LXXVIII). CONSTRANGIMENTO
ILEGAL.
1. Paciente preso em flagrante e
condenado pelos crimes tipificados
nos artigos 12 e 14 da Lei n.
6.368/76 e 14 e 16 da Lei n.
10.826/03. 2. Anulação, ab initio,
da ação penal pelo Superior Tribunal
de Justiça, por inobservância do
contraditório prévio determinado no
artigo 38 da Lei n. 10.409/02, sem
expedição de alvará de soltura. 3.
Prisão cautelar que perdura desde o
dia 5 de fevereiro de 2004. Ausência
de previsão quanto à renovação dos
atos processuais, em cumprimento à
decisão do Superior Tribunal de
Justiça. Situação configuradora de
constrangimento ilegal, pouco
importando tratar-se de paciente
preso em flagrante por delito de
tráfico de entorpecentes. 4. A
Constituição do Brasil determina
em seu artigo 5º, inciso LXXVIII
que "a todos, no âmbito judicial e
administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os
meios que garantam a celeridade
de sua tramitação". 5. No caso dos
autos, não é razoável, ainda que a
título cautelar, o cumprimento
antecipado de quatro anos de
eventual pena, especialmente
quando sequer há previsão do
término da instrução criminal.
Ordem concedida.

17
HABEAS CORPUS. PROCESSUAL
PENAL. PRISÃO PREVENTIVA.
EXCESSO DE PRAZO NÃO
ATRIBUÍDO AO RÉU.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL
CARACTERIZADO. PRECEDENTES.
HABEAS CORPUS CONCEDIDO PARA
REVOGAR A PRISÃO PREVENTIVA
DO PACIENTE.
1. A jurisprudência deste Supremo
Tribunal firmou o entendimento
de que a prisão por sentença de
pronúncia sujeita-se ao limite da
razoabilidade, não se permitindo o
seu prolongamento por tempo
indefinido. A demora injustificada
para encerramento do processo
criminal, sem justificativa
plausível ou sem que se possam
atribuir ao Réu as razões para o
retardamento daquele fim, ofende
princípios constitucionais, sendo
de se enfatizar o da dignidade da
pessoa humana e o da razoável
duração do processo (art. 5°,
inciso III e LXXVII da Constituição
da República). A forma de punição
para quem quer que seja haverá
de ser aquela definida legalmente,
sendo a mora judicial, enquanto
preso o Réu ainda não condenado,
uma forma de punição sem
respeito ao princípio do devido
processo legal. 3. Habeas corpus
concedido. (STF – HC
87721/PE .Órgão Julgador: Primeira
turma. Relatora: Min, Carmem
Lúcia, Julgado em 15 de agosto de
2006, Publicação: 07 de dezembro
de 2006, p. 00052).

18
Ademais ninguém pode ser mantido
preso, durante o processo, além do prazo razoável, seja ele
definido por lei seja ele alcançado por critérios de ponderação
dos interesses postos em confronto dialético. È dizer, todos
tem o direito de ser julgados em prazo razoável e também o
direito de não serem mantidos presos por prazo irrazoável.

Consoante os termos contidos na


exordial o acusado é réu primário, de bons antecedentes
criminais e tem endereço fixo nesta Comarca.

Ex positis, em razão da falta


inconteste de indícios e provas contra os defendentes CILMAR
SATURNINO e WILAMAR SATURNINO, nos termos do art. 411
do Código de Processo Penal, requer a defesa a
IMPRONÚNCIA, dos mesmos, bem como REVOGUE A PRISÃO
PREVENTIVA PELO EXCESSO DE PRAZO, caso entenda em
pronunciá-los, em respeito ao principio da Dignidade da
Pessoa Humana, uma vez que ninguém pode, está encarcerado
mais tempo do que determina a Lei, por ser de direito.

Nestes Termos,
Pede e espera deferimento.
Pesqueira, 13 de Maio de 2013.

Alexandre De Almeida e Silva


OAB/PE nº 17.915

Ezequiel Ivan Santos de Lima


OAB/PE nº 11.009-E

19

Você também pode gostar