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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL


CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Processo nº 0000000-00.0000.0.00.0000

CASAS BAHIA VIA VAREJO S/A, na pessoa de seu representante legal


(nome, endereço, devidamente inscrita no CNPJ 33.041.260/0001-34, com
endereço à Rua Uruguaiana, número 5, Centro, Rio de Janeiro/RJ – CEP
20.050-093, perante a V. Exª, propor:

CONTESTAÇÃO

em face da AÇÃO REDIBITÓRIA CUMULADO COM COMPENSATÓRIA POR


DANOS MORAIS C/C PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA movida por JOÃO DA
SILVA CORDEIRO, dizendo e requerendo o que segue.

1- BREVE SÍNTESE

A parte autora aduz em sua exordial, que realizou a compra de um


produto junto as Casas Bahia (Primeiro Réu) no dia 20.03.2020, o qual trata-
se de uma máquina de lavar fabricada pelo Segundo Réu Consul
Eletrodomésticos.

Alega a parte autora que ocorreu atraso na entrega do produto,


sendo a mesma somente realizada no dia 20.05.2020.
Alega ainda, que ao abrir o produto para iniciar o seu uso, o mesmo
encontrava-se descascando e não ligava, impossibilitando o seu uso.

Sustenta o Autor, que realizou diversas tentativas de contato com os


Réus afim de solucionar o problema administrativamente, mas não teve êxito,
sendo necessário ingressar com a presente demanda a qual pleiteia:

- Troca do produto defeituoso no prazo de 48 horas, sob pena de multa;

- Ressarcimento do valor pago pelo produto defeituoso no montante de R$


1.200,00, na impossibilidade da sua troca;

- Condenação dos Réus à título de danos morais no valor de 40 salários


mínimos;

- Gratuidade de Justiça;

- Tutela provisória;

- Inversão do ônus da prova;

Diante do exposto, o Primeiro Réu impugna os fatos narrados na


inicial, o que se contrapõem com termos desta contestação, esperando a
IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO PROPOSTA pelos fatos e motivos que passa a
expor.

2 - PRELIMINARES

2.1 - ILEGITIMIDADE PASSIVA

A parte autora propõe ação de reparação de danos conta este Réu,


argumentando que o produto adquirido veio com defeito de fabricação, ou seja,
o produto em questão não foi fabricado pelo comerciante (primeiro Réu), mas
sim, pelo segundo Réu.
Importa informar, que o primeiro Réu tão somente comercializa os
produtos.

Conforme os termos do art. 13, inciso I, da Lei 8.078/90, Código do


Consumidor, o comerciante só é responsável por reparação de danos em
produtos com defeito de fabricação que venha a causar, na hipótese de não ser
possível a identificação do fabricante.

Desta forma, o primeiro Réu é parte ilegítima para responder os


termos da ação.

Nesse sentido:

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor,


nacional ou estrangeiro e o importador respondem,
independentemente de existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos decorrentes de projetos, fabricação, construção,
montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou
acondicionamento de seus produtos, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre a sua
utilização e riscos.

Art. 13. O comerciante é igualmente


responsável, nos termos do quando:

I o fabricante, o construtor, o produtor ou o


importador não puderem ser identificados;

Diante do exposto, sendo possível a identificação do fabricante


Consul Eletrodomésticos, a presente demanda não deveria ter sido proposta
contra o comerciante.

Requer o primeiro Réu, a sua retirada do polo passivo da ação e a


devida extinção do feito em relação ao mesmo.
2.2- FALTA DO INTERESSE DE AGIR

Alega a parte autora descabidamente, que realizou diversas


tentativas de contato com os Réus, para que pudesse solucionar o problema.
Tal argumento não merece prosperar, haja vista que não passam de meras
alegações.

Nota-se que o Autor não anexou junto a sua exordial, nenhum


protocolo, e-mail, documento, etc. , que comprove que realizou contato com a
parte Ré.

Nesse sentido, à luz do Código de Processo Civil:

Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:

II - a parte for manifestamente ilegítima;

Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter


interesse e legitimidade.

Desta forma, faz-se nítido que o Autor não entrou em contato com o
Primeiro Réu para solucionar o problema, com isso, não teve interesse de agir
afim de resolver administrativamente.

2.3- DA NECESSIDADE DE PERÍCIA TÉCNICA

Conforme narrado pelo Autor, o produto adquirido veio com defeito


de fabricação, impossibilitando o seu uso.

Desta forma, requer o primeiro Réu o pedido de perícia técnica, para


que possa ser comprovado que o vício do produto comprado pelo Autor se deu
por erro de fabricação do segundo Réu Consul eletrodomésticos.
3- DO MÉRITO

3.1 INEXISTÊNCIA DE DANO MORAL

Conforme já arguido, o primeiro Réu não é parte legítima para


responder aos termos da presente demanda, tendo em vista que o produto
adquirido pela parte autora veio com defeito de fabricação.

O primeiro Réu é tão somente o comerciante, atua apenas realizando


a venda dos produtos, não cabendo a ele responsabilidade de reparação de
danos.

Nesse sentido:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. DIREITO


DO CONSUMIDOR. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO ZERO
KM. DEFEITO DE FABRICAÇÃO.
RESPONSABILIDADE DO FABRICANTE. DANOS
MORAIS CONFIGURADOS. VALOR INDENIZATÓRIO.
REDUÇÃO. DANO MATERIAL NÃO COMPROVADO.
COMUNICAÇÃO DA VENDA DO VEÍCULO AO ÓRGÃO
PÚBLICO. OBRIGAÇÃO DO ANTIGO PROPRIETÁRIO.
HONORÁRIOS. O veículo Ford Focus GLX adquirido
pelo autor apresentou os primeiros defeitos, desde
a aquisição do bem. Malgrado tenha havido sua
substituição, pelo veículo Ecosport, este também
apresentou defeitos de fabricação.A
responsabilidade do fabricante pelo defeito no
produto é objetiva. Só não é responsável se provar
que não colocou o produto no mercado ou que,
tendo colocado, o defeito inexiste ou, ainda, a culpa
exclusiva do consumidor ou terceiro.Os danos
oriundos dos vícios na fabricação do produto, com
todos os transtornos e aborrecimentos ocasionados,
não podem ser considerados mero aborrecimento,
devendo a 2ª ré indenizar ao autor.Considerando as
circunstâncias que permeiam o presente caso
concreto, a capacidade econômica das partes e,
ainda, os desdobramentos lesivos decorrentes do
indigitado evento, tem-se que merece ser reduzida
a referida verba indenizatória para o valor de R$
8.000,00 (oito mil reais), sendo este último mais
adequado aos parâmetros da razoabilidade, da
proporcionalidade e, acima de tudo, ao princípio
que consagra a vedação do enriquecimento ilícito
das litigantes.O pedido de condenação a título de
dano material, em razão da transação de compra e
venda do veículo Focus, para aquisição do Ecosport
não pode ser acolhido, haja vista a inexistência de
comprovação do alegado prejuízo.A comunicação de
transferência de propriedade do veículo é de
responsabilidade do antigo proprietário, não
podendo ser imposto à 1ª Ré os transtornos
causados ao autor pela existência de multa após a
venda do bem.Os honorários advocatícios devem
ser fixados com base nos princípios gerais da
razoabilidade e proporcionalidade, razão pela qual
devem ser reduzidos.PROVIMENTO PARCIAL AOS
RECURSOS.

(TJ-RJ - APL: 475172320058190001 RJ 0047517-


23.2005.8.19.0001, Relator: DES. ELISABETE
FILIZZOLA, Data de Julgamento: 13/01/2010,
SEGUNDA CAMARA CIVEL, Data de Publicação:
21/01/2010)
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DEFEITO NO
PRODUTO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO FABRICANTE.
DANOS MORAIS CONFIGURADOS. I - No sistema do
Código de Defesa do Consumidor, respondem pelo vício
de inadequação do produto todos aqueles que ajudaram a
colocá-lo no mercado, no caso, o fabricante, que elaborou
o mesmo e é responsável pela garantia de qualidade-
adequação do bem. II - É devida à restituição do dinheiro
que o consumidor efetivamente pagou por aparelho
televisor defeituoso, incluindo, a garantia estendida, nos
termos do art. 18 do CDC. III - Não se pode reputar como
um mero dissabor da vida cotidiana todos os transtornos
enfrentados pelo consumidor, que teve frustrada sua justa
expectativa de uso regular do produto, que deixou de
funcionar com três meses de uso. IV - O valor fixado a
título de danos morais deve estar de acordo com os
princípios da razoabilidade e proporcionalidade.

Nota-se que a responsabilidade de reparação de danos é do


fabricante, portanto, não há que se falar em condenação à título de danos
morais para o primeiro Réu.

Diante de todo exposto nesta peça de defesa, requer o primeiro Réu


sua retirada do polo passivo da presente demanda, haja vista que é parte
ilegítima para responder os termos desta ação.

DO PEDIDO

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência:

1- O recebimento da presente Contestação, por tempestiva;


2- O acolhimento das contraposições às provas e argumentos
trazidos e consequente declaração de IMPROCEDÊNCIA DA DEMANDA;

3- A determinação para marcação de perícia técnica, para


comprovação que o objeto da presente demanda veio com defeito de
fabricação, bem como, requer o primeiro Réu o acolhimento da preliminar de
ilegitimidade passiva, pois é parte ilegítima para figurar na mesma;

4- Requer a condenação da Autora ao pagamento das custas


processuais e honorários de sucumbência fixados por V. Exª, nos moldes do
art. 85, § 2º, NCPC;

DAS PROVAS

Requer a produção de todos os meios de provas admitidas em


Direito, especialmente prova documental, documental superveniente,
testemunhal e o depoimento pessoal dos representantes legais das partes, sob
pena de confissão.

Por fim, declaro que todos os documentos acostados à presente são


cópias fieis aos originais.

Termos em que, pede deferimento.

Rio de Janeiro, 15 de novembro de 2021.

DANIEL PEREIRA

OAB/RJ 000.000

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