EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR 1 VICE PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Processo n.
Apelante: Soraia
Apelado: Eletrônicos S/A
DA TEMPESTIVIDADE
O presente recurso é TEMPESTIVO pois foi interposto no prazo de 15 dias
contado a partir da intimação nos termos do art. 1003, par. 5
RAZÕES RECURSAIS
I. DOS FATOS
Em junho de 2016 a autora, ora apelante, propôs ação de indenização por
danos morais e estéticos em razão do acidente de consumo ocorrido em junho de 2009, ligando a responsabilidade pelo fato do produto.
Ocorre que, após a explosão do aparelho de TV da marca do Apelado,
adquirido pela mãe da Apelante, esta perdeu a visão do olho direito. E, por conta de ter 13 anos de idade na época do ocorrido, sendo absolutamente incapaz, dá razão de requerer a condenação do Apelado ao pagamento da quantia de R$ 50.000,00(cinquenta mil reais) por danos morais e R$ 50.000,00(cinquenta mil reais) por danos estéticos. Destaco que é desnecessária a dilação probatória uma vez que tenha sido realizada a juntada de todas as provas documentais que pretendia-se produzir, incluindo o laudo pericial feito na época do ocorrido, apontando o defeito do produto.
Após o oferecimento da contestação, o magistrado proferiu o julgamento
antecipado, decretando improcedente os pedidos formulados pelo requerente.
Por fim, a sentença não deve ser seguida e sim reformada.
II. DOS DIREITOS
II.I. APLICABILIDADE DO CDC
O Código de Defesa do Consumidor em seu art. 2, caput, estabelece que o
consumidor é a “pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza o produto ou serviço como destinatário final”, afastando a alegação do juízo sentenciante de que a ação da autora é improcedente por não ter participado da relação contratual com a ré.
Ainda no Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 17, é reforçada a
existência desta relação de consumo ao estabelecer que todas as vítimas do fato podem ser equiparadas como consumidores. E no fato em questão, com relação ao produto, teve consequência o acidente sofrido pela autora deste processo.
Vale ressaltar que, no art. 12 do Código de Defesa do Consumidor, onde se
trata da responsabilidade objetiva da ré pelo dano causado independentemente da culpa, incluindo também o laudo pericial onde constata o defeito do produto que causou tal dano.
II.II. PRESCRIÇÃO
Quanto ao segundo fundamento da referida sentença, pretende-se o
afastamento da prescrição porque não corre prescrição contra pessoa absolutamente incapaz, de acordo com o art. 198, I, do Código Civil. Portanto, anula-se a tese em que se fundamenta a prescrição contra pessoas absolutamente incapazes.
Ademais, a autora efetivou-se em 2012 quando completou 16 anos de idade,
visto que o art. 3 do Código Civil determina que apenas os menores de 16 são absolutamente incapazes de exercer os atos da vida civil.
Ação de apelação contra sentença que acolheu preliminar de ilegitimidade passiva e reconheceu decadência em ação de indenização por danos materiais e morais decorrentes de defeito em televisor