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A autora Gabriela Santos Vilas Boas está atuando em causa própria, nos termos do
art. 103, parágrafo único do CPC, razão pela qual dispensa-se a apresentação de procuração.
1. PRELIMINARMENTE
Da Gratuidade da Justiça
Por cautela, pede, desde já, lhes sejam deferidas a gratuidade da justiça, com fulcro no
art. 4º da Lei 1.060, de 05 de fevereiro de 1950, com a redação que lhe foi inserida pela Lei
7.115, de 29/8/83, tendo em vista que não se acham em condições de pagar as custas
processuais e os honorários advocatícios, sem prejuízo próprios e o de suas famílias.
2. DOS FATOS
Com efeito, após algumas horas fora do quarto, quando regressam para descansar, as
Autoras foram novamente surpreendidas com MAIS BARATAS! Desta vez, em cima da cama,
entrando na mala da segunda autora, atrás da porta do banheiro e outras saindo de trás
do espelho do banheiro! Uma verdadeira cena de horror! Prova-se com as fotos a seguir:
Diante da infestação de insetos, as Autoras dirigiram-se a recepção do hotel afim de
pedir providências. Ao passo em que foram atendidas pelo funcionário de nome DIEGO que as
alocaram em um novo quarto no mesmo andar.
Entretanto, o pesadelo não tinha terminado. Quando as Autoras já estavam
acomodadas em suas camas, foram surpreendidas com MAIS BARATAS! Desta vez,
passeando pela poltrona do segundo quarto que tinham acabado de se acomodar. Senão
vejamos:
E o infortúnio não parou por aí. Ao romperem o lacre das mantas oferecidas pelo hotel,
estas estavam exalando um cheiro fétido, como se tivesse sido acondicionada sujas, usadas!
O banheiro estava imundo, colecionando limo na parte do banho, além de fluidos nas
paredes, conforme prova a seguir:
A higiene do quarto era precária. A àquela hora, em todo canto poderia se perceber
fezes de inseto espalhadas pela suíte:
O chuveiro não dispunha de água aquecida pois o mesmo encontrava-se quebrado. As
autoras foram obrigadas a tomar banho frio. O ar condicionado fazia barulho e pingava água
diuturnamente, sendo o problema “resolvível” com um balde na sacada da varanda afim de
recolher a água que caía:
Além disso, os móveis de madeira que guarneciam as suítes eram velhos e infestados
de cupins, o que justificava tantas fezes (bolinhas marrons) espalhadas pelo roupeiro e chão do
quarto.
Importante salientar que todo esse imbróglio se passou durante a madrugada de 27
para 28 de janeiro, já sendo então o aniversário da segunda Autora, Gabriela.
Já se passava das 1:30 da madrugada quando as Autoras novamente reclamaram com
DIOGO sobre a situação caótica que se encontrava o segundo quarto, ao passo em que foi
oferecido o terceiro quarto. Dessa vez, em andar superior ao que as Autoras se encontravam.
Entretanto, seria impossível se alocar na terceira suíte. Isso porque as paredes
estavam TOMADAS DE MOFO, sendo inconcebível que as Autoras se acomodassem naquele
ambiente que exalava um péssimo mau cheiro.
Indignadas com a situação que estavam sendo expostas naquele
estabelecimento, as três mulheres saíram pelas ruas de Arembepe, às 01:40 da
madrugada em busca de um lugar digno para repousar.
Até tentaram contato com a pousada vizinha, mas foram muito maltratadas pelo dono
que se recusou a recebê-las alegando que “aquilo não era horário de procurar pousada” e que
ele “estava dormindo” – vídeo anexo.
Importante salientar que tudo foi registrado e está disponibilizado anexo (vídeos e
fotos), como prova do alegado.
As autoras não conheciam a localidade e toda a programação do aniversário de
Gabriela teria que ser desfeita, haja vista que as Autoras deveriam dedicar a manhã do dia 28 de
janeiro para procurar um novo local para se hospedar, tomar café da manhã, etc. E assim foi
feito.
Na manhã do dia 28, as Autoras dirigiram-se a recepção do hotel e solicitaram o
estorno do valor pago pelas diárias. Entretanto, foram informadas que o estorno imediato não
seria possível pois não tinha sido realizado no mesmo dia do pagamento.
Após a contestação de que não teriam limite suficiente no cartão de crédito para uma
hospedagem de 3 diárias em outro local e que possivelmente teriam que regressar para casa
caso o estorno não fosse realizado, o gerente do estabelecimento de nome ALMIR efetuou a
devolução do valor pago R$890,00 (oitocentos e noventa reais) em forma de pix para a segunda
Autora.
Entretanto, a simples devolução do valor não apaga da memória todo o transtorno e
sofrimento que as Autoras suportaram.
Por tudo isso, pedem auxílio a este M.M. juízo.
A norma que rege a proteção dos direitos do consumidor, define, de forma cristalina,
que o consumidor de produtos e serviços deve ser abrigado das condutas abusivas de todo e
qualquer fornecedor, nos termos do art 3º do referido Código. No presente caso, tem-se de
forma nítida a relação consumerista caracterizada, conforme redação do Código de defesa do
Consumidor:
Lei. 8.078/90 - Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou
jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como
os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de
produção, montagem, criação, construção, transformação,
importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.
Lei. 8.078/90 - Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou
jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
Assim, uma vez reconhecido as Autoras como destinatárias final dos serviços
contratados, e demonstrada sua hipossuficiência técnica, tem-se configurada uma relação de
consumo, conforme entendimento doutrinário sobre o tema:
Com esse postulado, a Ré não pode eximir-se das responsabilidades inerentes à sua
atividade, visto que se trata de um fornecedor de serviços que, independentemente de culpa,
causou danos efetivos a três de seus consumidores.
4. DO DIREITO
Ao escolher uma hospedagem para uma viagem, o consumidor busca acima de tudo
tranquilidade e descanso para o período fora de sua casa, diferente do que foi ofertado,
causando sérios transtornos que desbordam do mero aborrecimento.
Portanto, diante do nexo entre uma falha no serviço e o dano evidenciado, não há que
se falar em isenção de responsabilidade por parte da ré, considerando a teoria do risco do
empreendimento.
5. DA FALHA DO SERVIÇO
6. DA PROPAGANDA ENGANOSA
Como visto, a comemoração das autoras pelo aniversário de uma delas, com a viagem
entre amigas, foi absolutamente frustrada de forma absolutamente indevida, haja vista
hospedagem em Hotel inadequado para tanto. Conforme documento extraído do website
“hotéis.com” (https://www.hoteis.com/ho1441818528/?q-rooms=1&q-room-0-adults=2&q-room-0-
children=0 – acessado em 02/02/2022, às 23:40), documentos anexo, este afirma que
“...medidas reforçadas de limpeza e segurança estão sendo aplicadas. O estabelecimento é
higienizado com desinfetante. O estabelecimento confirma que tem medidas aprimoradas de
limpeza em vigor. Os hóspedes recebem desinfetante para as mãos grátis.” No entanto, nada
disso ocorreu, sendo a mais absoluta e inegável PROPAGANDA ENGANOSA.
Cumpre salientar, Excelência, que após todo esse desastroso episódio, as Autoras
visitaram sites de intermediação de compra de hospedagem, à título de curiosidade, e ficaram
estarrecidas com as avaliações dos hóspedes sobre o OYO AREMBEPE BEACH HOTEL.
Muitos relataram a mesma insatisfação: quartos imundos e infestados de insetos! Senão,
vejamos:
Disponível em https://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g1949173-d1758116-
Reviews-OYO_Arembepe_Beach_Hotel-Arembepe_State_of_Bahia.html#REVIEWS - acessado
em 03/02/2022 às 11:20.
7. DO DANO MORAL
Como visto, a comemoração das autoras pelo aniversário de uma delas, com a viagem
entre amigas, foi absolutamente frustrada de forma absolutamente indevida, haja vista
hospedagem em Hotel inadequado para tanto. A olhos vistos, a parte demandada faltou com
vários deveres contratuais previstos na legislação vigente, regras essas que vão muito além dos
deveres de lealdade, boa-fé e respeitabilidade, na linguagem dos artigos 421, 422 e seguintes do
Código Civil, gerando consequências desastrosas às autoras, vedadas pelo artigo 186 e 927 do
Código Civil, que preceituam:
Art. 927, CC: Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causa
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Nesse sentido é bom ressaltar que nesse caso o dano moral é presumido, pois decorre
simplesmente do ato ilícito perpetrado pela ré. Segundo a doutrina e a jurisprudência, pode-se
dizer que o mesmo ocorre in re ipsa, ou seja, independente da demonstração da existência do
abalo moral ou à personalidade do ofendido.
Com efeito, os princípios socializantes traçados pelo Direito Contratual moderno, a
exemplo da função social, da equivalência material e da boa-fé objetiva, são, com efeito,
inerentes a todo e qualquer contrato, porquanto concebidos por lei como norteadores axiológicos
da liberdade de contratar.
Assim é inquestionável que a violação de direitos individuais ligados à honra e
imagem da pessoa enseja a indenização por dano moral com amparo no artigo 5º, incisos
V e X, da Constituição Federal, pelo que requer a condenação da ré em, no mínimo 20
(vinte salários mínimos vigentes no país, que hoje equivalem à R$ 24.240,00 (vinte e
quatro mil duzentos e quarenta reais) ,a título de danos morais, considerando o caráter
pedagógico e dissuasório da medida, a gravidade da conduta, a capacidade econômica da
empresa e as condições pessoais das autoras.
Mas não é só.
Certo é que as férias entre amigas deveriam ser perfeitas, sendo que foram opostas à
isso. É certo dizer que, todo o acontecido não pode ser considerado mero dissabor, haja vista
que são verdadeiros os sofrimentos e constrangimentos ocasionados, pois, a comemoração do
aniversário de uma das autoras acabou sendo frustrada por atos da requerida. Assim, pela
posição que as três consumidoras foram colocadas pela requerida, e pelo fato das autoras terem
passado por todos os problemas, tendo permanecido expostas à todos os atos vexatórios
praticados pela requerida, requer a condenação da ré em, no mínimo 20 (vinte salários mínimos
vigentes no país, que hoje equivalem à R$ 24.240,00 (vinte e quatro mil duzentos e quarenta
reais), a título de danos morais.
A doutrina e jurisprudência já entende pela aplicação da teoria, uma vez que o tempo
produtivo do consumidor não pode ser retirado por um problema causado pela empresa ré. A
empresa deve ser punida por este fato. Mesmo entendendo que não há, no Brasil o dano
punitivo (punitive damage), o entendimento é que o dano moral, através da aplicação do desvio
produtivo – referente, também ao dano existencial – seja aplicado.
Conforme exposto acima, a teoria do desvio produtivo vem sendo aplicada de forma
ampla no judiciário. O entendimento encontra-se base no fato, como salientado na explicação
anterior a jurisprudência, na perda do tempo útil do consumidor para dirimir problemas causados
pela fornecedora de produto ou serviço.
9. DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
Nos termos do artigo 334 do CPC, requerem as autoras que seja determinada
audiência de conciliação.
c - Reconhecimento da relação de consumo, com base nos arts. 2º, 3º, e 14º, da lei
8.078 de 1990 e sendo aplicado a responsabilidade objetiva da ré;