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FADAF - OAB - 2ª FASE

PRÁTICA DE PROCESSO PENAL


ALEGAÇÕES FINAIS por MEMORIAIS no RITO ORDINÁRIO

IMPORTANTE!! Para que haja absolvição, basta que o juiz possua dúvida a respeito da autoria e/ou
materialidade delitiva (in dubio pro reo). A certeza é exigida somente para a condenação, em razão do
princípio da presunção do estado de inocência.
MODELO DE ALEGAÇÕES FINAIS (MEMORIAIS)
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ Vara Criminal da Comarca ______.

Autos nº _____/___

“A”, já qualificado, nos autos da Ação Penal que lhe move a Justiça Pública, processo em epígrafe, por seu defensor infra-
assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal,
apresentar seus MEMORIAIS, apoiados nas seguintes razões:

DOS FATOS
O Acusado foi denunciado e está sendo processado por suposta infração ao art. 157, § 2º, I, do Código Penal, pois teria,
mediante a simulação de estar armado, subtraído um automóvel em via pública.
Em suas alegações finais, o ilustre representante do Ministério Público pugnou pela condenação do Réu, nos exatos termos da
denúncia.

DO DIREITO
Excelência, o Réu deve ser absolvido.
De fato, não se apurou nos autos a autoria do delito. De toda a prova colhida, nenhuma aponta com segurança para o
acusado, apenas restam presunções e conjecturas, o que não se pode admitir no processo penal.
Quando interrogado, o Acusado negou veementemente a prática do delito, dizendo que no momento do crime estava em sua
residência, na companhia de seus familiares.
As testemunhas arroladas pela acusação apenas disseram ter visto uma pessoa parecida com o Acusado no local do delito,
sem, contudo, reconhecê-lo com segurança.
Os policiais militares que atenderam à ocorrência informaram que a detenção do Réu ocorreu em sua residência, após terem
recebido denúncia anônima de que ele ali se ocultava.
Já as testemunhas arroladas pela defesa, por seu turno, foram unânimes ao afirmar que o acusado estava em sua residência e
que nada tem a ver com a prática do delito.
Inaceitável, portanto, que se possa condenar uma pessoa se nenhum elemento de prova é capaz de vinculá-la à prática
delitiva, sem o mínimo de segurança. Meras suposições não têm o condão de sustentar a pretensão punitiva estatal. Por isso, a única
solução para o presente caso é a absolvição do Acusado.
Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais:
“..............................................” (RT 000/000).
Muito embora esteja demonstrada a inexistência de elementos comprobatórios da autoria delitiva, caso Vossa Excelência
entenda deva condenar o acusado, subsidiariamente requer seja afastada a causa de aumento de pena do emprego de arma.
Com efeito, já é pacífico o entendimento de que a simulação de arma não pode autorizar o aumento em questão, pois não foi
efetivamente empregada uma arma, no sentido técnico.
Se a simulação pode servir para caracterizar a grave ameaça, o mesmo não se pode dizer em relação à causa de aumento de
pena. Se nesse sentido for admitida, teremos violação ao princípio da legalidade, pois não há previsão legal para o aumento pela
simulação.
Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais:
“..............................................” (RT 000/000).
(OBS: Nesta peça deve-se argumentar sobre tudo que diga respeito à defesa do cliente, de acordo com o problema formulado: causas
extintivas da punibilidade, nulidades e mérito propriamente dito).

DO PEDIDO
Diante do exposto, requer seja absolvido o acusado, com fundamento no art. 386, IV, do Código de Processo Penal. Caso não
seja esse o entendimento de Vossa Excelência, subsidiariamente, requer seja afastada a causa de aumento de pena descrita no Art.
157, § 2º, I, por ser medida de JUSTIÇA!

Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Local .... data...

______________________
ADVOGADO...
OAB/... nº ...
FGV_EXAME OAB XVII_2015
Questão: Daniel, nascido em 02 de abril de 1990, é filho de Rita, empregada doméstica que trabalha na residência da
família Souza. Ao tomar conhecimento, por meio de sua mãe, que os donos da residência estariam viajando para
comemorar a virada de ano, vai até o local, no dia 02 de janeiro de 2010, e subtrai o veículo automotor dos patrões de sua
genitora, pois queria fazer um passeio com sua namorada.
Desde o início, contudo, pretende apenas utilizar o carro para fazer um passeio pelo quarteirão e, depois, após encher o
tanque de gasolina novamente, devolvê-lo no mesmo local de onde o subtraiu, evitando ser descoberto pelos
proprietários. Ocorre que, quando foi concluir seu plano, já na entrada da garagem para devolver o automóvel no mesmo
lugar em que o havia subtraído, foi surpreendido por policiais militares, que, sem ingressar na residência, perguntaram
sobre a propriedade do bem.
Ao analisarem as câmeras de segurança da residência, fornecidas pelo próprio Daniel, perceberam os agentes da lei que
ele havia retirado o carro sem autorização do verdadeiro proprietário. Foi, então, Daniel denunciado pela prática do crime
de furto simples, destacando o Ministério Público que deixava de oferecer proposta de suspensão condicional do processo
por não estarem preenchidos os requisitos do Art. 89 da Lei nº 9.099/95, tendo em vista que Daniel responde a outra ação
penal pela prática do crime de porte de arma de fogo.
Em 18 de março de 2010, a denúncia foi recebida pelo juízo competente, qual seja, da 1ª Vara Criminal da Comarca de
Florianópolis. Os fatos acima descritos são integralmente confirmados durante a instrução, sendo certo que Daniel
respondeu ao processo em liberdade. Foram ouvidos os policiais militares como testemunhas de acusação, e o acusado
foi interrogado, confessando que, de fato, utilizou o veículo sem autorização, mas que sua intenção era devolvê-lo, tanto
que foi preso quando ingressava na garagem dos proprietários do automóvel.
Após, foi juntada a Folha de Antecedentes Criminais de Daniel, que ostentava apenas aquele processo pelo porte de arma
de fogo, que não tivera proferida sentença até o momento, o laudo de avaliação indireta do automóvel e o vídeo da
câmera de segurança da residência. O Ministério Público, em sua manifestação derradeira, requereu a condenação nos
termos da denúncia. A defesa de Daniel é intimada em 17 de julho de 2015, sexta feira.
Com base nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto, redija a peça cabível,
excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia do prazo para interposição, sustentando todas as teses jurídicas
pertinentes. (Valor: 5,00)
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.

1 Qual o rito processual?


2 Qual a fase processual?
3 Qual peça a ser feita?
4 Qual o prazo?
5 Quem é o juízo competente?
6 Qual o fundamento jurídico?
7 Qual a tese da defesa?
8 Qual a jurisprudência?
9 Qual o pedido?
FADAF - OAB - 2ª FASE

PRÁTICA DE PROCESSO PENAL


ALEGAÇÕES FINAIS por MEMORIAIS NO RITO TRIBUNAL DO JÚRI

TESE PEDIDO
Nulidade anulação
Extinção da Punibilidade Extinção da Punibilidade
Tese de mérito a) inexistência do fato; b) Absolvição sumária (415)
negativa de autoria; c)
atipicidade; d) excludente de
ilicitude; e) excludente de
culpabilidade
Tese de mérito Falta de prova Impronúncia (414)
Punição Crime excluído da Desclassificação (419)
excessiva competência do júri
Punição Crime mais leve incluído na Desclassificação (419)
excessiva competência do júri

.
MODELO DE MEMORIAIS (ALEGAÇÕES FINAIS) NO RITO DO JÚRI
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ Vara do Júri da Comarca ___________.

Autos nº _____/___

“A”, já qualificado, nos autos da Ação Penal que lhe move a Justiça Pública, processo em epígrafe, por seu
defensor infra-assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 404, parágrafo
único do Código de Processo Penal, apresentar seus MEMORIAIS, apoiados nas seguintes razões:

DOS FATOS
O Acusado foi denunciado e está sendo processado por suposta infração ao art. 122, Caput, do Código Penal,
pois emprestou rolo de corda, a princípio utilizada para amarrar as cargas que transporta, para que a vítima perpetrasse o
seu intento.
Em suas alegações finais, o ilustre representante do Ministério Público pugnou pela condenação do Réu, nos
exatos termos da denúncia.

DO DIREITO
Excelência, o Réu deve ser absolvido.
De fato, não se apurou nos autos a autoria do delito. De toda a prova colhida, nenhuma aponta com segurança
para o acusado, apenas restam presunções e conjecturas, o que não se pode admitir no processo penal.
Quando interrogado, o Acusado negou veementemente a prática do delito, dizendo que em momento algum imaginou
estar colaborando com a vítima para que esta ceifasse a própria vida de modo tão impensado.
As testemunhas arroladas pela acusação apenas disseram ter visto a vítima saindo da casa do Réu com o
objeto do empréstimo.
Já as testemunhas arroladas pela defesa, por seu turno, foram unânimes ao afirmar que o acusado emprestou de
bom grado o rolo de corda à vítima, e que em momento algum cogitou-se que o objeto fosse para a vítima dar cabo à
própria vida. Mas, pelo contrário, a vítima se mostrava feliz e espontânea, como sempre o fora.
Inaceitável, portanto, que se possa condenar o acusado se nenhum elemento de prova que seja capaz de vinculá-
lo à prática delitiva, sem o mínimo de segurança. Meras suposições não têm o condão de sustentar a pretensão punitiva
estatal. Por isso, a única solução para o presente caso, obviamente, é a Absolvição Sumária do Acusado, não houve dolo
em sua conduta, não houve, se quer, conjectura de que estaria participando de um crime.
Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais:
... (tendo alguma Súmula de Tribunal esse é o momento para transcrevê-la).

DO PEDIDO
Diante do exposto, requer seja o acusado absolvido sumariamente, com fundamento no art. 415, III, do Código de
Processo Penal, já que o fato imputado ao Réu não constitui infração penal no Ordenamento Jurídico Brasileiro, por ser
medida de JUSTIÇA!

Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Local .... data...

______________________
ADVOGADO...
OAB/... nº ...
FGV_EXAME OAB VII_2012
Questão: Grávida de nove meses, Ana entra em trabalho de parto, vindo dar à luz um menino saudável, o qual é
imediatamente colocado em seu colo. Ao ter o recém-nascido em suas mãos, Ana é tomada por extremo furor, bradando
aos gritos que seu filho era um “monstro horrível que não saiu de mim” e bate por seguidas vezes a cabeça da criança na
parede do quarto do hospital, vitimando-a fatalmente. Após ser dominada pelos funcionários do hospital, Ana é presa em
flagrante delito.
Durante a fase de inquérito policial, foi realizado exame médico-legal, o qual atestou que Ana agira sob influência de
estado puerperal. Posteriormente, foi denunciada, com base nas provas colhidas na fase inquisitorial, sobretudo o laudo
do expert, perante a 1ª Vara Criminal/Tribunal do Júri pela prática do crime de homicídio triplamente qualificado, haja vista
ter sustentado o Parquet que Ana fora movida por motivo fútil, empregara meio cruel para a consecução do ato criminoso,
além de se utilizar de recurso que tornou impossível a defesa da vítima. Em sede de Alegações Finais, o Promotor de
Justiça reiterou os argumentos da denúncia, sustentando que Ana teria agido impelida por motivo fútil ao decidir matar seu
filho em razão de tê-lo achado feio e teria empregado meio cruel ao bater a cabeça do bebê repetidas vezes contra a
parede, além de impossibilitar a defesa da vítima, incapaz, em razão da idade, de defender-se.
Respeitando o contraditório, abriu-se o prazo para a defesa. Como advogado de Ana, atue em prol da acusada.

1 Qual o rito processual?


2 Qual a fase processual?
3 Qual peça a ser feita?
4 Qual o prazo?
5 Quem é o juízo competente?
6 Qual o fundamento jurídico?
7 Qual a tese da defesa?
8 Qual a jurisprudência?
9 Qual o pedido?
FADAF - OAB - 2ª FASE

PRÁTICA DE PROCESSO PENAL


DESAFORAMENTO

Foro é o lugar onde se administra a Justiça.


Desaforar é mudar o lugar onde a Justiça será administrada.
O desaforamento visa a proteção do réu contra o julgador natural (pessoas do lugar) que apresente vícios.
Súmula 712 do STF: “É nula a decisão que determina o desaforamento de processo de competência do júri, sem
audiência da defesa”
MODELO DE DESAFORAMENTO
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado..............

(10 linhas)

“X”, brasileiro, casado, comerciante, por seu Advogado e procurador (mandato incluso, doc. 1), vem à presença de
Vossas Excelências, com fundamento no artigo 427 e 428 do Código de Processo Penal, ingressar com o presente pedido
de DESAFORAMENTO, pelos fatos e direito a seguir expostos

DOS FATOS
O suplicante fora denunciado, processado e pronunciado junto ao Juízo de Direito da comarca de ___, Estado de
___, como incurso nas sanções do artigo 121, do Código Penal, porque teria na data de ...., ocasionado a morte da vítima,
conforme se verifica na cópia dos autos em anexo (doc. 23, 24 e 25).
Proferida a sentença de pronúncia, ocorreu seu respectivo trânsito em julgado, estando o mencionado processo
em vias de ser incluído na próxima seção do Tribunal do Júri da mencionada Comarca.
O suplicante reside na cidade de ___, local dos fatos, desde ..... anos, a vítima, por sua vez, é natural da
mencionada cidade, onde reside toda sua família, sendo que inclusive seu irmão é prefeito da cidade, pessoa de grande
relacionamento social e influência política. Ademais, o suplicante também pertence ao partido político diverso daquele
defendido pela família da vítima, vislumbrando-se assim sérias razões para se prever que haverá séria influência dos
familiares da vítima no que se refere ao julgamento do acusado, ora suplicante.

DO DIREITO
O suplicante deve ser desaforado Eméritos Desembargadores.
O Código de Processo Penal no seu artigo 427 afirma que se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver
dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério
Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante representação do juiz competente, poderá determinar o
desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as
mais próximas.
Ora. As circunstâncias fáticas apontam que o requerente está em vias de ser submetido a julgamento pelo
Tribunal do Júri, e se isso ocorrer o veredito será eivado de imparcialidade vez que a família da vítima exerce poder
político no local em que fora designado o julgamento.
Na contramão da imparcialidade está a Constituição Federal que, no seu artigo 5º, inciso LIV garante o devido
processo legal através de julgamento imparcial aos acusados em processo.
Que seja obedecido o contraditório, nos termos da Súmula 712 do STF, e dada à defesa oportunidade de
audiência.

DO PEDIDO
Do exposto, denotar-se-á imprudência se não houver deslocamento do julgamento para outra localidade,
comprometidos estarão as diretrizes legais e o senso de estrita justiça, pois que tem o suplicante, direito de ser julgado de
forma imparcial, pelo que fica requerido o desaforamento para a comarca mais próxima processando-se o presente
pedido, nos termos da Súmula 712 do STF e com a solicitação de informações ao Juiz de Direito da Comarca de ___, o
que se pede como medida de Direito e Estrita Justiça.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Local .... data ...

______________________
ADVOGADO...
OAB/... nº ...
Questão: Telma Cordeiro, foi brutalmente assassinada. Na cena do crime a vítima foi encontrada de pés e mãos atados e
amordaçada. Era ativista ambientalista, e, em razão das derrubadas denunciou muitos madeireiros. O réu é do ramo
extrativista de madeira, homem temido na região em que ocorreu o crime. O julgamento em plenário está marcado para
ocorrer em 8 meses, no entanto, em razão da grande influência do acusado é bem possível que a parcialidade do corpo
de jurados reste prejudicada.
Como assistente da acusação, haja para que a imparcialidade não se verifique.

1 Qual o rito processual?


2 Qual a fase processual?
3 Qual peça a ser feita?
4 Qual o prazo?
5 Quem é o juízo competente?
6 Qual o fundamento jurídico?
7 Qual a tese da defesa?
8 Qual a jurisprudência?
9 Qual o pedido?

Questão: José Zito Jacinto da Silva, incurso no art. 121, § 2o, inciso I e IV, do Código Penal nos autos de Ação Penal n°
505.01.2010.000569-6, teve seu julgamento designado com o prazo de 3 meses, certo que o crime atraiu as atenções da
imprensa local além de gerar grande comoção social, em virtude das posições políticas ocupadas pela vítima (prefeito da
cidade do Juízo e muito querido pelos munícipes, prova disso é o fato de a vítima ter exercido por 5 vezes o mandato de
prefeito da cidade) e demais envolvidos, o que poderia influenciar na imparcialidade dos membros do Júri.
Você, como advogado do acusado, já constituído nos autos, elabore a medida eficaz, já que os familiares do réu te
procuraram por temor do julgamento.

1 Qual o rito processual?


2 Qual a fase processual?
3 Qual peça a ser feita?
4 Qual o prazo?
5 Quem é o juízo competente?
6 Qual o fundamento jurídico?
7 Qual a tese da defesa?
8 Qual a jurisprudência?
9 Qual o pedido?

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