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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
NATAL-RN
2021
Bruce Kambo Yudonago
Natal-RN
2021
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
CDU 626.21
___________________________________________________
Prof. Dr. José Airton Cunha Costa– Orientador
___________________________________________________
Prof. Dr. Rodrigo Barros – Examinador interno
___________________________________________________
Me. Eng Pedro Mitzcun Coutinho – Examinador externo
Natal-RN
2021
"O importante não é o que fazemos de
nós, mas o que nós fazemos daquilo que
fazem de nós."
Jean-Paul Sartre
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pela minha vida, e por me permitir ultrapassar todos os obstáculos
encontrados ao longo da realização deste trabalho.
Agradeço também aos meus pais, Theodore Kambo e Marie Zangumbe, razões da minha
vida, pela educação, pelo apoio e por terem compreendidos a minha ausência enquanto me
dedicava à realização deste trabalho. Por me ensinarem a construir um caráter e a ser uma pessoa
digna. Por toda dedicação, incentivo no decorrer da minha vida e por acreditarem que este dia
chegaria. Sem vocês, nada disso seria possível.
Aos meus irmãos, Rachel, Gina, Hugues e Kevin, a meu cunhado Billy e a minha
cunhada Lorraine, motivos de tantos sorrisos e orgulho, que sempre estiveram ao meu lado,
independente da distância.
A Celisa Tavares, por todo o apoio e pela ajuda incansável, que muito contribuiu para a
realização deste trabalho. Agradeço a paciência, apoio incondicional, confiança que me deu
durante toda essa caminhada.
Aos amigos que a Universidade me proporcionou em conhecer: Carol, Cilma, Espoir,
Gedeon, Iadira, Koutoumi, Mansour, Márcisio, Nuna, Orlando, Rodrigo, Selasi, Thatyané,
Toben e outros, não menos especiais, que sempre estiveram ao meu lado, compartilhando as
dificuldades e conquistas. E aos bons e velhos amigos: Christy, Hassang-Paul, Glody, Steve,
Daniel que a tantos anos fazem parte da minha família.
Ao meu orientador, Professor Dr. José Airton, por ajudar em diversas dúvidas e me
concedido dicas importantes referentes à realização deste trabalho, que também serão muito
úteis na vida profissional.
A Pedro Mitzcun e Sóstenes Filipe, pela ajuda e disponibilidade que sempre tiveram
para sanar as dúvidas e por seus conhecimentos passados para que eu conseguisse terminar este
trabalho.
Aos meus colegas de curso, com quem convivi durante os últimos anos, de modo
especial, aos meus amigos (do grupo da Igreja Joaquim Teixeira), Allan, Romario,
Eberth, Bomfim, Victor, João Clayton, Marcos e Paulo Vitor pelo companheirismo,
pelos bons momentos passados juntos e pela troca de experiências que me permitiram crescer
não só como pessoa, mas também como formando.
Aos meus colegas do estágio, Adauto, Pedro e Júlia por compartilharem comigo tantos
momentos de descobertas e aprendizado e por todo o companheirismo ao longo deste percurso.
Por fim à todas as outras que de alguma forma vivenciaram comigo esta jornada e em
algum momento contribuíram de alguma forma, muito obrigado.
RESUMO
A fundação radier é uma fundação superficial pouco considerado no Brasil, por outro
lado, essa fundação é comumente a primeira opção a se avaliar em diversos países. Deste modo,
há pouca divulgação do assunto no Brasil, bem como a falta de normas vigentes que forneçam
parâmetros suficientes para dimensionar devidamente um radier. Neste sentido, foram
apresentados conceitos básicos referentes ao radier com interação solo, a metodologias
empregada para modelagem e dimensionamentos. O objetivo deste trabalho é elaborar um
estudo de caso comparativo entre fundações radier de concreto armado e concreto protendido,
sob ação de cargas lineares, para uma edificação em alvenaria estrutural, desconsiderando o
custo de execução. Com o auxílio do Software de análise estrutural SAP2000 foi dimensionado
uma laje radier de espessura uniforme de 16 cm (em concreto armado e protendido) por analogia
de grelha, sobre base elástica, simulando um edifício residencial de quatro (4) pavimentos. O
estudo de caso, deu-se no dimensionamento de um radier em concreto armado (RCA) com Fck
de 25 MPa e dois radiers em concreto protendido (RCP.I e RCP.II) ambos com Fck de 30 MPa
e sendo aplicado um (1) cabo protensão de 150 kN no RCP.I e dois (2) cabos de protensão de
150 kN no RCP.II nos centros da placa. Os parâmetros de comparação foram o consumo dos
aços, concreto e respectivos custos dos materiais. Os resultados mostraram que o RCP.I/ACI
apresentou menor consumo de armadura passiva, cerca de 94,00 % em relação ao RCA; pois a
protensão proporcionou tensões compressivas favoráveis para a estrutura analisada. No entanto,
comparado à laje RCA, a protensão apresentou ter um custo superior em 21,82% devido ao
valor para aquisição da armadura ativa.
Palavras-chave: radier, concreto armado, concreto protendido, SAP2000.
ABSTRACT
The radier foundation is a shallow foundation with little consideration in Brazil, on
the other hand, this foundation is commonly the first option to be evaluated in several countries.
Thus, there is little dissemination of the subject in Brazil, as well as the lack of current standards
that provide sufficient parameters to properly size a radiator. In this sense, basic concepts
related to the slab with soil interaction, the methodologies used for modeling and dimensioning
are being presented in this work. The objective of this work is to elaborate a comparative case
study of radier foundations in reinforced concrete and prestressed concrete, under the action of
linear loads, for a building in structural masonry, disregarding the execution cost. With the help
of the structural analysis software SAP2000, a 16 cm thick slab (in reinforced and prestressed
concrete) was designed using a grid analogy, on an elastic base, simulating a residential building
with four (4) floors. The case study involved the design of a reinforced concrete slab (RCA)
with 25 MPa Fck and two prestressed concrete slabs (RCPI and RCPII) both with 30 MPa Fck
and the use of straight cable in the center of the slab. The comparison parameters were the
consumption of steel, concrete, and the respective material costs. The results showed that the
RCPI had lower passive steel consumption, about 99,99 % in relation to the RCA, because the
prestressing provided favorable compressive stresses for the analyzed structure. However,
compared to the RCA slab, the prestressing has a 21.82% higher cost due to the value for
acquiring tendons cable.
Keywords: slab, reinforced concrete, prestressed concrete, SAP2000.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1: Exemplos de fundações superficiais ........................................................................ 1
Figura 1.2: Exemplos de fundações profundas ........................................................................... 2
Figura 2.1: Ilustração de radier liso ............................................................................................ 7
Figura 2.2: Ilustração de Radiers pedestais ou cogumelos ......................................................... 7
Figura 2.3: Ilustração de radiers nervurados .............................................................................. 8
Figura 2.4: Ilustração de Radiers em caixão .............................................................................. 8
Figura 2.5: Ilustração de radiers estaqueados ............................................................................. 9
Figura 2.6: Ilustração de radier flutuante ................................................................................... 9
Figura 2.7:Ilustração dos elementos do radier em concreto armado ........................................ 11
Figura 2.8: Diagrama tensão-deformação simplificado dos aços de armadura passiva ........... 12
Figura 2.9: Ilustração da fissura paralela a Junta de contração ................................................ 13
Figura 2.10: Ilustração de fissuras superficiais concentradas................................................... 13
Figura 2.11: Ilustração de fissuras por evaporação .................................................................. 14
Figura 2.12: Ilustração de Cordoalha Engraxada ..................................................................... 15
Figura 2.13: Ilustração dos elementos constituintes de concreto protendido ........................... 16
Figura 2.14: Diagrama tensão-deformação simplificado do aço de armadura ativa ................ 17
Figura 2.15: Concepção de projeto estrutural e fundação ........................................................ 22
Figura 2.16: Ilustração da interação infraestrutura-superestrutura-solo ................................... 23
Figura 2.17: Ilustração de pressão de contato........................................................................... 26
Figura 2.18: Pressões de contato em uma viga por critérios estáticos: (a) variação linear ao
longo da viga e (b) pressões constantes na faixa de influência dos pilares .............................. 31
Figura 2.19: Pressões de contato variando linearmente sob um radier esquema de cálculo de
uma faixa .................................................................................................................................. 32
Figura 2.20: Esquema de cálculo de um radier pela área de influência dos pilares ................. 33
Figura 2.21: Modelo de idealização do sistema estrutural pelo MEF ...................................... 35
Figura 2.22: Ilustração da representação de uma grelha sobre base elástica ............................ 35
Figura 3.1: Ilustração Planta 1a fiada do pavimento tipo ......................................................... 38
Figura 3.2: Ilustração cargas lineares na fundação ................................................................... 39
Figura 3.3:Ilustração de radier discretizado (30x30cm) ........................................................... 40
Figura 3.4: Ilustração dos carregamentos aplicadas na Laje .................................................... 42
Figura 3.5: Ilustração das molas aplicadas nas placas .............................................................. 43
Figura 3.6: Ilustração da placa radier espelhada....................................................................... 44
Figura 3.7: Ilustração da corte das placas com eixos locais ..................................................... 44
Figura 3.8: Ilustração dos deslocamentos verticais no ELU (em mm) .................................... 49
Figura 3.9: Ilustração 3D dos efeitos de deslocamentos verticais no ELU .............................. 49
Figura 3.10: Ilustração dos momentos fletores em x no ELU (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎) ......................... 50
Figura 3.11: Ilustração dos momentos fletores em y no ELU (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎) ......................... 50
Figura 3.12: Ilustração dos momentos fletores em x no ELS (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎) .......................... 51
Figura 3.13: Ilustração dos momentos fletores em y no ELS (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎) .......................... 51
Figura 3.14: Ilustração das tensões em x no ELU (em 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐) ......................................... 52
Figura 3.15: Ilustração das tensões em y no ELU (em 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐) ......................................... 52
Figura 3.16: Ilustração dos esforços cortantes no ELS (𝒌𝑵/𝒎) ............................................. 53
Figura 3.17: Ilustração da disposição das monocordoalhas em planta ..................................... 62
Figura 3.18: Ilustração de deslocamento na direção x no ELU mais desfavorável (em mm) .. 64
Figura 3.19: Ilustração dos deslocamentos na direção y no ELU desfavorável (em mm) ....... 64
Figura 3.20: Ilustração dos deslocamentos verticais no ELU mais desfavorável (em mm) ..... 65
Figura 3.21: Ilustração de deslocamento vertical ..................................................................... 65
Figura 3.22: Ilustração das tensões em x no ELU mais desfavorável (em 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐) ........... 66
Figura 3.23: Ilustração das tensões em y no ELU mais desfavorável (em 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐) ........... 66
Figura 3.24: Ilustração dos momentos fletores em x no ELU no Ato da protensão (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
.................................................................................................................................................. 67
Figura 3.25: Ilustração dos momentos fletores em y do ELU no ato da protensão (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
.................................................................................................................................................. 67
Figura 3.26: Ilustração dos momentos fletores em x combinação frequente (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎) ... 68
Figura 3.27: Ilustração dos momentos fletores em y combinação frequente (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎) ... 68
Figura 3.28: Ilustração dos momentos fletores em x no ELU mais desfavorável (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
.................................................................................................................................................. 69
Figura 3.29: Ilustração dos momentos fletores em y no ELU mais desfavorável (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
.................................................................................................................................................. 69
Figura 3.30: Ilustração dos esforços cortantes na combinação frequente (em 𝒌𝑵/𝒎)............ 70
Figura 3.31: Ilustração dos deslocamentos em x no ELU mais desfavorável (em mm) .......... 76
Figura 3.32: Ilustração dos deslocamentos em x no ELU mais desfavorável (em mm) .......... 76
Figura 3.33: Ilustração dos deslocamentos em z (em mm) ...................................................... 77
Figura 3.34:Ilustração das tensões em x no ELU mais desfavorável (em 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐) ............ 77
Figura 3.35: Figura 3.34:Ilustração das tensões em y no ELU mais desfavorável (em
𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐) ............................................................................................................................... 78
Figura 3.36: Ilustração dos momentos fletores em x no ELU ato de protensão (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
.................................................................................................................................................. 78
Figura 3.37: Ilustração dos momentos fletores em y no ELU ato de protensão (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
.................................................................................................................................................. 79
Figura 3.38: Ilustração dos momentos fletores em x na combinação frequente (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
.................................................................................................................................................. 79
Figura 3.39:Ilustração dos momentos fletores em y na combinação frequente (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)80
Figura 3.40: Momentos fletores em x no ELU tempo infinito desfavorável (em 𝒌𝑁𝑚/𝑚) .... 80
Figura 3.41: Ilustração dos momentos fletores em y no ELU tempo infinito desfavorável (em
𝒌𝑁𝑚/𝑚)................................................................................................................................... 81
Figura 3.42: Ilustração dos esforços cortantes na combinação frequente (em 𝒌𝑵/𝒎)............ 81
Figura 4.1: Ilustração de gráfico de variação das tensões atuantes versus nós ........................ 86
Figura 4.2: Ilustração do gráfico dos deslocamentos versus nós na direção x ......................... 87
Figura 4.3: Ilustração do gráfico dos deslocamentos versus nós na direção y ......................... 87
Figura 4.4: Ilustração do gráfico de variação dos deslocamentos verticais versus nós ............ 88
Figura 4.5: Ilustração dos consumos de aço segundo a NBR .................................................. 89
Figura 4.6: Ilustração dos consumos de aço segundo a ACI .................................................... 90
Figura 4.7: Ilustração de gráfico de custo de material .............................................................. 92
LISTA DE TABELAS
𝑊𝑘 Abertura de fissuras
𝐹𝜀𝑔𝑘 Ações indiretas permanente
𝐹𝑔𝑘 Ações permanentes diretas;
𝐴𝑓 Área carregada
𝐴𝑝 Área da seção transversal de uma cordoalha
𝜌1 Área de armadura mínima
𝐴𝑠 Área de armadura passiva
𝐴𝑐 Área de concreto da seção transversal
𝑄𝑖 Carregamento
𝑘𝑠 Coeficiente de apoio elástico
Kq Coeficiente de mola para as rotações
Kh Coeficiente de mola para os deslocamentos horizontais
Kv Coeficiente de mola para os deslocamentos verticais
𝑣 Coeficiente de Poisson do material da placa
𝛾𝑝 Coeficiente de ponderação para pós-tração
𝑘𝑣 Coeficiente de reação vertical
𝑘𝑣 Coeficiente de reação vertical
0𝑗 ; 0𝜀 Coeficientes parciais de segurança da ação de pré-esforço
O estudo das fundações é uma das etapas de maior complexidade dentro do projeto de
uma edificação, correspondendo a primeira parte da estrutura a ser construída. A escolha do
tipo adequado de fundação envolve estudos relacionados a características do solo, tais como a
sua deformabilidade e resistência. Além disso, essa escolha deve ser compatível com as
características da superestrutura, como a sua capacidade de acomodação plástica e as cargas
atuantes, isto é, a capacidade de manter a forma e de sustentar uma edificação. Assim sendo, o
projeto e a execução das fundações requerem conhecimento tanto de Geotecnia, que abrange a
geologia da engenharia Civil e mecânica dos solos, como também do cálculo estrutural (análise
estrutural e dimensionamento de estruturas em concreto armado e protendido) (SOUZA, 2017).
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR
6122/2019, as fundações podem ser classificadas convencionalmente em dois grupos: as
superficiais e as profundas. As superficiais também identificadas como rasas ou diretas, se
subdividem em bloco, sapata, sapata corrida, radier, viga de fundação, grelha e sapata associada
(Figura 1.1). São fundações simples, de fácil execução, de baixo custo em comparação com as
fundações profundas. O emprego desse tipo de fundações necessita que o solo tenha uma boa
resistência, pouca deformabilidade e ações de pequenas magnitudes compatíveis com as
características do solo. As fundações profundas têm ramificações básicas para tubulões, estacas
e caixões profundos (Confira Figura 1.2). Portanto, as fundações de modo geral, são elementos
construtivos destinado a garantir a estabilidade da edificação, recebendo o esforço total e o
distribuindo ao solo (VELLOSO e LOPES, 2011).
Figura 1.1: Exemplos de fundações superficiais
1
Figura 1.2: Exemplos de fundações profundas
Nessas últimas décadas, com a expansão no Setor da Engenharia Civil e na busca por
edifícios mais altos surgiu o advento da protensão com cordoalhas, transformado o concreto
protendido em uma opção cada vez mais atraente para sistemas estruturais. Levando ao
desenvolvimento de novos métodos construtivos, por meio de estruturas mais econômicas, fácil
aplicação e capaz de receber cargas mais elevadas. Mais especificamente para fundações, uma
dessas estruturas é a laje apoiada no solo, conhecida como radier.
O radier pode ser definido como uma laje apoiada no solo, cuja principal função é
receber as cargas aplicadas nela através da tensão admissível de suporte do solo. Ou seja, as
lajes radiers são lajes que ficam diretamente em contato com o solo, atuam nela as cargas de
paredes, revestimentos, pilares com a finalidade de ser transmitido a uma extensa área do solo.
No entanto são poucos os dados encontrados na literatura que abordam as fundações do tipo
radier para cargas elevadas (VELLOSO e LOPES, 2011).
No Brasil, o radier é um sistema que recebe pouca atenção de solução estrutural,
geotécnico, e de execução. Até a data presente, não existe uma norma de laje sobre o solo
(radier), e a atual norma vigente para fundações no país (ABNT NBR 6122:2019) não fornece
parâmetros suficientes para que o projetista possa dimensioná-las adequadamente. De maneira
geral a maioria dos radiers são para casas de baixo custo, ao contrário de outros países que são
a primeira opção a se avaliar, e que possuem normas específicas como a Índia, Inglaterra e EUA
(SOUZA, 2017).
A falta de informações em relação a execução de edifícios com o uso de radier
protendido, aderente ou não aderente, justifica o intuito deste trabalho, que é de compilar
informações a respeito do tema, estudando comparativamente aspectos estruturais referentes a
2
radier em concreto armado e concreto protendido sob edificações de alvenaria estrutural, com
ação de cargas lineares.
Este trabalho, portanto, pretende demonstrar essas diferenças existentes entre as duas
tecnologias, analisar a viabilidade econômica dos sistemas e comprovar as vantagens de cada
uma delas. Finalmente, contribuir para conhecimento da comunidade cientifica, fornecer aos
profissionais da área de construção civil uma base sólida e eficaz para considerar fundação
radier como primeira opção a ser explorada na escolha do tipo de fundação
O objetivo deste trabalho é elaborar um estudo de caso comparativo de fundações do
tipo radier em concreto armado e protendido sob ação de cargas lineares de edificações em
alvenaria estrutural a fim de contribuir no conhecimento da comunidade cientifica e fornecer
aos profissionais da área de construção civil uma base sólida e eficaz para considerar o radier
como primeira opção a ser explorada na escolha do tipo de fundação.
Constituem os objetivos específicos da pesquisa:
• Fazer a análise estrutural de fundação radier empregando o Software para Análise SAP
2000 V20.2;
3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Historicamente, o termo radier teve sua origem nas chamadas línguas românicas e
permaneceu sem alteração escrita nas línguas francesa e romena. Ao longo do tempo, com a
evolução do sistema radier, o termo foi agregado a língua inglesa e alemã, pois tanto Estados
Unidos como Alemanha foram países que contribuíram para o desenvolvimento da técnica.
O estudo do sistema radier surgiu na forma de investigações estruturais por volta de
1860, através das teorias de vigas sobre base elástica. Na mesma década em 1867 o engenheiro
alemão Emil Winkler desenvolveu um modelo que ficou conhecido como subleito (solo) de
winkler e suas propostas continuam sendo utilizadas até aos dias de hoje, sendo citado em
diversas referências normativas e periódicos em todo o mundo. No entanto não é possível
catalogar a primeira obra em radier apesar de existirem relatos da sua utilização também nos
aquedutos, que constituem um sistema de canalização ao ar livre/subterrâneo para conduzir
água de um lugar a outro (BILLY, BOSSERET, et al., 2006).
O sistema radier, conhecido na época como lajes flutuantes, foi bastante usado durante
a Segunda Guerra Mundial, particularmente na engenharia de fundações com destaque em
projetos de aeroportos, pista para aviões e para grandes construções. Posteriormente tiveram
suas aplicações voltadas para fundações residenciais e construções comerciais pequenas.
Nos anos 50 apesar do uso recorrente desse tipo de fundação, os projetos de uma
maneira geral eram feitos por tentativa e erro, não tinham critérios de projeto. Mesmo assim,
essas tentativas e erros serviram para coletar muitas informações até que a Federal Houssing
Administration (FHA) autorizou um estudo técnico para estabelecer critérios de projeto para
lajes utilizadas em fundação residencial, o que foi um marco no dimensionamento dos radiers.
Uma das publicações do estudo foi a primeira tentativa de combinar as características dos solos
de uma área com os ciclos de umidade devido ao clima e ainda ligando todas essas variáveis à
estrutura da fundação. No entanto, as publicações não descreveram a investigação de lajes para
fundações protendidas (SOUZA, 2017).
De fato, as primeiras lajes protendidas para fundação foram construídas no intuito de
suprir a demanda de construções residenciais em solos expansivos, onde o desenho de algumas
fundações em concreto armado não era satisfatório.
Em 1978 o professor Anders Losberg da chalmers University of Technology da Suécia,
apresentou a teoria das linhas de ruptura para as lajes apoiadas sobre o solo. De uma maneira
geral todas as teorias propostas anteriormente limitaram o comportamento até um determinado
4
ponto como linear onde os deslocamentos eram proporcionais às cargas aplicadas (LOSBERG,
1978).
Com a evolução dos modelos propostos por diversos autores com o intuito de
representar o comportamento de uma laje apoiada no solo, foi analisada a possibilidade da
introdução do método dos elementos finitos (FEM). É um método para dividir um problema
muito complicado em pequenos elementos que possam ser resolvidas em relação uns aos outros,
representando uma técnica numérica para encontrar soluções aproximadas de equações
diferenciais parciais (PDE) e seus sistemas, bem como equações integrais, que se mostrou de
grande recurso. No entanto, vale salientar a complexidade de implantar esse método em
linguagem computacional e dispor de um computador capaz de executar os comandos.
Por fim, nos modelos mais simplificados a laje e o solo eram considerados como
contínuos e homogêneos, no entanto, na realidade a laje apoiada no solo usualmente contém
“descontinuidades” como juntas, pequenas fissuras e até o subleito pode não estar tão uniforme.
As principais referências normativas emergentes e mais atualizadas referentes a laje a
laje no solo são:
• ACI 318-08 (2008)
2.2 DEFINIÇÕES
5
2.3 CARACTERÍSTICAS
• Radiers Lisos;
• Radiers nervurados;
• Radiers em caixão.
6
1. Radiers Lisos
7
3. Radiers nervurados
Souza (2017), define o radier nervurado como uma laje sobre o solo composto por
vigas internas dispostas em uma ou duas direções que confere ao radier maior rigidez (quanto
maior for a largura e a altura da viga, maior será a rigidez do radier). Eles podem ser utilizados
em solos não expansivos, expansivos. A Figura 2.3 apresenta o radier nervurado.
Figura 2.3: Ilustração de radiers nervurados
4. Radiers em caixão
Eles são usualmente utilizados na fundação quando se almeja ter uma estrutura mais
rígida. Neste caso, o radier tende a ser empregado em obra de grande porte onde, o solo
apresenta uma boa capacidade (média para valores altos) (SOUZA, 2017). A Figura 2.4 ilustra
o radier em caixão.
8
2.4.2 Quanto ao sistema estrutural
Em relação ao sistema estrutural o radier pode ser dividido em dois sistemas, sendo:
5. Radiers Estaqueados
9
2.4.3 Quanto a rigidez á flexão
Referente a rigidez á flexão, os radiers são classificados como rígidos e elásticos.
Dória (2007) descreve os radiers rígidos como aqueles, cuja, rigidez á flexão é
relativamente grande, assim sendo, o elemento estrutural pode ser tratado como um corpo
rígido. Os radiers elásticos possuem menor rigidez e deslocamentos relativos da placa não
desprezíveis.
𝟏, 𝟕𝟓
𝒍 ≤
𝟒 𝒌𝒗 . 𝒃 (2.1)
√
𝟒. 𝑬𝒄 . 𝑰
Onde:
De fato, necessita de que apenas que uma das condições não seja atendida para que o radier
seja considerado flexível.
11
Figura 2.8: Diagrama tensão-deformação simplificado dos aços de armadura passiva
12
concreto entre outros a temperatura ou a retração ou por atuação de sobrecarga (ALMEIDA,
2002). Dentre os tipos de fissuração que ocorre com mais frequência em placa de fundação
radier em concreto armado, têm-se:
• Fissura paralela à junta de contração: ocorre na maioria dos casos devido a ação
conjunta de calor de hidratação e dia quente na concretagem. É recomendado a
instalação das juntas no mesmo dia da concretagem, para evitar o efeito de retração
causado pela diminuição de temperatura (DÓRIA, 2007).
14
A NBR 6118/2014 define no item 3.1.4 que os elementos de concreto protendido são
“aqueles nos quais parte das armaduras é previamente alongada por equipamentos especiais de
protensão, com a finalidade de, em condições de serviço, impedir ou limitar a fissuração e os
deslocamentos da estrutura, bem como propiciar o melhor aproveitamento de aços de alta
resistência no estado-limite último (ELU)”.
O sistema mais utilizado no Brasil é o de protensão sem aderência, no qual utiliza-se
as cordoalhas engraxadas devido a sua simplicidade na execução de protensão.
As cordoalhas engraxadas fazem parte do sistema de protensão mais empregado na
construção, do tipo protensão sem aderência, esse não necessita de injeção de pasta de cimento,
no entanto, elas oferecem a vantagem de reprotensão dos cabos após execução (CHOLFE e
BONILHA, 2018).
O sistema recebe o nome de monocordoalha (ilustrado na Figura 2.12) por englobar
uma única cordoalha. A presença da graxa entre a cordoalha e a bainha plástica proporciona ao
cabo a possibilidade sem dificuldade no ato da protensão contribuindo na redução significativa
nas perdas por atrito.
Figura 2.12: Ilustração de Cordoalha Engraxada
“O Radier protendido é executado com armadura ativa e o seu concreto possui suas
tensões internas induzidas através de cordoalhas de aço esticadas. Nesse Radier, o aço é
tracionado por meio de macacos depois que o concreto atingir 75% de sua resistência
especificada.” (SCHMIDTKE, COSTA, et al., 2017).
15
O radier protendido é geralmente empregado em obra de casas ou edifícios altos. O uso
desse tipo de sistema tende a oferecer um ganho aproximadamente 30% de economia no edifício
(SCHMIDTKE, COSTA, et al., 2017). A Figura 2.13 mostra as partes que compõe um radier
protendido.
16
Para análise dos estados limites último (ELU) e de serviço (ELS), pode-se utilizar o
diagrama simplificado apresentado abaixo na
17
2.6.2.1 Quanto ao processo construtivo
19
Tabela 2.4: Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção da armadura em função
das classes de agressividade ambiental
Classe de
agressividade
Tipo de construção Exigências relativas à combinação de ações
ambiental
estrutural fissuração em serviço a utilizar
(CAA) e tipo de
protensão
Concreto simples CAA I a CAA IV Não há -
CAAI ELS-W 𝑊𝑘 ≤ 0,4𝑚𝑚
Concreto armado CAAII e CAAIII ELS-W 𝑊𝑘 ≤ 0,3𝑚𝑚 Combinação Frequente
CAA IV ELS-W 𝑊𝑘 ≤ 0,2𝑚𝑚
Pré-tração com
Concreto protendido
CAA I ou pós-
Nível 1 ELS-W 𝑊𝑘 ≤ 0,2𝑚𝑚 Combinação Frequente
tração com CAA
(protensão parcial) I e II
Pré-tração com Verificar as duas condições abaixo
Concreto protendido
CAA II ou pós- ELS-F Combinação Frequente
Nível 2 tração com CAA
(protensão limitada) ELS-D Combinação Quase
III e IV
Permanente
Concreto protendido Verificar as duas condições abaixo
Pré-tração com
Nível 3 ELS-F Combinação rara
CAA III e IV
(protensão completa) ELS-D Combinação Frequente
Fonte: NBR 6118:2014
𝑷𝒆 = 𝑷𝒊 + 𝑬𝑺 + 𝑪𝑹 + 𝑺𝑯 + 𝑹𝑬 (2.2)
20
Onde:
𝑃𝑖 : Força de protensão imediatamente após os cabos serem tensionados e ancorado
(kN);
ES: Encurtamento elástico do concreto (kN);
CR: Fluencia do concreto (kN);
SH: Retração do concreto (kN);
RE: Relaxação dos cabos (kN).
No caso de radier em concreto protendido, deve-se se somar a expressão mais uma
parcela correspondente a perda de protensão devido ao atrito do subleito (SG) da pela expressão
(2.3) (SOUZA, 2017):
𝑷𝒓 = 𝑷𝒆 − 𝑺𝑮 (2.3)
21
Figura 2.15: Concepção de projeto estrutural e fundação
22
diminuição da deformação no solo ao passo que a distância entre o ponto considerado e a
fundação aumenta, e a região além desta distância exerce um influencia pouco significativo no
comportamento global da estrutura. Por conseguinte, essa região do solo pode ser idealizada
como rígido (DÓRIA, 2007). A Figura 2.16 ilustra a região deformável do solo sob a fundação
(região I) e a região em volta que pode ser idealizada como rígida (região II). O limite entre
ambas as regiões é determinado através de uma análise mais detalhada e a região I pode ser
modelada como uma parte do sistema estrutural inteiro
Figura 2.16: Ilustração da interação infraestrutura-superestrutura-solo
23
2.7.1 Fatores de interferência na interação solo estrutura
Há vários fatores que comprometem uma maior ou menor grau de intensidade os efeitos
de mecanismo da interação solo-estrutura. Destacam-se os mais importantes: rigidez relativa,
número de pavimentos, edifícios vizinhos e processo construtivo.
𝑬𝒄 − 𝑰 𝒃
𝑲𝒔𝒔 =
𝑬𝒔 . 𝒍
(2.4)
Onde:
Nesse caso, observa-se que à medida que aumenta a quantidade dos pavimentos na
edificação, faz com que o efeito da interação estrutura-solo diminua até ser quase desprezível.
Os esforços dos elementos estruturais nos primeiros pavimentos tendem a ser maiores do que
os pavimentos superiores, ou seja, os primeiros pavimentos tendem a exercer uma influência
significativa maior que os últimos (SOUZA, 2006).
Diversos estudos apontam que ao fixar valor de (𝐾𝑠𝑠 ) e variar o número de pavimentos
de pórtico verifica-se que os recalques diferenciais diminuíram com o aumento de número de
24
pavimentos, uma análise baseada no aumento gradativo de número de pavimentos, revelou que
os primeiros pavimentos exercem maior influência nos recalques diferenciais (BRAGA, 2019).
3. Forma em planta
Segundo Braga (2019 apud Meyerhof 1953), a rigidez relativa (𝑅𝑟 ), em Fundação
radier pode ser calculada pela expressão:
𝑬𝒄− 𝑰
𝑹𝒓 =
𝑬. 𝑩𝟑
(2.5)
Onde:
Braga (2019 apud Schultze, 1996), define a rigidez relativa pela seguinte expressão:
26
𝒕𝟑
𝑬𝒄 . (𝟏𝟐)
𝑹𝒓 = (2.6)
𝑬. 𝑳𝟑
Onde:
𝑡: espessura da placa;
𝐿: comprimento da placa
• Propriedade do solo: afetam a pressão de contato visto que a resistência ao
cisalhamento do solo determina as pressões máximas no bordo.
• Intensidade das cargas: nesse caso, percebe-se que perante os carregamentos
submetidos, à medida que as cargas aumentam, as pressões nas bordas se mantêm
constante e ocorre um aumento de pressões na parte central.
Onde:
𝐾: Modulo de reação (𝑘𝑁/𝑚3 );
𝐴𝑓 : Área carregada (𝑚2 )
27
Esse modelo simplificado é baseado na hipótese de Winkler e não considera a
interação das molas adjacentes, sendo que, para o caso de solos poucos rígidos, os erros tendem
a crescer. No que se trata de deformação vertical a hipótese de Winkler é dada pela equação:
𝝈(𝒙, 𝒚) = 𝒌𝒗 . 𝒘(𝒙, 𝒚) (2.8)
Onde:
28
b. Tabelas de valores Típicos
29
2.8 MODELOS DE CÁLCULOS
O procedimento de modelagem de uma fundação em radier é elaborado levando em
consideração quanto o solo no qual se apoia a placa radier, como os apoios elásticos que estão
relacionados essencialmente a determinação de rigidez da mola.
O propósito dos modelos de cálculo de radier é a busca de uma solução da equação
diferencial de equilíbrio de uma placa sobre a base elástica, através de alguns procedimentos
de avaliação, como, a estabilidade, capacidade de suporte e a distribuição de tensões e/ou
esforços internos solicitantes, cujo, para alcançar essas finalidades é preciso combater o
recalque excessivo que pode ocorrer ao longo de tempo ou de forma elástica (COELHO, 2016).
Dória (2007), acrescenta que esses procedimentos da avaliação são parâmetros necessários para
avaliar os Estados Limites Últimos (ELU) e de Serviços (ELS).
Dória (2007), declara que para a obtenção de cálculo mais preciso da distribuição das
tensões sob o radier deve-se substituir a placa de concreto por uma malha sobre apoios elásticos
equivalentes.
De acordo com Velloso e Lopes (2004), os métodos de cálculo de fundação do tipo
radier são: Método estático, Sistema de Vigas Sobre Base Elástica, Método da Placa sobre o
solo de Winkler, Método do American Concrete Institute, Método das diferenças finitas e o
Método dos elementos infinitos, não obstante, ele não permite a avaliar a distribuição dos
recalques.
a. Método estático
• Pressões uniformes nas áreas de influência dos pilares: se aplica mais aos radiers
flexíveis, chamado de cálculo pela área de influência dos pilares (Figura 2.18 (b)).
Figura 2.18: Pressões de contato em uma viga por critérios estáticos: (a) variação linear ao longo da
viga e (b) pressões constantes na faixa de influência dos pilares
31
Velloso e Lopes (2011), ressalta ainda que os métodos estáticos são utilizados
exclusivamente para cálculo de esforços internos de fundação para dimensionamento estrutural
do radier. Eles apenas consideram o equilíbrio estático das cargas atuantes e da reação do
terreno, porém, não avalia a distribuição dos recalques no terreno.
➢ Cálculo com variação linear de pressões
Figura 2.19: Pressões de contato variando linearmente sob um radier esquema de cálculo de uma faixa
O modelo de cálculo é geralmente usado para radier de grande rigidez relativa, entre
outro em radiers nervurados e em caixão. Para efeito de análise, o radier é dividido em dois
conjuntos de faixas ortogonais.
➢ Cálculo pela área de influência dos pilares
𝑸𝒊 (2.9)
𝒒𝒊 =
𝑨𝒇
32
• O cálculo dos esforços nas lajes e vigas inclusive as reações nos apoios
caso estas forem muito diferentes das cargas nos pilares, precisa-se
redefinir as pressões médias nos paneis.
Figura 2.20: Esquema de cálculo de um radier pela área de influência dos pilares
𝑬 𝒄 . 𝒕𝟑 (2.11)
𝑫=
𝟏𝟐(𝟏 − 𝒗𝟐 )
Onde:
𝑡: espessura da placa;
33
c. Método do American concrete Institute (ACI)
Os passos 3 e 4 serão repetidos para cada pilar e esses resultados serão somados algebricamente.
34
e representar o solo por elementos sólidos (Figura 2.21(b)). Neste modelo pode-se levar em
conta a heterogeneidade do solo (DELALIBERA, 2006).
Figura 2.21: Modelo de idealização do sistema estrutural pelo MEF
(a) Elementos de placa sobre apoio elástico (b) Elementos de placa sobre apoio elástico
A analogia de grelha é um método que consiste na substituição do radier por uma grelha
equivalente composta de elementos do tipo barra, cuja, cada barra representa uma faixa
determinada da placa conforme a abertura escolhida (DÓRIA, 2007). A Figura 2.22 ilustra a
grelha sobre a base elástica.
Figura 2.22: Ilustração da representação de uma grelha sobre base elástica
Não existe princípio matemático ou físico na grelha que faça com que os momentos
torçores sejam automaticamente iguais nas direções ortogonais em um nó. Quanto maior for a
35
discretização da malha, maior ela se deformará e apresentará distorções relativamente iguais se
as rigidezes à torção forem às mesmas nas duas direções (DÓRIA, 2007).
O vínculo das barras permite a interação de forças ortogonais ao plano da grelha e de
dois momentos em torno dos eixos pertencentes a esse plano por nó da barra. Cada nó apresenta
três graus de liberdade, sendo uma translação ortogonal e duas rotações no plano do radier.
Os radiers apresentam geometrias variadas e formas diferentes de carregamento,
tornando assim, difícil a definição de uma malha ideal. No entanto, para radiers retangulares,
Hambly (1976) adotou critérios para serem levados em contas na discretização da malha grelha
para casos de radiers retangulares a fim de obter os esforços internos nos radiers. Sendo:
• Quanto mais discretizada for a malha, melhores serão os resultados obtidos.
Porém, os resultados deixam de ser satisfatórios quando a largura das barras for menor
que 2 ou 3 vezes a espessura do radier;
• Os espaçamentos das barras da grelha, em cada direção não devem ser muito
diferentes, para que haja uma uniformidade na distribuição dos carregamentos;
36
3. METODOLOGIA
Em relação aos objetivos, o trabalho pode ser considerado como uma pesquisa
exploratório e descritiva, que exigiu projetar modelos de fundações para a mensuração do
consumo dos materiais e com os resultados obtidos, fazer uma comparação viável entre os
sistemas construtivos empregados. E quanto aos procedimentos, é descrito como uma
pesquisa bibliográfica, pois foi elaborado a partir do material já publicado para servir de base
durante estudo de casos.
Avalia-se uma obra projetada para ser um edifício residencial de quatro pavimentos,
em alvenaria estrutural. A edificação é localizada na cidade de Natal no estado do Rio Grande
do Norte. O edifício é do tipo térreo mais três pavimentos apoiado sobre a fundação tipo radier.
Ele possui oito apartamentos por andar. A Figura 3.1 ilustra o modelo em forma que foi
utilizado para análise de elemento infinito.
37
Figura 3.1: Ilustração Planta 1a fiada do pavimento tipo
38
Figura 3.2: Ilustração cargas lineares na fundação
Neste trabalho foi utilizado o modelo de grelha correspondente ao sugerido por Doria
(2007) e Cibulski (2016) no qual a discretização da fundação radier foi feita por meio de
elementos infinitos de placa para simular o comportamento da laje apoiada no solo submetida
a cargas lineares pontuais. Com o auxílio do software SAP2000 v20.2, foi empregue a
metodologia apresentada por Cibulski (2016), para qual, a laje segue o comportamento das
aplicações das equações de Kirchhof, a placa radier despreza a deformação transversal devido
ao cisalhamento. A modelagem da laje foi feita considerando elementos (laje radier) com placa
fina.
39
Outro fator importante a ser levado em consideração para elementos de placas em
software, é a geração da malha que tem uma influência muito grande em relação aos resultados.
Segundo Pascoal (2016), quanto maior for a discretização das malhas dos elementos
infinitos adotada, mais refinado são os resultados esperados, em contrapartida, provoca um
gasto computacional tão alto a ponto de dificultar o uso computacional do equipamento.
Baseado em pesquisas anteriores de diferentes autores que trouxeram resultados
satisfatório utilizando malhas com elementos de placas de 30x30 cm e 40x40 cm optou-se por
trabalhar com malhas 30x30cm. Além disso, pelo fato do edifício possuir dois prédios
simétricos e para minimizar os gastos computacionais, a estrutura foi dividida em duas partes
para que ao final do procedimento espelhasse o modelo confeccionado. A Figura 3.3 apresenta
a malha discretizada 30x30cm.
Figura 3.3:Ilustração de radier discretizado (30x30cm)
40
• Cargas permanente:
As cargas permanentes consideradas neste caso foram o peso próprio da laje radier e as
cargas lineares das alvenarias estruturais de toda infraestrutura do prédio. Tem-se:
✓ Peso próprio da laje (𝑃𝑃 = 2,5 𝑘𝑁/𝑚), considerado apenas na laje térreo;
• Cargas acidentais:
É importante ressaltar que essas cargas foram aplicadas apenas na Laje térreo (radier),
tendo:
• Cargas horizontais
• A segunda, as cargas lineares precisaram ser convertidas em carga pontual para que
pudessem ser aplicados nas interseções dos nós mais próximo por onde atuam essas
cargas lineares.
O intervalo de erros admitido na aplicação de carga pontual nos nós foi 7 cm a 15 cm.
A Figura 3.4 ilustra com as cargas aplicadas no radier.
41
Figura 3.4: Ilustração dos carregamentos aplicadas na Laje
Aplicação de cargas
pontuais nos nós
O solo foi modelado segundo a teoria de Winkler cujo, solo é representado por uma
cama de molas isoladas e independentes. A Figura 3.5 ilustra o radier com as molas inseridas.
42
Figura 3.5: Ilustração das molas aplicadas nas placas
43
Figura 3.6: Ilustração da placa radier espelhada
Autor (2021)
Ao espelhar-se as placas, deparou-se num erro, no qual, os eixos locais das placas
espelhadas não convergiam com as placas de referências conforme ilustrado na Figura 3.7, de
fato, os esforços interno entre as ambas as partes não apresentavam ter um comportamento
simétrico. Portanto, para resolver isso foi preciso corrigir o sentido dos eixos locais das placas
espelhadas para mesma direção com as de referência.
Figura 3.7: Ilustração da corte das placas com eixos locais
44
3.8 MODELOS ADOTADOS PARA DIMENSIONAMENTOS
Nesta sessão apresenta uma discussão referente à representação dos resultados de
dimensionamentos manuais elaborados para radiers em concreto armado (RCA) e em concreto
protendido (RCP) I e II para o presente estudo. Inicialmente, será realizado a modelagem
estrutural da fundação dos radiers com uma espessura de 16 cm para todos, obtendo assim, uma
(1) superestrutura de concreto armado nomeada RCA com 𝑓𝑐𝑘 = 25 𝑀𝑝𝑎 e duas (2)
superestruturas de concreto protendido nomeadas respectivamente RCP I (com força de
protensão de um cabo de 150 𝑘𝑁, distribuído a cada 60 cm na placa) e RCP II (com força de
protensão 300 𝑘𝑁, sendo, 2 cabos de 150 kN distribuídos a cada 60 cm na placa) com 𝑓𝑐𝑘 =
30 𝑀𝑃𝑎. Posteriormente, em razão da distribuição irregular dos esforços na fundação, foi
adotado a aplicação de protensão centrada (sem excentricidade) com cabos retos e centrados no
meio da placa para RCP I e II. Por fim, a partir dos esforços internos da laje apoiada no solo,
procedera-se aos dimensionamentos das armaduras passivas dos radiers em estudo, obtendo os
seguintes modelos estruturais:
• Modelo estrutural do radier em concreto armado (RCA);
• Modelo estrutura do radier em concreto protendido I (com 𝐹𝑃 = 150 𝑘𝑁) (RCP I);
• Modelo estrutura do radier em concreto protendido II (com 𝐹𝑃 = 300 𝑘𝑁) (2 cabos de
150 kN) (RCP II).
Para cada modelos estruturais dos radiers em concreto protendido (RCP I e RCP II),
os cálculos de armaduras passivas mínimas, foram realizados segundo as exigências da NBR
6118/2014 e da ACI 31/2011. Na busca de realizar comparações refinados de consumos dos
materiais, a análise quantitativa dos materiais sucedeu conforme as recomendações da norma
Brasileira e Americana, resultando os seguintes modelos quantitativos:
• Segundo a NBR 6118/2014:
✓ Quantitativos do radier em concreto protendido I segundo a norma Brasileira
(RCP.I/NB);
✓ Quantitativos do radier em concreto protendido II segundo a norma Brasileira
(RCP.II/NB).
• Segundo a ACI 31/2011:
✓ Quantitativos do radier em concreto protendido I segundo a norma Americana
(RCP.I/ACI);
✓ Quantitativos do radier em concreto protendido II segundo norma Americana
(RCP.II/ACI).
45
A Tabela 3.1 apresenta o resumo dos modelos estruturais e quantitativos do trabalho
adotados na análise.
Tabela 3.1: Resumo dos modelos adotados para análise
a. Concreto
O concreto utilizado para a modelagem foi o concreto C25. Para os demais características
foram:
Foi usado o Aço CA-50 com os seguintes valores definidos pelas NBR 6118/2014 e
NBR 7480/2007:
• Massa especifica do aço armadura passiva (𝜌𝑠 ): 7.850 𝑘𝑔/𝑚3 ;
• Coeficiente de dilatação térmica (𝐴): 10−5 /°𝐶;
• Modulo de elasticidade (𝐸): 210𝐺𝑃𝑎
• Resistencia característica de escoamento (𝑓𝑦𝑘 ): 500𝑀𝑃𝑎
46
c. Classe de agressividade
De acordo com a NBR 6118-2014, item 6.4 e tabela 6.1, foi considerada classe
de agressividade tipo II.
𝑭𝒅 = 𝜸𝒈 𝑭𝒈𝒌 + 𝜸𝜺𝒈 𝑭𝜺𝒈 + 𝜸𝒒 (𝑭𝒒𝟏𝒌 + ∑ 𝟎𝒋 𝑭𝒒𝒋𝒌 ) + 𝜸𝜺𝒒 𝟎𝜺 𝑭𝜺𝒈𝒌 (3.1)
Onde:
𝐹𝑑 : valor de cálculo das ações para combinação última;
𝐹𝑔𝑘 : ações permanentes diretas;
𝐹𝜀𝑔𝑘 : ações indiretas permanente, como a retração 𝐹𝑒𝑔𝑘 e variáveis como a temperatura
47
𝛾𝑔 , 𝛾𝜀𝑔 , 𝛾𝑞 , 𝛾𝜀𝑞 : coeficientes parciais de segurança das ações permanentes, dado por
tabelas;
0𝑗 ; 0𝜀 : coeficientes parciais de segurança da ação de pré-esforço, dados por tabelas.
Portanto as combinações utilizadas no trabalho são:
• Estado Limite Último (ELU)
𝑭𝒅 = 𝟏, 𝟒𝑮 + 𝟏, 𝟒𝑮𝑷 + 𝟏, 𝟒 𝑸𝒂 (3.2)
𝑭𝒅 = 𝟏, 𝟒𝑮 + 𝟏, 𝟒𝑮𝑷 + 𝟏, 𝟒 𝑸𝒂 (3.3)
Onde:
G: peso próprio;
GP: carga permanente;
Qa: sobrecarga adicional
• os momentos fletores e;
• os esforços cortantes.
De Figura 3.8 até Figura 3.16 apresentam os principais esforços internos obtidos pelo
SAP 200, V20.2.
48
Deslocamentos Verticais da laje no ELU
49
Momento Fletores no ELU
50
Momento Fletores no ELS
51
Tensões atuantes no ELU
Figura 3.14: Ilustração das tensões em x no ELU (em 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐 )
52
Esforço cortante no ELS
Primeiramente, determina-se a tensão máxima média que o solo pode suportar para
essa edificação.
𝑭 𝟏𝟐𝟑𝟕,𝟔𝟏 𝒌𝑵 (3.4)
𝝈𝒓𝒂𝒅𝒊𝒆𝒓 = 𝑨 𝒎𝒂𝒙 = (𝟑𝟎 𝒙 𝟑𝟎)𝒄𝒎𝟐 = 𝟏, 𝟑𝟕𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐
𝒎𝒂𝒍𝒉𝒂
▪ Determinação do coeficiente 𝑘𝑐
53
∅ 𝟎, 𝟖 (3.5)
𝒅𝒂𝒅𝒐𝒕𝒂𝒅𝒐 = 𝒅 − 𝒄 − = 𝟏𝟔 − 𝟑, 𝟎 − = 𝟏𝟐, 𝟔𝟎 𝒄𝒎
𝟐 𝟐
Sabendo que o concreto é C25, o aço (CA-50) e com valor do 𝑘𝑐 conhecido, a partir
Tabela 1.1 em anexo 1, obtém-se o valor de 𝑘𝑠 :
𝑘𝑠 = 0,024
𝟖∅𝒎𝒎 /𝒄 𝟏𝟎 𝒄𝒎
𝑨𝒔,𝒆𝒇 = 𝟓, 𝟎𝟑 𝒄𝒎𝟐 /𝒎
▪ Determinação do coeficiente 𝑘𝑐
∅ 𝟎, 𝟖 (3.8)
𝒅𝒂𝒅𝒐𝒕𝒂𝒅𝒐 = 𝒅 − 𝒄 − = 𝟏𝟔 − 𝟑, 𝟎 − = 𝟏𝟐, 𝟔𝟎 𝒄𝒎
𝟐 𝟐
Sabendo que o concreto é C25, o aço (CA-50) e com valor do 𝑘𝑐 conhecido, a partir
Tabela 1.1 em anexo 1, obtém-se o valor de 𝑘𝑠 :
𝑘𝑠 = 0,024
54
▪ Cálculo das armaduras:
𝟖∅𝒎𝒎 /𝒄 𝟐𝟎 𝒄𝒎
▪ Determinação do coeficiente 𝑘𝑐
∅ 𝟎, 𝟖 (3.11)
𝒅𝒂𝒅𝒐𝒕𝒂𝒅𝒐 = 𝒅 − 𝒄 − ∅ − = 𝟏𝟔 − 𝟑, 𝟎 − 𝟎, 𝟖 − = 𝟏𝟏, 𝟖𝟎 𝒄𝒎
𝟐 𝟐
Sabendo que o concreto é C25, o aço (CA-50) e com valor do 𝑘𝑐 conhecido, a partir
Tabela 1.1 em anexo 1, obtém-se o valor de 𝑘𝑠 :
𝑘𝑠 = 0,024
𝟖∅𝒎𝒎 /𝒄 𝟏𝟎, 𝟎
𝑨𝒔,𝒆𝒇 = 𝟓, 𝟎𝟑 𝒄𝒎𝟐 /𝒎
55
▪ Momento Fletor negativo na direção y:
▪ Determinação do coeficiente 𝑘𝑐
∅ 𝟎, 𝟖 (3.14)
𝒅𝒂𝒅𝒐𝒕𝒂𝒅𝒐 = 𝒅 − 𝒄 − ∅ − = 𝟏𝟔 − 𝟑, 𝟎 − 𝟎, 𝟖 − = 𝟏𝟏, 𝟖𝟎 𝒄𝒎
𝟐 𝟐
Sabendo que o concreto é C25, o aço (CA-50) e com valor do 𝑘𝑐 conhecido, a partir Tabela
1.1 em anexo 1, obtém-se o valor de 𝑘𝑠 :
𝑘𝑠 = 0,024
𝐴𝑠 = 2,74 𝑐𝑚2 /𝑚
𝟖∅𝒎𝒎 /𝒄 𝟐𝟎, 𝟎
56
❖ Verificação dos estados limites em serviço para RCA
As verificações dos estados limites de serviço de formação de fissuras e deformação
excessiva serão feitas momento fletor positivo na direção x, visto que esta apresenta momento
fletor significativo.
𝑴𝒅𝒎𝒆𝒅,𝒙 = 𝟏𝟓, 𝟓 𝒌𝑵/𝒎 (3.17)
𝑓𝑐𝑡 = 𝑓𝑐𝑡𝑚
𝒃𝒉𝟑 (3.19)
𝑰𝒄 =
𝟏𝟐
𝒉 (3.20)
𝒚𝒕 =
𝟐
𝟑 (3.21)
𝒇𝒄𝒕𝒎 = 𝟎, 𝟑𝟗𝒙 √𝟐𝟓𝟐 = 𝟑, 𝟑𝟑𝟒 𝒎𝑷𝒂
100𝑥163
𝐼𝑐 = = 34.133,33𝑐𝑚4
12
16
𝑦𝑡 = = 8,00 𝑐𝑚
2
1,5𝑥0,334𝑥34.133,33
𝑚𝑟 = = 2.134,05 𝑘𝑁. 𝑐𝑚 = 21,384 𝑘𝑁𝑚
8,00
A NBR 6118, recomenda proceder a uma verificação aos esforços cortantes no caso
das lajes maciças para certificar se as tensões de cisalhamento não ultrapassam o limite a ponto
de prescindir das armaduras transversais.
𝑽𝑺𝒅 ≤ 𝑽𝑹𝒅𝟏 (3.22)
57
Onde:
𝑉𝑆𝑑 : Força cortante solicitante de cálculo
𝑉𝑅𝑑 :Força cortante resistente de cálculo relativa a elementos sem armadura
para força cortante.
O valor máximo de força cortante apresentado no radier corresponde a: 𝑉𝑠𝑑 =
48,5 𝑘𝑁/𝑚, a seguir apresenta-se o cálculo da força cortante resistente de projeto para
elementos sem armadura transversal, a fim de averiguar a relação: 𝑉𝑆𝑑 ≤ 𝑉𝑅𝑑1
𝑽𝑹𝒅𝟏 = [𝝉𝑹𝒅 . 𝒌 . (𝟏, 𝟐 + 𝟒𝟎𝝆𝟏 ) + 𝟎, 𝟏𝟓𝝈𝒄𝒑 ]. 𝒃𝒘 . 𝒅 (3.23)
𝟎, 𝟕. 𝒇𝒄𝒕𝒎
𝝉𝑹𝒅 = 𝟎, 𝟐𝟓. 𝒇𝒄𝒕𝒅 = 𝟎, 𝟐𝟓
𝜸𝒄 (3.24)
𝟑
𝒇𝒄𝒕𝒎 = 𝟎, 𝟑𝟎𝒙 √𝒇𝒄𝒌 𝟐 (3.25)
𝑨𝒔𝟏
𝝆𝟏 =
𝒃𝒘 . 𝒅 (3.26)
Onde:
τRd : tensão resistente de cálculo ao cisalhamento
k = |1,6 − d|;
σcp :Tensão normal na seção;
bw : Largura mínima
d:Altura útil
fctm : resistência característica a tração
Considerando: 𝑏𝑤 = 100𝑐𝑚; 𝑑 = 14 𝑐𝑚;
Tem-se:
𝟑
𝟎, 𝟕 𝒙𝟎, 𝟑𝟎 √𝟐𝟓𝟐 (3.27)
𝝉𝑹𝒅 = 𝟎, 𝟐𝟓 = 𝟎, 𝟎𝟑𝟐𝟏 𝒌𝑵/𝒎𝟐
𝟏, 𝟒
𝑨𝒔𝟏 𝟏𝟖, 𝟑𝟎
𝝆𝟏 = = = 𝟎, 𝟎𝟏𝟑𝟏 (3.29)
𝒃𝒘 . 𝒅 𝟏𝟎𝟎 . 𝟏𝟒
58
𝑽𝑹𝒅𝟏 = [𝟎, 𝟎𝟑𝟐𝟏 𝒙 𝟏, 𝟒𝟔 . (𝟏, 𝟐 + 𝟒𝟎 𝒙 𝟎, 𝟎𝟏𝟑𝟏) + 𝟎, 𝟏𝟓𝝈𝒄𝒑 ] 𝒙 𝟏𝟎𝟎 𝒙 𝟏𝟒
(3.30)
= 𝟏𝟏𝟑, 𝟏𝟐 𝒌𝑵/𝒎
Portanto,
𝑽𝑺𝒅 = 𝟒𝟖, 𝟓𝟎 𝒌𝑵/𝒎 ≤ 𝑽𝑹𝒅𝟏 = 𝟏𝟏𝟑, 𝟏𝟐 𝒌𝑵/𝒎
a. Concreto
O concreto utilizado para a modelagem foi o concreto C30. Para os demais características
foram:
• Modulo de Elasticidade
𝐄𝐜𝐢 = 𝛂𝐄 . 𝟓𝟔𝟎𝟎. √𝐟𝐜𝐤 = 𝟏. 𝟓𝟔𝟎𝟎. √𝟑𝟎 => 𝑬𝒄𝒊 = 𝟑𝟎. 𝟔𝟕𝟐, 𝟓𝟎 𝑴𝑷𝒂 (3.31)
59
𝐄𝐜𝐬 = 𝛂𝐢 . 𝐄𝐜𝐢 = 𝟎, 𝟖𝟕𝟓 𝐱 𝟑𝟎. 𝟔𝟕𝟐, 𝟓𝟎 => 𝐄𝐜𝐬 = 𝟐𝟔. 𝟖𝟑𝟖, 𝟒𝟒 𝐌𝐏𝐚 (3.32)
Seja:
fck
αi = 0,8 + 0,2. = 0,8 + 0,2.30/80 = 0,875 ≤ 1,0
80
b. Aço
• Armadura ativa:
• Armadura Passiva
c. Classe de agressividade
De acordo com a NBR 6118-2019, item 6.4 e tabela 6.1, foi considerada classe
de agressividade tipo II.
d. Grau de protensão
60
3.10.2 Dimensionamento da superestrutura II em radier protendido
A protensão a ser aplicada no radier será do tipo pós tração para o caso de cordoalhas
engraxadas com classe de relaxação baixa.
𝜎𝑝𝑖 ≤ 0,80𝑓𝑝𝑡𝑘 = 1512,0 𝑀𝑃𝑎
𝑷𝒊 ≅ 𝟏𝟓𝟎 𝑲𝑵
De acordo com o item 2.6.3 deste trabalho, o cálculo da perda de protensão requer a
consideração das parcelas de perdas de protensão devidas ao encurtamento elástico do concreto,
a fluência do concreto, a retração do concreto, a relaxação dos cabos e do atrito do subleito.
Porém, em decorrência dos esforços atuantes no radier não apresentarem um comportamento
uniforme, que de fato geraria o traçado de cabos diferente para cada trechos, resolveu-se adotar
a perda de protensão comercial de 20% nos cabos.
61
3.10.2.5 Disposição dos cabos em planta
𝑆𝑦 = 28 𝑎 30 𝑐𝑚
• Direção Y: {
𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙: 65 𝑐𝑜𝑟𝑑𝑜𝑎𝑙ℎ𝑎𝑠
A NBR 6118:2014 exige uma tensão de compressão média mínima maior ou igual a 1
MPa na seção transversal da laje, após considerar todas as perdas de protensão. O objetivo desta
tensão de compressão é garantir o desempenho da estrutura no ELS, uma quantidade mínima
de armadura nas regiões a norma não a especifica.
Para direção x:
62
3.10.2.7 Combinações das ações
Para as combinações das ações utilizadas para radier protendido, levaram-se em conta
os efeitos mais desfavoráveis que poderiam ocorrer na estrutura conformemente recomendado
pela NBR 6118/2019.
a. Combinação 1:Momento fletor no ato da protensão
Onde:
Seja:
𝛹1 = 0,6
𝑀𝑞 : Momento fletor característico devido a carga acidental;
𝑀𝑢𝑝,∞ : momento fletor de protensão no tempo infinito,
b. Combinação 2: Verificação do ELU
Seja:
63
3.10.2.8 Obtenção dos esforços internos
Figura 3.18: Ilustração de deslocamento na direção x no ELU mais desfavorável (em mm)
Figura 3.19: Ilustração dos deslocamentos na direção y no ELU desfavorável (em mm)
64
Figura 3.20: Ilustração dos deslocamentos verticais no ELU mais desfavorável (em mm)
65
Tensões atuantes no ELU mais desfavorável
Figura 3.22: Ilustração das tensões em x no ELU mais desfavorável (em 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐 )
Figura 3.23: Ilustração das tensões em y no ELU mais desfavorável (em 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐 )
66
ELU no ato da protensão
Figura 3.24: Ilustração dos momentos fletores em x no ELU no Ato da protensão (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
Figura 3.25: Ilustração dos momentos fletores em y do ELU no ato da protensão (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
67
Combinação frequente
Figura 3.26: Ilustração dos momentos fletores em x combinação frequente (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
Figura 3.27: Ilustração dos momentos fletores em y combinação frequente (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
Autor (2021)
68
ELU mais desfavorável
Figura 3.28: Ilustração dos momentos fletores em x no ELU mais desfavorável (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
Autor (2021)
Figura 3.29: Ilustração dos momentos fletores em y no ELU mais desfavorável (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
69
Esforços cortantes na combinação frequente
Figura 3.30: Ilustração dos esforços cortantes na combinação frequente (em 𝒌𝑵/𝒎)
70
𝒃𝒘 . 𝒅𝟐𝒑 𝟏, 𝟎𝟎 𝒙 𝟎, 𝟎𝟖𝟐 (3.38)
𝑲𝟔 = = = 𝟎, 𝟐𝟗𝟖 ≈ 𝟎, 𝟑𝟎
𝑴𝒔𝒅 𝟎, 𝟎𝟐𝟏𝟓
𝛽𝑥 = 0,316
A partir da tabela k6 em anexo 3, tem-se: { 𝛽𝑧 = 0,868
∆𝜀𝑝𝑑 = 7,57 ⁰/₀₀
• Deformação Total:
𝜺𝒑𝒅 = ∆𝜺𝒑𝒅 + ∆𝜺𝒑𝒊 = 𝟕, 𝟓𝟕 + 𝟕, 𝟐𝟒 = 𝟏𝟒, 𝟓𝟎⁰/₀₀ (3.43)
A NBR 6118/2014 prescreve para lajes lisas ou cogumelo com armadura ativa
não aderente, uma armadura passiva mínima. A armadura inferior mínima deve atender aos
requisitos da expressão (3.47).
𝝆𝒔 ≥ 𝝆𝒎𝒊𝒏 − 𝟎, 𝟓. 𝝆𝒑 ≥ 𝟎, 𝟓𝝆𝒎𝒊𝒏 (3.47)
Onde:
71
𝑨𝒔 (3.48)
𝝆𝒔 =
𝒃𝒘 𝒉
𝑨𝒑 (3.49)
𝝆𝒑 =
𝒃𝒘 𝒉
𝜌𝑚𝑖𝑛 = 0,15%
❖ Observação: A favor da segurança resolveu-se adotar Asmin = 2,40 cm2 /m, mas
geralmente, nos casos de radier em concreto protendido, pode recorrer ao uso de fator
de redução para reduzir o consumo de armaduras passivas na laje.
→ 𝟖, 𝟎 ∅𝒎𝒎 /𝒄 𝟐𝟎, 𝟎
O ACI 318/2011 prescreve uma armadura mínima na zona das fibras tracionadas
conforme a expressão (3.50).
𝑵𝒄 (3.50)
𝑨𝒔,𝒎𝒊𝒏 =
𝟎, 𝟓. 𝒇𝒚
Onde:
𝑁𝑐 : a força que atua na seção transversal do concreto submetida às tensões de
tração devido ao efeito combinado das cargas de serviço;
𝑓𝑦 : Escoamento do aço, não deve ultrapassar 420 MPa
1350,00 𝑥 10−2
𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = = 0,628 𝑐𝑚2 /𝑚
0,5. 42,0
72
𝒇𝒓 = 𝟎, 𝟏𝟕√𝒇′𝒄 (3.51)
𝑓𝑟 = 0,17√30 = 0,931𝑀𝑃𝑎
𝟐𝟖 𝟏𝟐 𝟐𝟖 𝟏𝟐 (3.52)
𝜷𝟏 = 𝒆(𝟐𝟓(𝟏−( 𝒕 ) )
= 𝒆(𝟎,𝟐𝟓(𝟏−( 𝟓 ) )
= = 𝟎, 𝟕𝟏𝟏
Seja:
73
3.10.2.11 Verificação da fissuração
Tem -se:
Sabendo que:
𝐴𝑠 = 1,07 𝑐𝑚2 /𝑚
𝜎𝑡,𝑚á𝑥,𝐶𝐹 = 768,56 𝑘𝑁
74
3.10.3 Detalhamento das armaduras para concreto protendido (RCP I)
As Tabela 3.4 e Tabela 3.5 apresentam as quantidades de armaduras para os casos,
sendo, com a armadura mínima segundo a NBR 6118/2014 (RCP.I/NB) e ACI 31/2010
(RCP.I/ACI).
Tabela 3.4: Quantidade de armadura para radier em concreto protendido segundo a NBR
RCP.I/NB
RESUMO AÇO PARA RADIER EM CP/120kN
Diâmetro Aço Comprimento Peso Un. Peso Total
Total (m)
1Ø12,7 CP 190 RB 2688,82 0,89 2393,04
8 CA-50 5376,03 0,395 2123,53
TOTAL CP 190 RB + 5% 2632,35
TOTAL CA-50 + 10% 2335,83
Fonte: Autor (2021)
75
3.11 RADIER CONCRETO PROTENDIDO II (RCP II)
76
Figura 3.33: Ilustração dos deslocamentos em z (em mm)
77
Figura 3.35: Figura 3.34:Ilustração das tensões em y no ELU mais desfavorável (em 𝒌𝒈𝒇/𝒄𝒎𝟐 )
MOMENTOS FLETORES
ELU NO ATO DA PROTENSÃO
Figura 3.36: Ilustração dos momentos fletores em x no ELU ato de protensão (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
78
Figura 3.37: Ilustração dos momentos fletores em y no ELU ato de protensão (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
Combinação frequente
Figura 3.38: Ilustração dos momentos fletores em x na combinação frequente (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
79
Figura 3.39:Ilustração dos momentos fletores em y na combinação frequente (em 𝒌𝑵𝒎/𝒎)
80
Figura 3.41: Ilustração dos momentos fletores em y no ELU tempo infinito desfavorável (em
𝒌𝑁𝑚/𝑚)
Figura 3.42: Ilustração dos esforços cortantes na combinação frequente (em 𝒌𝑵/𝒎)
81
3.11.2 Dimensionamento da Armadura Longitudinal de Flexão no ELU mais
desfavorável
Valores máximos de momento positivo e negativo:
Na direção X:
Máximo positivo: 19,4514 𝑘𝑁𝑚/𝑚
Máximo negativo: −15,5486 𝑘𝑁𝑚/𝑚
Na direção Y:
Máximo positivo: 19,4514 𝑘𝑁𝑚/𝑚
Máximo negativo: −19,3052𝑘𝑁𝑚/𝑚
Adotando o momento máximo positivo na direção x:
𝑀𝑠𝑑 = 19,4514𝑘𝑁𝑚/𝑚 = 0,0194514 𝑀𝑁𝑚/𝑚
Sabendo que:
𝑏𝑤 = 100𝑐𝑚
𝐴𝑝 = 2𝑥0,99 = 2,00𝑐𝑚2
𝑏𝑤 = 100𝑐𝑚
𝑓𝑐𝑘 = 30𝑀𝑝𝑎
• Cálculo de K6:
𝑑𝑝 = 16 − 8 = 8 𝑐𝑚 = 0,08𝑚
𝒃𝒘 . 𝒅𝟐𝒑 𝟏, 𝟎𝟎 𝒙 𝟎, 𝟎𝟖𝟐 (3.59)
𝑲𝟔 = = = 𝟎, 𝟑𝟐𝟗
𝑴𝒔𝒅 𝟎, 𝟎𝟏𝟗𝟒𝟓𝟏𝟒
𝛽𝑥 = 0,21
Com o valor de K6 na tabela: { 𝛽 𝑧 = 0,907
∆𝜀𝑝𝑑 = 10,00 ⁰/₀₀
• Deformação de pré alongamento
82
• Deformação Total:
𝜺𝒑𝒅 = ∆𝜺𝒑𝒅 + ∆𝜺𝒑𝒊 = 𝟏𝟎, 𝟎𝟎 + 𝟕, 𝟑𝟑 = 𝟏𝟕, 𝟑𝟑⁰/₀₀ (3.64)
• Equação final:
• Armaduras mínimas
𝐀 𝐬𝐦𝐢𝐧 = 𝟐, 𝟒𝟎 𝐜𝐦𝟐 /𝐦
83
3.11.2.1 Verificação dos estados limites
Valores de tensão calculados obedecem ao intervalo acima, logo: está verificado o estado limite
último no ato da protensão. A Figura 3.36 e Figura 3.37 ilustram os valores de variação dos
momentos fletores no ato da protensão em relação às duas direções x e y.
• Verificação da fissuração
Tem -se:
Sabendo que:
84
3.11.3 Detalhamento das armaduras para concreto protendido
A Tabela 3.6 e Tabela 3.7, ilustram respectivamente os quantitativos de armaduras
realizado seguindo a exigências da NBR 6008/2014 (RCP.II/NB) e ACI 318/2011
(RCP.II/ACI).
85
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Uma das vantagens do uso de protensão dentro de uma estrutura é que ela permite
alívio de tensões dentro da estrutura em concreto armado. A partir da Figura 4.1, percebe-se
que no RCA, a tensão de tração média máxima é aproximadamente de 34,99 𝑘𝑔𝑓/𝑐𝑚2. Ao
inserir os efeitos de protensão nas superestruturas RCPI e RCPII, as tensões de tração média
máxima nos radiers são de 21,35 𝑘𝑔𝑓/𝑐𝑚2 e 9,94 𝑘𝑔𝑓/𝑐𝑚2 respectivamente, o que significa
que comparado ao RCA, a protensão no RCPI permitiu uma redução percentual de 38,98%,
enquanto no RCPII foi de 71,59%.
Figura 4.1: Ilustração de gráfico de variação das tensões atuantes versus nós
0
-20
-40
-60
-80
-100
-120
-140
4.2 Deslocamentos
No que concerne aos modelos estruturais, o RCA não apresentou nenhuma variação
nos deslocamentos horizontais tanto na direção x como na direção y, pelo fato de não haver
nenhum esforço normais significantes atuando na superestrutura da edificação. Em
contrapartida, observou-se nos RCP I e II, a ocorrência de deslocamentos horizontais nas
direções x e y devido aos efeitos de protensão aplicados na estrutura da fundação a fim de aliviar
as tensões trativas atuantes nas peças. Em consequência, o pré-alongamento das armaduras
ativas ocasionou o encurtamento do radier nas duas direções.
86
Na direção x, constatou-se um encurtamento considerável do concreto no RCP II, fato
já esperado, pois, aplicou-se o dobro da força de protensão inserida no RCP I. Conforme
ilustrado no gráfico da Figura 4.2, percebe-se que o deslocamento máximo (encurtamento) no
RCP I é de 2,49 𝑚𝑚, enquanto no RCP II é de 5,72 𝑚𝑚, ou seja, houve um crescimento de
129,72 % de deformação na estrutura.
Figura 4.2: Ilustração do gráfico dos deslocamentos versus nós na direção x
7
Deslocamento (mm)
6
5
4
3
2
1
0
0 2000 4000 6000 8000 10000
Nós
0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000
-0,5
Deslocamento (mm)
-1
-1,5
-2
-2,5
Nós
87
4.2.2 Deslocamento verticais
Neste item, ao analisar os três modelos estruturais, constatou-se que todos os modelos
apresentaram deslocamento vertical de aproximadamente 7,80 𝑚𝑚. A
Figura 4.4 apresenta o gráfico de variação de deslocamentos verticais dos RCA, RCPI
e RCPII.
No que se refere as distribuições de deslocamentos verticais na placa radier conforme
ilustrados nas Figura 3.8, Figura 3.20 e Figura 3.33, pode-se dizer que os recalques são menores
no centro da placa nos três casos, porém, o deslocamento vertical máximo concentra-se nas
bordas do radiers e ao redor do centro da placa radier. Para resolver este pormenor nas bordas,
faz-se uso geralmente de viga de rigidez para enrijecer as bordas ou engrossamento das bordas
no intuito de aliviar o efeito de deslocamento nas bordas do radier.
Figura 4.4: Ilustração do gráfico de variação dos deslocamentos verticais versus nós
-3
-4
-5
-6
-7
-8
-9
Nós
88
no solo, sendo na maioria das vezes muito conservador para radier em concreto protendido.
Posto isso, utiliza-se na maioria das vezes, a norma americana que tem grandes avanços no
dimensionamento e execução da fundação radier em concreto armado e concreto protendido.
Com efeito, analisando o consumo das armaduras (passivas e ativas) dos modelos
RCP.I/NB e RCP.II/NB, conforme ilustrado no gráfico da Figura 4.5, observa-se que o
RCP.I/NB apresentou menor consumo de armaduras ativas em relação ao RCP.II/NB, no
entanto possuem o mesmo consumo de armaduras passivas. Somando o consumo dessas
armaduras, nota-se que o RCP.I/NB apresenta o menor consumo total de armaduras estimado a
4.968,24 kg contra 7.388,24 kg do RCP.II/NB, ou seja, RCP.I/NB teve consumo cerca de
32,75% abaixo do RCP.II/NB.
Ao analisar o RCA/NB (que possui apenas amaduras passivas), percebe-se, que a
protensão do radier teve uma redução de 49,74% de armaduras passivas nos radiers em
concreto protendido.
Visando o RCP.I/NB que apresentou resultados satisfatórios no grupo dos radiers em
concreto protendido, pode-se afirmar que o RCA com 4.647,62 𝑘𝑔, registra consumo total de
armaduras praticamente igual, sendo de 4.968,24 𝑘𝑔 para RCP.I/NB. É importante ressaltar
para o caso do RCP.I/NB, não foi computada a parcela de redução da armadura passiva a favor
da segurança. Mas considerando a redução de armadura passiva acarretaria diminuir a
quantidade de armadura passiva no radier protendido.
Consumo de armaduras/NB
6000,00 5264,71
5000,00 4647,62
Consumo (Kg)
4000,00
3000,00 2335,892632,35 2335,89
2000,00
1000,00
0,00
RCA RCP.I/NB RCP.II/NB
Modelos
CA-50 CP 190 RB
89
no RCP.I/ACI. Enquanto no RCP.II/ACI não houve necessidade de armaduras passivas devido
ao efeito de tração ser menor do que o limite exigido pela ACI 31/2011.
Posto isso, o RCP.I/ACI apresenta o menor peso total de armaduras do que RCP.II/ACI
e o RCA. Para esta situação, tem-se uma redução de peso total de armaduras estimado a 37,37%
em relação ao RCA.
Figura 4.6: Ilustração dos consumos de aço segundo a ACI
Consumo de armaduras/ACI
6000,00 5264,71
5000,00 4647,62
Consumo (Kg)
4000,00
3000,00 2632,35
2000,00
1000,00 278,60
0,00
RCA RCP.I/ACI RCP.II/ACI
Modelos
CA-50 CP 190 RB
90
C3985 Armadura de KG 19,51 2.632,35 51.357,15
cordoalha CP-190RB
C4151 Armadura de AÇO CA- KG 9,54 2.335,89 22.284,40
50 CA 50
TOTAL R$ 73.641,55
Fonte: Autor (2021)
Tabela 4.3: Custo de material (R$) RCP.II/NB
Diante dos resultados obtidos para modelos quantitativos das superestruturas, a Figura
4.7 demostram que os RCA/NB e RCP.I/ACI possuem um menor custo de material de 44338,3
R$ e 54015 R$ respectivamente comparado aos outros modelos em análise o RCA/NB
demostrou ser cerca de 17,91% mais barato comparado ao RCP.I/ACI Os modelos RCP.I/NB,
RCP.II/NB e RCP.II/ACI, por apresentarem custos elevados na proporção de 66,09 %, 181,84
% e 131,66 % respectivamente em relação ao RCA/NB demostraram ser economicamente
inviáveis a serem considerados para este tipo de edificação.
91
Figura 4.7: Ilustração de gráfico de custo de material
120000
100000
Custo (R$)
80000
60000
40000
20000
0
RCA RCP.I/NB RCP.II/NB RCP.I/ACI RCP.II/ACI
Série1 44338,3 73641,55 124962,9 54015 102714,5
Modelos
92
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO
93
5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Para trabalhos futuros, sugere-se alguns tópicos que podem vir a contribuir com este
trabalho são:
• Prosseguir com a pesquisa usando espessuras diferentes da laje radier com e
sem viga de rigidez;
• Analisar a superestrutura considerando toda estrutura (pavimentos) do
edifício;
• Fazer análise do comportamento das distribuições dos esforços no radier em
edifícios de alvenaria estrutural;
94
6. REFERÊNCIAS
95
MEYERHOF, G. G. Compaction of sands and bearing capacity of piles. Journal of the Soil
Mechanics and Foundation Division, v.85, SM6. [S.l.], p. 1-29. 1959.
NAZÁRIO, G. F.; SILVA, V. C. D.; BERTEQUINI, A. B. T. Análise téorica sobre a fundação
tipo radier. Revista Engenharia em ação Unitoledo, Araçatuba, SP, p. 35-51, Julho/ dezembro
2019.
PASCOAL, P. T. Interação entre as paredes de alvenaria estrutural. Monografia (Trabalho
de Conclusão de Curso), Engemharia Civil, Universidade Federal do Pampa. Alegrete. 2016.
REIS, J. H. C. Interação Solo-estrutura de grupo de edifícios com fundações superficais
em argila mole. Dissertação de mestrado da Escola de Engenharia de São Carlos da
Universidade de São Paulo. São Carlos. 2000.
RIBEIRO, D. B. Análise da interação solo-estrutura via acoplamento MEC- MEF. In: PAIVA,
J. B. Cadernos de engenharia de estruturas. São carlos,: [s.n.], v. 10, 2008. p. 79-109.
SANTOS, P. V. S. Ações evolutivas em edifícios de paredes de concreto e de alvenaria,
considerando a interação com o solo. 176 f. Dissertação (mestrado). Escola de Engenharia de
São Carlos, Universidade de São Paulo. São Paulo, p. 156-162. 2016.
SCHMIDTKE, W. F. et al. Fundação tipo radier. Conexão Eletrônica, MS, v. 14, 2017.
SOUZA, E. F. A. D. Radier simples, armado e protendido. Campinas/SP: [s.n.], 2017.
SOUZA, R. A. Interação Solo-Estrutura em Edifícios Sobre Fundações Rasas – Um Estudo
Sobre a Variação de Esforços nos Pilares de Concreto Armado. Artigo publicado pela
Universidade Estadual de Maringá, 2006.
TESTONI, E. Análise estrutural de edifícios de parede de concreto por meio de pórtico
tridimensional. 222 f. Dissertação (mestrado). Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo. São Paulo. 2013.
VELLOSO, D. A.; LOPES, F. D. R. Fundações, Volume 1: critérios de projeto, investigação
do subsolo, fundações superficiais, fundações profundas. 2a. ed. São Paulo: Oficina de Textos,
2011.
VERRÍMO, G. D. S.; CÉSAR, J.; KLÉOS, M. L. Concreto Protendido: Perdas de protensão, n.
4, 1998.
96
ANEXOS
97
ANEXO 1
98
ANEXO 2
99
ANEXO 3
100