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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR

JUIZ DE DIREITO DO ___ JUIZADO


ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE
NITERÓI DO TRIBUNAL ESTADUAL DO
RIO DE JANEIRO/RJ.
NOME DA PARTE, brasileira, solteira,
advogada, vem a presença de Vossa Excelência
propor a presente:
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS E MATERIAIS
em face da AMPLA ENERGIA E SERVIÇOS
S.A., pessoa jurídica de direito privado, CNPJ
33.050.071/0001-58, Inscrição Estadual n.º
80.046.561, com sede na Praça Leoni Ramos,
nº. 01, Centro,Niterói, Rio de Janeiro,CEP:
24210-200, na pessoa de seu representante
legal, pelas razões de fato e de direito que passa
a expor.
PRELIRMINARMENTE:
I – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA:
Requer a Autora o benefício da gratuidade de
justiça, nos termos da Legislação Pátria,
inclusive para efeito de possível recurso, tendo
em vista ser a Autora impossibilitada de arcar
com as despesas processuais sem prejuízo
próprio e de sua família, conforme afirmação
de hipossuficiência em anexo e artigo 4º e
seguintes da lei 1.060/50 e artigo 5º LXXIV da
Constituição Federal/98. (doc. I)
II - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA:
Inicialmente verificamos que o presente caso
trata-se de relação de consumo, sendo
amparada pela lei 8.078/90, que trata
especificamente das questões em que
fornecedores e consumidores integram a
relação jurídica, principalmente no que
concerne a matéria probatória.

Tal legislação, faculta ao magistrado


determinar a inversão do ônus da prova em
favor do consumidor conforme seu artigo 06º,
VIII:

"Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


[...] VIII- A facilitação da defesa de seus
direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a
critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiência" (grifamos).

Da simples leitura deste dispositivo legal,


verifica-se, sem maior esforço, ter o legislador
conferido ao arbítrio do juiz, de forma
subjetiva, a incumbência de, presentes o
requisito da verossimilhança das alegações ou
quando o consumidor for hipossuficiente,
poder inverter o ônus da prova.
Assim, presentes a verossimilhança do direito
alegado e a hipossuficiência da parte autora
para o deferimento da inversão do ônus da
prova no presente caso, dá-se como certo seu
deferimento.

III – DA LEGITIMIDADE

A legislação processual civil pátria dispõe que,


para propor ou contestar ação, é necessário ter
interesse e legitimidade (art. 3º do CPC).

Verificamos no caso em concreto que a autora


não se encontra enquadrado na denominação
de “consumidor padrão” (Standard), definido
no caput do art. 2º do CDC, mas sim do
consumidor por equiparação (Bystander), cuja
definição se encontra no parágrafo único do
dispositivo do mesmo dispositivo, que diz:
“Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou
jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final. Parágrafo
único. Equipara-se a consumidor a coletividade
de pessoas, ainda que indetermináveis, que
haja intervindo nas relações de consumo.”

Tal afirmação é ratificada pelo artigo 17 do


próprio Código de Defesa do Consumidor, in
verbis:
“Art. 17. Para os efeitos desta Seção,
equiparam-se a consumidores todas as vítimas
do evento.”

Posto isto, presentes a legitimidade e o


interesse de agir da autora diante do dano
sofrido, concluindo-se no sentido da plena
possibilidade do exercício do direito de ação
daquela em face de um terceiro, com o qual não
mantenha relação estrita de direito material.

Isto porque o Código de Proteçâo e Defesa do


Consumidor constitui-se como disciplina
jurídica autônoma, uma vez que encerra em si
um conjunto sistematizado de princípios e
regras que lhe conferem identidade própria,
elementos necessários ao efetivo cumprimento
de seu desiderato.

Assim, conclui-se que a demandante possui


todos os requisitos para figurar como autora na
presente ação.

DOS FATOS E FUNDAMENTOS:


A autora, conjuntamente com sua mãe, é
locatária de um apartamento situado na Rua
Raul Pompéia, 75, Bloco 03, apto 301, cuja
ligação de energia elétrica se encontra em
nome de sua mãe, Sonia Todaro Martins.
Tal ligação é identificada pelo “número do
cliente” nº.:4558511-3.(doc. II)

Importante salientar que, atualmente, no


referido imóvel reside apenas a autora, tendo
sua mãe se mudado do apartamento dois meses
após a assinatura do contrato de aluguel, sendo
da autora única e exclusivamente a
responsabilidade o adimplemento das contas
advindas do referido imóvel, inclusive da conta
de luz.

Desde a ligação de energia elétrica na referida


residência, a autora nunca atrasou o
pagamento de uma conta de luz, sendo
inclusive, debitadas automaticamente de sua
conta corrente nº. 01081770-2 agência 4558 do
Banco Santander, conforme documentos em
anexo. (doc. III)

Destaca-se que a autora reside sozinha no


respectivo imóvel, saindo para trabalhar
aproximadamente às sete da manhã e somente
retornando ao imóvel aproximadamente às
20h00min. Neste período de tempo, o
apartamento permanece fechado e inabitado.

No dia 25 de fevereiro de 2012, ao retornar


para sua residência, aproximadamente às vinte
horas, após um exaustivo dia de trabalho
intenso, a autora constatou que, apenas seu
apartamento, se encontrava sem o
fornecimento de energia elétrica.

Assustada, a mesma verificou que a iluminação


de emergência instalada em sua sala já se
encontrava descarregada e que o
compartimento de congelamento de sua
geladeira se encontrava totalmente
descongelado, conforme fotos em anexo (doc.
IV).

Ressalvamos desde já o verbete de nº. 192,


seguido por este Ilmo. Tribunal, na qual
descrevemos integralmente abaixo:

SÚMULA TJ Nº 192:

“A INDEVIDA INTERRUPÇÃO NA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ESSENCIAIS DE
ÁGUA, ENERGIA ELÉTRICA, TELEFONE E
GÁS CONFIGURA DANO MORAL.
REFERÊNCIA: PROCESSO
ADMINISTRATIVO Nº. 0013662-
46.2011.8.19.0000 - JULGAMENTO EM
22/11/2010 - RELATOR: DESEMBARGADORA
LEILA MARIANO. VOTAÇÃO UNÂNIME.”
(grifo nosso)
Cabe salientar que a iluminação de emergência
possui uma vida útil sem carregamento na
corrente elétrica de, no mínimo, seis horas.

Salientamos também que, para o


descongelamento de uma geladeira ocorrer, a
falta de ligação na corrente elétrica deve
perdurar por um longo período de tempo, uma
vez que o referido descongelamento ocorre de
forma lenta e gradual, ainda mais quando o
aparelho de congelamento não possui abertura
da porta.

Assim, não temos como estabelecer um horário


exato para a suspensão do fornecimento da
energia, porém calculamos que a mesma
ocorreu no período da manhã, exatamente
pelos motivos expostos acima.

Sem entender o ocorrido e com receio de haver


perdas em sua geladeira, autora entrou em
contato com sua mãe (titular da conta de
energia elétrica), que imediatamente contatou
a Central de Atendimento da Concessionária de
energia AMPLA, através do nº. 0800.2824022.

Importante destacar que a residência não


possui telefone fixo instalado, assim, o
aparelho celular da autora era o único meio de
comunicação e o mesmo não se encontrava
com a carga de bateria completa.

Ao entrar em contato com o SAC da referida


empresa. A mãe da autora autorizou a autora a
falar por ela, momento no qual foi informada
que suas contas de encontravam quitadas e que
não haveria motivo para corte. Informação esta
que a mesma estava ciente, uma vez que
cumpre com suas obrigações.

Neste momento, a autora também foi


informada de que sua queixa por falta de luz
estava sendo registrada nos sistemas (protocolo
nº.88887408) e que, até às 08h40min do dia
seguinte, uma equipe de urgência estaria em
seu domicílio para verificar o ocorrido.

Ora V. Exª. a residência já se encontrava por


um grande período de tempo sem luz e a autora
deveria aguardar, incrivelmente mais DOZE
HORAS para o, suposto, retorno da
eletricidade.

Cabe salientar aqui que, de acordo com a


Resolução Normativa Nº 414, de 9 de setembro
de 2010 da ANAEEL - Agência Nacional De
Energia Elétrica, a religação em caráter de
urgência deve ocorrer em ATÉ quatro (04)
horas a partir da solicitação, conforme abaixo:

Resolução Normativa nº. 417/10

“Art. 176. A distribuidora deve restabelecer o


fornecimento nos seguintes prazos, contados
ininterruptamente: [...] III – 4 (quatro) horas,
para religação de urgência de unidade
consumidora localizada em área urbana”

Revoltada, a autora se dirigiu até a caixa de luz


do prédio, onde constatou que o lacre de
segurança estava rompido e a fiação retirada da
caixa medidora, conforme comprovam fotos
anexadas. (doc.V)

Questionando seus vizinhos, a moradora do


apartamento de nº. 201, informou que, no dia
25 de fevereiro de 2012, na parte da manhã,
abriu o portão para dois funcionários da
AMPLA, estes tendo se dirigido para a caixa de
luz do prédio.

Seguidamente, cansada de um longo dia de


trabalho e revoltada com a conduta arbitrária
da parte ré, a autora retornou ao seu
apartamento e foi tomar um banho gelado.
Destaca-se aqui que, o banho frio não foi
nenhum incômodo, uma vez que a noite, a
temperatura perfazia cerca de 30º Celsius.

Aproximadamente às 22h00min, a autora


entrou em contato novamente com a empresa
ré, (protocolo nº. 888897213) questionando o
horário previsto para reparação, neste
momento, foi informada de que aquele se
tratava de um horário estimado e que o
atendimento poderia ocorrer antes ou depois
daquele horário.

Seguidamente, a autora informou ao preposto


da empresa que seu prédio não possuía
porteiro nem campainha, o preposto informou
então que a autora deveria aguardar na janela e
que, ao chegar à residência, a equipe entraria
em contato com a reclamante através de se
celular.

Frisa-se que a autora se encontrava com o


celular com a bateria pela metade, e que não
disponibilizava de nenhuma tomada na área
útil do prédio para que pudesse realizar o
carregamento de seu aparelho, assim a mesma
ficou impossibilitada de realizar ligações e
navegar na internet para economizar a bateria
de seu telefone.
Aproximadamente às 24h00min, a autora
ainda se encontrava acordada, aguardando na
janela conforme orientação os funcionários da
empresa para que o reparo fosse realizado.

Destaca-se que a autora exerce atividades


laborais na cidade do Rio de Janeiro, tendo que
acordar às 06h30min da manhã para chegar a
seu trabalho.

Às três e vinte da manhã, a autora permanecia


acordada, parte aguardando o comparecimento
da empresa ré, parte por impossibilidade de
dormir, haja vista o calor absurdo existente em
sua residência, uma vez que a autora estava
impossibilitada de utilizar seus ventiladores
e/ou ar condicionado por motivos óbvios.

Em uma tentativa desesperada de obter seu


descanso, a autora se viu obrigada a encher um
balde e dormir com os pés dentro do mesmo,
situação esta humilhante e vexatória pela qual
a empresa ré impôs a autora.

Destaca-se que como a equipe de emergência


poderia aparecer durante toda noite, a autora
teve um sono conturbado, leve, acordando com
todo e qualquer barulho proveniente de sua
rua.
Aproximadamente às cinco horas da manhã, a
reclamante acordou e verificou que toda sua
geladeira já se encontrava completamente
descongelada, com os alimentos em estado de
putrefação.

Momento o que realizou mais uma ligação para


a empresa de energia elétrica para verificar o
comparecimento da equipe de reparo.

Neste momento, os prepostos da empresa


solicitaram que a autora aguardasse o prazo
previsto e que nada poderiam fazer a não ser
solicitar, mais uma vez, urgência no caso.

Às oito horas da manhã, a autora entrou em


contato com a ANAAEL, gerando a reclamação
de número 3008898651311, neste momento, a
reclamante narrou todo o ocorrido,
permanecendo cerca de seis minutos em
ligação.

Destaca-se que, a ligação proveniente de


celular para a ANAEEL é tarifada (recordamos
que a autora não possui telefone fixo, sendo o
seu celular o seu único meio de contato) e que a
bateria de seu aparelho encontrava-se próxima
do fim.
Rememoramos que a reclamante sai de sua
residência às sete da manhã para exercer suas
atividades laborais, neste momento, a autora já
se encontrava atrasada para seu trabalho.

Assim, a autora aguardou até às oito e quarenta


da manhã (horário que, supostamente, a
equipe de emergência seria encaminhada a sua
residência para restabelecer a energia elétrica).

Aproximadamente às oito e cinquenta da


manhã, com o sol já atingindo seu apartamento
e o calor aumentando, a autora, novamente
entrou em contato com a empresa ré, através
do protocolo de nº. 888847078 momentoo
qual implorou para que alguma equipe
comparecesse em sua residência e realizasse a
religação de sua luz.

Neste momento, surpreendentemente, a


preposta da empresa informou um novo
horário previsto para a mencionada religação,
V. Exª, a empresa ré teve a cara de pau de
informar que até às 20h40min daquele dia uma
equipe compareceria em sua residência.

Vislumbramos aqui uma total falta de respeito


com o consumidor, que se vê obrigado a
aguardar a boa vontade da equipe em realizar a
religação de sua energia elétrica, no calor, com
fome e sem poder ter uma noite tranquila de
descanso, onde se consubstancia o verdadeiro
dano moral.

Não cansamos de frisar que, em nenhum


momento, a autora deu causa a mencionada
interrupção, estando com todas as suas contas
de luz pagas em dia.

Como a bateria de seu aparelho celular se


encontrava prestes a descarregar, a autora nem
mesmo poderia se distrair navegando na
internet ou conversando com alguém ao
telefone, uma vez que deveria preservar o
resquício de bateria existente para a
comunicação com a empresa ré.]

Preocupada com seu trabalho, a autora entrou


em contato com a empresa em que exerce suas
funções, explicou a situação e informou que
chegaria atrasada.

Neste momento a atora foi informada que seria


descontada em seu pagamento das horas de
atraso.
Assim, exatamente as onze e quarenta, após
aproximadamente VINTE E QUATROS
HORAS SEM ENERGIA ELÉTRICA, mais
uma vez, sem ter dado causa a interrupção, os
funcionários da AMPLA chegaram a sua
residência para realizar o religamento de sua
luz.
Muito importante deixar frisado que, de acordo
com a própria equipe de atendimento de
urgência da AMPLA, o corte foi realizado pela
empresa, uma vez que as características de
retirada do fio condiziam com o procedimento
adotado pela empresa.

Tais funcionários também informaram que a


ordem para realizar o atendimento de
emergência no domicílio da autora foi emanada
pelos seus superiores somente às DEZ HORAS
da manhã daquele dia.

Assim, não restam dúvidas de que funcionários


da empresa Ré realizaram o corte no
fornecimento de energia do apartamento 301.

O art. 37º, § 6º, da Magna Carta, preceitua


expressamente a responsabilidade dos entes
prestadores de serviços públicos, in verbis:
“Art. 37. As pessoas jurídicas de direito público
e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa...”

Assim, a responsabilidade civil das pessoas


jurídicas das pessoas de direito privado
prestadoras de serviço público, caso em que se
enquadra a empresa ré, baseia-se no risco
administrativo, sendo, portanto, objetiva,
bastando que a vítima, ora autora da presente
ação, demonstre o fato danoso e injusto
ocasionado por ação ou omissão.

Portanto, as pessoas jurídicas de direito


público e as de direito privado respondem
pelos danos que seus funcionários causem a
terceiro, sem distinção da categoria do ato.

Mesmo que não houvesse expressa


determinação legal da responsabilidade civil
objetiva da empresa Ré, esta, diante da forma
ilegal e injusta com que procedeu ao efetuar o
corte de energia elétrica, teria sua
responsabilidade civil prevista no
art. 186 do novo Código Civil, que prescreve:

"Artigo 186. Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

Após o religamento, a autora verificou sua


geladeira e constatou que os alimentos estavam
perdidos, inclusive os que se encontravam no
congelador, uma vez que permaneceram sem
resfriamento por cerca de vinte e quatro horas
e em um calor de, aproximadamente trinta
graus Celsius.

Em anexo a autora anexa a listagem de


alimentos disponíveis em sua geladeira que
foram perdidos, totalizando umdanoestimado
de R$ 99,81 (noventa e nove reais e oitenta e
um centavos), ficando claro que tais alimentos
se deterioram em virtude da demora no
atendimento da empresa Ré, o dever de
indenizar nos parece límpido.

É de bom alvitre ressaltar que no dia do corte,


autora não se encontrava no imóvel por ele
atingido.

Não cansamos de deixar claro que em nenhum


momento a autora deu causa a cessão do
fornecimento da energia, uma vez que as
contas referentes ao apartamento 301 se
encontram todas pagas e sem NENHUM atraso
nos referidos pagamentos.

Hoje a energia está restabelecida na casa da


Autora, mas os transtornos de ordem moral são
latentes, já que a Ré de forma arbitraria
procedeu com o corte de e a religação apenas
ocorreu um dia dias após, depois de muita
insistência da Autora.

A lei nº 7.783/89 define o fornecimento de


energia como serviço essencial e o CDC (Código
de Defesa do Consumidor), no seu art. 22,
afirma que os serviços essenciais devem ser
contínuos.

Quem tem a luz cortada injustamente


experimenta, sem dúvida, dano moral,
inclusive, o Superior Tribunal de Justiça
reconhece que o corte do fornecimento de
energia elétrica fere a dignidade da pessoa
humana. Não obstante, o corte é admitido em
hipóteses excepcionais para garantir a
estabilidade do sistema, porque configura
forma indireta de compelir os devedores a
pagar, caso este que, não se adequa ao processo
em tela.
O corte do fornecimento de energia, ainda que
ocorra por poucas horas, enseja a reparação do
dano moral. Já decidiu o Tribunal de Justiça de
São Paulo que:

“O fato de se cuidar de episódio que durou


poucas horas não indica que se deva tê-lo por
transtorno comum impassível de indenização.
Na situação, o prejuízo moral é presumível;
decorre do senso comum de justiça”, (Apelação
nº 980.597-0/6, 36ª Câmara, Rel. Des. Dyrceu
Cintra.)
Assim, diante dos abalos morais por ficar
aproximadamente vinte e quatro horas sem
energia elétrica em sua residência, estando com
TODAS as contas referente ao serviço
devidamente pagas e do abalo financeiro que,
devido à demora na prestação do serviço,
vivenciou com a perda dos alimentos em sua
geladeira, não restou alternativa senão buscar a
tutela jurisdicional do Estado, para ser
ressarcida de forma pecuniária pelos danos
morais e materiais sofridos.

DO DANO MORAL:
O dano moral foi inserido em nossa carta
magna no art. 5º, inc. X, da Constituição de
1998:
“Art. 05º [...] X- são invioláveis a intimidade, a
vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano
moral ou material decorrente dessa violação ...”

Seguindo a mesma linha de pensamento do


legislador constituinte, o legislador ordinário
assim dispôs sobre a possibilidade jurídica da
indenização pelos danos morais, prescrevendo
no art. 6º, VI, da Lei 8.078/90:

“Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:

[...] VI - a efetiva prevenção e reparação de


danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos ou difusos; “

SAVATIER define o dano moral como:

“Qualquer sofrimento humano que não é


causado por uma perda pecuniária, abrangendo
todo o atentado à reputação da vítima, à sua
autoridade legitima, ao seu pudor, a sua
segurança e tranquilidade, ao seu amor próprio
estético, à integridade de sua inteligência, as
suas afeições, etc...” (Traité de La
ResponsabilitéCivile, vol.II, nº 525, in Caio
Mario da Silva Pereira, Responsabilidade
Civil, Editora Forense, RJ, 1989).
Quando se pleiteia uma ação visando uma
indenização pelos danos morais sofridos, não
se busca um valor pecuniário pela dor sofrida,
mais sim um lenitivo que atenue, em parte, as
consequências do prejuízo sofrido. Visa-se,
também, com a reparação pecuniária de um
dano moral imposta ao culpado representar
uma sanção justa para o causador do dano
moral.

A ilustre civilista Maria Helena Diniz, já


preceitua:

“Não se trata, como vimos, de uma indenização


de sua dor, da perda sua tranquilidade ou
prazer de viver, mas de uma compensação pelo
dano e injustiça que sofreu, suscetível de
proporcionar uma vantagem ao ofendido, pois
ele poderá, com a soma de dinheiro recebida,
procurar atender às satisfações materiais ou
ideais que repute convenientes, atenuando
assim, em parte seu sofrimento. A reparação do
dano moral cumpre, portanto, uma função de
justiça corretiva ou sintagmática, por conjugar,
de uma só vez, a natureza satisfatória da
indenização do dano moral para o lesado,
tendo em vista o bem jurídico danificado, sua
posição social, a repercussão do agravo em sua
vida privada e social e a natureza penal da
reparação para o causador do dano, atendendo
a sua situação econômica, a sua intenção de
lesar, a sua imputabilidade etc...”(DINIZ, Maria
Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 13.
ed. São Paulo: Saraiva, 1999, v.2)

A tormenta maior que cerca o dano moral, diz


respeito a sua quantificação, pois o dano moral
atinge o intimo da pessoa, de forma que o seu
arbitramento não depende de prova de prejuízo
de ordem material.

Evidentemente o resultado final também leva


em consideração as possibilidades e
necessidades das partes de modo que não seja
insignificante, a estimular a prática do ato
ilícito, nem tão elevado que cause o
enriquecimento indevido da vítima.

O dano moral sofrido pelo Autor ficou


claramente demonstrado, vez que a ligação de
energia do seu imóvel se encontrava desligada
por cerca de vinte quatro horas, tendo a autora
ficada isolada em seu apartamento, em um
calor de aproximadamente trinta graus, vendo
seus alimentos putrefarem em sua geladeira,
sem nada poder fazer e por um motivo alheio a
sua conduta.

DO PEDIDO:
ANTE O EXPOSTO, requer a Vossa Excelência:

1º. A procedência do pedido quanto à


gratuidade de justiça, inclusive para efeito de
possível recurso;
2º. A inversão do ônus da prova;
3º. A citação da empresa Ré para comparecer a
audiência de conciliação a ser marcada,
podendo esta ser convolada em audiência de
instrução e julgamento nos termos da
Lei 9.099/95, sob pena de revelia e confissão;

4º.Que a empresa RÉ seja condenada ao


pagamento a títulos de DANOS
MATERIAIS no valor de R$ 99,81 (noventa e
nove reais e oitenta e um centavos);
5º. Que a empresa RÉ seja condenada ao
pagamento a título de DANOS MORAIS no
valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais);
6º. A retratação formal por parte da empresa
ré através de carta destinada a autora pelos
dando sofridos e pela demora no atendimento,
sob pena de multa a ser arbitrada por este
juízo.
Protesta provar o alegado por todos os meios
de provas em direito admitidos,

Dá à causa o valor de R$ 4.099,81 (quatro mil e


noventa e nove reais e oitenta e um centavos).

Nestes termos,

Pede Deferimento.

.............../.......,....... de .......... de 2016.

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