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ACESSE JÁ + DE 17.000 MODELOS DE PETIÇÕES ATUALIZADAS!

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ___ JUIZADO ESPECIAL CÍVEL


DA COMARCA DE NITERÓI DO TRIBUNAL ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO/RJ.
NOME DA PARTE, brasileira, solteira, advogada, vem a presença de Vossa Excelência
propor a presente:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS


em face da AMPLA ENERGIA E SERVIÇOS S.A., pessoa jurídica de direito privado, CNPJ
33.050.071/0001-58, Inscriçã o Estadual n.º 80.046.561, com sede na Praça Leoni Ramos,
nº. 01, Centro,Niteró i, Rio de Janeiro,CEP: 24210-200, na pessoa de seu representante legal,
pelas razõ es de fato e de direito que passa a expor.

PRELIRMINARMENTE:
I – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA:
Requer a Autora o benefício da gratuidade de justiça, nos termos da Legislaçã o Pá tria,
inclusive para efeito de possível recurso, tendo em vista ser a Autora impossibilitada de
arcar com as despesas processuais sem prejuízo pró prio e de sua família, conforme
afirmaçã o de hipossuficiência em anexo e artigo 4º e seguintes da lei 1.060/50 e artigo 5º
LXXIV da Constituiçã o Federal/98. (doc. I)
II - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA:
Inicialmente verificamos que o presente caso trata-se de relaçã o de consumo, sendo
amparada pela lei 8.078/90, que trata especificamente das questõ es em que fornecedores e
consumidores integram a relaçã o jurídica, principalmente no que concerne a matéria
probató ria.
Tal legislaçã o, faculta ao magistrado determinar a inversã o do ô nus da prova em favor do
consumidor conforme seu artigo 06º, VIII:
"Art. 6º Sã o direitos bá sicos do consumidor: [...] VIII- A facilitaçã o da defesa de seus
direitos, inclusive com a inversã o do ô nus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a
critério do juiz, for verossímil a alegaçã o ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordiná rias de experiência" (grifamos).
Da simples leitura deste dispositivo legal, verifica-se, sem maior esforço, ter o legislador
conferido ao arbítrio do juiz, de forma subjetiva, a incumbência de, presentes o requisito da
verossimilhança das alegaçõ es ou quando o consumidor for hipossuficiente, poder inverter
o ô nus da prova.
Assim, presentes a verossimilhança do direito alegado e a hipossuficiência da parte autora
para o deferimento da inversã o do ô nus da prova no presente caso, dá -se como certo seu
deferimento.
III – DA LEGITIMIDADE
A legislaçã o processual civil pá tria dispõ e que, para propor ou contestar açã o, é necessá rio
ter interesse e legitimidade (art. 3º do CPC).
Verificamos no caso em concreto que a autora nã o se encontra enquadrado na
denominaçã o de “consumidor padrã o” (Standard), definido no caput do art. 2º do CDC, mas
sim do consumidor por equiparaçã o (Bystander), cuja definiçã o se encontra no pará grafo
ú nico do dispositivo do mesmo dispositivo, que diz:
“Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatá rio final. Pará grafo ú nico. Equipara-se a consumidor a coletividade
de pessoas, ainda que indeterminá veis, que haja intervindo nas relaçõ es de consumo.”
Tal afirmaçã o é ratificada pelo artigo 17 do pró prio Có digo de Defesa do Consumidor, in
verbis:
“Art. 17. Para os efeitos desta Seçã o, equiparam-se a consumidores todas as vítimas do
evento.”
Posto isto, presentes a legitimidade e o interesse de agir da autora diante do dano sofrido,
concluindo-se no sentido da plena possibilidade do exercício do direito de açã o daquela em
face de um terceiro, com o qual nã o mantenha relaçã o estrita de direito material.
Isto porque o Có digo de Proteçâ o e Defesa do Consumidor constitui-se como disciplina
jurídica autô noma, uma vez que encerra em si um conjunto sistematizado de princípios e
regras que lhe conferem identidade pró pria, elementos necessá rios ao efetivo
cumprimento de seu desiderato.
Assim, conclui-se que a demandante possui todos os requisitos para figurar como autora na
presente açã o.
DOS FATOS E FUNDAMENTOS:
A autora, conjuntamente com sua mã e, é locatá ria de um apartamento situado na Rua Raul
Pompéia, 75, Bloco 03, apto 301, cuja ligaçã o de energia elétrica se encontra em nome de
sua mã e, Sonia Todaro Martins.
Tal ligaçã o é identificada pelo “nú mero do cliente” nº.:4558511-3.(doc. II)
Importante salientar que, atualmente, no referido imó vel reside apenas a autora, tendo sua
mã e se mudado do apartamento dois meses apó s a assinatura do contrato de aluguel, sendo
da autora ú nica e exclusivamente a responsabilidade o adimplemento das contas advindas
do referido imó vel, inclusive da conta de luz.
Desde a ligaçã o de energia elétrica na referida residência, a autora nunca atrasou o
pagamento de uma conta de luz, sendo inclusive, debitadas automaticamente de sua conta
corrente nº. 01081770-2 agência 4558 do Banco Santander, conforme documentos em
anexo. (doc. III)
Destaca-se que a autora reside sozinha no respectivo imó vel, saindo para trabalhar
aproximadamente à s sete da manhã e somente retornando ao imó vel aproximadamente à s
20h00min. Neste período de tempo, o apartamento permanece fechado e inabitado.
No dia 25 de fevereiro de 2012, ao retornar para sua residência, aproximadamente à s vinte
horas, apó s um exaustivo dia de trabalho intenso, a autora constatou que, apenas seu
apartamento, se encontrava sem o fornecimento de energia elétrica.
Assustada, a mesma verificou que a iluminaçã o de emergência instalada em sua sala já se
encontrava descarregada e que o compartimento de congelamento de sua geladeira se
encontrava totalmente descongelado, conforme fotos em anexo (doc. IV).
Ressalvamos desde já o verbete de nº. 192, seguido por este Ilmo. Tribunal, na qual
descrevemos integralmente abaixo:
SÚ MULA TJ Nº 192:
“A INDEVIDA INTERRUPÇÃ O NA PRESTAÇÃ O DE SERVIÇOS ESSENCIAIS DE Á GUA,
ENERGIA ELÉ TRICA, TELEFONE E GÁ S CONFIGURA DANO MORAL. REFERÊ NCIA:
PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº. 0013662-46.2011.8.19.0000 - JULGAMENTO EM
22/11/2010 - RELATOR: DESEMBARGADORA LEILA MARIANO. VOTAÇÃ O UNÂ NIME.”
(grifo nosso)
Cabe salientar que a iluminaçã o de emergência possui uma vida ú til sem carregamento na
corrente elétrica de, no mínimo, seis horas.
Salientamos também que, para o descongelamento de uma geladeira ocorrer, a falta de
ligaçã o na corrente elétrica deve perdurar por um longo período de tempo, uma vez que o
referido descongelamento ocorre de forma lenta e gradual, ainda mais quando o aparelho
de congelamento nã o possui abertura da porta.
Assim, nã o temos como estabelecer um horá rio exato para a suspensã o do fornecimento da
energia, porém calculamos que a mesma ocorreu no período da manhã , exatamente pelos
motivos expostos acima.
Sem entender o ocorrido e com receio de haver perdas em sua geladeira, autora entrou em
contato com sua mã e (titular da conta de energia elétrica), que imediatamente contatou a
Central de Atendimento da Concessioná ria de energia AMPLA, através do nº.
0800.2824022.
Importante destacar que a residência nã o possui telefone fixo instalado, assim, o aparelho
celular da autora era o ú nico meio de comunicaçã o e o mesmo nã o se encontrava com a
carga de bateria completa.
Ao entrar em contato com o SAC da referida empresa. A mã e da autora autorizou a autora a
falar por ela, momento no qual foi informada que suas contas de encontravam quitadas e
que nã o haveria motivo para corte. Informaçã o esta que a mesma estava ciente, uma vez
que cumpre com suas obrigaçõ es.
Neste momento, a autora também foi informada de que sua queixa por falta de luz estava
sendo registrada nos sistemas (protocolo nº.88887408) e que, até à s 08h40min do dia
seguinte, uma equipe de urgência estaria em seu domicílio para verificar o ocorrido.
Ora V. Exª. a residência já se encontrava por um grande período de tempo sem luz e a
autora deveria aguardar, incrivelmente mais DOZE HORAS para o, suposto, retorno da
eletricidade.
Cabe salientar aqui que, de acordo com a Resoluçã o Normativa Nº 414, de 9 de setembro de
2010 da ANAEEL - Agência Nacional De Energia Elétrica, a religaçã o em cará ter de urgência
deve ocorrer em ATÉ quatro (04) horas a partir da solicitaçã o, conforme abaixo:
Resoluçã o Normativa nº. 417/10
“Art. 176. A distribuidora deve restabelecer o fornecimento nos seguintes prazos, contados
ininterruptamente: [...] III – 4 (quatro) horas, para religaçã o de urgência de unidade
consumidora localizada em á rea urbana”
Revoltada, a autora se dirigiu até a caixa de luz do prédio, onde constatou que o lacre de
segurança estava rompido e a fiaçã o retirada da caixa medidora, conforme comprovam
fotos anexadas. (doc.V)
Questionando seus vizinhos, a moradora do apartamento de nº. 201, informou que, no dia
25 de fevereiro de 2012, na parte da manhã , abriu o portã o para dois funcioná rios da
AMPLA, estes tendo se dirigido para a caixa de luz do prédio.
Seguidamente, cansada de um longo dia de trabalho e revoltada com a conduta arbitrá ria
da parte ré, a autora retornou ao seu apartamento e foi tomar um banho gelado.
Destaca-se aqui que, o banho frio nã o foi nenhum incô modo, uma vez que a noite, a
temperatura perfazia cerca de 30º Celsius.
Aproximadamente à s 22h00min, a autora entrou em contato novamente com a empresa ré,
(protocolo nº. 888897213) questionando o horá rio previsto para reparaçã o, neste
momento, foi informada de que aquele se tratava de um horá rio estimado e que o
atendimento poderia ocorrer antes ou depois daquele horá rio.
Seguidamente, a autora informou ao preposto da empresa que seu prédio nã o possuía
porteiro nem campainha, o preposto informou entã o que a autora deveria aguardar na
janela e que, ao chegar à residência, a equipe entraria em contato com a reclamante através
de se celular.
Frisa-se que a autora se encontrava com o celular com a bateria pela metade, e que nã o
disponibilizava de nenhuma tomada na á rea ú til do prédio para que pudesse realizar o
carregamento de seu aparelho, assim a mesma ficou impossibilitada de realizar ligaçõ es e
navegar na internet para economizar a bateria de seu telefone.
Aproximadamente à s 24h00min, a autora ainda se encontrava acordada, aguardando na
janela conforme orientaçã o os funcioná rios da empresa para que o reparo fosse realizado.
Destaca-se que a autora exerce atividades laborais na cidade do Rio de Janeiro, tendo que
acordar à s 06h30min da manhã para chegar a seu trabalho.
À s três e vinte da manhã , a autora permanecia acordada, parte aguardando o
comparecimento da empresa ré, parte por impossibilidade de dormir, haja vista o calor
absurdo existente em sua residência, uma vez que a autora estava impossibilitada de
utilizar seus ventiladores e/ou ar condicionado por motivos ó bvios.
Em uma tentativa desesperada de obter seu descanso, a autora se viu obrigada a encher um
balde e dormir com os pés dentro do mesmo, situaçã o esta humilhante e vexató ria pela
qual a empresa ré impô s a autora.
Destaca-se que como a equipe de emergência poderia aparecer durante toda noite, a autora
teve um sono conturbado, leve, acordando com todo e qualquer barulho proveniente de sua
rua.
Aproximadamente à s cinco horas da manhã , a reclamante acordou e verificou que toda sua
geladeira já se encontrava completamente descongelada, com os alimentos em estado de
putrefaçã o.
Momento o que realizou mais uma ligaçã o para a empresa de energia elétrica para verificar
o comparecimento da equipe de reparo.
Neste momento, os prepostos da empresa solicitaram que a autora aguardasse o prazo
previsto e que nada poderiam fazer a nã o ser solicitar, mais uma vez, urgência no caso.
À s oito horas da manhã , a autora entrou em contato com a ANAAEL, gerando a reclamaçã o
de nú mero 3008898651311, neste momento, a reclamante narrou todo o ocorrido,
permanecendo cerca de seis minutos em ligaçã o.
Destaca-se que, a ligaçã o proveniente de celular para a ANAEEL é tarifada (recordamos que
a autora nã o possui telefone fixo, sendo o seu celular o seu ú nico meio de contato) e que a
bateria de seu aparelho encontrava-se pró xima do fim.
Rememoramos que a reclamante sai de sua residência à s sete da manhã para exercer suas
atividades laborais, neste momento, a autora já se encontrava atrasada para seu trabalho.
Assim, a autora aguardou até à s oito e quarenta da manhã (horá rio que, supostamente, a
equipe de emergência seria encaminhada a sua residência para restabelecer a energia
elétrica).
Aproximadamente à s oito e cinquenta da manhã , com o sol já atingindo seu apartamento e
o calor aumentando, a autora, novamente entrou em contato com a empresa ré, através do
protocolo de nº. 888847078 momentoo qual implorou para que alguma equipe
comparecesse em sua residência e realizasse a religaçã o de sua luz.
Neste momento, surpreendentemente, a preposta da empresa informou um novo horá rio
previsto para a mencionada religaçã o, V. Exª, a empresa ré teve a cara de pau de informar
que até à s 20h40min daquele dia uma equipe compareceria em sua residência.
Vislumbramos aqui uma total falta de respeito com o consumidor, que se vê obrigado a
aguardar a boa vontade da equipe em realizar a religaçã o de sua energia elétrica, no calor,
com fome e sem poder ter uma noite tranquila de descanso, onde se consubstancia o
verdadeiro dano moral.
Nã o cansamos de frisar que, em nenhum momento, a autora deu causa a mencionada
interrupçã o, estando com todas as suas contas de luz pagas em dia.
Como a bateria de seu aparelho celular se encontrava prestes a descarregar, a autora nem
mesmo poderia se distrair navegando na internet ou conversando com alguém ao telefone,
uma vez que deveria preservar o resquício de bateria existente para a comunicaçã o com a
empresa ré.]
Preocupada com seu trabalho, a autora entrou em contato com a empresa em que exerce
suas funçõ es, explicou a situaçã o e informou que chegaria atrasada.
Neste momento a atora foi informada que seria descontada em seu pagamento das horas de
atraso.
Assim, exatamente as onze e quarenta, apó s aproximadamente VINTE E QUATROS HORAS
SEM ENERGIA ELÉTRICA, mais uma vez, sem ter dado causa a interrupçã o, os funcioná rios
da AMPLA chegaram a sua residência para realizar o religamento de sua luz.
Muito importante deixar frisado que, de acordo com a pró pria equipe de atendimento de
urgência da AMPLA, o corte foi realizado pela empresa, uma vez que as características de
retirada do fio condiziam com o procedimento adotado pela empresa.
Tais funcioná rios também informaram que a ordem para realizar o atendimento de
emergência no domicílio da autora foi emanada pelos seus superiores somente à s DEZ
HORAS da manhã daquele dia.
Assim, nã o restam dú vidas de que funcioná rios da empresa Ré realizaram o corte no
fornecimento de energia do apartamento 301.
O art. 37º, § 6º, da Magna Carta, preceitua expressamente a responsabilidade dos entes
prestadores de serviços pú blicos, in verbis:
“Art. 37. As pessoas jurídicas de direito pú blico e as de direito privado prestadoras de
serviços pú blicos responderã o pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsá vel nos casos de dolo ou
culpa...”
Assim, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas das pessoas de direito privado
prestadoras de serviço pú blico, caso em que se enquadra a empresa ré, baseia-se no risco
administrativo, sendo, portanto, objetiva, bastando que a vítima, ora autora da presente
açã o, demonstre o fato danoso e injusto ocasionado por açã o ou omissã o.
Portanto, as pessoas jurídicas de direito pú blico e as de direito privado respondem pelos
danos que seus funcioná rios causem a terceiro, sem distinçã o da categoria do ato.
Mesmo que nã o houvesse expressa determinaçã o legal da responsabilidade civil objetiva da
empresa Ré, esta, diante da forma ilegal e injusta com que procedeu ao efetuar o corte de
energia elétrica, teria sua responsabilidade civil prevista no art. 186 do novo Có digo Civil,
que prescreve:
"Artigo 186. Aquele que, por açã o ou omissã o voluntá ria, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
Apó s o religamento, a autora verificou sua geladeira e constatou que os alimentos estavam
perdidos, inclusive os que se encontravam no congelador, uma vez que permaneceram sem
resfriamento por cerca de vinte e quatro horas e em um calor de, aproximadamente trinta
graus Celsius.
Em anexo a autora anexa a listagem de alimentos disponíveis em sua geladeira que foram
perdidos, totalizando umdanoestimado de R$ 99,81 (noventa e nove reais e oitenta e um
centavos), ficando claro que tais alimentos se deterioram em virtude da demora no
atendimento da empresa Ré, o dever de indenizar nos parece límpido.
É de bom alvitre ressaltar que no dia do corte, autora nã o se encontrava no imó vel por ele
atingido.
Nã o cansamos de deixar claro que em nenhum momento a autora deu causa a cessã o do
fornecimento da energia, uma vez que as contas referentes ao apartamento 301 se
encontram todas pagas e sem NENHUM atraso nos referidos pagamentos.
Hoje a energia está restabelecida na casa da Autora, mas os transtornos de ordem moral
sã o latentes, já que a Ré de forma arbitraria procedeu com o corte de e a religaçã o apenas
ocorreu um dia dias apó s, depois de muita insistência da Autora.
A lei nº 7.783/89 define o fornecimento de energia como serviço essencial e o CDC (Có digo
de Defesa do Consumidor), no seu art. 22, afirma que os serviços essenciais devem ser
contínuos.
Quem tem a luz cortada injustamente experimenta, sem dú vida, dano moral, inclusive, o
Superior Tribunal de Justiça reconhece que o corte do fornecimento de energia elétrica fere
a dignidade da pessoa humana. Nã o obstante, o corte é admitido em hipó teses excepcionais
para garantir a estabilidade do sistema, porque configura forma indireta de compelir os
devedores a pagar, caso este que, nã o se adequa ao processo em tela.
O corte do fornecimento de energia, ainda que ocorra por poucas horas, enseja a reparaçã o
do dano moral. Já decidiu o Tribunal de Justiça de Sã o Paulo que:
“O fato de se cuidar de episó dio que durou poucas horas nã o indica que se deva tê-lo por
transtorno comum impassível de indenizaçã o. Na situaçã o, o prejuízo moral é presumível;
decorre do senso comum de justiça”, (Apelação nº 980.597-0/6, 36ª Câmara, Rel. Des. Dyrceu
Cintra.)
Assim, diante dos abalos morais por ficar aproximadamente vinte e quatro horas sem
energia elétrica em sua residência, estando com TODAS as contas referente ao serviço
devidamente pagas e do abalo financeiro que, devido à demora na prestaçã o do serviço,
vivenciou com a perda dos alimentos em sua geladeira, nã o restou alternativa senã o buscar
a tutela jurisdicional do Estado, para ser ressarcida de forma pecuniá ria pelos danos
morais e materiais sofridos.
DO DANO MORAL:
O dano moral foi inserido em nossa carta magna no art. 5º, inc. X, da Constituiçã o de 1998:
“Art. 05º [...] X- sã o inviolá veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenizaçã o pelo dano moral ou material decorrente dessa
violaçã o ...”
Seguindo a mesma linha de pensamento do legislador constituinte, o legislador ordiná rio
assim dispô s sobre a possibilidade jurídica da indenizaçã o pelos danos morais,
prescrevendo no art. 6º, VI, da Lei 8.078/90:
“Art. 6º - Sã o direitos bá sicos do consumidor:
[...] VI - a efetiva prevençã o e reparaçã o de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos ou difusos; “
SAVATIER define o dano moral como:
“Qualquer sofrimento humano que nã o é causado por uma perda pecuniá ria, abrangendo
todo o atentado à reputaçã o da vítima, à sua autoridade legitima, ao seu pudor, a sua
segurança e tranquilidade, ao seu amor pró prio estético, à integridade de sua inteligência,
as suas afeiçõ es, etc...” (Traité de La ResponsabilitéCivile, vol.II, nº 525, in Caio Mario da Silva
Pereira, Responsabilidade Civil, Editora Forense, RJ, 1989).
Quando se pleiteia uma açã o visando uma indenizaçã o pelos danos morais sofridos, nã o se
busca um valor pecuniá rio pela dor sofrida, mais sim um lenitivo que atenue, em parte, as
consequências do prejuízo sofrido. Visa-se, também, com a reparaçã o pecuniá ria de um
dano moral imposta ao culpado representar uma sançã o justa para o causador do dano
moral.
A ilustre civilista Maria Helena Diniz, já preceitua:
“Nã o se trata, como vimos, de uma indenizaçã o de sua dor, da perda sua tranquilidade ou
prazer de viver, mas de uma compensaçã o pelo dano e injustiça que sofreu, suscetível de
proporcionar uma vantagem ao ofendido, pois ele poderá , com a soma de dinheiro
recebida, procurar atender à s satisfaçõ es materiais ou ideais que repute convenientes,
atenuando assim, em parte seu sofrimento. A reparaçã o do dano moral cumpre, portanto,
uma funçã o de justiça corretiva ou sintagmá tica, por conjugar, de uma só vez, a natureza
satisfató ria da indenizaçã o do dano moral para o lesado, tendo em vista o bem jurídico
danificado, sua posiçã o social, a repercussã o do agravo em sua vida privada e social e a
natureza penal da reparaçã o para o causador do dano, atendendo a sua situaçã o
econô mica, a sua intençã o de lesar, a sua imputabilidade etc...”(DINIZ, Maria Helena. Curso
de Direito Civil Brasileiro. 13. ed. Sã o Paulo: Saraiva, 1999, v.2)
A tormenta maior que cerca o dano moral, diz respeito a sua quantificaçã o, pois o dano
moral atinge o intimo da pessoa, de forma que o seu arbitramento nã o depende de prova de
prejuízo de ordem material.
Evidentemente o resultado final também leva em consideraçã o as possibilidades e
necessidades das partes de modo que nã o seja insignificante, a estimular a prá tica do ato
ilícito, nem tã o elevado que cause o enriquecimento indevido da vítima.
O dano moral sofrido pelo Autor ficou claramente demonstrado, vez que a ligaçã o de
energia do seu imó vel se encontrava desligada por cerca de vinte quatro horas, tendo a
autora ficada isolada em seu apartamento, em um calor de aproximadamente trinta graus,
vendo seus alimentos putrefarem em sua geladeira, sem nada poder fazer e por um motivo
alheio a sua conduta.
DO PEDIDO:
ANTE O EXPOSTO, requer a Vossa Excelência:
1º. A procedência do pedido quanto à gratuidade de justiça, inclusive para efeito de
possível recurso;
2º. A inversã o do ô nus da prova;
3º. A citaçã o da empresa Ré para comparecer a audiência de conciliaçã o a ser marcada,
podendo esta ser convolada em audiência de instruçã o e julgamento nos termos da Lei
9.099/95, sob pena de revelia e confissã o;
4º.Que a empresa RÉ seja condenada ao pagamento a títulos de DANOS MATERIAIS no
valor de R$ 99,81 (noventa e nove reais e oitenta e um centavos);
5º. Que a empresa RÉ seja condenada ao pagamento a título de DANOS MORAIS no valor
de R$ 4.000,00 (quatro mil reais);
6º. A retrataçã o formal por parte da empresa ré através de carta destinada a autora pelos
dando sofridos e pela demora no atendimento, sob pena de multa a ser arbitrada por este
juízo.
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos,
Dá à causa o valor de R$ 4.099,81 (quatro mil e noventa e nove reais e oitenta e um
centavos).
Nestes termos,
Pede Deferimento.
.............../.......,....... de .......... de 2016.
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ACESSE JÁ + DE 17.000 MODELOS DE PETIÇÕES ATUALIZADAS!

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