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O acusado e
2007, na residência de Pedro, com a intenção de subtrair você foram intimados no dia 05 de setembro de 2007 (TERÇA-
coisas que nela encontrassem. Os dois eram empregados de FEIRA) e o réu manifestou interesse em recorrer, não havendo
Pedro e este não estava efetuando os pagamentos de seus feriados nos dias seguintes.
salários. Pretendiam, assim, com o que subtraíssem, receber o QUESTÃO: Como Advogado, apresente a peça mais
que lhes era devido. Quando estavam no interior da casa, adequada para a defesa do acusado, com os fundamentos
antes que tivessem começado a subtrair qualquer coisa, e pedidos, no último dia do prazo.
Pedro, com um revólver, desferiu disparos contra os dois, vindo
a atingi-los e causar-lhes a morte. Os dois não traziam consigo
1 - Peça cabível: RESE (art. 581, IV, CPP)
nenhuma arma. Ele próprio chamou a polícia e solicitou uma
ambulância. Chegou a ser preso, mas foi liberado. Foi 2 - Endereçamento:
acusado, por denúncia do Ministério Público, de duplo
a) Interposição: Juízo recorrido (Juiz da Vara do Júri de São
homicídio qualificado pela surpresa, recurso que impossibilitou Carlos)
a defesa das vítimas, e, por motivo torpe, vingança, porque as
vítimas queriam subtrair bens como forma de receberem seus b) Razões: TJSP
Pede deferimento.
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Advogado(a)
Recorrente: Pedro
A r. decisão de pronúncia, data maxima venia, merece A arma de fogo, diante das circunstancias acima
narradas, era o meio necessário para o acusado se defender, tendo
reforma.
em vista a superioridade numérica dos infratores, o que
impossibilitava ao acusado defender-se sem o uso do revólver.
“..............................................................................”
A qualificadora da surpresa só existe quando o autor do a) O recorrente seja absolvido sumariamente dos
crime cria situação na qual não permite à vítima saber que será delitos de homicídio, nos termos do art. 415, IV, do
atacada. No presente caso ocorreu exatamente o contrário, ou seja, a CPP, em razão da excludente de ilicitude da
casa do acusado é que foi atacada pelas vítimas, razão pela qual soa legítima defesa ou; o recorrente seja absolvido
descabida a alegação da surpresa. sumariamente dos delitos de homicídio, nos termos
do art. 415, III, do CPP, em razão da legítima defesa
Conforme ensina Cleber Masson: putativa, que exclui o dolo e, portanto, exclui o
“.............................................................................................” crime.
b) O recorrente seja absolvido sumariamente do delito
Também não houve a qualificadora do meio que de posse ilegal de arma de fogo, nos termos do art.
impossibilitou a defesa das vítimas. Essa majorante só existe quando o 415, III, do CPP, em razão da abolitio criminis
infrator cria uma situação na qual deixa a vítima impossibilitada de temporária prevista no art. 31 da Lei 10.826/03, ou
se defender do ataque. No presente caso o acusado não criou em razão do princípio da consunção.
qualquer situação com a intenção de reduzir a possibilidade de c) Opcionalmente, sejam afastadas as qualificadoras
defesa das vítimas, tão somente usou o único meio de que imputadas na denúncia e reconhecidas na decisão
dispunha para se defender, qual seja, a arma de fogo. de pronúncia, para que o recorrente seja
pronunciado por delitos de homicídios simples.
A jurisprudência é pacífica em reconhecer que o simples
fato de ser usada arma de fogo para a execução do homicídio não
autoriza, por si só, o reconhecimento da mencionada qualificadora.
Nesse sentido: Nestes Termos,
Advogado(a)