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EXCELENTÍSSIMO JUÍZO DE DIREITO DA ___ VARA DA COMARCA DE __________________ - ___

NOME, nacionalidade, estado civil, profissã o, portadora da carteira de identidade nº


____________, inscrita no CPF sob o nº ______________, residente na ENDEREÇO, telefone
___________, endereço eletrô nico, vem, através de seu/sua advogado (a), propor a presente
AÇÃ O DE OBRIGAÇÃ O DE FAZER
com pedido tutela provisó ria de urgência incidental

em face de NOME e qualificaçã o, podendo ser encontrado em seu local de trabalho, a saber:
ENDEREÇO, brasileiro,: telefone _______, pelas razõ es de fato e de direito que passa a expor.

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Inicialmente, afirma, nos termos do art. 98 c/c caput e pará grafo 3º do artigo 99, ambos do
NCPC, nã o possuir recursos suficientes para arcar com as custas, as despesas processuais e
os honorá rios advocatícios, motivo pelo qual exerce neste ato o direito constitucionalmente
assegurado à assistência jurídica integral e gratuita.
DOS FATOS
A Autora é legítima possuidora e proprietá ria do imó vel situado na Rua ______________________,
que confronta pela lateral com o terreno de propriedade do Réu.
Há cerca de quatro anos, o Réu iniciou uma obra de quatro casas geminadas no terreno.
Contudo, nã o obstante o Réu nã o ter construído seu lado do muro, construiu as residências
acima do nível da rua e da casa da Autora, e uma cisterna de á gua de aproveitamento junto
ao muro entre as residências.
Quando ocorre grande precipitaçã o de á gua, a cisterna transborda e, por nã o haver
canalizaçã o para a rede de esgoto, se acumula pelo chã o.
Tal fato ocasiona a Autora grande transtornos, vez que causa infiltraçõ es no muro de sua
casa e a á gua escorre para dentro da sua residência, devido à diferença de altura entre as
residências, conforme fotos em anexo.
Assim, a Autora por diversas vezes buscou o Réu para tentar solucionar a situaçã o, mas
este se recusa a ouvi-la.
Dessa forma, nã o restou alternativa à Autora senã o buscar tutela jurisdicional para
solucionar a questã o.

DO DIREITO
O proprietá rio, conforme dispõ e o art. 1228 do Có digo Civil, “tem a faculdade de usar, gozar
e dispor da coisa, e o direito de reavê-la de quem quer que injustamente a possua ou
detenha”.
Entretanto, o direito de propriedade deve ser exercido em “consonâ ncia com a funçã o
social da propriedade, com o efetivo interesse do proprietá rio ou sua comodidade e nunca
como instrumento de capricho, vingança ou com o fito de causar dano a outrem (Marco
Aurélio Bezerra de Melo, in Novo Có digo Civil anotado V volume, p. 40).
Nesse sentido, o disposto no pará grafo 2o do art. 1228, in verbis:” Sã o de defesos os atos
que nã o trazem aos proprietá rios qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados
pela intençã o de prejudicar outrem.”.
Tais restriçõ es impostas pelo legislador têm o condã o de estabelecer a solidariedade social,
uma vez que os direitos e as garantias quanto ao exercício da propriedade nã o sã o
absolutos, ao contrá rio, vã o e se extinguem até onde começam os direitos alheios.
A propriedade, embora particular, deve atender a funçã o social, portanto o proprietá rio
nã o pode prejudicar a saú de dos moradores vizinhos por sua conduta desidiosa.
Por diversas vezes a Autora procurou o Réu para tentativa de uma soluçã o para o caso,
sempre sendo tratada com total desleixo, muitas ainda de forma grosseira.
Assim, a hipó tese ultrapassa em muito o mero aborrecimento, causando ofensas aos
direitos da personalidade da Autora. Além disso, em situaçõ es como esta, o dano moral
deve ser considerado in re ipsa, encontrando-se implícito na ofensa em si.
Conforme ensinamento de Sergio Cavalieri Filho, em seu Programa de Responsabilidade
Civil ”, Ed. Malheiros, 5a ediçã o, fls.101, in verbis “(...) existe in re ipsa, deriva
inexoravelmente do pró prio fato ofensivo, de tal modo que provada a ofenda, ipso facto
está demonstrado o dano moral (...)”. E ainda:

“O dano moral é aquele que atinge os bens da personalidade, tais como a honra, a liberdade, a
saúde, a integridade psicológica, causando dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação à
vítima (...) Nesta categoria incluem-se também os chamados novos direitos da personalidade:
intimidade, imagem, bom nome, privacidade e a integridade da esfera íntima (...) Seria uma
demasia, algo até impossível, exigir que a vítima comprove a dor, a tristeza, ou a humilhação,
através de depoimentos, documentos ou perícia; não teia ela como demonstrar o descrédito, o
repúdio ou o desprestígio através dos meios comprobatórios tradicionais, o que acabaria por
ensejar o retorno à fase da irreparabilidade do dano moral em razão de fatores
instrumentais”.

Há que se ter em mente ainda a finalidade pedagó gica e punitiva da condenaçã o por dando
moral, pois servem de advertência para que o causador do dano e seus congêneres venham
a se abster de praticar novos atos como este.
A mais renomada doutrina assim se orienta ao estudar o instituto. Caio Má rio da Silva
Pereira, deixa claro, quando cuida do dano moral, o fulcro do conceito ressarcitó rio acha-se
deslocado para a convergência de duas forças, in verbis:
“cará ter punitivo, para que o causador do dano, pelo fato da condenaçã o, se veja castigado
pela ofensa que praticou; e o cará ter compensató rio para a vítima, que receberá uma soma
que lhe proporcione prazeres como contrapartida do mal sofrido” (Responsabilidade Civil,
Rio de Janeiro Ed. Forense, 1990, pá g. 62).
DA ANTECIPAÇÃ O DA TUTELA PEDIDA
Deve ser apontado que se encontram presentes os requisitos para obtençã o da antecipaçã o
dos efeitos da tutela, na forma do art. 300 do NCPC.
A alegaçã o autoral é de todo verossímil, havendo forte probabilidade de atendimento da
pretensã o deduzida na inicial, ante a prova documental acostada a inicial.
Igualmente, caracteriza-se o periculum in mora, consistente no prejuízo causado na
residência da autora, bem como o risco a sua higiene e saú de ante a infiltraçã o comprovada
através das fotos anexas.
Por fim, a tutela provisó ria de urgência incidental ora pedida, com a efetivaçã o das obras de
construçã o do muro do lado do réu, bem como a impermebilizaçã o e encamento para
escoamento da á gua excedente da cisterna, por ó bvio nã o constitui medida irreversível,
haja vista que, caso a presente seja julgada improcedente, o réu poderá retornar ao estado
anterior ao deferimento da tutela, bem como poderá cobrar as despesas com a obra junto à
autora. Irreversíveis poderã o vir a ser os efeitos da sua nã o concessã o.
Sendo assim, deverá ser deferida a tutela provisó ria de urgência incidental para que o réu
faça as seguintes obras: construçã o do muro do lado do réu, bem como a impermebilizaçã o
e encamento para escoamento da á gua excedente da cisterna, sob pena de multa diá ria de
R$ 200,00 (duzentos reais).

DOS PEDIDOS
Em face do exposto, requer a Vossa Excelência:
1 – a concessã o dos benefícios da gratuidade de justiça;
2 – seja deferida a tutela provisó ria de urgência incidental para que o réu faça as seguintes
obras: construçã o do muro do lado do réu, bem como a impermebilizaçã o e encamento
para escoamento da á gua excedente da cisterna, sob pena de multa diá ria de R$ 200,00
(duzentos reais)
3 - a citação da parte Ré para que, querendo, responda aos presentes pedidos, sob pena de
revelia e confissã o;
4 – que ao final sejam julgados PROCEDENTES OS PEDIDOS para:
a) confirmar a tutela provisó ria de urgência para condenar o réu a fazer as seguintes obras:
construçã o do muro do lado do réu, bem como a impermebilizaçã o e encamento para
escoamento da á gua excedente da cisterna, no mesmo local onde se situava a entrada
anterior, sob pena de multa diá ria de R$ 200,00 (duzentos reais).
b) condenar o Réu a indenizar a Autora pelos danos morais sofridos, em valor de 20 (vinte)
salá rios mínimos;
5 - a condenaçã o da parte Ré ao pagamento das custas processuais e dos horá rios
advocatícios.
Protesta pela produçã o de prova documental suplementar, testemunhal, depoimento do
Réu, sob pena de confissã o, e pericial.
DA OPÇÃ O PELA REALIZAÇÃ O DA AUDIÊ NCIA DE CONCILIAÇÃ O OU DE MEDIAÇÃ O
Tendo em vista a natureza da causa (art. 334, § 4º, I), a parte Autora manifesta a opçã o pela
nã o realizaçã o da audiência de conciliaçã o ou de mediaçã o, nos termos do art. 319, VII do
CPC/2015.
Dá -se a presente causa o valor de R$ 30.000,00
Termos em que,
Pede deferimento.
Cidade, Data.
Advogado
OAB/UF

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