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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

BRUCE KAMBO YUDONAGO

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE FUNDAÇÕES RADIER DE


CONCRETO ARMADO E PROTENDIDO PARA EDIFICAÇÕES
EM ALVENARIA ESTRUTURAL.

NATAL-RN
2021
Bruce Kambo Yudonago

Estudo comparativo entre fundações radier de concreto armado e protendido para


edificações em alvenaria estrutural.

Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade


Monografia, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do Título de Bacharel em
Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. José Airton Cunha Costa

Natal-RN
2021
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Yudonago, Bruce Kambo.

Estudo comparativo entre fundações radier de concreto armado e


protendido para edificações em alvenaria estrutural / Bruce Kambo
Yudonago. - 2021.
117 f.: il.

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do


Norte, Centro de Ciência e Tecnologia, Curso de Engenharia Civil.
Natal, RN, 2021.
Orientador: Prof. Dr. José Airton Cunha Costa.

1. Estruturas de concreto - Monografia. 2. Radier - Monografia. 3.


Concreto armado - Monografia. 4. Concreto protendido - Monografia. I.
Costa, José Airton Cunha. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 624.012.4

CDU 626.21

Elaborado por FERNANDA DE MEDEIROS FERREIRA AQUINO - CRB-15/301


Bruce Kambo Yudonago

Estudo comparativo entre fundações radier de concreto armado e protendido para


edificações em alvenaria estrutural.

Trabalho de conclusão de curso na modalidade


Monografia, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.

Aprovado em dia de mês de ano:

___________________________________________________
Prof. Dr. José Airton Cunha Costa– Orientador

___________________________________________________
Prof. Dr. Rodrigo Barros – Examinador interno

___________________________________________________
Me. Eng Pedro Mitzcun Coutinho – Examinador externo

Natal-RN
2021
"O importante não é o que fazemos de
nós, mas o que nós fazemos daquilo que
fazem de nós."
Jean-Paul Sartre
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pela minha vida, e por me permitir ultrapassar todos os obstáculos
encontrados ao longo da realização deste trabalho.
Agradeço também aos meus pais, Theodore Kambo e Marie Zangumbe, razões da minha
vida, pela educação, pelo apoio e por terem compreendidos a minha ausência enquanto me
dedicava à realização deste trabalho. Por me ensinarem a construir um caráter e a ser uma pessoa
digna. Por toda dedicação, incentivo no decorrer da minha vida e por acreditarem que este dia
chegaria. Sem vocês, nada disso seria possível.
Aos meus irmãos, Rachel, Gina, Hugues e Kevin, a meu cunhado Billy e a minha
cunhada Lorraine, motivos de tantos sorrisos e orgulho, que sempre estiveram ao meu lado,
independente da distância.
A Celisa Tavares, por todo o apoio e pela ajuda incansável, que muito contribuiu para a
realização deste trabalho. Agradeço a paciência, apoio incondicional, confiança que me deu
durante toda essa caminhada.
Aos amigos que a Universidade me proporcionou em conhecer: Carol, Cilma, Espoir,
Gedeon, Iadira, Koutoumi, Mansour, Márcisio, Nuna, Orlando, Rodrigo, Selasi, Thatyané,
Toben e outros, não menos especiais, que sempre estiveram ao meu lado, compartilhando as
dificuldades e conquistas. E aos bons e velhos amigos: Christy, Hassang-Paul, Glody, Steve,
Daniel que a tantos anos fazem parte da minha família.
Ao meu orientador, Professor Dr. José Airton, por ajudar em diversas dúvidas e me
concedido dicas importantes referentes à realização deste trabalho, que também serão muito
úteis na vida profissional.
A Pedro Mitzcun e Sóstenes Filipe, pela ajuda e disponibilidade que sempre tiveram
para sanar as dúvidas e por seus conhecimentos passados para que eu conseguisse terminar este
trabalho.
Aos meus colegas de curso, com quem convivi durante os últimos anos, de modo
especial, aos meus amigos (do grupo da Igreja Joaquim Teixeira), Allan, Romario,
Eberth, Bomfim, Victor, João Clayton, Marcos e Paulo Vitor pelo companheirismo,
pelos bons momentos passados juntos e pela troca de experiências que me permitiram crescer
não só como pessoa, mas também como formando.
Aos meus colegas do estágio, Adauto, Pedro e Júlia por compartilharem comigo tantos
momentos de descobertas e aprendizado e por todo o companheirismo ao longo deste percurso.
Por fim à todas as outras que de alguma forma vivenciaram comigo esta jornada e em
algum momento contribuíram de alguma forma, muito obrigado.
RESUMO
A fundação radier é uma fundação superficial pouco considerado no Brasil, por outro
lado, essa fundação é comumente a primeira opção a se avaliar em diversos países. Deste modo,
há pouca divulgação do assunto no Brasil, bem como a falta de normas vigentes que forneçam
parâmetros suficientes para dimensionar devidamente um radier. Neste sentido, foram
apresentados conceitos básicos referentes ao radier com interação solo, a metodologias
empregada para modelagem e dimensionamentos. O objetivo deste trabalho é elaborar um
estudo de caso comparativo entre fundações radier de concreto armado e concreto protendido,
sob ação de cargas lineares, para uma edificação em alvenaria estrutural, desconsiderando o
custo de execução. Com o auxílio do Software de análise estrutural SAP2000 foi dimensionado
uma laje radier de espessura uniforme de 16 cm (em concreto armado e protendido) por analogia
de grelha, sobre base elástica, simulando um edifício residencial de quatro (4) pavimentos. O
estudo de caso, deu-se no dimensionamento de um radier em concreto armado (RCA) com Fck
de 25 MPa e dois radiers em concreto protendido (RCP.I e RCP.II) ambos com Fck de 30 MPa
e sendo aplicado um (1) cabo protensão de 150 kN no RCP.I e dois (2) cabos de protensão de
150 kN no RCP.II nos centros da placa. Os parâmetros de comparação foram o consumo dos
aços, concreto e respectivos custos dos materiais. Os resultados mostraram que o RCP.I/ACI
apresentou menor consumo de armadura passiva, cerca de 94,00 % em relação ao RCA; pois a
protensão proporcionou tensões compressivas favoráveis para a estrutura analisada. No entanto,
comparado à laje RCA, a protensão apresentou ter um custo superior em 21,82% devido ao
valor para aquisição da armadura ativa.
Palavras-chave: radier, concreto armado, concreto protendido, SAP2000.
ABSTRACT
The radier foundation is a shallow foundation with little consideration in Brazil, on
the other hand, this foundation is commonly the first option to be evaluated in several countries.
Thus, there is little dissemination of the subject in Brazil, as well as the lack of current standards
that provide sufficient parameters to properly size a radiator. In this sense, basic concepts
related to the slab with soil interaction, the methodologies used for modeling and dimensioning
are being presented in this work. The objective of this work is to elaborate a comparative case
study of radier foundations in reinforced concrete and prestressed concrete, under the action of
linear loads, for a building in structural masonry, disregarding the execution cost. With the help
of the structural analysis software SAP2000, a 16 cm thick slab (in reinforced and prestressed
concrete) was designed using a grid analogy, on an elastic base, simulating a residential building
with four (4) floors. The case study involved the design of a reinforced concrete slab (RCA)
with 25 MPa Fck and two prestressed concrete slabs (RCPI and RCPII) both with 30 MPa Fck
and the use of straight cable in the center of the slab. The comparison parameters were the
consumption of steel, concrete, and the respective material costs. The results showed that the
RCPI had lower passive steel consumption, about 99,99 % in relation to the RCA, because the
prestressing provided favorable compressive stresses for the analyzed structure. However,
compared to the RCA slab, the prestressing has a 21.82% higher cost due to the value for
acquiring tendons cable.
Keywords: slab, reinforced concrete, prestressed concrete, SAP2000.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1: Exemplos de fundações superficiais ........................................................................ 1
Figura 1.2: Exemplos de fundações profundas ........................................................................... 2
Figura 2.1: Ilustração de radier liso ............................................................................................ 7
Figura 2.2: Ilustração de Radiers pedestais ou cogumelos ......................................................... 7
Figura 2.3: Ilustração de radiers nervurados .............................................................................. 8
Figura 2.4: Ilustração de Radiers em caixão .............................................................................. 8
Figura 2.5: Ilustração de radiers estaqueados ............................................................................. 9
Figura 2.6: Ilustração de radier flutuante ................................................................................... 9
Figura 2.7:Ilustração dos elementos do radier em concreto armado ........................................ 11
Figura 2.8: Diagrama tensão-deformação simplificado dos aços de armadura passiva ........... 12
Figura 2.9: Ilustração da fissura paralela a Junta de contração ................................................ 13
Figura 2.10: Ilustração de fissuras superficiais concentradas................................................... 13
Figura 2.11: Ilustração de fissuras por evaporação .................................................................. 14
Figura 2.12: Ilustração de Cordoalha Engraxada ..................................................................... 15
Figura 2.13: Ilustração dos elementos constituintes de concreto protendido ........................... 16
Figura 2.14: Diagrama tensão-deformação simplificado do aço de armadura ativa ................ 17
Figura 2.15: Concepção de projeto estrutural e fundação ........................................................ 22
Figura 2.16: Ilustração da interação infraestrutura-superestrutura-solo ................................... 23
Figura 2.17: Ilustração de pressão de contato........................................................................... 26
Figura 2.18: Pressões de contato em uma viga por critérios estáticos: (a) variação linear ao
longo da viga e (b) pressões constantes na faixa de influência dos pilares .............................. 31
Figura 2.19: Pressões de contato variando linearmente sob um radier esquema de cálculo de
uma faixa .................................................................................................................................. 32
Figura 2.20: Esquema de cálculo de um radier pela área de influência dos pilares ................. 33
Figura 2.21: Modelo de idealização do sistema estrutural pelo MEF ...................................... 35
Figura 2.22: Ilustração da representação de uma grelha sobre base elástica ............................ 35
Figura 3.1: Ilustração Planta 1a fiada do pavimento tipo ......................................................... 38
Figura 3.2: Ilustração cargas lineares na fundação ................................................................... 39
Figura 3.3:Ilustração de radier discretizado (30x30cm) ........................................................... 40
Figura 3.4: Ilustração dos carregamentos aplicadas na Laje .................................................... 42
Figura 3.5: Ilustração das molas aplicadas nas placas .............................................................. 43
Figura 3.6: Ilustração da placa radier espelhada....................................................................... 44
Figura 3.7: Ilustração da corte das placas com eixos locais ..................................................... 44
Figura 3.8: Ilustração dos deslocamentos verticais no ELU (em mm) .................................... 49
Figura 3.9: Ilustração 3D dos efeitos de deslocamentos verticais no ELU .............................. 49
Figura 3.10: Ilustração dos momentos fletores em x no ELU (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎) ......................... 50
Figura 3.11: Ilustração dos momentos fletores em y no ELU (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎) ......................... 50
Figura 3.12: Ilustração dos momentos fletores em x no ELS (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎) .......................... 51
Figura 3.13: Ilustração dos momentos fletores em y no ELS (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎) .......................... 51
Figura 3.14: Ilustração das tensões em x no ELU (em 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐) ......................................... 52
Figura 3.15: Ilustração das tensões em y no ELU (em 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐) ......................................... 52
Figura 3.16: Ilustração dos esforços cortantes no ELS (𝒌𝑵/𝒎) ............................................. 53
Figura 3.17: Ilustração da disposição das monocordoalhas em planta ..................................... 62
Figura 3.18: Ilustração de deslocamento na direção x no ELU mais desfavorável (em mm) .. 64
Figura 3.19: Ilustração dos deslocamentos na direção y no ELU desfavorável (em mm) ....... 64
Figura 3.20: Ilustração dos deslocamentos verticais no ELU mais desfavorável (em mm) ..... 65
Figura 3.21: Ilustração de deslocamento vertical ..................................................................... 65
Figura 3.22: Ilustração das tensões em x no ELU mais desfavorável (em 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐) ........... 66
Figura 3.23: Ilustração das tensões em y no ELU mais desfavorável (em 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐) ........... 66
Figura 3.24: Ilustração dos momentos fletores em x no ELU no Ato da protensão (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
.................................................................................................................................................. 67
Figura 3.25: Ilustração dos momentos fletores em y do ELU no ato da protensão (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
.................................................................................................................................................. 67
Figura 3.26: Ilustração dos momentos fletores em x combinação frequente (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎) ... 68
Figura 3.27: Ilustração dos momentos fletores em y combinação frequente (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎) ... 68
Figura 3.28: Ilustração dos momentos fletores em x no ELU mais desfavorável (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
.................................................................................................................................................. 69
Figura 3.29: Ilustração dos momentos fletores em y no ELU mais desfavorável (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
.................................................................................................................................................. 69
Figura 3.30: Ilustração dos esforços cortantes na combinação frequente (em 𝒌𝑵/𝒎)............ 70
Figura 3.31: Ilustração dos deslocamentos em x no ELU mais desfavorável (em mm) .......... 76
Figura 3.32: Ilustração dos deslocamentos em x no ELU mais desfavorável (em mm) .......... 76
Figura 3.33: Ilustração dos deslocamentos em z (em mm) ...................................................... 77
Figura 3.34:Ilustração das tensões em x no ELU mais desfavorável (em 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐) ............ 77
Figura 3.35: Figura 3.34:Ilustração das tensões em y no ELU mais desfavorável (em
𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐) ............................................................................................................................... 78
Figura 3.36: Ilustração dos momentos fletores em x no ELU ato de protensão (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
.................................................................................................................................................. 78
Figura 3.37: Ilustração dos momentos fletores em y no ELU ato de protensão (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
.................................................................................................................................................. 79
Figura 3.38: Ilustração dos momentos fletores em x na combinação frequente (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
.................................................................................................................................................. 79
Figura 3.39:Ilustração dos momentos fletores em y na combinação frequente (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)80
Figura 3.40: Momentos fletores em x no ELU tempo infinito desfavorável (em 𝒌𝑁𝑚/𝑚) .... 80
Figura 3.41: Ilustração dos momentos fletores em y no ELU tempo infinito desfavorável (em
𝒌𝑁𝑚/𝑚)................................................................................................................................... 81
Figura 3.42: Ilustração dos esforços cortantes na combinação frequente (em 𝒌𝑵/𝒎)............ 81
Figura 4.1: Ilustração de gráfico de variação das tensões atuantes versus nós ........................ 86
Figura 4.2: Ilustração do gráfico dos deslocamentos versus nós na direção x ......................... 87
Figura 4.3: Ilustração do gráfico dos deslocamentos versus nós na direção y ......................... 87
Figura 4.4: Ilustração do gráfico de variação dos deslocamentos verticais versus nós ............ 88
Figura 4.5: Ilustração dos consumos de aço segundo a NBR .................................................. 89
Figura 4.6: Ilustração dos consumos de aço segundo a ACI .................................................... 90
Figura 4.7: Ilustração de gráfico de custo de material .............................................................. 92
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1: Valores característicos e do projeto para deformação do aço CA ......................... 12


Tabela 2.2: Valores característicos e de projeto para deformação do aço CP .......................... 17
Tabela 2.3: Classe de agressividade ambiental ........................................................................ 19
Tabela 2.4: Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção da armadura em
função das classes de agressividade ambiental......................................................................... 20
Tabela 2.5: Valores 𝐤𝐯 em 𝒌𝑵/𝒎𝟑 ......................................................................................... 29
Tabela 2.6: Valores de 𝐤𝐯 de acordo com o tipo de solo ......................................................... 29
Tabela 4.1: Resumo dos modelos adotados para análise .......................................................... 46
Tabela 3.1:Quadro de resumo das áreas de armaduras passivas/ RCA .................................... 56
Tabela 3.2: Quantidade de armadura para radier em concreto armado (RCA) ........................ 59
Tabela 3.3: Quantidade de armadura para radier em concreto protendido segundo a NBR .... 75
Tabela 3.4:Quantidade de armadura para radier em concreto protendido segundo ACI ......... 75
Tabela 3.5:Quantidade de armadura para radier em concreto protendido segundo a NBR ..... 85
Tabela 3.6:Quantidade de armadura para radier em concreto protendido segundo a ACI ....... 85
Tabela 4.2: Custo do material (R$) RCA/NB........................................................................... 90
Tabela 4.3: Custo de material (R$) RCP.I/NB ......................................................................... 90
Tabela 4.4: Custo de material (R$) RCP.II/NB ........................................................................ 91
Tabela 4.5: Custo de material (R$) RCP.I/ACI ........................................................................ 91
Tabela 4.6: Custo de material RCP.II/ACI ............................................................................... 91
LISTA DE SÍMBOLOS E NOMENCLATURAS

ABNT Associação Brasileira de Norma Técnica


ACI American Society for Testing and Materials
CA Concreto Armado
CAA Classe de Agressividade Ambiental
CP Concreto Protendido
CSI Computers & Structures, Inc
ELS Etados Limite de Serviço
ELU Etados Limite Ultimo
FEM Finite Element Method
FHA Federal Houssing Administration
G peso próprio
GP Carga acidental
ISE Interação Solo-Estrutura
NBR Norma Brasileira
PDE Equações Diferenciais Parciais
PEAD polietileno de alta densidade
PTI Post -Tensioning Institute
RB Relaxação Baixa
RCA Radier em Concreto Armado
RCP Radier em Concreto Protendido
RN Relaxação Normal
SAP Strucutral Analisys Program
LISTA DE SÍMBOLOS

𝑊𝑘 Abertura de fissuras
𝐹𝜀𝑔𝑘 Ações indiretas permanente
𝐹𝑔𝑘 Ações permanentes diretas;
𝐴𝑓 Área carregada
𝐴𝑝 Área da seção transversal de uma cordoalha
𝜌1 Área de armadura mínima
𝐴𝑠 Área de armadura passiva
𝐴𝑐 Área de concreto da seção transversal
𝑄𝑖 Carregamento
𝑘𝑠 Coeficiente de apoio elástico
Kq Coeficiente de mola para as rotações
Kh Coeficiente de mola para os deslocamentos horizontais
Kv Coeficiente de mola para os deslocamentos verticais
𝑣 Coeficiente de Poisson do material da placa
𝛾𝑝 Coeficiente de ponderação para pós-tração
𝑘𝑣 Coeficiente de reação vertical
𝑘𝑣 Coeficiente de reação vertical
0𝑗 ; 0𝜀 Coeficientes parciais de segurança da ação de pré-esforço

𝛾𝑔 , 𝛾𝜀𝑔 , 𝛾𝑞 , 𝛾𝜀𝑞 Coeficientes parciais de segurança das ações permanentes


𝐿 Comprimento da placa
𝜀𝑠𝑦𝑘 Deformação característica de escoamento
𝜀𝑠𝑢𝑘 Deformação característica de ruptura
w (x, y) Deslocamento vertical
𝑤(𝑥, 𝑦) Deslocamento vertical
𝑙 Espaçamento entre colunas
𝑡 Espessura da placa
𝑉𝑅𝑑 Força cortante resistente de cálculo
𝑉𝑆𝑑 Força cortante solicitante de cálculo
𝑃𝑖 Força de protensão inicial
𝑁𝑡𝑑 Força normal de cálculo a tração
𝑏 Largura da faixa
𝐸𝑝 Módulo de Elasticidade dos fios e cordoalhas
𝐸𝑐 Módulo de elasticidade longitudinal
𝐾 Modulo de reação
𝐼 Momento de inércia à flexão
𝑀𝑢𝑝,0 Momento fletor devido a protensão
𝑀𝑔1 Momento fletor devido ao peso próprio
𝑀𝑑𝑚𝑒𝑑,𝑖 Momento fletor média de cálculo na direção x ou y
𝑀𝐴𝑡𝑜𝑃𝑟𝑜 Momento fletor no ato da protensão
𝑀𝐸𝐿𝑈 Momento fletor no estudo último
𝑀𝑟 Momento fletor raro
N Número de cordoalhas a serem usadas na faixa
𝐾𝑠𝑠 Parâmetro de rigidez estrutura-solo
n Perda por unidade de comprimento de cabo
𝑞𝑖 Pressão média
fck Resistência característica do concreto à compressão
𝑓𝑐𝑡𝑑 Resistencia de cálculo a tração do concreto
𝑓𝑐𝑡𝑚 Resistencia média a tração do concreto
𝑅𝑟 Rigidez relativa
Qa Sobrecarga adicional
𝑓𝑝𝑦𝑘 Tensão característica de escoamento (convencional) do aço
𝑓𝑝𝑡𝑘 Tensão característica de ruptura do aço
s (x, y) Tensão de contato média na base da fundação
𝜎(𝑥, 𝑦) Tensão de contato média na base da fundação
𝜎𝑐𝑝𝑖 Tensão na armadura na saída do macaco
𝜎𝑐𝑝 Tensão normal na seção
𝜏𝑅𝑑 Tensão resistente de cálculo ao cisalhamento
𝑓𝑟 Tensões no concreto
𝑓𝑦𝑘 Valor característico da resistência de escoamento
𝐹𝑑 Valor de cálculo das ações para combinação última
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 4
2.1 HISTÓRIA DO RADIER ........................................................................................... 4
2.2 DEFINIÇÕES .............................................................................................................5
2.3 CARACTERÍSTICAS................................................................................................ 6
2.4 CLASSIFICAÇÃO DO TIPO DE RADIER ............................................................... 6
2.4.1 Quanto a Geometria .....................................................................................6
2.4.2 Quanto ao sistema estrutural........................................................................9
2.4.3 Quanto a rigidez á flexão ...........................................................................10
2.4.4 Quanto a tecnologia ...................................................................................10
2.5 RADIER EM CONCRETO ARMADO ...................................................................10
2.6 RADIER EM CONCRETO PROTENDIDO ............................................................ 14
2.6.1 Conceitos básicos e definições ..................................................................14
2.6.2 Tipos de protensão ..................................................................................... 17
2.6.3 Perdas da força de protensão .....................................................................20
2.7 INTERAÇÃO SOLO – ESTRUTURA.....................................................................21
2.7.1 Fatores de interferência na interação solo estrutura ..................................24
2.7.2 Pressão de contato ..................................................................................... 25
2.7.3 Constantes elásticos do solo ......................................................................27
2.7.4 Modelo de Winkler ....................................................................................27
2.8 MODELOS DE CÁLCULOS ...................................................................................30
2.8.1 Estabilidade e capacidade de suporte do radier .........................................30
2.8.2 Distribuição de tensões e cálculo de esforços ...........................................30
2.8.3 Métodos de cálculos ..................................................................................31
3. METODOLOGIA .................................................................................................... 37
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ............................................................ 37
3.2 OBJETO DE ESTUDO .................................................................................37
3.3 DESCRIÇÃO DO MODELO DA SUPERESTRUTURA ............................ 39
3.4 CARREGAMENTOS VERTICAIS ........................................................................40
3.5 LANÇAMENTOS DAS CARGAS VERTICAIS NA SUPERESTRUTURA ..................... 41
3.6 PROPRIEDADES DO SOLO ................................................................................42
3.7 ESPELHAMENTO DA PLACA RADIER ............................................................... 43
3.8 MODELOS ADOTADOS PARA DIMENSIONAMENTOS ...................... 45
3.9 RADIER EM CONCRETO ARMADO (RCA) ............................................46
3.9.1 Propriedades dos materiais ........................................................................46
3.9.2 Espessura da Laje ...................................................................................... 47
3.9.3 Procedimento geral de dimensionamento ..................................................47
3.9.4 Combinações de carga ...............................................................................47
3.9.5 Obtenção dos esforços internos .................................................................48
3.9.6 Dimensionamento das armaduras longitudinal..........................................53
3.10 RADIER EM CONCRETO PROTENDIDO I (RCP I) .................................59
3.10.1 Propriedades dos materiais ........................................................................59
3.10.2 Dimensionamento da superestrutura II em radier protendido ...................61
3.10.3 Detalhamento das armaduras para concreto protendido (RCP I) ...............75
3.11 RADIER CONCRETO PROTENDIDO II (RCP II) ....................................76
3.11.1 Esforços internos ....................................................................................... 76
3.11.2 Dimensionamento da Armadura Longitudinal de Flexão no ELU mais
desfavorável ........................................................................................................... 82
3.11.3 Detalhamento das armaduras para concreto protendido ............................ 85
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 86
4.1 TENSÃO ATUANTES NOS RADIERS ..............................................................................86
4.2 DESLOCAMENTOS ......................................................................................................86
4.2.1 Deslocamentos Horizontais .......................................................................86
4.2.2 Deslocamento verticais ..............................................................................88
4.3 QUANTITATIVOS DOS MATERIAIS ...............................................................................88
4.4 CUSTOS DOS MATERIAIS ............................................................................................ 90
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO .................................................... 93
5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ....................................................94
6. REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 95
ANEXOS .................................................................................................................. 97
1. INTRODUÇÃO

O estudo das fundações é uma das etapas de maior complexidade dentro do projeto de
uma edificação, correspondendo a primeira parte da estrutura a ser construída. A escolha do
tipo adequado de fundação envolve estudos relacionados a características do solo, tais como a
sua deformabilidade e resistência. Além disso, essa escolha deve ser compatível com as
características da superestrutura, como a sua capacidade de acomodação plástica e as cargas
atuantes, isto é, a capacidade de manter a forma e de sustentar uma edificação. Assim sendo, o
projeto e a execução das fundações requerem conhecimento tanto de Geotecnia, que abrange a
geologia da engenharia Civil e mecânica dos solos, como também do cálculo estrutural (análise
estrutural e dimensionamento de estruturas em concreto armado e protendido) (SOUZA, 2017).
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR
6122/2019, as fundações podem ser classificadas convencionalmente em dois grupos: as
superficiais e as profundas. As superficiais também identificadas como rasas ou diretas, se
subdividem em bloco, sapata, sapata corrida, radier, viga de fundação, grelha e sapata associada
(Figura 1.1). São fundações simples, de fácil execução, de baixo custo em comparação com as
fundações profundas. O emprego desse tipo de fundações necessita que o solo tenha uma boa
resistência, pouca deformabilidade e ações de pequenas magnitudes compatíveis com as
características do solo. As fundações profundas têm ramificações básicas para tubulões, estacas
e caixões profundos (Confira Figura 1.2). Portanto, as fundações de modo geral, são elementos
construtivos destinado a garantir a estabilidade da edificação, recebendo o esforço total e o
distribuindo ao solo (VELLOSO e LOPES, 2011).
Figura 1.1: Exemplos de fundações superficiais

Fonte: Adaptado de Velloso e Lopes (2011)

1
Figura 1.2: Exemplos de fundações profundas

Fonte: Adaptado de Velloso e Lopes (2011)

Nessas últimas décadas, com a expansão no Setor da Engenharia Civil e na busca por
edifícios mais altos surgiu o advento da protensão com cordoalhas, transformado o concreto
protendido em uma opção cada vez mais atraente para sistemas estruturais. Levando ao
desenvolvimento de novos métodos construtivos, por meio de estruturas mais econômicas, fácil
aplicação e capaz de receber cargas mais elevadas. Mais especificamente para fundações, uma
dessas estruturas é a laje apoiada no solo, conhecida como radier.
O radier pode ser definido como uma laje apoiada no solo, cuja principal função é
receber as cargas aplicadas nela através da tensão admissível de suporte do solo. Ou seja, as
lajes radiers são lajes que ficam diretamente em contato com o solo, atuam nela as cargas de
paredes, revestimentos, pilares com a finalidade de ser transmitido a uma extensa área do solo.
No entanto são poucos os dados encontrados na literatura que abordam as fundações do tipo
radier para cargas elevadas (VELLOSO e LOPES, 2011).
No Brasil, o radier é um sistema que recebe pouca atenção de solução estrutural,
geotécnico, e de execução. Até a data presente, não existe uma norma de laje sobre o solo
(radier), e a atual norma vigente para fundações no país (ABNT NBR 6122:2019) não fornece
parâmetros suficientes para que o projetista possa dimensioná-las adequadamente. De maneira
geral a maioria dos radiers são para casas de baixo custo, ao contrário de outros países que são
a primeira opção a se avaliar, e que possuem normas específicas como a Índia, Inglaterra e EUA
(SOUZA, 2017).
A falta de informações em relação a execução de edifícios com o uso de radier
protendido, aderente ou não aderente, justifica o intuito deste trabalho, que é de compilar
informações a respeito do tema, estudando comparativamente aspectos estruturais referentes a

2
radier em concreto armado e concreto protendido sob edificações de alvenaria estrutural, com
ação de cargas lineares.
Este trabalho, portanto, pretende demonstrar essas diferenças existentes entre as duas
tecnologias, analisar a viabilidade econômica dos sistemas e comprovar as vantagens de cada
uma delas. Finalmente, contribuir para conhecimento da comunidade cientifica, fornecer aos
profissionais da área de construção civil uma base sólida e eficaz para considerar fundação
radier como primeira opção a ser explorada na escolha do tipo de fundação
O objetivo deste trabalho é elaborar um estudo de caso comparativo de fundações do
tipo radier em concreto armado e protendido sob ação de cargas lineares de edificações em
alvenaria estrutural a fim de contribuir no conhecimento da comunidade cientifica e fornecer
aos profissionais da área de construção civil uma base sólida e eficaz para considerar o radier
como primeira opção a ser explorada na escolha do tipo de fundação.
Constituem os objetivos específicos da pesquisa:

• Aprimorar os conhecimentos existentes em fundação tipo radier em concreto armado e


protendido;

• Fazer a análise estrutural de fundação radier empregando o Software para Análise SAP
2000 V20.2;

• Obter as áreas de armaduras (passiva e ativa) de elementos da fundação radier (concreto


armado e protendido);

• Avaliar a eficiência de execução e a viabilidade econômica de radier em concreto


armado e protendido;

• Promover uma base científica para comunidade acadêmica e profissionais da


Engenharia Civil em projetos de Fundação radier em concreto armado e Protendido
utilizando os programas SAP 2000 V20.2.

3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 HISTÓRIA DO RADIER

Historicamente, o termo radier teve sua origem nas chamadas línguas românicas e
permaneceu sem alteração escrita nas línguas francesa e romena. Ao longo do tempo, com a
evolução do sistema radier, o termo foi agregado a língua inglesa e alemã, pois tanto Estados
Unidos como Alemanha foram países que contribuíram para o desenvolvimento da técnica.
O estudo do sistema radier surgiu na forma de investigações estruturais por volta de
1860, através das teorias de vigas sobre base elástica. Na mesma década em 1867 o engenheiro
alemão Emil Winkler desenvolveu um modelo que ficou conhecido como subleito (solo) de
winkler e suas propostas continuam sendo utilizadas até aos dias de hoje, sendo citado em
diversas referências normativas e periódicos em todo o mundo. No entanto não é possível
catalogar a primeira obra em radier apesar de existirem relatos da sua utilização também nos
aquedutos, que constituem um sistema de canalização ao ar livre/subterrâneo para conduzir
água de um lugar a outro (BILLY, BOSSERET, et al., 2006).
O sistema radier, conhecido na época como lajes flutuantes, foi bastante usado durante
a Segunda Guerra Mundial, particularmente na engenharia de fundações com destaque em
projetos de aeroportos, pista para aviões e para grandes construções. Posteriormente tiveram
suas aplicações voltadas para fundações residenciais e construções comerciais pequenas.
Nos anos 50 apesar do uso recorrente desse tipo de fundação, os projetos de uma
maneira geral eram feitos por tentativa e erro, não tinham critérios de projeto. Mesmo assim,
essas tentativas e erros serviram para coletar muitas informações até que a Federal Houssing
Administration (FHA) autorizou um estudo técnico para estabelecer critérios de projeto para
lajes utilizadas em fundação residencial, o que foi um marco no dimensionamento dos radiers.
Uma das publicações do estudo foi a primeira tentativa de combinar as características dos solos
de uma área com os ciclos de umidade devido ao clima e ainda ligando todas essas variáveis à
estrutura da fundação. No entanto, as publicações não descreveram a investigação de lajes para
fundações protendidas (SOUZA, 2017).
De fato, as primeiras lajes protendidas para fundação foram construídas no intuito de
suprir a demanda de construções residenciais em solos expansivos, onde o desenho de algumas
fundações em concreto armado não era satisfatório.
Em 1978 o professor Anders Losberg da chalmers University of Technology da Suécia,
apresentou a teoria das linhas de ruptura para as lajes apoiadas sobre o solo. De uma maneira
geral todas as teorias propostas anteriormente limitaram o comportamento até um determinado

4
ponto como linear onde os deslocamentos eram proporcionais às cargas aplicadas (LOSBERG,
1978).
Com a evolução dos modelos propostos por diversos autores com o intuito de
representar o comportamento de uma laje apoiada no solo, foi analisada a possibilidade da
introdução do método dos elementos finitos (FEM). É um método para dividir um problema
muito complicado em pequenos elementos que possam ser resolvidas em relação uns aos outros,
representando uma técnica numérica para encontrar soluções aproximadas de equações
diferenciais parciais (PDE) e seus sistemas, bem como equações integrais, que se mostrou de
grande recurso. No entanto, vale salientar a complexidade de implantar esse método em
linguagem computacional e dispor de um computador capaz de executar os comandos.
Por fim, nos modelos mais simplificados a laje e o solo eram considerados como
contínuos e homogêneos, no entanto, na realidade a laje apoiada no solo usualmente contém
“descontinuidades” como juntas, pequenas fissuras e até o subleito pode não estar tão uniforme.
As principais referências normativas emergentes e mais atualizadas referentes a laje a
laje no solo são:
• ACI 318-08 (2008)

• ACI 209.2R-08 (2008)

• PTI DC10.1-08 (2008)

• ACI 223R-10 (2010)

• ACI 36R-10 (2010)

2.2 DEFINIÇÕES

A NBR 6122/2019, define o radier como um elemento de fundação superficial que


abrange todos os pilares da obra ou carregamentos distribuídos. É um tipo de placa rígida
destinado a receber todas as cargas de uma edificação para depois transmiti-las ao solo.
A American Society for Testing and Materials (ACI) 360R-10 (2010) define radier
como uma laje sobre solo, cuja, principal finalidade é suportar as cargas aplicadas através da
tensão admissível de suporte do solo (capacidade do solo), comumente utilizada em edifícios
de pequeno porte, e que vem sendo empregada, mais recentemente no Brasil, em edificações
de grande porte na crescente tecnologia de protensão com cordoalhas.

5
2.3 CARACTERÍSTICAS

O radier é um tipo de fundação superficial executado em concreto armado ou concreto


protendido, onde através dele são recebidas todas as cargas lineares de alvenaria ou pilares. De
acordo com Velloso e Lopes (2011), o radier é adotado na grande maioria das vezes quando as
áreas das sapatas se encontram muito próximas umas das outras ou ainda se interpenetram em
decorrência das cargas elevadas nos pilares ou tensões de trabalhos baixos, para a
uniformização dos recalques no edifício, ou quando o solo tem baixa capacidade de carga. De
um modo geral quando a área total das sapatas for maior do que a metade da área da construção,
adota-se consequentemente a fundação tipo radier.
Por outro lado, Braga (2019) afirma que a teoria pode em algumas situações não ser a
opção certa levando assim a uma escolha considerada economicamente inviável. Sendo
necessário, para a viabilidade de um sistema avaliar o custo adicional ocasionado pela
incrementação no consumo do aço e concreto requeridos para absorver as deformações
excessivas quando há uma grande diferença nos carregamentos dos pilares sobre o radier.
Por isso Souza (2014), alega que a escolha do tipo de radier a ser usado durante a
execução de uma fundação requere uma atenção muito peculiar na medida que o procedimento
ocorre de modo simultâneo com a análise dos dados dos cálculos estrutural e da análise de
estudo geotécnico feita no local da obra. De fato, é importante que durante a elaboração de um
projeto de fundação, envolver-se duas etapas distintas: a primeira, o domínio do cálculo
estrutural e outra a análise do solo.

2.4 CLASSIFICAÇÃO DO TIPO DE RADIER

Os radiers podem ser classificados segundo a geometria, sistema estrutural, rigidez á


flexão, e a tecnologia.

2.4.1 Quanto a Geometria


Velloso e Lopes (2011), classifica os radiers em quatros (4) tipos principais de acordo
com o sistema estrutural. Tem-se:

• Radiers Lisos;

• Radiers com pedestais ou cogumelos;

• Radiers nervurados;

• Radiers em caixão.

6
1. Radiers Lisos

Também chamado de radier uniforme, é um radier de espessura uniforme considerado


como os mais conhecidos no meio técnico. É o mais utilizado em edificações de baixa renda
pela sua grande facilidade de execução, economia e pelo fato dos projetistas de fundações não
terem muita familiaridade com outros tipos de fundações que apresentam configurações
diferentes. A
Figura 2.1 ilustra o radier liso.

Figura 2.1: Ilustração de radier liso

Fonte: Adaptado de Dória (2007)

2. Radiers com pedestais ou cogumelos

Comumente empregados em edifícios residenciais de múltiplos pavimentos onde os


pilares nascem sobre o radier. De acordo com Braga (2019), ela é caracterizada pelo
engrossamento da espessura sob os pilares (conforme mostrado na
Figura 2.2) para garantir melhor resistência á flexão e ao esforço cortante. Os pedestais
podem ser superiores ou inferiores, ou seja, o local da obra pode ser escavado para posterior
construção do radier e em seguida executa-se os pedestais.
Figura 2.2: Ilustração de Radiers pedestais ou cogumelos

Fonte: Adaptado de Dória (2007)

7
3. Radiers nervurados
Souza (2017), define o radier nervurado como uma laje sobre o solo composto por
vigas internas dispostas em uma ou duas direções que confere ao radier maior rigidez (quanto
maior for a largura e a altura da viga, maior será a rigidez do radier). Eles podem ser utilizados
em solos não expansivos, expansivos. A Figura 2.3 apresenta o radier nervurado.
Figura 2.3: Ilustração de radiers nervurados

Fonte: Adaptado de Dória (2007)

4. Radiers em caixão

Eles são usualmente utilizados na fundação quando se almeja ter uma estrutura mais
rígida. Neste caso, o radier tende a ser empregado em obra de grande porte onde, o solo
apresenta uma boa capacidade (média para valores altos) (SOUZA, 2017). A Figura 2.4 ilustra
o radier em caixão.

Figura 2.4: Ilustração de Radiers em caixão

Fonte: Adaptado de Doria (2007)

8
2.4.2 Quanto ao sistema estrutural
Em relação ao sistema estrutural o radier pode ser dividido em dois sistemas, sendo:

5. Radiers Estaqueados

É sistema de fundação que recebe as cargas atuando na estrutura através da capacidade


de carga do radier mais a capacidades de carga de grupo de estacas. Usualmente utilizados em
situações em que a laje apoiado ao solo não consegue suportar os carregamentos oruindo da
estrutura ou apresenta recalques inadmissiveis (BRAGA, 2019). Na Figura 2.5, apresenta o
radiers estaqueados.
Figura 2.5: Ilustração de radiers estaqueados

Fonte: Adaptadao de Gupta (1997)


6. Radier Flutuante

O radier flutuante, conforme ilustrado na Figura 2.6, consiste em um sistema de


fundação que procura dimimuir o incremento de carga aplicado ao solo por meio de escavações
do terreno. O seu emprego é comum em terrenos com baixa capacidade de solo, como por
exemplo solos do Mexico por possuir a pior geologia do mundo (SOUZA, 2017).
Figura 2.6: Ilustração de radier flutuante

Fonte: Adaptado de Souza (2017)

9
2.4.3 Quanto a rigidez á flexão
Referente a rigidez á flexão, os radiers são classificados como rígidos e elásticos.

Dória (2007) descreve os radiers rígidos como aqueles, cuja, rigidez á flexão é
relativamente grande, assim sendo, o elemento estrutural pode ser tratado como um corpo
rígido. Os radiers elásticos possuem menor rigidez e deslocamentos relativos da placa não
desprezíveis.

Segundo o ACI (1994), um radier é considerado rígido quando:

• O espaçamento entre colunas atende a seguinte condição:

𝟏, 𝟕𝟓
𝒍 ≤
𝟒 𝒌𝒗 . 𝒃 (2.1)

𝟒. 𝑬𝒄 . 𝑰
Onde:

𝑙: espaçamento entre as colunas


𝑏: largura da faixa de influência de linha de colunas
𝑘𝑣 : coeficiente de reação vertical
𝐸𝑐 . 𝐼: Rigidez a flexão
• A variação nas cargas e espaçamento das colunas não ultrapassam 20%

De fato, necessita de que apenas que uma das condições não seja atendida para que o radier
seja considerado flexível.

2.4.4 Quanto a tecnologia

Conforme tecnologia empregada na execução da laje apoiado sobre o solo, distingue-se:

• Radier em concreto armado;

• Radier em concreto protendido.

2.5 RADIER EM CONCRETO ARMADO

No dimensionamento de elementos estruturais de concreto armado pretende-se


analisar o equilíbrio das seções resistentes, considerando sua geometria, materiais e solicitações
externas, através de técnicas de probabilização das variáveis: ações e resistênciase métodos
como o dos estados-limites, no esforço de melhor aproveitar o concreto e o aço.
O radier em concreto armado é visto como o mais clássico e mais antigo no ramo das
fundações tipo radier, ele possui uma estrutura que se assemelha às lajes usuais em concreto
armado que é executado com armadura passiva e telas ou malha de aço para proporcionar
10
melhor distribuição dos esforços na laje. A Figura 2.7 apresenta os elementos constituintes de
um radier.
Figura 2.7:Ilustração dos elementos do radier em concreto armado

Fonte: Adaptado de Engenharia da derrota (2020)

No radier em concreto armado a armadura é passiva, não é pré-alongada, em outras


palavras, não é aplicado alongamentos iniciais nas armaduras antes da materialização de sua
aderência ao concreto. Os aços, representados na forma de barras e fios, são classificados de
acordo com o valor característico da resistência ao escoamento (𝑓𝑦𝑘 ), nas categorias CA25,
CA50 e CA60,com massa específica 7850 kg/m³ e módulo de elasticidade 𝐸𝑠 = 210 𝐺𝑃𝑎. O
diagrama tensão-deformação abaixo, utilizado no cálculo e análise dos estados limite último
(ELU) e de serviço (ELS), apresenta de forma resumida a relação entre os valores
característicos da resistência ao escoamento 𝑓𝑦𝑘 , deformação característica de escoamento
(𝜀𝑠𝑦𝑘 = 𝑓𝑦𝑘 /𝐸𝑠 ), no ínicio do patamar horizontal, e de ruptura (𝜀𝑠𝑢𝑘 ) (CHOLFE e BONILHA,
2018). Os valores de projeto são minorados por um coeficiente 𝛾𝑠 . A Figura 2.8 apresenta o
gráfico tensão versus deformção do aço.

11
Figura 2.8: Diagrama tensão-deformação simplificado dos aços de armadura passiva

Fonte: Adaptado NBR 6118 (2010)


Os valores característicos e do projeto da deformação dos aços de armaduras passivas
utilizados na construção civil estão apresentados na tabela abaixo:

Tabela 2.1: Valores característicos e do projeto para deformação do aço CA

Valores característicos e do projeto para deformação do aço CA


Categoria εsyk εsyd
CA25 1,19‰ 1,03‰
CA50 2,38‰ 2,07‰
CA60 2,86‰ 2,48‰
Fonte: Adaptado de Cholfe e Bonilha (2018)
No radier em concreto armado, a resistência a compressão do concreto influi de forma
direta tanto na determinação da espessura do concreto como nas propriedades das superfícies
acabadas, além de ser também responsável pela deformação de retração e deformação lenta
devido à variação da temperatura ambiente. Contudo, é indispensável a determinação dessa
resistência para o bom desempenho estrutural do radier (ALMEIDA, 2002).
No que se refere a resistência ao desgaste do concreto armado em radier, percebe-se que
está diretamente relacionada à resistência a compressão do concreto, na medida que quanto
menor for a quantidade de água ou quanto maior for a quantidade do cimento ou ambos, tanto
com um ou como os dois, tem-se aumento da resistência à compressão do concreto (DÓRIA,
2007).
Um fato muito recorrente que foi observado é a ocorrência de fissuras no radier em
concreto armado que podem ser em virtude da movimentação do solo, do comportamento do

12
concreto entre outros a temperatura ou a retração ou por atuação de sobrecarga (ALMEIDA,
2002). Dentre os tipos de fissuração que ocorre com mais frequência em placa de fundação
radier em concreto armado, têm-se:
• Fissura paralela à junta de contração: ocorre na maioria dos casos devido a ação
conjunta de calor de hidratação e dia quente na concretagem. É recomendado a
instalação das juntas no mesmo dia da concretagem, para evitar o efeito de retração
causado pela diminuição de temperatura (DÓRIA, 2007).

Figura 2.9: Ilustração da fissura paralela a Junta de contração

Fonte: Adaptado de Almeida (2001)

Fissuras superficiais concentradas: acontece devido a evaporação prematura da água no


concreto. É um problema basicamente estético que pode ser evitado com métodos de
acabamento adequado. A

Figura 2.10 Figura 2.10 ilustra a ocorrência de fissura na superfície da laje.

Figura 2.10: Ilustração de fissuras superficiais concentradas

Fonte: Almeida (2001)


13
• Fissuras de retração por evaporação: dão-se após o concreto endurecer e
atravessam toda espessura da laje.

Figura 2.11: Ilustração de fissuras por evaporação

Fonte: Adaptado a Almeida (2001)

2.6 RADIER EM CONCRETO PROTENDIDO


2.6.1 Conceitos básicos e definições
Ao longo dessas últimas décadas, observou-se uma ascensão grande e rápida na
evolução da engenharia das estruturas civis quanto no concreto como na armadura de aço. No
ramo dos materiais estruturais, dos processos de cálculos e nos métodos e procedimentos
construtivos. Um dos materiais importantes que permitiu vencer superar os limites construtivo
foi o surgimento dos aços de alta resistência (CHOLFE e BONILHA, 2018).
Fazer uso de aços de maior resistência, de tensões de escoamento mais elevadas,
significa mobilizar deformações maiores, o que resulta em um concreto extremamente
fissurado, para que seja possível aproveitar toda capacidade do aço. Deste modo, o controle das
fissuras em serviço define o limite máximo de deformação do aço e da sua resistência fazendo
com que não seja possível fazer uso de aços mais resistentes, disponíveis para uso na engenharia
(CHOLFE e BONILHA, 2018).
Para resolver o problema da fissuração surge a protensão, sistema construtivo que
através da aplicação de forças externas nas seções fletidas/tracionadas de concreto, possibilitou
o aumento das capacidades resistêntes, redução das deformações, aumento da durabilidade,
dentre outras vantagens.

14
A NBR 6118/2014 define no item 3.1.4 que os elementos de concreto protendido são
“aqueles nos quais parte das armaduras é previamente alongada por equipamentos especiais de
protensão, com a finalidade de, em condições de serviço, impedir ou limitar a fissuração e os
deslocamentos da estrutura, bem como propiciar o melhor aproveitamento de aços de alta
resistência no estado-limite último (ELU)”.
O sistema mais utilizado no Brasil é o de protensão sem aderência, no qual utiliza-se
as cordoalhas engraxadas devido a sua simplicidade na execução de protensão.
As cordoalhas engraxadas fazem parte do sistema de protensão mais empregado na
construção, do tipo protensão sem aderência, esse não necessita de injeção de pasta de cimento,
no entanto, elas oferecem a vantagem de reprotensão dos cabos após execução (CHOLFE e
BONILHA, 2018).
O sistema recebe o nome de monocordoalha (ilustrado na Figura 2.12) por englobar
uma única cordoalha. A presença da graxa entre a cordoalha e a bainha plástica proporciona ao
cabo a possibilidade sem dificuldade no ato da protensão contribuindo na redução significativa
nas perdas por atrito.
Figura 2.12: Ilustração de Cordoalha Engraxada

Fonte Adaptado de Almeida (2002)

“O Radier protendido é executado com armadura ativa e o seu concreto possui suas
tensões internas induzidas através de cordoalhas de aço esticadas. Nesse Radier, o aço é
tracionado por meio de macacos depois que o concreto atingir 75% de sua resistência
especificada.” (SCHMIDTKE, COSTA, et al., 2017).

Ao contrário do concreto armado que trabalha passivamente, o protendido possui cabos,


na qual incialmente são tensionados por meio de macacos hidráulico, desta forma, estes ficam
submetidos a tensão antes de receber as cargas da estrutura.

15
O radier protendido é geralmente empregado em obra de casas ou edifícios altos. O uso
desse tipo de sistema tende a oferecer um ganho aproximadamente 30% de economia no edifício
(SCHMIDTKE, COSTA, et al., 2017). A Figura 2.13 mostra as partes que compõe um radier
protendido.

Figura 2.13: Ilustração dos elementos constituintes de concreto protendido

Fonte: Adaptado de Educa_civil (2021)

A classificação da armadura ativa se dá de acordo com o valor característico da


resistência à tração (fptk) e de acordo com a relaxação (CP – RN ou RB), em que RN: Relaxação
Normal e RB: Relaxação Baixa. Estes aços são representados por barras, fios e cordoalhas,
sendo esta última a forma de maior utilização nas estruturas correntes. Os aços das cordoalhas
são produzidos na condição de Relaxação Baixa [RB] e os mais usados são os da categoria
CP190 e CP210, cujas características são:

Categoria CP190: fpyk = 1710 MPa e fptk = 1900MPa

Categoria CP210: fpyk = 1890 MPa e fptk = 2100MPa

γp = 78,5 kN/m³ (massa específica)

Ep = 200 GPa (Módulo de Elasticidade dos fios e cordoalhas)

As normas NBR 7482/2020 e NBR 7483/2020 subjugam as características de


resistência, classificação quanto à relaxação, diâmetro, área dos fios e das cordoalhas, dentre
outras, sendo importante fonte de consulta no desevolvimento dos projetos.

16
Para análise dos estados limites último (ELU) e de serviço (ELS), pode-se utilizar o
diagrama simplificado apresentado abaixo na

Figura 2.14, baseado no diagrama apresentado no item 8.4.5 da NBR 6118:2014:

Figura 2.14: Diagrama tensão-deformação simplificado do aço de armadura ativa

Fonte: Adaptado de Cholfe e Bonilha (2018)


Os valores característicos e de projeto da deformação dos aços de armaduras ativas
utilizados na construção civil estão apresentados Tabela 2.1:
Tabela 2.2: Valores característicos e de projeto para deformação do aço CP
Valores característicos e de projeto para deformação do aço CP
Categoria εpyk εpyd
CP190 8,55‰ 7,43‰
CP210 9,45‰ 8,22‰
Fonte: Adaptado de Cholfe e Bonilha (2018)

2.6.2 Tipos de protensão


Existem dois tipos de protensão, protensão com aderência e protensão sem aderência.
A protensão com aderência é feita sem o emprego de bainha e com o uso de cordoalhas
engraxadas e plastificadas (muito comum empregar essa tecnologia em fundações tipo radier).
A protensão com aderência é feita sem utilização de bainha metálica ou posteriormente com a
bainha, geralmente usado quando há necessidade de alta densidade como por exemplo em
pontes, viadutos e vigas) (ALMEIDA, 2002).
A protensão em relação a outros fatores, como por exemplo, ao processo
construtivo e aberturas de fissuras. Ter-se-á:

17
2.6.2.1 Quanto ao processo construtivo

O modo como a força de protensão é transferida para a seção de concreto durante a


construção, classifica as peças em quatro categorias: pré-tração, pós-tração com aderência
posterior, pós-tração sem aderência posterior e pós-tração com protensão externa.
a. Pré-tração
Na pré-tração tem-se peças com armadura ativa pré-tracionada (protensão com
aderência inicial). A NBR 6118:2014, no item 3.1.7, ilustra que na pré-tração, o pré-
alongamento da armadura ativa é realizado utilizando apoios independentes do elemento
estrutural, antes do lançamento do concreto. Depois de alongadas, executa-se a concretagem, e
só depois a ligação da armadura ativa com os apoios é desfeita. A ancoragem no concreto
realiza-se só por aderência.
b. Pós- tração com aderência posterior
Nesta classificação encontram-se as peças com armadura ativa pós-tracionada, com
aderência posterior, isto é,o pré-alongamento da armadura ativa é realizado após o
endurecimento do concreto, recorrendo como apoio parte do próprio elemento estrutural e
criando-se posteriormente aderência com o concreto de modo permanente, através da injeção
de bainhas (NBR 6118:2014, item 3.1.8).
c. Pós-tração sem aderência posterior
A partir da definição expressa no item 3.1.9 da NBR 6118:2014, vê-se que, os
concretos com armadura ativa pós-tracionada sem aderência são aqueles em que o pré-
alogamento dessa armadura ativa é realizado após o endurecimento do concreto (pós-tração),
sendo utilizada, como apoios, partes do próprio elemento estrutural, mas não sendo criada
aderência com o concreto. A ligação entre a armadura ativa e o concreto ocorre apenas as
ancoragens, nos pontos onde a força de protensão é transferida ao elemento (CHOLFE e
BONILHA, 2018).
É nessa classificação que se utilizam as cordoalhas engraxadas. Estas cordoalhas são
formadas por fios de aço em conjunto, protegidos com uma camada de graxa e revestimento
com uma bainha de PEAD (polietileno de alta densidade). A graxa oferece proteção contra
corrosão da armadura e reduz o atrito entre o aço e a bainha, resultando na garantia de uma
maior durabilidade das peças (ALMEIDA, 2002).

2.6.2.2 Quanto às exigências relativas à fissuração e à proteção das armaduras

O item 6 da NBR 6118:2014 apresenta diretrizes para durabilidade das estruturas de


concreto e exige que estas sejam projetadas e construídas, para que sob as condições ambientais
18
previstas e o uso preconizado, conservem a segurança, estabilidade e aptidão em serviço durante
toda sua vida útil. Para garantia dessa durabilidade, é preciso entender os mecanismos de
envelhecimento e deterioração relativos ao concreto, à armadura e a estrutura como um todo,
cujas definições e orientações estão descritas no item 6.3 da referida norma.
Um dos primeiros passos de projeto de dimensionamento de estruturas é a
determinação da classe de agressividade ambiental (CAA), que direciona a escolha do concreto
a ser utilizado, relação água-cimento, cobrimento, tipo de protensão, exigências relativas a
fissuração cuja classificação é apresentada na Tabela 2.3 da NBR 6118:2014.
Tabela 2.3: Classe de agressividade ambiental

Classe de Classificação geral do Risco de


agressividade Agressividade tipo de ambiente para deterioração
ambiental efeito de projeto da estrutura
Rural
I Fraca Insignificante
Submersa
II Moderada Urbana Pequeno
Marinha
III Forte Grande
Industrial
Industrial
IV Elevado
Muito Forte Respingos de maré
Fonte: NBR 6118:2014

A Tabela 2.4 da NBR 6118:2014 relaciona a classe de agressividade ambiental


com o tipo de concreto, as exigências relativas a fissuração e quais combinações de ações
em serviço utilizar.

19
Tabela 2.4: Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção da armadura em função
das classes de agressividade ambiental
Classe de
agressividade
Tipo de construção Exigências relativas à combinação de ações
ambiental
estrutural fissuração em serviço a utilizar
(CAA) e tipo de
protensão
Concreto simples CAA I a CAA IV Não há -
CAAI ELS-W 𝑊𝑘 ≤ 0,4𝑚𝑚
Concreto armado CAAII e CAAIII ELS-W 𝑊𝑘 ≤ 0,3𝑚𝑚 Combinação Frequente
CAA IV ELS-W 𝑊𝑘 ≤ 0,2𝑚𝑚
Pré-tração com
Concreto protendido
CAA I ou pós-
Nível 1 ELS-W 𝑊𝑘 ≤ 0,2𝑚𝑚 Combinação Frequente
tração com CAA
(protensão parcial) I e II
Pré-tração com Verificar as duas condições abaixo
Concreto protendido
CAA II ou pós- ELS-F Combinação Frequente
Nível 2 tração com CAA
(protensão limitada) ELS-D Combinação Quase
III e IV
Permanente
Concreto protendido Verificar as duas condições abaixo
Pré-tração com
Nível 3 ELS-F Combinação rara
CAA III e IV
(protensão completa) ELS-D Combinação Frequente
Fonte: NBR 6118:2014

2.6.3 Perdas da força de protensão


A força de protensão está diretamente relacionada com o alongamento na armadura
ativa, é responsável por garantir o estado de protensão durante a vida útil da estrutura. O
resultado da aplicação dessa força depende de diversos fatores como: aparelho tensor, sistemas
de ancoragem, liberação dos cabos, dentre outros, como o próprio comportamento dos materiais
concreto e aço (CHOLFE e BONILHA, 2018).
No dimensionamento dessas estruturas, estima-se as perdas da força de protensão em
relação ao seu valor inicial, para que assim seja possível determinar uma sobretensão que deve
ser aplicada à peça, de modo que, após as perdas, a força de protensão que atua efetivamente
seja igual a força calculada necessária, suficiente para neutralizar, em parte ou no todo, os
esforços de tração provocados por um determinado carregamento (CHOLFE e BONILHA,
2018).
De com o PTI DC 10.1-08 (2008), A força de protensão efetiva é calculada de acordo
com a equação (2.2):

𝑷𝒆 = 𝑷𝒊 + 𝑬𝑺 + 𝑪𝑹 + 𝑺𝑯 + 𝑹𝑬 (2.2)

20
Onde:
𝑃𝑖 : Força de protensão imediatamente após os cabos serem tensionados e ancorado
(kN);
ES: Encurtamento elástico do concreto (kN);
CR: Fluencia do concreto (kN);
SH: Retração do concreto (kN);
RE: Relaxação dos cabos (kN).
No caso de radier em concreto protendido, deve-se se somar a expressão mais uma
parcela correspondente a perda de protensão devido ao atrito do subleito (SG) da pela expressão
(2.3) (SOUZA, 2017):

𝑷𝒓 = 𝑷𝒆 − 𝑺𝑮 (2.3)

2.7 INTERAÇÃO SOLO – ESTRUTURA


A interação solo-estrutura pode ser entendida como a ligação entre a infraestrutura, a
superestrutura e o solo, do qual o processo se inicia juntamente com a fase inicial da construção
e se expande até que haja uma situação de equilíbrio, ou seja, quando as tensões e deformações
que atuam tanto na estrutura como no solo atingirem a estabilidade (VELLOSO e LOPES,
2011).
O solo possui um comportamento muito complexo por se tratar de um elemento não
linear, anisotrópico e de natureza heterogênea, no qual se torna primordial a realização da
análise de interação solo-fundação. Para Velloso e Lopes (2011), o propósito dessa análise é de
fornecer os deslocamentos reais da fundação (recalques) e os esforços internos. Esses últimos
podem ser obtidos diretamente por análise de interação ou indiretamente por pressão de contato.
A determinação dessa pressão de contato é fundamental para os cálculos dos esforços internos
na fundação a partir do qual é feito o dimensionamento (DÓRIA, 2007).
Os esforços oriundos dessa edificação, antes de serem absolvidos pelo solo, passa
obrigatoriamente pela fundação, posto isso, na concepção de projetos estruturais, o engenheiro
calculista na maioria das vezes costuma admitir que a edificação é apoiada sobre uma base
rígida e indeslocável (conforme apresentado na Figura 2.15), significa que, idealiza-se os apoios
engastados na base, que incluem a não considerar os efeitos causados pela deformabilidade das
fundações. O comportamento admitido no processo de cálculo não reflete a realidade
geotécnica, quando o solo apresenta deformações e deslocamentos causados pelo carregamento
da estrutura e afetados também pela sua rigidez.

21
Figura 2.15: Concepção de projeto estrutural e fundação

Fonte: Adaptado de Colares (2006)

Antoniazzi (2011), reforça que o procedimento para o dimensionamento da estrutura


nos em escritórios de engenharia ocorre geralmente, de um lado, onde o projetista de estruturas
desenvolve o seu projeto com a hipótese de que os apoios são indeslocáveis. E de outro lado,
o projetista de fundações considera as ações recebidas, projetando a fundação de modo que os
deslocamentos sejam compatíveis e dentro dos limites impostos com a estrutura
(superestrutura) para não ocasionar danos que comprometam a estabilidade, a utilização ou a
estética. Neste caso os recalques são estimados isoladamente para cada elemento estrutural de
fundação na hipótese de que, o elemento possa se deslocar independentemente dos demais,
como se a superestrutura fosse infinitamente flexível. Esse último, é um procedimento utilizado
normalmente nos projetos estruturais de edifícios. Neste caso, não há a consideração dos efeitos
da interação solo-estrutura (ANTONIAZZI, 2011).
No que se refere aos sistemas estruturais em concreto, o fato de levar em conta a
interação solo-estrutura no processo de elaboração de projeto torna bastante complexo a análise
no sentido que se esbarra com várias dificuldades na modelagem. Essas dificuldades são
repartidas segundo a infraestrutura, a superestrutura e o solo.
Na infraestrutura: é frequente ter dificuldade na sequência construtiva, as propriedades
reológicas dos materiais e tipo de carregamento externo;
Na superestrutura tem-se: transferência de carga ao solo e aspectos de execução;
E no solo depara-se à heterogeneidade vertical e horizontal, a representatividade dos
ensaios e influência do tempo nos parâmetros geotécnicos.
O peso próprio e as cargas gravitacionais submetidas pela estrutura resultam em
tensões e deformações consideráveis na região do solo em torno da estrutura, onde se nota uma

22
diminuição da deformação no solo ao passo que a distância entre o ponto considerado e a
fundação aumenta, e a região além desta distância exerce um influencia pouco significativo no
comportamento global da estrutura. Por conseguinte, essa região do solo pode ser idealizada
como rígido (DÓRIA, 2007). A Figura 2.16 ilustra a região deformável do solo sob a fundação
(região I) e a região em volta que pode ser idealizada como rígida (região II). O limite entre
ambas as regiões é determinado através de uma análise mais detalhada e a região I pode ser
modelada como uma parte do sistema estrutural inteiro
Figura 2.16: Ilustração da interação infraestrutura-superestrutura-solo

Fonte: Adaptado de Dória (2007)

A consideração da interação-solo estrutura torna bastante complexo o processo de


dimensionamento da superestrutura diante da dificuldade da modelagem da estrutura e do solo.
Os modelos mais viáveis para a consideração da interação solo-estrutura, são os que separam o
sistema estrutural do maciço de solo, podendo haver ou não a discretização da estrutura de
fundação. Neste modelo, a deformabilidade do solo pode ser representada por molas de
comportamento elástico, considerando as propriedades físicas do maciço e a compatibilização
dos recalques, ou a imposição de deslocamentos verticais estimados (ANTONIAZZI, 2011).
A análise da ISE pode ser feita com um método computacional em que um programa de
análise de estruturas representa o solo através de molas nos pontos que correspondem a
fundação. No presente trabalho, esta análise foi feita utilizando o programa de cálculo estrutural
SAP2000.

23
2.7.1 Fatores de interferência na interação solo estrutura

Há vários fatores que comprometem uma maior ou menor grau de intensidade os efeitos
de mecanismo da interação solo-estrutura. Destacam-se os mais importantes: rigidez relativa,
número de pavimentos, edifícios vizinhos e processo construtivo.

1. Rigidez relativa estrutura-solo

Este fator determina o desempenho da construção em relação aos recalques total e


diferencial. Os recalques diminuem com o aumento da rigidez relativa entre o solo e a estrutura.

Em decorrência da alta ligação existentes entre os elementos estruturais, confere ao


edifício maior rigidez, sendo, responsável pelos recalques diferenciais bem menos acentuados
do que ocorre normalmente na estrutura, e uma deformada de recalque mais suave. Para o
uniformizar esses efeitos de recalques, tende-se ao uso das cintas onde, sua ação diminui à
medida que é construído os demais pavimentos.

Lopes e Gusmão (1991), após ter analisado o comportamento de um pórtico idealizado


como um edifício de concreto armado, apoiado sobre meio elástico, propuseram uma fórmula,
o parâmetro de rigidez estrutura-solo (𝐾𝑠𝑠 ) para estimar aproximadamente a grande variação
dos recalques.

𝑬𝒄 − 𝑰 𝒃
𝑲𝒔𝒔 =
𝑬𝒔 . 𝒍
(2.4)

Onde:

𝐸𝑐 : módulo de elasticidade do material da estrutura;


𝐸𝑠 : módulo de elasticidade da viga típica;
𝐼𝑏 : momento de inércia da viga típica;
𝑙: comprimento do vão entre pilares.
2. Número de pavimentos

Nesse caso, observa-se que à medida que aumenta a quantidade dos pavimentos na
edificação, faz com que o efeito da interação estrutura-solo diminua até ser quase desprezível.
Os esforços dos elementos estruturais nos primeiros pavimentos tendem a ser maiores do que
os pavimentos superiores, ou seja, os primeiros pavimentos tendem a exercer uma influência
significativa maior que os últimos (SOUZA, 2006).
Diversos estudos apontam que ao fixar valor de (𝐾𝑠𝑠 ) e variar o número de pavimentos
de pórtico verifica-se que os recalques diferenciais diminuíram com o aumento de número de

24
pavimentos, uma análise baseada no aumento gradativo de número de pavimentos, revelou que
os primeiros pavimentos exercem maior influência nos recalques diferenciais (BRAGA, 2019).
3. Forma em planta

Com objetivo de avaliar o efeito da forma em planta da edificação na uniformização


dos recalques, Gusmão (1991) realizou análises de pórticos espaciais com um pavimento
variando a relação entre largura e comprimento em planta. concluiu que à medida que os valores
de B/L aproxima-se do valor unitário, o recalque diferencial máximo tende a diminuir. Por outro
lado, observou-se também que para valores maiores de 𝐾𝑠𝑠 esse efeito diminui, isso quer dizer
que o efeito da forma em planta na uniformização dos recalques é mais importante em estruturas
mais flexíveis.
4. Edifícios vizinhos

Edifícios afetados pela existência de grupos de edificações vizinhas tendem a


apresentar recalques maiores do que o cálculo considerando o edifício isolado. Este efeito de
grupo obviamente diminui com o aumento da distância entre as edificações (REIS, 2000).
5. Processo construtivo

A sequência construtiva é outro fator frequentemente desprezado nos estudos sobre


interação solo-estrutura, mas que exerce influência no fenômeno. Considerando a sequência
construtiva juntamente com a interação solo-estrutura, a aplicação do carregamento passa a ser
gradual, bem como o aumento da rigidez da estrutura. Brown e Yu (1986) avaliaram os efeitos
da aplicação gradual de cargas e da rigidez de estruturas em pórticos e concluíram que a análise
incremental, considerando a sequência construtiva, equivale a uma análise não incremental que
considere a totalidade da carga sendo aplicada à um edifício equivalente que possui cerca da
metade da rigidez total do edifício original.

2.7.2 Pressão de contato

Durante a elaboração de um projeto de fundação, os esforços são obtidos de modo


direto através da análise da interação ou, indiretamente, mediante as pressões de contato. A
determinação de pressões de contato é indispensável para o cálculo dos esforços internos no
radier, pois, é a partir desse que é feito o dimensionamento estrutural (DÓRIA, 2007).
A pressão de contato é a tensão normal vertical sobre o elemento de fundação, gerada
pelos esforços solicitantes da estrutura. A distribuição dessa tensão, assim como os recalques
no solo, varia de acordo com as caraterísticas do maciço onde a fundação está apoiada
(RIBEIRO, 2008). A Figura 2.17 apresenta o comportamento de pressão no solo devida à
fundação.
25
Figura 2.17: Ilustração de pressão de contato

Fonte: Velloso e Lopes (2011)

Essas pressões de contato dependem principalmente das características das cargas


aplicadas, da rigidez relativa fundação-solo, propriedades do solo e intensidade das cargas.
• Características das cargas aplicadas: Velloso e Lopes (2011) considera esse fator
como o mais importante na determinação da pressão solo, onde, a resultante dessas
pressões deve ser igual e oposta à resultante de cargas.
• Rigidez relativa fundação-solo: o segundo fator mais importante é a rigidez
relativa entre o solo e o radier. “quantos mais flexível for fundação, mais pressões
de contato refletirão o carregamento” (VELLOSO e LOPES, 2011).

Segundo Braga (2019 apud Meyerhof 1953), a rigidez relativa (𝑅𝑟 ), em Fundação
radier pode ser calculada pela expressão:
𝑬𝒄− 𝑰
𝑹𝒓 =
𝑬. 𝑩𝟑
(2.5)

Onde:

𝐸𝑐 : modulo de Young do material da placa;


𝐼: momento de inercia da seção transversal da placa, por unidade de largura;
𝐸: modulo de Young;
𝐵: Largura da placa.

Braga (2019 apud Schultze, 1996), define a rigidez relativa pela seguinte expressão:

26
𝒕𝟑
𝑬𝒄 . (𝟏𝟐)
𝑹𝒓 = (2.6)
𝑬. 𝑳𝟑

Onde:

𝑡: espessura da placa;
𝐿: comprimento da placa
• Propriedade do solo: afetam a pressão de contato visto que a resistência ao
cisalhamento do solo determina as pressões máximas no bordo.
• Intensidade das cargas: nesse caso, percebe-se que perante os carregamentos
submetidos, à medida que as cargas aumentam, as pressões nas bordas se mantêm
constante e ocorre um aumento de pressões na parte central.

2.7.3 Constantes elásticos do solo

De ponto de visto teórico, o método mais preciso para considerar a deformabilidade


do solo é por meio de uma análise interativa tridimensional, na qual o solo e a estrutura são
modelizados como um sistema único.
Contudo, o modelo dessa análise é bastante sofisticado e necessita de métodos
numéricos como por exemplo, o método de elementos finitos. Em razão da sua complexidade,
não é comum o uso desse processo no mundo profissional, pois, necessita de uma grande
experiencia e conhecimento aprofundado a respeito dos modelos construtivos (BRAGA, 2019).
A maneira mais simplificada para considerar o efeito de deformações do solo num
sistema de fundações é considerar o solo como um material homogêneo, isotrópico e elástica
que se comporte segundo o modelo de winkler.

2.7.4 Modelo de Winkler

O modelo de Winkler é um modelo que consiste na representação do solo por meio de


um conjunto de molas linearmente elástica e mutuamente autônomos discreta sob a fundação
(VELLOSO e LOPES, 2011). Essas molas são representadas pelo coeficiente de apoio elástico
(𝑘𝑠 ) calculada pela expressão (2.7):
𝑲 (2.7)
𝒌𝒔 =
𝑨𝒇

Onde:
𝐾: Modulo de reação (𝑘𝑁/𝑚3 );
𝐴𝑓 : Área carregada (𝑚2 )

27
Esse modelo simplificado é baseado na hipótese de Winkler e não considera a
interação das molas adjacentes, sendo que, para o caso de solos poucos rígidos, os erros tendem
a crescer. No que se trata de deformação vertical a hipótese de Winkler é dada pela equação:
𝝈(𝒙, 𝒚) = 𝒌𝒗 . 𝒘(𝒙, 𝒚) (2.8)

Onde:

𝜎(𝑥, 𝑦): tensão de contato média na base da fundação;


𝑘 𝑣 : modulo de reação vertical, valor definido em relação ao tipo de solo que compõe
o maciço de fundação;
𝑤(𝑥, 𝑦): deslocamento vertical.
Neste processo ISE, o radier é idealizado como uma grelha sobre base elástica, sobre
um sistema de molas, as quais são posicionadas nós da grelha. Para o dimensionamento do
radier é necessário conhecer a constante elástica (k) da mola, que depende do tipo do solo. Essa
constante pode ser determinada através de:
• Ensaios de placa;
• Tabelas de valores típicos ou correlações;
• Cálculo do recalque da fundação real.
a. Ensaios de placa
É o ensaio padronizado pela NBR 6489/1984, para a obtenção de parâmetros de
deformação, parâmetros de resistência, previsão de recalque de uma fundação por extrapolação
direta e para obter o coeficiente de reação vertical (𝑘𝑣 ) (Dória, 2007).
Trata-se de um ensaio de compressão efetuado imediatamente na superfície ou em
determinada profundidade do terreno, por intermédio de uma placa metálica e indeformável,
com área não menor a 0,5 m2 . As cargas são aplicadas verticalmente no centro da placa,
medindo as deformações juntamente aos acréscimos de cargas. A finalidade desse ensaio é de
reproduzir o comportamento da fundação sob efeitos das solicitações proveniente da
superestrutura, a partir do qual, os resultados são interpretados de modo gráfico: pressão versus
recalque (ANTONIAZZI, 2011).

28
b. Tabelas de valores Típicos

Na impossibilidade de realizar ensaios no solo que se desejar construir a obra ou ainda


na inexistência de dados precisos é possível encontrar valores do coeficiente de recalque na
literatura. Terzaghi (1955), sugeriu valores da constante elásticas de solos argilosos e arenosos
apresentados na Tabela 2.5.
Tabela 2.5: Valores 𝐤 𝐯 em 𝒌𝑵/𝒎𝟑

Argila Rija Muito Rija Dura


𝑸𝒖(𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐 ) 1-2 2-4 >4
Faixa de valores 1,6 – 3,2 3,2 – 6,4 > 6,4
Valor proposto 2,4 4,8 9,6
Areias Fofa Med. Compacta Compacta
𝑸𝒖(𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐 ) 0,6 – 1,9 1,9 – 9,6 9,6 – 32
Valor proposto 1,3 4,2 16
Valor proposto 0,8 2,6 9,6
Fonte: Terzaghi (1955)

Observação: Qu corresponde à resistência a compressão não-drenada. Esses resultados foram determinados


por meio de ensaio de placa, de tal maneira que de correção e dimensão da sapata
Tabela 2.6: Valores de 𝐤 𝐯 de acordo com o tipo de solo

Tipo do Solo 𝐤 𝐯 (𝒌𝑵/𝒎𝟑 )


Turfa leve – solo pantanoso A 5 a 10
Turfa pesada – solo pantanoso 10 a 15
Areia fina de praia 10 a 15
Aterro de silte, de areia e cascalho 10 a 20
Argila molhada 20 a 30
Argila úmida 40 a 50
Argila seca 60 a 80
Argila seca endurecida 100
Silte compacto com areia e pedra 80 a 100
Silte compacto com areia e muita pedra 100 a 120
Cascalho miúdo com areia fina 80 a 120
Cascalho médio com areia grossa 100 a 120
Cascalho grosso com pouca areia 150 a 200
Cascalho grosso com pouca areia compactada 200 a 250
Fonte: Moraes (1976)

29
2.8 MODELOS DE CÁLCULOS
O procedimento de modelagem de uma fundação em radier é elaborado levando em
consideração quanto o solo no qual se apoia a placa radier, como os apoios elásticos que estão
relacionados essencialmente a determinação de rigidez da mola.
O propósito dos modelos de cálculo de radier é a busca de uma solução da equação
diferencial de equilíbrio de uma placa sobre a base elástica, através de alguns procedimentos
de avaliação, como, a estabilidade, capacidade de suporte e a distribuição de tensões e/ou
esforços internos solicitantes, cujo, para alcançar essas finalidades é preciso combater o
recalque excessivo que pode ocorrer ao longo de tempo ou de forma elástica (COELHO, 2016).
Dória (2007), acrescenta que esses procedimentos da avaliação são parâmetros necessários para
avaliar os Estados Limites Últimos (ELU) e de Serviços (ELS).

2.8.1 Estabilidade e capacidade de suporte do radier

Na elaboração de um radier é de extrema necessidade evitar o recalque excessivo que


pode ocorrer no edifício, ao longo de tempo (consolidação) ou de ocorrência rápida (elástica ou
imediata).
Segundo Montoya (1987), a elaboração de um projeto da laje apoiado sobre solo, o
projetista precisa procurar que a resultante das ações transmitidas pela estrutura passe o mais
perto possível do centro da placa radier para que tenha no solo uma distribuição de tensões o
mais uniforme possível e evitar recalques diferenciais capaz de gerar a inclinação do prédio.
Para qualquer hipótese de carga, é recomendado que a resultante se encontre no interior
da zona de segurança do radier. Caso contrário, será preciso um estudo de distribuição de tensão
sob radier para avaliar de forma mais rigorosa os recalques e determinar as inclinações que
possam ocorrer na edificação.

2.8.2 Distribuição de tensões e cálculo de esforços

A distribuição de tensões no terreno sob o radier é importante para o cálculo dos


esforços do radier. Durante o processo de obtenção de tensões no radier, considera-se uma
distribuição uniforme de tensões no terreno que leva, dependendo da dimensão do radier, a uma
estimativa dos esforços acarretando a uma economia (DÓRIA, 2007).
O procedimento de cálculo do radier sobre base elástica consiste em substituir a placa
por uma malha sobre apoios elásticos equivalentes. Neste caso, cada nó é considerado apoiado
em uma mola, pelo qual a constante elástica é obtida multiplicando-se o coeficiente do solo
pela área de influência da carga correspondente a cada nó. Aplicam-se cargas lineares nos nós
correspondentes e, em seguida, resolve-se o modelo estrutural utilizando programas como
30
Elementos infinitos, Diferenças Finitas, com a finalidade de se obter os momentos fletores e
torçores e os esforços cortantes, que serão utilizados no dimensionamento. Também são obtidos
os deslocamentos em pontos distintos do radier, os quais são empregados na verificação do
recalque (DÓRIA, 2007).

2.8.3 Métodos de cálculos

Dória (2007), declara que para a obtenção de cálculo mais preciso da distribuição das
tensões sob o radier deve-se substituir a placa de concreto por uma malha sobre apoios elásticos
equivalentes.
De acordo com Velloso e Lopes (2004), os métodos de cálculo de fundação do tipo
radier são: Método estático, Sistema de Vigas Sobre Base Elástica, Método da Placa sobre o
solo de Winkler, Método do American Concrete Institute, Método das diferenças finitas e o
Método dos elementos infinitos, não obstante, ele não permite a avaliar a distribuição dos
recalques.

a. Método estático

Trata-se de um método utilizado apenas para o cálculo dos esforços internos em


radiers, pois, leva em consideração durante o processo de cálculo, o equilíbrio da reação do
terreno e das cargas atuantes (VELLOSO e LOPES, 2011).
Esse método se baseia na hipótese sobre a distribuição das pressões de contato, como:
• Pressões variando linearmente sob o radier: Muito aplicados em radiers rígidos,
chamado como cálculo com variação linear de pressões (Figura 2.18 (a)).

• Pressões uniformes nas áreas de influência dos pilares: se aplica mais aos radiers
flexíveis, chamado de cálculo pela área de influência dos pilares (Figura 2.18 (b)).

Figura 2.18: Pressões de contato em uma viga por critérios estáticos: (a) variação linear ao longo da
viga e (b) pressões constantes na faixa de influência dos pilares

Fonte: Velloso e Lopes (2011)

31
Velloso e Lopes (2011), ressalta ainda que os métodos estáticos são utilizados
exclusivamente para cálculo de esforços internos de fundação para dimensionamento estrutural
do radier. Eles apenas consideram o equilíbrio estático das cargas atuantes e da reação do
terreno, porém, não avalia a distribuição dos recalques no terreno.
➢ Cálculo com variação linear de pressões

No procedimento de cálculo é admitido que a variação linear de pressões de contato


coincida com radier rígido. As pressões de contato nesse tipo de cálculo são determinadas a
partir da resultante de carregamento (ver Figura 2.19) (DELALIBERA, 2006):

Figura 2.19: Pressões de contato variando linearmente sob um radier esquema de cálculo de uma faixa

Fonte: Adaptado de Velloso e Lopes (2011)

O modelo de cálculo é geralmente usado para radier de grande rigidez relativa, entre
outro em radiers nervurados e em caixão. Para efeito de análise, o radier é dividido em dois
conjuntos de faixas ortogonais.
➢ Cálculo pela área de influência dos pilares

É um Método de cálculo empregue geralmente para radiers de rigidez relativa média.


Este método segue o seguinte procedimento:
• A determinação da área de influência de cada pilar;

• O cálculo da pressão média da referida área

𝑸𝒊 (2.9)
𝒒𝒊 =
𝑨𝒇

• A determinação da pressão média atuando nos paneis;

32
• O cálculo dos esforços nas lajes e vigas inclusive as reações nos apoios
caso estas forem muito diferentes das cargas nos pilares, precisa-se
redefinir as pressões médias nos paneis.

Figura 2.20: Esquema de cálculo de um radier pela área de influência dos pilares

Fonte: Adaptado de Delalibera (2006)

b. Método de placa sobre o solo de Winkler

O cálculo sustenta-se na hipótese de Winkler, onde, as pressões de contato são


proporcionais aos recalques conforme mencionado na equação (2.10).
O deslocamento de uma placa delgada, considerando uma região distante dos
carregamentos e apoiado sobre um sistema de molas, é dada pela equação (2.11):
𝝏𝟒 𝝎 𝟐. 𝝏𝟒 𝝎 𝝏𝟒 𝝎 (2.10)
𝑫( 𝟒 + 𝟐 𝟐 + ) + 𝒌. 𝝎 = 𝟎
𝝏𝒙 𝝏𝒙 𝝏𝒚 𝝏𝒚𝟒

Onde D é a rigidez á flexão da placa, dada pela fórmula:

𝑬 𝒄 . 𝒕𝟑 (2.11)
𝑫=
𝟏𝟐(𝟏 − 𝒗𝟐 )

Onde:

𝑡: espessura da placa;

𝐸𝑐 : módulo de Young do material da placa;

𝑣: coeficiente de Poisson do material da placa.

33
c. Método do American concrete Institute (ACI)

O método do ACI é baseado na hipótese de Winkler que podem ser aplicados em


(placas) rígidos e flexíveis. Primeiramente, os momentos fletores e os esforços cortantes são
calculados em cada ponto da placa gerados por cada pilar. Em seguida, deve-se somar as ações
do pilar nos pontos em estudo:
Passo a passo de procedimento de cálculo:

1. Cálculo de rigidez à flexão da placa D (equação (2.11));

2. Escolha de um número de pontos na placa para cálculos dos esforços;

3. Cálculos dos momentos fletores, convertendo para coordenadas retangulares;

4. Cálculo dos esforços cortantes em coordenadas retangulares;

Os passos 3 e 4 serão repetidos para cada pilar e esses resultados serão somados algebricamente.

d. Método das diferenças finitas

Usa-se as equações algébricas para o dimensionamento da placa, onde relaciona-se o


deslocamento de um ponto aos deslocamentos de pontos vizinhos.
Tem-se, abaixo a equação diferencial de flexão da placa, englobando uma
sobrecarga uniforme 𝑝 e uma carga concentrada P, em termos de diferenças finitas:
𝚫𝟒 𝒘𝒌 𝟐𝚫𝟒 𝒘𝒌 𝚫𝟒 𝒘𝒌 𝝆𝒌 𝒌𝒌 𝒘𝒌 𝑷 (2.12)
𝟒
+ 𝟒 𝟐
+ 𝟒
= − +
𝚫𝒙 𝚫𝒙 𝚫𝒚 𝚫𝒚 𝐃 𝐃 𝑫∆𝒙 ∆𝒚

Algumas desvantagens do método segundo Bowles (1982):


• a aplicação das condições de contorno exige sub-rotinas adicionais;

• é difícil simular furos, reentrâncias e entalhes;

• é difícil considerar momentos aplicados nos nós.

e. Métodos dos elementos infinitos

O método dos elementos finitos consiste no uso de funções aproximadas para


representar o campo de deslocamentos em cada elemento. A continuidade do meio é assegurada
impondo condições de compatibilidade de deslocamentos e rotações nos nós dos elementos
adjacentes (DELALIBERA, 2006).
A placa radier é discretizado em elementos de placa sobre apoio elásticos que
reproduzem a rigidez do solo apresentado na Figura 2.21(a). Uma outra estratégia de
modelagem do sistema, mais complexa, consiste em representar o radier por elementos de placa

34
e representar o solo por elementos sólidos (Figura 2.21(b)). Neste modelo pode-se levar em
conta a heterogeneidade do solo (DELALIBERA, 2006).
Figura 2.21: Modelo de idealização do sistema estrutural pelo MEF

(a) Elementos de placa sobre apoio elástico (b) Elementos de placa sobre apoio elástico

Fonte: Adaptado de Velloso e Lopes (2011).

Algumas vantagens do método segundo Bowles (1982):


• permite considerar qualquer condição de contorno;

• fácil de programar para reentrâncias e furos;

• facilmente adaptável para placas circulares.

f. Método por analogia de grelha

A analogia de grelha é um método que consiste na substituição do radier por uma grelha
equivalente composta de elementos do tipo barra, cuja, cada barra representa uma faixa
determinada da placa conforme a abertura escolhida (DÓRIA, 2007). A Figura 2.22 ilustra a
grelha sobre a base elástica.
Figura 2.22: Ilustração da representação de uma grelha sobre base elástica

Fonte: Adaptado de Dória (2007).

Não existe princípio matemático ou físico na grelha que faça com que os momentos
torçores sejam automaticamente iguais nas direções ortogonais em um nó. Quanto maior for a

35
discretização da malha, maior ela se deformará e apresentará distorções relativamente iguais se
as rigidezes à torção forem às mesmas nas duas direções (DÓRIA, 2007).
O vínculo das barras permite a interação de forças ortogonais ao plano da grelha e de
dois momentos em torno dos eixos pertencentes a esse plano por nó da barra. Cada nó apresenta
três graus de liberdade, sendo uma translação ortogonal e duas rotações no plano do radier.
Os radiers apresentam geometrias variadas e formas diferentes de carregamento,
tornando assim, difícil a definição de uma malha ideal. No entanto, para radiers retangulares,
Hambly (1976) adotou critérios para serem levados em contas na discretização da malha grelha
para casos de radiers retangulares a fim de obter os esforços internos nos radiers. Sendo:
• Quanto mais discretizada for a malha, melhores serão os resultados obtidos.
Porém, os resultados deixam de ser satisfatórios quando a largura das barras for menor
que 2 ou 3 vezes a espessura do radier;

• Nas regiões onde têm grande concentrações de esforços, como cargas


concentradas, sugere-se adotar uma malha, onde, a largura das barras não for maior que
3 ou 4 vezes a espessura da laje;

• Os espaçamentos das barras da grelha, em cada direção não devem ser muito
diferentes, para que haja uma uniformidade na distribuição dos carregamentos;

• É necessário colocar uma linha de barras no contorno do radier, diminuindo a


largura para o cálculo do momento de inércia a torção de 0,3h, por se tratar do ponto
onde passa a resultante das tensões de cisalhamento devidas à torção.

36
3. METODOLOGIA

Neste trabalho apresenta-se os procedimentos de análise estrutural automatizado para


dimensionamento de projetos em radier para realizar o estudo comparativo de radier em
concreto armado e protendido em edifício de alvenaria estrutural, fazendo uso de método de
cálculo por analogia de grelha sobre a base elástica. Esses procedimentos consistem na
modelagem da geometria da superestrutura do edifício, na aplicação das cargas lineares,
determinação dos parâmetros elásticos do solo, na discretização da grelha e por fim o
dimensionamento dos radiers.
Foi utilizado para esta pesquisa o programa Computers & Structures, Inc. (CSI)
SAP2000 V22.2, que é uma ferramenta bastante utilizado para análise estrutural de projeto de
fundação do tipo radier.

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa elaborada teve uma abordagem a caráter quantitativo. Ela consiste na


consideração das informações quantificáveis coletadas com as quais serão feitas uma análise
comparativa dos sistemas construtivos. Parte do princípio de que os dados numéricos obtidos
apresentam um papel maior no estudo do problema.

Em relação aos objetivos, o trabalho pode ser considerado como uma pesquisa
exploratório e descritiva, que exigiu projetar modelos de fundações para a mensuração do
consumo dos materiais e com os resultados obtidos, fazer uma comparação viável entre os
sistemas construtivos empregados. E quanto aos procedimentos, é descrito como uma
pesquisa bibliográfica, pois foi elaborado a partir do material já publicado para servir de base
durante estudo de casos.

3.2 OBJETO DE ESTUDO

Avalia-se uma obra projetada para ser um edifício residencial de quatro pavimentos,
em alvenaria estrutural. A edificação é localizada na cidade de Natal no estado do Rio Grande
do Norte. O edifício é do tipo térreo mais três pavimentos apoiado sobre a fundação tipo radier.
Ele possui oito apartamentos por andar. A Figura 3.1 ilustra o modelo em forma que foi
utilizado para análise de elemento infinito.

37
Figura 3.1: Ilustração Planta 1a fiada do pavimento tipo

Fonte: Autor (2020)

O modelo estrutural do edifício foi fornecido pelo Professor Orientador em


conformidade com o projeto arquitetônico para servir de base no estudo. O foco neste trabalho
é apenas a modelagem da superestrutura do edifício em análise, lançamentos das cargas lineares
(com devidas as cargas lineares da infraestrutura) conforme mostrado na figura 3.2.

38
Figura 3.2: Ilustração cargas lineares na fundação

Fonte: Autor (2021)

3.3 DESCRIÇÃO DO MODELO DA SUPERESTRUTURA

Neste trabalho foi utilizado o modelo de grelha correspondente ao sugerido por Doria
(2007) e Cibulski (2016) no qual a discretização da fundação radier foi feita por meio de
elementos infinitos de placa para simular o comportamento da laje apoiada no solo submetida
a cargas lineares pontuais. Com o auxílio do software SAP2000 v20.2, foi empregue a
metodologia apresentada por Cibulski (2016), para qual, a laje segue o comportamento das
aplicações das equações de Kirchhof, a placa radier despreza a deformação transversal devido
ao cisalhamento. A modelagem da laje foi feita considerando elementos (laje radier) com placa
fina.

39
Outro fator importante a ser levado em consideração para elementos de placas em
software, é a geração da malha que tem uma influência muito grande em relação aos resultados.
Segundo Pascoal (2016), quanto maior for a discretização das malhas dos elementos
infinitos adotada, mais refinado são os resultados esperados, em contrapartida, provoca um
gasto computacional tão alto a ponto de dificultar o uso computacional do equipamento.
Baseado em pesquisas anteriores de diferentes autores que trouxeram resultados
satisfatório utilizando malhas com elementos de placas de 30x30 cm e 40x40 cm optou-se por
trabalhar com malhas 30x30cm. Além disso, pelo fato do edifício possuir dois prédios
simétricos e para minimizar os gastos computacionais, a estrutura foi dividida em duas partes
para que ao final do procedimento espelhasse o modelo confeccionado. A Figura 3.3 apresenta
a malha discretizada 30x30cm.
Figura 3.3:Ilustração de radier discretizado (30x30cm)

Fonte: Autor (2021)

3.4 Carregamentos verticais

Para NBR 8681/2003, as cargas verticais inseridas nos esforços solicitantes de um


projeto de edifício residencial são classificadas em três grupos: cargas permanentes, cargas
acidentais e cargas horizontais.

40
• Cargas permanente:

As cargas permanentes consideradas neste caso foram o peso próprio da laje radier e as
cargas lineares das alvenarias estruturais de toda infraestrutura do prédio. Tem-se:
✓ Peso próprio da laje (𝑃𝑃 = 2,5 𝑘𝑁/𝑚), considerado apenas na laje térreo;

✓ Cargas Lineares da Alvenaria de todos os pavimentos, cujas, cargas lineares


são apresentadas na

• Cargas acidentais:

É importante ressaltar que essas cargas foram aplicadas apenas na Laje térreo (radier),
tendo:

✓ Sobrecargas do contrapiso e revestimento: 1 𝑘𝑁/𝑚2

✓ Sobrecarga variável: 2 𝑘𝑁/𝑚2

• Cargas horizontais

Neste trabalho, adotou-se em considerar apenas as ações verticais desprezando assim


a ação do vento na superestrutura.

3.5 Lançamentos das cargas verticais na superestrutura

Após a criação do modelo estrutural da laje radier no SAP2000, os lançamentos de


carregamentos verticais oriundos da superestrutura, foram aplicadas de duas maneiras:
• A primeira, as cargas de sobrecargas (contrapiso, revestimentos e variável) foram
uniformemente distribuídos nas áreas das placas.

• A segunda, as cargas lineares precisaram ser convertidas em carga pontual para que
pudessem ser aplicados nas interseções dos nós mais próximo por onde atuam essas
cargas lineares.

O intervalo de erros admitido na aplicação de carga pontual nos nós foi 7 cm a 15 cm.
A Figura 3.4 ilustra com as cargas aplicadas no radier.

41
Figura 3.4: Ilustração dos carregamentos aplicadas na Laje

Aplicação de cargas
pontuais nos nós

Fonte: Autor (2021)

3.6 Propriedades do solo

O solo foi modelado segundo a teoria de Winkler cujo, solo é representado por uma
cama de molas isoladas e independentes. A Figura 3.5 ilustra o radier com as molas inseridas.

42
Figura 3.5: Ilustração das molas aplicadas nas placas

Fonte: Autor (2021)

Em que concerne a capacidade de carga do solo, o certo é efetuar uma investigação


geotécnica ou ensaios adequados para a obtenção do coeficiente de recalque “ 𝑘𝑣 ” que interpreta
o comportamento real do solo. No entanto, com base das informações geotécnicas do terreno
fornecidas no projeto considerando a teoria de grelha com apoio em base elástica, e levando em
conta o valor de 𝒌𝒗 usual para dimensionamento de fundação na Cidade de Natal-RN, resolveu-
se adotar o coeficiente de reação vertical, 𝒌𝒗 = 𝟏, 𝟎𝟎 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎/𝒄𝒎𝟐 . O solo de Natal é
predominantemente arenoso (com cerca de 95 % de areia quartzosa), de tal forma que, o
coeficiente de recalque adotado refere-se a solo arenoso medianamente compacta.

3.7 Espelhamento da Placa radier


Depois de ter idealizado o modelo estrutural apresentado na Figura 3.4, tal como
dimensões da placa radier, carregamentos (advindo dos carregamentos lineares da
infraestrutura) e inserção de um conjunto de molas para simular o comportamento do solo
conforme ilustrado na Figura 3.5. Procedeu-se a espelhar a estrutura, por onde, a placa radier é
composto por 12.560 𝑛ó𝑠 e 6.068 𝑒𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎𝑠. A Figura 3.6 ilustra o radier
discretizado.

43
Figura 3.6: Ilustração da placa radier espelhada

Autor (2021)

Ao espelhar-se as placas, deparou-se num erro, no qual, os eixos locais das placas
espelhadas não convergiam com as placas de referências conforme ilustrado na Figura 3.7, de
fato, os esforços interno entre as ambas as partes não apresentavam ter um comportamento
simétrico. Portanto, para resolver isso foi preciso corrigir o sentido dos eixos locais das placas
espelhadas para mesma direção com as de referência.
Figura 3.7: Ilustração da corte das placas com eixos locais

Fonte: Autor (2021)

44
3.8 MODELOS ADOTADOS PARA DIMENSIONAMENTOS
Nesta sessão apresenta uma discussão referente à representação dos resultados de
dimensionamentos manuais elaborados para radiers em concreto armado (RCA) e em concreto
protendido (RCP) I e II para o presente estudo. Inicialmente, será realizado a modelagem
estrutural da fundação dos radiers com uma espessura de 16 cm para todos, obtendo assim, uma
(1) superestrutura de concreto armado nomeada RCA com 𝑓𝑐𝑘 = 25 𝑀𝑝𝑎 e duas (2)
superestruturas de concreto protendido nomeadas respectivamente RCP I (com força de
protensão de um cabo de 150 𝑘𝑁, distribuído a cada 60 cm na placa) e RCP II (com força de
protensão 300 𝑘𝑁, sendo, 2 cabos de 150 kN distribuídos a cada 60 cm na placa) com 𝑓𝑐𝑘 =
30 𝑀𝑃𝑎. Posteriormente, em razão da distribuição irregular dos esforços na fundação, foi
adotado a aplicação de protensão centrada (sem excentricidade) com cabos retos e centrados no
meio da placa para RCP I e II. Por fim, a partir dos esforços internos da laje apoiada no solo,
procedera-se aos dimensionamentos das armaduras passivas dos radiers em estudo, obtendo os
seguintes modelos estruturais:
• Modelo estrutural do radier em concreto armado (RCA);
• Modelo estrutura do radier em concreto protendido I (com 𝐹𝑃 = 150 𝑘𝑁) (RCP I);
• Modelo estrutura do radier em concreto protendido II (com 𝐹𝑃 = 300 𝑘𝑁) (2 cabos de
150 kN) (RCP II).

Para cada modelos estruturais dos radiers em concreto protendido (RCP I e RCP II),
os cálculos de armaduras passivas mínimas, foram realizados segundo as exigências da NBR
6118/2014 e da ACI 31/2011. Na busca de realizar comparações refinados de consumos dos
materiais, a análise quantitativa dos materiais sucedeu conforme as recomendações da norma
Brasileira e Americana, resultando os seguintes modelos quantitativos:
• Segundo a NBR 6118/2014:
✓ Quantitativos do radier em concreto protendido I segundo a norma Brasileira
(RCP.I/NB);
✓ Quantitativos do radier em concreto protendido II segundo a norma Brasileira
(RCP.II/NB).
• Segundo a ACI 31/2011:
✓ Quantitativos do radier em concreto protendido I segundo a norma Americana
(RCP.I/ACI);
✓ Quantitativos do radier em concreto protendido II segundo norma Americana
(RCP.II/ACI).

45
A Tabela 3.1 apresenta o resumo dos modelos estruturais e quantitativos do trabalho
adotados na análise.
Tabela 3.1: Resumo dos modelos adotados para análise

Modelo Estrutural Modelo Quantitativos


TIPO RADIER Força
Espessura Fck NBR
Sigla Protensão ACI 31/2011
(cm) (MPa) 6118/2014
(kN)
Concreto Armado RCA 16 25 - RCA/NB -
RCP I 16 30 150 RCP.I/NB RCP.I/ACI
Concreto Protendido
RCP II 16 30 2 x 150 RCP.II/NB RCP.II/ACI
Fonte: Autor (2021)

3.9 RADIER EM CONCRETO ARMADO (RCA)


3.9.1 Propriedades dos materiais

a. Concreto

O concreto utilizado para a modelagem foi o concreto C25. Para os demais características
foram:

• Massa especifica do concreto armado (𝜌): 2.500 𝑘𝑔𝑓/𝑚3 ;


• Coeficiente de dilatação térmica (𝐴): 10−5 /°𝐶;
• Coeficiente de Poisson (𝑣): 0,2;
• Resistencia à compressão do concreto (𝑓𝑐𝑘,28 ): 25 𝑀𝑃𝑎;
• Modulo de Elasticidade (𝐸𝑐𝑠 ): 23.500 𝑀𝑃𝑎.
b. Aço

Foi usado o Aço CA-50 com os seguintes valores definidos pelas NBR 6118/2014 e
NBR 7480/2007:
• Massa especifica do aço armadura passiva (𝜌𝑠 ): 7.850 𝑘𝑔/𝑚3 ;
• Coeficiente de dilatação térmica (𝐴): 10−5 /°𝐶;
• Modulo de elasticidade (𝐸): 210𝐺𝑃𝑎
• Resistencia característica de escoamento (𝑓𝑦𝑘 ): 500𝑀𝑃𝑎

• Limite de resistência a tração (𝑓𝑦𝑘 ): 540𝑀𝑃𝑎.

46
c. Classe de agressividade

De acordo com a NBR 6118-2014, item 6.4 e tabela 6.1, foi considerada classe
de agressividade tipo II.

3.9.2 Espessura da Laje

A espessura da laje radier está diretamente ligado aos carregamentos advindos da


infraestrutura que a fundação suporta, dos deslocamentos verticais (recalques) e das pressões
no solo. As cargas precisam ser repartidas no radier de modo a gerar uma pressão uniforme no
solo sobre qual a edificação se apoia para minimizar os efeitos de recalques na estrutura ou a
pressão no solo (CIBULSKI, 2016). Portanto, foi adotado uma espessura mínima exigida pela
NBR 6118/2014 de 16 cm para o estudo do radier em concreto armado.

3.9.3 Procedimento geral de dimensionamento

No ato de dimensionamento de um projeto estrutural, a NBR 6122/2019 recomenda


que o calculista deve assegurar a segurança da estrutura quanto ao estado-limite último (ELU)
e ao estado-limite de serviço (ELS). O estado limite último refere-se aos mecanismos que levam
ao colapso da fundação, este normalmente não controla o dimensionamento, pois os
carregamentos devem ser limitados para manter os recalques diferenciais e totais dentro dos
limites estabelecidos no em projeto. Enquanto, o estado-limite de serviço refere-se à
deformação da estrutura, aparecimento de fissuras, e outras patologias relacionadas ao
comprometimento da obra quanto ao uso. O ELS no projeto de fundações é em termos de
comparação entre os recalques totais, diferenciais previstos e o deslocamento admissível. Assim
sendo, as tensões admissíveis podem ser estimadas a partir das tensões últimas fazendo uso de
fatores de segurança para manter os recalques em níveis aceitáveis.

3.9.4 Combinações de carga

Foi utilizado a combinação tipo normal do estado-limite últimos, segundo a NBR


8681/2004 baseado na seguinte equação:

𝑭𝒅 = 𝜸𝒈 𝑭𝒈𝒌 + 𝜸𝜺𝒈 𝑭𝜺𝒈 + 𝜸𝒒 (𝑭𝒒𝟏𝒌 + ∑ 𝟎𝒋 𝑭𝒒𝒋𝒌 ) + 𝜸𝜺𝒒 𝟎𝜺 𝑭𝜺𝒈𝒌 (3.1)

Onde:
𝐹𝑑 : valor de cálculo das ações para combinação última;
𝐹𝑔𝑘 : ações permanentes diretas;
𝐹𝜀𝑔𝑘 : ações indiretas permanente, como a retração 𝐹𝑒𝑔𝑘 e variáveis como a temperatura

47
𝛾𝑔 , 𝛾𝜀𝑔 , 𝛾𝑞 , 𝛾𝜀𝑞 : coeficientes parciais de segurança das ações permanentes, dado por
tabelas;
0𝑗 ; 0𝜀 : coeficientes parciais de segurança da ação de pré-esforço, dados por tabelas.
Portanto as combinações utilizadas no trabalho são:
• Estado Limite Último (ELU)

𝑭𝒅 = 𝟏, 𝟒𝑮 + 𝟏, 𝟒𝑮𝑷 + 𝟏, 𝟒 𝑸𝒂 (3.2)

• Estado Limite de Serviço (ELS)

𝑭𝒅 = 𝟏, 𝟒𝑮 + 𝟏, 𝟒𝑮𝑷 + 𝟏, 𝟒 𝑸𝒂 (3.3)
Onde:
G: peso próprio;
GP: carga permanente;
Qa: sobrecarga adicional

3.9.5 Obtenção dos esforços internos

Após o lançamento de todos os carregamentos lineares provenientes da infraestrutura


e distribuídas da laje térrea que descarregam esses esforços na placa radier apoiada em cima de
um conjunto de camada de mola no programa SAP2000 V20.2, que por sua vez, procederá a
realização de cálculos computacionais dentre dos quais serão obtidos seguintes esforços:
• os deslocamentos verticais da laje;

• os momentos fletores e;

• os esforços cortantes.

De Figura 3.8 até Figura 3.16 apresentam os principais esforços internos obtidos pelo
SAP 200, V20.2.

48
Deslocamentos Verticais da laje no ELU

Figura 3.8: Ilustração dos deslocamentos verticais no ELU (em mm)

Fonte: Autor (2021)


Figura 3.9: Ilustração 3D dos efeitos de deslocamentos verticais no ELU

Fonte: Autor (2021)

49
Momento Fletores no ELU

Figura 3.10: Ilustração dos momentos fletores em x no ELU (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)

Fonte: Autor (2021)

Figura 3.11: Ilustração dos momentos fletores em y no ELU (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)

Fonte: Autor (2021)

50
Momento Fletores no ELS

Figura 3.12: Ilustração dos momentos fletores em x no ELS (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)

Fonte: Autor (2021)

Figura 3.13: Ilustração dos momentos fletores em y no ELS (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)

Fonte: Autor (2021)

51
Tensões atuantes no ELU
Figura 3.14: Ilustração das tensões em x no ELU (em 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐 )

Fonte: Autor (2021)


Figura 3.15: Ilustração das tensões em y no ELU (em 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐 )

Fonte: Autor (2021)

52
Esforço cortante no ELS

Figura 3.16: Ilustração dos esforços cortantes no ELS (𝒌𝑵/𝒎)

Fonte: Autor (2021)

3.9.6 Dimensionamento das armaduras longitudinal

1. Determinação da tensão limite do solo

Primeiramente, determina-se a tensão máxima média que o solo pode suportar para
essa edificação.
𝑭 𝟏𝟐𝟑𝟕,𝟔𝟏 𝒌𝑵 (3.4)
𝝈𝒓𝒂𝒅𝒊𝒆𝒓 = 𝑨 𝒎𝒂𝒙 = (𝟑𝟎 𝒙 𝟑𝟎)𝒄𝒎𝟐 = 𝟏, 𝟑𝟕𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐
𝒎𝒂𝒍𝒉𝒂

Assim sendo, adota-se a tensão admissível 𝜎𝑎𝑑𝑚 = 𝟏, 𝟑𝟕𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐

2. Dimensionamento das armaduras Longitudinais do RCA


g. Armadura positiva na direção x

▪ Momento Fletor positivo na direção x:

𝑀𝑑,𝑥 = 22,568 𝑘𝑁𝑐𝑚/𝑚 = 2256,8 𝑘𝑔𝑓𝑐𝑚/𝑚

▪ Determinação do coeficiente 𝑘𝑐

Cobrimento (c): c =3,0 cm

53
∅ 𝟎, 𝟖 (3.5)
𝒅𝒂𝒅𝒐𝒕𝒂𝒅𝒐 = 𝒅 − 𝒄 − = 𝟏𝟔 − 𝟑, 𝟎 − = 𝟏𝟐, 𝟔𝟎 𝒄𝒎
𝟐 𝟐

𝒃𝒘 . 𝒅𝟐 𝟏𝟎𝟎 𝒙 𝟏𝟐, 𝟔𝟎𝟐


𝒌𝒄 = = = 𝟕, 𝟎𝟑𝟓
𝑴𝒅,𝒙 𝟐𝟐𝟓𝟔, 𝟖 (3.6)

Sabendo que o concreto é C25, o aço (CA-50) e com valor do 𝑘𝑐 conhecido, a partir
Tabela 1.1 em anexo 1, obtém-se o valor de 𝑘𝑠 :
𝑘𝑠 = 0,024

▪ Cálculo das armaduras:

𝑨𝒔 𝒙 𝒅 𝑴𝒅,𝒙 𝒙 𝒌𝒔 𝟐𝟐𝟓𝟔,𝟖 𝒙 𝟎,𝟎𝟐𝟒 (3.7)


𝒌𝒔 = → 𝑨𝒔 = = = 𝟒, 𝟐𝟗 𝒄𝒎𝟐 /𝒎
𝑴𝒅,𝒙 𝒅 𝟏𝟐,𝟔

Com o auxílio da tabela 1.4a em anexo 2, obtém-se:

𝟖∅𝒎𝒎 /𝒄 𝟏𝟎 𝒄𝒎

𝑨𝒔,𝒆𝒇 = 𝟓, 𝟎𝟑 𝒄𝒎𝟐 /𝒎

h. Armadura negativa na direção x

▪ Momento Fletor negativo na direção x:

𝑀𝑑,𝑥− = 14,50 𝑘𝑁𝑚/𝑚 = 1450,00 𝑘𝑁𝑐𝑚/𝑚

▪ Determinação do coeficiente 𝑘𝑐

Cobrimento (c): c =3,0 cm

∅ 𝟎, 𝟖 (3.8)
𝒅𝒂𝒅𝒐𝒕𝒂𝒅𝒐 = 𝒅 − 𝒄 − = 𝟏𝟔 − 𝟑, 𝟎 − = 𝟏𝟐, 𝟔𝟎 𝒄𝒎
𝟐 𝟐

𝒃𝒘 . 𝒅𝟐 𝟏𝟎𝟎 𝒙 𝟏𝟐, 𝟔𝟎𝟐


𝒌𝒄 = = = 𝟏𝟎, 𝟗𝟒𝟖
𝑴𝒅,𝒙 𝟏𝟒𝟓𝟎 (3.9)

Sabendo que o concreto é C25, o aço (CA-50) e com valor do 𝑘𝑐 conhecido, a partir
Tabela 1.1 em anexo 1, obtém-se o valor de 𝑘𝑠 :
𝑘𝑠 = 0,024

54
▪ Cálculo das armaduras:

𝐴𝑠 𝑥 𝑑 𝑀𝑑,𝑥 𝑥 𝑘𝑠 1450𝑥 0,024 (3.10)


𝑘𝑐 = → 𝐴𝑠 = = = 2,76 𝑐𝑚2 /𝑚
𝑀𝑑,𝑥 𝑑 12,60

Com o auxílio da tabela 1.4a em anexo 2, obtém-se:

𝟖∅𝒎𝒎 /𝒄 𝟐𝟎 𝒄𝒎

i. Armadura positiva na direção y

▪ Momento Fletor positivo na direção y:

𝑀𝑑,𝑦 = 21,50𝑘𝑁𝑚/𝑚 = 2150 𝑘𝑔𝑓𝑐𝑚/𝑚

▪ Determinação do coeficiente 𝑘𝑐

Cobrimento (c): c =3,0 cm

∅ 𝟎, 𝟖 (3.11)
𝒅𝒂𝒅𝒐𝒕𝒂𝒅𝒐 = 𝒅 − 𝒄 − ∅ − = 𝟏𝟔 − 𝟑, 𝟎 − 𝟎, 𝟖 − = 𝟏𝟏, 𝟖𝟎 𝒄𝒎
𝟐 𝟐

𝒃𝒘 . 𝒅𝟐 𝟏𝟎𝟎 𝒙 𝟏𝟏, 𝟖𝟎𝟐


𝒌𝒄 = = = 𝟔, 𝟒𝟕
𝑴𝒅,𝒙 𝟐𝟏𝟓𝟎 (3.12)

Sabendo que o concreto é C25, o aço (CA-50) e com valor do 𝑘𝑐 conhecido, a partir
Tabela 1.1 em anexo 1, obtém-se o valor de 𝑘𝑠 :

𝑘𝑠 = 0,024

▪ Cálculo das armaduras:

𝑨𝒔 𝒙 𝒅 𝑴𝒅,𝒙 𝒙 𝒌𝒔 𝟐𝟏𝟓𝟎𝒙 𝟎,𝟎𝟐𝟒 (3.13)


𝒌𝒔 = → 𝑨𝒔 = = = 𝟒, 𝟑𝟕 𝒎𝟐 /𝒎
𝑴𝒅,𝒙 𝒅 𝟏𝟏,𝟖𝟎

Com o auxílio da tabela 1.4a em anexo 2, obtém-se:

𝟖∅𝒎𝒎 /𝒄 𝟏𝟎, 𝟎

𝑨𝒔,𝒆𝒇 = 𝟓, 𝟎𝟑 𝒄𝒎𝟐 /𝒎

j. Armadura negativa na direção y

55
▪ Momento Fletor negativo na direção y:

𝑀𝑑𝑚𝑒𝑑,𝑥 = 13,50 𝑘𝑁𝑚/𝑚 = 1350,00 𝑘𝑔𝑓𝑐𝑚/𝑚

▪ Determinação do coeficiente 𝑘𝑐

Cobrimento (c): c =3cm

∅ 𝟎, 𝟖 (3.14)
𝒅𝒂𝒅𝒐𝒕𝒂𝒅𝒐 = 𝒅 − 𝒄 − ∅ − = 𝟏𝟔 − 𝟑, 𝟎 − 𝟎, 𝟖 − = 𝟏𝟏, 𝟖𝟎 𝒄𝒎
𝟐 𝟐

𝒃𝒘 . 𝒅𝟐 𝟏𝟎𝟎 𝒙 𝟏𝟏, 𝟖𝟎𝟐


𝒌𝒄 = = = 𝟖, 𝟔𝟒
𝑴𝒅,𝒙 𝟏𝟑𝟓𝟎, 𝟎𝟎 (3.15)

Sabendo que o concreto é C25, o aço (CA-50) e com valor do 𝑘𝑐 conhecido, a partir Tabela
1.1 em anexo 1, obtém-se o valor de 𝑘𝑠 :

𝑘𝑠 = 0,024

▪ Cálculo das armaduras:

𝑨𝒔 𝒙 𝒅 𝑴𝒅,𝒙 𝒙 𝒌𝒔 𝟏𝟑𝟓𝟎 𝒙 𝟎,𝟎𝟐𝟒 (3.16)


𝒌𝒔 = → 𝑨𝒔 = =
𝑴𝒅,𝒙 𝒅 𝟏𝟏,𝟖𝟎

𝐴𝑠 = 2,74 𝑐𝑚2 /𝑚

Com o auxílio da tabela 1.4a em anexo 2, obtém-se:

𝟖∅𝒎𝒎 /𝒄 𝟐𝟎, 𝟎

Na Tabela 3.2 consta o resumo das áreas de armadura encontradas.

Tabela 3.2:Quadro de resumo das áreas de armaduras passivas/ RCA

Dimensionamento das armaduras passivas


Região Md,x Md,y kc,x kc,y ks,x ks,y As,x As,y
Positivo 2256,8 2150 8,075594 8,476744 0,024 0,024 4,01 3,82
Negativo 1450 1350 12,56897 13,5 0,024 0,025 2,58 2,50
Fonte: Autor (2021)

56
❖ Verificação dos estados limites em serviço para RCA
As verificações dos estados limites de serviço de formação de fissuras e deformação
excessiva serão feitas momento fletor positivo na direção x, visto que esta apresenta momento
fletor significativo.
𝑴𝒅𝒎𝒆𝒅,𝒙 = 𝟏𝟓, 𝟓 𝒌𝑵/𝒎 (3.17)

❖ Verificação de formação de fissuras

A verificação de abertura de fissuras será feita por meio da comparação do momento


em serviço tendo como limites máximas os momentos fletores usados para o dimensionamento
das armaduras. O cálculo do momento de fissuração é dado por:
𝜶𝒇𝒄𝒕 𝑰𝒄 (3.18)
𝑴𝒓 =
𝒚𝒕

𝛼 = 1,5 (para seção retangular)

𝑓𝑐𝑡 = 𝑓𝑐𝑡𝑚

𝒃𝒉𝟑 (3.19)
𝑰𝒄 =
𝟏𝟐

𝒉 (3.20)
𝒚𝒕 =
𝟐
𝟑 (3.21)
𝒇𝒄𝒕𝒎 = 𝟎, 𝟑𝟗𝒙 √𝟐𝟓𝟐 = 𝟑, 𝟑𝟑𝟒 𝒎𝑷𝒂

100𝑥163
𝐼𝑐 = = 34.133,33𝑐𝑚4
12

16
𝑦𝑡 = = 8,00 𝑐𝑚
2

1,5𝑥0,334𝑥34.133,33
𝑚𝑟 = = 2.134,05 𝑘𝑁. 𝑐𝑚 = 21,384 𝑘𝑁𝑚
8,00

𝒎𝒂 = 𝟏𝟓, 𝟓𝟎 𝒌𝑵𝒎/𝒎 ≤ 𝒎𝒓 = 𝟐𝟏, 𝟑𝟖𝟒 𝒌𝑵𝒎/𝒎

Portanto, o concreto não fissurou.


➢ Verificação a cortante

A NBR 6118, recomenda proceder a uma verificação aos esforços cortantes no caso
das lajes maciças para certificar se as tensões de cisalhamento não ultrapassam o limite a ponto
de prescindir das armaduras transversais.
𝑽𝑺𝒅 ≤ 𝑽𝑹𝒅𝟏 (3.22)

57
Onde:
𝑉𝑆𝑑 : Força cortante solicitante de cálculo
𝑉𝑅𝑑 :Força cortante resistente de cálculo relativa a elementos sem armadura
para força cortante.
O valor máximo de força cortante apresentado no radier corresponde a: 𝑉𝑠𝑑 =
48,5 𝑘𝑁/𝑚, a seguir apresenta-se o cálculo da força cortante resistente de projeto para
elementos sem armadura transversal, a fim de averiguar a relação: 𝑉𝑆𝑑 ≤ 𝑉𝑅𝑑1
𝑽𝑹𝒅𝟏 = [𝝉𝑹𝒅 . 𝒌 . (𝟏, 𝟐 + 𝟒𝟎𝝆𝟏 ) + 𝟎, 𝟏𝟓𝝈𝒄𝒑 ]. 𝒃𝒘 . 𝒅 (3.23)

𝟎, 𝟕. 𝒇𝒄𝒕𝒎
𝝉𝑹𝒅 = 𝟎, 𝟐𝟓. 𝒇𝒄𝒕𝒅 = 𝟎, 𝟐𝟓
𝜸𝒄 (3.24)

𝟑
𝒇𝒄𝒕𝒎 = 𝟎, 𝟑𝟎𝒙 √𝒇𝒄𝒌 𝟐 (3.25)

𝑨𝒔𝟏
𝝆𝟏 =
𝒃𝒘 . 𝒅 (3.26)

Onde:
τRd : tensão resistente de cálculo ao cisalhamento
k = |1,6 − d|;
σcp :Tensão normal na seção;
bw : Largura mínima
d:Altura útil
fctm : resistência característica a tração
Considerando: 𝑏𝑤 = 100𝑐𝑚; 𝑑 = 14 𝑐𝑚;

Tem-se:

𝟑
𝟎, 𝟕 𝒙𝟎, 𝟑𝟎 √𝟐𝟓𝟐 (3.27)
𝝉𝑹𝒅 = 𝟎, 𝟐𝟓 = 𝟎, 𝟎𝟑𝟐𝟏 𝒌𝑵/𝒎𝟐
𝟏, 𝟒

𝒌 = |𝟏, 𝟔 − 𝒅| = |𝟏, 𝟔 − 𝟎, 𝟏𝟒| = 𝟏, 𝟒𝟔 𝒎


(3.28)

𝑨𝒔𝟏 𝟏𝟖, 𝟑𝟎
𝝆𝟏 = = = 𝟎, 𝟎𝟏𝟑𝟏 (3.29)
𝒃𝒘 . 𝒅 𝟏𝟎𝟎 . 𝟏𝟒

58
𝑽𝑹𝒅𝟏 = [𝟎, 𝟎𝟑𝟐𝟏 𝒙 𝟏, 𝟒𝟔 . (𝟏, 𝟐 + 𝟒𝟎 𝒙 𝟎, 𝟎𝟏𝟑𝟏) + 𝟎, 𝟏𝟓𝝈𝒄𝒑 ] 𝒙 𝟏𝟎𝟎 𝒙 𝟏𝟒
(3.30)
= 𝟏𝟏𝟑, 𝟏𝟐 𝒌𝑵/𝒎

Portanto,
𝑽𝑺𝒅 = 𝟒𝟖, 𝟓𝟎 𝒌𝑵/𝒎 ≤ 𝑽𝑹𝒅𝟏 = 𝟏𝟏𝟑, 𝟏𝟐 𝒌𝑵/𝒎

Portanto, não necessita de armaduras transversais


❖ Detalhamento das armaduras passivas do Radier em concreto armado (RCA)

A Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta os quantitativos do modelo 1 p


ara radier em concreto armado.

Tabela 3.3: Quantidade de armadura para radier em concreto armado (RCA)


RCA
RESUMO AÇO PARA RADIER EM CA
Ø Aço Comprimento Total (m) Peso Un. Peso Total

8 CA-50 10696,47 0,395 4.225,11

TOTAL + 10% 4647,62


Fonte: Autor (2021)

3.10 RADIER EM CONCRETO PROTENDIDO I (RCP I)


3.10.1 Propriedades dos materiais

a. Concreto

O concreto utilizado para a modelagem foi o concreto C30. Para os demais características
foram:

• Massa especifica do concreto armado (𝜌): 2.500 𝑘𝑔𝑓/𝑚3;

• Coeficiente de dilatação térmica (𝐴): 10−5 /°𝐶;

• Coeficiente de Poisson (𝑣): 0,2;

• Resistencia à compressão do concreto (𝑓𝑐𝑘,28 ): 30 𝑀𝑃𝑎;

• Modulo de Elasticidade

➢ Inicial aos 28 dias:

𝐄𝐜𝐢 = 𝛂𝐄 . 𝟓𝟔𝟎𝟎. √𝐟𝐜𝐤 = 𝟏. 𝟓𝟔𝟎𝟎. √𝟑𝟎 => 𝑬𝒄𝒊 = 𝟑𝟎. 𝟔𝟕𝟐, 𝟓𝟎 𝑴𝑷𝒂 (3.31)

➢ Secante aos 28 dias:

59
𝐄𝐜𝐬 = 𝛂𝐢 . 𝐄𝐜𝐢 = 𝟎, 𝟖𝟕𝟓 𝐱 𝟑𝟎. 𝟔𝟕𝟐, 𝟓𝟎 => 𝐄𝐜𝐬 = 𝟐𝟔. 𝟖𝟑𝟖, 𝟒𝟒 𝐌𝐏𝐚 (3.32)

Seja:

fck
αi = 0,8 + 0,2. = 0,8 + 0,2.30/80 = 0,875 ≤ 1,0
80

b. Aço

• Armadura ativa:

Monocordoalhas engraxadas – CP 190 RB

• Diâmetro nominal: ϕ12.7mm

• Área nominal: 𝐴𝑝 = 99 𝑚𝑚2 = 99 𝑥 10−6 𝑚2

• Módulo de elasticidade: 𝐸𝑝 = 200.000 𝑀𝑃𝑎

• Resistência característica à ruptura por tração do aço:

𝑭𝒑𝒕𝒌 𝟏𝟖𝟕. 𝟏𝟎𝟑 (3.33)


𝒇𝒑𝒕𝒌 = = = 𝟏, 𝟖𝟗. 𝟏𝟎𝟗 𝑵/𝒎² ⇒ 𝒇𝒑𝒕𝒌 = 𝟏𝟖𝟗𝟎 𝑴𝑷𝒂
𝑨𝒑 𝟗𝟗. 𝟏𝟎−𝟔
Limite de escoamento convencional, correspondente à deformação residual:

𝐹𝑝𝑦𝑘 169.103 (3.34)


𝑓𝑝𝑦𝑘 = = = 1,71.109 𝑵/𝒎² ⇒ 𝒇𝒑𝒚𝒌 = 𝟏𝟕𝟏𝟎 𝑴𝑷𝐚
𝐴𝑝 99.10−6

• Armadura Passiva

O Aço CA-50 está em conformidade com as propriedades do item 3.7.1.2

c. Classe de agressividade

De acordo com a NBR 6118-2019, item 6.4 e tabela 6.1, foi considerada classe
de agressividade tipo II.

d. Grau de protensão

Considerando a classe de agressividade tipo II, o grau de protensão será parcial.

60
3.10.2 Dimensionamento da superestrutura II em radier protendido

3.10.2.1 Tensão na armadura de protensão na saída do aparelho de tração

A protensão a ser aplicada no radier será do tipo pós tração para o caso de cordoalhas
engraxadas com classe de relaxação baixa.
𝜎𝑝𝑖 ≤ 0,80𝑓𝑝𝑡𝑘 = 1512,0 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑝𝑖 ≤ 0,88𝑓𝑝𝑦𝑘 = 1504,8 𝑀𝑃𝑎

𝑃𝑖 = 𝜎𝑝𝑖 . 𝐴𝑃,𝑐𝑜𝑟𝑑 = 1504,8 𝑥 99. 10−6 = 148,98 𝑘𝑁

𝑷𝒊 ≅ 𝟏𝟓𝟎 𝑲𝑵

3.10.2.2 Espessura da Laje

A espessura adotada foi igual ao de caso anterior do radier em concreto armado: 𝑒 =


16 𝑐𝑚.

3.10.2.3 Determinação da perda de força de protensão nas monocordoalhas


engraxadas

De acordo com o item 2.6.3 deste trabalho, o cálculo da perda de protensão requer a
consideração das parcelas de perdas de protensão devidas ao encurtamento elástico do concreto,
a fluência do concreto, a retração do concreto, a relaxação dos cabos e do atrito do subleito.
Porém, em decorrência dos esforços atuantes no radier não apresentarem um comportamento
uniforme, que de fato geraria o traçado de cabos diferente para cada trechos, resolveu-se adotar
a perda de protensão comercial de 20% nos cabos.

3.10.2.4 Inserção das Monocordoalhas no Radier

Para inserção da monocordolhas no radier, se deu de forma centrada e reto na peça,


cujo, foi reaproveitado a superestrutura desde a discretização das malhas, passando pela
aplicação de todas as cargas tanto permanente como variáveis, até a aplicação dos coeficientes
do recalque no Software SAP2000.
As propriedades das monocordoalhas engraxadas no SAP2000 seguiram todas
as especificações conforme estabelecidas no trabalho. A protensão será do tipo centrado com
cabos retos com espaçamento a cada 60 nas direções x e y.

61
3.10.2.5 Disposição dos cabos em planta

Os cabos foram distribuídos uniformemente na placa radier tanto na direção x como


na direção y, sendo:
𝑆𝑥 = 28 𝑎 30 𝑐𝑚
• Direção X: {
𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙: 42 𝑐𝑜𝑟𝑑𝑜𝑎𝑙ℎ𝑎𝑠

𝑆𝑦 = 28 𝑎 30 𝑐𝑚
• Direção Y: {
𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙: 65 𝑐𝑜𝑟𝑑𝑜𝑎𝑙ℎ𝑎𝑠

A Figura 3.17 apresenta a disposição dos cabos em planta

Figura 3.17: Ilustração da disposição das monocordoalhas em planta

Fonte: Autor (2021)

3.10.2.6 Verificação das tensões de compressão média

A NBR 6118:2014 exige uma tensão de compressão média mínima maior ou igual a 1
MPa na seção transversal da laje, após considerar todas as perdas de protensão. O objetivo desta
tensão de compressão é garantir o desempenho da estrutura no ELS, uma quantidade mínima
de armadura nas regiões a norma não a especifica.
Para direção x:

𝑃(𝑡 = ∞) 120 .10−3 (3.35)


𝜎𝑚é𝑑 = 𝑛. = 26. = 1,25 𝑀𝑃𝑎 > 1𝑀𝑃𝑎 (𝑂𝐾!)
𝐿𝑥. ℎ 15,60 𝑥 0,16
Para direção Y:

𝑃(𝑡 = ∞) 120.10−3 (3.36)


𝜎𝑚é𝑑 = 𝑛. = 66. = 1,29 𝑀𝑃𝑎 > 1𝑀𝑃𝑎 (𝑂𝐾!)
𝐿𝑦. ℎ 38,32.0,16

62
3.10.2.7 Combinações das ações

Para as combinações das ações utilizadas para radier protendido, levaram-se em conta
os efeitos mais desfavoráveis que poderiam ocorrer na estrutura conformemente recomendado
pela NBR 6118/2019.
a. Combinação 1:Momento fletor no ato da protensão

𝑀𝐴𝑡𝑜𝑃𝑟𝑜 = 𝑀𝑔1 + 𝛾𝑝 . 𝑀𝑢𝑝,0

Onde:

𝑀𝐴𝑡𝑜𝑃𝑟𝑜 : momento fletor no ato da protensão;

𝑀𝑔1 : momento fletor devido ao peso próprio;

𝛾𝑝 : o coeficiente de ponderação para pós-tração.

𝑀𝑢𝑝,0: Momento fletor devido a protensão

Seja: 𝛾𝑝 = 1,1 Combinação 2: Verificação da fissuração (ELS-W) – Combinação frequente

𝑀𝐹 = 𝑀𝑔1 + 𝑀𝑔2+𝑔3+𝑔4 + 𝛹1 . 𝑀𝑞 + 𝑀𝑢𝑝,∞

Seja:

𝛹1 = 0,6
𝑀𝑞 : Momento fletor característico devido a carga acidental;
𝑀𝑢𝑝,∞ : momento fletor de protensão no tempo infinito,
b. Combinação 2: Verificação do ELU

𝑀𝐸𝐿𝑈 = 𝑀𝑔1 . 𝛾𝑔 + 𝑀𝑔2 +𝑔3+𝑔4 . 𝛾𝑔 + 𝑀𝑞 . 𝛾𝑞 + 𝑀ℎ𝑖𝑝 . 𝛾𝑝

Seja:

𝑀𝐸𝐿𝑈 : Momento fletor no estudo último


𝑀ℎ𝑖𝑝 : Momento fletor devido a protensão
𝛾𝑔 = 1,4; 𝛾𝑞 = 1,4;
𝛾𝑝 =0,9 para condição favorável;
𝛾𝑝 =1,2 para condição desfavorável.

63
3.10.2.8 Obtenção dos esforços internos

Através do Software SAP2000, foi possível obter seguintes esforços


• os deslocamentos verticais da laje;
• os momentos fletores e;
• os esforços cortantes.
Da Figura 3.18 até a Figura 3.30 ilustram a variação dos esforços internos no radier.

Os deslocamentos no ELU mais desfavorável

Figura 3.18: Ilustração de deslocamento na direção x no ELU mais desfavorável (em mm)

Fonte: Autor (2021)

Figura 3.19: Ilustração dos deslocamentos na direção y no ELU desfavorável (em mm)

Fonte: Autor (2021)

64
Figura 3.20: Ilustração dos deslocamentos verticais no ELU mais desfavorável (em mm)

Fonte: Autor (2021)

Figura 3.21: Ilustração de deslocamento vertical

Fonte: Autor (2021)

65
Tensões atuantes no ELU mais desfavorável

Figura 3.22: Ilustração das tensões em x no ELU mais desfavorável (em 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐 )

Fonte: Autor (2021)

Figura 3.23: Ilustração das tensões em y no ELU mais desfavorável (em 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐 )

Fonte: Autor (2021)

66
ELU no ato da protensão
Figura 3.24: Ilustração dos momentos fletores em x no ELU no Ato da protensão (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)

Fonte: Autor (2021)

Figura 3.25: Ilustração dos momentos fletores em y do ELU no ato da protensão (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)

Fonte: Autor (2021)

67
Combinação frequente

Figura 3.26: Ilustração dos momentos fletores em x combinação frequente (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)

Fonte: Autor (2021)

Figura 3.27: Ilustração dos momentos fletores em y combinação frequente (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)

Autor (2021)

68
ELU mais desfavorável

Figura 3.28: Ilustração dos momentos fletores em x no ELU mais desfavorável (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)

Autor (2021)

Figura 3.29: Ilustração dos momentos fletores em y no ELU mais desfavorável (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)

Fonte: Autor (2021)

69
Esforços cortantes na combinação frequente

Figura 3.30: Ilustração dos esforços cortantes na combinação frequente (em 𝒌𝑵/𝒎)

Fonte: Autor (2021)

3.10.2.9 Dimensionamento da Armadura Longitudinal de Flexão no ELU desfavorável

• Valores máximos de momento positivo e negativo:


Na direção X:
Máximo positivo: 21,50 𝑘𝑁𝑚/𝑚
Máximo negativo: −15,0283 𝑘𝑁𝑚/𝑚
Na direção Y:
Máximo positivo:20,50 𝑘𝑁𝑚/𝑚
Máximo negativo: −12,3882 𝑘𝑁𝑚/𝑚
Adotando o momento máximo positivo na direção x:
𝑀𝑠𝑑 = 21,50 𝑁𝑚/𝑚 = 0,0215 𝑀𝑁𝑚/𝑚
Sabendo que:
𝑏𝑤 = 100𝑐𝑚
𝐴𝑝 = 2𝑥0,99 = 2,00𝑐𝑚2
𝑏𝑤 = 100𝑐𝑚
𝑓𝑐𝑘 = 30𝑀𝑃𝑎
• Cálculo de K6:
𝒅𝒑 = 𝟏𝟔 − 𝟖 = 𝟖 𝒄𝒎 = 𝟎, 𝟎𝟖𝒎 (3.37)

70
𝒃𝒘 . 𝒅𝟐𝒑 𝟏, 𝟎𝟎 𝒙 𝟎, 𝟎𝟖𝟐 (3.38)
𝑲𝟔 = = = 𝟎, 𝟐𝟗𝟖 ≈ 𝟎, 𝟑𝟎
𝑴𝒔𝒅 𝟎, 𝟎𝟐𝟏𝟓
𝛽𝑥 = 0,316
A partir da tabela k6 em anexo 3, tem-se: { 𝛽𝑧 = 0,868
∆𝜀𝑝𝑑 = 7,57 ⁰/₀₀

• Deformação de pré alongamento

𝑃𝑑 = 1,2𝑥2𝑥120 = 288,00𝑘𝑁/𝑚 = 28.800𝑘𝑔𝑓/𝑚


𝑬𝒑 𝟐𝟎𝟎. 𝟎𝟎𝟎 (3.39)
∝𝒑 = = = 𝟕, 𝟒𝟓
𝑬𝒄 𝟐𝟔. 𝟖𝟑𝟖, 𝟒𝟒
𝑷𝒅 𝟐𝟖. 𝟖𝟎𝟎 (3.40)
𝝈𝒄𝒑 = = = 𝟏𝟖, 𝟎𝟎 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐
𝒃𝒘 . 𝒉 𝟏𝟎𝟎. 𝟏𝟔
𝑷𝒏 = 𝑷𝒅 + ∝𝒑 . 𝑨𝒑 . 𝝈𝒄𝒑 = 𝟐𝟖. 𝟖𝟎𝟎 + 𝟕, 𝟒𝟓𝒙𝟐𝒙𝟏𝟖 = 𝟐𝟗. 𝟎𝟔𝟖, 𝟐𝟎 𝒌𝒈𝒇/𝒎 (3.41)
𝑷𝒏 𝟐𝟗. 𝟎𝟔𝟎, 𝟖𝟐 (3.42)
∆𝜺𝒑𝒊 = = = 𝟕, 𝟐𝟔⁰/₀₀
𝑨𝒑 . 𝑬𝒑 𝟐𝒙𝟐𝟎𝟎𝟎𝟎𝟎

• Deformação Total:
𝜺𝒑𝒅 = ∆𝜺𝒑𝒅 + ∆𝜺𝒑𝒊 = 𝟕, 𝟓𝟕 + 𝟕, 𝟐𝟒 = 𝟏𝟒, 𝟓𝟎⁰/₀₀ (3.43)

Com Tabela K6 em anexo 3: 𝜀𝑝𝑑 = 15,50⁰/₀₀ (Aço CP190)


→ 𝜎𝑝𝑑 = 1.524,01 𝑀𝑃𝑎
𝑴𝒔𝒅 . 𝟏𝟎𝟒 (3.44)
𝑵𝒕𝒅 =
𝜷𝒛 . 𝒅𝒑
𝟐𝟏, 𝟓𝟎 (3.45)
𝑵𝒕𝒅 = = 𝟑𝟎𝟗, 𝟔𝟐 𝒌𝑵
𝟎, 𝟖𝟔𝟖. 𝟎, 𝟎𝟖
• Equação final:
𝑨𝒑𝒇 . 𝝈𝒑𝒅 + 𝑨𝒔 . 𝝈𝒔𝒅 = 𝑵𝒕𝒅 (3.46)
50
152,40𝑥2 + 𝐴𝑠 . ( ) = 309,62
1,15
𝑨𝒔 = 𝟎, 𝟏𝟏 𝒄𝒎𝟐 /𝒎
• Armaduras mínimas

A NBR 6118/2014 prescreve para lajes lisas ou cogumelo com armadura ativa
não aderente, uma armadura passiva mínima. A armadura inferior mínima deve atender aos
requisitos da expressão (3.47).
𝝆𝒔 ≥ 𝝆𝒎𝒊𝒏 − 𝟎, 𝟓. 𝝆𝒑 ≥ 𝟎, 𝟓𝝆𝒎𝒊𝒏 (3.47)

Onde:

71
𝑨𝒔 (3.48)
𝝆𝒔 =
𝒃𝒘 𝒉
𝑨𝒑 (3.49)
𝝆𝒑 =
𝒃𝒘 𝒉

𝜌𝑚𝑖𝑛 = 0,15%

Asmin = 0,0015x100x16 = 2,40 cm2 /m ≥ 𝐴𝑠 = 0,11 𝑐𝑚2 /𝑚

Implica, 𝐀 𝐬𝐦𝐢𝐧 = 𝟐, 𝟒𝟎 𝐜𝐦𝟐 /𝐦

❖ Observação: A favor da segurança resolveu-se adotar Asmin = 2,40 cm2 /m, mas
geralmente, nos casos de radier em concreto protendido, pode recorrer ao uso de fator
de redução para reduzir o consumo de armaduras passivas na laje.

Com o auxílio da tabela 1.4a em anexo 2, obtém-se:

→ 𝟖, 𝟎 ∅𝒎𝒎 /𝒄 𝟐𝟎, 𝟎

O ACI 318/2011 prescreve uma armadura mínima na zona das fibras tracionadas
conforme a expressão (3.50).
𝑵𝒄 (3.50)
𝑨𝒔,𝒎𝒊𝒏 =
𝟎, 𝟓. 𝒇𝒚
Onde:
𝑁𝑐 : a força que atua na seção transversal do concreto submetida às tensões de
tração devido ao efeito combinado das cargas de serviço;
𝑓𝑦 : Escoamento do aço, não deve ultrapassar 420 MPa

1350,00 𝑥 10−2
𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = = 0,628 𝑐𝑚2 /𝑚
0,5. 42,0

Asmin = 0,64 cm2 /m ≤ 𝐴𝑠 = 0,11 𝑐𝑚2 /𝑚

Implica, 𝐀 𝐬𝐦𝐢𝐧 = 𝟎, 𝟔𝟒 𝐜𝐦𝟐 /𝐦

Com o auxílio da tabela 1.4a em anexo 2, obtém-se:

→ 5,0 ∅𝑚𝑚 /𝑐 30,0

Quando as tensões de tração no concreto 𝑓𝑟 , não ultrapassarem o valor da expressão


𝑓𝑟 , dispensa-se as armaduras passivas.

72
𝒇𝒓 = 𝟎, 𝟏𝟕√𝒇′𝒄 (3.51)

𝑓𝑟 = 0,17√30 = 0,931𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑡,𝑚𝑒𝑑,𝑚á𝑥 = 1,7 𝑀𝑃𝑎 > 𝑓𝑟 = 0,931𝑀𝑃𝑎

As tensões atuantes máxima de tração do radier é superior ao limite estabelecida pela


ACI, necessitando assim de armadura mínima.
Neste caso, faz-se questão de realizar os quantitativos dos aços segundo
recomendações da NBR 6118/2019 e da ACI 31/2011, respectivamente identificado por
RCP.I/NB e RCP.I/ACI.

3.10.2.10 Verificação dos Estados do Radier em concreto protendido (RCP I)

• Verificação do ELU no ato da protensão

Seja: Idade de protensão: 5 dias e S =0, 25 (Cimento CP-II)

Resistência à compressão do concreto:

𝟐𝟖 𝟏𝟐 𝟐𝟖 𝟏𝟐 (3.52)
𝜷𝟏 = 𝒆(𝟐𝟓(𝟏−( 𝒕 ) )
= 𝒆(𝟎,𝟐𝟓(𝟏−( 𝟓 ) )
= = 𝟎, 𝟕𝟏𝟏

𝐟𝒄𝟓 = 𝜷𝟏 𝐟𝒄𝒌 = 𝟎, 𝟕𝟏𝟏. (−𝟑𝟎) = −𝟐𝟏, 𝟑𝟑 𝐌𝑷𝒂 (3.53)

Resistência à tração média:


𝒇𝒄𝒌,𝟓 = 𝟎, 𝟑. 𝒇𝒄𝟓 𝟐⁄𝟑 = 𝟎, 𝟑. (𝟐𝟏, 𝟑𝟑)𝟐⁄𝟑 = 𝟐, 𝟑𝟏 𝐌𝑷𝒂 (3.54)

Seja:

𝟎, 𝟕𝟎. 𝒇𝒄𝟓 ≤ 𝝈 ≤ 𝟏, 𝟐𝟎. 𝒇𝒄𝒕𝒎,𝟓 (3.55)


𝜎𝑐𝑡,𝑚𝑎𝑥 = 1,20. 𝑓𝑐𝑡𝑚,5 = 1,2. (2,31) = 2,76 𝑀𝑃𝑎

−14,93 𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝜎 ≤ 2,76 𝑀𝑃𝑎

Valores de tensão calculados obedecem ao intervalo acima, logo: está verificado o


estado limite último no ato da protensão. A Figura 3.24 e Figura 3.25 ilustram os valores de
variação dos momentos fletores no ato da protensão em relação às duas direções x e y.

73
3.10.2.11 Verificação da fissuração
Tem -se:

𝐴𝑝𝑓 . 𝜎𝑝𝑑 + 𝐴𝑠 . 𝜎𝑠𝑑 = 𝑁𝑡𝑑 (3.56)

Sabendo que:

𝐴𝑝𝑓 = 2,00 𝑐𝑚2

𝐴𝑠 = 1,07 𝑐𝑚2 /𝑚

𝑵𝑷∞ = 𝟐 𝒙 𝟏𝟎−𝟒 𝒙𝟐𝟎𝟎. 𝟎𝟎𝟎𝒙𝟕, 𝟐𝟔 = 𝟐𝟗𝟎, 𝟎𝟎𝒌𝑵 (3.57)


2
Resistência à tração do concreto: 𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑓 = 1,428.0,7. 𝑓𝑐𝑡,𝑚 = 1,428 𝑥 0,7𝑥0,3 𝑥 303

𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑓 = 2,895 𝑀𝑝𝑎

Tensão máxima de tração:

𝟐𝟗𝟎 𝟏𝟏,𝟎𝟏𝟐𝟓 (3.58)


𝝈𝒕,𝒎á𝒙,𝑪𝑭 = − 𝟎,𝟏𝟔 + 𝟒,𝟐𝟔.𝟏𝟎−𝟑 = −𝟏𝟖𝟏𝟐, 𝟓𝟎 + 𝟐𝟓𝟖𝟏, 𝟎𝟓𝟓 = 𝟕𝟔𝟖, 𝟓𝟔 𝒌𝑵

𝜎𝑡,𝑚á𝑥,𝐶𝐹 = 768,56 𝑘𝑁

768,56 𝑘𝑃𝑎 ≤ 2895,00 𝑘𝑃𝑎

Como 𝜎𝑡,𝑚á𝑥 ≤ 𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 ⇒ estádio I ⇒ ELS-F atendido

O ELS-W está automaticamente atendido na seção, sendo desnecessário o cálculo no


estádio II.

74
3.10.3 Detalhamento das armaduras para concreto protendido (RCP I)
As Tabela 3.4 e Tabela 3.5 apresentam as quantidades de armaduras para os casos,
sendo, com a armadura mínima segundo a NBR 6118/2014 (RCP.I/NB) e ACI 31/2010
(RCP.I/ACI).
Tabela 3.4: Quantidade de armadura para radier em concreto protendido segundo a NBR
RCP.I/NB
RESUMO AÇO PARA RADIER EM CP/120kN
Diâmetro Aço Comprimento Peso Un. Peso Total
Total (m)
1Ø12,7 CP 190 RB 2688,82 0,89 2393,04
8 CA-50 5376,03 0,395 2123,53
TOTAL CP 190 RB + 5% 2632,35
TOTAL CA-50 + 10% 2335,83
Fonte: Autor (2021)

Tabela 3.5:Quantidade de armadura para radier em concreto protendido segundo ACI


RCP.I/ACI
RESUMO AÇO PARA RADIER EM CP/120kN
Diâmetro Aço Comprimento Peso Un. Peso Total
Total (m)
1Ø12,7 CP 190 RB 2688,82 0,89 2393,05
5,0 CA-60 1644,62 0,154 253,27
TOTAL CP 190 RB + 5% 2632,35
TOTAL CA-50 + 10% 278,60
Fonte: Autor (2021)

75
3.11 RADIER CONCRETO PROTENDIDO II (RCP II)

No cálculo desse radier em concreto protendido, resolveu-se manter igual as


propriedades e características adotadas no RCP I, sendo dobrado a força de protensão nas duas
direções para 240 𝑘𝑁.

3.11.1 Esforços internos


Após processamento do modelo 3, gerou -se a laje radier com espessura de 16 cm, para
uma força de protensão de 240 𝑘𝑁 após todas as perdas. Da Figura 3.31 até a Figura 3.42 ilustra
os esforços internos provenientes da placa radier.
Deslocamentos no ELU mais desfavorável
Figura 3.31: Ilustração dos deslocamentos em x no ELU mais desfavorável (em mm)

Fonte: Autor (2021)


Figura 3.32: Ilustração dos deslocamentos em x no ELU mais desfavorável (em mm)

Fonte: Autor (2021)

76
Figura 3.33: Ilustração dos deslocamentos em z (em mm)

Fonte: Autor (2021)

Tensões atuantes no ELU mais desfavorável


Figura 3.34:Ilustração das tensões em x no ELU mais desfavorável (em 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐 )

Fonte: Autor (2021)

77
Figura 3.35: Figura 3.34:Ilustração das tensões em y no ELU mais desfavorável (em 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐 )

Fonte: Autor (2021)

MOMENTOS FLETORES
ELU NO ATO DA PROTENSÃO
Figura 3.36: Ilustração dos momentos fletores em x no ELU ato de protensão (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)

Fonte: Autor (2021)

78
Figura 3.37: Ilustração dos momentos fletores em y no ELU ato de protensão (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)

Fonte: Autor (2021)

Combinação frequente
Figura 3.38: Ilustração dos momentos fletores em x na combinação frequente (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)

Fonte: Autor (2021)

79
Figura 3.39:Ilustração dos momentos fletores em y na combinação frequente (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)

Fonte: Autor (2021)

ELU MAIS DESFAVORAVEL


Figura 3.40: Momentos fletores em x no ELU tempo infinito desfavorável (em 𝒌𝑁𝑚/𝑚)

Fonte: Autor (2021)

80
Figura 3.41: Ilustração dos momentos fletores em y no ELU tempo infinito desfavorável (em
𝒌𝑁𝑚/𝑚)

Fonte: Autor (2021)

Figura 3.42: Ilustração dos esforços cortantes na combinação frequente (em 𝒌𝑵/𝒎)

Fonte: Autor (2021)

81
3.11.2 Dimensionamento da Armadura Longitudinal de Flexão no ELU mais
desfavorável
Valores máximos de momento positivo e negativo:
Na direção X:
Máximo positivo: 19,4514 𝑘𝑁𝑚/𝑚
Máximo negativo: −15,5486 𝑘𝑁𝑚/𝑚
Na direção Y:
Máximo positivo: 19,4514 𝑘𝑁𝑚/𝑚
Máximo negativo: −19,3052𝑘𝑁𝑚/𝑚
Adotando o momento máximo positivo na direção x:
𝑀𝑠𝑑 = 19,4514𝑘𝑁𝑚/𝑚 = 0,0194514 𝑀𝑁𝑚/𝑚
Sabendo que:
𝑏𝑤 = 100𝑐𝑚
𝐴𝑝 = 2𝑥0,99 = 2,00𝑐𝑚2
𝑏𝑤 = 100𝑐𝑚
𝑓𝑐𝑘 = 30𝑀𝑝𝑎
• Cálculo de K6:
𝑑𝑝 = 16 − 8 = 8 𝑐𝑚 = 0,08𝑚
𝒃𝒘 . 𝒅𝟐𝒑 𝟏, 𝟎𝟎 𝒙 𝟎, 𝟎𝟖𝟐 (3.59)
𝑲𝟔 = = = 𝟎, 𝟑𝟐𝟗
𝑴𝒔𝒅 𝟎, 𝟎𝟏𝟗𝟒𝟓𝟏𝟒
𝛽𝑥 = 0,21
Com o valor de K6 na tabela: { 𝛽 𝑧 = 0,907
∆𝜀𝑝𝑑 = 10,00 ⁰/₀₀
• Deformação de pré alongamento

𝑃𝑑 = 1,2𝑥4𝑥120 = 576,00𝑘𝑁/𝑚 = 57.600,00𝑘𝑔𝑓/𝑚


𝑬𝒑 𝟐𝟎𝟎. 𝟎𝟎𝟎 (3.60)
∝𝒑 = = = 𝟕, 𝟒𝟓
𝑬𝒄 𝟐𝟔. 𝟖𝟑𝟖, 𝟒𝟒
𝑷𝒅 𝟓𝟕. 𝟔𝟎𝟎 (3.61)
𝝈𝒄𝒑 = = = 𝟑𝟔, 𝟎𝟎 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐
𝒃𝒘 . 𝒉 𝟏𝟎𝟎. 𝟏𝟔
𝑷𝒏 = 𝑷𝒅 + ∝𝒑 . 𝑨𝒑 . 𝝈𝒄𝒑 = 𝟓𝟕. 𝟔𝟎𝟎 + 𝟕, 𝟒𝟓𝒙𝟒𝒙𝟑𝟔 = 𝟓𝟖. 𝟔𝟕𝟐, 𝟖𝟎 𝒌𝒈𝒇/𝒎 (3.62)

𝑷𝒏 𝟓𝟖. 𝟔𝟕𝟐, 𝟖𝟎 (3.63)


∆𝜺𝒑𝒊 = = = 𝟕, 𝟑𝟑⁰/₀₀
𝑨𝒑 . 𝑬𝒑 𝟒𝒙𝟐𝟎𝟎𝟎𝟎𝟎

82
• Deformação Total:
𝜺𝒑𝒅 = ∆𝜺𝒑𝒅 + ∆𝜺𝒑𝒊 = 𝟏𝟎, 𝟎𝟎 + 𝟕, 𝟑𝟑 = 𝟏𝟕, 𝟑𝟑⁰/₀₀ (3.64)

Tabela K6 com: 𝜀𝑝𝑑 = 17,33⁰/₀₀ (Aço CP190) → 𝜎𝑝𝑑 = 1.536,18 𝑀𝑃𝑎


𝑴𝒔𝒅 . 𝟏𝟎𝟒 (3.65)
𝑵𝒕𝒅 =
𝜷𝒛 . 𝒅𝒑
𝟎, 𝟎𝟏𝟗𝟒𝟓𝟏𝒙𝟏𝟎𝟑 (3.66)
𝑵𝒕𝒅 = = 𝟐𝟔𝟖, 𝟎𝟕 𝒌𝑵
𝟎, 𝟗𝟎𝟕. 𝟎, 𝟎𝟖

• Equação final:

𝑨𝒑𝒇 . 𝝈𝒑𝒅 + 𝑨𝒔 . 𝝈𝒔𝒅 = 𝑵𝒕𝒅 (3.67)


50
153,62𝑥4 + 𝐴𝑠 . ( ) = 268,07 𝑘𝑁
1,15
𝐴𝑠 = (𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜)
Portanto, necessita apenas de armadura miníma.

• Armaduras mínimas

Pela NBR 6118/2014:

𝜌𝑚𝑖𝑛 = 0,0015 𝑏ℎ = 0,0015 𝑥 100 𝑥 16 = 2,40 𝑐𝑚2 /𝑚 (3.68)

𝐀 𝐬𝐦𝐢𝐧 = 𝟐, 𝟒𝟎 𝐜𝐦𝟐 /𝐦

Pela ACI 31/2011:

𝑓𝑟 = 0,17√30 = 0,931𝑀𝑃𝑎 (3.69)

A tensão média de tração atuante no radier é inferior a 𝑓𝑟 = 0,931𝑀𝑝𝑎, não sendo


necessário o uso de armadura mínima.

83
3.11.2.1 Verificação dos estados limites

• Verificação do ELU no ato da protensão

−14,93 𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝜎 ≤ 2,76 𝑀𝑃𝑎

Valores de tensão calculados obedecem ao intervalo acima, logo: está verificado o estado limite
último no ato da protensão. A Figura 3.36 e Figura 3.37 ilustram os valores de variação dos
momentos fletores no ato da protensão em relação às duas direções x e y.

• Verificação da fissuração

Tem -se:

• Somente com armadura ativa

Sabendo que:

𝐴𝑝𝑓 . 153,62 = 268,0733


𝐴𝑝𝑓 = 1,745 𝑐𝑚2 /𝑚
𝑁𝑃∞ = 4 𝑥 10−4 𝑥200.000𝑥7,33 = 586,40𝑘𝑁
2
Resistência à tração do concreto: 𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑓 = 1,428.0,7. 𝑓𝑐𝑡,𝑚 = 1,428 𝑥 0,7𝑥0,3 𝑥 303

𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑓 = 2,895 𝑀𝑝𝑎

• Tensão máxima de tração:

𝟓𝟖𝟔, 𝟒𝟎 𝟏𝟑, 𝟎𝟕𝟖𝟏 (3.70)


𝝈𝒄,𝒎á𝒙,𝑪𝑭 = − +
𝟎, 𝟏𝟔 𝟒, 𝟐𝟔. 𝟏𝟎−𝟑

𝜎𝑐,𝑚á𝑥,𝐶𝐹 = −3665,00 + 3069,97 = 595,0235 𝑘𝑁


𝜎𝑡,𝑚á𝑥,𝐶𝐹 = −595,0235 𝑘𝑁
−595,0235 𝑘𝑃𝑎 ≤ 2.895,00 𝑘𝑃𝑎
Como 𝜎𝑡,𝑚á𝑥 ≤ 𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 ⇒ estádio I ⇒ ELS-F atendido

O ELS-W está automaticamente atendido na seção, sendo desnecessário o cálculo no


estádio II.

84
3.11.3 Detalhamento das armaduras para concreto protendido
A Tabela 3.6 e Tabela 3.7, ilustram respectivamente os quantitativos de armaduras
realizado seguindo a exigências da NBR 6008/2014 (RCP.II/NB) e ACI 318/2011
(RCP.II/ACI).

Tabela 3.6:Quantidade de armadura para radier em concreto protendido segundo a NBR


RCP.II/NB
RESUMO AÇO PARA RADIER EM CP/240kN
Diâmetro Aço Comprimento Peso Un. Peso Total
Total (m)
2Ø12,7 CP 190 RB 5377,64 0,89 4786,10
8 CA-50 5376,03 0,395 2123,53
TOTAL CP 190 RB + 5% 5264,71
TOTAL CA-50 + 10% 2335,89
Fonte: Autor (2021)

Tabela 3.7:Quantidade de armadura para radier em concreto protendido segundo a ACI


RCP.II/ACI
RESUMO AÇO PARA RADIER EM CP/240kN
Diâmetro Aço Comprimento Total Peso Un. Peso Total
(m)

2Ø12,7 CP 190 RB 5377,64 0,89 4786,10


TOTAL CP 190 RB + 5% 5264,71
Fonte: Autor (2021)

85
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Tensão atuantes nos radiers

Uma das vantagens do uso de protensão dentro de uma estrutura é que ela permite
alívio de tensões dentro da estrutura em concreto armado. A partir da Figura 4.1, percebe-se
que no RCA, a tensão de tração média máxima é aproximadamente de 34,99 𝑘𝑔𝑓/𝑐𝑚2. Ao
inserir os efeitos de protensão nas superestruturas RCPI e RCPII, as tensões de tração média
máxima nos radiers são de 21,35 𝑘𝑔𝑓/𝑐𝑚2 e 9,94 𝑘𝑔𝑓/𝑐𝑚2 respectivamente, o que significa
que comparado ao RCA, a protensão no RCPI permitiu uma redução percentual de 38,98%,
enquanto no RCPII foi de 71,59%.
Figura 4.1: Ilustração de gráfico de variação das tensões atuantes versus nós

Gráfico de variação das tensões atuantes versus nós


60
40
20
Tensões (kgf/cm²)

0
-20
-40
-60
-80
-100
-120
-140

RCA RCPI RCPII

Fonte: Autor (2021)

4.2 Deslocamentos

4.2.1 Deslocamentos Horizontais

No que concerne aos modelos estruturais, o RCA não apresentou nenhuma variação
nos deslocamentos horizontais tanto na direção x como na direção y, pelo fato de não haver
nenhum esforço normais significantes atuando na superestrutura da edificação. Em
contrapartida, observou-se nos RCP I e II, a ocorrência de deslocamentos horizontais nas
direções x e y devido aos efeitos de protensão aplicados na estrutura da fundação a fim de aliviar
as tensões trativas atuantes nas peças. Em consequência, o pré-alongamento das armaduras
ativas ocasionou o encurtamento do radier nas duas direções.

86
Na direção x, constatou-se um encurtamento considerável do concreto no RCP II, fato
já esperado, pois, aplicou-se o dobro da força de protensão inserida no RCP I. Conforme
ilustrado no gráfico da Figura 4.2, percebe-se que o deslocamento máximo (encurtamento) no
RCP I é de 2,49 𝑚𝑚, enquanto no RCP II é de 5,72 𝑚𝑚, ou seja, houve um crescimento de
129,72 % de deformação na estrutura.
Figura 4.2: Ilustração do gráfico dos deslocamentos versus nós na direção x

Desl ocamen to h ori n zatai s versu s Nós


RCP I RCP II

7
Deslocamento (mm)

6
5
4
3
2
1
0
0 2000 4000 6000 8000 10000
Nós

Fonte: Autor (2021)

Na direção y, o deslocamento foi também preponderante no RCP II comparado ao RCP


I. O deslocamento máximo do RCP II foi de −2,34 𝑚𝑚, sendo que, RCP I teve menor
deslocamento estimado a − 0,893 𝑚𝑚, sendo, um incremento de 61,84 %. A
Figura 4.3 monstra o gráfico com variação de deslocamentos RCP I e RCP II.
Figura 4.3: Ilustração do gráfico dos deslocamentos versus nós na direção y

Des col amen to em y versu s n ós


RCP I RCP II

0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000
-0,5
Deslocamento (mm)

-1

-1,5

-2

-2,5
Nós

Fonte: Autor (2021)

87
4.2.2 Deslocamento verticais
Neste item, ao analisar os três modelos estruturais, constatou-se que todos os modelos
apresentaram deslocamento vertical de aproximadamente 7,80 𝑚𝑚. A
Figura 4.4 apresenta o gráfico de variação de deslocamentos verticais dos RCA, RCPI
e RCPII.
No que se refere as distribuições de deslocamentos verticais na placa radier conforme
ilustrados nas Figura 3.8, Figura 3.20 e Figura 3.33, pode-se dizer que os recalques são menores
no centro da placa nos três casos, porém, o deslocamento vertical máximo concentra-se nas
bordas do radiers e ao redor do centro da placa radier. Para resolver este pormenor nas bordas,
faz-se uso geralmente de viga de rigidez para enrijecer as bordas ou engrossamento das bordas
no intuito de aliviar o efeito de deslocamento nas bordas do radier.
Figura 4.4: Ilustração do gráfico de variação dos deslocamentos verticais versus nós

Variação de deslocamentos em z versus nós


0
-1 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000
-2
Deslocamento |(mm)

-3
-4
-5
-6
-7
-8
-9
Nós

RCA RCI RCPII

Fonte: Autor (2021)

4.3 Quantitativos dos materiais


O quantitativo dos materiais é considerado como uma das mais importantes etapas a
ser analisado no projeto para a escolha de modelo mais adequado e econômico para a fundação
de uma determinada edificação (RIBEIRO, 2008). Deste modo foi desenvolvido uma análise
dos quantitativos dos materiais em todos os modelos (quantitativos) de radiers dimensionados
neste trabalho. Ao elaborar as análises dos modelos, foram desconsiderados o consumo de
concreto e as formas do radier, sendo analisado apenas o consumo de armaduras passivas e
ativas.
A norma brasileira não possui diretrizes para fundação radier. Para o seu
dimensionamento, emprega-se NBR 6118/2019, considerando o radier como uma laje apoiado

88
no solo, sendo na maioria das vezes muito conservador para radier em concreto protendido.
Posto isso, utiliza-se na maioria das vezes, a norma americana que tem grandes avanços no
dimensionamento e execução da fundação radier em concreto armado e concreto protendido.
Com efeito, analisando o consumo das armaduras (passivas e ativas) dos modelos
RCP.I/NB e RCP.II/NB, conforme ilustrado no gráfico da Figura 4.5, observa-se que o
RCP.I/NB apresentou menor consumo de armaduras ativas em relação ao RCP.II/NB, no
entanto possuem o mesmo consumo de armaduras passivas. Somando o consumo dessas
armaduras, nota-se que o RCP.I/NB apresenta o menor consumo total de armaduras estimado a
4.968,24 kg contra 7.388,24 kg do RCP.II/NB, ou seja, RCP.I/NB teve consumo cerca de
32,75% abaixo do RCP.II/NB.
Ao analisar o RCA/NB (que possui apenas amaduras passivas), percebe-se, que a
protensão do radier teve uma redução de 49,74% de armaduras passivas nos radiers em
concreto protendido.
Visando o RCP.I/NB que apresentou resultados satisfatórios no grupo dos radiers em
concreto protendido, pode-se afirmar que o RCA com 4.647,62 𝑘𝑔, registra consumo total de
armaduras praticamente igual, sendo de 4.968,24 𝑘𝑔 para RCP.I/NB. É importante ressaltar
para o caso do RCP.I/NB, não foi computada a parcela de redução da armadura passiva a favor
da segurança. Mas considerando a redução de armadura passiva acarretaria diminuir a
quantidade de armadura passiva no radier protendido.

Figura 4.5: Ilustração dos consumos de aço segundo a NBR

Consumo de armaduras/NB
6000,00 5264,71
5000,00 4647,62
Consumo (Kg)

4000,00
3000,00 2335,892632,35 2335,89
2000,00
1000,00
0,00
RCA RCP.I/NB RCP.II/NB
Modelos

CA-50 CP 190 RB

Fonte: Autor (2021)

Observando o gráfico da Figura 4.6, o RCP.I/ACI apresenta quantidades menores das


armaduras passivas em relação ao RCA, houve uma redução de 94,00 % de armaduras passivas

89
no RCP.I/ACI. Enquanto no RCP.II/ACI não houve necessidade de armaduras passivas devido
ao efeito de tração ser menor do que o limite exigido pela ACI 31/2011.
Posto isso, o RCP.I/ACI apresenta o menor peso total de armaduras do que RCP.II/ACI
e o RCA. Para esta situação, tem-se uma redução de peso total de armaduras estimado a 37,37%
em relação ao RCA.
Figura 4.6: Ilustração dos consumos de aço segundo a ACI

Consumo de armaduras/ACI
6000,00 5264,71
5000,00 4647,62
Consumo (Kg)

4000,00
3000,00 2632,35

2000,00
1000,00 278,60
0,00
RCA RCP.I/ACI RCP.II/ACI
Modelos

CA-50 CP 190 RB

Fonte: Autor (2021)

Portanto, dentre de todos os modelos quantitativos analisados neste item, o que


apresentou como melhor modelo, viável em termo de consumo é o modelo RCP.I/ACI que
possuiu um consumo de 278,60 𝑘𝑔 de armadura ativa e 2.632,35 𝑘𝑔 de armadura passiva,
seguido do modelo RCA/NB com um consumo de armadura passiva estimada a 4.647,62 𝑘𝑔.

4.4 Custos dos materiais


As Tabela 4.1 e Tabela 4.5 apresentam os custos de material para modelos
implementados no item 4.3, respetivamente:

Tabela 4.1: Custo do material (R$) RCA/NB

COD. MATERIAL UN. PREÇO QUANT. PREÇO TOTAL


UNITÁRIO
C4151 Armadura de AÇO CA- KG 9,54 4.647,62 44.338,30
50 CA 50
TOTAL R$ 44.338,30
Fonte: Autor (2021)
Tabela 4.2: Custo de material (R$) RCP.I/NB

COD. UN. PREÇO QUANT. PREÇO TOTAL


UN.

90
C3985 Armadura de KG 19,51 2.632,35 51.357,15
cordoalha CP-190RB
C4151 Armadura de AÇO CA- KG 9,54 2.335,89 22.284,40
50 CA 50
TOTAL R$ 73.641,55
Fonte: Autor (2021)
Tabela 4.3: Custo de material (R$) RCP.II/NB

COD. UN. PREÇO QUANT. PREÇO TOTAL


UN.
C3985 Armadura de KG 19,51 5.264,71 102.714,50
cordoalha CP-190RB
C4151 Armadura de AÇO CA- KG 9,54 2.335,89 22.284,40
50 CA 50
TOTAL R$ 124.962,90
Fonte: Autor (2021)
Tabela 4.4: Custo de material (R$) RCP.I/ACI

COD. UN. PREÇO QUANT. PREÇO TOTAL


UN.
C3985 Armadura de KG 19,51 2.632,35 51.357,15
cordoalha CP-190RB
C4151 Armadura de AÇO CA- KG 9,54 278,60 2.657,84
50 CA 50
TOTAL R$ 54.015,00
Fonte: Autor (2021)

Tabela 4.5: Custo de material RCP.II/ACI

COD. UN. PREÇO QUANT. PREÇO TOTAL


UN.
C3985 Armadura de KG 19,51 5.264,71 102.714,50
cordoalha CP-190RB
TOTAL R$ 102.714,50
Fonte: Autor (2021)

Diante dos resultados obtidos para modelos quantitativos das superestruturas, a Figura
4.7 demostram que os RCA/NB e RCP.I/ACI possuem um menor custo de material de 44338,3
R$ e 54015 R$ respectivamente comparado aos outros modelos em análise o RCA/NB
demostrou ser cerca de 17,91% mais barato comparado ao RCP.I/ACI Os modelos RCP.I/NB,
RCP.II/NB e RCP.II/ACI, por apresentarem custos elevados na proporção de 66,09 %, 181,84
% e 131,66 % respectivamente em relação ao RCA/NB demostraram ser economicamente
inviáveis a serem considerados para este tipo de edificação.

91
Figura 4.7: Ilustração de gráfico de custo de material

Custos versus Modelos


140000

120000

100000
Custo (R$)

80000

60000

40000

20000

0
RCA RCP.I/NB RCP.II/NB RCP.I/ACI RCP.II/ACI
Série1 44338,3 73641,55 124962,9 54015 102714,5
Modelos

Fonte: Autor (2021)


O RCP.I/ACI apesar de apresentar custo relativamente superior RCA/NB, a análise
demostrou que esse modelo de radier em concreto protendido possui diversas vantagens em
relação ao radier em concreto armado, de modo específico na durabilidade da estrutura, por
quase não apresentar abertura de fissuras, redução de peso da superestrutura e haver alívio de
tensões na placa radier devido a força de protensão.

92
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO

Analisando o trabalho, é apropriado afirmar que os objetivos deste foram alcançados


a partir do momento que os modelos estruturais implementados para análise de fundação radier
em concreto armado e concreto protendido, apresentaram resultados satisfatórios e consistentes.
Assim sendo, conclui-se que:
• O ato de protensão no radier permitiu a redução de abertura de fissuras de
0,37 𝑚𝑚 no RCA para 1,44 𝑥 10−7 𝑚𝑚 no RCP.I. A abertura de fissuras
diminui na ordem de 99,99%, minimizando assim ataques dos agentes
agressivos e garantindo maior durabilidade da fundação.
• As tensões solicitantes do elemento de fundação de acordo com os valores
obtidos em RCA, RCP.I e RCP.II neste trabalho, demostram que, os modelos
estruturais de concreto protendido apresentaram alívio de tensões de tração na
ordem de 39,98% para RCP.I e 71,59% para RCP.II em relação ao RCA.
• O RCA apresenta ter o menor custo final comparado aos outros modelos em
análise, sendo, mais barato a cerca de 17,91% que RCP.I/ACI.

Portanto, a fundação radier em concreto protendido (RCP.I/ACI) propiciou muitas


vantagens tais como controle de fissuração, alívio de tensões de tração, melhor distribuição das
cargas oriundos da alvenaria e redução de consumo de armadura passiva. Em contrapartida,
percebe-se que a sua execução requere uma mão de obra especializada além do valor alto de
aquisição das monocordoalhas, que de fato, o RCA acaba ficar mais barato do que o RCP.I/ACI,
por ter uma mão de obra barata e rapidez na execução.
Sendo assim, para este trabalho, o radier em concreto protendido (RCP.I/ACI),
apresenta ser o mais viável, ao fato de que traz benefícios satisfatórios considerando os aspectos
qualitativos e quantitativos que ele agrega no radier.

93
5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Para trabalhos futuros, sugere-se alguns tópicos que podem vir a contribuir com este
trabalho são:
• Prosseguir com a pesquisa usando espessuras diferentes da laje radier com e
sem viga de rigidez;
• Analisar a superestrutura considerando toda estrutura (pavimentos) do
edifício;
• Fazer análise do comportamento das distribuições dos esforços no radier em
edifícios de alvenaria estrutural;

94
6. REFERÊNCIAS

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Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Campinas, Faculd. São Paulo. 2002.
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graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria - RS, p. 13-
33. 2011.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCBNICAS- ABNT. NBR 6118- Projeto de
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BASTOS, P. S. Fundamentos do concreto protendindo. São Paulo: [s.n.], 2019.
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do subsolo, fundações superficiais, fundações profundas. 2a. ed. São Paulo: Oficina de Textos,
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VERRÍMO, G. D. S.; CÉSAR, J.; KLÉOS, M. L. Concreto Protendido: Perdas de protensão, n.
4, 1998.

96
ANEXOS

97
ANEXO 1

98
ANEXO 2

99
ANEXO 3

100

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