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Londrina
2021
TIAGO GRANDE CAVALHEIRO
Londrina
2021
TIAGO GRANDE CAVALHEIRO
BANCA EXAMINADORA
Aos meus pais por todo amor, carinho, cuidado e apoio durante todo
o meu percurso acadêmico e nos momentos de dedicação aos estudos.
Hipátia de Alexandria
CAVALHEIRO, Tiago Grande. Estudo comparativo entre concepções estruturais
de muros de arrimo em concreto armado sobre fundações profundas em um
solo de argila siltosa. 2021. 163 páginas. Monografia (Bacharel em Engenharia Civil)
– Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2021.
RESUMO
Os muros de arrimo são estruturas de contenção presentes nos mais diversos tipos
de obras civis, pois são responsáveis por conter maciços de terra que sob
determinadas condições podem ser instáveis. No geral, as estruturas de contenção
podem ter um elevado ônus financeiro em uma obra, uma vez que a intensidade de
carregamentos devido a empuxos de terra podem ser altas, e para conter esses
volumes de terra em condições de instabilidade existe a necessidade de conceber
estruturas capazes de suportar estes carregamentos. Na prática estrutural, são
conhecidas diversas concepções estruturais para muros de arrimo que melhor
respondem aos esforços e aos deslocamentos em decorrência de determinadas
circunstâncias construtivas. Em função disso, o referente trabalho tem como objetivo
analisar e comparar diferentes concepções estruturais de muros de arrimo em
concreto armado monolítico sobre fundações profundas em um terreno típico na
cidade de Londrina-PR, que possui um solo com camadas profundas em argila siltosa
com características colapsíveis. Para tanto, foram estudadas as seguintes cinco
concepções estruturais de muros de arrimo: muro com estaca em ficha, muro somente
com viga alavanca, muro com tirantes, muro com laje de fundo e viga alavanca e muro
com contrafortes, visando conter um solo de aterro compactado, para alturas de arrimo
que variam entre 1,50m, 2,50m, 4,00m e 6,00m. Foram desenvolvidos modelos
computacionais no software de análise estrutural SAP2000 v.20 em elementos finitos.
A resposta do solo ao esforço horizontal foi modelada com molas horizontais,
seguindo a hipótese de Winkler. Foram considerados carregamentos de empuxo
lateral com base na teoria de Rankine e sobrecargas no terreno distribuídas
uniformemente, referente à carga de veículos de categoria tipo II, conforme é
estabelecido pela NBR 6120:2019. Por fim, foram analisados os esforços de flexão na
estrutura para estado limite último (ELU), os deslocamentos horizontais para o estado
limite de serviço (ELS) e por fim, foi realizado a estimativa do consumo de materiais
dos muros de arrimo. Os resultados mostraram que os modelos com estacas em ficha
tendem a ser mais sustentáveis para os muros de arrimo com baixas alturas, porém,
estes apresentaram elevados deslocamentos e altas taxas de armaduras em muros
de arrimo maiores. Já os modelos com laje de fundo e com contrafortes podem ser
boas alternativas para muros de arrimo com elevadas alturas, pois tendem a reduzir
o consumo de aço nas fundações, entretanto, tendem a ser onerosos para muros de
arrimo baixos. Os modelos somente com vigas alavancas e com tirantes mostraram-
se boas alternativas para médias alturas de muros de arrimo, de modo que estes
apresentaram consumo de materiais com valores intermediários em relação aos
demais modelos.
ABSTRACT
Retaining walls are containment structures present in the most diverse types of civil
works, as they are responsible for containing masses of land that under certain
conditions can be unstable. In general, containment structures can have a high
financial burden on a construction, since the intensity of loading due to earth pressure
can be high, and to contain these volumes of land in conditions of instability there is a
need to design structures able to withstand these loads. In structural practice, there
are several structural concepts for retaining walls that best respond to stresses and
displacements as a result of certain construction circumstances. As a result, the
purpose of this work to analyze and compare different conceptions of retaining walls
in reinforced concrete on deep foundations in a typical soil in the city of Londrina-PR,
which has a soil with deep layers in silty clay with characteristics collapsible. For this
purpose, the following five structural conceptions of retaining walls were studied: wall
with pilling, wall with lever beam only, wall with bracing, wall with lever beam and
bottom slab and wall with buttresses, aiming to contain a landfill compacted, for heights
ranging between 1.50m, 2.50m, 4.00m and 6.00m. Computational models were
developed in the structural analysis software SAP2000 v.20 in finite elements. The soil
response to the horizontal effort was modeled with horizontal springs, following the
hypothesis of Winkler. Lateral thrust loads were considered based on Rankine's theory
and uniformly distributed surcharge on the load of type II vehicles, as established by
brazilian standard NBR 6120: 2019. Finally, the bending moment in the structure for
the failure limit, the horizontal displacements for the serviceability limit and finally, the
material consumption estimate of the retaining walls was carried out. The results
showed that models with pilling tend to be more sustainable for retaining walls with low
heights, however, they presented high displacements and high reinforcement rates in
larger retaining walls. Models with bottom slabs and buttresses can be good
alternatives for retaining walls with high heights, as they tend to reduce the
consumption of steel in foundations, however, they tend to be expensive for low
retaining walls. The models only with lever beams and with bracing proved to be good
alternatives for medium heights of retaining walls, so that they presented material
consumption with intermediate values in relation to other models.
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 15
1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 16
1.2 OBJETIVO GERAL ........................................................................................ 17
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................. 17
2 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA ............................................................... 18
2.1 ASPECTOS GEOTÉCNICOS ........................................................................... 18
2.1.1 Fundamentos e Características do Solo ................................................... 18
2.1.2 Critério de Ruptura de Mohr-Coulomb...................................................... 20
2.1.3 Investigação Geotécnica .......................................................................... 22
2.1.3.1 Correlações dos parâmetros geotécnicos ................................................ 23
2.1.3.2 Estudos de parâmetros geotécnicos em solos argilosos .......................... 27
2.1.4 Estabilidade de Taludes ........................................................................... 29
2.1.5 Empuxos de Terra .................................................................................... 32
2.1.5.1 Empuxo ativo versus Empuxo passivo ..................................................... 33
2.1.5.2 Teoria de Rankine .................................................................................... 38
2.1.5.3 Teoria de Coulomb ................................................................................... 43
2.2 ASPECTOS ESTRUTURAIS ............................................................................ 50
2.2.1 Estabilidade das Estruturas de Arrimo ..................................................... 50
2.2.2 Concepções Estruturais de Muros de Arrimo Sobre Estacas ................... 52
2.2.2.1 Muros de flexão com estaca em ficha ...................................................... 55
2.2.2.2 Muros de flexão com viga alavanca ......................................................... 55
2.2.2.3 Muros de flexão com laje de fundo ........................................................... 56
2.2.2.4 Muros de flexão com escoras (ou tirantes) ............................................... 57
2.2.2.5 Muros de flexão com contrafortes ............................................................ 58
2.2.3 Esforços e Modos de Ruptura .................................................................. 59
2.2.3.1 Flexão em duas direções ......................................................................... 61
2.2.3.2 Flexão em uma direção ............................................................................ 63
2.2.4 Aspectos Normativos................................................................................ 63
2.2.4.1 Ações e carregamentos ............................................................................ 63
2.2.4.2 Segurança das estruturas ........................................................................ 65
2.3 ASPECTOS GERAIS DE FUNDAÇÕES .............................................................. 69
2.3.1 Fundações Profundas .............................................................................. 70
2.3.1.1 Métodos de capacidade de carga............................................................. 70
2.3.1.1.1 Método Aoki-Velloso................................................................................. 71
2.3.1.1.2 Método Décourt-Quaresma ...................................................................... 73
2.3.2 Sistema de Interação Solo-Estrutura (SISEs) .......................................... 76
2.3.2.1 Coeficiente de reação horizontal (CRH) ................................................... 76
2.3.2.2 Coeficiente de reação vertical (CRV) ....................................................... 81
2.3.2.3 Mobilização do empuxo passivo e o efeito de arco .................................. 83
3 MÉTODOS ............................................................................................... 85
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO SOLO DE ESTUDO ....................................................... 85
3.1.1 Índices Físicos .......................................................................................... 86
3.1.2 Parâmetros de Resistência ...................................................................... 88
3.1.3 Determinação dos Parâmetros Geotécnicos ............................................ 89
3.1.3.1 Critérios de análise para o solo de fundação ........................................... 89
3.1.3.2 Critérios de análise para o solo de aterro compactado ............................ 91
3.2 MODELAGEM COMPUTACIONAL .................................................................... 92
3.2.1 Discretização Numérica ............................................................................ 93
3.2.2 Materiais e Geometria .............................................................................. 94
3.2.3 Carregamentos ......................................................................................... 97
3.2.3.1 Empuxos e sobrecargas ........................................................................... 97
3.2.3.2 Peso próprio ............................................................................................. 99
3.2.4 Fundações ................................................................................................ 99
3.2.4.1 Coeficientes de reação horizontal (CRH) ............................................... 101
3.2.5 Combinações de Ações .......................................................................... 104
3.3 ESTIMATIVA DO CONSUMO DE MATERIAIS.................................................... 104
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................... 106
4.1 CAPACIDADE DE CARGA DAS FUNDAÇÕES ................................................... 106
4.2 COMPARATIVO ENTRE OS DESLOCAMENTOS ............................................... 110
4.3 COMPARATIVO ENTRE OS ESFORÇOS INTERNOS ......................................... 113
4.3.1 Esforços Internos nos Elementos Estruturais com Rigidez à Flexão...... 114
4.3.2 Esforços Internos nos Elementos Estruturais de Fechamento ............... 118
4.3.3 Esforços Internos nos Elementos de Fundações ................................... 126
4.4 COMPARATIVO ENTRE AS ESTIMATIVAS DOS CONSUMOS DE MATERIAIS ........ 129
4.5 COMPARATIVO ENTRE O DIMENSIONAMENTO DE ARMADURAS....................... 133
1 INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
2 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA
𝜑 (2)
𝜃𝑐𝑟 (º) = 45º +
2
É possível notar que o ângulo de atrito interno (𝜑) tende a ser maior
em solos mais confinados e com um maior índice de NSPT, como mostra a Figura 4.
Teixeira (1996, apud Schnaid, 2012) também propôs a seguinte correlação entre o
ângulo de atrito interno (𝜑) e o índice NSPT, expressa pela Equação (3).
calculadas. Caso contrário, ou seja, se o seu ângulo de talude for maior do que o
ângulo de talude de equilíbrio, o mesmo encontra-se instável mecanicamente.
Como dito anteriormente, os taludes instáveis estão sujeitos a deslizar
ao longo de uma superfície crítica de ruptura, isso é, os pontos ao longo do talude no
qual atuam-se as maiores tensões de cisalhamento, formando-se uma superfície.
Dentro desse cenário é possível avaliar o comportamento do maciço de solo em
função de sua ruptura por cisalhamento, usando-se o critério de ruptura de Mohr-
Coulomb.
Em maciços não coesivos, ou areias puras, o valor do parâmetro “c”
ou coesão é nulo, e a superfície de ruptura do maciço é plana, com isso, os maciços
só se mantém em estabilidade quando o ângulo de atrito interno do solo for maior do
que o ângulo de inclinação do talude. Segundo Vargas (1997), somente nesse caso
faz sentido a palavra “talude natural”, uma vez que na própria condição natural do
talude se encontrará em equilíbrio plástico.
Em maciços coesivos, ou solos com maior concentração de finos, o
valor do parâmetro “c” é diferente de zero, de modo que, a superfície de ruptura do
maciço não é plana. Para o estudo da estabilidade de taludes em maciços coesivos
existem diversos métodos que estimam o comportamento mecânico do maciço e
determinam coeficientes de segurança em casos que se verificam condições de
estabilidade.
Quando os maciços de solo são taludados em inclinações altas,
maiores do que o seu ângulo de atrito interno, a tendência é que se intensifique as
tensões de cisalhamento em suas superfícies críticas e crie uma condição de
instabilidade. Em solos coesivos submetidos a essas condições, é possível surgir
fendas de tração na região da crista do talude, como é ilustrado na Figura 5.
31
𝜎ℎ = 𝑘0 . 𝜎𝑣 (4)
33
Figura 10 – (a) Círculo de Morh; Trajetória de tensões; (b) Estado de repouso; (c)
Estado ativo; (d) Estado passivo.
O solo é homogêneo;
O solo é isotrópico;
A ruptura ocorre em todos os pontos do maciço, simultaneamente;
A ruptura ocorre sob o estado de deformação;
O paramento da estrutura é liso;
A parede da estrutura é vertical.
39
𝜎′ℎ𝑎 (5)
𝑘𝑎 =
𝜎′𝑣
𝜎′ℎ𝑝 (6)
𝑘𝑝 =
𝜎′𝑣
40
𝑧
(9)
𝐸 = ∫ 𝑃𝑎 𝑑𝑧
0
ℎ
1 (10)
𝐸𝑎 = ∫ 𝛾𝑧𝐾𝑎 𝑑𝑧 = 𝛾𝐻 2 𝐾𝑎
0 2
ℎ
1 2 (11)
𝐸𝑝 = ∫ 𝛾𝑧𝐾𝑝 𝑑𝑧 = 𝛾𝐻 𝐾𝑝
0 2
Para o caso em que o terreno possui uma inclinação com ângulo (𝛽)
em relação ao tardoz do muro (região em contato com o solo), é estimado a
componente horizontal decompondo o vetor de empuxo, conforme mostram as
Equações (12) e (13).
Bell (1915, apud BOWLES 1997) parece ser a primeira pessoa que
introduz o efeito da coesão (𝑐) para o cálculo de empuxo de terra com base no círculo
43
𝑑𝑃𝑎 (17)
=0
𝑑𝜃
1 (18)
𝐸𝑎 = 𝛾𝐻²𝐾𝑎
2
sin²(𝛼 + 𝜙) (19)
𝐾𝑎 = 2
sin(𝜙 + 𝛿) sin(𝜙 − 𝛽)
sin² 𝛼 sin(𝛼 − 𝛿) [1 + √ ]
sin(𝛼 − 𝛿) sin(𝛼 + 𝛽)
1 (20)
𝐸𝑝 = 𝛾𝐻²𝐾𝑝
2
47
sin²(𝛼 − 𝜙) (21)
𝐾𝑝 = 2
sin(𝜙 + 𝛿) sin(𝜙 + 𝛽)
sin² 𝛼 sin(𝛼 + 𝛿) [1 − √ ]
sin(𝛼 + 𝛿) sin(𝛼 + 𝛽)
de reação binária nas estacas, onde geram-se tensões de tração e compressão nas
mesmas que aumentam em função da magnitude das cargas no arrimo. Deve-se
atentar a posição da viga alavanca, que pode ser projetada dentro ou fora da região
de aterro, podendo inverter os esforços na viga e alterar as reações nas estacas.
𝑃𝑅 = 𝑃𝐿 + 𝑃𝑃 (22)
72
Onde, o atrito lateral ao longo do fuste (𝑃𝐿 ) pode ser definido como o
atrito lateral unitário (𝑟𝐿 ) multiplicado pelo perímetro do fuste (𝑈) vezes o seu
comprimento (∆𝐿), enquanto que a carga de ruptura de ponta (𝑃𝑃 ) podem ser definida
como a resistência de ponta unitária (𝑟𝑃 ) vezes a área (𝐴) na ponta da estaca, como
mostram as Equações (23) e (24).
𝑃𝐿 = ∑ 𝑈 . ∆𝐿 . 𝑟𝐿 (23)
𝑃𝑃 = 𝐴 . 𝑟𝑃 (24)
𝑞𝑐 𝐾 . 𝑁𝑆𝑃𝑇 (25)
𝑟𝑃 = =
𝐹1 𝐹1
𝑓𝑠 𝛼. 𝐾 . 𝑁𝑆𝑃𝑇 (26)
𝑟𝐿 = =
𝐹2 𝐹2
𝑃𝑅 (27)
𝑃𝑎𝑑𝑚 =
2
3 Para casos onde há provas de carga, o fator de segurança global mínimo pode ser reduzido para 1,6.
74
ruptura ponta (𝑃𝑃 ), em função dos valores da resistência de ponta unitária (𝑟𝑃 ), como
mostram as Equações (23) e (24). Posteriormente, é somado as carga de ruptura
lateral ao longo do fuste (𝑃𝐿 ) e a carga de ruptura ponta (𝑃𝑃 ) para chegar no valor da
carga de ruptura do sistema estaca-solo (𝑃𝑅 ), apresentada na Equação (22).
A resistência do atrito lateral (𝑟𝐿 ) no método de Décourt-Quaresma é
obtida em função do valor do número do NSPT (𝑁) para a camada avaliada, conforme
mostra a Equação (28). O valor de N, para estacas escavadas, deve ser no mínimo 3
e no máximo 15, enquanto para estacas de deslocamento o valor máximo é estendido
para 50.
𝑁 (28)
𝑟𝐿 = 𝛽. 10 ( + 1)
3
𝑟𝑝 = 𝛼. C 𝑁𝑝 (29)
𝑃𝐿 𝑃𝑃 (30)
𝑃𝑎𝑑𝑚 = +
1,3 4
𝑃𝐿 + 𝑃𝑃 (31)
𝑃𝑎𝑑𝑚 =
2
76
𝜎 (32)
𝑘ℎ =
𝑦
𝐾ℎ = 𝑘ℎ . ∆𝐿 (33)
79
𝑧 (34)
𝑘ℎ = 𝜂ℎ . = 𝑚ℎ . 𝑧
𝐵
𝐾ℎ = 𝑘ℎ . 𝐴 (35)
O autor Tietz (1976; apud TQS Informática, 2011) propôs uma tabela
para o coeficiente de mola (𝐾ℎ ) em função dos resultados típicos do NSPT em
decorrência da consistência, para solos argilosos, e da compacidade, para solos
arenosos, a partir de um coeficiente de proporcionalidade m, apresentado na Tabela
28. Originalmente, a formulação foi proposta para tubulões com mais de 1m de
diâmetro, porém, também é utilizado para fundações profundas do tipo estacas.
𝐾ℎ = 𝑚. 𝑧. 𝑘ℎ = 𝑚. 𝑧. 𝐷. ∆𝐿 (36)
𝑃𝑖 (37)
𝐾𝑣 =
𝛿𝑖
3. ∅𝑒𝑠𝑡 (39)
𝜎𝑟 = (𝜎𝑝 . ( ≤ 1))
𝑒
85
3 MÉTODOS
Solo
Caracterização Física do Solo
CEEG/UEL
Massa específica dos sólidos (g.cm-3) 3,03
Massa específica aparente (g.cm-3) 1,40
Limite de Liquidez (%) 52
Limite de Plasticidade (%) 38
Índice de plasticidade (%) 14
Areia média (%) 0,3
Areia fina (%) 20,7
Silte (%) 23,5
Argila (%) 55,5
Classificação TRB A-7-5
Classificação SUCS CH
Fonte: Adaptado de Gonçalves et al. (2007, apud Ferreira et al, 2018).
variação da umidade (ω) do solo e o seu respectivo peso específico aparente seco
(γd). Para fins de projeto, convém-se adotar o maior valor para o peso específico do
𝛾 = 𝛾𝑑 . (1 + ω) (40)
M04 M05
3.2.3 Carregamentos
kN/m² (ou 0,5 tf/m²), valor esse característico de caminhões semi-leves a leves com
peso bruto total até 9 toneladas, como é apresentado na Tabela 16. A distribuição das
pressões laterais devido as sobrecargas no terreno podem ser simplificadas em
pressões uniformemente distribuídas ao longo do muro de arrimo, multiplicado pelo
coeficiente de empuxo do solo, como é mostrado na Figura 44. Foi considerado um
valor de coesão efetiva igual a 7,5 kPa, de modo que, considerando que o solo não
tem resistência à tração, despreza-se as tensões no muro até a profundidade (𝑍𝑜)
onde a parcela da coesão é superior a soma do empuxo ativo e da sobrecarga.
Vale destacar que somente para o caso dos muros de arrimo com laje
de fundo foi considerado uma sobrecarga referente ao peso próprio do solo acima do
nível da laje. O valor da sobrecarga foi considerado igual ao peso específico do solo
(γ) vezes a altura total (𝐻) do muro de arrimo, distribuída na área total da laje de fundo.
99
3.2.4 Fundações
Tabela 39 – Coeficiente de mola (𝐾ℎ ) do solo para cada diâmetro de estaca, com
base na sondagem à percussão SPT-03.
- Diâmetro da estaca
Ø25 Ø30 Ø40 Ø40nota* Ø50 Ø50nota**
Trecho Z
Kh Kh Kh Kh Kh Kh
(m) (m) (tf/m) (tf/m) (tf/m) (tf/m) (tf/m) (tf/m)
0 - 0,5 0,25 9 14 24 20 38 25
0,5 - 1,0 0,75 28 41 72 60 113 75
1,0 - 1,5 1,25 27 39 69 58 108 72
1,5 - 2,0 1,75 38 54 97 81 151 101
2,0 - 2,5 2,25 32 46 81 68 127 84
2,5 - 3,0 2,75 39 56 99 83 155 103
3,0 - 3,5 3,25 70 101 179 150 280 187
3,5 - 4,0 3,75 81 116 207 173 323 216
4,0 - 4,5 4,25 120 172 306 255 478 319
4,5 - 5,0 4,75 134 192 342 285 534 356
5,0 - 5,5 5,25 246 354 630 525 984 656
5,5 - 6,0 5,75 270 388 690 575 1078 719
6,0 - 6,5 6,25 352 506 900 750 1406 938
6,5 - 7,0 6,75 380 547 972 810 1519 1013
7,0 - 7,5 7,25 435 626 1114 928 1740 1160
7,5 - 8,0 7,75 465 670 1190 992 1860 1240
8,0 - 8,5 8,25 619 891 1584 1320 2475 1650
8,5 - 9,0 8,75 656 945 1680 1400 2625 1750
9,0 - 9,5 9,25 867 1249 2220 1850 3469 2313
9,5 - 10,0 9,75 914 1316 2340 1950 3656 2438
10,0 - 10,5 10,25 884 1273 2263 1886 3536 2358
10,5 - 11,0 10,75 927 1335 2374 1978 3709 2473
11,0 - 11,5 11,25 907 1306 2322 1935 3628 2419
11,5 - 12,0 11,75 947 1364 2425 2021 3789 2526
12,0 - 12,5 12,25 919 1323 2352 1960 3675 2450
12,5 - 13,0 12,75 956 1377 2448 2040 3825 2550
13,0 - 13,5 13,25 795 1145 2035 1696 3180 2120
13,5 - 14,0 13,75 825 1188 2112 1760 3300 2200
14,0 - 14,3 14,15 3980 5731 10188 8490 15919 10613
*Área de mobilização de empuxo passivo equivalente a 2,5𝑥∅𝑒𝑠𝑡 .
**Área de mobilização de empuxo passivo equivalente a 2,0𝑥∅𝑒𝑠𝑡
Fonte: O próprio autor.
104
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
(Modelo 04), notado principalmente nos muros com altura H=4,00m e H=6,00m, com
valores de 30,3 e 31,1 tf.m, respectivamente, para os muros com H=6,00m e 6,7 e 5,5
tf.m, respectivamente, para os muros com H=4,00 m.
Da mesma forma, é possível notar uma melhor distribuição de
esforços nos modelos com tirantes (Modelo 03) e com contrafortes (Modelo 05), que
resultaram em esforços de flexão menores que os demais modelos nos muros com
altura H=4,00m e H=6,00, com valores máximos de 6,1 e 3,8 tf.m, respectivamente,
para os muros com H=6,00m, e 1,2 e 0,9 tf.m, respectivamente, para os muros com
H=4,00m.
Para os muros de arrimo com altura H=2,50m e H=1,50m é possível
observar uma melhor distribuição de esforços entre os modelos e valores
relativamente baixos, sem apresentar uma dispersão significativa entre os resultados
de momentos fletores máximos. Tal condição resultaria em um dimensionamento
uniforme entre os muros de arrimo, resultando em taxas de armaduras semelhantes
e pouco concentradas.
Comparativamente com os esforços de flexão apresentados na Figura
48, o Gráfico 2 compara os valores dos momentos fletores máximos entre os modelos
dos muros de arrimo.
altura do muro, enquanto para as cargas verticais o aumento é linear com a altura do
muro. Tal aumento torna o comportamento da intensidade dos esforços entre muros
de arrimo com alturas diferentes muito dispersos.
Também foi possível observar que os modelos que apresentaram
maiores intensidades de momentos fletores tendem a concentrar o esforço em um
único ponto. A ausência de dispositivos de travamento no muro, como os tirantes do
Modelo 03 e os contrafortes do Modelo 05, possibilitam tal condição. No caso dos
modelos com viga alavanca (Modelo 02) e com laje de fundo (Modelo 04), as cargas
são concentradas na base do pilar e resistida totalmente pela viga de equilíbrio,
enquanto que o modelo com estaca em ficha (Modelo 01) distribui os esforços de
flexão diretamente para os elementos de fundações (estacas).
Com relação aos esforços axiais ou normais nos elementos
estruturais de rigidez, foram analisados especificamente os elementos estruturais dos
muros com tirantes (Modelo 03) e com contrafortes (Modelo 05), analisados no estado
limite último (ELU), onde é apresentado a Figura 49, que demonstra a distribuição de
esforços ao longo dos tirantes e dos contrafortes.
altura do muro de arrimo, de modo que as cargas laterais promovidas pelos empuxos
do solo não são predominantes em relação as cargas verticais promovidas pelo peso
próprio do muro e da sobrecarga do solo nas lajes de fundo. Dessa forma, a
sobrecarga em vãos centrais da laje de fundo tende a criar momentos negativos nos
vãos centrais das paredes de fechamento, o contrário ocorre com as cargas laterais,
que tendem a criar momentos positivos nos vãos centrais da parede de fechamento.
Com relação aos momentos fletores segundo a direção horizontal
(mz) nos elementos de fechamento dos muros com H=2,50m, é apresentado a Figura
51, que demonstra a distribuição dos esforços de flexão nas paredes.
foram encontradas faixas com momentos fletores negativos nos apoios, mas somente
considerável redução dos momentos fletores positivos, uma vez que as deformações
sofridas pelos pilares tendem a diminuir a rigidez dos apoios nas paredes, o que altera
a distribuição de esforços comparado a um sistema indeslocável.
Nos modelos com laje de fundo e com contrafortes (Modelos 04 e 05,
respectivamente) possuem incidências ainda maiores de momentos fletores positivos
ao longo da área de parede, e novamente, com concentrações máximas situadas em
alturas médias da parede e nos vãos centrais da laje, com valores na ordem de 0,30
a 0,55 tf.m/m. Já os momentos fletores negativos apresentam incidência na base das
paredes, assim como nos demais modelos com laje de fundo para diferentes alturas,
com picos que variam de -0,20 tf.m/m a -0,40 tf.m/m. E novamente, é possível
observar uma melhor distribuição de momentos fletores segundo a direção horizontal
para o modelo com contrafortes (Modelo 05) comparado aos demais modelos, em
decorrência da elevada rigidez nas regiões de apoio das paredes, que tendem a
manter o mesmo comportamento do que foi observado para as demais alturas.
Já os momentos fletores segundo a direção vertical (mx) foram
analisados apenas para os modelos com laje de fundo e com contrafortes (Modelos
04 e 05, respectivamente), em decorrência da presença da laje de fundo, que tende a
engastar e desenvolver esforços de momentos fletores no eixo vertical das paredes.
Para os demais modelos não foram observados valores significativos de momentos
fletores nas paredes, uma vez que as paredes tendem a apoiar-se apenas na direção
horizontal devido à ausência de lajes de fundo.
A Figura 54 compara a distribuição de momentos fletores das paredes
segundo a direção vertical, dos muros de arrimo com H=1,50m e H=2,50m, onde é
apresentado os modelos com laje de fundo e com contrafortes (Modelo 04 e 05,
respectivamente). A partir da Figura 54, é possível observar que em ambos os
modelos é apresentado pouca diferença na distribuição de esforços de momentos
fletores, com os maiores valores concentrados na base e nos vãos centrais das
paredes, no qual foram observados momentos fletores máximos negativos de -0,75
tf.m/m nos modelos com laje de fundo e -0,85 tf.m/m nos modelos com contrafortes,
para os muros com H=1,50m, e -0,70 tf.m/m nos modelos com laje de fundo e -0,85
tf.m/m nos modelos com contrafortes, para os muros com H=2,50m.
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Figura 56 – Momentos fletores nas estacas para o estado limite último (ELU).
Gráfico 3 – Momentos fletores máximos nas estacas, no estado limite último (ELU).
tirantes (Modelo 03). Já para os demais modelos (Modelo 01, 02 e 04) nota-se que o
consumo com fôrmas é similar, independentemente da altura do muro de arrimo.
Dessa forma, fica claro que a implementação de elementos de travamento nas
estruturas que recebem os empuxos horizontais, como os tirantes e os contrafortes,
demandam maior quantidade de recortes para montagem das fôrmas e concretagem,
o que torna o custo com fôrmas maior. Já para os demais modelos, torna-se
necessário o uso de fôrmas apenas para a execução das paredes, dos pilares e dos
blocos/vigas de fundações.
A seguir é apresentado o Gráfico 5, que compara o volume de
concreto total, em m³, somado os valores da superestrutura (elementos estruturais) e
a infraestrutura (elementos de fundações) dos muros de arrimo.
além disso, ocorre o aumento das cargas nas fundações devido à sobrecarga do peso
próprio do solo. Porém, a laje de fundo em muros de arrimo de maior porte a laje de
fundo contribui para reduzir os elevados esforços normais de tração na segunda linha
de estacas, como é apresentado na Tabela 40. Sabendo-se que o concreto não possui
resistência à tração e que a capacidade de carga das estacas tende a ser menor a
este esforço, é interessante que se reduza ou elimine completamente as cargas de
tração nas estacas, diminuindo o comprimento de armaduras nas estacas.
Quanto ao dimensionamento dos elementos estruturais tracionados,
isto é, os tirantes e os contrafortes, foi possível observar taxas mínimas de armaduras
para todas as alturas de arrimo. Entretanto, é evidente a menor concentração de
armaduras nos contrafortes, uma vez que os esforços de tração se distribuem ao longo
da parede, diferente do que ocorre no tirante, onde o esforço de tração é concentrado
em toda seção do elemento.
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5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
MARZIONNA. ET AL. Fundações: Teoria e Prática. 2ª Edição. São Paulo: Editora Pini,
1998.
APÊNDICES
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