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AO JUIZO DE DIREITO DA 1° VARA CÍVIL DA COMARCA Y

Autos nº: XXXXX

SORAIA, já devidamente qualificada, por seus advogados, nos autos da ação


em epígrafe que lhe move ELETRONICOS S/A irresignadas com a r. sentença
de fls., que julgou procedente a ação, vem, respeitosamente a presença de
Vossa Excelência, interpor, tempestivamente:

RECURSO DE APELAÇÃO
com fundamento no artigo 1.009, do Código de Processo Civil de 2015. Requer
que, após o recebimento destas, com as razões inclusas, sejam os autos
encaminhados ao Egrégio Tribunal XX, onde serão processados e provido o
presente recurso.

Termos em que,
pede e aguarda deferimento.
Cidade, XX, de XXXX de 20XX.

Advogado
OAB/XX
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE XXXX

Apelante: Soraia
Apelado: Eletrônicos S/A
Autos de origem: 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA Y

Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Eméritos Desembargadores.

RAZÕES DE APELAÇÃO:

I. DOS PRESSUPOSTOS RECURSAIS


a) Da tempestividade: Segundo o artigo 1.003, caput e §5° CPC, o prazo de
quinze dias para a interposição de apelação se inicia a partir da intimação das
partes. O presente recurso foi interposto no último dia do prazo recursal,
portanto, ainda dentro do prazo legal.
b) Do preparo: Seguem em anexo a este recurso, a guia de recolhimento, a fim
de comprovar o pagamento das custas processuais.
c) Do cabimento: Com efeito, extingue-se o processo, com resolução do mérito
em virtude disso, para evitar que faça coisa julgado, o meio processual
adequado a impugnação do provimento jurisdicional é o recurso de apelação
de acordo com o artigo 1.009 do CPC.
II.DOS FATOS:
A mãe da vítima comprou em maio de 2009 um aparelho televisor produzido
pela fabricante Eletrônicos S/A. Fato que o eletrônico permaneceu ligado por
cerca de 24 (vinte e quatro) horas initerruptamente e por uma falha, já
devidamente comprovada em laudo pericial, gerou uma explosão de clara
incidência de perigo de dano à vida e integridade física de outras pessoas. Por
conseguinte o fato narrado atingiu Soraia, que na época possuía 13 anos de
idade, e acarretou na perda da capacidade visual de seu olho direito. Após sete
anos do ocorrido, já com 20 anos de idade, Soraia, a apelante pretende a
reparação pelo dano sofrido.
Haja vista a breve exposição dos fatos vem a apelante judicializar a questão
para ver suas pretensões de direito indenizatórias atendidas, quais sejam:
I. Indenização em valor monetário de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais),
correspondente a danos morais; e
II. Indenização em valor monetário de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais),
correspondente a danos estéticos causados a apelada.

III.DOS FUNDAMENTOS:
a) Relação de Consumo:

De acordo com o Código de Defesa do Consumidor a caracterização


que define o consumidor não é atrelada de forma imprescindível ao
contrato de adesão do produto. Sendo o consumidor qualquer indivíduo
que faça uso do produto, conforme previsto no artigo 2°:
“Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica
que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.”
Ora, Soraia ao assistir a televisão em questão e se expor a um risco não
diagnosticado pode não ser a adquirente, mas se enquadra claramente em
uma usuária do produto como destinatário final.
Dessa forma, o argumento apresentado acerca da inexistência de relação de
consumo, com uma provável inaplicabilidade do Código de Defesa do
Consumidor, não é devida. Uma vez que a apelante é uma detentora de
direitos ao utilizar o artefato que lhe causou um grave dano físico e mental, no
qual está isenta de responsabilidade.
Além do mais a mesma Lei exemplificada anteriormente faz referência objetiva
em como a apelada se adequa ao que define a quem deve responder pela
ocorrência do fato, no artigo 3°:
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública
ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação,
importação, exportação, distribuição ou comercialização
de produtos ou prestação de serviços.
Ainda nesse mesmo código, faz-se necessário citar o artigo 12, que fala
sobre a responsabilidade objetiva da ré, independente da existência de
culpa, p elo dano causado em consequência do defeito do produto, já
que pode por em risco a segurança dos consumidor, e que também foram
incluídos ao autos do processo o laudo pericial apontando o defeito do produto,
existindo, portanto, a relação entre o dano.
Portanto, Soraia é sim uma detentora dos direitos como consumidora conforme
disposto no Código apresentado e como o adendo do artigo 17 em que
descreve que todos os indivíduos que estejam envolvidos no fato serão
considerados análogos ao consumidor. Sendo assim a Eletrônicos S/A deverá
responder objetivamente pelo dano.

b) Prescrição

O prazo em que irá prescrever o direito de Soraia pretender a ação é na data


de junho de 2017. Conforme o CDC o prazo prescricional é de 5 anos conforme
o artigo 27:
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação
pelos danos causados por fato do produto ou do serviço
prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a
contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de
sua autoria.
Bem como, quando ocorrido o acidente a apelante tinha 13 anos de idade o
que a caracteriza como absolutamente incapaz. Para o Código Civil brasileiro a
prescrição não corre nesse caso, previsto no artigo 198. Logo, o prazo
prescricional começou a correr somente no ano de 2012.
Fato é que a apelante ingressou com ação em 2016 o que a torna
absolutamente legítima de análise por cumprir o tempo preestabelecido para a
pretensão de seu direito. Vale ressaltar que Soraia sofreu um grave dano a
integridade física e estética. Meritíssimo, a perda de uma visão (lado direita) é
algo irreversível e pode se dizer irreparável, cabe ao apelado reconhecer sua
responsabilidade e tentar diminuir os danos que Soraia enfrentará ao longo de
sua vida.

IV – DOS PEDIDOS:
Ante a todo o exposto, pede-se que:

1) A presente apelação seja conhecida e provida em todos os seus termos


para que a r.sentença seja reformada, reconhecendo a parte Apelante
como legitima, bem como, julgar totalmente procedentes os pedidos
formulados na exordial.

2) Que seja afastada a decretação da prescrição da pretensão autoral;


3) Que seja recebido e processado o presente recurso e, após cumpridas
as formalidades legais, seja remetido ao E. Tribunal de Justiça com as
inclusas razões nos termos do art. 1.013, § 4º, do CPC/1.

4) Condene a mesma, nas custas processuais e honorários sucumbenciais,


na forma do art. 85 do CPC.

Nestes termos, pede-se deferimento.


Cidade, XX, de XXXX de 20XX.

Advogado
OAB/XX

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