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TIAGO GRANDE CAVALHEIRO

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE CONCEPÇÕES


ESTRUTURAIS DE MUROS DE ARRIMO EM CONCRETO
ARMADO SOBRE FUNDAÇÕES PROFUNDAS EM UM SOLO
DE ARGILA SILTOSA

Londrina
2021
TIAGO GRANDE CAVALHEIRO

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE CONCEPÇÕES


ESTRUTURAIS DE MUROS DE ARRIMO EM CONCRETO
ARMADO SOBRE FUNDAÇÕES PROFUNDAS EM UM SOLO
DE ARGILA SILTOSA

Monografia apresentada à Universidade


Estadual de Londrina - UEL, como requisito à
obtenção do título de Bacharel em Engenharia
Civil.

Orientador: Prof. Msc. Gabriel T. Caviglione

Londrina
2021
TIAGO GRANDE CAVALHEIRO

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE CONCEPÇÕES


ESTRUTURAIS DE MUROS DE ARRIMO EM CONCRETO
ARMADO SOBRE FUNDAÇÕES PROFUNDAS EM UM SOLO
DE ARGILA SILTOSA

Monografia apresentada à Universidade


Estadual de Londrina - UEL, como requisito à
obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.

BANCA EXAMINADORA

Orientador: Prof. Msc. Gabriel T. Caviglione


Universidade Estadual de Londrina - UEL

Prof(a). Dr(a). Raquel Souza Teixeira


Universidade Estadual de Londrina - UEL

Prof(a). Msc. Amanda Foggiato Christoni


Universidade Estadual de Londrina - UEL

Londrina, 11 de Junho de 2021.


AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus pela dádiva da vida. Sem a sua paz, sabedoria


e o seu amor nada seria possível.

Aos meus pais por todo amor, carinho, cuidado e apoio durante todo
o meu percurso acadêmico e nos momentos de dedicação aos estudos.

Aos meus amigos que sempre estiveram comigo, me dando todo


apoio, incentivo, motivação e direcionamento para atingir meus objetivos.

Ao meu professor e orientador Gabriel Caviglione, por todo incentivo


e aprendizado durante o período de orientação de minha monografia.

À todos os professores, funcionários e demais servidores técnicos da


Universidade Estadual de Londrina, que me acompanharam e me ensinaram lições e
princípios importantes durante todo o meu período de graduação.

Aos engenheiros Pablo Fogaça e Thiago Xavier por todo aprendizado


durante o período de estágio.

À todos estes a minha eterna gratidão. Foi fundamental a contribuição


de todos vocês.
“Compreender as coisas que nos rodeiam é a
melhor preparação para compreender o que há
mais além”.

Hipátia de Alexandria
CAVALHEIRO, Tiago Grande. Estudo comparativo entre concepções estruturais
de muros de arrimo em concreto armado sobre fundações profundas em um
solo de argila siltosa. 2021. 163 páginas. Monografia (Bacharel em Engenharia Civil)
– Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2021.

RESUMO

Os muros de arrimo são estruturas de contenção presentes nos mais diversos tipos
de obras civis, pois são responsáveis por conter maciços de terra que sob
determinadas condições podem ser instáveis. No geral, as estruturas de contenção
podem ter um elevado ônus financeiro em uma obra, uma vez que a intensidade de
carregamentos devido a empuxos de terra podem ser altas, e para conter esses
volumes de terra em condições de instabilidade existe a necessidade de conceber
estruturas capazes de suportar estes carregamentos. Na prática estrutural, são
conhecidas diversas concepções estruturais para muros de arrimo que melhor
respondem aos esforços e aos deslocamentos em decorrência de determinadas
circunstâncias construtivas. Em função disso, o referente trabalho tem como objetivo
analisar e comparar diferentes concepções estruturais de muros de arrimo em
concreto armado monolítico sobre fundações profundas em um terreno típico na
cidade de Londrina-PR, que possui um solo com camadas profundas em argila siltosa
com características colapsíveis. Para tanto, foram estudadas as seguintes cinco
concepções estruturais de muros de arrimo: muro com estaca em ficha, muro somente
com viga alavanca, muro com tirantes, muro com laje de fundo e viga alavanca e muro
com contrafortes, visando conter um solo de aterro compactado, para alturas de arrimo
que variam entre 1,50m, 2,50m, 4,00m e 6,00m. Foram desenvolvidos modelos
computacionais no software de análise estrutural SAP2000 v.20 em elementos finitos.
A resposta do solo ao esforço horizontal foi modelada com molas horizontais,
seguindo a hipótese de Winkler. Foram considerados carregamentos de empuxo
lateral com base na teoria de Rankine e sobrecargas no terreno distribuídas
uniformemente, referente à carga de veículos de categoria tipo II, conforme é
estabelecido pela NBR 6120:2019. Por fim, foram analisados os esforços de flexão na
estrutura para estado limite último (ELU), os deslocamentos horizontais para o estado
limite de serviço (ELS) e por fim, foi realizado a estimativa do consumo de materiais
dos muros de arrimo. Os resultados mostraram que os modelos com estacas em ficha
tendem a ser mais sustentáveis para os muros de arrimo com baixas alturas, porém,
estes apresentaram elevados deslocamentos e altas taxas de armaduras em muros
de arrimo maiores. Já os modelos com laje de fundo e com contrafortes podem ser
boas alternativas para muros de arrimo com elevadas alturas, pois tendem a reduzir
o consumo de aço nas fundações, entretanto, tendem a ser onerosos para muros de
arrimo baixos. Os modelos somente com vigas alavancas e com tirantes mostraram-
se boas alternativas para médias alturas de muros de arrimo, de modo que estes
apresentaram consumo de materiais com valores intermediários em relação aos
demais modelos.

Palavras-Chave: Teoria de Rankine. Hipótese de Winkler. Elementos Finitos. Aterro


Compactado. Argila Siltosa. Deslocamentos Horizontais.
CAVALHEIRO, Tiago Grande. Comparative study between conceptions shows of
reinforced concrete retaining walls on deep foundations in a silty clay soil. 2021.
163 pages. Monograph (Bachelor of Civil Engineering) – State University of Londrina,
Londrina, 2021.

ABSTRACT

Retaining walls are containment structures present in the most diverse types of civil
works, as they are responsible for containing masses of land that under certain
conditions can be unstable. In general, containment structures can have a high
financial burden on a construction, since the intensity of loading due to earth pressure
can be high, and to contain these volumes of land in conditions of instability there is a
need to design structures able to withstand these loads. In structural practice, there
are several structural concepts for retaining walls that best respond to stresses and
displacements as a result of certain construction circumstances. As a result, the
purpose of this work to analyze and compare different conceptions of retaining walls
in reinforced concrete on deep foundations in a typical soil in the city of Londrina-PR,
which has a soil with deep layers in silty clay with characteristics collapsible. For this
purpose, the following five structural conceptions of retaining walls were studied: wall
with pilling, wall with lever beam only, wall with bracing, wall with lever beam and
bottom slab and wall with buttresses, aiming to contain a landfill compacted, for heights
ranging between 1.50m, 2.50m, 4.00m and 6.00m. Computational models were
developed in the structural analysis software SAP2000 v.20 in finite elements. The soil
response to the horizontal effort was modeled with horizontal springs, following the
hypothesis of Winkler. Lateral thrust loads were considered based on Rankine's theory
and uniformly distributed surcharge on the load of type II vehicles, as established by
brazilian standard NBR 6120: 2019. Finally, the bending moment in the structure for
the failure limit, the horizontal displacements for the serviceability limit and finally, the
material consumption estimate of the retaining walls was carried out. The results
showed that models with pilling tend to be more sustainable for retaining walls with low
heights, however, they presented high displacements and high reinforcement rates in
larger retaining walls. Models with bottom slabs and buttresses can be good
alternatives for retaining walls with high heights, as they tend to reduce the
consumption of steel in foundations, however, they tend to be expensive for low
retaining walls. The models only with lever beams and with bracing proved to be good
alternatives for medium heights of retaining walls, so that they presented material
consumption with intermediate values in relation to other models.

Key-words: Rankine's Theory. Winkler Hypothesis. Finite Elements. Compacted


Landfill. Silty Clay. Horizontal Displacements.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estrutura do solo. .................................................................................... 19


Figura 2 - Tensões atuantes no maciço de solo. ...................................................... 20
Figura 3 - Critério de ruptura de Mohr-Coulomb. ...................................................... 21
Figura 4 - Ângulo de atrito interno em função do valor de NSPT. ............................... 24
Figura 5 - Fendas de tração na superfície de ruptura. .............................................. 31
Figura 6 - Ruptura do maciço de solo. ...................................................................... 31
Figura 7 – Empuxo ativo – Mobilização das tensões de cisalhamento. .................... 33
Figura 8 – Empuxo passivo – Mobilização das tensões de cisalhamento. ............... 34
Figura 9 – Estrutura de contenção – Cortina de estacas; (a) Linha elástica assumida
para a cortina em balanço; (b) Diagrama de forças simplificado; (c) Diagrama líquido
de empuxo para cálculo prático................................................................................. 35
Figura 10 – (a) Círculo de Morh; Trajetória de tensões; (b) Estado de repouso; (c)
Estado ativo; (d) Estado passivo. .............................................................................. 36
Figura 11 – Variações do coeficiente de empuxo (𝑘). .............................................. 37
Figura 12 – Equilíbrio da cunha de ruptura na teoria de Rankine............................. 39
Figura 13 – Círculo de Mohr – Obtenção dos coeficientes de empuxo (𝑘). .............. 40
Figura 14 – Diagramas de pressões horizontais – (a) Terreno sem inclinação; (b)
Terreno com inclinação; (c) Terreno com inclinação e sobrecarga. .......................... 42
Figura 15 – Cunha de ruptura utilizada na teoria de Coulomb. ................................ 44
Figura 16 – Polígono de equilíbrio para o cálculo de empuxo ativo. ........................ 45
Figura 17 – Polígono de equilíbrio para o cálculo de empuxo passivo. .................... 46
Figura 18 – Esforços atuantes em uma estrutura. .................................................... 50
Figura 19 – Critérios para verificação de equilíbrio; (a) deslizamento; (b) tombamento;
(c) capacidade de carga da fundação; (d) ruptura global. ......................................... 51
Figura 20 – Concepções estruturais especiais de muros de arrimo. ........................ 54
Figura 21 – Muro de flexão com estaca em ficha. .................................................... 55
Figura 22 – Muro de flexão com viga alavanca. ....................................................... 56
Figura 23 – Muro de flexão com laje de fundo.......................................................... 57
Figura 24 – Muro de flexão com mão francesa. ....................................................... 58
Figura 25 – Muro de flexão com contrafortes. .......................................................... 59
Figura 26 – Flexão nas paredes de muros de arrimo em concreto armado. ............ 60
Figura 27 – Diagramas de esforços devido ao empuxo – barra engastada-livre. ..... 61
Figura 28 – Ações horizontais em uma placa apoiada em três bordos. ................... 62
Figura 29 – Charneiras plásticas – placa apoiada em três bordos. .......................... 62
Figura 30 – Painéis apoiados em uma única direção. .............................................. 63
Figura 31 – Atrito lateral e resistência de ponta nas estacas. .................................. 71
Figura 32 – Reação horizontal do solo contra o deslocamento da estaca. .............. 77
Figura 33 – Estaca submetida a carregamentos transversais; (a) Comportamento
Real; (b) Molas Elásticas. .......................................................................................... 78
Figura 34 – Distribuição das molas ao longo do fuste e na ponta da estaca. ........... 82
Figura 35 – Distribuição de tensões no solo para contenções descontínuas. .......... 83
Figura 36 – Representação das regiões de empuxo passivo mobilizadas em
estruturas de contenção descontínuas. ..................................................................... 84
Figura 37 – Perfil de solo do CEEG/UEL, Londrina-PR. ........................................... 86
Figura 38 – Curva de compactação obtida – Amostra de solo do CEEG/UEL. ........ 87
Figura 39 – Sondagens SPT1, SPT2 e SPT3........................................................... 90
Figura 40 – Modelos elaborados no software de análise estrutural.......................... 92
Figura 41 – Modelo de pórtico espacial. ................................................................... 93
Figura 42 – Seções transversais dos muros de arrimo. ........................................... 94
Figura 43 – Vista frontal dos muros de arrimo. ......................................................... 95
Figura 44 – Distribuição das pressões laterais no muro de arrimo. .......................... 98
Figura 45 – Detalhe da área de influência dos apoios elásticos. ............................ 101
Figura 46 – Representação dos muros de arrimo para análise quantitativa. .......... 105
Figura 47 – Deslocamentos (𝛿) máximos nos muros de arrimo. ............................ 111
Figura 48 – Momentos fletores para o estado limite último (ELU). ......................... 114
Figura 49 – Esforços axiais para o estado limite último (ELU). .............................. 116
Figura 50 – Momentos fletores (mz) nas paredes (H=1,50m). ............................... 119
Figura 51 – Momentos fletores (mz) nas paredes (H=2,50m). ............................... 120
Figura 52 – Momentos fletores (mz) nas paredes (H=4,00m). ............................... 122
Figura 53 – Momentos fletores (mz) nas paredes (H=6,00m). ............................... 123
Figura 54 – Momento fletores (mx) nas paredes (H=1,50m;2,50m). ...................... 125
Figura 55 – Momento fletores (mx) nas paredes (H=4,00m;6,00m). ...................... 126
Figura 56 – Momentos fletores nas estacas para o estado limite último (ELU). ..... 127
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Faixas de coesão (kPa) em função dos valores de NSPT. ....................... 25


Tabela 2 - Correlação peso específico saturado (𝛾𝑠𝑎𝑡) e resistência a compressão
simples (𝑞𝑢). .............................................................................................................. 25
Tabela 3 – Peso específico () de solos argilosos. ................................................... 26
Tabela 4 – Peso específico () de solos arenosos. ................................................... 26
Tabela 5 - Correlações dos parâmetros de resistência ao cisalhamento. ................. 27
Tabela 6 - Características físicas médias do latossolo vermelho argiloso. ............... 28
Tabela 7 – Classificação amostras do solo – Ijuí-RS. ............................................... 29
Tabela 8 – Parâmetros de resistência do solo – Ijuí-RS. .......................................... 29
Tabela 9 - Valores recomendados para k0. ............................................................... 33
Tabela 10 – Faixa usual dos coeficientes de empuxo (𝑘). ........................................ 37
Tabela 11 – Valores para o coeficiente de empuxo ativo (𝑘𝑎). ................................. 40
Tabela 12 – Valores para o coeficiente de empuxo passivo (𝑘𝑃). ............................ 41
Tabela 13 – Valores ângulo de atrito solo-paramento (𝛿) para diferentes materiais. 47
Tabela 14 – Coeficiente de empuxo ativo (𝐾𝑎) na Teoria de Coulomb..................... 48
Tabela 15 – Coeficiente de empuxo ativo (𝐾𝑝) na Teoria de Coulomb. .................... 49
Tabela 16 – Ações em garagens e demais áreas de circulação de veículos. ........... 64
Tabela 17 – Ações permanentes diretas consideradas separadamente. ................. 67
Tabela 18 – Ações permanentes diretas agrupadas. ................................................ 67
Tabela 19 – Ações variáveis consideradas separadamente. .................................... 68
Tabela 20 – Ações variáveis consideradas conjuntamente. ..................................... 68
Tabela 21 – Valores de F1 e F2................................................................................ 72
Tabela 22 – Valores dos parâmetros 𝐾 e 𝛼. ............................................................. 73
Tabela 23 – Valores para o Fator C. ......................................................................... 74
Tabela 24 – Valores para os Fatores 𝛼 e 𝛽............................................................... 75
Tabela 25 – Valores de 𝑘ℎ para argilas pré-adensadas. .......................................... 78
Tabela 26 – Taxa de crescimento do coeficiente de reação horizontal com a
profundidade, para argilas e solos orgânicos. ........................................................... 79
Tabela 27 – Coeficiente de reação horizontal para areias, válidos para estacas de 30
cm de lado. ................................................................................................................ 79
Tabela 28 – Valores do coeficiente de proporcionalidade m em função do NSPT...... 80
Tabela 29 – Caracterização física obtida - Amostra de solo do CEEG/UEL. ............ 87
Tabela 30 – Resultados obtidos pela curva de compactação – amostra de solo do
CEEG/UEL. ............................................................................................................... 88
Tabela 31 – Parâmetros de resistência com corpo de prova inundado – amostra de
solo do CEEG/UEL.................................................................................................... 88
Tabela 32 – Parâmetros geotécnicos considerados para análise dos muros. .......... 91
Tabela 33 – Módulo de elasticidade inicial (𝐸𝑐𝑖) do concreto. .................................. 94
Tabela 34 – Distância entre eixos e dimensões das estacas.................................... 95
Tabela 35 – Pré-dimensionamento dos elementos estruturais. ................................ 96
Tabela 36 – Coeficientes para correção das resistências de ponta e lateral. ........... 99
Tabela 37 – Capacidade de carga admissível adotada. ......................................... 100
Tabela 38 – Coeficiente de deslocamento horizontal (Czh) do solo, com base na
sondagem à percussão SPT-03. ............................................................................. 102
Tabela 39 – Coeficiente de mola (𝐾ℎ) do solo para cada diâmetro de estaca, com base
na sondagem à percussão SPT-03. ........................................................................ 103
Tabela 40 – Cargas verticais (𝐹𝑧) nas estacas. ...................................................... 106
Tabela 41 – Capacidade de carga (𝑅𝑎𝑑𝑚) para estacas comprimidas................... 108
Tabela 42 – Capacidade de carga (𝑅𝑎𝑑𝑚) para estacas tracionadas. ................... 109
Tabela 43 – Dimensionamento das estacas. .......................................................... 110
Tabela 44 – Deslocamentos (𝛿) máximos nos muros de arrimo. ............................ 111
Tabela 45 – Momentos fletores máximos (𝑀𝑑𝑚á𝑥) nas estacas. ........................... 128
Tabela 46 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 01 (H=1,50m). 144
Tabela 47 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 02 (H=1,50m). 145
Tabela 48 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 03 (H=1,50m). 146
Tabela 49 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 04 (H=1,50m). 147
Tabela 50 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 05 (H=1,50m). 148
Tabela 51 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 01 (H=2,50m). 149
Tabela 52 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 02 (H=2,50m). 150
Tabela 53 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 03 (H=2,50m). 151
Tabela 54 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 04 (H=2,50m). 152
Tabela 55 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 05 (H=2,50m). 153
Tabela 56 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 01 (H=4,00m). 154
Tabela 57 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 02 (H=4,00m). 155
Tabela 58 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 03 (H=4,00m). 156
Tabela 59 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 04 (H=4,00m). 157
Tabela 60 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 05 (H=4,00m). 158
Tabela 61 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 01 (H=6,00m). 159
Tabela 62 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 02 (H=6,00m). 160
Tabela 63 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 03 (H=6,00m). 161
Tabela 64 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 04 (H=6,00m). 162
Tabela 65 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 05 (H=6,00m). 163
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


SPT Standard Penetration Test
CPT Cone Penetration Test
DMT Dilatometer Marchetti Test
ELU Estado Limite Último
ELS Estado Limite de Serviço
MEF Método dos Elementos Finitos
SISEs Sistema de Interação Solo-Estrutura
CRH Coeficiente de Reação Horizontal
CRV Coeficiente de Reação Vertical
UEL Universidade Estadual de Londrina
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 15
1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 16
1.2 OBJETIVO GERAL ........................................................................................ 17
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................. 17
2 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA ............................................................... 18
2.1 ASPECTOS GEOTÉCNICOS ........................................................................... 18
2.1.1 Fundamentos e Características do Solo ................................................... 18
2.1.2 Critério de Ruptura de Mohr-Coulomb...................................................... 20
2.1.3 Investigação Geotécnica .......................................................................... 22
2.1.3.1 Correlações dos parâmetros geotécnicos ................................................ 23
2.1.3.2 Estudos de parâmetros geotécnicos em solos argilosos .......................... 27
2.1.4 Estabilidade de Taludes ........................................................................... 29
2.1.5 Empuxos de Terra .................................................................................... 32
2.1.5.1 Empuxo ativo versus Empuxo passivo ..................................................... 33
2.1.5.2 Teoria de Rankine .................................................................................... 38
2.1.5.3 Teoria de Coulomb ................................................................................... 43
2.2 ASPECTOS ESTRUTURAIS ............................................................................ 50
2.2.1 Estabilidade das Estruturas de Arrimo ..................................................... 50
2.2.2 Concepções Estruturais de Muros de Arrimo Sobre Estacas ................... 52
2.2.2.1 Muros de flexão com estaca em ficha ...................................................... 55
2.2.2.2 Muros de flexão com viga alavanca ......................................................... 55
2.2.2.3 Muros de flexão com laje de fundo ........................................................... 56
2.2.2.4 Muros de flexão com escoras (ou tirantes) ............................................... 57
2.2.2.5 Muros de flexão com contrafortes ............................................................ 58
2.2.3 Esforços e Modos de Ruptura .................................................................. 59
2.2.3.1 Flexão em duas direções ......................................................................... 61
2.2.3.2 Flexão em uma direção ............................................................................ 63
2.2.4 Aspectos Normativos................................................................................ 63
2.2.4.1 Ações e carregamentos ............................................................................ 63
2.2.4.2 Segurança das estruturas ........................................................................ 65
2.3 ASPECTOS GERAIS DE FUNDAÇÕES .............................................................. 69
2.3.1 Fundações Profundas .............................................................................. 70
2.3.1.1 Métodos de capacidade de carga............................................................. 70
2.3.1.1.1 Método Aoki-Velloso................................................................................. 71
2.3.1.1.2 Método Décourt-Quaresma ...................................................................... 73
2.3.2 Sistema de Interação Solo-Estrutura (SISEs) .......................................... 76
2.3.2.1 Coeficiente de reação horizontal (CRH) ................................................... 76
2.3.2.2 Coeficiente de reação vertical (CRV) ....................................................... 81
2.3.2.3 Mobilização do empuxo passivo e o efeito de arco .................................. 83
3 MÉTODOS ............................................................................................... 85
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO SOLO DE ESTUDO ....................................................... 85
3.1.1 Índices Físicos .......................................................................................... 86
3.1.2 Parâmetros de Resistência ...................................................................... 88
3.1.3 Determinação dos Parâmetros Geotécnicos ............................................ 89
3.1.3.1 Critérios de análise para o solo de fundação ........................................... 89
3.1.3.2 Critérios de análise para o solo de aterro compactado ............................ 91
3.2 MODELAGEM COMPUTACIONAL .................................................................... 92
3.2.1 Discretização Numérica ............................................................................ 93
3.2.2 Materiais e Geometria .............................................................................. 94
3.2.3 Carregamentos ......................................................................................... 97
3.2.3.1 Empuxos e sobrecargas ........................................................................... 97
3.2.3.2 Peso próprio ............................................................................................. 99
3.2.4 Fundações ................................................................................................ 99
3.2.4.1 Coeficientes de reação horizontal (CRH) ............................................... 101
3.2.5 Combinações de Ações .......................................................................... 104
3.3 ESTIMATIVA DO CONSUMO DE MATERIAIS.................................................... 104
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................... 106
4.1 CAPACIDADE DE CARGA DAS FUNDAÇÕES ................................................... 106
4.2 COMPARATIVO ENTRE OS DESLOCAMENTOS ............................................... 110
4.3 COMPARATIVO ENTRE OS ESFORÇOS INTERNOS ......................................... 113
4.3.1 Esforços Internos nos Elementos Estruturais com Rigidez à Flexão...... 114
4.3.2 Esforços Internos nos Elementos Estruturais de Fechamento ............... 118
4.3.3 Esforços Internos nos Elementos de Fundações ................................... 126
4.4 COMPARATIVO ENTRE AS ESTIMATIVAS DOS CONSUMOS DE MATERIAIS ........ 129
4.5 COMPARATIVO ENTRE O DIMENSIONAMENTO DE ARMADURAS....................... 133

5 CONCLUSÃO ........................................................................................ 136


REFERÊNCIAS ...................................................................................... 140
APÊNDICES........................................................................................... 143
15

1 INTRODUÇÃO

As obras de contenção são estruturas comumente empregadas na


construção civil com a finalidade de garantir estabilidade contra o colapso de maciços
de solos. Sua implantação é necessária quando as condições de equilíbrio natural de
um maciço de solo são alteradas de modo que as tensões atuantes são maiores do
que a sua própria capacidade de resistência. A condição de instabilidade no talude
pode ocasionar a ruptura do maciço e provocar possíveis deslizamentos de terra e
acidentes graves.
Existem diversas técnicas e soluções para contenção e estabilização
de taludes, como retaludamento, aterro reforçado, crib-wall, cortinas, solo grampeado,
terra armada e os muros de arrimo. Na prática, pode ocorrer de uma solução melhor
se adequar em função de um cenário construtivo, tais como acesso e espaço no
canteiro de obras, características geológicas da região de implantação, segurança de
execução, transitoriedade do sistema de contenção, geração de impactos ambientais,
sociais e entre outros.
Dentre as diversas soluções empregadas, os muros de arrimo são
estruturas apropriadas para contenções de pequeno à médio porte e podem ser
executados em sistemas construtivos tradicionais, tais como os de concreto armado
e alvenaria estrutural. Segundo Gerscovich (2016), os muros de arrimo podem ser
definidos como estruturas verticais capazes de conter o solo e com rigidez suficiente
para resistir as tensões provocadas pelas pressões horizontais do maciço.
A solução a ser escolhida depende da magnitude das tensões
horizontais, isto é, existem soluções mais eficientes para baixas alturas de arrimos e
soluções mais adequadas para contenção de grandes volumes de terra. Desta forma,
é importante que se adotem sistemas que sejam eficientes, que garanta a estabilidade
estrutural e atenda as condições usuais de serviço, a fim de tornar o custo da solução
adotada o mais seguro e rentável possível.
Segundo Moliterno (1980), o ônus financeiro relacionado a construção
de um muro de arrimo em uma obra possui alta relevância. Sendo assim, torna-se
necessário uma análise criteriosa do projetista ao melhor definir o sistema construtivo
e a concepção estrutural para obra. A escolha inadequada de um sistema pode
acarretar custos excessivos para obra e consequências indesejáveis que podem
comprometer o desempenho estrutural e a funcionalidade da contenção.
16

1.1 JUSTIFICATIVA

Os muros de arrimo executados em concreto armado são abundantes


e construídos em larga escala para situações em que tenha necessidade de conter
pequenos a grandes volumes de terra. Devido as facilidades construtivas e o acesso
aos insumos usuais necessários para a execução, tais como o cimento, brita, areia,
aço e fôrmas de madeira, as soluções estruturais em concreto armado acabam por se
tornar baratas e recorrentes para diversos tipos de obras.
Em maciços de solo com baixa resistência superficial é comum que
os muros de arrimos de concreto armado sejam executados sobre fundações indiretas
ou profundas do tipo estacas, independentemente do método de execução adotado.
Os solos moles são compostos por sedimentos argilosos com valores de SPT ≤ 4, ou
seja, argilas moles ou areias argilosas fofas de deposição recente. Em função da baixa
capacidade de suporte destes solos, a transmissão de carga por fundações diretas
tornam-se inviáveis.
É comum que ocorram deslocamentos horizontais nas estacas
quando estas são submetidas à ações horizontais. Nos muros de arrimo essa natureza
de carregamento ocorre predominantemente em função dos empuxos horizontais
causados pelo maciço de terra. Dessa maneira, espera-se que as deslocamentos
horizontais sejam maiores em muros de arrimos executados sobre maciços de solo
com baixa capacidade de carga e extensas camadas de solo colapsível.
Além disso, os muros de arrimo em concreto armado podem ser
executados em diversas formas geométricas que permitem diferentes distribuições de
esforços ao longo de sua estrutura. A eficiência de um sistema estrutural está
diretamente ligado com a distribuição de esforços ao longo de sua seção até que as
cargas oriundas do empuxo do maciço de solo migrem para os elementos de
fundação.
Podem existir inúmeras situações que demande uma análise
criteriosa do projetista para definir o sistema estrutural a se utilizar para o projeto de
um muro de arrimo. O critério de escolha para um sistema mais adequado deve ser
ponderado pela resposta da concepção adotada aos principais aspectos estruturais,
como a distribuição de esforços ao longo da estrutura e seus deslocamentos, que
remetem a sua segurança, assim como aos aspectos econômicos e construtivos,
como o consumo de materiais, tempo de execução e custos de serviços.
17

1.2 OBJETIVO GERAL

Analisar e comparar cinco concepções estruturais de muros de arrimo


em concreto armado monolítico, sendo estes: muro com estaca em ficha, muro
somente com viga alavanca, muro com tirantes, muro com viga alavanca e laje de
fundo e muro com contrafortes, visando conter um solo de aterro compactado, para
alturas de arrimo que variam entre 1,50m, 2,50m, 4,00m e 6,00m.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Analisar e comparar os valores dos deslocamentos horizontais máximos nos


elementos estruturais e nos elementos de fundações, para o estado limite de
serviço (ELS), para os muros de arrimo com alturas de 1,50m, 2,50m, 4,00m e
6,00m.
 Analisar e comparar os valores e as posições dos momentos fletores máximos
nos elementos estruturais e nos elementos de fundações para o estado limite
último (ELU); para os muros de arrimo com alturas de 1,50m, 2,50m, 4,00m e
6,00m.
 Analisar e comparar o consumo dos principais insumos estruturais necessários
para construção dos muros de arrimo, tais como volume de concreto, área de
fôrmas e peso de aço, para muros de arrimo com alturas de 1,50m, 2,50m,
4,00m e 6,00m.
18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

Nos projetos de muros de arrimo devem ser considerados aspectos


importantes para o aumento de sua vida útil e redução de impactos negativos, os quais
podem acarretar excedentes de custos no orçamento da obra e futuras manifestações
patológicas em sua estrutura. Sendo assim, é imprescindível a avaliação do projetista
na definição do sistema construtivo mais eficiente que responda de forma positiva as
suas condições de contorno.
Antes de se escolher determinada solução construtiva e definir o
sistema estrutural é necessário conhecer o tipo de solo e seu comportamento, de
modo a avaliar as cargas que serão transmitidas na estrutura até as fundações. Para
isso, nesse tópico serão avaliados aspectos geotécnicos, construtivos e estruturais
que servem de apoio para se executar muros de arrimos sustentáveis
economicamente e com um maior horizonte de projeto.

2.1 ASPECTOS GEOTÉCNICOS

Os muros de arrimo são estruturas que recebem cargas estáticas


oriundas de pressões laterais de um maciço de solo. A intensidade dos carregamentos
pode ser variável em função de características geotécnicas do solo, tais como o peso
específico, granulometria, condições de saturação e entre outros aspectos que serão
abordados nesse tópico.

2.1.1 Fundamentos e Características do Solo

Segundo Vargas (1977), o solo é um material de construção sob o


ponto de vista da engenharia civil, uma vez que a grande maioria das obras apoiam-
se sobre a crosta terrestre, como estradas, aeroportos, barragens, portos, edifícios e
outros tipos de construção, onde a constituição dos materiais em suas primeiras
camadas é dada por material granular e solto.
O solo pode ser descrito como um material escavável por meio de
equipamentos manuais simples, tais como picaretas e pás, ou por equipamentos
mecânicos mais robustos, tais como escavadeiras e perfuratrizes, por exemplo,
diferente das rochas, que necessitam de explosivos para seu “desmonte” e remoção.
19

O solo é um material resultante de um processo físico-químico de


decomposição mineralógica das rochas, devido a ação de intempéries ao longo de
muitos anos. O processo de decomposição das rochas gera compostos minerais de
diferentes dimensões dos grãos, de modo que um mesmo tipo de solo pode ser
composto por grãos de diferentes tamanhos.
Segundo Vargas (1997), as frações constituintes do solo não se
diferem apenas em razão da característica mineralógica da rocha mãe ou da presença
de materiais orgânicos transportados de outras regiões em sua composição, mas
principalmente em decorrência de granulometria, ou seja, da diferença de tamanho
entre os grãos, conforme é apresentado na Figura 1.

Figura 1 – Estrutura do solo.

Fonte: O próprio autor.

A análise granulométrica de um solo é feita mediante ao seu


peneiramento e análises de sedimentação, desta maneira, as partículas podem ser
classificadas em função do seu tamanho. A estrutura do solo influencia diretamente
no comportamento mecânico deste, sendo assim é fundamental conhece-la para
avaliar e definir um sistema de estabilidade adequado.
20

Um dos principais objetivos da mecânica dos solos é estudar o


comportamento do solo em decorrência de ações em sua própria estrutura, de modo
a prever pressões e deformações desenvolvidas em um determinado ponto. As cargas
aplicadas em um maciço de solo natural podem atuar ao longo de muitos anos, como
o seu próprio peso, porém, as cargas que demandam mais cautela dos engenheiros
para o cálculo de estabilidade são devidas às ações externas causadas pela
interferência do homem.
As pressões no maciço de solo são capazes de gerar tensões normais
e tensões de cisalhamento entre os grãos que compõem o solo, como mostra a Figura
2. Essas pressões podem ser de natureza pré-existente, como o peso próprio, e
sofrem aumento proporcional com a profundidade, ou de natureza externa, cuja
intensidade depende da distribuição na superfície ou no interior do maciço.

Figura 2 - Tensões atuantes no maciço de solo.

Fonte: O próprio autor.

Para que um maciço de solo se mantenha estável é necessário que


as tensões resistentes do maciço sejam maiores que as tensões atuantes. Dessa
maneira, são estudados os problemas de ruptura na mecânica dos solos, nos quais
são verificadas a relação entre o comportamento mecânico de um maciço de solo e
as condições para o equilíbrio das forças atuantes em sua envoltória.

2.1.2 Critério de Ruptura de Mohr-Coulomb

O solo é um material granular cuja resistência ao cisalhamento se dá


pelo atrito e coesão entre os grãos. Este mecanismo de ruptura depende das
condições de confinamento do solo, uma vez que quanto maior as pressões, maior o
21

atrito desenvolvido grão a grão. A resistência ao cisalhamento (𝜏) de um ponto no


maciço de solo pode ser estimada pelo critério de ruptura de Mohr-Coulomb em função
das tensões normais (𝜎) que agem sobre o plano, como mostra a Equação (1).

𝜏 (𝑘𝑃𝑎) = 𝑐 + 𝜎. tan 𝜑 (1)

Pode-se notar pela Equação (1) que a resistência ao cisalhamento do


solo é dependente dos parâmetros de coesão (c) e do ângulo de atrito interno do solo
(𝜑). Segundo Vargas (1997), estes parâmetros variam em decorrência das frações de
solo (argilas, siltes, areias), condições de drenagem, tempo de carregamento e
grandeza das tensões aplicadas.
Dessa maneira, a reta dada pela Equação (1) estabelece a envoltória
de resistência do material ao cisalhamento e limita as tensões atuantes no maciço que
podem provocar sua ruptura. A ruptura ocorre no plano onde as tensões, representada
pelo estado de tensões no círculo de Mohr, atingem a reta de envoltória de Mohr-
Coulomb, como pode-se observar na Figura 3.

Figura 3 - Critério de ruptura de Mohr-Coulomb.

Fonte: O próprio autor.

Onde, tem-se que 𝜃𝑐𝑟 é o ângulo crítico do plano de ruptura do solo,


formado em relação a uma reta horizontal. Pode-se descrever o ângulo crítico do plano
de ruptura (𝜃𝑐𝑟 ) do maciço como sendo igual a 45º somado a metade do ângulo de
atrito interno do solo (𝜑), em graus, como mostra a Equação (2).
22

𝜑 (2)
𝜃𝑐𝑟 (º) = 45º +
2

Os parâmetros de avaliação de ruptura dos maciços de solo são


fundamentais para o cálculo de estabilidade de taludes e na verificação da viabilidade
em construir estruturas de reforço para conter um maciço, quando esse já não se
encontra mais estável. Estes parâmetros podem ser definidos por meio de ensaios em
laboratório, como o ensaio de cisalhamento direto, ensaio de compressão triaxial e o
ensaio de compressão simples.

2.1.3 Investigação Geotécnica

Como dito no tópico anterior, os parâmetros geotécnicos podem ser


obtidos por meio de ensaios de laboratório, de modo que, é mais confiável que se
realizem ensaios geotécnicos para obtenção de resultados mais seguros. Muitas
vezes recorre-se aos métodos de investigação geotécnica em campo com maior
frequência para estimativa das propriedades mecânicas do solo, a fim de analisar sua
capacidade de carga ou até mesmo estimar parâmetros geotécnicos por meio de
correlações matemáticas.
O ensaio sondagem de simples reconhecimento do tipo SPT
(Standard Penetration Test) é o método de investigação geotécnica mais utilizado no
Brasil, e consiste na cravação dinâmica de um amostrador padronizado no solo que
fornece um índice N para os 30 centímetros finais de cada metro de solo avaliado.
Além disso, por meio do ensaio SPT é capaz de fazer a caracterização tátil visual da
estatigrafia do solo e o seu nível d’água.
Além do SPT, existem outros métodos de ensaio, como o CPT (Cone
Penetration Test) e DMT (Dilatometer Marchetti Test), que também podem ser
explorados em função dos resultados que se deseja obter. É unanimidade para os
especialistas da área que, quanto mais se investiga um solo por meio de métodos
diferentes, melhores serão seus resultados, uma vez que as informações são
complementadas entre os métodos (TEIXEIRA et al, 2008).
Por se tratar de um ensaio mais simples e prático, houve uma
popularização muito grande do SPT entre as empresas de geotecnia no Brasil. É
incontestável a viabilidade do método de investigação nos mais diversos tipos de
23

obras que existem, entretanto, segundo Magalhães (2015), ainda destacam-se


diversos pontos negativos em sua execução, devido ao despreparo de muitas
empresas que realizam sondagens de forma equivocada, o que traz resultados
incoerentes e impossibilita correlacionar seus valores.
Os fatores que mais influenciam na diferenciação de resultados do
valor da energia teórica de cravação do amostrador são os equipamentos e o
procedimento de ensaio. Essa diferenciação ocorre por conta de erros como a falta
de equipamentos ou por falha humana. No Brasil, estudos indicam que os resultados
variam em torno de 70% a 80% da energia teórica de cravação, seguindo
rigorosamente as instruções da ABNT NBR 6484 (BELICANTA, 1998; DÉCOURT,
1989, apud MAGALHÃES, 2015).

2.1.3.1 Correlações dos parâmetros geotécnicos

As correlações no âmbito geotécnico são equações que permitem


descrever relações entre os parâmetros ou propriedades do solo, como peso
específico, índice de compacidade, densidade relativa, porosidade, módulo de
deformabilidade, tensão efetiva vertical, entre outros. Devido ao uso intensivo do
ensaio SPT nas obras para investigação geotécnica, foram desenvolvidas muitas
correlações entre parâmetros geotécnicos e o índice NSPT.
No geral, as correlações empíricas são estabelecidas para condições
específicas do solo, portanto, convém ressaltar que seu uso deve ser feito com
bastante ponderação por parte do engenheiro. Na prática, as correlações de NSPT mais
utilizadas visam obter a compacidade e ângulo de atrito, para solos arenosos, e
consistência e coesão interna, para solos argilosos (A.J. WELTMAN; J.M. HEAD;
1983, apud GONÇALVES, 2016).
Muitos autores propuseram correlações que podem servir de
parâmetro para estimar alguma propriedade do solo. Para solos com comportamento
granular interessa definir o ângulo de atrito interno do solo (𝜑). Para isso, De Mello
(1967, apud Gonçalves, 2016) estabeleceu o seguinte ábaco (Figura 4) que relaciona
o ângulo de atrito com o valor de NSPT e a tensão vertical efetiva (𝜎′𝑣 ) em areias.
24

Figura 4 - Ângulo de atrito interno em função do valor de NSPT.

Fonte: De Mello (1967).

É possível notar que o ângulo de atrito interno (𝜑) tende a ser maior
em solos mais confinados e com um maior índice de NSPT, como mostra a Figura 4.
Teixeira (1996, apud Schnaid, 2012) também propôs a seguinte correlação entre o
ângulo de atrito interno (𝜑) e o índice NSPT, expressa pela Equação (3).

𝜑(º) = 15° + √24. 𝑁𝑆𝑃𝑇 (3)

Para os solos coesivos, Gonçalves (2016) cita que as correlações com


o índice NSPT estabelecidas devem ser consideradas apenas orientativas. É
recomendado que, em função da complexidade de uma obra geotécnica, realizem-se
os demais ensaios e investigações do solo para melhor conclusão da avaliação de
parâmetros geotécnicos.
Os parâmetros de resistência do solo que correlacionam o NSPT
dependem de muitas variantes, como a plasticidade da argila, intensidade das
pressões intersticiais, adensamento e as condições de ensaio. A dispersão de valores
é maior nos solos coesivos do que nos solos granulares. Muitos autores buscaram
classificar suas correlações para determinar os parâmetros dos solos coesivos,
entretanto, os resultados apresentados se diferenciaram substancialmente.
25

Alonso (2010, apud Almeida e Oliveira, 2018) determina as faixas de


coesão de um solo argiloso em função do NSPT conforme é apresentado na Tabela
Tabela 1.

Tabela 1 – Faixas de coesão (kPa) em função dos valores de NSPT.


NSPT Consistência Coesão (kPa)
<2 Muito mole < 10
2-4 Mole 10-25
5-8 Média 25-50
9-15 Rija 50-100
15-30 Muito rija 100-200
> 30 Dura > 200
Fonte: Alonso (2010 apud Almeida e Oliveira, 2018).

Hunt (1984, apud Gonçalves, 2016) adaptou os trabalhos de Terzaghi


e Peck (1948) nas correlações do NSPT para solos argilosos na estimativa do peso
específico saturado (𝛾𝑠𝑎𝑡 ) e da resistência a compressão simples (𝑞𝑢 ), como mostra a
Tabela 2.

Tabela 2 - Correlação peso específico saturado (𝛾𝑠𝑎𝑡 ) e resistência a compressão


simples (𝑞𝑢 ).
sat qu
Consistência NSPT Identificação manual
(g/cm³) (kg/cm²)
Dura >30 Marca-se dificilmente >2,24 >4,0
Muito Rígida 15-30 Marca-se com a unha do polegar 2,08-2,24 2,0-4,0
Rígida 8-15 Marca-se com o polegar 1,92-2,08 1,0-2,0
Média 4-8 Moldável através de pressões fortes 1,76-1,92 0,5-1,0
Branda 2-4 Moldável através de pressões fracas 1,60-1,76 0,25-0,5
Muito branda <2 Desfaz-se entre os dedos 1,44-1,60 0-0,25
Fonte: Hunt (1984 apud Gonçalves, 2016).

Godoy (1972, apud Cintra et al, 2003) também estabelece estimativas


para o peso específico (𝛾𝑛𝑎𝑡 ) de solos argilosos e solos arenosos, em função da
consistência da argila e da compacidade da areia, respectivamente, cujo os estados
de consistência e da compacidade destes solos são dados em função do índice de
resistência à penetração NSPT, como mostram as Tabela 3 e Tabela 4.
26

Tabela 3 – Peso específico () de solos argilosos.

Faixa de NSPT Consistência  (kN/m³)


≤2 Muito mole 13
3-5 Mole 15
6-10 Média 17
11-19 Rija 19
≥20 Dura 21
Fonte: Godoy (1972, apud Cintra et al, 2003).

Tabela 4 – Peso específico () de solos arenosos.


 (kN/m³)
Faixa de
Compacidade Areia Areia Areia
NSPT
Seca Úmida Saturada
≤5 Fofa
16 18 19
5-8 Pouco compacta
9-18 Medianamente compacta 17 19 20
19-40 Compacta
18 20 21
≥40 Muito compacta
Fonte: Godoy (1972, apud Cintra et al, 2003).

Em uma análise mais geral dos parâmetros geotécnicos, a correlação


proposta por Joppert (2007) é frequente e muito utilizada na prática geotécnica, por
comtemplar os parâmetros de resistência ao cisalhamento e os mais variados tipos
de solos em função das faixas de valores de NSPT, como mostra a Tabela 5.
27

Tabela 5 - Correlações dos parâmetros de resistência ao cisalhamento.


Módulo de Peso específico (g) Ângulo Coesão
Faixa
Tipo de Solo deformabilidade Natural Saturado de atrito efetiva
de N SPT
(tf/m³) (tf/m³) (tf/m³) efetivo (f) (tf/m²)
0-4 2000-5000 1,7 1,8 25º -
5-8 4000-8000 1,8 1,9 30º -
Areia pouco siltosa /
9-18 5000-10000 1,9 2,0 32º -
pouco argilosa
19-41 8000-15000 2,0 2,1 35º -
≥41 16000-20000 2,0 2,1 38º -
0-4 2000 1,7 1,8 25º 0,00
Areia média e fina 5-8 4000 1,8 1,9 28º 0,50
muito argilosa 9-18 5000 1,9 2,0 30º 0,75
19-41 10000 2,0 2,1 32º 1,00
0-2 200-500 1,5 1,7 20º 0,75
Argila porosa 3-5 500-1000 1,6 1,7 23º 1,50
vermelha e amarela 6-10 1000-2000 1,7 1,8 25º 3,00
≥10 2000-3000 1,8 1,9 25º 3,00 a 7,00
0-2 100 1,7 1,8 20º 0,75
3-5 100 a 250 1,8 1,9 23º 1,50
Argila siltosa, pouco 6-10 250 a 500 1,9 1,9 24º 2,00
arenosa (terciário) 11-19 500-1000 1,9 1,9 24º 3,00
20-30 3000-10000 2,0 2,0 25° 4,00
≥30 10000-15000 2,0 2,0 25º 5,00
0-2 500 1,5 1,7 15º 1,00
3-5 500-1500 1,7 1,8 15º 2,00
Argila arenosa pouco
6-10 1500-2000 1,8 1,9 18º 3,50
siltosa
11-19 2000-3500 1,9 1,9 20º 5,00
≥20 3500-5000 2,0 2,0 25º 6,50
Turfa / argila orgânica 0-1 40-100 1,1 1,1 15º 0,50
(quaternário) 2-5 100-150 1,2 1,2 15º 1,00
5-8 8000 1,8 1,9 25º 1,50
Silte arenoso pouco 9-18 1000 1,9 2,0 26º 2,00
argiloso (residual) 19-41 15000 2,0 2,0 27º 3,00
≥41 20000 2,1 2,1 28º 5,00
Fonte: Adaptado de Joppert (2007).

2.1.3.2 Estudos de parâmetros geotécnicos em solos argilosos

Muitos autores estudaram o comportamento de diferentes tipos de


solos argilosos mediante a realização de ensaios geotécnicos em diferentes
condições de contorno, tais como mudanças na estrutura do solo, variação da
umidade, compactação em energias diferentes e entre outros. Distinguir essas
condições pode ser de suma importância na estimativa dos parâmetros geotécnicos
de um determinado tipo de solo que sofreu alguma alteração para fins construtivos.
28

Gutierrez et al. (2009) estudou o comportamento de latossolo


vermelho argiloso compactado em diferentes energias proveniente de uma amostra
de solo colhida na cidade de Maringá-PR, a uma profundidade de 4 metros. Os
resultados obtidos são apresentados na Tabela 6.

Tabela 6 - Características físicas médias do latossolo vermelho argiloso.


Energia de γd w Sr RCS
Moldagem e
Compactação (kN/m³) (%) (%) (kPa)
Ramo seco 14,45 14,45 1,083 74,2 346
Normal
Umid. ótima 15,00 29,90 1,007 89,4 774
(600 kJ/m³)
Ramo úmido 14,44 32,40 1,084 89,9 799
Ramo seco 15,29 24,80 0,969 77,1 1068
Intermediária
Umid. ótima 16,20 26,70 0,858 93,7 3510
(1300 kJ/m³)
Ramo úmido 15,24 30,20 0,975 93,2 3862
Fonte: Adaptado de Gutierrez et al (2009; apud Oyama, 2013).

O teor de umidade de compactação não influencia somente no peso


do solo, mas também na resistência ao cisalhamento do mesmo. Balmaceda (1991;
apud Zanin, 2014) cita em seus trabalhos a resistência ao cisalhamento de um solo
tende a decrescer quando submetido a umidades maiores do que o valor de sua
umidade ótima.
Diemer et al. (2008, apud Zanin, 2014) analisaram o solo da região de
Ijuí, no Rio Grande do sul, em diferentes condições de ensaio a fim de obter e
comparar as diferenças entre os resultados dos parâmetros geotécnicos do solo. Foi
realizado o ensaio de cisalhamento direto nessas amostras a fim de obter os
parâmetros de ângulo de atrito e coesão interna. As amostram foram classificadas e
os resultados dos parâmetros de resistência foram obtidos conforme mostra as Tabela
7 e Tabela 8, respectivamente.
29

Tabela 7 – Classificação amostras do solo – Ijuí-RS.


Método de classificação
Amostra
Triangular Unificada Rodoviária
Solo A Argila MH - Silte de alta compressibilidade A-7-5
Solo B Argila MH - Silte de alta compressibilidade A-7-5
Solo C Argila MH - Silte de alta compressibilidade A-7-5
Solo D Argila MH - Silte de alta compressibilidade A-7-5
Solo E Argila MH - Silte de alta compressibilidade A-7-5
Solo F Argila MH - Silte de alta compressibilidade A-7-5
Solo G Argila MH - Silte de alta compressibilidade A-7-5
Solo H Argila CH - Argila de alta compressibilidade A-7-6
Fonte: Adaptado de Diemer et al (2008; apud Zanin, 2014).

Tabela 8 – Parâmetros de resistência do solo – Ijuí-RS.


Ângulo de Coesão (c)
Amostra Situação Condição
atrito (φ)º kPa
Solo A Indeformada Inundada 24,27 15,8
Solo A Compactada / EN Inundada 30,28 26,06
Solo A Compactada / EI Inundada 32,48 36,68
Solo A Compactada / EM Inundada 35,51 41,16
Solo B Indeformada Inundada 22,6 38,9
Solo C Indeformada Inundada 21,3 1,22
Solo D Indeformada Inundada 23,6 6,68
Solo E Indeformada Inundada 20,5 1,63
Solo F Compactada / EN Inundada 31,87 19,63
Solo G Compactada / EN Inundada 31,89 21,7
Solo H Compactada / EN Inundada 35,2 23,58
EN-Energia normal; EI-Energia intermediária; EM-Energia Modificada
Fonte: Adaptado de Diemer et al (2008; apud Zanin, 2014).

2.1.4 Estabilidade de Taludes

Segundo Vargas (1997), o cálculo de estabilidade de taludes consiste


na determinação do ângulo de talude, na medida que, sob determinadas condições, o
talude se mantém estável. Em todos os pontos do maciço deve ser garantido que as
tensões atuantes de cisalhamento sejam menores do que as tensões resistentes, que
é possível verificar em função dos parâmetros demonstrados no tópico anterior.
Para efeito de análise, pode-se dizer que o talude só se manterá em
equilíbrio caso o seu ângulo de talude for menor do que o ângulo de talude máximo
calculado, com certo valor de segurança e dentro das condições mais críticas
30

calculadas. Caso contrário, ou seja, se o seu ângulo de talude for maior do que o
ângulo de talude de equilíbrio, o mesmo encontra-se instável mecanicamente.
Como dito anteriormente, os taludes instáveis estão sujeitos a deslizar
ao longo de uma superfície crítica de ruptura, isso é, os pontos ao longo do talude no
qual atuam-se as maiores tensões de cisalhamento, formando-se uma superfície.
Dentro desse cenário é possível avaliar o comportamento do maciço de solo em
função de sua ruptura por cisalhamento, usando-se o critério de ruptura de Mohr-
Coulomb.
Em maciços não coesivos, ou areias puras, o valor do parâmetro “c”
ou coesão é nulo, e a superfície de ruptura do maciço é plana, com isso, os maciços
só se mantém em estabilidade quando o ângulo de atrito interno do solo for maior do
que o ângulo de inclinação do talude. Segundo Vargas (1997), somente nesse caso
faz sentido a palavra “talude natural”, uma vez que na própria condição natural do
talude se encontrará em equilíbrio plástico.
Em maciços coesivos, ou solos com maior concentração de finos, o
valor do parâmetro “c” é diferente de zero, de modo que, a superfície de ruptura do
maciço não é plana. Para o estudo da estabilidade de taludes em maciços coesivos
existem diversos métodos que estimam o comportamento mecânico do maciço e
determinam coeficientes de segurança em casos que se verificam condições de
estabilidade.
Quando os maciços de solo são taludados em inclinações altas,
maiores do que o seu ângulo de atrito interno, a tendência é que se intensifique as
tensões de cisalhamento em suas superfícies críticas e crie uma condição de
instabilidade. Em solos coesivos submetidos a essas condições, é possível surgir
fendas de tração na região da crista do talude, como é ilustrado na Figura 5.
31

Figura 5 - Fendas de tração na superfície de ruptura.

Fonte: O próprio autor.

As fendas de tração são indicativos de que pode haver deslizamento


da cunha do maciço de solo, este que se encontra instável. A ruptura ocorre quando
as tensões atuantes de cisalhamento são maiores do que as tensões resistentes.
Após ocorrer a ruptura no talude instável, o maciço de terra adapta-se e assume uma
inclinação próxima do seu estado de repouso, como mostra a Figura 6, e
consequentemente, as tensões de cisalhamento atuantes serão menores.

Figura 6 - Ruptura do maciço de solo.

Fonte: O próprio autor.


32

Para se analisar o estado de tensões, verificam-se as tensões


verticais e horizontais atuantes, a fim de se determinar as tensões no plano principal
de tensões (tensões normais e de cisalhamento máximas). Segundo Gerscovich
(2016), em casos que existem topografias irregularidades ou heterogeneidade do
maciço de solo, a análise dos estados de tensões pode ser complexa.
No caso de um maciço de terra horizontal, formado por deposições
graduais de solo (solos sedimentares), ou formado pela decomposição homogênea e
gradual de rocha (solos residuais), tem-se uma condição geostática. Nesta condição,
as tensões horizontais são compensadas, uma vez que a tendência de deslocamento
no plano horizontal é nula, sendo assim, o plano vertical e o horizontal são os planos
de tensões principais.
Quando ocorre tendência de deslocamentos horizontais, em maciços
de solos com superfície inclinada, como as encostas, surgem tensões de
cisalhamento nos planos verticais e horizontais. Dessa forma, pode-se dizer que o
maciço não corresponde as condições geostáticas e os planos horizontais e verticais
deixam de ser principais.

2.1.5 Empuxos de Terra

Os empuxos de terra são resultados das pressões laterais produzidas


por um maciço de solo em relação a uma estrutura. As cargas que dão origem ao
empuxo são os principais carregamentos a serem considerados para o
dimensionamento de estruturas de contenção, ou seja, são as ações que possuem
maior magnitude e intensidade para efeito de cálculo.
Em um maciço do solo em equilíbrio as tensões verticais (𝜎𝑣 ) podem
ser correlacionadas com as tensões horizontais (𝜎ℎ ) por meio do coeficiente de
empuxo no repouso (𝑘0 ), que indica o potencial de deformabilidade do solo, como
mostra a Equação (4). O coeficiente de empuxo no repouso (𝑘0 ) pode ser determinado
por meio de correlações matemáticas ou em ensaios de laboratório nas condições em
que a deformação horizontal (𝜀ℎ ) é igual a 0.

𝜎ℎ = 𝑘0 . 𝜎𝑣 (4)
33

O parâmetro 𝑘0 depende de vários outros parâmetros geotécnicos,


tais como ângulo de atrito, índice de vazios, granulometria, razão de pré-adensamento
e entre outros. A Tabela 9 indica os valores recomendados para o parâmetro 𝑘0 em
função do tipo de solo.

Tabela 9 - Valores recomendados para k0.


Solo k0
Areia fofa 0,55
Areia densa 0,40
Argila de alta plasticidade 0,65
Argila de baixa plasticidade 0,50
Fonte: Adaptado de Gerscovich, 2016.

2.1.5.1 Empuxo ativo versus Empuxo passivo

As cargas nos problemas de fundações são majoritariamente


orientadas verticalmente, como no caso de sapatas e estacas que apoiam estruturas
convencionais, entretanto, as estruturas de contenção recebem cargas
predominantemente horizontais. Na mecânica dos solos divide-se a natureza das
pressões horizontais em duas categorias, o empuxo ativo e o empuxo passivo.
O empuxo ativo ocorre quando o maciço de solo exerce pressão em
um paramento rígido, de modo que o solo sofre uma distensão com o afastamento da
estrutura e o solicita ativamente. Conforme a estrutura é deslocada, a pressão
horizontal pode ser aliviada devido ao desenvolvimento de resistência ao
cisalhamento no plano de ruptura do solo, como pode-se observar na Figura 7.

Figura 7 – Empuxo ativo – Mobilização das tensões de cisalhamento.

Fonte: Adaptado de Gerscovich, 2016.


34

Já o empuxo passivo ocorre de forma contrária, onde a estrutura


exerce pressão sobre o maciço de solo. Esse mecanismo faz com que a cunha
instável do maciço de solo seja comprimida, o que acaba por carregar passivamente
a estrutura. Além do mais, a cunha de deslizamento gera uma reação ao
“arrastamento” devido ao aumento da resistência ao cisalhamento no plano de
ruptura, o que torna a mesma estável, como mostra a Figura 8.

Figura 8 – Empuxo passivo – Mobilização das tensões de cisalhamento.

Fonte: Adaptado de Gerscovich, 2016.

Em estruturas de contenção existe a combinação dos dois


mecanismos de força que geram o equilíbrio do paramento simultaneamente, como
nas cortinas de estacas. A ocorrência dos estados passivos e ativos de equilíbrio
depende do deslocamento da estrutura, como mostra a Figura 9, de modo que, o
ponto de rotação, ou o ponto onde a estrutura não se desloca, ocorre o estado de
empuxo no repouso.
35

Figura 9 – Estrutura de contenção – Cortina de estacas; (a) Linha elástica assumida


para a cortina em balanço; (b) Diagrama de forças simplificado; (c) Diagrama líquido
de empuxo para cálculo prático.

Fonte: Adaptado de Bowles, 1997.

A trajetória de tensões dos estados ativo e passivo varia conforme o


deslocamento da estrutura em relação a um maciço de solo. Quando uma estrutura é
deslocada se afastando do maciço de solo, as tensões horizontais diminuem, até que
seu limite inferior esteja limitado a ruptura. Por outro lado, quando uma estrutura é
deslocada comprimindo o maciço de solo, as tensões horizontais aumentam até atingir
seu valor máximo na ruptura do estado passivo. Os estados de tensões podem ser
representados pelo círculo e Morh, conforme mostra a Figura 10.
36

Figura 10 – (a) Círculo de Morh; Trajetória de tensões; (b) Estado de repouso; (c)
Estado ativo; (d) Estado passivo.

Fonte: Bowles, 1997.

A mobilização dos estados de plastificação pode ocorrer no sentido


de aumentar as tensões horizontais (estado passivo) ou aliviar (estado ativo). A
magnitude das tensões horizontais altera conforme o coeficiente (𝑘) de empuxo na
mobilização dos estados passivos e ativos de tensões, de modo que, pode ser
expressa pelo coeficiente de empuxo ativo (𝑘𝑎 ) ou pelo coeficiente de empuxo passivo
(𝑘𝑝 ). Considerando um solo arenoso, a mobilização do estado de tensões pode ocorrer
conforme mostra a Figura 11, em função de uma translação lateral de um paramento
rígido.
37

Figura 11 – Variações do coeficiente de empuxo (𝑘).

Fonte: Clough e Duncan (1991 apud Gerscovich, 2016).

Pela Figura 11 é possível notar que, para que ocorra a mobilização do


estado ativo de tensões é necessário que a estrutura sofra um deslocamento
horizontal na ordem de 0,1% (Areia densa) a 0,4% (Areia fofa) da altura do paramento
rígido, enquanto que, para mobilização do estado passivo é necessário que ocorram
deslocamentos maiores, na ordem de 1% (areia densa) à 4% (areia fofa).
Os deslocamentos mínimos para mobilização do estado ativo devem
ser menores do que os deslocamentos mínimos para mobilização do estado passivo,
uma vez que no estado ativo são gerados esforços de tração no solo, enquanto na
mobilização do passivo ocorre a compressão do solo. Dessa forma, pelo fato de que
o solo possui pouca resistência à tração e boa resistência à compressão, basta um
pequeno alívio nas tensões horizontais para que o solo entre em ruptura por tração.
As faixas usuais de coeficiente de empuxo (𝑘) podem ser expressa segundo a Tabela
10.

Tabela 10 – Faixa usual dos coeficientes de empuxo (𝑘).


Estado de Solos não Solos
tensões coesivos coesivos
Passivo 3-14 1-2
Repouso 0,4-0,6 0,4-0,8
Ativo 0,33-0,22 1-0,5
Fonte: Adaptado de Bowles, 1997.
38

2.1.5.2 Teoria de Rankine

A teoria de Rankine foi elaborada em 1857 e baseia-se em equações


de equilíbrio de tensões atuantes sobre a cunha de solo, a partir do círculo de Mohr.
Admite-se na teoria de Rankine que as cunhas estão em estados de plastificação ativo
ou passivo, de modo que, entende-se que já houve os deslocamentos necessários
para que ocorra a mobilização do empuxo, onde são aplicadas as análises de
equilíbrio nas cunhas de solo (GERSCOVICH, 2016).
Rankine propôs a primeira contribuição para o estudo do equilíbrio
limite dos maciços para solos granulares, que, foi estendida posteriormente por Renel,
em 1910, para solos coesivos. Segundo a teoria de Rankine, o deslocamento da
estrutura em contato com o solo mobiliza os estados limites de plastificação de todo o
maciço de solo (Gerscovich, 2016). A teoria de Rankine fundamenta-se nas seguintes
hipóteses e estão apresentadas na Figura 12.

 O solo é homogêneo;
 O solo é isotrópico;
 A ruptura ocorre em todos os pontos do maciço, simultaneamente;
 A ruptura ocorre sob o estado de deformação;
 O paramento da estrutura é liso;
 A parede da estrutura é vertical.
39

Figura 12 – Equilíbrio da cunha de ruptura na teoria de Rankine.

Fonte: Adaptado de Bowles, 1997.

No caso da mobilização do estado ativo de tensões em um paramento


rígido, comparado ao solo no estado de repouso, há decréscimo das tensões
horizontais, sem que ocorra alteração nas tensões verticais. Mesmo após as
deformações e diminuição das tensões horizontais, as tensões verticais e horizontais
continuam sendo as tensões principais. Dessa maneira, ao atingir o estado plástico, a
razão entre as tensões efetivas horizontais e as tensões efetivas verticais no estado
ativo é dada pela Equação (5).

𝜎′ℎ𝑎 (5)
𝑘𝑎 =
𝜎′𝑣

Por outro lado, conforme o paramento é deslocado ao encontro do


maciço de solo, há um acréscimo das tensões horizontais, sem que ocorra alteração
nas tensões verticais, onde começa ocorrer a mobilização do estado passivo de
tensões. Dessa maneira, ao atingir o estado plástico, a razão entre as tensões efetivas
horizontais e as tensões efetivas verticais no estado passivo é dada pela Equação (6).

𝜎′ℎ𝑝 (6)
𝑘𝑝 =
𝜎′𝑣
40

Pelo círculo de Mohr, permite-se conhecer a direção das superfícies


mais mobilizadas no cisalhamento nos estados limites ativo e passivo. Para ambas
situações, a superfície de ruptura faz um ângulo de 45º − 𝜑/2 em relação a tensão
principal maior (no caso do estado ativo, a tensão vertical, e no caso do estado
passivo, a tensão horizontal). A partir do círculo de Mohr, são deduzidas as equações
que estabelecem os valores dos parâmetros de empuxo (𝑘), como mostra a Figura 13.

Figura 13 – Círculo de Mohr – Obtenção dos coeficientes de empuxo (𝑘).

Fonte: Bowles, 1997.

Dessa maneira, tem-se que o coeficiente de empuxo ativo (𝑘𝑎 ) do solo


pode ser obtido conforme a Equação (7).

𝜎ℎ 𝑂𝐸 cos 𝛽 − √cos² 𝛽 − cos² 𝜑 (7)


𝑘𝑎 = = =
𝜎𝑣 𝑂𝐺 cos 𝛽 + √cos² 𝛽 − cos² 𝜑

Os valores para o coeficiente de empuxo ativo (𝑘𝑎 ), obtidos a partir da


Equação (7), estão dispostos na Tabela 11.

Tabela 11 – Valores para o coeficiente de empuxo ativo (𝑘𝑎 ).

Fonte: Bowles, 1997.


41

De maneira similar, obtém-se a formulação para o coeficiente de


empuxo passivo (𝑘𝑝 ) a partir da Equação (8).

𝜎ℎ 𝑂𝐺 cos 𝛽 + √cos² 𝛽 − cos² 𝜑 (8)


𝑘𝑝 = = =
𝜎𝑣 𝑂𝐸 cos 𝛽 − √cos² 𝛽 − cos² 𝜑

Os valores para o coeficiente de empuxo ativo (𝑘𝑎 ), obtidos a partir da


Equação (8), estão dispostos na Tabela 12.

Tabela 12 – Valores para o coeficiente de empuxo passivo (𝑘𝑃 ).

Fonte: Bowles, 1997.

Admitindo-se que o solo atinja o estado plástico e ocorra a


mobilização total do empuxo, seja no estado ativo ou no estado passivo, as pressões
horizontais aumentam linearmente com a altura (ℎ) do arrimo, formando um diagrama
triangular de pressões. De modo geral, pode-se equacionar o empuxo total (𝐸) em um
paramento rígido como sendo igual a soma das pressões horizontais atuantes,
conforme é apresentado na Equação (9).

𝑧
(9)
𝐸 = ∫ 𝑃𝑎 𝑑𝑧
0

Dessa forma, tem-se que, considerando um solo homogêneo, sem a


presença de lençol freático e não coesivo, os valores dos empuxos totais para o
estado ativo (𝐸𝑎 ) e para o estado passivo (𝐸𝑝 ) podem ser calculados com base nas
Equações (10) e (11).
42


1 (10)
𝐸𝑎 = ∫ 𝛾𝑧𝐾𝑎 𝑑𝑧 = 𝛾𝐻 2 𝐾𝑎
0 2


1 2 (11)
𝐸𝑝 = ∫ 𝛾𝑧𝐾𝑝 𝑑𝑧 = 𝛾𝐻 𝐾𝑝
0 2

Para o caso em que o terreno possui uma inclinação com ângulo (𝛽)
em relação ao tardoz do muro (região em contato com o solo), é estimado a
componente horizontal decompondo o vetor de empuxo, conforme mostram as
Equações (12) e (13).

𝑃𝑎ℎ = 𝑃𝑎 cos 𝛽 (12)

𝑃𝑝ℎ = 𝑃𝑝 cos 𝛽 (13)

Dessa maneira, os diagramas de pressões horizontais atuantes em


um paramento rígido podem ser representados conforme a Figura 14. Para o caso em
que há sobrecargas no terreno, distribuídas uniformemente, acrescenta-se o valor (𝑞)
na somatória de pressões, multiplicado pelo coeficiente de empuxo (𝑘).

Figura 14 – Diagramas de pressões horizontais – (a) Terreno sem inclinação; (b)


Terreno com inclinação; (c) Terreno com inclinação e sobrecarga.

Fonte: Bowles, 1997.

Bell (1915, apud BOWLES 1997) parece ser a primeira pessoa que
introduz o efeito da coesão (𝑐) para o cálculo de empuxo de terra com base no círculo
43

de Mohr, resultando na Equação (14). O efeito da coesão possui relação com o


coeficiente de empuxo (𝑘) do solo e independe da profundidade (𝑧) do solo, de modo
que, as tensões são aliviadas no paramento para os primeiros metros de
profundidade.
𝑃𝑎 = 𝛾𝑧𝐾𝑎 − 2𝑐√𝐾𝑎 (14)

2.1.5.3 Teoria de Coulomb

A teoria de Coulomb (1776), foi inicialmente elaborada apenas para


solos não coesivos e baseia-se no cálculo de equilíbrio das forças atuantes na cunha
de ruptura, delimitada pelo paramento rígido, pela superfície do terreno e por uma
superfície de ruptura inicialmente arbitrada, que liga a base da estrutura até a
superfície do terreno. O cálculo do valor do empuxo está mais próximo das condições
reais de carregamento em estruturas de contenção, uma vez que é levado em conta
o atrito entre o material que aplica o empuxo e a superfície do paramento de
contenção, sobre o qual se aplica o empuxo.
Com a mobilização do atrito solo-muro, haverá rotações nas tensões
principais, que antes atuavam nas direções verticais e horizontais. Dessa maneira, o
valor da resultante de empuxo será reduzida e terá inclinação (𝛿) relativa entre o
ângulo de atrito entre o solo e a estrutura de contenção. Também há alterações na
superfície de ruptura, em que, para o caso passivo há uma maior acentuação do
deslocamento da superfície. Por outro lado, nota-se que para o caso ativo há pouca
diferença.
Segundo Vargas (1977), essa condição trouxe uma vantagem em
relação a teoria de Rankine, pois a conclusão de Rankine sobre a distribuição
triangular de pressões faz com que, necessariamente, a resultante de empuxo seja
aplicada no terço inferior do muro. Atualmente essa conclusão está em desacordo
com o que ocorre na prática, pois o ponto de aplicação de empuxo varia com o
deslocamento do muro, podendo sofrer variações do terço inferior até a metade da
altura da estrutura de contenção.
A teoria de Coulomb não apresenta restrições com a geometria do
muro e do terreno, além de admitir a resistência na interface solo-estrutura (Figura
15). Para a teoria de Coulomb são válidas as seguintes hipóteses.
44

 O solo é isotrópico e homogêneo;


 Há atrito entre o solo e o muro;
 A cunha de ruptura é um corpo rígido submetido a translação;
 A superfície de ruptura é plana;
 A ruptura ocorre simultaneamente ao longo dos pontos na superfície de ruptura;
 A superfície que define a cunha do empuxo é desconhecida, dessa maneira, é
necessário determinar por meio de tentativas qual a superfície correspondente
do valor limite de empuxo;
 A estabilidade da cunha de solo contida é análise com base no equilíbrio de
forças atuantes na cunha, somente;
 O material é considerado rígido plástico, portanto, não há informações sobre
deslocamentos.

Figura 15 – Cunha de ruptura utilizada na teoria de Coulomb.

Fonte: Adaptado de Bowles, 1997.

Com base no equilíbrio das forças atuantes na cunha de solo


adjacente ao muro são deduzidas as equações para o cálculo do empuxo ativo
arbitrando uma geometria qualquer. O peso total da cunha (𝑊) de ruptura é expressa
segundo a Equação (15), a partir da reação que a estrutura deve exercer para se opor
ao peso da cunha. Pelo fato da cunha crítica ser desconhecida, deve-se repetir o
processo até atingir o estado mais crítico.
45

𝛾𝐻² sin(𝛼 + 𝛽) (15)


𝑊= [sin(𝛼 + 𝜃) ]
2 sin² 𝛼 sin(𝜃 − 𝛽)

Dessa maneira, calcula-se o valor da resultante no paramento rígido


(𝑃𝑎 ) com base na leis dos senos aplicado ao polígono que expressa o equilíbrio de
forças atuantes na cunha crítica (Figura 16), expressa por meio da Equação (16). Para
se atingir o valor máximo da reação do paramento rígido deve-se variar o ângulo da
superfície crítica (𝜃), sendo assim, deriva-se a Equação (16) e iguala a 0, como é
apresentado na Equação (17), onde é obtido o valor do empuxo ativo (𝐸𝑎 ),
representado na Equação (18), a fim de atingir os seus valores máximos.

Figura 16 – Polígono de equilíbrio para o cálculo de empuxo ativo.

Fonte: Adaptado de Bowles, 1997.

𝛾𝐻² sin(𝛼 + 𝛽) sin(𝜃 − 𝜑) (16)


𝑃𝑎 = [sin(𝛼 + 𝜃) ]
2 sin² 𝛼 sin(𝜃 − 𝛽) sin(180º − 𝛼 − 𝜃 + 𝜑 + 𝛿)

𝑑𝑃𝑎 (17)
=0
𝑑𝜃

1 (18)
𝐸𝑎 = 𝛾𝐻²𝐾𝑎
2

Dessa maneira, define o coeficiente de empuxo ativo (𝐾𝑎 ) a partir da


Equação (17), sendo expressa na Equação (19).
46

sin²(𝛼 + 𝜙) (19)
𝐾𝑎 = 2
sin(𝜙 + 𝛿) sin(𝜙 − 𝛽)
sin² 𝛼 sin(𝛼 − 𝛿) [1 + √ ]
sin(𝛼 − 𝛿) sin(𝛼 + 𝛽)

De maneira similar ocorre para determinar o valor do coeficiente de


empuxo passivo (𝐾𝑝 ), como mostra a Figura 17, entretanto, pelo método de Coulomb
no geral é subestimado o valor do empuxo passivo (𝐸𝑝 ), uma vez que o método
aproxima a linha de ruptura em uma reta. Segundo Gerscovich (2016), quando o
ângulo 𝛿 é muito elevado, a curvatura da superfície é bem acentuada, dessa maneira,
o valor estimado acaba sendo impreciso e contra a segurança.

Figura 17 – Polígono de equilíbrio para o cálculo de empuxo passivo.

Fonte: Adaptado de Bowles, 1997.

Dessa maneira, define-se o valor do empuxo passivo (𝐸𝑝 ) o


coeficiente de empuxo passivo (𝐾𝑝 ) de maneira similar ao que ocorre na definição do
empuxo ativo (𝐸𝑎 ), sendo expressa nas Equações (20) e (21).

1 (20)
𝐸𝑝 = 𝛾𝐻²𝐾𝑝
2
47

sin²(𝛼 − 𝜙) (21)
𝐾𝑝 = 2
sin(𝜙 + 𝛿) sin(𝜙 + 𝛽)
sin² 𝛼 sin(𝛼 + 𝛿) [1 − √ ]
sin(𝛼 + 𝛿) sin(𝛼 + 𝛽)

É comum que em obras de menor porte e menor investimento exista


a ausência de dados experimentais obtidos em ensaios para caracterizar o tipo de
solo. Dessa maneira, Gerscovich (2016) recomenda que, na ausência desses valores,
o ângulo de atrito na interface solo-paramento (𝛿) pode ser considerados como sendo
de um a dois terços do ângulo de atrito interno do solo (𝜑).
Os valores para o ângulo de atrito na interface solo-estrutura podem
ser compreendidos conforme é mostrado na Tabela 13.

Tabela 13 – Valores ângulo de atrito solo-paramento (𝛿) para diferentes materiais.

Fonte: Bowles (1997 apud Gerscovich, 2016).

Por fim, são apresentadas as Tabela 14 e Tabela 15 que mostram os


valores dos coeficientes de empuxo ativo (𝐾𝑎 ) e passivo (𝐾𝑝 ) em função das variáveis
apresentadas nas Equações (19) e (21).
48

Tabela 14 – Coeficiente de empuxo ativo (𝐾𝑎 ) na Teoria de Coulomb.

Fonte: Bowles, 1997.


49

Tabela 15 – Coeficiente de empuxo ativo (𝐾𝑝 ) na Teoria de Coulomb.

Fonte: Bowles, 1997.


50

2.2 ASPECTOS ESTRUTURAIS

Segundo Sussekind (1981), as estruturas podem ser classificadas


como corpos submetidos a um sistema de forças que, para estar em equilíbrio é
necessário que elas não provoquem nenhuma tendência de rotação ou translação ao
mesmo (Figura 18). As estruturas devem ser projetadas e construídas sob condições
previstas na época de projeto que, quando utilizadas conforme as atribuições de
projeto, devem ser preservados sua segurança, estabilidade e sua manutenção em
serviço ao longo do período de vida útil.

Figura 18 – Esforços atuantes em uma estrutura.

Fonte: Sussekind, 1947.

Os muros de arrimo são elementos estruturais importantes na


contenção de materiais que não são autoportantes, como o solo, um líquido ou algum
outro tipo de material específico. Existem diversos concepções e soluções estruturais
para muros de arrimo, a fim de atender as condições de projeto, isto é, o tipo de solo
a conter, a altura de arrimo, o orçamento da obra, as condições de campo no canteiro
entre outros.

2.2.1 Estabilidade das Estruturas de Arrimo

Para a verificação de estabilidade das estruturas de arrimo devem ser


verificadas duas condicionantes fundamentais, o equilíbrio estático para o conjunto
estrutural e as fundações, e em seguida o equilíbrio elástico, para as seções
transversais isoladas (MOLITERNO, 1980). No caso de elementos estruturais,
51

especialmente em concreto armado, devem ser verificados os esforços internos


solicitantes nas seções intermediárias ou seções mais críticas do elemento (regiões
de maiores esforços) para posteriormente ser feito o dimensionamento das armaduras
principais e secundárias.
Na verificação dos muros de arrimo, independentemente de sua
seção, devem ser atendidos em projeto as seguintes condicionantes: deslizamento da
base, tombamento, capacidade de carga da fundação e estabilidade global. De
maneira resumida, para haver equilíbrio estático e elástico em um muro de arrimo
todas as forças atuantes ao longo de sua estrutura somadas devem ser nulas, de
modo que as cargas sejam transferidas de maneira eficiente para os elementos de
fundação.

Figura 19 – Critérios para verificação de equilíbrio; (a) deslizamento; (b)


tombamento; (c) capacidade de carga da fundação; (d) ruptura global.

Fonte: Vertematti, 2015.

Nessas condições, para o caso de fundações diretas verifica-se o


deslizamento da base (Figura 19-a) por meio da resistência ao atrito da interface base-
solo. Para o caso de fundações profundas essa verificação é substituída pela
verificação de esforços horizontais na estaca, uma vez que o empuxo passivo gerado
no solo pelas estacas equilibra o sistema contra o deslizamento. O fator de segurança
recomendado para cálculo entre as forças resistentes e as forças atuantes deve ser
entre 1,2 e 1,5 (GERSCOVICH, 2016).
52

Para o caso de momento de tombamento do muro (Figura 19-b), deve-


se verificar a rotação em relação ao ponto da extremidade externa (ponto de tendência
à rotação). Nessas condições, o fator de segurança contra o tombamento,
recomendado entre o momento resistente e o momento atuante deve ser entre 1,2 e
1,5. Os valores dos coeficientes mínimos de segurança podem variar em função da
complexidade da obra, do impacto ambiental e da segurança de vidas humanas.
A avaliação da capacidade de carga das fundações (Figura 19-c)
consiste na verificação de deformações excessivas do solo para o apoio da estrutura
de arrimo e da ruptura de todo o sistema. No caso de muros de arrimos apoiados em
fundações diretas pode-se verificar a capacidade de carga por meio dos métodos de
clássicos de Terzaghi-Prandtl, onde considera-se a base do muro como uma sapata
rígida e são verificadas as tensões máximas de compressão no solo, assim como sua
tensão admissível (GERSCOVICH, 2016). Já na verificação de fundações indiretas
pode-se recorrer aos métodos semi-empíricos de Décourt-Quaresma ou Aoki-Velloso,
por exemplo.
Na verificação da segurança da ruptura global do sistema (Figura 19-
d) é avaliado a resistência de todo o comportamento do conjunto solo-muro. O
desnível entre as regiões a montante e jusante do muro de arrimo construído podem
gerar tensões de cisalhamento críticas em superfícies inferiores a base do muro,
dessa maneira, deve-se verificar a estabilidade do maciço quanto a ruptura global
nessas superfícies críticas. Segundo a NBR 11682:2009, o fator de segurança global
deve ser estimado em função dos níveis de segurança contra danos ambientais,
materiais e perda de vidas humanas, onde são estabelecidos níveis altos, médios e
baixos.

2.2.2 Concepções Estruturais de Muros de Arrimo Sobre Estacas

Existem variadas formas de conceber um muro de arrimo, do ponto


de vista estrutural, que podem ser executados empregando-se técnicas atuais de
construção que utilizam principalmente os materiais em alvenaria e concreto armado.
Em solos com baixa resistência superficial é comum que se execute muros de arrimo
sobre estacas, de maneira que a estrutura é executada em concreto armado ou
alvenaria estrutural armada, devido à boa resposta estrutural e econômica do sistema.
53

Nesses tipos de estruturas substitui-se as sapatas por blocos rígidos


apoiados sobre estacas, o que muda o critério de dimensionamento dos elementos
estruturais. As estruturas nesses tipos de muros são verificadas como uma viga
vertical em balanço com o apoio engastado no solo (estacas), que resistem a flexão
por resistência lateral com o solo e resistência de ponta. Nessas condições, as
armaduras são verificadas por flexão normal (MOLITERNO, 1980).
Em muros de arrimo as cargas predominantes são orientadas
horizontalmente, devido ao empuxo gerado pelo maciço de terra e pelas sobrecargas
no terreno. Nas edificações é pouco comum que estacas sejam solicitadas
horizontalmente, a não ser por cargas acidentais de duração momentânea, como o
vento. No caso dos muros de arrimo é importante que se considere as ações
horizontais nas estacas.
Nessas condições, além da capacidade de carga vertical das estacas,
verifica-se a capacidade de carga horizontal e também a ficha (comprimento de
estaca) necessária para realizar o engastamento da estrutura e garantir sua
estabilidade assim como deformações mínimas. Com base nisso, é fundamental
conhecer os parâmetros relacionados a deformabilidade do solo a fim de definir, por
meio de correlações ou não, a segurança da estrutura de arrimo.
Os muros de arrimo de flexão no geral são executados em concreto
armado, pois é necessário que as armaduras resistam aos esforços de tração,
enquanto que, o concreto resista as esforços de compressão. Os muros de arrimo em
balanço é um dos mais comuns entre os muros de concreto armado, onde a parede é
engastada na fundação do mesmo. O modelo de cálculo frequentemente utilizado
para essas estruturas é uma barra rígida de seção constante engastada-livre.
Dentre os muros de arrimo de concreto armado executados em
fundações profundas, comumente empregam-se como soluções estruturais os muros
com estaca em ficha, muros com viga alavanca, muros com laje de fundo, muros com
escoras ou tirante e os muros com contrafortes, as quais serão melhor abordadas nos
próximos tópicos.
Além destes, é comum utilizar na prática outras concepções
estruturais especiais, como os muros atirantados, muros com seção do pilar variável,
muros com laje intermediária, muros ligados a vigas da edificação e muros com vigas
de travamento, como mostra a Figura 20.
54

Figura 20 – Concepções estruturais especiais de muros de arrimo.

Fonte: O próprio autor.

Vale destacar que cada solução pode melhor se adequar a


determinadas condicionantes de projeto, tais como aspectos arquitetônicos,
econômicos e construtivos. É possível que as concepções estruturais possam ser
combinadas entre si, o que otimiza ainda mais o desempenho estrutural do muro de
arrimo. Essas concepções estruturais também podem ser adotadas em sistemas
construtivos diferentes, como por exemplo, com fechamento em alvenaria estrutural,
alvenaria de vedação ou tijolos maciços.
55

2.2.2.1 Muros de flexão com estaca em ficha

Os muros de arrimo com estaca em ficha são executados sobre


apenas uma estaca de fundação com comprimento suficiente para equilibrar a flexão
gerada nas paredes pelo empuxo ativo do solo, como mostra a Figura 21. Esses tipos
de muros são comumente utilizados para menores alturas de arrimo, em função dos
esforços de flexão e corte que ocorrem nas estacas e das elevadas deformações. O
ponto de engaste desse sistema é localizado em regiões abaixo do bloco, onde é
possível notar maiores deformações horizontais no topo da estaca.

Figura 21 – Muro de flexão com estaca em ficha.

Fonte: O próprio autor.

2.2.2.2 Muros de flexão com viga alavanca

Nesses tipos de muros de arrimo são previstas vigas alavancas em


sua estrutura (Figura 22). Esses elementos são responsáveis por resistir a flexão na
parede que recebe o empuxo ativo do solo e transferir as cargas axiais por mecanismo
56

de reação binária nas estacas, onde geram-se tensões de tração e compressão nas
mesmas que aumentam em função da magnitude das cargas no arrimo. Deve-se
atentar a posição da viga alavanca, que pode ser projetada dentro ou fora da região
de aterro, podendo inverter os esforços na viga e alterar as reações nas estacas.

Figura 22 – Muro de flexão com viga alavanca.

Fonte: O próprio autor.

2.2.2.3 Muros de flexão com laje de fundo

Nesse tipo de sistema a parede do muro de arrimo resiste a flexão


enquanto a laje de fundo utiliza parte do peso próprio do maciço para diminuir os
efeitos da flexão. Essa concepção estrutural é semelhante aos muros de arrimo em
“L”, porém com rigidez concentrada nas vigas alavancas que transmitem os esforços
para as estacas. Esta solução acaba por aliviar os esforços das estacas à tração, e
carregar a compressão em função do peso do maciço de solo. Gerscovich (2016)
aponta que essa solução pode se tornar antieconômica para muros acima de 5 metros.
57

Figura 23 – Muro de flexão com laje de fundo.

Fonte: O próprio autor.

2.2.2.4 Muros de flexão com escoras (ou tirantes)

Os muros de arrimo de flexão com escoras ou tirantes (Figura 24) são


construídos com barras diagonais que podem funcionar à tração (tirantes) ou à
compressão (escoras), em função da sua localidade (lado de dentro ou de fora do
aterro). Estas barras inclinadas também são conhecidas como “mão francesa” e
podem ser executadas junto com uma viga de equilíbrio, o que cria um conjunto
estrutural semelhante a de uma treliça.
Apesar dos muros de arrimo de flexão com escoras ou tirantes ser
uma boa solução estrutural, a mão francesa pode limitar a região de construção para
futuras ampliações, perdendo espaço útil a jusante do muro. Além disso, torna-se
inviável a utilização de maquinários para reaterro e compactação do solo.
58

Figura 24 – Muro de flexão com mão francesa.

Fonte: O próprio autor.

A escolha da posição da mão francesa, isso é, a sua altura e


inclinação, ficam a critério do projetista, de modo que suas condições geométricas vão
influenciar na distribuição de esforços e na deformação do muro.

2.2.2.5 Muros de flexão com contrafortes

Os muros de flexão com contraforte ou gigante, apresentados na


Figura 25, podem ser classificados como estruturas rígidas de vãos entre os
elementos verticais. Os contrafortes podem ser localizados dentro do aterro,
trabalhando especialmente à tração, e fora do aterro, trabalhando à compressão.
Esse tipo de concepção estrutural é eficiente para grandes alturas de
arrimo devido a sua alta rigidez à flexão, sendo recomendado para alturas superiores
a 5 metros, entretanto, é a solução que necessita de maior consumo de insumos para
execução dos elementos estruturais, tais como fôrmas, concreto e armaduras.
59

Figura 25 – Muro de flexão com contrafortes.

Fonte: O próprio autor.

2.2.3 Esforços e Modos de Ruptura

As cargas predominantes em muros de arrimo são orientadas na


direção horizontal devido ao empuxo do solo e as sobrecargas do terreno. Dessa
maneira, pode-se dizer que os muros de arrimo concebidos em concreto monolítico
possuem um comportamento mecânico e, consequentemente, a distribuição de
esforços semelhante ao que ocorrem em sistemas estruturais convencionais formados
por lajes, vigas e pilares que recebem cargas verticais.
Para a avaliação do comportamento na flexão dos elementos de área
(ou placas) em concreto armado é necessário determinar as vinculações da parede
em todos os bordos, o que pode gerar flexão nas duas direções ou em apenas uma,
como mostra a Figura 26. A determinação dos esforços internos pode ser obtida por
meio de métodos clássicos, como a solução de Navier (teoria da elasticidade) e as
tabelas de Montoya e Czerny, ou por soluções modernas computacionais, como o
método dos elementos finitos.
60

Figura 26 – Flexão nas paredes de muros de arrimo em concreto armado.

Fonte: O próprio autor.

Já os elementos com maior rigidez, como os pilares, que recebem as


cargas das placas, podem ser avaliados como uma viga isostática em balanço
engastada no bloco (ou viga de equilíbrio), para a maioria dos tipos de muros de
arrimo. Dessa maneira, os problemas de pilares em muros de arrimos podem ser
facilmente resolvidos considerando a flexão normal ou a flexo-compressão.
Para o dimensionamento de muros de arrimo o principal esforço a
considerar no cálculo são os de momentos fletores e esforço cortante. Por meio das
equações clássicas de empuxo das teorias de Coulomb e Rankine é possível
determinar a intensidade dos carregamentos e posteriormente a distribuição de
esforços na estrutura. A carga resultante de empuxo é localizada no terço médio da
altura do arrimo, conforme é apresentado nos diagramas da Figura 27.
As vinculações das barras dependem do arranjo dos elementos
estruturais que compõem o muro de arrimo. Na prática, o modelo mais comum é de
uma barra engastada-livre, onde o momento fletor é proporcional ao cubo da altura do
muro e o esforço cortante ao quadrado da altura do muro. No modelo de barra
engastada-apoiada ocorre a inversão do momento fletor ao longo da altura do muro,
de modo que a sua intensidade na base é menor comparado ao modelo de barra
engastada-livre.
Considerando uma barra engastada-livre e uma barra engastada
apoiada, os diagramas de momento flertor e esforço cortante, assim como suas
respectivas deformadas, podem ser representados como mostra a Figura 27.
61

Figura 27 – Diagramas de esforços devido ao empuxo – barra engastada-livre.

Fonte: O próprio autor.

2.2.3.1 Flexão em duas direções

É possível comparar os mecanismos de cargas dos muros de arrimo,


que recebem pressões horizontais devido ao empuxo, com muros de alvenaria que
recebem o efeito de cargas dinâmicas, como o vento. Sendo assim, considera-se uma
placa apoiada em três bordos que recebe uma ação horizontal oriunda de empuxos
laterais, como mostra a Figura 28.
62

Figura 28 – Ações horizontais em uma placa apoiada em três bordos.

Fonte: O próprio autor.

Assim como um painel de laje, por exemplo, as paredes do arrimo


absorvem as cargas e ocorre o mecanismo das linhas de ruptura quando o mesmo
sofre flexão nas duas direções. O padrão de fissuração depende da rigidez das
estruturas de apoio, que podem ser consideradas como um apoio rotulado ou um
engaste, e da razão entre a altura do arrimo e o comprimento entre do painel, como é
apresentado na Figura 29.

Figura 29 – Charneiras plásticas – placa apoiada em três bordos.

Fonte: O próprio autor.


63

2.2.3.2 Flexão em uma direção

Para o caso de painéis de muros de arrimos que se apoiam em


apenas uma direção, como no caso de paredes vinculadas somente aos pilares,
considera-se o comportamento da estrutura semelhante ao de lajes unidirecionais
contínuas, de maneira que os esforços de flexão ocorrem em apenas uma única
direção, como mostra Figura 30.

Figura 30 – Painéis apoiados em uma única direção.

Fonte: Engel (2001).

2.2.4 Aspectos Normativos

No que diz respeito às normas técnicas para projeto e execução de


estruturas em concreto armado para edificações utilizam-se como principais
referências normativas no Brasil a NBR 6118:2014 - Projetos de estruturas de
concreto, NBR 6120:2019 – Ações para o cálculo de estruturas em edificações e a
NBR 8681:2003 – Ações e segurança nas estruturas. Para a execução de fundações
utiliza-se a NBR 6122:2019 – Projeto e execução de fundações.

2.2.4.1 Ações e carregamentos

As ações que ocorrem em qualquer tipo de estrutura para edificações


podem ser classificadas de diversas formas e são definidas como causas que
provocam esforços solicitantes capazes de gerar deformações ou modificar o estado
de tensões nos elementos estruturais. Quanto a natureza das ações, podem ser
dinâmicas ou estáticas, quanto a sua duração, podem ser permanentes (peso próprio,
empuxos, sobrecargas permanentes), variáveis (sobrecargas variáveis, vento) ou
excepcionais (colisões, explosões, sismos) (ABNT NBR 6120, 2019).
64

O principal tipo de carregamento a se considerar em um muro de


arrimo são as cargas de empuxo do solo nas condições drenadas ou não. Em solos
colapsíveis deve se considerar a possibilidade de encharcamento e perda de coesão
do solo. As cargas devido ao carregamento de empuxo no solo podem ser calculadas
por meio dos métodos de Rankine e Coloumb, a partir de parâmetros do solo como o
peso específico, saturado ou não, e os coeficientes de empuxo ativo e passivo.
O segundo tipo de carregamento em muros de arrimo são as
sobrecargas, que podem ser classificadas de diversas formas, dependendo da
localização e finalidade da construção, e podem ser dimensionadas como cargas
permanentes ou variáveis. Entre os casos mais comum de sobrecargas que são
consideradas para muros de arrimo pode-se classificar as ações de veículos em
garagens ou demais áreas de circulação de veículos conforme o item 6.6.1 da NBR
6120:2019.
Em projetos de garagens ou áreas em que podem ocorrer circulação
de veículos é possível considerar sobrecargas como uniformemente distribuídas, para
circulação até 10 km/h, para análise global da estrutura e seu respectivo
dimensionamento conforme é apresentado na Tabela 16 (ABNT NBR 6120, 2019),
que classifica o carregamento dos veículos em função da sua categoria e do seu peso
bruto total (PBT).
Para fins específicos (projetos de pontes, viadutos, trincheiras, etc.),
as cargas de veículos podem ser consideradas como cargas móveis, onde são
classificados a classe de veículo por meio dos trens-tipo, que são veículos padrões
que simulam o efeito de carregamento na estrutura (ABNT NBR 7188, 2013). Nesses
casos, são necessárias análises de modelos de cálculo mais refinadas que simulam
o efeito do carregamento do trem-tipo em alguma possível estrutura de contenção.

Tabela 16 – Ações em garagens e demais áreas de circulação de veículos.

Categoria Peso Bruto Carga Unif.


do Total (PBT) Distribuida
Veículo (kN) (kN/m²)
I ≤ 30 3,00
II ≤ 90 5,00
III ≤ 160 7,00
IV > 160 10,00
V ≤ 230 10,00
Fonte: Adaptado de NBR 6120 (2019).
65

A NBR 6120:2019 lista os carregamentos mínimos para diversos tipos


de edificações com diferentes tipos de ocupações, as quais podem necessitar de
muros de arrimo (tais como aeroportos, edifícios residenciais, comerciais, galpões
industriais, escolas, hospitais, áreas técnicas etc). Para casos onde há atuação de
cargas concentradas, estas devem ser verificadas isoladamente nos modelos de
cálculo.

2.2.4.2 Segurança das estruturas

No Brasil utiliza-se como referência normativa para a segurança das


estruturas a NBR 8681:2003 – Ações e segurança nas estruturas, que descreve em
seu objetivo a classificação dos requisitos mínimos na verificação da segurança das
estruturas usuais da construção civil e define os critérios para majoração das ações e
minoração da resistência dos materiais e serem considerados nos projetos das
estruturas de edificações (ABNT NBR 8681, 2003).
As ações nas estruturas para edificações e a resistência dos materiais
podem ser definidas como variáveis aleatórias. O conceito de variável aleatória está
relacionado com a probabilidade de se prever o valor da variável antes da ocorrência
de um evento por meio de fatores probabilísticos. Os valores definidos em norma nem
sempre são os que vão ocorrer de fato em uma estrutura durante sua vida útil,
podendo sofrer alterações para menos ou para mais com base nas curvas de
probabilidades.
Os valores das variáveis aleatórias são caracterizados com base em
distribuições de probabilidades, no qual, para fins de projeto, são definidos os
conceitos de valores característicos e valores de cálculo. Os valores característicos
estão associados a uma probabilidade dos valores não serem ultrapassados em
função de uma determinada porcentagem. Por outro lado, valores de cálculo são os
valores considerados para as solicitações nas estruturas e a resistência dos materiais
nos estados limites.
As normas atuais no que se refere a segurança das estruturas
baseiam-se nos métodos semi-probabilísticos, para o qual a NBR 8681:2003 define
um deles, o método dos estados limites das estruturas. O método dos estados limites
consiste em verificar determinados cenários para uma estrutura quando essa
apresenta um comportamento inesperado para as finalidades da construção,
66

baseando-se em coeficientes específicos para majoração dos esforços nas estruturas


e minoração da resistência dos materiais (ABNT NBR 8681, 2003).
Os estados limites podem ser estabelecidos de diversas formas,
considerando os coeficientes e as curvas de probabilidade específica para cada caso.
A NBR 8681:2003 define os dois principais tipos de estados limites que são verificados
nas estruturas, o estado limite último (ELU) e o estado limite de serviço (ELS). O
estado limite último ocorre mediante as condições de ruína ou colapso de uma
estrutura. Já o estado limite de serviço ocorre mediante as condições pelo qual são
gerados efeitos indesejáveis na estrutura, tais como fissurações e deslocamentos
excessivos.
Como já citado, os principais tipos de carregamento em muros de
arrimo são os empuxos do solo e as sobrecargas no terreno, além de seu próprio peso
e eventuais empuxos gerado pela água (em caso de presença de lençol freático). A
NBR 8681:2003 especifica que os carregamentos em estrutura podem ser
combinados para ações normais (tempo de duração longo) especiais de construção
(tempo de duração provisório) ou excepcionais (tempo de duração muito curto). No
geral, a classificação dos tipos de ações em uma estrutura deve ser estimada com
base no tempo de carregamento.
A NBR 8681:2003 classifica o empuxo causado por maciços de solo
não removíveis como uma ação permanente. Caso o empuxo seja causado
eventualmente por um maciço de terra removível total ou parcialmente ao longo da
vida útil, é possível considerá-lo como uma ação variável. A partir da Tabela 17 é
possível definir a natureza do carregamento devido ao empuxo, no caso de uma ação
permanente, como sendo um elemento construtivo em geral.
67

Tabela 17 – Ações permanentes diretas consideradas separadamente.


Efeito
Combinação Tipo de ação
Desfavorável Favorável
Peso próprio de estruturas metálicas 1,25 1,00
Peso próprio de estruturas pré-
1,30 1,00
moldadas
Peso próprio de estruturas moldadas
1,35 1,00
no local
Normal
Elementos construtivos industrializados 1,35 1,00
Elementos construtivos com adições in
1,40 1,00
loco
Elementos construtivos em geral e
1,50 1,00
equipamentos
Peso próprio de estruturas metálicas 1,15 1,00
Peso próprio de estruturas pré-
1,20 1,00
moldadas
Peso próprio de estruturas moldadas
Especial ou 1,25 1,00
no local
de
Elementos construtivos industrializados 1,25 1,00
construção
Elementos construtivos com adições in
1,30 1,00
loco
Elementos construtivos em geral e
1,40 1,00
equipamentos
Fonte: Adaptado de NBR 8681 (2003).

É possível que todas as ações permanentes sejam consideradas


agrupadas em um único coeficiente de ponderação. A NBR 8681 (2003) estabelece
que esses coeficientes devem respeitar os valores mínimos estabelecidos na Tabela
18.

Tabela 18 – Ações permanentes diretas agrupadas.


Efeito
Combinação Tipo de ação
Desfavorável Favorável
Grandes pontes 1,30 1,00
Normal Edificações tipo 11) e pontes no geral 1,35 1,00
Edificações tipo 22) 1,40 1,00
Especial ou Grandes pontes 1,20 1,00
de Edificações tipo 11) e pontes no geral 1,25 1,00
construção Edificações tipo 22) 1,30 1,00
Fonte: Adaptado de NBR 8681 (2003).

1 Edificações tipo 1 são aquelas onde as cargas acidentais superam a 5 kN/m²


2 Edificações tipo 2 são aquelas onde as cargas acidentais não superam a 5 kN/m²
68

Para o caso de sobrecargas de utilização ou de empuxos de terra


causado por maciços de solo removíveis total ou parcialmente ao longo de sua vida
útil, é possível classificar a natureza do carregamento como sendo do tipo ações
variáveis em geral, apresentado na Tabela 19 (ABNT NBR 8681, 2003).

Tabela 19 – Ações variáveis consideradas separadamente.


Coeficiente de
Combinação Tipo de ação
ponderação
Ações truncadas 1,2
Efeito de temperatura 1,2
Normal
Ação do vento 1,4
Ações variáveis gerais 1,5
Ações truncadas 1,1
Especial ou de Efeito de temperatura 1,0
construção Ação do vento 1,2
Ações variáveis gerais 1,3
Fonte: Adaptado de NBR 8681 (2003).

Para o caso das ações serem verificadas todas conjuntamente, isto é,


estabelecer um único coeficiente de ponderação, é possível ser determinado um
coeficiente de ponderação que se aplica a todas as ações, até mesmo as ações
permanentes diretas atuantes na estrutura, como o seu peso próprio (NBR 8681,
2003). Dessa forma, os coeficientes de ponderação são dados conforme é
apresentado na Tabela 20.

Tabela 20 – Ações variáveis consideradas conjuntamente.


Coeficiente de
Combinação Tipo de ação
ponderação
Pontes e edificações tipo 11) 1,5
Normal
Edificações tipo 22) 1,4
Especial ou de Pontes e edificações tipo 11) 1,3
construção Edificações tipo 22) 1,2
Fonte: Adaptado de NBR 8681 (2003).

O peso próprio do concreto armado é pouco influente nas


distribuições de pressões laterais e nos diagramas de esforços internos nas estruturas
de muros de arrimos. Ademais, é possível considerá-lo a partir dos coeficientes de
ponderação para elementos construtivos moldados no local (Tabela 17).
69

2.3 ASPECTOS GERAIS DE FUNDAÇÕES

Segundo Hachich (1998), os assuntos relacionados aos estudos de


fundações no campo da geotecnia possuem abordagem ampla e diversa, de modo
que é difícil caracterizar os elementos de fundações de forma sistemática em função
de toda sua complexidade técnica para solucionar algum problema específico. São
critérios básicos para um bom projeto de fundações ter em mãos o levantamento
topográfico da área, dados geológicos/geotécnicos da região, dados da estrutura a
construir e os dados sobre as construções vizinhas.
Os requisitos básicos para a escolha por algum sistema de fundações
é são: deformações aceitáveis sob condições de serviço; segurança adequada no
colapso da fundação (estabilidade externa) e segurança adequada ao colapso dos
elementos estruturais (estabilidade interna). Os elementos de fundações podem ser
divididos em dois grupos principais, as fundações rasas (diretas ou superficiais) e as
fundações profundas.
A ABNT NBR 6122 (2019) define as fundações diretas como
elementos de fundação cuja base está assentada em uma profundidade inferior a
duas vezes a menor dimensão da fundação. Nas fundações diretas as tensões são
distribuídas e equilibradas na própria superfície de aplicação das cargas. Nesses
casos, incluem-se as sapatas
Já as fundações profundas são aquelas que a sua ponta ou base
apoia-se em uma profundidade superior a oito vezes a sua menor dimensão em planta
e no mínimo 3,0 metros. As fundações profundas equilibram as cargas aplicadas em
seu topo pela base (resistência de ponta) ou pela superfície lateral (resistência de
fuste). Nesse caso, incluem-se as estacas e os tubulões.
Como já citado, a principal investigação geotécnica realizada em
campo para caracterização de algum tipo de solo é a sondagem à percussão (SPT),
no qual são medidos os valores de NSPT a cada metro de solo. Normalmente, em
maciços colapsíveis e solos muito moles, o qual constatam-se valores de NSPT muito
baixos, é comum que se execute fundações profundas, a fim de distribuir as cargas
até as camadas não colapsíveis.
70

2.3.1 Fundações Profundas

Como citado anteriormente, o mecanismo de ruptura das fundações


profundas ocorre em camadas maiores do que 2 vezes a menor dimensão da base ou
pelo menos 3 metros de profundidade. As fundações profundas podem ser
classificadas quanto ao efeito que produzem no solo (deformações e recalques),
quanto ao processo de execução, quanto ao mecanismo de resistência (resistência
de ponta, resistência lateral ou ambas) e quanto as possibilidades de carregamento
(compressão, tração, flexão).
As fundações profundas são divididas em dois grupos principais, as
estacas e os tubulões, sendo que, as estacas são divididas em estacas escavadas e
estacas de deslocamento. As estacas de deslocamento são inseridas no solo sem a
retirada inicial de material, ou seja, não há escavação de solo. Por outro lado, as
estacas escavadas são executadas “in loco” por meio da perfuração do terreno em
decorrência de um determinado processo, onde há a remoção do material, com ou
sem revestimento, com ou sem fluído estabilizante (Hachich, 1998).
Existem diversas formas de se executar estacas escavadas, no qual,
a escolha do método mais viável depende das características geológicas do terreno,
presença de nível freático e intensidade das cargas da estrutura. Nessa categoria
podem ser listadas as estacas do tipo broca (executadas manual ou mecanicamente)
“Strauss”, “Franki”, hélice contínua, raiz e estacas injetadas.

2.3.1.1 Métodos de capacidade de carga

A transferência de cargas por compressão se dá basicamente pela


soma de duas parcelas, o atrito lateral (𝑟𝐿 ) e a resistência de ponta (𝑟𝑃 ), como mostra
a Figura 31. Nas estacas é comum que a maior parcela seja resistida por atrito lateral
(𝑟𝐿 ), de modo que a carga restante, com um valor não tão expressivo em muitos casos,
é resistido pela ponta (𝑟𝑃 )
71

Figura 31 – Atrito lateral e resistência de ponta nas estacas.

Fonte: TQS Informática, (2011).

O comportamento do sistema estaca-solo influencia diretamente na


distribuição das cargas ao longo do comprimento de uma estaca. As cargas são
resistidas pela soma das parcelas individuais de resistência por atrito, metro a metro
da estaca, e pela resistência de ponta. Atualmente, os métodos mais utilizados no
Brasil para estimativa da capacidade de carga de estacas carregadas verticalmente
são os métodos de Aoki-Velloso e Décourt-Quaresma.

2.3.1.1.1 Método Aoki-Velloso

O método de Aoki-Velloso foi concebido com base em resultados


semi-empíricos a fim de estimar o diagrama de ruptura do sistema estaca-solo.
Originalmente, o método de Aoki-Velloso baseia-se nos resultados obtidos do ensaio
CPT (Cone Penetration Test), porém, é possível correlacionar seus valores com o SPT
(Stardard Penetration Test), que é o ensaio mais empregado.
Pode se dizer que a carga de ruptura do sistema estaca-solo (𝑃𝑅 ) é a
soma da carga de ruptura lateral ao longo do fuste (𝑃𝐿 ) e da carga de ruptura de ponta
(𝑃𝑃 ), como mostra a Equação (22).

𝑃𝑅 = 𝑃𝐿 + 𝑃𝑃 (22)
72

Onde, o atrito lateral ao longo do fuste (𝑃𝐿 ) pode ser definido como o
atrito lateral unitário (𝑟𝐿 ) multiplicado pelo perímetro do fuste (𝑈) vezes o seu
comprimento (∆𝐿), enquanto que a carga de ruptura de ponta (𝑃𝑃 ) podem ser definida
como a resistência de ponta unitária (𝑟𝑃 ) vezes a área (𝐴) na ponta da estaca, como
mostram as Equações (23) e (24).

𝑃𝐿 = ∑ 𝑈 . ∆𝐿 . 𝑟𝐿 (23)

𝑃𝑃 = 𝐴 . 𝑟𝑃 (24)

Os valores da resistência de atrito lateral (𝑟𝐿 ) e da resistência de ponta


(𝑟𝑃 ) da estaca podem ser obtidos conforme as Equações (25) e (26), por meio de
correlações com os valores respectivos de NSPT da camada de solo avaliada. Os
valores recomendados para F1 e F2 referem à fatores de escala usados para corrigir
o método executivo da estaca. Segundo Aoki, o valor de F2 pode variar entre duas
vezes o valor de F1. Os valores de F1 e F2 são apresentados na Tabela 21.

𝑞𝑐 𝐾 . 𝑁𝑆𝑃𝑇 (25)
𝑟𝑃 = =
𝐹1 𝐹1

𝑓𝑠 𝛼. 𝐾 . 𝑁𝑆𝑃𝑇 (26)
𝑟𝐿 = =
𝐹2 𝐹2

Tabela 21 – Valores de F1 e F2.


Tipo de Estaca F1 F2
Franki 2,5 5
Pré-Moldadas 1,75 3,5
Escavadas 3 6
Fonte: Aoki-Velloso (1975 apud TQS Informática, 2011).

Já os valores de 𝐾 e 𝛼 são parâmetros que variam em função do tipo


de solo. Para os solos de região de São Paulo podem ser adotados os seguintes
valores, apresentados na Tabela 22.
73

Tabela 22 – Valores dos parâmetros 𝐾 e 𝛼.


Solo K (MPa) α (%)
Areia 1,00 1,40
Areia siltosa 0,80 2,00
Areia siltoargilosa 0,70 2,40
Areia argilosa 0,60 3,00
Areia argilossiltosa 0,50 2,80
Silte 0,40 3,00
Silte arenoso 0,55 2,20
Silte arenoargiloso 0,45 2,80
Silte argiloso 0,23 3,40
Silte argiloarenoso 0,25 3,00
Argila 0,20 6,00
Argila arenosa 0,35 2,40
Argila arenossiltosa 0,30 2,80
Argila siltosa 0,22 4,00
Argila siltoarenosa 0,33 3,00
Fonte: Aoki-Velloso (1975 apud TQS Informática, 2011).

Por fim, calcula-se a capacidade de carga admissível da estaca com


base no fator de segurança global mínimo estabelecido pela NBR 6122 (2019) para
fundações, sendo igual a 2 para os casos em que não tenha prova de carga3), como
é mostrado na Equação (27).

𝑃𝑅 (27)
𝑃𝑎𝑑𝑚 =
2

2.3.1.1.2 Método Décourt-Quaresma

O método de Décourt-Quaresma é um método semi-empírico e,


diferentemente do método de Aoki-Velloso, foi originalmente concebido com base nos
valores obtidos dos ensaios de SPT. A concepção inicial do método baseou-se na
capacidade de carga de estacas pré-moldadas cravadas no solo, porém, outros
autores mostraram que o método pode ser aplicado também para estacas escavadas.
De modo semelhante ao método de Aoki-Velloso, é calculado o atrito
lateral ao longo do fuste (𝑃𝐿 ) em função do atrito lateral unitário (𝑟𝐿 ) e a carga de

3 Para casos onde há provas de carga, o fator de segurança global mínimo pode ser reduzido para 1,6.
74

ruptura ponta (𝑃𝑃 ), em função dos valores da resistência de ponta unitária (𝑟𝑃 ), como
mostram as Equações (23) e (24). Posteriormente, é somado as carga de ruptura
lateral ao longo do fuste (𝑃𝐿 ) e a carga de ruptura ponta (𝑃𝑃 ) para chegar no valor da
carga de ruptura do sistema estaca-solo (𝑃𝑅 ), apresentada na Equação (22).
A resistência do atrito lateral (𝑟𝐿 ) no método de Décourt-Quaresma é
obtida em função do valor do número do NSPT (𝑁) para a camada avaliada, conforme
mostra a Equação (28). O valor de N, para estacas escavadas, deve ser no mínimo 3
e no máximo 15, enquanto para estacas de deslocamento o valor máximo é estendido
para 50.

𝑁 (28)
𝑟𝐿 = 𝛽. 10 ( + 1)
3

Já a resistência de ponta da estaca é estimada segundo o tipo de solo,


representado pelo fator 𝐶, e pelo valor médio do NSPT (𝑁𝑝 ) na profundidade da ponta
da estaca e entre as camadas imediatamente acima e imediatamente abaixo dessa
camada, como mostra a Equação (29).

𝑟𝑝 = 𝛼. C 𝑁𝑝 (29)

O fator 𝐶 é um fator relativo as características do solo e foi ajustado


em decorrência de 41 ensaios de prova de carga feitos com estacas cravadas pré-
moldadas de concreto. Para as estacas que não atingiram a ruptura, foi utilizado um
valor de 10% de recalque do diâmetro como carga de ruptura convencional (TQS
Informática, 2011). Os valores do fator 𝐶 são apresentados na Tabela 32.

Tabela 23 – Valores para o Fator C.


Solo C (MPa)
Argilas 120
Siltes argilosos 200
Siltes arenosos 250
Areias 400
Fonte: Décourt-Quaresma (1996 apud TQS Informática, 2011).
75

Nos métodos de Décourt-Quaresma são inseridos os coeficientes 𝛼 e


𝛽, que buscam aferir melhor a capacidade de carga em função do tipo de solo e do
método de execução, conforme é apresentado a seguir, na Tabela 24.

Tabela 24 – Valores para os Fatores 𝛼 e 𝛽.


Tipo de Estaca
Tipo de Injetadas
Escavadas Hélice Injetadas
Solo Escavadas (Sob
(bentonita) Contínua (Raiz)
Pressão)
Fator 
Argila 0,85 0,85 0,3 0,85 1
Silte 0,6 0,6 0,3 0,6 1
Areia 0,5 0,5 0,3 0,5 1
Fator 
Argila 0,8 0,9 1 1,5 3
Silte 0,65 0,75 1 1,5 3
Areia 0,5 0,6 1 1,5 3
Fonte: Décourt-Quaresma (1996 apud TQS Informática, 2011).

Décourt (1982, apud TQS Informática, 2011) propõe quatro fatores de


segurança referente aos parâmetros do solo (𝐹𝑝 ), a formulação adotada (𝐹𝑓 ), as
deformações excessivas (𝐹𝑑 ) e as cargas (𝐹𝑐 ), de modo que, quando combinam-se
esses valores resulta-se os coeficientes de segurança apresentados na Equação (30)
para a carga de ruptura lateral ao longo do fuste (𝑃𝐿 ) e a carga de ruptura da ponta
(𝑃𝑃 ), no qual é obtido a carga admitida para o sistema (𝑃𝑎𝑑𝑚 ).

𝑃𝐿 𝑃𝑃 (30)
𝑃𝑎𝑑𝑚 = +
1,3 4

A carga admitida para o sistema (𝑃𝑎𝑑𝑚 ) também é calculada com base


na NBR 6122:2019, que possui um valor igual a 2,0 e é calculada com base na
Equação. Vale destacar que a carga admitida (𝑃𝑎𝑑𝑚 ) deve atender as expressões (30)
e (31), dessa forma, adota-se o menor valor calculado entre as duas equações.

𝑃𝐿 + 𝑃𝑃 (31)
𝑃𝑎𝑑𝑚 =
2
76

2.3.2 Sistema de Interação Solo-Estrutura (SISEs)

Nos projetos estruturais culturalmente costuma-se considerar os


apoios das estruturas indeslocáveis e rígidos, de modo que, a partir dos valores das
cargas que chegam nos apoios são dimensionadas as fundações. Entretanto, na
prática a carga das estruturas tendem a causar recalques nas fundações, devido a
ações axiais ou transversais nos apoios.
A análise da interação solo-estrutura é feita quando é considerado
deformações impostas nos apoios devido aos recalques causados nas fundações, de
modo que, ocorre a redistribuição de esforços na estrutura e mudanças nas
deformações dos elementos estruturais. É possível calcular os recalques verticais e
as deformações horizontais nas fundações por meio de métodos que estimam os
coeficientes de reação. Para efeito de análise, é possível simplificar o comportamento
do solo por meio de coeficientes de mola.
Segundo Hachich (1998), em fundações profundas é de pouco
interesse avaliar o efeito da interação solo-estrutura, uma vez que os valores de
recalques verticais são pouco significantes. Porém, no caso de estacas carregadas
transversalmente, é importante avaliar os deslocamentos horizontais que ocorrem na
estaca, em função de tipos de solos de referência como solos argilosos pré-
adensados, areias e argilas normalmente adensadas.

2.3.2.1 Coeficiente de reação horizontal (CRH)

O cálculo do módulo de reação horizontal é bastante utilizado para


fundações profundas e estruturas de contenção, sendo que, para fundações rasas
pouco se utiliza, uma vez que a obtenção dos deslocamentos horizontais devido a
forças horizontais é um problema relativo ao atrito sapata-solo. Quando uma estaca é
carregada transversalmente, o solo resiste aos deslocamentos horizontais por meio
de tensões passivas de compressão aplicadas pelo solo contra a face da estaca e por
tensões de cisalhamento nas laterais da estaca, como pode-se observar na Figura 32.
Segundo Velloso e Lopes (2010), para efeitos práticos, considera-se a resultante
dessas tensões atuando apenas na frente da estaca.
77

Figura 32 – Reação horizontal do solo contra o deslocamento da estaca.

Fonte: Velloso e Lopes, (2010).

Pela hipótese de Winkler é possível representar o comportamento do


solo com um coeficiente de reação horizontal do solo (𝑘ℎ ) pela razão entre tensão
lateral (𝜎) aplicada na estaca e o deslocamento horizontal da estaca (𝑦), como mostra
a Equação.

𝜎 (32)
𝑘ℎ =
𝑦

A hipótese de Winkler busca compreender o comportamento da


estaca mediante a aplicação de carregamentos transversais por meio de apoios
elásticos distribuídos ao longo do comprimento da estaca. Segundo Velloso e Lopes
(2010), o solo pode ser representado por meio de dois modelos, a primeira é a
extensão de hipótese de Winkler, que substitui o solo por molas horizontais (Figura
33), e o segundo considera o solo como um meio contínuo, normalmente elástico.
O modelo de Winkler é recomendado e mais utilizado na prática da
engenharia, uma vez que a análise em que é considerado o solo como meio elástico
contínuo não representa adequadamente o solo na região tracionada, pois o solo não
resiste à tração (VELLOSO E LOPES, 2010). Dessa maneira, o meio elástico contínuo
não representa com precisão o solo no entorno da estaca carregada
transversalmente.
78

Figura 33 – Estaca submetida a carregamentos transversais; (a) Comportamento


Real; (b) Molas Elásticas.

Fonte: Velloso e Lopes, (2010).

O valor coeficiente de reação horizontal (𝑘ℎ ) busca representar o


comportamento do solo e pode variar com a profundidade (𝑧). Para argilas pré-
adensadas a maioria dos autores descreve o comportamento do coeficiente de reação
horizontal como constante ao longo da profundidade, dependendo apenas da
consistência do solo. A Tabela 25, adaptada de Terzaghi (1995, apud TQS
Informática, 2011) apresenta esses valores.

Tabela 25 – Valores de 𝑘ℎ para argilas pré-adensadas.


Tipo de Solo 𝒌𝒉 (Kgf/cm²)
Argila Média 8
Argila Rija 50
Argila Muito Rija 100
Argila Dura 195
Fonte: Adaptado de Terzaghi (1955 apud TQS Informática, 2011).

Sendo assim, o coeficiente de mola (𝐾ℎ ) pelo modelo de Winkler pode


ser obtido conforme a Equação, onde ∆𝐿 é o comprimento de influência da fundação.
Tomando como referência as cotas do SPT, usualmente ∆𝐿 = 1𝑚.

𝐾ℎ = 𝑘ℎ . ∆𝐿 (33)
79

Para areias puras ou argilas moles a rigidez aumenta com a


profundidade, em função da pressão geostática do solo. Nessas condições, é inserido
a taxa de crescimento do módulo de reação horizontal com a profundidade, não
incluindo a dimensão transversal da estaca (𝑚ℎ ). Em alguns casos, já estão inclusos
a dimensão transversal da estaca na taxa de crescimento do módulo de reação
horizontal (𝜂ℎ ), onde o fator 𝑚ℎ é multiplicado pela referida dimensão (𝜂ℎ = 𝑚ℎ . 𝐵).
Velloso e Lopes (2010) apresentam a Tabela 26, que indicam os
valores de 𝜂ℎ e 𝑚ℎ para argilas e solos orgânicos moles, como é mostrado a seguir.

Tabela 26 – Taxa de crescimento do coeficiente de reação horizontal com a


profundidade, para argilas e solos orgânicos.
Faixa de Valores de Valores sugeridos
Tipo de Solo
ηh (kN/m³)4) para de mh (kN/m4)
Solos orgânicos recentes (vasa,
1 a 10 15
lodo, turfa etc.)
Argila orgânica, sedimentos
10 a 60 80
recentes
Argila siltosa mole, sedimentos
30 a 80 150
consolidados (norm. adensados)
Fonte: Adaptado de Davisson (1970) e Miche (1930) (apud Velloso e Lopes, 2010).

Para as areias é possível calcular a taxa de crescimento do módulo


de reação horizontal por meio de valores sugeridos por Terzaghi (1955), como é
apresentado na Tabela 27.

Tabela 27 – Coeficiente de reação horizontal para areias, válidos para estacas de 30


cm de lado.
ηh5) (NN/m³)
Tipo de Solo
Acima do NA Abaixo do NA
Areia Fofa 2,3 1,5
Areia Median. Compacta 7,1 4,4
Areia Compacta 17,8 11,1
Fonte: Adaptado de Terzaghi (1955, apud Velloso e Lopes, 2010).

4 Supostamente válida para estacas de 30cm de lado.


5 Para uma estaca com dimensão igual a B, multiplicar estes valores por b/B, com b=30cm.
80

Velloso e Lopes (2010) apresentam as duas formas de encontrar o


coeficiente de reação horizontal (𝑘ℎ ), por meio do 𝑚ℎ e do 𝜂ℎ , expressos na Equação
(34).

𝑧 (34)
𝑘ℎ = 𝜂ℎ . = 𝑚ℎ . 𝑧
𝐵

A partir do valor do coeficiente de reação horizontal (𝑘ℎ ), é possível


calcular o coeficiente de mola (𝐾ℎ ) são obtidos através da Equação (35), no qual,
multiplica-se o coeficiente de reação horizontal (𝑘ℎ ) pela área de influência (𝐴) da
estaca, onde é recomendado que utiliza-se o diâmetro (𝐷) da estaca vezes o
comprimento da estaca (∆𝐿).

𝐾ℎ = 𝑘ℎ . 𝐴 (35)

O autor Tietz (1976; apud TQS Informática, 2011) propôs uma tabela
para o coeficiente de mola (𝐾ℎ ) em função dos resultados típicos do NSPT em
decorrência da consistência, para solos argilosos, e da compacidade, para solos
arenosos, a partir de um coeficiente de proporcionalidade m, apresentado na Tabela
28. Originalmente, a formulação foi proposta para tubulões com mais de 1m de
diâmetro, porém, também é utilizado para fundações profundas do tipo estacas.

Tabela 28 – Valores do coeficiente de proporcionalidade m em função do NSPT.


Solo Argiloso Consitência SPT m (tf/m4)
Turfa Meio Líquido 0 25
Argila Muito Mole 1 75
Argila Mole 3 150
Argila Média 6 300
Argila Rija 12 500
Argila Muito Rija 22 700
Argila Dura 30 900
Solo Arenoso Compacidade SPT m (tf/m4)
Areia Fofa 1 150
Silte Pouco Compacta 7 300
Silte Med. Compacta 20 500
Areia Compacta 40 800
Argila Muito Compacta 50 1500
Fonte: Adaptado de Tietz (1976, apud TQS Informática, 2011).
81

A constante de mola (𝐾ℎ ) pode ser obtida por meio do modelo de


Winkler, mostrado na Equação (36), onde z é a profundidade do solo e m o valor do
coeficiente de proporcionalidade na respectiva camada.

𝐾ℎ = 𝑚. 𝑧. 𝑘ℎ = 𝑚. 𝑧. 𝐷. ∆𝐿 (36)

2.3.2.2 Coeficiente de reação vertical (CRV)

O coeficiente de reação vertical (CRV) em estacas pode ser entendido


como a rigidez de contato entre o solo e a estaca. O carregamento que chega no topo
da estaca é distribuído pelo fuste e resistido inicialmente por atrito lateral pelas
camadas iniciais até que a carga restante chegue na base, onde é mobilizado a
resistência de ponta. Dessa maneira, entende-se o coeficiente de mola (𝐾𝑣 ) como
sendo a razão entre a carga aplicada no topo da estaca (𝑃𝑖 ) e o deslocamento sofrido
na base da estaca (𝛿𝑖 ), como mostra a Equação (37).

𝑃𝑖 (37)
𝐾𝑣 =
𝛿𝑖

Os deslocamentos sofridos na base da estaca (𝛿𝑖 ) também são


denominados de recalques, e pela teoria de Vésic (1975) é determinado pela soma
de duas principais parcelas, o encurtamento elástico da estaca e o recalque do solo
abaixo da ponta da estaca. O encurtamento elástico pode ser calculado pela teoria de
elasticidade, onde é verificada a deformação elástica em função da rigidez da estaca,
enquanto que, o recalque do solo abaixo da ponta da estaca pode ser determinada
pela metodologia proposta por Aoki (1984, apud TQS Informática, 2011), onde é
somado o acréscimo de tensões e as deformações em camadas de solo abaixo da
ponta da estaca.
É possível que se entenda os coeficientes de mola de uma estaca
como um conjunto de molas distribuídas ao longo do fuste e na base da estaca, como
mostra a Figura 34, de modo que as molas representem a distribuição de rigidezes do
sistema estaca-solo. A análise pode ser realizada de duas formas diferentes,
considerando que cada “mola” é carregada até que se plastifique, solicitando a mola
seguinte, até que se mobilize a mola de ponta, ou considerando a distribuição
82

proporcionalmente distribuída ao longo do fuste, até que a resistência lateral da estaca


é vencida, e assim como da primeira forma é mobilizada a mola de ponta.

Figura 34 – Distribuição das molas ao longo do fuste e na ponta da estaca.

Fonte: Adaptado de TQS Informática, (2011).

Desse modo, tem-se que o coeficiente de reação total (𝐶𝑅𝑉𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ) é a


soma dos coeficientes de reações distribuídos ao longo do fuste (𝐶𝑅𝑉𝑓𝑢𝑠𝑡𝑒 ) e do
coeficiente de reação de ponta (𝐶𝑅𝑉𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎 ), como mostra a Equação (38).

𝐶𝑅𝑉𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∑ 𝐶𝑅𝑉𝑓𝑢𝑠𝑡𝑒 + 𝐶𝑅𝑉𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎 (38)

Como já citado, a verificação dos recalques em fundações profundas


é de pouco uso, uma vez que são baixos, sendo necessário uma análise mais
criteriosa para cargas muito elevadas, como ocorre em pilares de edifícios com mais
de 60 metros, pilares de pontes, pisos de armazéns de granéis entre outros. Dessa
maneira, é comum que os valores resultantes dos coeficientes de mola verticais em
estacas sejam altos (molas rígidas).
83

Além disso, a resistência ao longo do fuste pode ser alterada pelo


efeito de grupo das estacas, devido a deformações do solo adjacente e da
superposição dos bulbos de tensões entre as estacas. É de difícil estimativa a
consideração desse efeito, de modo que, as estacas são analisadas isoladamente.
Também é importante destacar que nem todo resultado numérico muito sofisticado
seja próprio na prática, pois o solo é um material muito heterogêneo e de difícil
discretização, o que pode resultar em cálculos não tão próximos do real
comportamento da fundação analisada (TQS INFORMÁTICA, 2011).

2.3.2.3 Mobilização do empuxo passivo e o efeito de arco

Velloso (1958; apud Moraes et al. 2016) resumiu o conceito adotado


por outros autores nos projetos de estacas em ficha descontínua para o cálculo da
área mobilizada de reação do empuxo passivo abaixo do nível de escavação. O
conceito de cálculo está relacionado ao efeito de arco e ao espraiamento de tensões
no maciço de solo, de modo que a largura de reação do solo é potencialmente maior
do que apenas a largura do perfil ou ao diâmetro da estaca que compõe a estrutura
de contenção, como mostra a Figura 35.

Figura 35 – Distribuição de tensões no solo para contenções descontínuas.

Fonte: Veermer et al., (2001, apud Moraes, 2016).


84

Imaginando uma parede diafragma que compõe uma estrutura de


contenção contínua, pode-se dizer que a área mobilizada na zona passiva é de 100%.
Já em estruturas de contenção com perfis pranchados ou com estacas em ficha
espaçadas a área mobilizada é menor do que 100%. A área mobilizada de empuxo
passivo depende do tipo de solo, da geometria do elemento de rigidez, do
espaçamento entre estes elementos e do processo execução adotado.
Devido a estes aspectos citados acima, Velloso (1958; apud Moraes
et al. 2016) estima que a largura do perfil ou da estaca pode ser aumentada
virtualmente por um fator de ajuste de até três vezes, como mostra a Figura 36.

Figura 36 – Representação das regiões de empuxo passivo mobilizadas em


estruturas de contenção descontínuas.

Fonte: O próprio autor.

Dessa forma, a zona mobilizada do empuxo passivo de uma estrutura


de contenção descontínua (𝜎𝑟 ) pode ser estimada por meio de um fator de redução
em relação ao empuxo passivo de uma estrutura de contenção contínua (𝜎𝑝 ), como
mostra a Equação (39).

3. ∅𝑒𝑠𝑡 (39)
𝜎𝑟 = (𝜎𝑝 . ( ≤ 1))
𝑒
85

3 MÉTODOS

Este trabalho propõe analisar modelos estruturais de diferentes


concepções estruturais de muros de arrimo em concreto armado para diferentes
magnitudes de carregamentos, representada pelas alturas de muros de arrimo de
1,50m, 2,50m, 4,00m e 6,00m. Para tanto, esses modelos foram discretizados pelo
método dos elementos finitos (MEF), considerando os efeitos da interação solo-
estrutura nos elementos de fundação. A discretização dos modelos foi realizada pelo
software de análise estrutural SAP2000 (v20.2.0).
Os parâmetros geotécnicos utilizados no modelo foram obtidos por
meio de estimativas em função da caracterização do solo que é informada nas
sondagens à percussão do tipo SPT, realizadas em uma região típica na cidade de
Londrina-PR. Tratando-se de um solo argiloso com camadas superficiais porosas e
colapsíveis, optou-se pela escolha de fundações do tipo profundas executadas em
estacas escavadas.
Serão avaliados nos modelos de muros de arrimo os deslocamentos
no estado limite de serviço e a intensidade dos esforços de flexão no estado limite
último, para os elementos estruturais e as fundações. A partir da análise desses
parâmetros, será discutido as seções que melhor se adequam para cada altura
diferente de arrimo, com base nos resultados da análise estrutural e da avaliação de
fatores econômicos e construtivos para execução dos muros de arrimo.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO SOLO DE ESTUDO

Os solos brasileiros são formados em sua maior parte em condições


de climas tropicais, que por sua vez geram solos que passam por um processo de
laterização. Estes tipos de solos são chamados de solos lateríticos, e são típicos de
regiões com verões quentes e úmidos com invernos frios e secos, sendo estes mais
desenvolvidos que solos originados em climas temperados (ROCHA et al, 1991, apud
TEIXEIRA et al, 2008).
O solo na cidade de Londrina-PR, localizado na região norte do estado
do Paraná, é caracterizado por perfis de latossolos em sua maioria, com a ocorrência
de argissolos e neossolos (ROCHA et al, 1991, apud TEIXEIRA et al, 2008). A
geologia da região é situada na bacia sedimentar do Paraná, cuja litologia principal é
86

a rocha vulcânica básica de origem basáltica.


Geralmente, os perfis de solo na região de Londrina-PR possuem
estratos iniciais de argila siltosa de cor marrom avermelhada, muito poroso, colapsível,
com uma menor resistência mecânica, baixo grau de saturação e profundidades
extensas. Já as camadas mais profundas são compostas por estratos de solo residual
basáltico de silte argiloso, camadas essas que possuem um menor grau de
intemperismo, não laterizado e um comportamento não colapsível, o que caracteriza
camadas com maior resistência mecânica e menos deformáveis.
Abaixo é apresentado a Figura 37, referente ao perfil típico do solo
de Londrina, obtido na sondagem à percussão do tipo SPT realizada no Campo
Experimental de Engenharia Geotécnica (CEEG) da Universidade Estadual de
Londrina (UEL).

Figura 37 – Perfil de solo do CEEG/UEL, Londrina-PR.

Fonte: Adaptado de Christoni et al (2018).

3.1.1 Índices Físicos

A caracterização física do solo natural da região de Londrina-PR foi


realizada no CEEG/UEL por Gonçalves et al. (2017, apud Ferreira et al, 2018), e os
resultados obtidos estão apresentados na Tabela 29.
87

Tabela 29 – Caracterização física obtida - Amostra de solo do CEEG/UEL.

Solo
Caracterização Física do Solo
CEEG/UEL
Massa específica dos sólidos (g.cm-3) 3,03
Massa específica aparente (g.cm-3) 1,40
Limite de Liquidez (%) 52
Limite de Plasticidade (%) 38
Índice de plasticidade (%) 14
Areia média (%) 0,3
Areia fina (%) 20,7
Silte (%) 23,5
Argila (%) 55,5
Classificação TRB A-7-5
Classificação SUCS CH
Fonte: Adaptado de Gonçalves et al. (2007, apud Ferreira et al, 2018).

Entretanto, é possível submeter o solo natural a processos de


compactação mediante a uma determinada energia, de modo que o comportamento
do solo tende a ser diferente do seu estado natural. Hauly et al. (2012; apud Oyama,
2013) estudaram o comportamento do solo do CEEG/UEL através de ensaios com
amostras compactadas na energia normal de compactação, onde foi obtido a curva
de compactação, apresentada na Figura 38.

Figura 38 – Curva de compactação obtida – Amostra de solo do CEEG/UEL.

Fonte: Adaptado de Hauly (2012, apud Oyama, 2013).


88

Tabela 30 – Resultados obtidos pela curva de compactação – amostra de solo do


CEEG/UEL.
Ramo Umidade Ramo
Parâmetros
Seco Ótima Úmido
γd (g/cm³) 1,40 1,44 1,42
ω (%) 29,4 32 33,6
Fonte: Hauly (2012, apud Oyama, 2013).

A partir dos resultados obtidos na análise de Hauly et al. (2012; apud


OYAMA, 2013), é razoável estimar o peso específico do solo (γ) em seu estado
compactado na energia Proctor Normal, como é mostrado na Equação (40). Dessa
forma, nota-se que o peso específico do solo (γ) pode ser calculado em função da

variação da umidade (ω) do solo e o seu respectivo peso específico aparente seco
(γd). Para fins de projeto, convém-se adotar o maior valor para o peso específico do

solo (γ), considerando um cenário mais crítico.

𝛾 = 𝛾𝑑 . (1 + ω) (40)

3.1.2 Parâmetros de Resistência

Os parâmetros de resistência de um latossolo argiloso, característico


da região de Londrina-PR, foram analisados no CEEG/UEL por Reus et al. (2012;
apud Zanin, 2014) e por Zanin (2014). Reus et al. (2012; apud Zanin, 2014) realizaram
o ensaio de cisalhamento direto do solo em sua estrutura natural, com amostra
indeformada, nas condições de umidade natural e com corpo de prova inundado,
enquanto Zanin (2014) realizou o mesmo ensaio de cisalhamento direto do solo,
porém, com o corpo de prova remoldado e compactado, como mostra a Tabela 31.

Tabela 31 – Parâmetros de resistência com corpo de prova inundado – amostra de


solo do CEEG/UEL.
Autor Condição φ (graus) c (kPa)
Reus et. al. (2012) Amostra Indeformada 33,30 6,00
Zanin (2014) Amostra Compactada 24,85 46,09
Fonte: Adaptado de Zanin (2014).
89

A partir dos resultados obtidos por meio de ambos os autores, pode-


se afirmar que em amostras compactadas o intercepto coesivo (c) do solo tende a
aumentar (ZANIN, 2014), uma vez que a compactação enrijece o solo, aumenta a sua
densidade e diminuí os índices de vazios. Estes fatores implicam no aumento da
resistência do solo ao cisalhamento e do peso específico do solo (γ).

3.1.3 Determinação dos Parâmetros Geotécnicos

Nesse subtópico serão apresentadas os parâmetros geotécnicos


adotados para o solo com aterro compactado, a fim de estimar os carregamentos de
empuxo, e para o solo de fundação, onde serão estimados os valores para a
capacidade de carga das fundações e os coeficientes de mola.

3.1.3.1 Critérios de análise para o solo de fundação

Para este trabalho foram utilizadas sondagens à percussão do tipo


SPT como referência para investigação geotécnica do solo, onde obteve-se os SPT’s
01, 02 e 03 (Figura 39), realizados em uma região na cidade de Londrina-PR.
90

Figura 39 – Sondagens SPT1, SPT2 e SPT3.

Fonte: O próprio autor.

A partir do relatório de sondagem à percussão (Figura 39) foi possível


observar uma argila siltosa avermelhada muito mole à mole nos estratos iniciais, com
valores de NSPT que variam de 1 à 4. Só foi possível notar solo resistente, com valores
de NSPT superiores a 6, a partir de 7 metros de profundidade da cota de sondagem.
Por fim, considerou-se o SPT-03 para análise das fundações, considerando
hipoteticamente como sendo a sondagem mais próxima do muro de arrimo.
91

3.1.3.2 Critérios de análise para o solo de aterro compactado

Os parâmetros do solo de aterro foram estimados com base nos


resultados obtidos nos ensaios de compactação, realizados por Hauly et al. (2012;
apud OYAMA, 2013) e nos ensaios de cisalhamento direto com amostras
compactadas e inundadas, realizados por Zanin (2014), ambos para amostras de
solos extraídas do CEEG/UEL, como é apresentados nas Tabela 30 e Tabela 31,
respectivamente.
Como é apresentado na Figura 39, a região em contato com o
paramento dos muros pode ser analisada como um aterro compactado em sua
umidade ótima. Dessa forma, considerou-se um valor usual para um peso específico
(γ) do solo da região como sendo igual a 1,80 tf/m³. O ângulo de atrito adotado é de
25º, valor esse semelhante ao obtido por Zanin (2014) para a amostra compactada e
inundada.
Quanto a coesão interna (c), os valores tendem a ser maiores nos
ensaios com amostras compactadas comparadas a amostras indeformadas, como
mostra a Tabela 31. Entretanto, é possível que a coesão do solo sofra reduções
quando o solo é submetido a elevadas umidades (alta saturação). Sendo assim, em
projetos consideram-se valores para a coesão menores do que comumente é obtido
em ensaios, a fim de tornar a análise mais próxima de condições críticas que podem
ocorrer durante a vida útil de uma estrutura de contenção. Considerando essas
hipóteses, para fins de análise adotou-se um valor relativamente baixo para o solo da
região, como sendo igual a 7,5 kPa ou 0,75 tf/m².
Sendo assim, foram calculados os coeficientes de empuxo ativo (𝑘𝑎 )
e passivo (𝑘𝑝 ) com base nas teorias de Rankine apresentadas nas Equações (7) e (8),
de modo que o ângulo 𝛽 foi considerado igual a 0 (aterro sem inclinação). Portanto,
para essa analise não será considerado o atrito entre o solo e o muro. Os valores de
coeficiente de empuxo ativo (𝑘𝑎 ) e passivo (𝑘𝑝 ), o peso específico do solo (γ), o ângulo
de atrito (ϕ) e a coesão interna (c) são apresentados na Tabela 32.

Tabela 32 – Parâmetros geotécnicos considerados para análise dos muros.


γ(tf/m³) ϕ c(tf/m²) Ka Kp
1,8 25º 0,75 0,39 2,56
Fonte: O próprio autor.
92

3.2 MODELAGEM COMPUTACIONAL

Realizou-se uma modelagem computacional com cinco modelos


estruturais de muros de arrimo em concreto monolítico para quatro categorias
diferentes de alturas (1,50 metros; 2,50 metros; 4,00 metros e 6,00 metros). Os
modelos concebidos foram divididos conforme ilustra a Figura 40.

a) Modelo 1: Muro de flexão com estaca em ficha;


b) Modelo 2: Muro de flexão com viga alavanca;
c) Modelo 3: Muro de flexão com tirantes;
d) Modelo 4: Muro de flexão com laje de fundo;
e) Modelo 5: Muro de flexão com contrafortes.

Figura 40 – Modelos elaborados no software de análise estrutural.

M01 M02 M03

M04 M05

Fonte: O próprio autor.


93

As principais verificações a ser realizadas nos modelos serão os


deslocamentos horizontais máximos no topo dos muros de arrimo e nas estacas para
o estado limite de serviço (ELS) e os esforços de flexão máximos nos elementos de
barras (frame) e placas (shell), para o estado limite último (ELU), a fim de compará-
los quanto a eficiência do sistema a uma determinada situação de carregamento.

3.2.1 Discretização Numérica

Os modelos discretizados são compostos por pórticos espaciais


considerando as propriedades elásticas de um mesmo tipo de concreto (Figura 41).
Para representar os elementos estruturais nos modelos foram discretizados como
elementos de barra (frame) os pilares, as vigas e as estacas. Já para as paredes de
fechamento do muro de arrimo foram consideradas elementos de área (shell)
discretizadas em elementos finitos, sendo essas dividida em malhas com dimensões
de 25x25cm.

Figura 41 – Modelo de pórtico espacial.

Fonte: Kimura (2007).

Como citado anteriormente, para representação da interação solo-


estrutura foram consideradas molas horizontais dispostas no comprimento da estaca,
enquanto para as reações verticais considerou-se apenas o apoio rígido vertical na
ponta da estaca. Os valores dos coeficientes de mola horizontais foram estimados
com base em correlações em função do valor do NSPT das camadas adotadas para
locação do muro.
Convém destacar que o tipo de análise é simplificada, ou seja, não
foram considerados os efeitos da não linearidade física dos elementos estruturais e
elementos geotécnicos.
94

3.2.2 Materiais e Geometria

O material utilizado na concepção estrutural dos muros de arrimo é o


concreto armado com resistência característica à compressão (𝑓𝑐𝑘 ) de 25 MPa. A partir
da resistência característica a compressão do concreto (𝑓𝑐𝑘 ) calcula-se o módulo de
elasticidade inicial (𝐸𝑐𝑖 ) com base na Equação (41), para concretos de C20 a C50
(ABNT NBR 6118, 2014).

𝐸𝑐𝑖 = 𝑎𝐸 . 5600. √𝑓𝑐𝑘 (41)

Foi considerado 𝑎𝐸 =1,0, de modo que, a partir da Equação (41)


obteve-se características do concreto para elaboração dos modelos estruturais.

Tabela 33 – Módulo de elasticidade inicial (𝐸𝑐𝑖 ) do concreto.


Material Eci (mPa)
Concreto C25 28.000
Fonte: O próprio autor.

As concepções dos elementos estruturais foram definidas conforme


os critérios que são apresentados nas seções e na vista frontal dos muros de arrimo,
como é visto na Figura 42 e Figura 43.

Figura 42 – Seções transversais dos muros de arrimo.

Fonte: O próprio autor.


95

Figura 43 – Vista frontal dos muros de arrimo.

Fonte: O próprio autor.

Tabela 34 – Distância entre eixos e dimensões das estacas.


Modelo 01 (M01) - Muro com estaca em ficha
Parâmetros H=1,50m H=2,50m H=4,00m H=6,00m
Øest01 (cm) 25 30 40 50
C (cm) 200 150 100 100
L=3Ø (cm) - - - -
Modelo 02 (M02) - Muro com viga de equilíbrio
Parâmetros H=1,50m H=2,50m H=4,00m H=6,00m
Øest01 (cm) 25 30 40 50
C (cm) 250 200 150 150
L=3Ø (cm) 75 90 120 150
Modelo 03 (M03) - Muro com tirantes
Parâmetros H=1,50m H=2,50m H=4,00m H=6,00m
Øest01 (cm) 25 30 40 50
C (cm) 250 200 150 150
L=3Ø (cm) 75 90 120 150
Modelo 04 (M04) - Muro com laje de fundo
Parâmetros H=1,50m H=2,50m H=4,00m H=6,00m
Øest01 (cm) 25 30 40 50
C (cm) 250 200 150 150
L=3Ø (cm) 75 90 120 150
Modelo 05 (M05) - Muro com contrafortes
Parâmetros H=1,50m H=2,50m H=4,00m H=6,00m
Øest01 (cm) 25 30 40 50
C (cm) 250 200 150 150
L=3Ø (cm) 75 90 120 150
Fonte: O próprio autor.
96

Dessa maneira, realizou-se o pré-dimensionamento dos elementos


estruturais que compõem os muros de arrimo, conforme os valores apresentados na
Tabela 35. Buscou-se utilizar relações entre as seções dos elementos estruturais e a
altura total (𝐻) do muro de arrimo, a fim de garantir rigidez suficiente para que tais
elementos suportem os esforços internos e possuam bom desempenho quanto as
condições usuais de serviço.

Tabela 35 – Pré-dimensionamento dos elementos estruturais.


Modelo 01 (M01) - Muro com estaca em ficha
Elementos H=1,50m H=2,50m H=4,00m H=6,00m
PIL01 14x26(cm) 15x30(cm) 20x40(cm) 30x60(cm)
PAR01 12(cm) 12(cm) 14(cm) 14(cm)
BL01 35x35x35(cm) 40x40x40(cm) 50x50x50(cm) 70x70x70(cm)
Modelo 02 (M02) - Muro com viga de equilíbrio
Elementos H=1,50m H=2,50m H=4,00m H=6,00m
PIL01 14x26(cm) 15x30(cm) 20x40(cm) 30x60(cm)
PAR01 12(cm) 12(cm) 14(cm) 14(cm)
VE01 35X35(cm) 40X40(cm) 50x50(cm) 70x70(cm)
Modelo 03 (M03) - Muro com tirantes
Elementos H=1,50m H=2,50m H=4,00m H=6,00m
PIL01 14x26(cm) 15x30(cm) 20x40(cm) 30x60(cm)
PAR01 12(cm) 12(cm) 14(cm) 14(cm)
VB01 14X26(cm) 15x30(cm) 20x40(cm) 30x60(cm)
TIR01 14x26(cm) 15x30(cm) 20x40(cm) 30x60(cm)
BL01 35x35x35(cm) 40x40x40(cm) 50x50x50(cm) 70x70x70(cm)
Modelo 04 (M04) - Muro com laje de fundo
Parâmetros H=1,50m H=2,50m H=4,00m H=6,00m
PIL01 14x26(cm) 15x30(cm) 20x40(cm) 30x60(cm)
PAR01 12(cm) 12(cm) 14(cm) 14(cm)
VE01 35X35(cm) 40X40(cm) 50x50(cm) 70x70(cm)
LA01 12(cm) 12(cm) 14(cm) 14(cm)
Modelo 05 (M05) - Muro com contrafortes
Parâmetros H=1,50m H=2,50m H=4,00m H=6,00m
CF01 14xVR**(cm) 15xVR**(cm) 20xVR**(cm) 30xVR**(cm)
PAR01 12(cm) 12(cm) 14(cm) 14(cm)
VE01 35X35(cm) 40X40(cm) 50x50(cm) 70x70(cm)
LA01 12(cm) 12(cm) 14(cm) 14(cm)
**VR – Variável
Fonte: O próprio autor.
97

Para os pilares (PIL01) foram consideradas dimensões mínimas de


14x26cm para os muros de arrimo com altura de 1,50m, conforme é estabelecido na
NBR 6118:2014. Para os demais casos foram adotadas seções com alturas (ℎ) de
7,5% a 10% da altura total altura total (𝐻) do muro de arrimo e largura (𝑙) com metade
do valor da altura (ℎ). Para o modelo 03 (muro com tirantes) adotou-se a mesma seção
dos pilares para o tirante (TIR01) e para a viga ligada aos blocos (VB01).
Para o modelo 05 (muro com contraforte) o contraforte (CF01) foi
considerado um elemento de rigidez com comportamento semelhante aos dos pilares.
Dessa maneira, foram adotadas larguras (𝑙) iguais aos dos pilares dos outros modelos
para uma mesma altura total (𝐻) do muro de arrimo, sendo a altura (ℎ) de sua seção
variável (VR) ligada no topo da parede até a extremidade da laje de fundo.
Para o caso das vigas de equilíbrio (VE01) e dos blocos de
coroamento (BL01) foram adotadas seções de mesma altura e largura, com valores
de 10cm acima do diâmetro adotado para a estaca (Øest01). Por fim, foram adotadas
espessuras para as paredes e as lajes de fundo igual a 12cm para os muros de arrimo
com altura de 1,50m e 2,50m e igual a 14cm para os muros de arrimo com altura de
4,00 e 6,00, valores estes comumente adotados na prática estrutural.

3.2.3 Carregamentos

Nesse tópico serão descritos os carregamentos considerados no


cálculo para a discretização dos modelos de muros de arrimos, tais como empuxos,
sobrecargas e peso próprio da estrutura.

3.2.3.1 Empuxos e sobrecargas

As pressões laterais devido ao empuxo nos muros de arrimo são


consideradas cargas permanentes e variam linearmente com a altura, formando um
diagrama triangular de pressões ao longo da altura, como pode-se observar na Figura
44. No modelo estrutural as cargas de empuxo foram lançadas nos elementos de
placa (shell) automaticamente, por meio de equações inseridas no software que
variam linearmente a distribuição das cargas nos elementos estruturais.
Foram consideradas sobrecargas uniformemente distribuídas no
terreno com intensidade característica da categoria tipo II de veículos iguais a 5,0
98

kN/m² (ou 0,5 tf/m²), valor esse característico de caminhões semi-leves a leves com
peso bruto total até 9 toneladas, como é apresentado na Tabela 16. A distribuição das
pressões laterais devido as sobrecargas no terreno podem ser simplificadas em
pressões uniformemente distribuídas ao longo do muro de arrimo, multiplicado pelo
coeficiente de empuxo do solo, como é mostrado na Figura 44. Foi considerado um
valor de coesão efetiva igual a 7,5 kPa, de modo que, considerando que o solo não
tem resistência à tração, despreza-se as tensões no muro até a profundidade (𝑍𝑜)
onde a parcela da coesão é superior a soma do empuxo ativo e da sobrecarga.

Figura 44 – Distribuição das pressões laterais no muro de arrimo.

Fonte: O próprio autor.

Vale destacar que somente para o caso dos muros de arrimo com laje
de fundo foi considerado uma sobrecarga referente ao peso próprio do solo acima do
nível da laje. O valor da sobrecarga foi considerado igual ao peso específico do solo
(γ) vezes a altura total (𝐻) do muro de arrimo, distribuída na área total da laje de fundo.
99

3.2.3.2 Peso próprio

Foi necessário apenas determinar o peso específico do concreto


armado (𝛾𝑐𝑜𝑛 ) como sendo igual a 2,5 tf/m³, como recomenda a NBR 6120:2019. O
peso total da estrutura foi calculado automaticamente pelo software de análise
SAP2000.

3.2.4 Fundações

As fundações para os modelos estruturais de muros de arrimo foram


concebidas em fundações profundas do tipo estacas escavadas de concreto, com
resistência à compressão igual a 25 MPa, com diâmetros e comprimento variáveis em
função da magnitude das cargas que atuam na estrutura. Foi adotada como
sondagem de referência para o cálculo da capacidade de carga das estacas o SPT-
03, uma vez que a referida sondagem é a mais próxima da linha de locação do muro,
como é mostrado na Figura 39.
O dimensionamento das estacas escavadas foi realizado conforme o
método de capacidade de carga de Décourt-Quaresma (1978, apud DÉCOURT et al,
1983). Para as estacas tracionadas considerou-se a minoração da resistência lateral
pelo fator (𝜂) igual a 0,70, recomendado por Velloso (1981, apud CINTRA E AOKI,
2010), como é apresentado na Tabela 36. Já para as estacas solicitadas à
compressão, foi considerado o valor em sua totalidade. O valor da resistência de ponta
para estacas solicitadas à tração é nulo, enquanto na resistência à compressão foi
considerado o valor também em sua totalidade.
A Tabela 36 também apresenta os fatores e , que ajustam as
resistências laterais e de ponta da estaca em função do método executivo e do tipo
de solo. Dessa forma, foi adotado 0,85 para o fator e 0,80 para o fator , exceto para
as estacas tracionadas, onde desprezou-se a resistência de ponta e adotou-se um
fator igual a 0.

Tabela 36 – Coeficientes para correção das resistências de ponta e lateral.


Tipo de estaca Coef.redutor (η) Fator  Fator 
Estacas tracionadas 0,70 0,00 0,80
Estacas comprimidas 1,00 0,85 0,80
Fonte: O próprio autor.
100

A carga admitida para o sistema (𝑃𝑎𝑑𝑚 ) deve atender as prescrições


da NBR 6122:2019 e aos coeficientes apresentados por Décourt-Quaresma (1978,
apud DÉCOURT et al, 1983). Sendo assim, de modo a atender as expressões (30) e
(31), adotou-se o menor valor calculado entre as duas equações para a estimativa da
carga admitida das estacas (𝑃𝑎𝑑𝑚 ), como mostra a Tabela 37.

Tabela 37 – Capacidade de carga admissível adotada.


Capac. de carga NBR Décourt-
admissível 6122:2019 Quaresma (1978)
𝑃𝐿𝑎𝑑𝑚 𝑃𝐿 /2 𝑃𝐿 /1,3
𝑃𝑃𝑎𝑑𝑚 𝑃𝑝 /2 𝑃𝑝 /4
Fonte: O próprio autor.

O comprimento mínimo das estacas foi estimado com base na


estimativa da capacidade de carga das estacas e nas reações dos apoios nas estacas
nos muros de arrimo, com os diâmetros fixados para cada altura, como é apresentado
na Tabela 34. Posteriormente comparou-se os comprimentos mínimos de estaca para
as cargas no eixo A e no eixo B e foi adotado o comprimento que atendia a capacidade
de carga de ambos os casos.
Para os casos dos modelos com estacas em ficha, como o Modelo 01,
convencionou-se adotar uma ficha mínima equivalente a 1,50 vezes a altura total do
muro de arrimo, para efeito de análise, uma vez que nesse caso os esforços de flexão
são predominantes nas estacas em relação aos esforços axiais. De modo geral, é
recomendado verificar se o empuxo passivo mobilizado nas estacas é suficiente para
equilibrar o empuxo ativo no muro de arrimo por meio de outros métodos de cálculo,
a fim de garantir o total equilíbrio do sistema.
Quanto ao dimensionamento de armaduras, foi realizado a verificação
dos elementos de fundações para a situação de flexo-tração para as estacas
tracionadas e flexo-compressão para as estacas comprimidas, com base nos esforços
solicitantes nas estacas. Para as estacas dos modelos com estacas em ficha e para
os modelos com estacas tracionadas adotou-se armadura em todo comprimento da
estaca. Já para os modelos onde as estacas são solicitadas somente a flexo-
compressão, convencionou-se adotar armaduras até 1,50 vezes a profundidade com
máxima intensidade de momento fletor.
101

3.2.4.1 Coeficientes de reação horizontal (CRH)

O comportamento do solo, perante a solicitação horizontal nas


estacas, foi representado por molas, cujo coeficiente de reação horizontal (𝐶𝑅𝐻) foi
calculado pelo método de Waldemar Tietz (1976, Apud TQS Informática, 2008) que
correlaciona os valores de mola com o NSPT. Tratando-se de uma análise prática em
um solo argiloso residual mole, é conveniente considerar que os coeficientes de
reação horizontal tendam a variar linearmente com a profundidade, como é esperado
em argilas normalmente adensadas (TQS Informática, 2008).
Os coeficientes de mola foram estimados com os valores de NSPT das
camadas do SPT-03, onde foi considerada a região de implantação do muro de arrimo
no estudo analisado. Os valores de m apresentados na Tabela 28 foram interpolados
para cada de valor de NSPT, de modo que foi calculado o coeficiente de recalque
horizontal (𝐶𝑧ℎ ) para todas as profundidades até o valor do solo impenetrável, como
mostra a Tabela 38.
Posteriormente, as molas foram divididas em camadas a cada 50cm
de profundidade, como mostra a Figura 45. A largura de mobilização de reação
passiva do solo foi majorada em um valor igual a três vezes o diâmetro (∅) da estaca,
como recomenda Velloso (1958; apud MORAES et al. 2016). Para os muros com
estaca em ficha de 4,00m e 6,00 foram consideradas estacas com distância entre
eixos igual a 2,50∅ e 2,00∅, respectivamente, dessa forma, a reação passiva do solo
para estes casos foi majorada proporcionalmente a distância entre eixos.

Figura 45 – Detalhe da área de influência dos apoios elásticos.

Fonte: O próprio autor.


102

O produto da largura efetiva com o comprimento das camadas resulta


em uma área efetiva de reação passiva do solo. Para o cálculo dos coeficientes de
mola (𝐾ℎ ), apresentados na Tabela 39, foi multiplicado a área efetiva da região de
contato da estaca com o solo e o coeficiente de deslocamento horizontal (𝐶𝑧ℎ )
apresentado na Tabela 38, para cada camada de solo.

Tabela 38 – Coeficiente de deslocamento horizontal (Czh) do solo, com base na


sondagem à percussão SPT-03.
Trecho Z NSPT Tipo de solo m Czh
(m) (m) - - (tf/m4) (tf/m3)
0 - 0,5 0,25 4 Argila siltosa 200 50
0,5 - 1,0 0,75 4 Argila siltosa 200 150
1,0 - 1,5 1,25 2 Argila siltosa 115 144
1,5 - 2,0 1,75 2 Argila siltosa 115 201
2,0 - 2,5 2,25 1 Argila siltosa 75 169
2,5 - 3,0 2,75 1 Argila siltosa 75 206
3,0 - 3,5 3,25 2 Argila siltosa 115 374
3,5 - 4,0 3,75 2 Argila siltosa 115 431
4,0 - 4,5 4,25 3 Argila siltosa 150 638
4,5 - 5,0 4,75 3 Argila siltosa 150 713
5,0 - 5,5 5,25 5 Argila siltosa 250 1313
5,5 - 6,0 5,75 5 Argila siltosa 250 1438
6,0 - 6,5 6,25 6 Argila siltosa 300 1875
6,5 - 7,0 6,75 6 Argila siltosa 300 2025
7,0 - 7,5 7,25 7 Argila siltosa 320 2320
7,5 - 8,0 7,75 7 Argila siltosa 320 2480
8,0 - 8,5 8,25 9 Argila siltosa 400 3300
8,5 - 9,0 8,75 9 Argila siltosa 400 3500
9,0 - 9,5 9,25 12 Argila siltosa 500 4625
9,5 - 10,0 9,75 12 Argila siltosa 500 4875
10,0 - 10,5 10,25 11 Argila siltosa 460 4715
10,5 - 11,0 10,75 11 Argila siltosa 460 4945
11,0 - 11,5 11,25 10 Argila siltosa 430 4838
11,5 - 12,0 11,75 10 Argila siltosa 430 5053
12,0 - 12,5 12,25 9 Argila siltosa 400 4900
12,5 - 13,0 12,75 9 Argila siltosa 400 5100
13,0 - 13,5 13,25 7 Argila siltosa 320 4240
13,5 - 14,0 13,75 7 Argila siltosa 320 4400
14,0 - 14,3 14,15 43 Silte argiloso 1500 21225
Fonte: O próprio autor.
103

Tabela 39 – Coeficiente de mola (𝐾ℎ ) do solo para cada diâmetro de estaca, com
base na sondagem à percussão SPT-03.
- Diâmetro da estaca
Ø25 Ø30 Ø40 Ø40nota* Ø50 Ø50nota**
Trecho Z
Kh Kh Kh Kh Kh Kh
(m) (m) (tf/m) (tf/m) (tf/m) (tf/m) (tf/m) (tf/m)
0 - 0,5 0,25 9 14 24 20 38 25
0,5 - 1,0 0,75 28 41 72 60 113 75
1,0 - 1,5 1,25 27 39 69 58 108 72
1,5 - 2,0 1,75 38 54 97 81 151 101
2,0 - 2,5 2,25 32 46 81 68 127 84
2,5 - 3,0 2,75 39 56 99 83 155 103
3,0 - 3,5 3,25 70 101 179 150 280 187
3,5 - 4,0 3,75 81 116 207 173 323 216
4,0 - 4,5 4,25 120 172 306 255 478 319
4,5 - 5,0 4,75 134 192 342 285 534 356
5,0 - 5,5 5,25 246 354 630 525 984 656
5,5 - 6,0 5,75 270 388 690 575 1078 719
6,0 - 6,5 6,25 352 506 900 750 1406 938
6,5 - 7,0 6,75 380 547 972 810 1519 1013
7,0 - 7,5 7,25 435 626 1114 928 1740 1160
7,5 - 8,0 7,75 465 670 1190 992 1860 1240
8,0 - 8,5 8,25 619 891 1584 1320 2475 1650
8,5 - 9,0 8,75 656 945 1680 1400 2625 1750
9,0 - 9,5 9,25 867 1249 2220 1850 3469 2313
9,5 - 10,0 9,75 914 1316 2340 1950 3656 2438
10,0 - 10,5 10,25 884 1273 2263 1886 3536 2358
10,5 - 11,0 10,75 927 1335 2374 1978 3709 2473
11,0 - 11,5 11,25 907 1306 2322 1935 3628 2419
11,5 - 12,0 11,75 947 1364 2425 2021 3789 2526
12,0 - 12,5 12,25 919 1323 2352 1960 3675 2450
12,5 - 13,0 12,75 956 1377 2448 2040 3825 2550
13,0 - 13,5 13,25 795 1145 2035 1696 3180 2120
13,5 - 14,0 13,75 825 1188 2112 1760 3300 2200
14,0 - 14,3 14,15 3980 5731 10188 8490 15919 10613
*Área de mobilização de empuxo passivo equivalente a 2,5𝑥∅𝑒𝑠𝑡 .
**Área de mobilização de empuxo passivo equivalente a 2,0𝑥∅𝑒𝑠𝑡
Fonte: O próprio autor.
104

3.2.5 Combinações de Ações

Para avaliar a intensidade dos carregamentos nos muros de arrimo


inicialmente foram necessários definir as combinações de ações normais para os
estados limites últimos (ELU) e para os estados limites de serviço (ELS) a fim de
analisar os esforços internos e deslocamentos, respectivamente, nos elementos
estruturais.
No total, foram consideradas uma combinação no estado limite último
(ELU-1) e uma combinação no estado limite de serviço (ELS-1), a última, definida
como uma combinação frequente de serviço. Para a estimativa da capacidade de
carga das fundações foi considerado uma combinação (FUN-1) com todas as ações
permanentes e variáveis sem majoração de cargas.
As cargas lançadas nos muros de arrimo foram definidas como o peso
próprio do concreto armado (Gkc), peso próprio do solo (Gks), carregamento devido
ao empuxo ativo (Ea) e as sobrecargas no terreno (Qk). As combinações foram
definidas conforme é apresentado a seguir.

 ELU-1 – GkC. 1,35 + Gks. 1,50 + Ea. 1,50 + QK. 1,50;


 ELS-1 - GkC. 1,00 + Gks. 1,00 + Ea. 1,00 + QK. 0,30;
 FUN-1 - GkC. 1,00 + Gks. 1,00 + Ea. 1,00 + QK. 1,00.

3.3 ESTIMATIVA DO CONSUMO DE MATERIAIS

A fim de comparar a eficiência estrutural entre os sistemas foi


realizado o levantamento de quantidades dos principais insumos necessários para
execução dos elementos estruturais dos muros de arrimo, isto é, do volume de
concreto, área de fôrmas e o peso de aço. Para realizar a comparação entre os
sistemas estruturais convencionou-se um muro de arrimo com extensão total de 10
metros e dimensões conforme foi apresentado na Tabela 34 e Tabela 35. A seguir é
apresentado a Figura 46, que representa o cenário para análise das quantidades.
105

Figura 46 – Representação dos muros de arrimo para análise quantitativa.

Fonte: O próprio autor.

Nesse trabalho foi analisado a área de aço necessária (𝐴𝑠𝑛𝑒𝑐 ) para


combater os esforços de flexão nas paredes, blocos, pilares, lajes e estacas e os
esforços de tração nos tirantes e nos contrafortes. Para a estimativa do cálculo de
armaduras foi utilizado a calculadora de flexão composta obliqua da versão 22 do
sistema TQS. Para tanto, foi avaliado as curvas de interação entre os esforços normais
(𝑁𝑑 ) e os esforços máximos de flexão (𝑀𝑑 ) no estado limite último, e por fim, foi
adotado a combinação de armaduras que resultou na menor área de aço para atender
os esforços nas estruturas. No caso dos esforços que resultaram em áreas de aço
menores do que a armadura mínima, adotou-se armadura mínima, conforme os
critérios estabelecidos na NBR 6118:2004 para armadura mínima de vigas e pilares.
106

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir das modelagens realizadas para os cinco modelos de muros


de arrimo com as alturas de 1,50m, 2,50m, 4,00m e 6,00m, verificou-se os resultados
no software de análise estrutural SAP2000. A primeira etapa de análise consiste no
dimensionamento das fundações profundas, a partir da estimativa da capacidade de
carga. Posteriormente, avaliou-se as deformações máximas nos muros de arrimo, os
esforços de flexão nas paredes e nos elementos de rigidez. Por fim, realizou-se a
estimativa do consumo de materiais para os modelos analisados.

4.1 CAPACIDADE DE CARGA DAS FUNDAÇÕES

Realizou-se a estimativa da capacidade de cargas das fundações


profundas com base nas formulações de Décourt-Quaresma, onde considerou-se os
índices de resistência NSPT da sondagem SP-03, conforme é apresentado na Figura
39. Foram consideradas fundações profundas em estacas escavadas, no qual avaliou-
se as cargas no topo das estacas centrais dos eixos A (eixo das paredes) e B (eixo
paralelo às paredes), como é apresentado na Figura 42, para a combinação FUN-1.
Os valores das cargas nas estacas estão apresentados na Tabela 40.

Tabela 40 – Cargas verticais (𝐹𝑧 ) nas estacas.


Alturas H=1,50m H=2,50m
Eixo A Eixo B Eixo A Eixo B
Modelo
(tf) (tf) (tf) (tf)
M01 0,91 - 1,13 -
M02 1,53 -0,02 2,39 -0,35
M03 1,53 -0,09 2,36 -0,27
M04 3,76 4,85 5,71 6,10
M05 3,85 4,65 5,88 5,50
Alturas H=4,00m H=6,00m
Eixo A Eixo B Eixo A Eixo B
Modelo
(tf) (tf) (tf) (tf)
M01 1,10 - 4,25 -
M02 5,65 -2,60 15,19 -8,40
M03 5,70 -1,75 15,85 -6,30
M04 10,75 6,78 25,51 8,41
M05 11,35 5,03 28,11 5,19
(-) Tração
Fonte: O próprio autor.
107

Nota-se que os modelos com lajes de fundo (Modelos 04 e 05)


apresentam valores de cargas solicitadas à compressão significativamente maiores
do que os demais modelos, sendo o maior deles igual a 28,11 Tf para o Modelo 05
com H=6,00m. Tal comportamento é esperado, uma vez que as lajes de fundo
recebem cargas verticais do peso próprio do solo distribuem posteriormente para os
elementos de fundações. O peso próprio do solo distribuído na laje de fundo contribui
para o aumento das cargas de compressão no primeiro eixo de estaca, que são
somadas as cargas de compressão devido aos esforços de flexão no muro de arrimo.
Também foi possível notar que as cargas de tração nos pilares
tornaram-se significativas para os muros de arrimo com altura H=4,00m e H=6,00m
nos muros de arrimo sem lajes de fundo (Modelos 02 e 03), sendo o maior deles 8,40
Tf para o Modelo 02 com H=6,00m. Devido à ausência da laje de fundo é
predominante as cargas de flexão devido ao empuxo nas vigas de equilíbrio. Dessa
maneira, é necessário que ocorram forças binárias entre os eixos de estacas para
equilibrar os esforços de flexão na base dos muros de arrimo, o que torna maior os
esforços normais de tração no segundo eixo de estaca.
A seguir são apresentadas as Tabela 41 e Tabela 42, que mostram
os resultados da capacidade de carga das estacas com base no método de Décourt-
Quaresma (1978 apud DÉCOURT et al, 1983), para estacas comprimidas,
considerando os parâmetros do método em sua totalidade, salvo as ponderações dos
fatores e , e para estacas tracionadas, conforme a ponderação apresentada na
Tabela 36 para resistência lateral (𝑅𝐿 ), todas em função do comprimento (𝐿) para cada
metro de estaca.
108

Tabela 41 – Capacidade de carga (𝑅𝑎𝑑𝑚 ) para estacas comprimidas.


Estacas Escavadas Ø 25
L Rp RL Rtotal R/2 RL/1,3+RP/4 Radm
(m) (tf) (tf) (tf) (tf) (tf) (tf)
1 0,75 - 0,75 0,38 0,19 0,19
2 0,83 - 0,83 0,42 0,21 0,21
3 1,00 3,14 4,14 2,07 2,67 2,07
4 1,67 3,77 5,44 2,72 3,32 2,72
5 2,34 4,89 7,22 3,61 4,34 3,61
6 3,00 6,28 9,29 4,64 5,58 4,64
7 3,67 8,21 11,88 5,94 7,23 5,94
Estacas Escavadas Ø 30
L Rp RL Rtotal R/2 RL/1,3+RP/4 Radm
(m) (tf) (tf) (tf) (tf) (tf) (tf)
1 1,08 - 1,08 0,54 0,27 0,27
2 1,20 - 1,20 0,60 0,30 0,30
3 1,44 3,77 5,21 2,61 3,26 2,61
4 2,40 4,52 6,93 3,46 4,08 3,46
5 3,36 5,86 9,23 4,61 5,35 4,61
6 4,33 7,54 11,87 5,93 6,88 5,93
7 5,29 9,85 15,14 7,57 8,90 7,57
Estacas Escavadas Ø 40
L Rp RL Rtotal R/2 RL/1,3+RP/4 Radm
(m) (tf) (tf) (tf) (tf) (tf) (tf)
2 2,14 - 2,14 1,07 0,53 0,53
3 2,56 5,03 7,59 3,80 4,51 3,80
4 4,27 6,03 10,30 5,15 5,71 5,15
5 5,98 7,82 13,80 6,90 7,51 6,90
6 7,69 10,05 17,74 8,87 9,66 8,87
7 9,40 13,14 22,54 11,27 12,45 11,27
8 11,96 16,53 28,49 14,25 15,71 14,25
Estacas Escavadas Ø 50
L Rp RL Rtotal R/2 RL/1,3+RP/4 Radm
(m) (tf) (tf) (tf) (tf) (tf) (tf)
5 9,35 9,77 19,12 9,56 9,85 9,56
6 12,02 12,57 24,58 12,29 12,67 12,29
7 14,69 16,42 31,11 15,55 16,30 15,55
8 18,69 20,66 39,36 19,68 20,57 19,68
9 21,36 25,31 46,68 23,34 24,81 23,34
10 22,03 30,89 52,92 26,46 29,27 26,46
11 20,03 37,89 57,91 28,96 34,15 28,96
Fonte: O próprio autor.
109

Tabela 42 – Capacidade de carga (𝑅𝑎𝑑𝑚 ) para estacas tracionadas.


Estacas Escavadas Ø 25
Z Rp RL Rtotal R/2 RL/1,3+RP/4 Radm
(m) (tf) (tf) (tf) (tf) (tf) (tf)
1 - - - - - 0,00
2 - - - - - 0,00
3 - 0,94 0,94 0,47 0,72 0,47
4 - 1,13 1,13 0,57 0,87 0,57
5 - 1,47 1,47 0,73 1,13 0,73
6 - 1,88 1,88 0,94 1,45 0,94
7 - 2,46 2,46 1,23 1,89 1,23
Estacas Escavadas Ø 30
Z Rp RL Rtotal R/2 RL/1,3+RP/4 Radm
(m) (tf) (tf) (tf) (tf) (tf) (tf)
1 - - - - - 0,00
2 - - - - - 0,00
3 - 1,13 1,13 0,57 0,87 0,57
4 - 1,36 1,36 0,68 1,04 0,68
5 - 1,76 1,76 0,88 1,35 0,88
6 - 2,26 2,26 1,13 1,74 1,13
7 - 2,96 2,96 1,48 2,27 1,48
Estacas Escavadas Ø 40
L Rp RL Rtotal R/2 RL/1,3+RP/4 Radm
(m) (tf) (tf) (tf) (tf) (tf) (tf)
2 - - - - - 0,00
3 - 3,52 3,52 1,76 2,71 1,76
4 - 4,22 4,22 2,11 3,25 2,11
5 - 5,47 5,47 2,74 4,21 2,74
6 - 7,04 7,04 3,52 5,41 3,52
7 - 9,20 9,20 4,60 7,07 4,60
8 - 11,57 11,57 5,79 8,90 5,79
Estacas Escavadas Ø 50
L Rp RL Rtotal R/2 RL/1,3+RP/4 Radm
(m) (tf) (tf) (tf) (tf) (tf) (tf)
5 - 6,84 6,84 3,42 5,26 3,42
6 - 8,80 8,80 4,40 6,77 4,40
7 - 11,49 11,49 5,75 8,84 5,75
8 - 14,47 14,47 7,23 11,13 7,23
9 - 17,72 17,72 8,86 13,63 8,86
10 - 21,62 21,62 10,81 16,63 10,81
11 - 26,52 26,52 13,26 20,40 13,26
Fonte: O próprio autor.
110

Por fim, a partir dos resultados obtidos para a capacidade de carga


das estacas comprimidas e tracionadas, apresentados nas Tabela 41 e Tabela 42
determinou-se o comprimento necessário para cada estaca em função das cargas
nominais apresentadas na Tabela 40. O dimensionamento das estacas é apresentado
a seguir na Tabela 43.

Tabela 43 – Dimensionamento das estacas.


H=1,50 m H=2,50 m H=4,00 m H=6,00 m
Modelo Ø=25 cm Ø=30 cm Ø=40 cm Ø=50 cm
L(m) L(m) L(m) L(m)
M01 3,00* 4,00* 6,00* 9,00*
M02 3,00 4,00 6,00 9,00
M03 3,00 4,00 6,00 9,00
M04 6,00 7,00 7,00 10,00
M05 6,00 7,00 7,00 11,00
*L ≥1,5H
Fonte: O próprio autor.

4.2 COMPARATIVO ENTRE OS DESLOCAMENTOS

Com o objetivo de analisar as rigidezes que os elementos estruturais


conferem ao muro de arrimo, foram modeladas todas as soluções estruturais
conforme o pré-dimensionamento das estruturas, apresentado nas Tabela 34 e Tabela
35, e o dimensionamento das fundações, como foi apresentado na Tabela 43. Em
seguida é apresentado a Figura 47, que ilustra o comportamento elástico dos modelos
de muros de arrimo quando submetidos a carregamentos de empuxos horizontais.
111

Figura 47 – Deslocamentos (𝛿) máximos nos muros de arrimo.

Fonte: O próprio autor.

A seguir é apresentado, na Tabela 44, os deslocamentos máximos


(𝛿𝑚á𝑥 ) e os deslocamentos na base (𝛿𝑏𝑎𝑠𝑒 ) do muro, para todos os modelos estruturais
(Modelos 01, 02, 03, 04 e 05) com os carregamos expressos na combinação no estado
limite de serviço (ELS), para as alturas de muros iguais a 1,50m, 2,50m, 4,00m e
6,00m.

Tabela 44 – Deslocamentos (𝛿) máximos nos muros de arrimo.


H=1,50m H=2,50m H=4,00m H=6,00m
δlim,máx δlim,máx δlim,máx δlim,máx
Modelo 12mm 20mm 32mm 48mm
δmáx δbase δmáx δbase δmáx δbase δmáx δbase
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
M01 5,69 3,19 15,84 7,53 38,95 15,76 97,84 31,99
M02 2,18 1,97 5,54 4,62 11,56 7,52 23,96 13,89
M03 2,05 1,95 4,77 4,57 7,69 7,27 15,00 13,53
M04 1,05 1,17 3,77 3,59 9,92 6,17 22,72 11,75
M05 1,18 1,17 3,69 3,60 6,59 6,13 13,56 11,74
Fonte: O próprio autor.
112

É possível observar que os muros de arrimo com estacas em ficha


(Modelo 01) apresentam maiores deslocamentos em relação aos outros, uma vez que
a ausência de vigas de equilíbrio e de um segundo eixo de estacas torna o sistema
menos rígido e mais suscetível a maiores deslocamentos. Os modelos que
apresentam uma melhor resposta aos deslocamentos no topo (𝛿𝑚á𝑥 ) são os muros
com tirantes e com contrafortes (Modelos 03 e 05), pois o estes consistem em
sistemas estruturais com travamentos ao longo do muro, o que torna o sistema mais
rígido na altura dos pilares e reduz consideravelmente os deslocamentos.
No estado limite de serviço (ELS) os deslocamentos são limitados em
função da aceitabilidade sensorial do elemento estrutural, que limita o valor máximo
dos deslocamentos em razão do comprimento total do vão (𝐿) por 250. No caso de
estruturas em balanço a NBR 6118:2014 estabelece que deve ser considerado o
dobro do comprimento do vão para a estimativa do deslocamento limite. O muro de
arrimo com estaca em ficha (Modelo 01) apresentou um deslocamento relativo à base
de 65,85 mm para a altura total de 6,00m, valor este acima do deslocamento limite
(𝛿𝑙𝑖𝑚,𝑚á𝑥 = 12000⁄250 = 48𝑚𝑚). Já os demais modelos apresentaram
deslocamentos relativos à base abaixo dos deslocamentos limites.
Os modelos estruturais com vigas alavancas e pilares em balanço
(Modelos 02 e 04) apresentaram significativamente menores deslocamentos em
relação ao muro com estaca em ficha (Modelo 01), porém maiores deslocamentos em
relação aos muros com tirantes e com contraforte (Modelos 03 e 05), notado nas
alturas de muro H=4,00m e H=6,00m. A redução dos deslocamentos em relação ao
Modelo 01 é decorrente da presença das vigas de equilíbrio, que são responsáveis
por resistir as cargas laterais aos esforços de flexão, e devido a presença de um eixo
duplo de estacas, que contribui para o aumento da rigidez total das estacas para
resistir a cargas laterais, reduzindo os deslocamentos na base dos muros de arrimo.
O Gráfico 1 apresenta, comparativamente aos valores apresentados
na Tabela 44, os deslocamentos máximos nos muros de arrimo quando submetidos
aos carregamentos no estado limite de serviço (ELS).
113

Gráfico 1 – Deslocamentos (𝛿) máximos nos muros de arrimo.

Fonte: O próprio autor.

4.3 COMPARATIVO ENTRE OS ESFORÇOS INTERNOS

Foram verificados os esforços internos nos muros de arrimo dos


elementos de rigidez, compostos pelas seções dos pilares, vigas, blocos e estacas, e
dos elementos de fechamento, composto pelas paredes de concreto. Nos elementos
de rigidez, modelados em barras (frame), foram analisados os momentos fletores e
esforços cortantes, enquanto nos elementos de fechamento, modelados como placas
(shell) analisou-se somente os momentos fletores.
Somente para os modelos de muro de arrimo com tirantes (Modelo
04) e com contrafortes (Modelo 05) foram analisados os esforços axiais nos elementos
de rigidez no estado limite último (ELU). Excepcionalmente nos contrafortes,
modelados como placas (shell), foram avaliadas as trajetórias de tensões axiais nos
elementos finitos. Por outro lado, as cargas axiais no modelo de muro com tirantes
(Modelo 03) foram avaliadas nos elementos de barra (frame).
114

4.3.1 Esforços Internos nos Elementos Estruturais com Rigidez à Flexão

Com relação aos momentos fletores nos elementos estruturais de


rigidez, analisados no estado limite último (ELU), é apresentado a Figura 48, que
demonstra a distribuição de esforços de flexão ao longo da barra (frame).

Figura 48 – Momentos fletores para o estado limite último (ELU).

Fonte: O próprio autor.

A partir dos valores apresentados na Figura 48 é possível observar


que os modelos que apresentaram as maiores intensidades de esforços devido ao
momento fletor foram os modelos com viga alavanca (Modelo 02) e com laje de fundo
115

(Modelo 04), notado principalmente nos muros com altura H=4,00m e H=6,00m, com
valores de 30,3 e 31,1 tf.m, respectivamente, para os muros com H=6,00m e 6,7 e 5,5
tf.m, respectivamente, para os muros com H=4,00 m.
Da mesma forma, é possível notar uma melhor distribuição de
esforços nos modelos com tirantes (Modelo 03) e com contrafortes (Modelo 05), que
resultaram em esforços de flexão menores que os demais modelos nos muros com
altura H=4,00m e H=6,00, com valores máximos de 6,1 e 3,8 tf.m, respectivamente,
para os muros com H=6,00m, e 1,2 e 0,9 tf.m, respectivamente, para os muros com
H=4,00m.
Para os muros de arrimo com altura H=2,50m e H=1,50m é possível
observar uma melhor distribuição de esforços entre os modelos e valores
relativamente baixos, sem apresentar uma dispersão significativa entre os resultados
de momentos fletores máximos. Tal condição resultaria em um dimensionamento
uniforme entre os muros de arrimo, resultando em taxas de armaduras semelhantes
e pouco concentradas.
Comparativamente com os esforços de flexão apresentados na Figura
48, o Gráfico 2 compara os valores dos momentos fletores máximos entre os modelos
dos muros de arrimo.

Gráfico 2 - Momentos fletores máximos para o estado limite último (ELU).

Fonte: O próprio autor.

A partir do resultados apresentados no Gráfico 2 nota-se uma maior


tendência nos resultados de momentos fletores a partir do muro com altura igual a
H=4,00m. As pressões laterais devido a cargas de empuxo aumentam com o cubo da
116

altura do muro, enquanto para as cargas verticais o aumento é linear com a altura do
muro. Tal aumento torna o comportamento da intensidade dos esforços entre muros
de arrimo com alturas diferentes muito dispersos.
Também foi possível observar que os modelos que apresentaram
maiores intensidades de momentos fletores tendem a concentrar o esforço em um
único ponto. A ausência de dispositivos de travamento no muro, como os tirantes do
Modelo 03 e os contrafortes do Modelo 05, possibilitam tal condição. No caso dos
modelos com viga alavanca (Modelo 02) e com laje de fundo (Modelo 04), as cargas
são concentradas na base do pilar e resistida totalmente pela viga de equilíbrio,
enquanto que o modelo com estaca em ficha (Modelo 01) distribui os esforços de
flexão diretamente para os elementos de fundações (estacas).
Com relação aos esforços axiais ou normais nos elementos
estruturais de rigidez, foram analisados especificamente os elementos estruturais dos
muros com tirantes (Modelo 03) e com contrafortes (Modelo 05), analisados no estado
limite último (ELU), onde é apresentado a Figura 49, que demonstra a distribuição de
esforços ao longo dos tirantes e dos contrafortes.

Figura 49 – Esforços axiais para o estado limite último (ELU).


117

Fonte: O próprio autor.


118

A partir dos resultados dos esforços axiais apresentados na Figura 49


é possível observar que os modelos com contrafortes (Modelo 05) distribuem melhor
os esforços de tração e compressão ao longo do contraforte, enquanto os modelos
com tirantes (Modelo 03) concentram os esforços axiais nas bielas de tração (tirante)
e compressão (pilar). Esse efeito é possível observar nos diagramas de esforços
axiais nos contrafortes, que apresenta uma concentração dos esforços máximos em
regiões isoladas do elemento, enquanto nas demais regiões é notável uma
distribuição contínua de esforços. Por outro lado, nos modelos com tirantes (Modelo
03) observa-se que os esforços máximos de tração e compressão tendem a
apresentar valores constantes/uniformes ao longo do tirante.
Nos modelos com contrafortes (Modelo 05) foi possível observar que
os esforços mínimos (esforços de compressão) predominaram na placa em relação
aos esforços máximos (esforços de compressão) para as alturas de arrimo H=1,50m
e H=2,50m. Somente a partir do modelo com H=4,00m foi observado regiões com
esforços de magnitude significativa, de modo que no modelo com H=6,00m
praticamente toda a superfície do contraforte apresenta esforços de tração. Os
esforços de tração tendem a aparecer com maior frequência nos modelos com
contrafortes (Modelo 05) quando há maior influência dos empuxos nos muros de
arrimo, de modo que a trajetória de forças apresenta maior continuidade ao longo do
contraforte, diferente do que ocorre em muros com alturas mais baixas, onde há uma
menor influência dos empuxos.

4.3.2 Esforços Internos nos Elementos Estruturais de Fechamento

Com relação aos esforços internos nos elementos de fechamento, isto


é, nas paredes de concreto, foi necessário analisar os diagramas de momentos
fletores para a combinação no estado limite último (ELU) nos elementos de placa
(shell), para as direções horizontais e verticais. Por convenção, os momentos fletores
positivos tracionam as fibras externas do muro, isto é, a região do muro que não está
em contato com o aterro, enquanto os momentos fletores negativos tracionam as
fibras interna do muro, isto é, a região do muro em contato com o aterro.
Com relação aos momentos fletores segundo a direção horizontal
(mz) nos elementos de fechamento dos muros com H=1,50m, é apresentado a Figura
50, que demonstra a distribuição dos esforços de flexão nos elementos nas paredes.
119

Figura 50 – Momentos fletores (mz) nas paredes (H=1,50m).

Fonte: O próprio autor.

Para os elementos de fechamento dos muros de arrimo, a Figura 50


mostra que os modelos com estaca em ficha, com viga alavanca e com tirantes
(Modelos 01, 02 e 03, respectivamente) apresentaram distribuições de momentos com
comportamentos semelhantes ao longo da parede. Observou-se que os momentos
fletores máximos concentram no meio do vão (entre pilares), variando em faixas de
0,22 a 0,28 tf.m/m, enquanto os momentos máximos negativos são concentrados nos
apoios (pilares), variando em faixas de -0,15 a -0,21 tf.m/m.
Por outro lado, nos modelos com laje de fundo e com contrafortes
(Modelos 04 e 05, respectivamente) a distribuição de momentos fletores ocorreu de
forma inversa aos demais modelos, onde é apresentado concentração de momentos
máximos negativos no meio do vão (entre pilares), variando em faixas de -0,28 a -0,40
tf.m/m, e concentração de momentos positivos concentrados nos apoios (pilares),
variando em faixas de 0,22 a 0,28 tf.m/m. Tal condição ocorre em função da baixa
120

altura do muro de arrimo, de modo que as cargas laterais promovidas pelos empuxos
do solo não são predominantes em relação as cargas verticais promovidas pelo peso
próprio do muro e da sobrecarga do solo nas lajes de fundo. Dessa forma, a
sobrecarga em vãos centrais da laje de fundo tende a criar momentos negativos nos
vãos centrais das paredes de fechamento, o contrário ocorre com as cargas laterais,
que tendem a criar momentos positivos nos vãos centrais da parede de fechamento.
Com relação aos momentos fletores segundo a direção horizontal
(mz) nos elementos de fechamento dos muros com H=2,50m, é apresentado a Figura
51, que demonstra a distribuição dos esforços de flexão nas paredes.

Figura 51 – Momentos fletores (mz) nas paredes (H=2,50m).

Fonte: O próprio autor.


121

Para os elementos de fechamento dos muros de arrimo com H=2,50m


a Figura 51 mostra que os modelos com estaca em ficha, com viga alavanca e com
tirantes (Modelos 01, 02 e 03, respectivamente) novamente apresentam distribuições
de momentos com comportamento semelhante ao longo das paredes. Observou-se
que os momentos máximos positivos são concentrados no meio do vão (entre pilares,
variando em faixas de 0,34 a 0,40 tf.m/m na base do muro, e os momentos máximos
negativos concentrados nos apoios (pilares), variando em faixas de -0,28 a -0,40
tf.m/m em regiões próximas a base dos pilares.
Entretanto, novamente observa-se distribuições de momentos fletores
diferentes nos modelos com laje de fundo e com contrafortes (Modelos 04 e 05,
respectivamente), onde é apresentado diagramas com concentrações de momentos
negativos no meio do vão (entre pilares), entretanto, com baixa intensidade, variando
de -0,092 tf.m/m no meio do vão a até faixas positivas de 0,092 tf.m/m, enquanto há
concentrações de momentos positivos nos apoios (pilares) que chegam a até 0,28
tf.m/m na base dos pilares. Nota-se que os modelos com lajes de fundo e contrafortes
apresentam distribuições de momentos fletores na direção horizontal uniformes ao
longo da altura da parede, sem apresentar grandes variações das regiões localizadas
na base até regiões situadas no topo.
Com relação aos momentos fletores segundo a direção horizontal
(mz) nos elementos de fechamento dos muros com H=4,00m, é apresentado a Figura
52, que demonstra a distribuição dos esforços de flexão nas paredes.
122

Figura 52 – Momentos fletores (mz) nas paredes (H=4,00m).

Fonte: O próprio autor.

Para os elementos de fechamento dos muros de arrimo com H=4,00m


a Figura 52 mostra que os modelos com estacas em ficha, com viga alavanca e com
tirantes (Modelos 01, 02 e 03, respectivamente) apresentam o mesmo comportamento
estrutural quanto a distribuição de momentos. Porém, observa-se maiores
intensidades de momentos fletores na base das paredes, com valores máximos de
2,50 tf.m/m no modelo com tirantes, 2,00 tf.m/m no modelo com vigas alavancas e
1,50 tf.m/m no modelo com estacas em ficha. Já os momentos fletores máximos
negativos são concentrados basicamente em pequenas faixas localizadas na base
dos pilares nos modelos com viga alavanca e com tirantes (Modelo 02 e 03), com
valores na ordem de -1,00 tf.m/m. No modelo com estaca ficha (Modelo 01) nenhum
valor de momento fletor negativo foi observado nos apoios, em decorrência das
elevadas deformações que os pilares sofrem.
Já os modelos com laje de fundo e com contrafortes (Modelos 04 e
05, respectivamente) apresentaram uma maior incidência de momentos fletores
positivos ao longo da área da parede, com concentrações máximas situadas em
alturas médias da parede e nos vãos centrais das lajes, com valores na ordem de 0,30
a 0,40 tf.m/m. Porém, ainda é possível observar pequenas faixas com concentrações
de momentos fletores negativos na base das paredes no modelo com laje de fundo
(Modelo 04), com valores na ordem de -0,50 a -0,70 tf.m/m. Já o modelo com
123

contrafortes (Modelo 05), é possível observar uma melhor distribuição de momentos


fletores na direção vertical, sem grandes picos de concentração de esforços devido a
alta rigidez de todos os elementos de apoio, como os contrafortes e a laje de fundo,
que tendem a melhor distribuir igualmente os esforços para todos os pontos de apoio.
Com relação aos momentos fletores segundo a direção horizontal
(mz) nos elementos de fechamento dos muros com H=6,00m, é apresentado a Figura
53, que demonstra a distribuição dos esforços de flexão nas paredes.

Figura 53 – Momentos fletores (mz) nas paredes (H=6,00m).

Fonte: O próprio autor.

Para as paredes dos muros de arrimo com H=6,00m, a Figura 53


mostra que, assim como para as demais alturas, os modelos com estaca em ficha,
com viga alavanca e com tirantes (Modelos 01, 02 e 03, respectivamente)
apresentaram comportamentos estruturais semelhantes quanto a distribuição de
momentos fletores segundo a direção horizontal. Foram observadas as maiores
intensidades de momentos fletores positivos na base das paredes, com valores
máximos de 1,70 tf.m/m no modelo com tirantes, 1,60 tf.m/m no modelo com vigas
alavancas e 1,25 no modelo com estacas em ficha. Para os três modelos citados não
124

foram encontradas faixas com momentos fletores negativos nos apoios, mas somente
considerável redução dos momentos fletores positivos, uma vez que as deformações
sofridas pelos pilares tendem a diminuir a rigidez dos apoios nas paredes, o que altera
a distribuição de esforços comparado a um sistema indeslocável.
Nos modelos com laje de fundo e com contrafortes (Modelos 04 e 05,
respectivamente) possuem incidências ainda maiores de momentos fletores positivos
ao longo da área de parede, e novamente, com concentrações máximas situadas em
alturas médias da parede e nos vãos centrais da laje, com valores na ordem de 0,30
a 0,55 tf.m/m. Já os momentos fletores negativos apresentam incidência na base das
paredes, assim como nos demais modelos com laje de fundo para diferentes alturas,
com picos que variam de -0,20 tf.m/m a -0,40 tf.m/m. E novamente, é possível
observar uma melhor distribuição de momentos fletores segundo a direção horizontal
para o modelo com contrafortes (Modelo 05) comparado aos demais modelos, em
decorrência da elevada rigidez nas regiões de apoio das paredes, que tendem a
manter o mesmo comportamento do que foi observado para as demais alturas.
Já os momentos fletores segundo a direção vertical (mx) foram
analisados apenas para os modelos com laje de fundo e com contrafortes (Modelos
04 e 05, respectivamente), em decorrência da presença da laje de fundo, que tende a
engastar e desenvolver esforços de momentos fletores no eixo vertical das paredes.
Para os demais modelos não foram observados valores significativos de momentos
fletores nas paredes, uma vez que as paredes tendem a apoiar-se apenas na direção
horizontal devido à ausência de lajes de fundo.
A Figura 54 compara a distribuição de momentos fletores das paredes
segundo a direção vertical, dos muros de arrimo com H=1,50m e H=2,50m, onde é
apresentado os modelos com laje de fundo e com contrafortes (Modelo 04 e 05,
respectivamente). A partir da Figura 54, é possível observar que em ambos os
modelos é apresentado pouca diferença na distribuição de esforços de momentos
fletores, com os maiores valores concentrados na base e nos vãos centrais das
paredes, no qual foram observados momentos fletores máximos negativos de -0,75
tf.m/m nos modelos com laje de fundo e -0,85 tf.m/m nos modelos com contrafortes,
para os muros com H=1,50m, e -0,70 tf.m/m nos modelos com laje de fundo e -0,85
tf.m/m nos modelos com contrafortes, para os muros com H=2,50m.
125

Figura 54 – Momento fletores (mx) nas paredes (H=1,50m;2,50m).

Fonte: O próprio autor.

Já a Figura 55 compara a distribuição de momentos fletores das


paredes segundo a direção vertical (mx) dos muros de arrimo com H=4,00m e
H=6,00m, onde é apresentado os modelos com laje de fundo e com contrafortes
(Modelo 04 e 05, respectivamente). Ao contrário do que ocorre em muros de arrimos
menores, a Figura 55 mostra que os modelos com lajes de fundo e os modelos com
contrafortes apresentam diferenças na distribuição de momentos fletores.
É possível observar que os modelos com contrafortes (Modelo 05)
tendem a possuir uma melhor distribuição de esforços nas paredes, enquanto os
modelos com lajes de fundo (Modelo 04) concentram os esforços na base da parede.
Os valores apresentam discrepâncias entre os modelos, de modo que foram
observados momentos fletores máximos negativos de -3,60 tf.m/m nos modelos com
laje de fundo e -1,72 tf.m/m nos modelos com contrafortes, para os muros com
H=4,00m e -5,60 tf.m/m nos modelos com laje de fundo e -2,75 tf.m/m nos modelos
com contrafortes, para os muros com H=6,00m.
126

Figura 55 – Momento fletores (mx) nas paredes (H=4,00m;6,00m).

Fonte: O próprio autor.

Por fim, vale destacar que os valores apresentados são válidos


apenas para efeito comparativo entre os modelos estruturais apresentados. Sendo
assim, esses valores podem ser alterados com mudanças nas características
geométricas do sistema estrutural ou mudanças nos tipos de vinculações das paredes
em seus apoios, como o aumento do vão das paredes, aumento da espessura das
paredes e a implementação ou aumento de rigidez de outros elementos estruturais de
apoio, como a projeção de vigas entre os pilares ou o aumento da seção dos pilares.

4.3.3 Esforços Internos nos Elementos de Fundações

Com relação aos momentos fletores nos elementos de fundações,


analisados no estado limite último (ELU), é apresentado a Figura 56, que demonstra
a distribuição de esforços de flexão ao longo do comprimento das estacas.
127

Figura 56 – Momentos fletores nas estacas para o estado limite último (ELU).

Fonte: O próprio autor.

Pode-se dizer que o comportamento estrutural dos elementos de


fundações manteve-se semelhantes entre os modelos analisados, de modo que,
somente no modelo com estaca em ficha (Modelo 01) é possível notar maiores
intensidades de momentos fletores em função do engastamento do muro de arrimo
no topo da estaca. Nos demais modelos é conservador desprezar o engastamento no
topo das estacas, uma vez que as vigas de equilíbrio tendem a possuir maior rigidez
aos esforços de momento fletor.
A seguir é apresentado, na Tabela 45, os momentos fletores máximos
nas estacas (𝑀𝑑𝑚á𝑥 ) e a profundidade z onde encontra-se a maior intensidade do
referente esforço, para todos os modelos estruturais (Modelos 01, 02, 03, 04 e 05)
para as alturas de muros iguais a 1,50m, 2,50m, 4,00m e 6,00m.
128

Tabela 45 – Momentos fletores máximos (𝑀𝑑𝑚á𝑥 ) nas estacas.


H=1,50m H=2,50m H=4,00m H=6,00m
Modelo L z Mdmáx L z Mdmáx L z Mdmáx L z Mdmáx
(m) (m) (Tf.m) (m) (m) (Tf.m) (m) (m) (Tf.m) (m) (m) (Tf.m)
M01 3,0 1,2 0,50 4,0 2,2 1,80 6,0 2,2 7,17 9,0 2,7 29,90
M02 3,0 1,2 0,25 4,0 2,2 0,95 6,0 2,7 3,70 9,0 3,2 12,80
M03 3,0 1,2 0,25 4,0 2,2 0,95 6,0 2,7 3,70 9,0 3,2 12,80
M04 6,0 1,2 0,25 7,0 2,2 1,00 7,0 2,7 3,30 10,0 3,2 11,10
M05 6,0 1,2 0,25 7,0 2,2 1,00 7,0 2,7 3,30 11,0 3,2 11,10
Fonte: O próprio autor.

Comparativamente com os momentos fletores apresentados na


Tabela 45, o Gráfico 3 compara os valores dos momentos fletores máximos entre os
modelos dos muros de arrimo.

Gráfico 3 – Momentos fletores máximos nas estacas, no estado limite último (ELU).

Fonte: O próprio autor.

É possível observar que, a partir dos valores apresentados no Gráfico


3, os momentos fletores máximos (𝑀𝑑𝑚á𝑥 ) nos modelos com estacas em ficha (Modelo
01) apresentaram intensidades na ordem de duas vezes superiores aos momentos
fletores máximos (𝑀𝑑𝑚á𝑥 ) dos demais modelos, para todas as alturas de muros de
arrimo. Já os demais modelos apresentaram valores semelhantes para todas as
alturas de muros de arrimo, mudando apenas a sua intensidade.
129

4.4 COMPARATIVO ENTRE AS ESTIMATIVAS DOS CONSUMOS DE MATERIAIS

A fim de comparar a eficiência estrutural entre os sistemas foi


realizado o levantamento de quantidades dos principais insumos necessários para
execução dos elementos estruturais dos muros de arrimo, conforme é apresentado no
tópico de análise quantitativa. O quadro de resumo com as quantidades de volume de
concreto, área de fôrma, dimensionamento e consumo de aço é apresentado no tópico
de apêndices, para todas as concepções estruturais analisadas.
Realizaram-se estimativas simplificadas quanto ao consumo de
volume de concreto, área de fôrmas e peso total de aço para todos os modelos de
muro de arrimo. As aproximações não necessariamente refletem as quantidades
exatas do consumo de tais insumos a nível de detalhamento, entretanto, são
representativas para efeito comparativo.
Uma das principais etapas na execução de uma estrutura é a
montagem das fôrmas para futura concretagem. O consumo dos materiais que
compõem as fôrmas para execução dos elementos estruturais durante a concretagem
e o cimbramento é relevante para a escolha de um sistema estrutural mais econômico.
A seguir é apresentado o Gráfico 4, que compara a área de fôrma total, em m², entre
os modelos dos muros de arrimo para todas as alturas.

Gráfico 4 – Área de fôrma total (m²) - superestrutura.

Fonte: O próprio autor.

A partir dos valores apresentados no Gráfico 4 é possível observar


que, para todas as alturas de muros de arrimo, os modelos com contrafortes (Modelo
05) notavelmente apresentam o maior consumo com fôrmas, seguido do modelo com
130

tirantes (Modelo 03). Já para os demais modelos (Modelo 01, 02 e 04) nota-se que o
consumo com fôrmas é similar, independentemente da altura do muro de arrimo.
Dessa forma, fica claro que a implementação de elementos de travamento nas
estruturas que recebem os empuxos horizontais, como os tirantes e os contrafortes,
demandam maior quantidade de recortes para montagem das fôrmas e concretagem,
o que torna o custo com fôrmas maior. Já para os demais modelos, torna-se
necessário o uso de fôrmas apenas para a execução das paredes, dos pilares e dos
blocos/vigas de fundações.
A seguir é apresentado o Gráfico 5, que compara o volume de
concreto total, em m³, somado os valores da superestrutura (elementos estruturais) e
a infraestrutura (elementos de fundações) dos muros de arrimo.

Gráfico 5 – Comparativo volume de concreto (m³) e deslocamentos máximos (mm).

Fonte: O próprio autor.


131

Em seguida, também é apresentado o Gráfico 6, que compara o


consumo de aço total, em kg, somado os valores da superestrutura (elementos
estruturais) e a infraestrutura (elementos de fundações) dos muros de arrimo.

Gráfico 6 – Comparativo peso de aço (kg) e deslocamentos máximos (mm).

Fonte: O próprio autor.

A partir dos valores observados nos Gráfico 5 e Gráfico 6, com relação


ao consumo total de concreto e ao peso total de aço, comparativamente aos
deslocamentos máximos, nota-se que, para os muros de arrimo de com baixa altura
(H=1,50m e H=2,50m) os modelos com estacas em ficha mostraram-se mais
eficientes, uma vez que o dimensionamento resultou em taxas de armaduras que
respondem aos esforços dessa magnitude sem consumir, comparativamente aos
demais modelos, uma elevada quantidade de concreto e aço.
132

Um menor consumo de fôrmas, concreto e aço não resultam somente


em economia com materiais, mas também a uma menor quantidade de etapas
construtivas durante a obra, o que torna o sistema ainda mais adequado para essas
magnitudes de carregamento. Mesmo que a concepção com estacas em ficha para
os muros com altura igual a 1,50m ainda apresente as maiores deslocamentos
comparativamente aos outros modelos, essas ainda são consideradas aceitáveis do
ponto de vista estrutural.
Por outro lado, os modelos com laje de fundo (Modelo 04 e 05)
mostraram-se mais onerosos para os muros de arrimo com baixa altura, onde
observam-se aumentos superiores a 110% do volume de concreto de 160% de
consumo de aço, comparativamente aos modelos com estacas em ficha. Além disso,
a implantação de uma laje de fundo aumentou significativamente as cargas nas
fundações, sendo necessário conceber maiores comprimentos de estacas.
Vale destacar que, para os muros de arrimo de baixa altura, embora
os modelos com viga de equilíbrio e com tirantes (Modelo 02 e 03) apresentaram
levemente um maior consumo de concreto e aço em relação aos modelos com estacas
em ficha, estes ainda podem ser soluções alternativas para essas magnitudes de
carregamento, pois além de atender bem aos esforços, estas concepções reduzem
significativamente os deslocamentos no muro.
Já para os muros de arrimo com maiores alturas (H=4,00m e
H=6,00m) observa-se que os modelos com estacas em ficha deixam de ser
sustentáveis, pois mesmo que apresente um menor consumo de concreto e fôrma em
relação aos demais modelos, estes apresentaram um elevado consumo de aço tanto
nas estruturas quanto nas fundações, e ainda sim, resultaram em elevados valores de
deslocamentos no topo do muro, de modo que, nos muros com altura igual a 6,00m
pode-se considerar inaceitáveis do ponto de vista estrutural.
Por outro lado, em função da redução dos esforços de tração e dos
menores esforços de flexão nas estacas, os modelos com lajes de fundo tendem a ser
mais econômicos quanto ao consumo de armaduras, pois não há necessidade de
armar as estacas em todo o seu comprimento, além de que as armaduras nas estacas
resultaram em taxas menores em relação aos demais modelos. Quanto aos
deslocamentos, o modelo com contrafortes apresentou a melhor resposta, porém,
consome mais concreto, aço e fôrmas comparado ao modelo com laje de fundo
(Modelo 04).
133

Quanto aos modelos com viga de equilíbrio e com tirantes (Modelo 02


e 03), observa-se que ambos possuem valores intermediários de consumo de
concreto e aço entre os modelos com estaca em ficha e os modelos com lajes de
fundo. Porém, nos muros de arrimo com altura de 6,00m é possível observar maior
consumo com armaduras em decorrência dos esforços de tração nas estacas, que
tendem a ser elevados e torna necessário armar as estacas até o fundo.
Embora o modelo com tirantes (Modelo 03) tenha resultado em um
maior consumo de aço para os muros de arrimo com altura de 6,00m, este apresenta
excelentes respostas aos deslocamentos sem consumir um elevado volume de
concreto. Além disso, é possível combiná-lo com laje de fundo, caso este que não foi
avaliado nesse trabalho, o que reduziria significativamente os esforços de tração nas
estacas e o consumo total de aço, porém, pode tornar o consumo de concreto maior.
Dessa forma, pode-se dizer que os modelos com tirantes são considerados boas
alternativas estruturais tanto para muros de arrimos baixos quanto muros de arrimos
altos.

4.5 COMPARATIVO ENTRE O DIMENSIONAMENTO DE ARMADURAS

Quanto ao dimensionamento de armaduras foi possível observar que,


a partir dos resultados apresentados no apêndice, as armaduras das paredes de
concreto resultaram em áreas de aço semelhantes na direção x nas faces externas
ao aterro, para os modelos com estacas em ficha, com viga de equilíbrio e com tirantes
(Modelos 01, 02 e 03, respectivamente), para todas as alturas de arrimo, de modo que
para alturas baixas (H=1,50m e H=2,50) foram adotadas armaduras mínimas e para
os muros maiores (H=4,00m e H=6,00m) adotaram-se armaduras maiores.
Já para as paredes com lajes de fundo (Modelos 04 e 05), em função
do engaste da parede com a base do muro, é possível observar maiores áreas de aço
necessárias na direção z nas faces internas ao aterro para resistir os esforços de
flexão que tendem a concentrar na base, o que resultaram em armaduras verticais
maiores em todas as alturas de arrimo. Por outro lado, os muros com lajes de fundo
tendem a ser mais econômicos quanto as armaduras horizontais nas paredes, que
resultaram em áreas de aço menores comparado aos demais modelos para os muros
de maior altura (H=4,00m e H=6,00m), de modo que adotaram-se armaduras mínima
na direção x para todas as alturas de arrimo.
134

Quanto ao dimensionamento de armaduras dos pilares é possível


observar que as armaduras tendem a resultar em taxas mínimas para os muros de
arrimo de menor altura (H=1,50m e H=2,50m), enquanto nos muros de arrimo de maior
altura (H=4,00m e H=6,00m) resultaram maior consumo de aço, em função da maior
magnitude de esforços.
Em função dos maiores esforços de flexão observados nos pilares
para os modelos com viga de equilíbrio e com laje de fundo (Modelos 02 e 04),
observou-se maior área de aço necessária para estes modelos nos muros de arrimo
de maior altura (H=4,00m e H=6,00m). Embora os esforços ainda sejam altos nos
modelos com estaca em ficha (Modelo 01), o cálculo de armaduras resultou em taxas
mínimas para todas as alturas de arrimo. O modelo com tirantes (Modelo 03) devido
aos baixos valores de esforços de flexão também resultou em taxas mínimas para
todas as alturas de arrimo.
Quanto ao dimensionamento de armaduras das estacas, é possível
observar que, devido a maior intensidade dos esforços de flexão nas estacas dos
modelos de muro de arrimo com estaca em ficha (Modelo 01) é evidente uma maior
área de aço necessária nestes, o que resultou maiores armaduras em relação aos
demais modelos para todas as alturas de arrimo.
Já para os modelos com laje de fundo e contrafortes (Modelo 04 e 05),
devido a menor intensidade dos esforços de flexão, foi possível observar taxas
mínimas para todas as alturas de arrimo. Para os demais modelos observou-se que,
para os muros de arrimo de menor altura (H=1,50m e H=2,50m) resultaram-se taxas
mínimas de armaduras, enquanto nos muros de maior altura (H=4,00m e 6,00m) foram
necessárias maior taxa de armadura.
Nos muros de arrimo apoiados em fundações profundas pouco se
aproveita da laje de fundo como componente de equilíbrio, uma vez que a própria
estaca equilibra os esforços de flexão no muro de arrimo por meio de reações passivas
do solo. Além disso, observou-se um elevado consumo de aço nas lajes de fundo dos
modelos de muro de arrimo de menor altura, comparativamente aos demais
elementos estruturais, uma vez que os esforços devido ao peso próprio do solo
tendem a ser maiores em relação ao empuxo do solo.
Dessa forma, é possível afirmar que a laje de fundo torna-se um
componente oneroso para concepções de muros de arrimo de menor porte e
estaqueadas, uma vez que pouco se contribui para o equilíbrio global da estrutura e,
135

além disso, ocorre o aumento das cargas nas fundações devido à sobrecarga do peso
próprio do solo. Porém, a laje de fundo em muros de arrimo de maior porte a laje de
fundo contribui para reduzir os elevados esforços normais de tração na segunda linha
de estacas, como é apresentado na Tabela 40. Sabendo-se que o concreto não possui
resistência à tração e que a capacidade de carga das estacas tende a ser menor a
este esforço, é interessante que se reduza ou elimine completamente as cargas de
tração nas estacas, diminuindo o comprimento de armaduras nas estacas.
Quanto ao dimensionamento dos elementos estruturais tracionados,
isto é, os tirantes e os contrafortes, foi possível observar taxas mínimas de armaduras
para todas as alturas de arrimo. Entretanto, é evidente a menor concentração de
armaduras nos contrafortes, uma vez que os esforços de tração se distribuem ao longo
da parede, diferente do que ocorre no tirante, onde o esforço de tração é concentrado
em toda seção do elemento.
136

5 CONCLUSÃO

Inicialmente tomou-se como objetivo para realização deste trabalho


analisar e comparar os principais aspectos estruturais de muros de arrimo executados
em concreto armado monolítico, com parâmetros do solo de fundação e de aterro
estimados a partir de resultados de sondagens e ensaios, respectivamente, para um
solo característico da cidade de Londrina-PR. A partir destas considerações, foi
possível elaborar, analisar e concluir aspectos favoráveis e desfavoráveis nas
concepções escolhidas para análise, para cada altura de arrimo considerada.
Desta maneira, realizou-se a análise estrutural para os cinco modelos
de muros de arrimo, onde foi possível distinguir diferentes comportamentos que
podem indicar as concepções mais eficazes em função da magnitude dos
carregamentos de empuxo. As formulações clássicas de empuxo de terra sobre
paramentos verticais mostram que os esforços de flexão aumentam com o cubo da
altura. Desse modo, é possível observar grande diferença na magnitude dos esforços
nos muros de arrimo para cada altura diferente, que por sua vez trazem impactos
significativos no consumo de materiais para executá-los.
A partir dos resultados obtidos na análise observa-se que os modelos
com tirantes e com contrafortes apresentaram os melhores desempenhos quanto os
deslocamentos máximos no topo do muro para os muros de arrimo com alturas
elevadas. Como era esperado, os modelos com travamentos ao longo da altura do
pilar, como é o caso dos tirantes, ou com aumento de rigidez dos pilares, como é o
caso dos contrafortes, tendem a reduzir significativamente os deslocamentos
máximos dos muros. Pode-se dizer, portanto, que modelos desta natureza são os que
conferem maior rigidez aos muros de arrimo.
Por outro lado, os modelos com estacas em ficha superaram em duas
vezes ou mais aos deslocamentos máximos no topo do muro em relação aos demais
modelos. As cargas provenientes do empuxo tendem a concentrar maiores esforços
de flexão nas estacas para os modelos com estaca em ficha, em função do
engastamento direto da base do muro no topo da estaca e da distribuição unidirecional
das linhas de estacas. Por essa razão, os modelos com estacas em ficha são
recomendados para baixas alturas de arrimo, onde as cargas não são capazes de
gerar grandes deslocamentos na estrutura.
137

Vale destacar que, para alturas de muros de arrimo elevadas, onde a


magnitude das cargas de empuxo são maiores, as soluções estruturais com estacas
em ficha podem ser complementadas com travamentos ao longo de sua altura, como
o atirantamento de barras de aço ancoradas ao solo ou com a ligação de elementos
estruturais adjacentes ao muro, como vigas, lajes ou pisos armados. Além de reduzir
os deslocamentos, tal aspecto pode reduzir a concentração de armaduras nos pilares
e nas estacas, em razão da melhor distribuição de esforços que esses sistemas
promovem.
Quanto a distribuição dos esforços de flexão, os modelos com tirantes
e com contrafortes mostraram-se eficazes, de modo que não foi observado
concentrações de esforços ao longo da estrutura. Já os modelos que não apresentam
nenhum elemento de travamento ou não possuem contrafortes, como os modelos com
estacas em ficha ou com viga alavancas, mostraram-se mais propícios a
apresentarem concentrações de esforços na base do muro. Para determinadas
circunstâncias, a melhor distribuição de esforços na estrutura pode ser um aspecto
relevante para escolha da concepção estrutural de um determinado sistema, pois esta
condição pode resultar em uma melhor distribuição das armaduras e até mesmo no
menor consumo de aço das estruturas.
Não somente a análise dos aspectos estruturais devem ser levados
em conta na escolha de um sistema adequado para execução de um muro de arrimo,
mas também fatores econômicos e construtivos. Na prática construtiva muitas vezes
um aspecto pode ser considerado mais relevante que outro, de modo que, a escolha
por sistemas mais eficazes, isto é, que consomem menos materiais e demandam
menor tempo de construção são os mais bem recomendados. Por essa razão, esse
trabalho optou por estimar e avaliar o consumo dos principais insumos para
construção de um muro de arrimo em concreto armado, com o próprio volume de
concreto, as armaduras e a área de fôrma.
Os resultados obtidos com relação ao consumo de materiais mostram
que, para os muros de arrimo com menor altura, os modelos com estacas em ficha
são soluções mais econômicas, de modo que estes apresentaram um menor consumo
de volume de concreto, área de fôrmas e peso de aço, para a análise realizada. Por
outro lado, os muros de arrimo com estacas em ficha mostraram-se ineficientes para
maiores alturas, pois além de apresentar elevados valores de deslocamentos,
apresentaram um alto consumo com armaduras, embora ainda apresentem menor
138

consumo com fôrmas e concreto em relação aos demais modelos.


Já os modelos com presença de laje de fundo mostraram-se
ineficazes para os muros de arrimo com menor altura, pois tal solução acarretou o
aumento das cargas nas fundações, o que tornou necessário prever estacas com
maior comprimento em relação aos demais modelos, onerando assim o consumo com
de concreto. Para os muros de arrimo com maior altura a laje de fundo torna-se um
componente importante para redução dos esforços nas estacas solicitadas à tração.
Por esse motivo, o consumo de aço nas fundações tende a ser inferior em soluções
com presença de laje de fundo em relação aos demais modelos, uma vez que os
esforços de tração, quando altos, tendem a onerar o consumo de armaduras no
comprimento da estaca.
Os modelos com vigas alavancas e com tirantes apresentaram
valores intermediários do consumo de concreto e peso de aço para todas as alturas,
exceto para os muros de arrimo com seis metros, onde observa-se maior consumo de
armaduras nestes modelos em decorrência dos elevados esforços de tração nas
estacas. Um dos pontos a destacar nos modelos com tirantes é o maior consumo de
áreas de fôrmas, o que pode ser um aspecto oneroso, pois além de ser mais custoso,
torna necessário recortes em maior quantidade e mais mão de obra com
posicionamento e escoramento das fôrmas.
Por fim, em vista dos vários aspectos abordados, conclui-se que para
cada situação deve-se avaliar a eficiência de um sistema estrutural de forma
independente, pois para cada caso há um aspecto de maior relevância, e além disso,
as obras civis possuem particularidades que permitem pesar estes aspectos de forma
distinta. Portanto, para os casos dos muros de arrimo em concreto armado, pode-se
dizer que há recomendações que otimizam os custos com materiais, execução e que
garantem um bom desempenho estrutural de um sistema, como foi abordado diversas
vezes neste trabalho, porém, somente as particularidades de uma construção vão
apontar qual o sistema mais adequado a se adotar.
139

Acredita-se que os aspectos abordados neste trabalho podem


direcionar a escolha de uma boa concepção estrutural para um muro de arrimo
concebido em concreto armado. Para tanto, há outras análises que podem ser
complementadas em futuros trabalhos. Portanto, recomenda-se os seguintes estudos:
 Abordagem mais ampla de outras concepções estruturais, como: Muros de
arrimo com blocos posicionado fora do aterro; Muros de arrimo com vigas
intermediárias; Muros de arrimo com escoras; Muros de arrimo com pilar de
seção variável; Muros de arrimo com elementos estruturais travados ao topo.
 Detalhamento e elaboração da relação de custos de materiais: Realizar o
detalhamento dos referidos muros de arrimo e estimar o custo total com
materiais e mão de obra. Posteriormente, compará-los.
140

REFERÊNCIAS

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143

APÊNDICES
144

Tabela 46 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 01 (H=1,50m).


Extensão do muro = 10,00m; Altura total = 1,50m
Estruturas Vol. Concreto (m³) Área de fôrmas (m²)
Par. e Pilares 1,93 33,60
Blocos 0,26 2,92
TOTAL 2,19 36,52
Fundações Vol. Concreto (m³) Comp. Total (m)
Estacas 0,88 18,00
Volume de Concreto Total (m³) 3,07
Armaduras de flexão - CA50
Paredes AsmínX (cm²/m) 1,80 AsmínZ (cm²/m) 0,90
Direção Asnec,ext (cm²/m) Asnec,int (cm²/m) Asext (cm²/m) Asint (cm²/m)
Horizontal 1,80 1,80 1,87 1,87
Vertical 0,90 0,90 1,56 1,56
➔ Arm.ext Ø6,3mm c/17,5 (dir.x); Ø6,3mm c/20 (dir.z)
➔ Arm. int Ø6,3mm c/17,5 (dir.x); Ø6,3mm c/20 (dir.z)
Pilares ➔ 2Ø10mm (int); 2Ø10mm (ext)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 1,45 1,45 1,60
Blocos ➔ 3Ø5mm (quadros vert.); 3Ø5mm (quadros hor.)
Direção Asnec vert. (cm²) Ascalc vert.(cm²) Asnec hor.(cm²) Ascalc hor. (cm²)
Vert./ hor. 0,10 0,60 0,10 0,60
Estacas ➔ 5Ø8mm (Comprimento = 3,00m)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 1,96 1,96 2,50
Estimativa de Consumo de aço
ESTRUTURAS ➔ Aço total (kg) 127 Taxa (kg/m³) 65,80
FUNDAÇÕES ➔ Aço total (kg) 60 Taxa (kg/m³) 68,18
TOTAL ➔ Aço total (kg) 187 Taxa (kg/m³) 60,91
Fonte: O próprio autor.
145

Tabela 47 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 02 (H=1,50m).


Extensão do muro = 10,00m; Altura total = 1,50m
Estruturas Vol. Concreto (m³) Área de fôrmas (m²)
Par. e Pilares 1,93 33,06
Viga de Eq. 0,67 5,08
TOTAL 2,60 38,14
Fundações Vol. Concreto (m³) Comp. Total (m)
Estacas 1,47 30,00
Volume de Concreto Total (m³) 4,07
Armaduras de flexão - CA50
Paredes AsmínX (cm²/m) 1,80 AsmínZ (cm²/m) 0,90
Direção Asnec,ext (cm²/m) Asnec,int (cm²/m) Asext (cm²/m) Asint (cm²/m)
Horizontal 1,80 1,80 1,87 1,87
Vertical 0,90 0,90 1,56 1,56
➔ Arm.ext Ø6,3mm c/17,5 (dir.x); Ø6,3mm c/20 (dir.z)
➔ Arm. int Ø6,3mm c/17,5 (dir.x); Ø6,3mm c/20 (dir.z)
Pilares ➔ 2Ø10mm (int); 2Ø10mm (ext)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 1,45 1,45 1,60
Viga de equilíbrio ➔ 3Ø8mm (sup); 3Ø8mm (inf)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mz 1,83 1,83 2,00
Estacas ➔ 5Ø8mm (Comprimento = 2,50m)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 1,96 1,96 2,50
Estimativa de Consumo de aço
ESTRUTURAS ➔ Aço total (kg) 135 Taxa (kg/m³) 69,95
FUNDAÇÕES ➔ Aço total (kg) 80 Taxa (kg/m³) 54,42
TOTAL ➔ Aço total (kg) 215 Taxa (kg/m³) 52,83
Fonte: O próprio autor.
146

Tabela 48 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 03 (H=1,50m).


Extensão do muro = 10,00m; Altura total = 1,50m
Estruturas Vol. Concreto (m³) Área de fôrmas (m²)
Par. e Pilares 1,93 33,06
BL e Viga 0,50 5,94
Tirante 0,18 3,02
TOTAL 2,61 42,02
Fundações Vol. Concreto (m³) Comp. Total (m)
Estacas 1,47 30,00
Volume de Concreto Total (m³) 4,08
Armaduras de flexão - CA50
Paredes AsmínX (cm²/m) 1,80 AsmínZ (cm²/m) 0,90
Direção Asnec,ext (cm²/m) Asnec,int (cm²/m) Asext (cm²/m) Asint (cm²/m)
Horizontal 1,80 1,80 1,87 1,87
Vertical 0,90 0,90 1,56 1,56
➔ Arm.ext Ø6,3mm c/17,5 (dir.x); Ø6,3mm c/20 (dir.z)
➔ Arm. int Ø6,3mm c/17,5 (dir.x); Ø6,3mm c/20 (dir.z)
Pilares ➔ 2Ø10mm (int); 2Ø10mm (ext)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 1,45 1,45 1,60
Blocos ➔ 3Ø5mm (quadros vert.); 3Ø5mm (quadros hor.)
Direção Asnec vert. (cm²) Ascalc vert.(cm²) Asnec hor.(cm²) Ascalc hor. (cm²)
Vert./ hor. 0,12 0,60 0,12 0,60
Viga de ligação entre blocos ➔ 2Ø6,3mm (sup); 2Ø6,3mm (inf)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mz 0,55 0,55 0,63
Estacas ➔ 5Ø8mm (Comprimento = 2,50m)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 1,96 1,96 2,50
Armadura de tração - CA50
Tirantes ➔ 2Ø8mm (sup); 2Ø8mm (inf)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Nm áx 0,55 0,55 1,00
Estimativa de Consumo de aço
ESTRUTURAS ➔ Aço total (kg) 150 Taxa (kg/m³) 57,47
FUNDAÇÕES ➔ Aço total (kg) 80 Taxa (kg/m³) 54,42
TOTAL ➔ Aço total (kg) 230 Taxa (kg/m³) 56,37
Fonte: O próprio autor.
147

Tabela 49 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 04 (H=1,50m).


Extensão do muro = 10,00m; Altura total = 1,50m
Estruturas Vol. Concreto (m³) Área de fôrmas (m²)
Par. e Pilares 1,93 33,06
Viga de Eq. 0,67 5,08
Laje de fundo 0,97 2,06
TOTAL 3,57 40,20
Fundações Vol. Concreto (m³) Comp. Total (m)
Estacas 2,94 60,00
Volume de Concreto Total (m³) 6,51
Armaduras de flexão - CA50
Paredes AsmínX (cm²/m) 1,80 AsmínZ (cm²/m) 1,80
Direção Asnec,ext (cm²/m) Asnec,int (cm²/m) Asext (cm²/m) Asint (cm²/m)
Horizontal 1,80 1,80 1,87 1,87
Vertical 1,80 1,96 1,87 2,87
➔ Arm.ext Ø6,3mm c/17,5 (dir.x); Ø6,3mm c/17,5 (dir.z)
➔ Arm. int Ø6,3mm c/17,5 (dir.x); Ø8mm c/17,5 (dir.z)
Pilares ➔ 2Ø10mm (int); 2Ø10mm (ext)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 1,45 1,45 1,60
Viga de equilíbrio ➔ 3Ø8mm (sup); 3Ø8mm (inf)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mz 1,83 1,83 2,00
Estacas ➔ 5Ø8mm (Comprimento = 2,50m)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 1,96 1,96 2,50
Laje de fundo AsmínX (cm²/m) 1,80 AsmínY (cm²/m) 1,80
Direção Asnec,inf (cm²/m) Asnec,sup (cm²/m) Asinf (cm²/m) Assup (cm²/m)
Longitudinal 3,12 4,07 5,03 5,03
Transversal 1,80 1,96 1,87 2,87
➔ Arm.inf Ø8mm c/10 (dir.x); Ø6,3mm c/17,5 (dir.y)
➔ Arm.sup Ø8mm c/10 (dir.x); Ø8mm c/17,5 (dir.y)
Estimativa de Consumo de aço
ESTRUTURAS ➔ Aço total (kg) 278 Taxa (kg/m³) 77,87
FUNDAÇÕES ➔ Aço total (kg) 80 Taxa (kg/m³) 27,21
TOTAL ➔ Aço total (kg) 358 Taxa (kg/m³) 54,99
Fonte: O próprio autor.
148

Tabela 50 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 05 (H=1,50m).


Extensão do muro = 10,00m; Altura total = 1,50m
Estruturas Vol. Concreto (m³) Área de fôrmas (m²)
Par. e CF. 2,36 37,7
Viga de Eq. 0,67 5,08
Laje de fundo 0,97 2,06
TOTAL 4,00 44,84
Fundações Vol. Concreto (m³) Comp. Total (m)
Estacas 2,94 60,00
Volume de Concreto Total (m³) 6,94
Armaduras de flexão - CA50
Paredes AsmínX (cm²/m) 1,80 AsmínZ (cm²/m) 1,80
Direção Asnec,ext (cm²/m) Asnec,int (cm²/m) Asext (cm²/m) Asint (cm²/m)
Horizontal 1,80 1,80 1,87 1,87
Vertical 1,80 2,23 1,87 2,87
➔ Arm.ext Ø6,3mm c/17,5 (dir.x); Ø6,3mm c/17.5 (dir.z)
➔ Arm. int Ø6,3mm c/17,5 (dir.x); Ø8mm c/17.5 (dir.z)
Viga de equilíbrio ➔ 3Ø8mm (sup); 3Ø8mm (inf)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mz 1,83 1,83 2,00
Estacas ➔ 5Ø8mm (Comprimento = 2,50m)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 1,96 1,96 2,50
Laje de fundo AsmínX (cm²/m) 1,80 AsmínY (cm²/m) 1,80
Direção Asnec,inf (cm²/m) Asnec,sup (cm²/m) Asinf (cm²/m) Assup (cm²/m)
Longitudinal 3,20 3,91 5,03 5,03
Transversal 1,80 1,96 1,87 2,87
➔ Arm.inf Ø8mm c/10 (dir.x); Ø6,3mm c/17,5 (dir.y)
➔ Arm.sup Ø8mm c/10 (dir.x); Ø8mm c/17,5 (dir.y)
Armadura de tração - CA50
Contrafortes ➔ Ø8mm C/20 (máx.tração); 2Ø10 (extremidade)
Direção Asmín (cm²/m) Asnec (cm²/m) Ascalc (cm²/m)
Nm áx (Base) 2,10 2,10 2,50
Estimativa de Consumo de aço
ESTRUTURAS ➔ Aço total (kg) 318 Taxa (kg/m³) 79,50
FUNDAÇÕES ➔ Aço total (kg) 80 Taxa (kg/m³) 27,21
TOTAL ➔ Aço total (kg) 398 Taxa (kg/m³) 57,35
Fonte: O próprio autor.
149

Tabela 51 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 01 (H=2,50m).


Extensão do muro = 10,00m; Altura total = 2,50m
Estruturas Vol. Concreto (m³) Área de fôrmas (m²)
Par. e Pilares 3,54 57,80
Blocos 0,51 5,12
TOTAL 4,05 62,92
Fundações Vol. Concreto (m³) Comp. Total (m)
Estacas 2,26 32,00
Volume de Concreto Total (m³) 6,31
Armaduras de flexão - CA50
Paredes AsmínX (cm²/m) 1,80 AsmínZ (cm²/m) 0,90
Direção Asnec,ext (cm²/m) Asnec,int (cm²/m) Asext (cm²/m) Asint (cm²/m)
Horizontal 1,80 1,80 1,87 1,87
Vertical 0,90 0,90 1,56 1,56
➔ Arm.ext Ø6,3mm c/17,5 (dir.x); Ø6,3mm c/20 (dir.z)
➔ Arm. int Ø6,3mm c/17,5 (dir.x); Ø6,3mm c/20 (dir.z)
Pilares ➔ 2Ø12.5mm (int); 2Ø12.5mm (ext)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 1,8 1,8 2,50
Blocos ➔ 3Ø6.3mm (quadros vert.); 3Ø6.3mm (quadros hor.)
Direção Asnec vert. (cm²) Ascalc vert.(cm²) Asnec hor.(cm²) Ascalc hor. (cm²)
Vert./ hor. 0,11 0,95 0,11 0,95
Estacas ➔ 6Ø8mm (Comprimento = 4,00m)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 2,82 3,63 4,00
Estimativa de Consumo de aço
ESTRUTURAS ➔ Aço total (kg) 255 Taxa (kg/m³) 62,96
FUNDAÇÕES ➔ Aço total (kg) 128 Taxa (kg/m³) 56,64
TOTAL ➔ Aço total (kg) 383 Taxa (kg/m³) 60,70
Fonte: O próprio autor.
150

Tabela 52 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 02 (H=2,50m).


Extensão do muro = 10,00m; Altura total = 2,50m
Estruturas Vol. Concreto (m³) Área de fôrmas (m²)
Par. e Pilares 3,41 56,00
Viga de Eq. 1,25 8,16
TOTAL 4,66 64,16
Fundações Vol. Concreto (m³) Comp. Total (m)
Estacas 3,39 48,00
Volume de Concreto Total (m³) 8,05
Armaduras de flexão - CA50
Paredes AsmínX (cm²/m) 1,80 AsmínZ (cm²/m) 0,90
Direção Asnec,ext (cm²/m) Asnec,int (cm²/m) Asext (cm²/m) Asint (cm²/m)
Horizontal 1,80 1,80 1,87 1,87
Vertical 0,90 0,90 1,56 1,56
➔ Arm.ext Ø6,3mm c/17,5 (dir.x); Ø6,3mm c/20 (dir.z)
➔ Arm. int Ø6,3mm c/17,5 (dir.x); Ø6,3mm c/20 (dir.z)
Pilares ➔ 2Ø12.5mm (int); 2Ø12.5mm (ext)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 1,8 1,8 2,50
Viga de equilíbrio ➔ 3Ø10mm (sup); 3Ø10mm (inf)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mz 2,4 2,4 2,40
Estacas ➔ 6Ø8mm (Comprimento = 3,50m)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 2,82 2,82 3,00
Estimativa de Consumo de aço
ESTRUTURAS ➔ Aço total (kg) 279 Taxa (kg/m³) 59,87
FUNDAÇÕES ➔ Aço total (kg) 180 Taxa (kg/m³) 53,10
TOTAL ➔ Aço total (kg) 459 Taxa (kg/m³) 57,02
Fonte: O próprio autor.
151

Tabela 53 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 03 (H=2,50m).


Extensão do muro = 10,00m; Altura total = 2,50m
Estruturas Vol. Concreto (m³) Área de fôrmas (m²)
Par. e Pilares 3,41 56,00
BL e Viga 0,90 9,48
Tirante 0,39 6,16
TOTAL 4,70 71,64
Fundações Vol. Concreto (m³) Comp. Total (m)
Estacas 3,39 48,00
Volume de Concreto Total (m³) 8,09
Armaduras de flexão - CA50
Paredes AsmínX (cm²/m) 1,80 AsmínZ (cm²/m) 0,90
Direção Asnec,ext (cm²/m) Asnec,int (cm²/m) Asext (cm²/m) Asint (cm²/m)
Horizontal 1,80 1,80 1,87 1,87
Vertical 0,90 0,90 1,56 1,56
➔ Arm.ext Ø6,3mm c/17,5 (dir.x); Ø6,3mm c/20 (dir.z)
➔ Arm. int Ø6,3mm c/17,5 (dir.x); Ø6,3mm c/20 (dir.z)
Pilares ➔ 2Ø12.5mm (int); 2Ø12.5mm (ext)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 1,8 1,8 2,50
Blocos ➔ 3Ø6,3mm (quadros vert.); 3Ø6,3mm (quadros hor.)
Direção Asnec vert. (cm²) Ascalc vert.(cm²) Asnec hor.(cm²) Ascalc hor. (cm²)
Vert./ hor. 0,20 0,95 0,20 0,95
Viga de ligação entre blocos ➔ 2Ø8mm (sup); 2Ø8mm (inf)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mz 0,68 0,68 1,00
Estacas ➔ 6Ø8mm (Comprimento = 3,50m)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 2,82 2,82 3,00
Armadura de tração - CA50
Tirantes ➔ 2Ø8mm (sup); 2Ø8mm (inf)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Nm áx 0,68 0,68 1,00
Estimativa de Consumo de aço
ESTRUTURAS ➔ Aço total (kg) 303 Taxa (kg/m³) 64,47
FUNDAÇÕES ➔ Aço total (kg) 180 Taxa (kg/m³) 53,10
TOTAL ➔ Aço total (kg) 483 Taxa (kg/m³) 59,70
Fonte: O próprio autor.
152

Tabela 54 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 04 (H=2,50m).


Extensão do muro = 10,00m; Altura total = 2,50m
Estruturas Vol. Concreto (m³) Área de fôrmas (m²)
Par. e Pilares 3,41 56,00
Viga de Eq. 1,25 8,16
Laje de fundo 1,06 1,92
TOTAL 5,72 66,08
Fundações Vol. Concreto (m³) Comp. Total (m)
Estacas 5,94 84,00
Volume de Concreto Total (m³) 11,66
Armaduras de flexão - CA50
Paredes AsmínX (cm²/m) 1,80 AsmínZ (cm²/m) 1,80
Direção Asnec,ext (cm²/m) Asnec,int (cm²/m) Asext (cm²/m) Asint (cm²/m)
Horizontal 1,80 1,80 1,87 1,87
Vertical 1,80 1,90 1,87 2,87
➔ Arm.ext Ø6,3mm c/17,5 (dir.x); Ø6,3mm c/17,5 (dir.z)
➔ Arm. int Ø6,3mm c/17,5 (dir.x); Ø8mm c/17,5 (dir.z)
Pilares ➔ 2Ø12.5mm (int); 2Ø12.5mm (ext)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 1,8 1,8 2,50
Viga de equilíbrio ➔ 3Ø10mm (sup); 3Ø10mm (inf)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mz 2,4 2,4 2,40
Estacas ➔ 6Ø8mm (Comprimento = 3,50m)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 2,82 2,82 3,00
Laje de fundo AsmínX (cm²/m) 1,80 AsmínY (cm²/m) 1,80
Direção Asnec,inf (cm²/m) Asnec,sup (cm²/m) Asinf (cm²/m) Assup (cm²/m)
Longitudinal 4,51 7,76 5,03 8,38
Transversal 1,80 1,90 1,87 2,87
➔ Arm.inf Ø8mm c/10 (dir.x); Ø6,3mm c/17,5 (dir.y)
➔ Arm.sup Ø8mm c/6 (dir.x); Ø8mm c/17,5 (dir.y)
Estimativa de Consumo de aço
ESTRUTURAS ➔ Aço total (kg) 508 Taxa (kg/m³) 88,81
FUNDAÇÕES ➔ Aço total (kg) 180 Taxa (kg/m³) 30,30
TOTAL ➔ Aço total (kg) 688 Taxa (kg/m³) 59,01
Fonte: O próprio autor.
153

Tabela 55 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 05 (H=2,50m).


Extensão do muro = 10,00m; Altura total = 2,50m
Estruturas Vol. Concreto (m³) Área de fôrmas (m²)
Par. e CF. 4,52 78,75
Viga de Eq. 1,25 8,16
Laje de fundo 1,06 1,92
TOTAL 6,83 88,83
Fundações Vol. Concreto (m³) Comp. Total (m)
Estacas 5,94 84,00
Volume de Concreto Total (m³) 12,77
Armaduras de flexão - CA50
Paredes AsmínX (cm²/m) 1,80 AsmínZ (cm²/m) 1,80
Direção Asnec,ext (cm²/m) Asnec,int (cm²/m) Asext (cm²/m) Asint (cm²/m)
Horizontal 1,80 1,80 1,87 1,87
Vertical 1,80 2,23 1,87 2,87
➔ Arm.ext Ø6,3mm c/17,5 (dir.x); Ø6,3mm c/17,5 (dir.z)
➔ Arm. int Ø6,3mm c/17,5 (dir.x); Ø8mm c/17,5 (dir.z)
Viga de equilíbrio ➔ 3Ø10mm (sup); 3Ø10mm (inf)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mz 2,4 2,4 2,40
Estacas ➔ 6Ø8mm (Comprimento = 3,50m)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 2,82 2,82 3,00
Laje de fundo AsmínX (cm²/m) 1,80 AsmínY (cm²/m) 1,80
Direção Asnec,inf (cm²/m) Asnec,sup (cm²/m) Asinf (cm²/m) Assup (cm²/m)
Longitudinal 4,82 5,00 5,03 5,03
Transversal 1,80 2,23 1,87 2,87
➔ Arm.inf Ø8mm c/10 (dir.x); Ø6,3mm c/17,5 (dir.y)
➔ Arm.sup Ø8mm c/10 (dir.x); Ø8mm c/17,5 (dir.y)
Armadura de tração - CA50
Contrafortes ➔ Ø8mm C/20 (máx.tração); 2Ø10 (extremidade)
Direção Asmín (cm²/m) Asnec (cm²/m) Ascalc (cm²/m)
Nm áx (Base) 2,25 2,25 2,50
Estimativa de Consumo de aço
ESTRUTURAS ➔ Aço total (kg) 516 Taxa (kg/m³) 75,55
FUNDAÇÕES ➔ Aço total (kg) 180 Taxa (kg/m³) 30,30
TOTAL ➔ Aço total (kg) 696 Taxa (kg/m³) 54,50
Fonte: O próprio autor.
154

Tabela 56 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 01 (H=4,00m).


Extensão do muro = 10,00m; Altura total = 4,00m
Estruturas Vol. Concreto (m³) Área de fôrmas (m²)
Par. e Pilares 7,89 104,00
Blocos 1,38 11,00
TOTAL 9,27 115,00
Fundações Vol. Concreto (m³) Comp. Total (m)
Estacas 8,29 66,00
Volume de Concreto Total (m³) 17,56
Armaduras de flexão - CA50
Paredes AsmínX (cm²/m) 2,10 AsmínZ (cm²/m) 1,15
Direção Asnec,ext (cm²/m) Asnec,int (cm²/m) Asext (cm²/m) Asint (cm²/m)
Horizontal 3,44 2,10 4,02 2,50
Vertical 1,15 1,15 2,08 2,08
➔ Arm.ext Ø8mm c/12,5 (dir.x); Ø6,3mm c/15 (dir.z)
➔ Arm. int Ø6,3mm c/12,5 (dir.x); Ø6,3mm c/15 (dir.z)
Pilares ➔ 3Ø12,5mm (int); 3Ø12.5mm (ext)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 3,20 3,40 3,75
Blocos ➔ 3Ø6.3mm (quadros vert.); 3Ø6.3mm (quadros hor.)
Direção Asnec vert. (cm²) Ascalc vert.(cm²) Asnec hor.(cm²) Ascalc hor. (cm²)
Vert./ hor. 0,11 0,95 0,11 0,95
Estacas ➔ 10Ø12,5mm (Comprimento = 6,00m)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 5,02 11,64 12,50
Estimativa de Consumo de aço
ESTRUTURAS ➔ Aço total (kg) 690 Taxa (kg/m³) 74,43
FUNDAÇÕES ➔ Aço total (kg) 803 Taxa (kg/m³) 96,86
TOTAL ➔ Aço total (kg) 1493 Taxa (kg/m³) 85,02
Fonte: O próprio autor.
155

Tabela 57 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 02 (H=4,00m).


Extensão do muro = 10,00m; Altura total = 4,00m
Estruturas Vol. Concreto (m³) Área de fôrmas (m²)
Par. e Pilares 7,27 97,76
Viga de Eq. 3,40 17,60
TOTAL 10,67 115,36
Fundações Vol. Concreto (m³) Comp. Total (m)
Estacas 12,06 96,00
Volume de Concreto Total (m³) 22,73
Armaduras de flexão - CA50
Paredes AsmínX (cm²/m) 2,10 AsmínZ (cm²/m) 1,15
Direção Asnec,ext (cm²/m) Asnec,int (cm²/m) Asext (cm²/m) Asint (cm²/m)
Horizontal 4,68 2,21 6,54 2,60
Vertical 1,15 1,15 2,08 2,08
➔ Arm.ext Ø10mm c/12,5 (dir.x); Ø6,3mm c/15 (dir.z)
➔ Arm. int Ø6,3mm c/12,5 (dir.x); Ø6,3mm c/15 (dir.z)
Pilares ➔ 2Ø16mm; 1Ø12.5mm (int); 3Ø12.5mm (ext)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 3,20 5,90 6,50
Viga de equilíbrio ➔ 3Ø12.5mm (sup); 3Ø12.5mm (inf)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mz 3,75 3,75 3,75
Estacas ➔ 8Ø10mm (Comprimento=6,00m)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 5,02 6,37 6,40
Estimativa de Consumo de aço
ESTRUTURAS ➔ Aço total (kg) 813 Taxa (kg/m³) 76,19
FUNDAÇÕES ➔ Aço total (kg) 688 Taxa (kg/m³) 57,05
TOTAL ➔ Aço total (kg) 1501 Taxa (kg/m³) 66,04
Fonte: O próprio autor.
156

Tabela 58 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 03 (H=4,00m).


Extensão do muro = 10,00m; Altura total = 4,00m
Estruturas Vol. Concreto (m³) Área de fôrmas (m²)
Par. e Pilares 7,27 97,76
BL e Viga 2,45 26,5
Tirante 1,43 14,32
TOTAL 11,15 138,58
Fundações Vol. Concreto (m³) Comp. Total (m)
Estacas 12,06 96,00
Volume de Concreto Total (m³) 23,21
Armaduras de flexão - CA50
Paredes AsmínX (cm²/m) 2,10 AsmínZ (cm²/m) 1,15
Direção Asnec,ext (cm²/m) Asnec,int (cm²/m) Asext (cm²/m) Asint (cm²/m)
Horizontal 5,94 2,21 6,54 2,60
Vertical 1,15 1,15 2,08 2,08
➔ Arm.ext Ø10mm c/12,5 (dir.x); Ø6,3mm c/15 (dir.z)
➔ Arm. int Ø6,3mm c/12,5 (dir.x); Ø6,3mm c/15 (dir.z)
Pilares ➔ 3Ø12,5mm (int); 3Ø12.5mm (ext)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 3,20 3,20 3,75
Blocos ➔ 3Ø6,3mm (quadros vert.); 3Ø6,3mm (quadros hor.)
Direção Asnec vert. (cm²) Ascalc vert.(cm²) Asnec hor.(cm²) Ascalc hor. (cm²)
Vert./ hor. 0,50 0,95 0,50 0,95
Viga de ligação entre blocos ➔ 2Ø10mm (sup); 2Ø10mm (inf)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mz 1,2 1,2 1,60
Estacas ➔ 8Ø10mm (Comprimento=6,00m)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 5,02 6,34 6,40
Armadura de tração - CA50
Tirantes ➔ 2Ø10mm (sup); 2Ø10mm (inf)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Nm áx 1,20 1,20 1,60
Estimativa de Consumo de aço
ESTRUTURAS ➔ Aço total (kg) 821 Taxa (kg/m³) 73,63
FUNDAÇÕES ➔ Aço total (kg) 688 Taxa (kg/m³) 57,05
TOTAL ➔ Aço total (kg) 1509 Taxa (kg/m³) 65,02
Fonte: O próprio autor.
157

Tabela 59 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 04 (H=4,00m).


Extensão do muro = 10,00m; Altura total = 4,00m
Estruturas Vol. Concreto (m³) Área de fôrmas (m²)
Par. e Pilares 7,27 97,76
Viga de Eq. 3,40 17,60
Laje de fundo 1,33 2,60
TOTAL 12,00 117,96
Fundações Vol. Concreto (m³) Comp. Total (m)
Estacas 14,07 112,00
Volume de Concreto Total (m³) 26,07
Armaduras de flexão - CA50
Paredes AsmínX (cm²/m) 2,10 AsmínZ (cm²/m) 2,10
Direção Asnec,ext (cm²/m) Asnec,int (cm²/m) Asext (cm²/m) Asint (cm²/m)
Horizontal 2,10 2,10 2,10 2,10
Vertical 2,10 8,98 2,50 9,82
➔ Arm.ext Ø6,3mm c/15 (dir.x); Ø6,3mm c/12,5 (dir.z)
➔ Arm. int Ø6,3mm c/15 (dir.x); Ø12,5mm c/12,5 (dir.z)
Pilares ➔ 3Ø12,5mm (int); 3Ø12.5mm (ext)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 3,20 3,75 3,75
Viga de equilíbrio ➔ 3Ø12.5mm (sup); 3Ø12.5mm (inf)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mz 3,75 3,75 3,75
Estacas ➔ 8Ø10mm (Comprimento=4,00m)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 5,02 5,02 6,40
Laje de fundo AsmínX (cm²/m) 1,80 AsmínY (cm²/m) 1,80
Direção Asnec,inf (cm²/m) Asnec,sup (cm²/m) Asinf (cm²/m) Assup (cm²/m)
Longitudinal 3,04 4,65 5,03 5,03
Transversal 2,10 8,98 2,50 9,82
➔ Arm.inf Ø8mm c/10 (dir.x); Ø6,3mm c/12,5 (dir.y)
➔ Arm.sup Ø8mm c/10 (dir.x); Ø12,5mm c/12,5 (dir.y)
Estimativa de Consumo de aço
ESTRUTURAS ➔ Aço total (kg) 1033 Taxa (kg/m³) 86,08
FUNDAÇÕES ➔ Aço total (kg) 464 Taxa (kg/m³) 32,98
TOTAL ➔ Aço total (kg) 1497 Taxa (kg/m³) 57,42
Fonte: O próprio autor.
158

Tabela 60 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 05 (H=4,00m).


Extensão do muro = 10,00m; Altura total = 4,00m
Estruturas Vol. Concreto (m³) Área de fôrmas (m²)
Par. e CF. 11,24 132,80
Viga de Eq. 3,40 17,60
Laje de fundo 1,33 2,60
TOTAL 15,97 153,00
Fundações Vol. Concreto (m³) Comp. Total (m)
Estacas 14,07 112,00
Volume de Concreto Total (m³) 30,04
Armaduras de flexão - CA50
Paredes AsmínX (cm²/m) 2,10 AsmínZ (cm²/m) 2,10
Direção Asnec,ext (cm²/m) Asnec,int (cm²/m) Asext (cm²/m) Asint (cm²/m)
Horizontal 2,10 2,10 2,10 2,10
Vertical 2,10 3,95 2,49 4,02
➔ Arm.ext Ø6,3mm c/15 (dir.x); Ø6,3mm c/12,5 (dir.z)
➔ Arm. int Ø6,3mm c/15 (dir.x); Ø8mm c/12,5 (dir.z)
Viga de equilíbrio ➔ 3Ø12.5mm (sup); 3Ø12.5mm (inf)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mz 3,75 3,75 3,75
Estacas ➔ 8Ø10mm (Comprimento=4,00m)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 5,02 5,02 6,40
Laje de fundo AsmínX (cm²/m) 1,80 AsmínY (cm²/m) 1,80
Direção Asnec,inf (cm²/m) Asnec,sup (cm²/m) Asinf (cm²/m) Assup (cm²/m)
Longitudinal 3,54 3,21 4,02 4,02
Transversal 2,10 3,95 2,49 4,02
➔ Arm.inf Ø8mm c/12,5 (dir.x); Ø6,3mm c/12,5 (dir.y)
➔ Arm.sup Ø8mm c/12,5 (dir.x); Ø8mm c/12,5 (dir.y)
Armadura de tração - CA50
Contrafortes ➔ Ø8mm C/15 (máx.tração); 2Ø12,5 (extremidade)
Direção Asmín (cm²/m) Asnec (cm²/m) Ascalc (cm²/m)
Nm áx (Base) 3,00 3,00 3,33
Estimativa de Consumo de aço
ESTRUTURAS ➔ Aço total (kg) 1080 Taxa (kg/m³) 67,63
FUNDAÇÕES ➔ Aço total (kg) 464 Taxa (kg/m³) 32,98
TOTAL ➔ Aço total (kg) 1544 Taxa (kg/m³) 51,40
Fonte: O próprio autor.
159

Tabela 61 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 01 (H=6,00m).


Extensão do muro = 10,00m; Altura total = 6,00m
Estruturas Vol. Concreto (m³) Área de fôrmas (m²)
Par. e Pilares 17,64 182,40
Blocos 3,77 21,56
TOTAL 21,41 203,96
Fundações Vol. Concreto (m³) Comp. Total (m)
Estacas 27,99 99,00
Volume de Concreto Total (m³) 49,40
Armaduras de flexão - CA50
Paredes AsmínX (cm²/m) 2,10 AsmínZ (cm²/m) 1,15
Direção Asnec,ext (cm²/m) Asnec,int (cm²/m) Asext (cm²/m) Asint (cm²/m)
Horizontal 2,87 2,10 3,35 2,10
Vertical 1,15 1,15 2,10 2,10
➔ Arm.ext Ø8mm c/15 (dir.x); Ø6,3mm c/15 (dir.z)
➔ Arm. int Ø6,3mm c/15 (dir.x); Ø6,3mm c/15 (dir.z)
Pilares ➔ 4Ø16mm (int); 3Ø8mm/face (pele); 4Ø16mm (ext)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 7,20 7,20 8,00
Blocos ➔ 5Ø8mm (quadros vert.); 5Ø8mm (quadros hor.)
Direção Asnec vert. (cm²) Ascalc vert.(cm²) Asnec hor.(cm²) Ascalc hor. (cm²)
Vert./ hor. 0,50 2,50 0,50 2,50
Estacas ➔ 16Ø16mm (Comprimento=9,00m)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 11,31 31,2 32,00
Estimativa de Consumo de aço
ESTRUTURAS ➔ Aço total (kg) 2020 Taxa (kg/m³) 94,35
FUNDAÇÕES ➔ Aço total (kg) 3212 Taxa (kg/m³) 114,76
TOTAL ➔ Aço total (kg) 5232 Taxa (kg/m³) 105,91
Fonte: O próprio autor.
160

Tabela 62 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 02 (H=6,00m).


Extensão do muro = 10,00m; Altura total = 6,00m
Estruturas Vol. Concreto (m³) Área de fôrmas (m²)
Par. e Pilares 15,02 165,84
Viga de Eq. 8,62 32,48
TOTAL 23,64 198,32
Fundações Vol. Concreto (m³) Comp. Total (m)
Estacas 40,71 144,00
Volume de Concreto Total (m³) 64,35
Armaduras de flexão - CA50
Paredes AsmínX (cm²/m) 2,10 AsmínZ (cm²/m) 1,15
Direção Asnec,ext (cm²/m) Asnec,int (cm²/m) Asext (cm²/m) Asint (cm²/m)
Horizontal 3,71 2,10 4,02 2,49
Vertical 1,15 1,15 2,10 2,10
➔ Arm.ext Ø8mm c/12,5 (dir.x); Ø6,3mm c/15 (dir.z)
➔ Arm. int Ø6,3mm c/12,5 (dir.x); Ø6,3mm c/15 (dir.z)
Pilares ➔ 2Ø20mm; 3Ø16mm (int); 3Ø8mm/face (pele); 4Ø16mm (ext)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 7,20 11,28 12,30
Viga de equilíbrio ➔ 6Ø16mm (sup); 6Ø10mm/face; 6Ø12.5mm (inf)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mz 7,35 11,03 12,00
Estacas ➔ 12Ø12,5mm (Comprimento=9,00m)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 11,31 14,46 15,00
Estimativa de Consumo de aço
ESTRUTURAS ➔ Aço total (kg) 2681 Taxa (kg/m³) 113,41
FUNDAÇÕES ➔ Aço total (kg) 2576 Taxa (kg/m³) 63,28
TOTAL ➔ Aço total (kg) 5257 Taxa (kg/m³) 81,69
Fonte: O próprio autor.
161

Tabela 63 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 03 (H=6,00m).


Extensão do muro = 10,00m; Altura total = 6,00m
Estruturas Vol. Concreto (m³) Área de fôrmas (m²)
Par. e Pilares 15,02 165,84
BL e Viga 6,83 26,5
Tirante 4,65 31
TOTAL 26,50 223,34
Fundações Vol. Concreto (m³) Comp. Total (m)
Estacas 40,71 144,00
Volume de Concreto Total (m³) 67,21
Armaduras de flexão - CA50
Paredes AsmínX (cm²/m) 2,10 AsmínZ (cm²/m) 1,15
Direção Asnec,ext (cm²/m) Asnec,int (cm²/m) Asext (cm²/m) Asint (cm²/m)
Horizontal 3,89 2,10 4,02 2,49
Vertical 1,15 1,15 2,10 2,10
➔ Arm.ext Ø8mm c/12,5 (dir.x); Ø6,3mm c/15 (dir.z)
➔ Arm. int Ø6,3mm c/12,5 (dir.x); Ø6,3mm c/15 (dir.z)
Pilares ➔ 4Ø16mm (int); 3Ø8mm/face (pele); 4Ø16mm (ext)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 7,20 7,20 8,00
Blocos ➔ 5Ø8mm (quadros vert.); 5Ø8mm (quadros hor.)
Direção Asnec vert. (cm²) Ascalc vert.(cm²) Asnec hor.(cm²) Ascalc hor. (cm²)
Vert./ hor. 1,30 2,50 1,30 2,50
Viga de lig. blocos ➔ 3Ø12.5mm (sup); 3Ø8mm/face (pele); 3Ø12.5mm (inf)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mz 2,7 2,7 3,75
Estacas ➔ 12Ø12,5mm (Comprimento=9,00m)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 11,31 13,98 15,00
Armadura de tração - CA50
Tirantes ➔ 3Ø12.5mm (sup); 3Ø8mm/face (pele); 3Ø12.5mm (inf)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Nm áx 2,70 2,70 3,75
Estimativa de Consumo de aço
ESTRUTURAS ➔ Aço total (kg) 2913 Taxa (kg/m³) 109,92
FUNDAÇÕES ➔ Aço total (kg) 2576 Taxa (kg/m³) 63,28
TOTAL ➔ Aço total (kg) 5489 Taxa (kg/m³) 81,67
Fonte: O próprio autor.
162

Tabela 64 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 04 (H=6,00m).


Extensão do muro = 10,00m; Altura total = 6,00m
Estruturas Vol. Concreto (m³) Área de fôrmas (m²)
Par. e Pilares 15,02 165,84
Viga de Eq. 8,62 32,48
Laje de fundo 1,35 2,52
TOTAL 24,99 200,84
Fundações Vol. Concreto (m³) Comp. Total (m)
Estacas 45,24 160,00
Volume de Concreto Total (m³) 70,23
Armaduras de flexão - CA50
Paredes AsmínX (cm²/m) 2,10 AsmínZ (cm²/m) 2,10
Direção Asnec,ext (cm²/m) Asnec,int (cm²/m) Asext (cm²/m) Asint (cm²/m)
Horizontal 2,10 2,10 2,10 2,10
Vertical 2,10 15,30 3,90 15,34
➔ Arm.ext Ø6,3mm c/15 (dir.x); Ø6,3mm c/8 (dir.z)
➔ Arm. int Ø6,3mm c/15 (dir.x); Ø12,5mm c/8 (dir.z)
Pilares ➔ 2Ø20mm; 3Ø16mm (int); 3Ø8mm/face (pele); 4Ø16mm (ext)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 7,20 11,85 12,30
Viga de equilíbrio ➔ 6Ø16mm (sup); 6Ø10mm/face; 6Ø12.5mm (inf)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mz 7,35 11,03 12,00
Estacas ➔ 10Ø12,5mm (Comprimento=5,00m)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 11,31 11,31 12,50
Laje de fundo AsmínX (cm²/m) 1,80 AsmínY (cm²/m) 1,80
Direção Asnec,inf (cm²/m) Asnec,sup (cm²/m) Asinf (cm²/m) Assup (cm²/m)
Longitudinal 3,92 6,61 5,03 7,18
Transversal 2,10 15,30 3,90 15,34
➔ Arm.inf Ø8mm c/10 (dir.x); Ø6,3mm c/8 (dir.y)
➔ Arm.sup Ø8mm c/7 (dir.x); Ø12,5mm c/8 (dir.y)
Estimativa de Consumo de aço
ESTRUTURAS ➔ Aço total (kg) 3388 Taxa (kg/m³) 135,57
FUNDAÇÕES ➔ Aço total (kg) 1312 Taxa (kg/m³) 29,00
TOTAL ➔ Aço total (kg) 4700 Taxa (kg/m³) 66,92
Fonte: O próprio autor.
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Tabela 65 – Consumo de materiais e dimensionamento – Modelo 05 (H=6,00m).


Extensão do muro = 10,00m; Altura total = 6,00m
Estruturas Vol. Concreto (m³) Área de fôrmas (m²)
Par. e CF. 29,21 223,20
Viga de Eq. 8,62 32,48
Laje de fundo 1,35 2,52
TOTAL 39,18 258,20
Fundações Vol. Concreto (m³) Comp. Total (m)
Estacas 49,76 176,00
Volume de Concreto Total (m³) 88,94
Armaduras de flexão - CA50
Paredes AsmínX (cm²/m) 2,10 AsmínZ (cm²/m) 2,10
Direção Asnec,ext (cm²/m) Asnec,int (cm²/m) Asext (cm²/m) Asint (cm²/m)
Horizontal 2,10 2,10 2,10 2,10
Vertical 2,10 6,61 3,12 7,85
➔ Arm.ext Ø6,3mm c/15 (dir.x); Ø6,3mm c/10 (dir.z)
➔ Arm. int Ø6,3mm c/15 (dir.x); Ø10mm c/10 (dir.z)
Viga de equilíbrio ➔ 6Ø12.5mm (sup); 6Ø10mm/face; 6Ø12.5mm (inf)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mz 7,35 7,35 12,00
Estacas ➔ 10Ø12,5mm (Comprimento=5,00m)
Direção Asmín (cm²) Asnec (cm²) Ascalc (cm²)
Mx 11,31 11,31 12,50
Laje de fundo AsmínX (cm²/m) 1,80 AsmínY (cm²/m) 1,80
Direção Asnec,inf (cm²/m) Asnec,sup (cm²/m) Asinf (cm²/m) Assup (cm²/m)
Longitudinal 4,40 4,54 5,03 5,03
Transversal 2,10 6,61 3,12 7,85
➔ Arm.inf Ø8mm c/10 (dir.x); Ø6,3mm c/10 (dir.y)
➔ Arm.sup Ø8mm c/10 (dir.x); Ø10mm c/10 (dir.y)
Armadura de tração - CA50
Contrafortes ➔ Ø10mm C/17,5 (máx.tração); 4Ø16 (extremidade)
Direção Asmín (cm²/m) Asnec (cm²/m) Ascalc (cm²/m)
Nm áx (Base) 4,50 4,50 4,57
Estimativa de Consumo de aço
ESTRUTURAS ➔ Aço total (kg) 3482 Taxa (kg/m³) 88,87
FUNDAÇÕES ➔ Aço total (kg) 1312 Taxa (kg/m³) 26,37
TOTAL ➔ Aço total (kg) 4794 Taxa (kg/m³) 53,90
Fonte: O próprio autor.

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