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AO JUÍZO DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL DA COMARCA DE...

PROCESSO...

ANTÔNIO AUGUSTO, devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe,


em que contenda com Max TV S.A e LOJAS DE ELETRODOMÉSTICOS LTDA, também
devidamente qualificados, por seus advogados infra-assinados, em virtude do sentimento de
irresignação quanto a sentença de fls..., vem à presença do Juízo interpor a presente:
APELAÇÃO CÍVEL
para o Egrégio Tribunal de Justiça, com supedâneo no caput do art. 1009 e seguintes do Código
de Processo Civil (CPC), bem como dos demais dispositivos pertinentes à matéria, consoante as
razões de fato e de direito que passa a expor.
Requer-se, outrossim, que após o cumprimento das formalidades legais, inclusive com a
intimação da parte apelada para ofertar as competentes contrarrazões, seja o presente apelo
recebido em seu duplo efeito e remetido à instância ad quem para reapreciação da matéria
objeto do recurso.

Pede deferimento.

Local..., data...

ADVOGADO...OAB...

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ...


A sentença prolatada pelo MM. Juízo nos autos da ação em epígrafe está a merecer
reforma, eis que não foram ponderadas adequadamente as circunstâncias, fatos e provas
produzidas nos autos.
Há que se esclarecer pontos crucias da demanda, os quais serão revelados
oportunamente, demonstrando a imprescindibilidade da reforma da decisão.
Cabe aduzir de início que foram atingidos todos os pressupostos para a admissibilidade
do ato recursal, uma vez que a presente peça se fundamenta no caput do art. 1.009 do CPC, a
parte é legítima para o ato estando integrada à relação processual e possui interesse, uma vez
que restou prejudicada da decisum neste momento guerreada.
Ademais, a sentença foi prolatada no dia..., sendo o recorrente notificado no dia...,
estando o ato tempestivo consoante o art. 231, inc. V do CPC. O preparo foi devidamente
realizado confome fls...
I - DOS NOMES E QUALIFICAÇÃO DAS PARTES
RECORRENTE: ANTÔNIO AUGUSTO, estado civil... profissão... inscrito no CPF n...
registrado sob o n... endereço eletrônico em... residente e domiciliado na Rua...
RECORRIDOS: MAXTV S.A, com CNPJ n... endereço... e Lojas de Eletrodomésticos Ltda...
endereço...
II - EXPOSIÇÃO DO FATO E DO DIREITO ENVOLVIDO
O Recorrente ao se mudar para seu novo apartamento, recém-comprado, adquiriu, em
20/10/2015, diversos eletrodomésticos de última geração, dentre os quais uma TV de LED com
sessenta polegadas, acesso à Internet e outras facilidades, pelo preço de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais).
Depois de funcionar perfeitamente por trinta dias, a TV apresentou superaquecimento
que levou à explosão da fonte de energia do equipamento, provocando danos irreparáveis a
todos os aparelhos eletrônicos que estavam conectados ao televisor.
Não obstante a reclamação que lhes foi apresentada em 25/11/2015, tanto o 1º
Recorrido (MaxTV) quanto o comerciante de quem o produto fora adquirido 2º Recorrido
(Lojas de Eletrodomésticos Ltda). permaneceram inertes, deixando de oferecer qualquer
solução.
Diante do fato, o Recorrente propôs ação perante Vara Cível em face tanto da fábrica do
aparelho quanto da loja em que o adquiriu, requerendo, no mérito, indenização pelos danos
materiais sofridos no importe de R$ 35.000,00, a substituição do aparelho de TV e indenização
pelos danos morais sofridos.
O respeitável Juízo, no entanto, acolheu preliminar de ilegitimidade passiva arguida, em
contestação, pela loja que havia alienado a televisão ao autor, excluindo-a do polo passivo, com
fundamento nos artigos 12 e 13 do Código de Defesa do Consumidor.
Como prejudicial de mérito, reconheceu a decadência do direito do autor, alegada em
contestação pela fabricante do produto, com fundamento no Art. 26, inciso II, do CDC,
considerando que decorreram mais de noventa dias entre a data do surgimento do defeito e a do
ajuizamento da ação.
Dessa forma, depois dos fatos e direitos expostos, passa a defender a reforma da
decisão.
III - DAS RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA
III.I DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ENTRE COMERCIANTE E
FABRICANTE
A sentença guerreada acolheu a preliminar de ilegitimidade passiva arguida pelo 2º
Recorrido. Não obstante, a decisum, nesse tocante, merece pronta reforma.
Conforme previsão legal dada pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), pelo
caput de seu art. 18:
Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis
respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade
que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se
destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente,
da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as
variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a
substituição das partes viciadas.
Dessa forma, existe uma solidariedade geral entre todos os fornecedores da cadeia de
produção e distribuição, vez que o CDC adota uma concepção ampla do conceito de fornecedor,
conforme dispõe o caput do art. 3º do diploma protetivo:
Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Assim, em se tratando de responsabilidade por vício do produto, consoante o art. 18 do
CDC, a loja que vendeu o produto não poderia ser eximida de responsabilidade quanto ao
primeiro pedido do Recorrente, qual seja, a substituição do televisor.
Pelo exposto, requer a reforma da decisão quanto a exclusão da lide do 2º Recorrido,
integrando-o a relação processual e condenando-o à substituição do televisor que,
comprovadamente, apresentou vício, conforme possibilita o art. 18, § 1º, inc. I do CDC.
III.II INEXISTÊNCIA DE DECADÊNCIA QUANTO AO PLEITO DE SUBSTITUIÇÃO
DO PRODUTO
A sentença entendeu que o Recorrente decaiu de sua pretensão por ter decorrido mais de
90 (noventa) dias entre a data do surgimento do defeito e a do ajuizamento da ação, conforme
dicção legal do art. 26, inc. II do diploma consumerista.
Acontece que, conforme nota fiscal em anexo, a compra foi realizada em 20 de outubro
de 2015 e houve reclamação administrativa após a apresentação do vício em 25 de novembro de
2015, ou seja, com apenas um mês de utilização do bem, antes dos noventa dias previstos pelo
CDC.
O diploma normativo é claro, a reclamação comprovadamente formulada pelo
consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços obstam a decadência até a resposta
negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca (art. 26, § 2º, inc. I,
CDC).
Assim, tempestiva a reclamação apresentada pela parte Recorrente, não podendo ser
levantado a incidência do fenômeno da decadência.
III.III DA INDENIZAÇÃO PELOS DANOS SOFRIDOS
Por último, os pleitos indenizatórios são fundamentados no fato do produto, sujeitos a
prazo prescricional previsto no art. 27, do CDC:
Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados
por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo,
iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e
de sua autoria.
Ora, em decorrência do produto viciado a Recorrente teve diversos danos. Os materiais,
em vista de outros aparelhos eletrônicos comprometidos (docs. anexos), e os danos morais,
diante todo o constrangimento sofrido pelo Recorrente e sua família.
Diante do fato, nada mais justo do que a devida reparação pelos danos materiais e
morais sofridos.
IV - DOS PEDIDOS
Ante todo o exposto, requer:
a) o afastamento do acolhimento de decadência, por se tratar de responsabilidade pelo fato do
produto;
b) a inclusão do comerciante, 2º Recorrido, no polo passivo;
c) a Reforma da decisão para julgar procedentes os pedidos deduzidos na inicial;
d) a intimação dos apelados para apresentar contrarrazões;
e) juntada das guias de preparo;

local...data...

Advogado...OAB...

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