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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA 1ª

VARA CÍVEL DA COMARCA DE TUBARÃO/SC

Informações pessoais, por sua advogada infra assinada, Dra. Sheila


Schulz, inscrita na OAB/SC sob o nº 50.813, com escritório
profissional situado na ******* onde recebe intimações, e endereço
eletrônico: s*******, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, propor a presente:

AÇÃO DE INTERDITO PROIBITÓRIO C/C


INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAIS E MORAIS

Em face de ***************, pelos fatos e fundamentos a seguir


expostos:

I - DOS FATOS
No dia 18 de março de 2019 o autor celebrou Contrato de Locação de Imóvel
Comercial com o réu, o qual encontrava-se renovado por prazo indeterminado. O local é sede
da empresa do requerente, onde funciona seu restaurante e de onde sai todo seu faturamento
para prover suas necessidades pessoais, bem como de sua família. O valor acordado para
pagamento do aluguel fora de R$ 3.633,00 (três mil seiscentos e trinta e três reais) os quais
deveriam ser pagos até o dia 20 de cada mês.
Diante de tal obrigação assumida contratualmente o autor sempre honrou
pontualmente e até mesmo antecipadamente com os pagamentos, valores estes comprovados
pelos documentos anexos.
Ocorre que desde o mês de março do corrente ano, com toda a situação gerada
pela pandemia do covid-19 vivida em escala mundial o Exequente vem enfrentando
dificuldades em manter seu estabelecimento aberto, visto que sua clientela diminuíra em
aproximadamente 80%.
Assim, não vendo outra alternativa, o demandante fechou as portas de seu
estabelecimento no fim do mês de março visto que: 1) Não estava conseguindo honrar com os
pagamentos assumidos com os empregados e pela falta de clientela não viu vantagem em
deixar os mesmos trabalhando; 2) Preferiu optar pela suspensão do contrato de trabalho de
todos, visto que têm famílias que dependem do valor para o sustento, uma vez esse que não
conseguiu adimplir com os salários; 3) Em caso de suspensão os empregados conseguiriam
auxílio do governo e de alguma forma, mesmo sem realizar os pagamentos, conseguiria ajuda-
los na medida do possível.
Logo após do fechamento do restaurante o autor optou por ir até sua cidade natal
buscar auxílio financeiro e psicológico, visto que é natural da cidade de São Paulo-SP e antes
disso conversou com o locador do imóvel a fim de deixar todas as pendências acertadas.
Depois de muita conversa e muitas explicações a ré e seu esposo aceitaram que durante a crise
da pandemia o valor do aluguel diminuísse para R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais)
mensais, visto que é de notório saber a atual situação financeira que o país e do mundo no
período do covid-19, bem como que o valor do aluguel em atraso seria pago aos poucos
juntamente com o pagamento mensal.
Após acertados, o esposo da ré entregou o novo contrato em mãos para que o
demandante assinasse, concordando com a redução do valor do aluguel enquanto persistisse a
crise atual. Cumpre ressaltar que, também restou acordado entre ambos que depois que a
situação da pandemia passasse o valor voltaria ao que fora acordado no primeiro contrato.
Não obstante, depois de tudo acertado o autor viajou a fim de buscar auxílio
financeiro e emocional uma vez que sua família toda mora em São Paulo/SP. Dessa forma,
ficou cerca de 7 dias em viagem e logo resolveu retornar para que pudesse retomar as suas
atividades laborais reabrindo o restaurante, até para que as dívidas para com a ré fossem
sanadas, mas sua tentativa de retorno restou frustrada pois todas as linhas aéreas e
intermunicipais foram suspensas devido à paralização pela pandemia. O retorno aconteceu
apenas 40 dias depois, momento esse em que passagens passaram a ser disponibilizadas pela
liberação dos governos de São Paulo e Santa Catarina.
Ocorre que, logo após retornar o demandante fora surpreendido assim que chegou
no restaurante quando se deu conta que a energia e a água estavam cortadas e que grande
parte dos produtos que estavam na geladeira e no congelador tinham estragado. Diante disso,
quando foi até o local do restaurante onde ficavam as contas para pagamento notou que não
estavam mais onde foram deixadas e então em conversa com o filho da ré restou confirmado
que os papéis faltantes estavam com ele.
Cumpre ressaltar que a ré tem acesso ao interior do restaurante, vez que sua
residência faz confrontação com o imóvel e possuem as chaves e para terem pego tais coisas
era necessário adentrar no interior do imóvel.
Depois disso não conseguiram mais conversar amigavelmente, pois o filho da ré
afirmou que o autor não tinha mais a permissão de usar o imóvel caso continuasse
inadimplente mesmo o contrato de locação estando em vigência, sempre pressionando e
ameaçando de não deixar mais o exequente entrar no imóvel.
Diante de todo esse transtorno se passaram muitas semanas nessa situação, o autor
sem poder abrir seu estabelecimento por conta do corte sofrido e toda a pressão feita pela ré
para que realizasse o pagamento. Além disso, cumpre ressaltar que o autor fora surpreendido
quando várias pessoas da cidade, uma delas um dos frentistas do posto localizado em frente
ao imóvel, vieram lhe questionar sobre a situação aqui narrada. A maioria delas perguntavam
o porquê “ele estava se esquivando e fugindo do pagamento” e porque “deixou a dívida
chegar em R$ 15.000,00 (quinze mil reais)”.
Excelência, além de todo o transtorno causado pela pandemia e também pela ré o
requerente teve que passar por muitos constrangimento diante de várias pessoas tendo que
ouvir que estava “devendo e fugindo” do pagamento. Nota-se que a ré não satisfeita em lhe
coagir ao pagamento desligando as luzes e a água, também comentava sobre o assunto a cada
pessoa que encontrava, expondo o autor ao ridículo.
Depois de todo o narrado, buscando uma resolução para a situação o autor
chamou um eletricista a fim de verificar as instalações internas do local bem como investigar
se suas suspeitas tinham fundamento. Logo que o técnico subiu no forro percebeu muitas
pegadas recentes, muitas partes do forro desencaixadas (conforme fotos anexas) e também o
fio da luz elétrica cortado. Assim, informou ao autor que a luz tinha sido cortada pelo forro e
que todas as partes do teto que estavam estragadas somente poderiam ter ficado de tal forma
com alguém andando no local.
Assim, o autor solicitou que fosse religada a luz para voltar com o funcionamento
do seu estabelecimento visto que os contratos suspensos já haviam vencido e já estava
devendo salários aos seus empregados, mas em várias ocasiões fora ameaçado pela ré e seus
familiares de que não poderia mais abrir o restaurante, sendo ameaçado, inclusive, de ser
trocada a fechadura.
É de notório saber, excelência, toda a situação causada pela pandemia da COVID-
19. Essa situação excepcional trouxe consequências em nível mundial e não somente regional.
Diante disso, todos os ramos foram atingidos, mas principalmente aqueles estabelecimentos
que trabalham em horário noturno, como é o presente caso.

DA JUSTIÇA GRATUITA

Instruída com a pertinente declaração de pobreza em anexo diante da


impossibilidade da Exequente, em arcar com as despesas judiciárias, requer os benefícios da
justiça gratuita nos termos do art. 98 e seguintes do Novo Código de Processo Civil.
Outrossim, a natureza da presente demanda, aliada aos fatos e fundamentos e toda
documentação que agora se apresentam aos autos, permitem constatar que a Requerente
encontra-se em dificuldades financeiras decorridas da pandemia, fato este que ensejou o
fechamento de seu estabelecimento comercial.
Dessa forma, não tendo como arcar com as despesas processuais, visto que a
empresa não está auferindo renda suficiente para pagar todas as despesas necessárias como
aluguel, funcionários, água, luz, etc, é necessária a concessão do benefício para que não
colecione mais dívidas a quitar.

II - DO DIREITO

II.I – DA TUTELA ANTECIPADA

No tocante a esse tópico, cumpre-nos o dever de enfatizar a base legal que torna
cabível a concessão de liminar:

Prevê o artigo 300 da Lei Processual Civil:


Art. 300.  A tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o
caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os
danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser
dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder
oferecê-la.

Como se percebe, todos os requisitos exigidos pelo comando legal encontram-se


presentes no caso em tela, uma vez que a Requerente encontra-se em constante ameaça da sua
posse, o que acaba por atrapalhar seu trabalho devido à constante preocupação, tudo isso
somado ao atual cenário pandêmico, demonstrando sobremaneira o perigo de dano na
demora processual, uma vez que o não deferimento da liminar, poderá implicar inclusive na
falência da Requerente.
Por sua vez, a probabilidade do direito invocado encontra respaldo em todo o
narrado e mormente nos documentos colacionados aos autos, que dão conta da ilicitude
praticada pela Requerida ao fazer constantes ameaças ao Requerente, sob o argumento de
que não vai mais permitir o uso do imóvel, sendo que o contrato encontra-se em plena
vigência.
Os documentos acostados dão conta da conduta revestida de ilicitude da ré, que
primeiramente para obrigar o locador a desocupar o imóvel fez o corte de energia sem
qualquer tipo de aviso, além do corte posterior de água.
A esse respeito, colhe-se da Jurisprudência em casos análogos ao presente:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. INTERDITO PROIBITÓRIO.


LOCAÇÃO COMERCIAL. LIMINAR DEFERIDA. DECISÃO
CONFIRMADA. Caso em que conquanto a agravante negue a
existência de contrato verbal de locação celebrado com a agravada,
impende atentar na espécie que esta se encontra na posse do imóvel
em comento desde dezembro de 2016 e que, principalmente, efetuou
obras no local e que está em curso o ano letivo, com diversos alunos
matriculados na instituição de ensino instalada no referido prédio.
RECURSO DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº
70072736473, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Ana Maria Nedel Scalzilli, Julgado em 27/07/2017).
(TJ-RS - AI: 70072736473 RS, Relator: Ana Maria Nedel Scalzilli,
Data de Julgamento: 27/07/2017, Décima Sexta Câmara Cível, Data
de Publicação: Diário da Justiça do dia 03/08/2017)

Necessário destacar o abuso da requerida quanto às infundada ameaças ao autor


do impedimento ao acesso ao imóvel “enquanto não houver pagamento”, sendo que a mesma
recusa-se a receber o valor justo conforme contrato e negociações posteriores.
Satisfeitos que estão estes requisitos legais, o deferimento da antecipação da tutela
é medida que se impõe.

II.I.II – DO INTERDITO PROIBITÓRIO


Tendo em vista que a ameaça de esbulho ocorre há menos de ano e dia, a presente
ação deve tramitar segundo o rito especial previsto no Código de Processo Civil.
O direito à segurança de posse decorre do prescrito no artigo 1.210 do Código
Civil de 2002, no que segue:

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de


turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente,
se tiver justo receio de ser molestado. [grifo nosso]

Importante afirmar que a presente tutela tem nítido caráter inibitório, já que tem
por fim evitar o esbulho do imóvel da Requerente, por meio do reconhecimento da justa posse
e propriedade da Requerente e inexistência de motivos que ensejem o esbulho por meio de
medida coercitiva, qual seja a aplicação de multa em caso de esbulho.
Identificada a ameaça real de esbulho, deve ser concedida a presente ação a fim de
evitar a perda da posse pela Requerida, mesmo porque o autor exerce a posse há mais de dois
anos e, além disso, conforme documentos anexos é possível observar o contrato de aluguel
ainda em vigência.
Não obstante, devido à constante ameaça da Ré em impedir que o Requerente
continue na posse do imóvel, necessário observar o art. do Código de Processo Civil:

Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser
molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação
ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se
comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o
preceito.

Nesse sentido, colhe-se da jurisprudência:

APELAÇÃO – INTERDITO PROIBITÓRIO - SENTENÇA DE


PROCEDÊNCIA. Autor (locatário) que sustenta que o réu (locador)
invade o terreno, dele retira materiais sem sua autorização, corta
canos e impede o fornecimento de energia elétrica - Posse
incontroversa - Atos de ameaça comprovados nos autos - Fotografias
trazidas pelo autor e não impugnadas especificadamente na
contestação - Réu que juntou aos autos Boletim de Ocorrência
Policial, narrando que teria sido agredido pelo autor, justamente em
momento em que, sem sua (do autor) autorização, adentrou ao
imóvel, o que corrobora a conclusão adotada na sentença, no sentido
de ocorrência de ameaça à posse. SENTENÇA MANTIDA -
RECURSO DESPROVIDO. (TJ-SP - AC: 10038340720188260505
SP 1003834-07.2018.8.26.0505, Relator: Sergio Gomes, Data de
Julgamento: 16/08/2019, 37ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 16/08/2019). [grifo nosso]

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE


INTERDITO PROIBITÓRIO - TUTELA ANTECIPADA -
MEDIDA ACAUTELATÓRIA JÁ DEFERIDA EM 1º GRAU.
Segundo art. 928 do CPC é possível a concessão de medida liminar
nas ações possessórias quando o autor provar a sua posse sobre o
bem e demonstrar a turbação praticada pelo réu. Se a decisão
proferida em primeira instância já acarreta os efeitos requeridos pelo
Recorrente em sede recursal, não há razões para que seja reformada a
decisão agravada). (TJ-MG - AI: 10245110173193001 MG, Relator:
Ângela de Lourdes Rodrigues, Data de Julgamento: 03/03/2015,
Data de Publicação: 13/03/2015). [grifo nosso]

É notório que a jurisprudência é pacífica quanto à concessão de liminar quando


há ameaça na posse do imóvel, como no presente caso. Resta claramente evidenciada a
situação de turbação sofrida pelo requerente, acarretando, além do incômodo, incerteza
quanto ao funcionamento de seu estabelecimento comercial.
Assim, não restam dúvidas quanto à necessidade da concessão da medida
liminar.

II.II - DA RESPONSABILIDADE DA REQUERIDA

A jurisprudência é pacífica ao reconhecer a responsabilidade de quem com ato


ilícito, causar dano à outrem, sem ser necessária comprovação do dano, vez que presumido:
TESE COMUM. INOBSERVÂNCIA DOS DITAMES PREVISTOS
NO CDC. PRÁTICA ABUSIVA. ATO ILÍCITO EVIDENCIADO.
ABALO MORAL PRESUMIDO NA HIPÓTESE. PRECEDENTES
DESTA CORTE.  [...] PRÁTICA ABUSIVA. ATO ILÍCITO
EVIDENCIADO. ABALO MORAL PRESUMIDO NA HIPÓTESE.
PRECEDENTES DESTA CORTE. Reconhecida a prática abusiva
perpetrada pela instituição financeira, o nexo e a lesão, dispensa-
se a produção de prova do abalo moral sofrido. QUANTUM.
OBSERVÂNCIA DAS FUNÇÕES DA PAGA PECUNIÁRIA.
MINORAÇÃO IMPERIOSA. O quantum indenizatório deve ser
fixado levando-se em conta os critérios da razoabilidade, bom senso e
proporcionalidade, a fim de atender seu caráter punitivo e
proporcionar a satisfação correspondente ao prejuízo
experimentado pela vítima sem, no entanto, causar-lhe
enriquecimento, nem estimular o causador do dano a continuar a
praticá-lo. MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS AO CAUSÍDICO
DA PARTE AUTORA DEVIDA. Os honorários devem ser fixados de
maneira que remunere de forma digna o profissional da advocacia.
AMBOS RECLAMOS PROVIDOS EM PARTE. (TJSC, Apelação n.
5000286-90.2020.8.24.0051, de TJSC, rel. GILBERTO GOMES DE
OLIVEIRA, 3ª Câmara de Direito Comercial, j. 06-08-2020). [grifo
nosso]

DANO MORAL. INCLUSÃO INDEVIDA DO NOME DA


AUTORA NOS CADASTROS DE INADIMPLENTES. ATO
ILÍCITO CONFIGURADO. PREJUÍZO PRESUMIDO (IN RE
IPSA). PROTEÇÃO À HONRA E À IMAGEM DAS PESSOAS,
COM DIREITO À INDENIZAÇÃO POR SUA VIOLAÇÃO.
INTELECÇÃO DO ART. 5º, INCISO X, DA "CARTA DA
PRIMAVERA". DEVER DE COMPENSAÇÃO DO DANO.
APLICAÇÃO DOS ARTS. 186 E 927, AMBOS DO CÓDIGO
CIVIL. [...] QUANTUM INDENITÁRIO. MONTANTE FIXADO
PELO TOGADO A QUO QUE ATENDEU
SATISFATORIAMENTE À REPARAÇÃO DA PRÁTICA ILEGAL.
OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA EQUIDADE,
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE.
REPROVABILIDADE DA CONDUTA E ATUAÇÃO
NEGLIGENTE DA RÉ EM RAZÃO DA ANOTAÇÃO INDEVIDA
DO NOME DA DEMANDANTE JUNTOS AOS CADASTROS DE
RESTRIÇÃO AO CRÉDITO. JUROS DE MORA. ADEQUAÇÃO
NECESSÁRIA [...] INCIDÊNCIA DOS JUROS DE MORA A
PARTIR DA CITAÇÃO. POSICIONAMENTO PACÍFICO DO STJ
QUANTO AO ASSUNTO. DECISUM MODIFICADO NESTE
VIÉS. (TJSC, Apelação n. 5002303-40.2019.8.24.0082, de TJSC, rel.
JOSÉ CARLOS CARSTENS KOHLER, 4ª Câmara de Direito
Comercial, j. 11-08-2020). [grifo nosso]
Assim, a apuração da responsabilidade da Ré independe da comprovação de
culpa, bastando demonstrar o liame entre o ilícito já asseverado, e os danos experimentados
pelo Autor.
A presente demanda encontra-se amparada constitucionalmente, em especial pelo
disposto pelo artigo 5º, inciso X, que conta com a seguinte redação:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem
das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação;   

Outrossim, o art. 186 e o art. 927, do Código Civil de 2002, assim estabelecem:
Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927 – Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
A questão suscitada apresenta entendimento pacificado no repertório
jurisprudencial de nossos Tribunais, consolidada por reiteradas decisões correlatas da Colenda
Corte do STJ – Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que: é cabível indenização pela
prática abusiva de direito, não havendo necessidade da comprovação do prejuízo, que é
presumido.
Os julgados precedentes, inseridos nos inúmeros acórdãos dos Tribunais de
Justiça espelham o pacífico entendimento a respeito da matéria:
A responsabilidade pelo abuso de direito prescinde da ideia de culpa
ou dolo e da prova dos danos morais, pois estes, no caso, se
presumem. (TJPR - 9ª C. Cível - AC - 1546757-1 - Curitiba - Rel.:
Francisco Luiz Macedo Junior - Unânime - - J. 09.02.2017).

Sob esse mesmo vértice, encontramos o conceito de abuso do direito em Irineu


STRENGER, citado por Guilherme STRENGER (1997, p. 24):
Abuso de direito é ato realizado, com apoio em preceito legal, que
causa dano a interesse não especificamente protegido pelo
ordenamento positivo, manifestado pela lesão a princípios éticos e
sociais, objetiva ou subjetivamente, mediante adequação entre o
intencional e o sentido da lei.

Em arremate a essas ponderações, adequado que sejam transcritas as definitivas


lições de Rui Stoco, que nesse ponto já visualiza o dano causado pelo abuso do direito:

Ressalta claro do texto que também o titular de um direito pode


cometer ato ilícito quando o exerce mal e indevidamente,
ultrapassando os limites estabelecidos ou desviando-se da boa-fé e
dos bons costumes que, então, convertem-se em má-fé e em prática
ruim e repudiada pelo estrato social, sendo certo que estes dois
últimos comportamentos contra legem são gêneros de que o dolo é
espécie.

Excelência, é exatamente o caso dos autos, pelo desligamento de água e luz, além
da cobrança excessiva que expôs o Autor ao ridículo e ao constrangimento, cabendo à Ré
ressarcir os prejuízos causados ao Requerente, os quais passamos a abordar.
II.III. DOS DANOS MATERIAIS

Excelência, inegável o Dano Material suportado pelo Requerente, que embora


tenha entrado em acordo quanto ao pagamento dos aluguéis que ainda iriam vencer, teve sua
energia e água cortados.
Cabe ressaltar o disposto no art. 22 da Lei 8.245/91, Lei do Inquilinato, que aduz:
Art. 22. O locador é obrigado a:
I - entregar ao locatário o imóvel alugado em estado de servir ao uso a
que se destina;
II - garantir, durante o tempo da locação, o uso pacífico do imóvel
locado;
III - manter, durante a locação, a forma e o destino do imóvel;

É inegável que em nenhum momento a locadora garantiu o uso pacífico do imóvel


locado, muito menos manteve sua forma e destino, porque:
1) Cortou a energia e água do imóvel, SEM COMUNICAR ao mais interessado,
qual seja o locatário;
2) Adentrou sorrateiramente dentro do estabelecimento PELO TETO para que
não precisasse ir até a concessionária (a conta está em nome da locadora) pedir
o desligamento ante à prática do ato ilícito;
3) Pegou as contas de energia elétrica e água de DENTRO do estabelecimento,
sem permissão daquele que detém a posse do imóvel;

Assim, além de todo o transtorno causado pela ré ao realizar o corte de energia de


forma ilegal, fato esse que impediu o autor de recomeçar a trabalhar reabrindo o
estabelecimento comercial, ao chegar no local se deparou com todo o estoque de alimentos
estragado, que somados perfazem a monta de R$ 13.400,00 (treze mil e quatrocentos reais),
conforme notas fiscais anexas a presente. Isto porque grande parte dos alimentos utilizados no
restaurante precisam de refrigeração contínua e ao desligar a energia os mesmos acabaram
estragando pelo desligamento do freezer e geladeira.

Diante disso, é possível observar o disposto no art. 402 do Código Civil:


Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas
e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente
perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.

Neste sentido, colhe-se de julgado idêntico ao presente:

INDENIZAÇÃO – NEGLIGÊNCIA DA PRESTADORA DE


SERVIÇO – NEGATIVA DE RESTABELECIMENTO DO
FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA APÓS CORTE –
EXISTÊNCIA DE DÉBITO EM OUTRAS UNIDADES
CONSUMIDORAS DO PROPRIETÁRIO – NEGATIVA
INDEVIDA – ATO ILÍCITO – ESTABELECIMENTO
COMERCIAL FECHADO – PERDA DE ALIMENTOS
PERECÍVEIS – DANO MATERIAL E MORAL EXISTENTE
–– RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. Caracteriza-se o
dever de indenizar em razão da negativa de ligação de energia
elétrica pela concessionária, em face da pendência de débito do
usuário referente a outra unidade consumidora. Restando
devidamente comprovada a perda de mercadoria perecível do
estabelecimento comercial, deve ser ressarcido o dano material
sofrido. O arbitramento do valor da indenização decorrente de dano
moral deve ser feito de acordo com os aspectos do caso, sempre com
bom senso, moderação e razoabilidade, atentando-se à
proporcionalidade com relação ao grau de culpa, extensão e
repercussão dos danos e à capacidade econômica das partes. (TJ-MT
- APL: 00022250820108110051 MT, Relator: CARLOS ALBERTO
ALVES DA ROCHA, Data de Julgamento: 13/07/2016, TERCEIRA
CÂMARA DE DIREITO PRIVADO, Data de Publicação:
21/07/2016). [grifo nosso]

RECURSO ESPECIAL. DANO MORAL. FALTA DE ENERGIA


ELÉTRICA. REVISÃO DO VALOR DA CONDENAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. QUANTUM RAZOÁVEL. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA Nº 83/STJ. PRECEDENTES. RECURSO A QUE SE
NEGA SEGUIMENTO. DECISÃO [...] danos materiais
comprovados - perecimento de alimentos. RECURSO DE
APELAÇÃO DA RÉ PARCIALMENTE PROVIDO. [...] Não é o
caso dos autos em que foi fixado o valor de indenização por dano
moral, em R$ 5.000,00 (cinco mil reais), decorrente do fato de os
recorrentes terem passado um período de 28 (vinte e oito) horas sem
energia elétrica em sua residência, vindo a perder os alimentos
perecíveis que se encontravam na geladeira, bem como não
podendo fazer uso dos equipamentos elétricos necessários para o
cuidado da asma, consideradas as circunstâncias do caso e as
condições econômicas das partes. Verifico que o decisum está em
conformidade com o entendimento esposado em reiterados julgados
desta Corte, como se vê: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO.
REVISÃO DO JULGADO A QUO. REEXAME DE PROVAS.
SÚMULA STJ/7. QUANTUM INDENIZATÓRIO.
RAZOABILIDADE. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA.
IMPROVIMENTO. [...] (AgRg no Ag 729.908/RJ, Rel. Ministra
MARIA ISABEL GALLOTTI, Quarta Turma, julgado em 2/2/2012,
DJe 14/2/2012) Tendo em vista os precedentes supramencionados, é
forçosa a aplicação da Súmula 83/STJ. Ante o exposto, NEGO
SEGUIMENTO ao recurso especial. Publique-se. Intimem-se.
Brasília, 21 de outubro de 2014. MINISTRO MOURA RIBEIRO
Relator. (STJ - REsp: 1488759 SP 2014/0236005-2, Relator:
Ministro MOURA RIBEIRO, Data de Publicação: DJ 28/10/2014).
[grifo nosso]

Deste modo, é devida a restituição dos valores a título de danos matérias sofridos
com a perda dos alimentos perecíveis em virtude do corte de energia elétrica, que somam a
monta de R$ 13.400,00 (treze mil e quatrocentos reais).

II.IV. DOS DANOS MORAIS

De igual modo, diante dos fatos acima relatados, mostra-se evidente a


configuração dos “danos morais” sofridos pelo Requerente.
É evidente que a Requerida feriu o direito alheio ao agir com total descaso,
configurando ato ilícito praticado, o que causou danos também de ordem moral ao
consumidor, decorrente da culpa única e exclusiva da Requerida, que causou a Requerente
aborrecimento e frustações, configurando verdadeiro e ostensivo ataque à sua paz de espirito.

O ilustre Magistrado Clayton Reis, valendo-se das lições de Antônio Chaves,


assim doutrina:
Dano moral é a dor resultante da violação de um bem juridicamente
tutelado sem repercussão patrimonial. Seja a dor física - dor sensação
como a denomina; Carpenter - nascida de uma lesão material; seja a
dor moral-dor sentimento - de causa material. (Dano Moral, Ed.
Forense, RJ, 1992, p. 5).

Excelência, como já aludido, a Requerente tentou de todas as formas resolver a


situação de forma amigável, visto toda a situação mundial decorrente da pandemia, e ainda,
que nunca deixou de arcar com sua obrigação quanto ao pagamento.
Ainda assim, a ré demonstrou total desrespeito quando cortou a energia do
estabelecimento com o contrato de locação em vigência, sendo indispensável a demonstração
da jurisprudência pacífica quanto ao tema, assim vejamos:

LOCAÇÃO - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA


COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - LOCADORA
QUE PROCEDEU AO CORTE DE ENERGIA ELÉTRICA DO
IMÓVEL LOCADO (EDÍCULA) - ATO ILÍCITO
CONFIGURADO - DANOS MORAIS DEVIDOS - RECURSO
PROVIDO. Os danos morais ficam configurados na hipótese de a
locadora, sem nenhuma justificativa , interromper o fornecimento
de energia elétrica do imóvel locado". (TJ-SP - AC:
10168734420178260008 SP 1016873-44.2017.8.26.0008, Relator:
Renato Sartorelli, Data de Julgamento: 25/03/2020, 26ª Câmara de
Direito Privado, Data de Publicação: 25/03/2020) [grifo nosso]

CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO CPC/73
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS. INADIMPLEMENTO DE ALUGUÉIS E
ENCARGOS LOCATÍCIOS EM LOJA DE
SHOPPING. INTERRUPÇÃO DE ENERGIA. ABUSO DE
DIREITO. DANO MORAL CARACTERIZADO. QUANTUM
INDENIZATÓRIO. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-
PROBATÓRIO. SÚMULA Nº 7 DO STJ. AGRAVO
REGIMENTAL NÃO PROVIDO. [...] 2. O Tribunal recorrido após
o exame minucioso das circunstâncias fáticas delineadas na lide,
concluiu que a locadora recorrente não agiu no exercício regular
de seu direito, e sim com manifesto abuso de direito, sendo de
rigor sua condenação em indenizar o recorrido nos danos morais. [...]
(STJ - AgRg no AREsp: 755572 SP 2015/0188488-2, Relator:
Ministro MOURA RIBEIRO, Data de Julgamento: 27/09/2016, T3 -
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 07/10/2016). [grifo
nosso]

DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES - RESPONSABILIDADE CIVIL


- LOCAÇÃO RESIDENCIAL - INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS MOVIDA PELA INQUILINA - IMPROCEDÊNCIA
NO JUÍZO A QUO - INCONFORMISMO DA LOCATÁRIA - 1.
ALEGADA EXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR -
TENTATIVA DE CORTE DE ÁGUA E ENERGIA ELÉTRICA
DO IMÓVEL PELO LOCADOR - INVASÃO DO IMÓVEL
SEM PERMISSÃO DO LOCATÁRIO - OFENSAS VERBAIS -
ACOLHIMENTO - EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS,
PRÓPRIAS RAZÕES - ATO ILÍCITO - ABALO PSÍQUICO
CARACTERIZADO - DANO MORAL: CONFIGURADO - 2.
QUANTUM INDENIZATÓRIO - FIXAÇÃO COM BASE NOS
PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E DA
RAZOABILIDADE - QUANTUM INDENIZATÓRIO- FIXAÇÃO -
RECURSO PROVIDO -SENTENÇA REFORMADA. O locador é
obrigado, durante o tempo. da locação, a garantir o uso pacífico
do imóvel pelo locatário sendo-lhe vedado adentrar no imóvel
locado sem combinação prévia com o inquilino." [...] (STJ -
AREsp: 831510 SC 2015/0321986-1, Relator: Ministro ANTONIO
CARLOS FERREIRA, Data de Publicação: DJ 12/02/2016) [grifo
nosso]

Além da situação causada com o corte de energia, o qual causou transtornos


impossibilitando a abertura do restaurante, ainda houve o excesso de cobrança por parte da ré
a qual falou à várias pessoas conhecidas do autor que o mesmo estava “DEVENDO” e
“FUGINDO E SE ESQUIVANDO DO PAGAMENTO”.
Inclusive, Excelência, cumpre ressaltar que uma das pessoas abordadas com tal
conversa inconveniente fora o frentista do posto de combustível que se localiza em frente ao
restaurante. Ora, não bastasse todo o transtorno sofrido pelo autor, tendo que passar por uma
situação financeira embaraçosa, ainda teve que lidar com as abordagens de pessoas que
ficaram sabendo da situação porque a Ré não teve a capacidade de conversar com o Autor,
que na situação em questão era quem tinha assumido uma responsabilidade contratual com
ela.
São incontáveis os precedentes de Tribunais, concebendo o dano moral em casos
análogos ao presente, in verbs:

RECURSOS INOMINADOS. CONSUMIDOR. AÇÃO
INDENIZATÓRIA POR DANOS
MORAIS. COBRANÇA VEXATÓRIA. NOTIFICAÇÃO DE
INADIMPLEMENTO ENVIADA A E-MAIL DE
TERCEIRO. EXPOSIÇÃO DA SITUAÇÃO
FINANCEIRA. DANOS MORAIS CONFIGURADOS .
QUANTUM MANTIDO EM R$ 1.000,00. RECURSOS
IMPROVIDOS. (Recurso Cível Nº 71008350688, Primeira Turma
Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Roberto Behrensdorf
Gomes da Silva, Julgado em 26/03/2019).

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS. COBRANÇA DE DÍVIDA DE FORMA
REITERADA. EXPOSIÇÃO A TERCEIROS. COBRANÇA
VEXATÓRIA. DANO MORAL CONFIGURADO.
MAJORAÇÃO DEVIDA, HAJA VISTA A EXTENSÃO DOS
DANOS SOFRIDOS E O CONTEXTO EM QUE ESTES
OCORRERAM. SENTENÇA REFORMADA EM PARTE.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (TJPR - 1ª Turma Recursal
- 0001646-74.2018.8.16.0137 - Porecatu - Rel.: Juíza Melissa de
Azevedo Olivas - Rel.Desig. p/ o Acórdão: Juíza Vanessa Bassani -
J. 23.10.2019) (TJ-PR - RI: 00016467420188160137 PR 0001646-
74.2018.8.16.0137 (Acórdão), Relator: Juíza Vanessa Bassani, Data
de Julgamento: 23/10/2019, 1ª Turma Recursal, Data de Publicação:
24/10/2019)

RECURSO INOMINADO. COBRANÇA EXTRAJUDICIAL DE
DÍVIDA DEVIDA. CONDUTA EXCESSIVA
E VEXATÓRIA. MENSAGENS DE TEXTO
PARA TERCEIROS. COBRANÇA VEXATÓRIA. VALOR DOS
DANOS MORAIS REDUZIDOS. RECURSO DA PARTE
AUTORA DESPROVIDO. RECURSO DA PARTE RÉ
PARCIALMENTE PROVIDO. (TJPR
- 2ª Turma Recursal - 0010594-71.2018.8.16.0018 - Maringá - Rel.:
Juiz Alvaro Rodrigues Junior - J. 13.02.2019).

No tocante ao valor da indenização a ser arbitrada a título de dano moral, tem-se


que o mesmo deve ser pautado de modo a coibir a reincidência do causador da ofensa do dano
e, ao mesmo tempo, não pode caracterizar o enriquecimento do lesado, devendo-se aparelhar
seus efeitos dentro de um caráter demarcadamente pedagógico, para que cumpra a
indenização as funções que lhe são atribuídas pela doutrina e pela jurisprudência
No presente caso, tem-se de um lado, o Requerente, com empresa familiar
própria, e de outro, a Ré dona de vários imóveis, com expressivo poder aquisitivo, não
podendo a indenização a ser fixada anêmica, entendendo o Requerente como justo para
garantir o caráter pedagógico da verba indenizatória a ser arbitrada, a quantia equivalente a
R$ 10.000,00 (dez mil reais).

III. DOS PEDIDOS


Ante o exposto, requer:
1. A concessão da Tutela Antecipada de Urgência, mediante mandado proibitório
para determinar que a Ré cesse a turbação da posse do Requerente, fixando, para tanto, pena
pecuniária caso transgrida o preceito;
2. A concessão do benefício da Gratuidade da Justiça, por não ter a Requerente
condições de arcar com as despesas processuais;
3. A citação dos Requeridos para apresentarem respostas no prazo legal, sob pena
de revelia;
4. Sejam, ao final, JULGADOS PROCEDENTES todos os pedidos formulados
nesta demanda, para fins de confirmar a posse no imóvel do Requerente, bem como condenar
a Requerida ao pagamento de indenização pelos danos materiais suportados, estes no importe
de R$ 13.400,00 (treze mil e quatrocentos reais), acrescidos de juros e correção monetária
desde a data dos fato e além do pagamento de indenização de cunho compensatório punitivo
pelos danos morais suportados pela Requerente, tudo conforme já fundamentado, na
importância sugestiva de a R$ 10.000,00 (dez mil reais), ou outro valor a ser arbitrado por
Vossa Excelência, desde que condizente com o dano suportado;
4. A Requerente protesta provar o alegado, pela produção de todos os meios de
provas admissíveis em juízo, em especial juntada de novos documentos e testemunhal;
5. Requer seja dispensada a audiência conciliatória, uma vez que eventuais
propostas poderão ser encaminhadas para o endereço eletrônico da procuradora acima
evidenciada, ou ainda através do telefone constante no rodapé da presente.

IV – DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$ 24.400,00 (vinte e quatro mil e quatrocentos reais).

Nestes termos,
Pede deferimento.

Braço do Norte, 17 de novembro de 2020.

ADVOGADO
OAB/UF Nº

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