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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA – UVA

CURSO: ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE SISTEMAS CONSTRUTIVOS:


LAJES MACIÇAS E LAJES LISAS NERVURADAS

JÉSSICA CHAGAS DE FREITAS DOMINGOS

CABO FRIO

2017
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA - UVA
CURSO: ENGENHARIA CIVIL

JÉSSICA CHAGAS DE FREITAS DOMINGOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao


curso de Engenharia Civil da Universidade Veiga
de Almeida, como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em Engenharia
Civil.

Orientador: José Augusto Barbosa

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE SISTEMAS CONSTRUTIVOS:


LAJES MACIÇAS E LAJES LISAS NERVURADAS

CABO FRIO

2017
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA - UVA
CURSO: ENGENHARIA CIVIL

JÉSSICA CHAGAS DE FREITAS DOMINGOS

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE SISTEMAS CONSTRUTIVOS:


LAJES MACIÇAS E LAJES LISAS NERVURADAS

Monografia apresentada como


requisito parcial à conclusão do
curso em Bacharel em Engenharia
Civil.

APROVADA EM:

CONCEITO: ________________________

BANCA EXAMINADORA:

________________________________________________
PROF. JOSÉ AUGUSTO BARBOSA
ORIENTADOR

_________________________________________________________
PROF. NATASHA DE PAULA AMADOR DA COSTA

_________________________________________________________
PROF. FÁBIO PAIVA TEIXEIRA

Coordenação de Engenharia Civil

Cabo Frio
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente a


Deus, fundador do Universo e
engenheiro das estruturas do mundo.
Aos meus pais e ao meu querido amigo
Yuri Palmeira, que compartilhava deste
sonho, mas aprouve a Deus leva-lo para
projetar coisas maiores.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela graça de guiar meus passos e me permitir chegar até aqui.
Que tudo seja para o louvor da Sua glória.
Aos meus pais Paulo César Barbosa Domingos e Adriana Chagas de Freitas
Domingos e ao meu irmão Bruno Chagas de Freitas Domingos, sem vocês não seria
possível alcançar esse sonho.
À minha querida tia Nazaré Barbosa Domingues, por todo o carinho e por me
fazer acreditar que tudo daria certo.
Agradeço a toda minha família pelo apoio, educação e torcida. É sempre mais
fácil trilhar caminhos quando se tem uma base sólida.
Ao professor José Augusto por toda dedicação, paciência e disponibilidade. Com
sua ajuda ao longo desse semestre pude enxergar ainda mais a beleza da engenharia.
À Sólida Engenharia, em especial ao amigo e melhor engenheiro que conheço:
Fernando Pedrosa. Agradeço por compartilhar seu conhecimento, experiência e amor
contagiante por essa profissão. Espero um dia, ser uma engenheira tão competente como
o senhor.
Agradeço igualmente a todos os meus amigos e colegas de faculdade por
compartilhar dessa experiência incrível de aprendizado e amadurecimento por todos
esses anos.
Agradeço a todos os professores que contribuíram para minha graduação e
aprendizado.
“O temor do Senhor é o princípio da
sabedoria; têm bom entendimento todos
os que cumprem os seus preceitos; o seu
louvor subsiste para sempre.”
Salmo 111:10
RESUMO

Diante do atual cenário político-econômico do país, onde pesquisa apresentada


pelo IBGE registra queda de 3,6% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional e de 5,1%
na atividade da construção civil no ano de 2016 (CBIC, 2017), faz-se cada vez mais
necessário o emprego de soluções estruturais econômicas no que tange ao consumo de
materiais, tempo de execução, gastos com mão-de-obra e outros insumos. Em estruturas
de concreto armado as lajes são responsáveis por grande parte do consumo de concreto,
aço e fôrmas. Tendo em vista a tendência atual de edifícios com grande número de
pavimentos e grandes vãos é essencial uma escolha racional ao projetar esses elementos.
Nesse contexto, o advento da tecnologia nos últimos anos tem propiciado condições
para análises estruturais de alta complexidade, através de softwares comerciais de
cálculo estrutural, resultando em sistemas construtivos que aliam redução de custos à
eficiência e à eficácia. Este trabalho apresenta um estudo técnico comparativo entre
lajes maciças convencionais e lajes lisas nervuradas com regiões maciças em torno dos
pilares, vigas de bordo e cubetas de polipropileno entre as nervuras. O
dimensionamento foi efetuado no software de cálculo estrutural EBERICK V10
fundamentado na NBR 6118 de 2014 da Associação Brasileira de Normas Técnicas. O
detalhamento e dimensionamento foram obtidos através do referido programa, que,
depois de verificados os resultados e feito às análises necessárias, permitiram a
obtenção dos quantitativos referentes aos pesos próprios, flechas totais, consumo de
fôrmas, consumo de concreto, taxa de armadura e a composição do custo total da
estrutura, incluindo mão-de-obra para ambos os sistemas estruturais analisados.

Palavras-Chave: Concreto armado, Laje maciça, Laje lisa nervurada.


ABSTRACT

In view of the country's current political and economic scenario, where the
survey presented by the IBGE recorded a fall of 3.6% in national GDP and 5.1% in
construction activity in 2016 (CBIC, 2017) , It is becoming increasingly necessary to
use economic structural solutions in terms of material consumption, time of execution,
labor costs and other inputs. In reinforced concrete structures the slabs are responsible
for much of the consumption of concrete, steel and forms. Given the current trend of
buildings with large number of floors and large spans, a rational choice in designing
these elements is essential. In this context, the advent of technology in recent years has
provided conditions for structural analysis of high complexity, through commercial
structural calculation software, resulting in constructive systems that combine cost
reduction to efficiency and effectiveness. This paper presents a comparative technical
study between conventional solid slabs and smooth ribbed slabs with massive regions
around the pillars, edge beams and polypropylene buckets between the ribs. The design
was carried out in EBERICK V10 structural calculation software based on NBR 6118 of
2014 of the Brazilian Association of Technical Standards. The detailing and sizing were
obtained through the said program, which, after verifying the results and done to the
necessary analyzes, allowed the obtaining of the quantitative ones with respect to the
own weights, total arrows, form consumption, concrete consumption, armature rate and
Composition of the total cost of the structure, including manpower for both structural
systems analyzed.

Keywords: Reinforced concrete, Massive slab, Ribbed slab.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Comportamento de laje como diafragma ................................................................. 23


Figura 2 - Vãos da laje retangular ............................................................................................ 24
Figura 3 - Representação esquemática do sistema construtivo convencional em concreto
armado ...................................................................................................................................... 25
Figura 4 - Fixação de gastalho.................................................................................................. 28
Figura 5 - Detalhe do prumo do pilar ....................................................................................... 29
Figura 6 - Transferência dos eixos de referência ...................................................................... 30
Figura 7 – Fixação de painéis de laje ....................................................................................... 30
Figura 8 – Laje nervurada com capitéis.................................................................................... 35
Figura 9 - Faixas de laje para distribuição dos esforços nos pórticos múltiplos ...................... 37
Figura 10 - Distribuição de momentos pelas faixas do painel em uma dada direção ............... 37
Figura 11 - Laje lisa com pilares ortogonais e vãos iguais ....................................................... 38
Figura 12 - Pórtico na direção x ............................................................................................... 38
Figura 13 - Pórtico na direção y ............................................................................................... 38
Figura 14 - Armadura contra colapso progressivo ................................................................... 40
Figura 15 – Perímetro crítico de pilares internos ..................................................................... 42
Figura 16 – Perímetro crítico em pilares de borda ................................................................... 43
Figura 17 - Perímetro crítico em pilares de canto .................................................................... 44
Figura 18 – Seção transversal de laje nervurada convencional ................................................ 48
Figura 19 – Seção transversal de laje nervurada invertida ....................................................... 49
Figura 20 – Laje nervurada dupla ............................................................................................. 49
Figura 21 - Dimensões utilizadas na determinação do peso próprio da laje nervurada ........... 51
Figura 22 - Lajes nervuradas sobre apoio intermediário e a distribuição dos momentos ........ 52
Figura 23 - Dimensionamento da viga T com a linha neutra passando pela mesa ................... 53
Figura 24 - Dimensionamento da viga T com a linha neutra passando pela nervura ............... 55
Figura 25 - Dimensionamento da viga T submetida a um momento negativo ......................... 56
Figura 26 - Comprimento de ancoragem necessário ................................................................ 57
Figura 27 - Moldes de fôrmas de polipropileno ....................................................................... 62
Figura 28 – Planta de fôrma do pavimento tipo em lajes maciças convencionais. .................. 67
Figura 29 - Detalhe da armação negativa no pavimento tipo em lajes maciças
convencionais ........................................................................................................................... 69
Figura 30 - Detalhe da armação positiva no pavimento em lajes maciças convencionais ....... 69
Figura 31 - Planta de fôrma do pavimento em lajes lisas nervuradas ...................................... 73
Figura 32 - Detalhe da armação negativa no pavimento tipo em lajes lisas nervuradas .......... 74
Figura 33 - Detalhe da armação positiva no pavimento em lajes lisas nervuradas .................. 75
Figura 34 - Detalhe de punção e cisalhamento no pavimento em lajes lisas nervuradas ......... 75
Figura 35 - Janela de dados de seção de cubetas de polipropileno........................................... 76
Figura 36 - Comparativo do consumo de concreto .................................................................. 79
Figura 37 - Comparativo do peso próprio ................................................................................ 80
Figura 38 - Comparativo do consumo de aço ........................................................................... 80
Figura 39 - Comparativo do consumo de fôrmas ..................................................................... 81
Figura 40 - Comparativo de custo dos materiais da LMC ........................................................ 82
Figura 41 - Comparativo de custo dos materiais da LNCP ...................................................... 82
Figura 42 - Comparativo dos custos de materiais dos pavimentos analisados ......................... 83
Figura 43 - Comparativo do custo de concreto, aço e formas para as soluções analisadas ...... 83
Figura 44 - Comparativo dos custos de mão-de-obra ............................................................... 84
Figura 45 - Comparativo do custo global por pavimento tipo.................................................. 84
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Coeficiente k da parcela de Msd transmitida ao pilar. ............................................. 42


Tabela 2 - Dados de lajes e vigas para o pavimento em lajes maciças .................................... 68
Tabela 3: Flechas totais e admissíveis nas lajes maciças ......................................................... 68
Tabela 4: Consumo de aço CA-50 para o pavimento tipo em lajes maciças............................ 70
Tabela 5: Consumo de aço CA-60 para o pavimento tipo em lajes maciças............................ 70
Tabela 6: Quantitativo de materiais para o pavimento tipo em lajes maciças .......................... 70
Tabela 7: Custos de aço para cada bitola utilizada ................................................................... 71
Tabela 8: Consumo de materiais para o pavimento tipo em lajes maciças .............................. 71
Tabela 9: Composição de custos de mão-de-obra e serviços para o pavimento tipo em
lajes maciças ............................................................................................................................. 72
Tabela 10: Custo global da estrutura em lajes maciças ............................................................ 72
Tabela 11: Dados de Laje e vigas do pavimento em laje lisa nervurada .................................. 73
Tabela 12: Flecha total e flecha admissível no pavimento em laje lisa nervurada ................... 74
Tabela 13: Consumo de aço CA-50 para o pavimento tipo em lajes lisas nervuradas ............. 76
Tabela 14: Consumo de aço CA 60 para o pavimento em laje lisa nervurada ......................... 77
Tabela 15: Quantitativo de materiais para o pavimento tipo em laje lisa nervurada................ 77
Tabela 16: Custos de aço para cada bitola utilizada na laje lisa nervurada .............................. 77
Tabela 17: Consumo de materiais para o pavimento tipo em laje lisa nervurada .................... 78
Tabela 18: Composição de custos de mão-de-obra e serviços para o pavimento tipo em
laje lisa nervurada ..................................................................................................................... 78
Tabela 19: Custo global da estrutura em laje lisa nervurada .................................................... 79
Tabela 20: Comparativo das flechas ......................................................................................... 85
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção
CEI – Cadastro Específico do INSS
cm- Centímetro.
Fck – Resistência Característica do Concreto à Compressão
FJP – Fundação João Pinheiro
h – Hora
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
kg – Quilograma
kgf/m² - Quilograma força / centímetro quadrado.
kN – Quilonewton
kN/m3 – Quilonewton/ metro cúbico
LMC – Laje Maciça Convencional
LLNCP – Laje Lisa Nervura com Cubeta de Polipropileno
LN – Linha Neutra
m – Metro
m2 – Metro quadrado
mm – Milímetro
MPa – Megapascal
NBR – Norma Brasileira
NM – Normalização no Mercosul
PIB – Produto Interno Bruto
SINAPI – Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil
TCPO – Tabelas de Composição de Preços para Orçamentos
LISTA DE SÍMBOLOS

– Razão entre o maior e menor vão em lajes


A - Comprimento de um trecho do perímetro crítico U
Ac - Área da superfície crítica definida segundo o ACI 318/89
Ac' - Área da superfície crítica, externa à região armada e calculada pelo produto do
perímetro crítico U pela altura útil d
Apilar - Area do pilar
As - Armadura de flexão inferior, que atravessa a projeção da área em que se aplica a
reação de apoio
ASw - Área da armadura de cisalhamento numa linha de armadura
Av - Área da armadura de punção dentro da distância s
B - comprimento de um trecho do perímetro crítico U
C’ – Contorno crítico do pilar
d – Altura útil da laje
dx, dy - Alturas úteis segundo duas direções ortogonais definidas através dos eixos x e y
Eci – Módulo de elasticidade do concreto
FSd - Carga ou reação concentrada de cálculo, definida pelo texto base da NB-1/94
FSd,ef - Reação de apoio majorada, de forma a se considerarem os efeitos de uma
eventual transferência de momentos da laje para o pilar
Fy - Tensão de escoamento da armadura de punção, definido pelo ACI 318/89
Fyd - Tensão de escoamento da armadura de flexão, definida pelo texto base e pelo
CEB/90; tensão de escoamento da armadura de punção
Fywd - Resistência de cálculo da armadura de cisalhamento
H - Espessura da laje
K - Com relação ao texto base, K é o coeficiente que fornece a parcela de um momento
fletor transmitida a um pilar interno por cisalhamento e que é tabelado em função da
relação c1/c2; com relação ao CEB/90, o termo K foi definido para duas situações
diferentes: para pilares internos, ele é análogo ao coeficiente K definido pelo texto base,
enquanto que, para pilares de borda, K é análogo ao coeficiente K2, também definido
pelo texto base, mas com uma diferença: enquanto este depende da relação c2/2c1,
aquele depende da relação c1/2c2
ℓx – Menor vão em lajes
ℓy – Maior vão em lajes
MSd - Momento de cálculo aplicado pela laje a um pilar interno, com relação ao texto
base e ao CEB/90; momento fletor definido pelo texto base, referente a pilares de borda
e de canto, como sendo igual à subtração (MSd1 - MSd*), devendo o resultado assumir
um valor maior ou igual a zero; momento fletor referente a pilares de borda e que atua
na direção paralela à borda livre, definido conforme a recomendação dada pelo CEB/90;
M'Sd momento fletor, referente a pilares internos, perpendicular a MSd
MSd* - Momento de cálculo resultante da excentricidade do perímetro crítico reduzido
μ* em relação ao centro do pilar
MSd1 - Momento de cálculo definido pelo texto base e que atua no plano perpendicular
à borda livre de pilares de borda e perpendicular à borda livre adotada para pilares de
canto
MSd2 - Momento de cálculo referente a pilares de borda, definido pelo texto base e que
atua no plano paralelo à borda livre
MSdn* - Momento de cálculo resultante da excentricidade do novo perímetro crítico
reduzido; μn* - em relação ao centro do pilar
Mu - Momento fletor desbalanceado, definido pelo ACI 318/89
Mx , My - momentos fletores que atuam segundo as direções x e y, respectivamente
ɸ – Bitola de aço
V - Força concentrada
VSd - Reação de apoio do pilar
Vu - Força cortante;
Vx - Reação de apoio no pilar
γ – Peso específico
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 16

1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................................................ 18


1.1.1 Objetivo geral ...................................................................................................................................... 19
1.1.2 Objetivos específicos ........................................................................................................................... 19
1.2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................................................ 19
1.3 METODOLOGIA ....................................................................................................................................... 20

2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS DE ESTRUTURAS EM CONCRETO ARMADO ............................ 22

2.1 SISTEMAS E ELEMENTOS ESTRUTURAIS .......................................................................................... 22


2.2 LAJES DE CONCRETO ARMADO .......................................................................................................... 22
2.2.1 Classificação das lajes quanto à direção da armadura principal ....................................................... 24
2.3 LAJES CONVENCIONAIS DE CONCRETO ARMADO ......................................................................... 25
2.3.1 Prescrições da NBR 6118 (2014) e método de cálculo ........................................................................ 26
2.3.2 Vantagens e desvantagens do sistema construtivo convencional ........................................................ 26
2.3.3 Processo construtivo do sistema com lajes convencionais .................................................................. 27
2.4 LAJES LISAS E LAJES-COGUMELO ...................................................................................................... 34
2.4.1 Punção ................................................................................................................................................. 35
2.4.2 Prescrições da NBR 6118 (2014) e métodos de cálculo ...................................................................... 35
2.4.3 Vantagens e desvantagens do sistema construtivo com lajes lisas ou cogumelo ................................. 45
2.4.4 Processo construtivo do sistema com lajes lisas ou lajes-cogumelo ................................................... 47
2.5 LAJES NERVURADAS ............................................................................................................................. 47
2.5.1 Tipologia.............................................................................................................................................. 48
2.5.2 Prescrições da NBR 6118 (2014) e métodos de cálculo ...................................................................... 50
2.5.3 Vantagens e desvantagens do sistema construtivo com lajes nervuradas ........................................... 60
2.5.4 Cubetas de polipropileno ..................................................................................................................... 61
2.5.5 Processo construtivo do sistema com lajes nervuradas ....................................................................... 62

3 ESTUDO DE CASO ................................................................................................................................... 65

3.1 EBERICK V10 ..................................................................................................................................... 65


3.2 COMPOSIÇÃO DE CUSTOS UTILIZADA ....................................................................................... 66
3.3 ESTRUTURA EM LAJES MACIÇAS CONVENCIONAIS ................................................................ 66
3.3.1 Quantitativos e custos dos materiais e mão-de-obra do pavimento em lajes convencionais............... 68
3.4 ESTRUTURA EM LAJES LISAS NERVURADAS .................................................................................................. 72
3.4.1 Quantitativos e custos dos materiais e mão-de-obra do pavimento em laje lisa nervurada................ 74
3.5 COMPARAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS ................................................................................. 79

4 CONCLUSÕES ........................................................................................................................................... 86

5 REFERÊNCIAS.......................................................................................................................................... 88
16

1 INTRODUÇÃO

Diante do atual cenário político-econômico do país, onde pesquisa apresentada


pelo IBGE registra queda de 3,6% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional e de 5,1%
na atividade da construção civil no ano de 2016 (CBIC, 2017), faz-se cada vez mais
necessário o emprego de soluções estruturais econômicas no que tange ao consumo de
materiais, tempo de execução, gastos com mão-de-obra e outros insumos.
Segundo Costa (1997 apud Albuquerque, 1999) a estrutura de uma edificação,
individualmente, responde pela etapa de maior representatividade no custo total da
construção (15% a 20% do custo total).
Albuquerque (1999) acrescenta que uma redução de 10% no custo da estrutura
representa um decréscimo de dois por cento no custo total de uma edificação. Em
termos práticos isso corresponde à execução de toda etapa de pintura ou a todos os
serviços de movimento de terra, soleiras, rodapés, peitoris e cobertas juntos. Nesse
ínterim, verifica-se a importância de um estudo preliminar do sistema estrutural a ser
adotado.
Em estruturas de concreto armado as lajes são responsáveis por grande parte
do consumo de concreto, aço e fôrmas. Tendo em vista a tendência atual de edifícios
com grande número de pavimentos e grandes vãos é essencial uma escolha racional ao
projetar esses elementos. Sendo assim, muitas vezes o emprego do sistema
convencional de lajes maciças apoiadas respectivamente sobre vigas e pilares pode
resultar em espessuras antieconômicas e pesos próprios elevados. Faz-se necessário
ressaltar que reduções refletirão na repetição dos pavimentos da edificação, ocasionando
grande vantagem financeira.
Nesse contexto, o advento da tecnologia nos últimos anos tem propiciado
condições para análises estruturais de alta complexidade, através de softwares
comerciais de cálculo estrutural, resultando em sistemas construtivos que aliam redução
de custos à eficiência e à eficácia. Por conseguinte surgiram diversos outros modelos de
lajes, tais como lajes lisas, nervuradas e protendidas. Onde cada opção possui sua
especificidade de aplicação com vantagens e desvantagens.
A NBR 6118 (2014), em seu item 14.7.7, define: “Lajes nervuradas são as lajes
moldadas no local ou com nervuras pré-moldadas, cuja zona de tração para momentos
positivos está localizada nas nervuras entre as quais pode ser colocado material inerte”.
17

Seu surgimento se deu após uma análise crítica sobre o funcionamento de uma
laje maciça de grandes vãos. Para vencer grandes distâncias, a laje maciça precisa de
uma espessura considerável e, analisando-se a posição da Linha Neutra (LN), verifica-
se que existe uma pequena região de concreto comprimido e uma grande região abaixo
desta, de concreto tracionado. A laje nervurada tem a capacidade de aliar o
comportamento congênere ao das placas com a efetividade das vigas na flexão,
resultando em grande inércia e peso próprio reduzido.
Sabe-se ainda, que o concreto apresenta uma resistência à tração muito baixa, e
que na verificação às solicitações normais esta é desprezada. Por não colaborar na
resistência à flexão, nas lajes nervuradas o concreto abaixo da Linha Neutra é
eliminado, sendo substituído por fôrmas de diversos materiais.
Ao trabalhar com vãos maiores o número de pilares diminui, reduzindo também
o número de estruturas de fundação, o que normalmente acarretaria em maiores cargas
nos pilares e consequentemente estruturas de fundação mais robustas e mais caras,
entretanto, o peso próprio reduzido minora esse problema. Ademais, a redução no
número de pilares e ausência de vigas internas permite maior flexibilidade arquitetônica
no interior dos pavimentos.
Outro fator relacionado à ausência de vigas internas é a economia de tempo de
serviço em confecção e colocação de suas fôrmas, já que estas consomem mais tempo e
dão mais trabalho que as fôrmas de laje. Resultando em um melhor aproveitamento da
mão-de-obra e consequente menor custo com esta têm-se uma importante diminuição do
custo total da construção.
Tendo em vista estes aspectos, cabe ao engenheiro juntamente com o arquiteto a
escolha do tipo de estrutura a ser utilizada. Isto posto, neste trabalho tencionou-se
elaborar uma comparação, considerando os critérios econômicos, de consumo de
materiais, eficiência e eficácia, entre os sistemas estruturais de laje nervurada e laje
maciça convencional aplicados a um edifício-exemplo. Entretanto, torna-se difícil a
utilização de um modelo padrão, pois cada obra possui características arquitetônicas
particulares, assim sendo, o intuito é apresentar resultados para um determinado
edifício, de maneira a servir como parâmetro para outros projetos.
Além de utilizar laje nervurada bidirecional, o sistema estrutural a ser analisado
conta com regiões maciças no entorno dos pilares, chamadas de capitéis embutidos, de
18

modo a reduzir as tensões cisalhantes. Serão também utilizadas cubetas de polipropileno


entre as nervuras.
O procedimento de análise da estrutura – laje nervurada com capitél – através de
software comercial foi adotado porque de acordo com Pedrosa (2013) pode ser aplicado
a qualquer geometria, fornecendo resultados satisfatórios.
Dentre os programas computacionais utilizados atualmente optou-se por utilizar
o Alto QI/ Eberick V10 que, além da análise, realiza o detalhamento da estrutura.
Dentre os projetos de relevância desempenhados com a utilização deste destacam-se o
projeto estrutural do Recreio Shopping na cidade do Rio de Janeiro efetuado pela
empresa T&G Engenharia e o reforço e ampliação do Aeroporto Santa Genoveva em
Goiânia elaborado pela engenheira civil Stéphane Vannier e CNT Consult Engenharia
Serviços Ltda, em concreto armado com lajes nervuradas.
Neste primeiro capítulo tem-se a apresentação dos objetivos, justificativa e
metodologia de pesquisa do trabalho, contendo o problema a que se propõe solucionar,
limitações, delimitações, e delineamento que nortearam a realização deste trabalho. O
segundo capítulo traz uma revisão bibliográfica a respeito de temas relacionados aos
sistemas construtivos de estruturas em concreto armado, apresentando definição,
aplicação, pontos positivos e negativos e processo construtivo das opções de laje
verificadas.
No terceiro capítulo efetua-se a análise da alternativa não convencional de lajes
a partir do projeto inicial em lajes convencionais. Exibem-se, para o pavimento de
ambas as soluções estruturais, a perspectiva, a planta de fôrmas, os quantitativos, o
custo global e o comportamento das estruturas às solicitações. Apresenta-se também a
comparação dos resultados obtidos e uma discussão sobre os mesmos, tendo como base
os consumos de concreto, aço e fôrmas, custos totais e o comportamento de ambos os
sistemas às solicitações. Finalmente, no quarto e último capítulo, apresentam-se as
análises e conclusões finais do trabalho.

1.1 OBJETIVOS
Os objetivos estão subdivididos em objetivos gerais e objetivos específicos e
serão apresentados nas próximas subseções.
19

1.1.1 Objetivo geral


Analisar comparativamente os sistemas construtivos de laje maciça
convencional e laje nervurada com capitel embutido para o pavimento tipo selecionado
de maneira a fornecer ao engenheiro dados que o auxiliem na escolha do tipo de
estrutura mais adequada ao seu empreendimento, levando em consideração os aspectos
econômicos: consumo de concreto, aço e fôrmas, mão-de-obra e custo global e aspectos
de segurança e execução.

1.1.2 Objetivos específicos


 Realizar uma revisão bibliográfica sobre o tema;
 Projetar o pavimento estudado;
 Dimensionar e realizar o detalhamento dos elementos de cada sistema no Eberick
V10 em conformidade com a NBR 6118 (2014);
 Analisar os resultados obtidos na saída de resultados em relação ao peso próprio,
flechas, consumo de materiais e composição do custo total da estrutura para os dois
sistemas analisados;
 Comparar os resultados obtidos e concluir qual representa a melhor solução
estrutural a ser empregada em relação à eficiência, à eficácia, consumo de materiais
e custo global.

1.2 JUSTIFICATIVA
A crise econômica enfrentada pelo Brasil nos últimos anos é a pior em 20 anos.
O setor da construção civil, que se encontrava em um momento histórico de
desenvolvimento no país, foi um dos mais afetados. Além disso, o déficit habitacional
nacional é bastante significativo, sendo de 6.068.061 no ano de 2014, onde a região
Sudeste apresenta o maior índice entre as regiões de 2.425.679 FJP e CEI (2014 apud
CBIC, 2016). Neste cenário, a racionalização, a economia e a eficiência são conceitos
fundamentais na busca pela recuperação da indústria da construção. Não obstante, a
verticalização das cidades é uma das soluções para o déficit habitacional devido ao
reduzido espaço físico das aglomerações urbanas, proporcionando a otimização e a
industrialização da construção civil.
Como consequência da verticalização das cidades surge edifícios com um
número maior de apartamentos bem como um maior número de pavimentos. Em
20

estruturas de concreto armado as lajes são responsáveis por grande parte do consumo de
concreto, aço e fôrmas. No caso de lajes maciças, a parcela de consumo de concreto
chega usualmente a quase dois terços do volume total da estrutura. Devido à sua
repetição ao longo dos andares, uma solução estrutural bem elaborada, de maior
eficiência e maior economia resulta em uma redução de custos bastante significativa.
Para isto é crucial o estudo pormenorizado dos diversos tipos de laje que podem ser
empregadas nos edifícios de vários pisos, tendo em vista a obtenção de soluções
técnicas e economicamente otimizadas.

1.3 METODOLOGIA
Neste trabalho é apresentada uma análise comparativa entre sistemas estruturais
de concreto armado. Inicialmente, foram definidos os sistemas estruturais a serem
analisados, em seguida, realizada revisão bibliográfica abordando os critérios de
projeto, as características e as particularidades dos sistemas que serão adotados.
Posteriormente, foi escolhido um edifício modelo para ser utilizado como base para as
concepções estruturais de ambos os sistemas em análise. Numa segunda etapa, fez-se o
lançamento e análise da estrutura no software AltoQI/EberickV10 para os sistemas
estruturais estudados, obtendo-se os quantitativos de materiais, que permitiram calcular
os índices definidos para comparação. Foram comparados parâmetros estruturais em
relação aos esforços nas lajes do pavimento tipo, assim como, os custos totais da obra
obtidos por meio de composições de preços, chegando-se a um valor global para cada
tipologia adotada considerando-se apenas as lajes.

1.3.1 Problema
O engenheiro civil tem a sua disposição diversos sistemas construtivos e
ferramentas baseadas em métodos numéricos para auxiliá-lo a projetar sua edificação da
maneira mais eficiente possível. Para um edifício residencial de dez andares que contêm
cobertura, apartamentos e área de convívio social localizado na cidade de Cabo Frio –
RJ e apresenta vãos de 17,80x25m qual será a solução estrutural mais viável
economicamente, em relação à segurança e execução – Lajes maciças convencionais
apoiada sobre vigas e pilares ou lajes lisas nervuradas que apresentam regiões maciças
em seu entorno, vigas de bordo e cubetas de polipropileno entre as nervuras?
21

1.3.2 Limitações
Como fator limitante do trabalho proposto está o fato de que, no
dimensionamento estrutural das duas alternativas de laje, utilizar-se somente a
ferramenta de análise AltoQI/EberickV10. As composições unitárias de armaduras serão
realizadas para aços CA-50 e CA-60.
As composições adotadas foram obtidas da coletânea publicada periodicamente
pela PINI. Essas composições são apresentadas nas “Tabelas para Composições de
Preços para Orçamentos” – TCPO (PINI, 2010).
Os valores em reais dos insumos para as composições de custos foram obtidos
na tabela SINAPI de preços de insumos, disponível no site da Caixa Econômica
Federal, para o estado do Rio de Janeiro referente ao mês de maio de 2017.
As demais limitações relacionam-se às variáveis utilizadas na comparação das
alternativas de laje e são listadas a seguir:
 Custo da estrutura (fôrmas, concreto, aço, mão de obra, materiais utilizados, etc.) e
quantitativos de materiais das lajes do pavimento tipo analisado;
 Os pontos verificados na saída do programa serão: peso próprio e flechas das lajes;
 Vantagens e interferências significativas, a serem definidas, das alternativas do
estudo de caso.

1.3.3 Delimitações
O estudo fica delimitado a um edifício residencial de dez pavimentos, na
cidade de Cabo Frio, considerando-se a resistência característica do concreto de 30Mpa,
aços CA 50 e CA 60 nas lajes.
22

2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS DE ESTRUTURAS EM


CONCRETO ARMADO

Os sistemas construtivos de estruturas em concreto armado objeto deste


trabalho são os com lajes convencionais e nervuradas e são descritos a seguir, bem
como seu processo de construção e condições normatizadas a serem seguidas no
momento da escolha da solução estrutural.

2.1 SISTEMAS E ELEMENTOS ESTRUTURAIS


Faz-se necessário antes de realizar uma análise de estruturas de concreto
armado distinguir elemento estrutural de sistema estrutural. De acordo com a NBR 6118
(2014) item 14.4 “Os elementos estruturais básicos são classificados e definidos de
acordo com a sua forma geométrica e a sua função estrutural (...)”.
O sistema estrutural é composto por elementos estruturais que são peças
com uma ou duas dimensões preponderantes diante as demais – vigas, pilares, lajes, etc.
– A análise do comportamento e a interpretação são, geralmente, complexas e difíceis e
por essa razão é importante considerar que, para montar modelos físicos e matemáticos
na análise de construções de concreto armado, é preciso utilizar técnica de discretização.
(CARVALHO & FIGUEIREDO, 2007, p.21).

2.2 LAJES DE CONCRETO ARMADO


As lajes são consideradas como elementos estruturais planos
bidimensionais, pois duas das dimensões, o comprimento e a largura, são da mesma
ordem de grandeza e muito maiores que a terceira dimensão, a espessura. Também são
denominadas elementos de superfície ou placas. A NBR 6118 (2014) em seu item
14.4.2.1 define: “Placas - elementos de superfície plana sujeitos principalmente a ações
normais a seu plano. As placas de concreto são usualmente denominadas lajes”.
Em conformidade com Lopes (2012), de maneira genérica as lajes têm uma
dupla função estrutural, uma vez que funcionam como placas, ao suportarem as cargas
verticais aplicadas ao longo dos pisos, e como chapas, ao se constituírem em diafragmas
rígidos horizontais que distribuem pelos diferentes pilares da estrutura as forças
horizontais atuantes. Sendo assim, as lajes podem ser entendidas como elementos
estruturais bidimensionais que têm a dupla função de resistir aos esforços normais que
23

atuam perpendicularmente ao seu plano principal e aos esforços tangenciais que atuam
paralelamente a este plano.
Figura 1 mostra uma laje atuando como diafragma.

Figura 1 - Comportamento de laje como diafragma

Fonte: PINHEIRO E RAZENTE (2003, p.17.2).

Nos edifícios altos, a existência do comportamento de chapa é fundamental


para assegurar o contraventamento da estrutura, uma vez que as lajes são as principais
responsáveis pela transmissão dos esforços horizontais que permitem aos pilares
contraventados se apoiarem nos pilares de contraventamento, garantindo assim a
estabilidade global da estrutura. Se de algum modo este comportamento de chapa tiver
sua eficiência diminuída, ou mesmo anulada, a segurança da construção em relação a
um possível colapso global será gravemente comprometida pela impossibilidade desta
de resistir aos esforços horizontais de contraventamento (FRANCA & FUSCO, 1997,
p.8).
As lajes possuem a função de receber a maior parcela das ações as quais
uma construção está sujeita, geralmente de pessoas, móveis, revestimentos, paredes, e
24

os mais variados tipos de carga que podem existir em função da finalidade arquitetônica
do espaço que a laje faz parte. As cargas são usualmente perpendiculares ao plano da
laje, podendo ser distribuídas na área, distribuídas linearmente ou concentradas.

2.2.1 Classificação das lajes quanto à direção da armadura principal


Uma classificação de suma importância das lajes de concreto armado refere-se à
direção ou direções da armadura principal, havendo duas situações: laje armada em uma
direção e laje armada em duas direções. Esta classificação é dada de acordo com a razão
entre o maior vão e o menor vão.

armada em uma só direção;

armada em duas direções;

Sendo: o menor lado e o maior lado.


A Figura 2 representa uma laje e definição de seus vãos.

Figura 2 - Vãos da laje retangular

Fonte: PINHEIRO et al. (2004, p. 11.2).

Nas lajes unidirecionais os esforços solicitantes de maior amplitude


ocorrem na direção do menor vão, denominada direção principal. Na direção oposta,
chamada secundária, os esforços solicitantes são bem menos significativos, sendo,
portanto desprezados nos cálculos. As lajes armadas em uma direção, na realidade,
25

possuem armaduras nas duas direções. A armadura principal, na direção do menor vão é
calculada para resistir o momento fletor atuante nessa direção, desconsiderando a
existência da outra direção. Assim, a laje é calculada como se fosse um conjunto de
vigas-faixa na direção do menor vão. Na direção do maior vão, projeta-se a armadura de
distribuição, com seção transversal mínima dada por norma e tem por finalidade
solidarizar as faixas de laje da direção principal, no caso, por exemplo, de uma eventual
concentração de esforços.
Por outro lado, nas lajes armadas em duas direções os esforços solicitantes
são importantes nas duas direções principais da laje, portanto, as armaduras nas duas
direções são calculadas para resistir os momentos fletores nessas direções.

2.3 LAJES CONVENCIONAIS DE CONCRETO ARMADO


Um sistema convencional de estruturas de concreto armado é aquele que
pode ser constituído basicamente por lajes maciças, vigas e pilares, sendo que as lajes
recebem os carregamentos oriundos da utilização, somados ao seu peso próprio, os
quais são transmitidos às vigas, que por si descarregam seus esforços aos pilares e esses
às fundações.
A Figura 3 esquematiza um sistema em laje convencional.

Figura 3 - Representação esquemática do sistema construtivo convencional em concreto armado

Fonte: SPOHR (2008, p.30).


26

Spohr (2008) destaca que “A laje maciça não é adequada para vencer grandes
vãos. É pratica usual adotar-se como vão médio econômico um valor entre 3,5 m e 5
m”.

2.3.1 Prescrições da NBR 6118 (2014) e método de cálculo


A NBR 6118 (2014) em seu item 13.2.4.1 determina as seguintes espessuras
mínimas para lajes maciças:
Nas lajes maciças devem ser respeitados os seguintes limites mínimos para a
espessura:
 7 cm para cobertura não em balanço;
 8 cm para lajes de piso não em balanço;
 10 cm para lajes em balanço;
 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou igual a 30 kN;
 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30 kN;
O cálculo simplificado para lajes maciças é feito com a determinação dos
esforços solicitantes, como momentos fletores e reações de apoio, além dos
deslocamentos utilizando-se tabelas desenvolvidas através da Teoria da Elasticidade,
tais como: tabelas de Czerny, tabelas de Bares, tabelas de Marcus (as tabelas de Marcus
só são utilizada no cálculo de lajes bidirecionais). Por ser amplamente difundido este
método não será detalhado neste trabalho.

2.3.2 Vantagens e desvantagens do sistema construtivo convencional


As principais desvantagens desse sistema são:
 Em razão dos limites impostos, apresenta uma grande quantidade de vigas, o que
deixa a fôrma do pavimento muito recortada, reduzindo a produtividade da
construção (ALBUQUERQUE, 1999);
 Os recortes diminuem o reaproveitamento das fôrmas (ibidem, 1999);
 Apresenta grande consumo de concreto, aço e fôrmas (ibidem, 1999);
 Uso de concreto abaixo da LN, onde não é solicitado (ibidem, 1999);
 Contraindicada para grandes vãos (ibidem, 1999).
E as principais vantagens:
27

 A existência de muitas vigas, forma muitos pórticos, que garantem uma boa rigidez
à estrutura de contraventamento (ibidem, 1999);
 Existe grande contribuição das mesas na deformação das vigas (ibidem, 1999);
 Por anos foi o sistema estrutural mais aplicado às construções de concreto, por isso a
mão de obra é bastante treinada (ibidem, 1999);
 Geralmente tem-se facilidade no lançamento e adensamento do concreto (FARIA,
2010);
 Não depende de área para depósito de material inerte (ibidem, 2010);
 Viabilidade de descontinuidade em sua superfície (ibidem, 2010).

2.3.3 Processo construtivo do sistema com lajes convencionais


Barros e Melhado (1998) apresenta as seguintes etapas para produção da
estrutura em lajes convencionais com ligação laje-viga-pilar:
 Recebimento do sistema de fôrmas;
 Montagem das fôrmas e armaduras dos pilares;
 Recebimento das fôrmas e armaduras dos pilares;
 Liberação dos pilares;
 Montagem das fôrmas de vigas e lajes;
 Liberação das fôrmas de vigas e lajes;
 Concretagem dos pilares;
 Montagem da armadura de vigas e lajes;
 Liberação da armadura de vigas e lajes;
 Concretagem de vigas e lajes;
 Desfôrma;

2.2.3.1 Montagem das fôrmas e armaduras dos pilares e liberação dos pilares
De acordo com Barros e Melhado (1998), de forma resumida, o método a
ser seguido para montagem das fôrmas e armaduras dos pilares é o que se segue:
 A locação dos pilares do primeiro pavimento deverá ser efetuada começando dos
eixos definidos na tabeira, conferindo-se a disposição dos arranques; a distribuição
dos pilares dos demais pavimentos deve ter como parâmetro os eixos de referência
definidos anteriormente;
28

 Instalação do gastalho de pé de pilar, o qual deverá circunscrever os quatro painéis,


sendo este nivelado da forma devida e unido. É usual que o ponto de referência de
nível esteja em pilares junto ao elevador;
 Limpeza dos arranques;
 Garantia do prumo da fôrma do pilar e da perpendicularidade de suas faces;
 Posicionamento das três faces do pilar, nivelando e aprumando cada uma destas com
o auxílio dos aprumadores, também denominados escoras inclinadas;
 Utilização de desmoldante nas três faces quando necessário;
 Locação da armadura de acordo com o projeto, com os espaçadores e pastilhas
corretamente colocados;
 Fechamento da fôrma com a sua quarta face (nivelamento, prumo e escoramento da
4ª face).

A Figura 4 esquematiza a fixação de um gastalho de pé de pilar e a Figura 5


especificações do prumo do pilar.

Figura 4 - Fixação de gastalho

Fonte: SABBATINI et al. (2007, p.15).


29

Figura 5 - Detalhe do prumo do pilar

Fonte: SABBATINI et al. (2007, p.16).

Para liberação dos pilares é necessário que sejam feitas as seguintes verificações
(BARROS & MELHADO, 1998, p.34):
 Posicionamento do gastalho de pé-de-pilar;
 Prumo e nível;
 Verificação da firmeza dos gastalhos ou gravatas, dos tensores e aprumadores.

Seguidas estas etapas pode-se concretar os pilares, sem que se haja executado as
fôrmas de vigas e lajes, ou, preparar as fôrmas de vigas e lajes e concretar o pilar apenas
depois que estiverem devidamente montadas.

2.3.3.2 Montagem e liberação das fôrmas de vigas e lajes


A recomendação de Barros e Melhado (1998) para a montagem das fôrmas de
lajes e vigas é a que se segue:
 Montagem dos fundos de viga apoiados sobre os pontaletes, cavaletes ou garfos;
 Posicionamento das laterais das vigas;
 Posicionamento das galgas, tensores e gravatas das vigas;
 Posicionamento das guias e pés-direitos de apoio dos painéis de laje;
 Posicionamento dos travessões;
 Distribuição dos painéis de laje;
 Transferência dos eixos de referência do pavimento inferior;
 Fixação dos painéis de laje;
 Colocação das escoras das faixas de laje;
30

 Alinhamento das escoras de vigas e lajes;


 Nivelamento das vigas e lajes;
 Liberação da fôrma para a colocação da armadura.

A Figura 6 apresenta a transferência dos eixos de referência do pavimento


inferior.

Figura 6 - Transferência dos eixos de referência

Fonte: SABBATINI et al. (2007, p.15).

A Figura 7 mostra a fixação dos painéis de laje.

Figura 7 – Fixação de painéis de laje

Fonte: SABBATINI et al. (2007, p.14).


31

Para que se inicie a etapa de posicionamento das armaduras das vigas e


lajes e necessário que se verifique a locação das fôrmas. Barros e Melhado (1998)
indica o procedimento a seguir para execução desta etapa:
 Verificar possíveis frestas no encontro viga/pilar;
 Posicionamento das escoras das vigas;
 Posicionamento das laterais das vigas;
 Distribuição de travessões e longarinas de apoio da laje;
 Conferência dos eixos de referência;
 Posicionamento das escoras de lajes;
 Localização das "bocas" de pilares e vigas;
 Verificar se há sobreposição ou frestas na distribuição de painéis;
 Alinhamento e prumo das escoras;
 Nivelamento das vigas e lajes;
 Limpeza geral da fôrma;
 Aplicação de desmoldante quando for utilizado.

2.2.3.3 Concretagem dos pilares


Como dito anteriormente, a concretagem dos pilares pode ser efetuada antes da
montagem das fôrmas de lajes e vigas. Para esta etapa pode ser utilizado tanto o
concreto produzido “in-loco” quanto o usinado, sendo essencial seu controle antes de
ser lançado. Antes de ser efetuada a concretagem de qualquer peça alguns testes mais
usuais são realizados, o “Slump Test” – Teste de abatimento do tronco de cone – que
deve ser realizado de acordo com a ABNT NBR NM 67 (1998) e o controle tecnológico
do concreto, ou controle de resistência à compressão (fck), através da extração e
moldagem de corpos de prova cilíndricos também normatizadas.
Depois de o concreto ser verificado e ter sua qualidade atestada o transporte até
o local de concretagem poder ser feito por bombeamento ou manualmente, através de
elevadores de obra e jericas ou gruas com caçambas.
Conforme Barros e Melhado (1998):

Quando o transporte é realizado com bomba, o lançamento do


concreto no pilar é realizado diretamente, com o auxílio de um funil. Quando
o transporte é feito através de caçambas ou jericas, é comum primeiro colocar
o concreto sobre uma chapa de compensado junto à "boca" do pilar e, em
32

seguida, lançar o concreto para dentro dele, nas primeiras camadas por meio
de um funil, e depois diretamente com pás e enxadas. O lançamento do
concreto no pilar deve ser feito por camadas não superiores a 50 cm,
devendo-se vibrar cada camada expulsando os vazios. A vibração
usualmente‚ realizada com vibrador de agulha.

2.3.3.4 Montagem e liberação da armadura de vigas e lajes


Posteriormente a concretagem dos pilares segue-se a montagem da armadura das
vigas e pilares, pressupondo seu correto preparo, corte e pré-montagem. Barros e
Melhado (1998) enumeram as seguintes tarefas a serem realizadas:
 Antes de colocar a armadura da viga na fôrma, coloca-se as pastilhas de cobrimento;
 Dispor a armadura de encontro viga-pilar quando pormenorizada em projeto;
 Marcar as posições das armaduras nas lajes;
 Montar a armadura na laje com a colocação das pastilhas de cobrimento (fixação da
armadura com arame recozido n.º 18);
 Chumbar os ferros para definição dos eixos.

É dever do engenheiro responsável pela execução conferir o cumprimento das


especificações do projeto na estrutura, peça por peça, garantindo sua efetividade. Os
itens básicos necessários nesta conferência listados por ibidem (1998) são:
 Colocação, diâmetro e quantidade de barras;
 Espaçamento da armadura de laje;
 Espaçamento dos estribos de vigas;
 Disposição da armadura dos pilares no transpasse;
 Colocação da armadura especificada no encontro viga-pilar;
 Colocação dos caranguejos e pastilhas de cobrimento;
 Posicionamento de galgas e mestras;
 Limpeza geral das fôrmas.

Após a realização desta, parte-se para a concretagem dessas peças.

2.3.3.5 Concretagem de vigas e lajes


Os procedimentos para verificação do concreto a ser utilizado em vigas e
lajes é o mesmo já descrito no item 3.2.3.4 “Concretagem de pilares” bem como seu
transporte pode ser feito das mesmas maneiras explicitadas no referido. Entretanto, no
33

momento do lançamento existem algumas particularidades ponderadas em Barros e


Melhado (2006, apud Faria, 2010):
 Lançar o concreto diretamente sobre a laje e espalhar com auxílio de pás e enxadas;
 Lançar o concreto nas vigas, diretamente com a bomba, sempre que possível, caso
contrário, utilizar jericas e auxiliar com pás e enxadas;
 Adensamento com vibrador e sarrafeamento do concreto;
 Acabamento com desempenadeira e início da cura da laje logo que for possível
andar sobre o concreto.

2.3.3.6 Retirada de fôrmas e escoramentos


A retirada de fôrmas e escoramentos – desfôrma – é normatizada pela NBR
14931 (2004), que em seu item 10.2 determina que deve haver um plano de desfôrma
anteriormente estabelecido, garantindo a segurança e desempenho da estrutura em
serviço. Para efetuar a remoção das escoras e fôrmas devem ser considerados os
seguintes aspectos:
 Peso próprio da estrutura ou da parte a ser suportada por um determinado elemento
estrutural;
 Carregamentos devidos a fôrmas ainda não retiradas de outros elementos estruturais
(pavimentos);
 Sobrecargas de execução, tais como movimentação de operários e material sobre o
elemento estrutural;
 Sequência de retirada das fôrmas e escoramentos e a possível permanência de
escoramentos localizados;
 Operações particulares e localizadas de retirada de fôrmas (como locais de difícil
acesso);
 Condições ambientais a que será submetido o concreto e as condições de cura;
 Possíveis exigências relativas a tratamentos superficiais posteriores.

Esta norma também prevê que escoramentos e fôrmas não devem ser
retirados, em nenhuma hipótese, até que o concreto tenha alcançado resistência
suficiente para suportar a carga imposta ao elemento estrutural nesse estágio, evitar
deformações acima dos limites especificados e resistir a danos em sua superfície durante
a remoção, considerando-se o baixo valor do módulo de elasticidade do concreto (Eci) e
34

a maior probabilidade de grande deformação diferida no tempo quando o concreto é


solicitado com pouca idade.
O responsável pelo projeto estrutural é quem deve informar ao responsável
pela execução da obra os valores mínimos de resistência à compressão e módulo de
elasticidade a serem obedecidos para a retirada das fôrmas e do escoramento, assim
como a necessidade de uma sequência de operações de retirada do escoramento.

2.4 LAJES LISAS E LAJES-COGUMELO


Conforme a NBR 6118 (2014), em seu item 14.7.8:

Lajes-cogumelo são lajes apoiadas diretamente em pilares com


capitéis, enquanto lajes lisas são as apoiadas nos pilares sem capitéis. A
análise estrutural de lajes lisas e cogumelo deve ser realizada mediante
emprego de procedimento numérico adequado, por exemplo, diferenças
finitas, elementos finitos ou elementos de contorno.

Por não serem empregadas vigas essas lajes recebem as ações e transmitem-
nas diretamente aos pilares. A ligação laje – pilar precisa ser suficientemente resistente
para que a transmissão das ações ocorra de forma segura e correta. É importante
ressaltar que nesta ligação existe um cisalhamento de alta magnitude, que deve ser
verificado para que não ocorra a ruína da laje pelo fenômeno de punção. Schwetz et. al
(2009) também destacam momentos fletores negativos geralmente elevados nesta
região. Com base nisso, surgiu a ideia do capitel, um engrossamento da laje na região de
ligação com o pilar, de modo a reduzir as tensões cisalhantes e contribuir na resistência
a tais momentos fletores negativos.
Albuquerque (1999) explica que nas primeiras lajes sem vigas comumente
se usava capitéis, buscando enrijecer a ligação laje-pilar, porém isto acarretava um
número significativo de recortes na fôrma do pavimento, minorando as vantagens desse
tipo de laje. Com a evolução do sistema, abandonou-se o uso de capitéis na maioria dos
casos passando-se a fazer uma criteriosa verificação da punção. Não obstante, quando se
aplicam lajes lisas nervuradas – objeto desta análise – a região em torno dos pilares será
maciça, formando capitéis embutidos.
A Figura 8 apresenta uma laje lisa nervurada com capitéis embutidos.
35

Figura 8 – Laje nervurada com capitéis

Fonte: LOPES (2012, p.15).

2.4.1 Punção
Melges (1995) define genericamente o fenômeno da punção de uma placa
como sendo a sua perfuração devida às altas tensões de cisalhamento, causadas por
forças concentradas ou agindo em pequenas áreas. Nas edificações com lajes-cogumelo,
esta forma de ruína pode se dar na ligação da laje com os pilares, onde a reação do pilar
é capaz de provocar a perfuração da laje. Concordemente, Schwetz et. al (2009)
explicitam que a punção “se caracteriza por ser um fenômeno combinado de tensões
normais e tangenciais e por apresentar uma ruptura do tipo frágil” e Leonhardt e
Mönnig (1978) afirmam que “quando estas tensões são elevadas, as fissuras propagam-
se como fissuras de cisalhamento, com uma inclinação de 30° a 35°, o que pode levar a
estrutura a romper bruscamente”.
Logo, entende-se a importância da verificação da punção em lajes que se
apoiam diretamente sobre os pilares.

2.4.2 Prescrições da NBR 6118 (2014) e métodos de cálculo


A NBR 6118 (2014), em seu item 13.2.4.1, determina que a espessura
mínima para laje lisa seja de 16 cm, enquanto para a laje cogumelo 14 cm.
36

Em relação a aberturas que atravessam lajes na direção de sua espessura, o


item 13.2.5.2 determina que em “Lajes lisas ou lajes-cogumelo, a verificação de
resistência e deformação previstas em 13.2.5 deve sempre ser realizada”. Onde 13.2.5
diz que “Quando forem previstos furos e aberturas em elementos estruturais, seu efeito
na resistência e na deformação deve ser verificado e não podem ser ultrapassados os
limites previstos nesta Norma”.
Como já foi mencionado no item 3.3 deve-se empregar elementos
numéricos para a análise deste tipo de laje, entretanto para situações específicas em que
os pilares estiverem distribuídos em filas ortogonais, de maneira regular e com vãos
semelhantes, é lícito fazer um cálculo aproximado baseado em processos elásticos com
redistribuição, usando em cada direção pórticos múltiplos, Leonhardt e Mönnig (1978)
aconselham que o método aproximado só deve ser utilizado quando a relação entre vãos
for:

Em cada pórtico deve ser considerada a carga total. A distribuição dos momentos, obtida em cada
direção, segundo as faixas indicadas na

Figura 9, deve ser feita da forma que se segue (NBR 6118, 2014 14.7.8):
 45 % dos momentos positivos para as duas faixas internas;
 27,5 % dos momentos positivos para cada uma das faixas externas;
 25 % dos momentos negativos para as duas faixas internas;
 37,5 % dos momentos negativos para cada uma das faixas externas

Devem ser minuciosamente estudadas as ligações das lajes com os pilares,


prestando especial atenção aos casos em que não haja simetria de forma ou de
carregamento da laje em relação ao apoio. Impreterivelmente, devem ser levados em
conta os momentos de ligação entre laje e pilares extremos.
37

Figura 9 - Faixas de laje para distribuição dos esforços nos pórticos múltiplos

Fonte: NBR 6118 (2014, p.98).

A Figura 10 apresenta a distribuição de momentos pelas faixas do painel na


direção Ɩy.

Figura 10 - Distribuição de momentos pelas faixas do painel em uma dada direção

Fonte: LONGO (2008 apud PEDROSA, 2013, p.25).

Para obter os momentos fletores por metro, deve-se dividir os momentos


encontrados pelas respectivas larguras de faixa (PEDROSA, 2013).
38

A Figura 11, Figura 12, Figura 13 demonstram a determinação da carga para o


método aproximado.

Figura 11 - Laje lisa com pilares ortogonais e vãos iguais

Fonte: LONGO (2008 apud PEDROSA, 2013, p.25).

Figura 12 - Pórtico na direção x

Fonte: LONGO (2008 apud PEDROSA, 2013, p.26).

Figura 13 - Pórtico na direção y


39

Fonte: LONGO (2008 apud PEDROSA, 2013, p.26).

Como disposto na Norma, para ambos os pórticos deve ser considerada a carga
total. As cargas nas duas direções são dadas por:

Sendo:
q a carga total atuante na laje;
qx a carga na direção x;
qy a carga na direção y.

2.4.2.1 Armadura de flexão e armadura contra colapso progressivo


As lajes lisas precisam resistir aos momentos fletores, para tanto, devem ser
distribuídas armaduras nas duas direções. Estas armaduras devem ser calculadas de
maneira a suportar os momentos fletores máximos. O Método Aproximado da NBR
6118, apresentado na subseção 2.4.2.1 distribui estes momentos fletores em faixas em
ambas as direções. Assim sendo, as armaduras são dispostas com certas porcentagens
nessas faixas.
A NBR 6118 (2004) nos itens 20.1 e 20.3.1 determina:
 Qualquer barra da armadura de flexão deve ter diâmetro no máximo igual a h/8.
 As barras da armadura principal de flexão devem apresentar espaçamento no
máximo igual a 2h (sendo h a altura da laje) ou 20cm, prevalecendo o menor desses
dois valores na região dos maiores momentos fletores.
 Pelo menos duas barras inferiores devem passar continuamente sobre os apoios,
respeitando-se também a armadura contra colapso progressivo (que será apresentada
posteriormente nesta subseção).
40

 Em lajes com capitéis, as barras inferiores interrompidas, além de atender às demais


prescrições, devem penetrar pelo menos 30 cm ou 24 ɸ no capitel.
 Devem ser atendidas as condições de ancoragem prescritas na Seção 9 da Norma.

A recomendação de Leonhardt e Mönnig (1978) é que se leve até os apoios 50%


da armadura do vão das faixas.
Conforme recomendação da Norma, para assegurar a ductilidade local e, por
conseguinte a proteção contra o colapso progressivo a armadura de flexão inferior que
atravessa o contorno C deve estar suficientemente ancorada, além do contorno C',
atendendo a:

Onde, As,ccp é o somatório de todas as áreas das barras inferiores que cruzam
cada uma das faces do pilar;
FSd pode ser calculado com γf igual a 1,2;
A Figura 14 ilustra a disposição da armadura de combate ao colapso progressivo.

Figura 14 - Armadura contra colapso progressivo

Fonte: NBR 6118 (2014, p.168)

Depois do cálculo das armaduras, deve-se proceder à verificação de se estas


atendem à armadura mínima prevista pela Norma. O item 19.3.3.2 explica que a
armadura mínima tem como função melhorar o desempenho e a ductilidade à flexão,
além de controlar a fissuração. Na Tabela 19.1 da NBR 6118 (2014), obtem-se:
 Armadura negativa:
41

 Armadura positiva:

A armadura mínima de tração, em elementos estruturais armados ou protendidos


deve ser determinada pelo dimensionamento da seção a um momento fletor mínimo
dado pela expressão a seguir, respeitada a taxa mínima absoluta de 0,15 %:

W0 é o módulo de resistência da seção transversal bruta de concreto, relativo à


fibra mais tracionada;
fctk,sup é a resistência característica superior do concreto à tração.

2.4.2.2 Cálculo de verificação à punção


Conforme explicitado no subitem 2.3.1 a verificação à punção nas lajes lisas
é essencial. No dimensionamento destas lajes à punção, a NBR 6118 (2014), no item
19.5.1, aponta um modelo de cálculo que se refere à verificação do cisalhamento em
duas ou mais superfícies críticas que são definidas no entorno da carga concentrada.
Conforme a Norma, na superfície crítica de contorno C do pilar ou da carga
concentrada, deve ser verificada indiretamente a tensão de compressão diagonal do
concreto, através da tensão de cisalhamento. Na superfície crítica de contorno C’,
afastada 2d do pilar ou carga concentrada – onde d é a altura útil da laje ao longo do
contorno crítico C', externo ao contorno, C da área de aplicação da força – deve-se fazer
a verificação da capacidade de ligação à punção, associada à resistência à tração
diagonal. Esta verificação também se faz através de uma tensão de cisalhamento, no
contorno C’.
Caso haja necessidade, a ligação deve ser reforçada com uma armadura
transversal. Caso seja colocada uma armadura transversal, uma terceira superfície
crítica, C’’, também deve ser verificada.
Na situação em que o efeito do carregamento é considerado simétrico
define-se:

Onde
42

d − altura útil da laje ao longo do contorno crítico C', externo ao contorno C da


área de aplicação da força e deste distante 2d no plano da laje;
dx e dy − as alturas úteis nas duas direções ortogonais;
u − perímetro do contorno crítico C';
u.d − área da superfície crítica;
Fsd − força ou a reação concentrada (valor de cálculo).
A força de punção Fsd pode ser reduzida da força distribuída aplicada na face
oposta da laje, dentro do contorno considerado na verificação, C ou C'.
A Figura 15 mostra o perímetro crítico em um pilar interno.

Figura 15 – Perímetro crítico de pilares internos

Fonte: NBR 6118 (2014, p.161).

Em se tratando de pilar interno com efeito de momento, em qual além da força


vertical, existe transferência de momento da laje para o pilar, o efeito de assimetria deve
ser considerado de acordo com a fórmula:

O valor de Wp , para pilar retangular, é obtido pela equação:

Onde k é o coeficiente que fornece a parcela de MSd transmitida ao pilar por


cisalhamento, que depende da relação C1/C2.
Os valores do coeficiente k estão expostos na Tabela 1.

Tabela 1: Coeficiente k da parcela de Msd transmitida ao pilar.


C1/C2 0,5 1 2 3
k 0,45 0,6 0,7 0,8
43

C1 é a dimensão do pilar paralela à excentricidade da força;


C2 é a dimensão do pilar perpendicular à excentricidade da força.
Fonte: NBR 6118 (2014)

Em relação aos pilares de borda, quando não atuar momento no plano paralelo à
borda livre tem-se:

Sendo
Onde:
FSd é a reação de apoio;
u* é o perímetro crítico reduzido;
MSd é o momento de cálculo no plano perpendicular à borda livre;
MSd* é o momento de cálculo resultante da excentricidade do perímetro crítico
reduzido u* em relação ao centro do pilar;
Wp1 é o módulo de resistência plástica perpendicular à borda livre, calculado
para o perímetro u.
O coeficiente k recebe os valores estabelecidos na Tabela 1 com C1 e C2 de
acordo com a Figura 16.

Figura 16 – Perímetro crítico em pilares de borda

Fonte: NBR 6118 (2014, p.163).


44

Nos casos em que agir momento no plano paralelo à borda livre aplica-se:

Onde:
MSd2 é o momento de cálculo no plano paralelo à borda livre;
Wp2 é o módulo de resistência plástica na direção paralela à borda livre,
calculado pelo perímetro u.
O coeficiente K2 assume os valores estabelecidos para K na Tabela 1,
substituindo-se C1/C2 por C2/2C1, sendo C1 e C2 estabelecidos na Figura 16.

Para pilares de canto Aplica-se o disposto para o pilar de borda


quando não age momento no plano paralelo à borda. Como o pilar de canto
apresenta duas bordas livres, deve ser feita a verificação separadamente para
cada uma delas, considerando o momento fletor, cujo plano é perpendicular à
borda livre adotada. Nesse caso, K deve ser calculado em função da
proporção C1/C2, sendo C1 e C2, respectivamente, os lados do pilar
perpendicular e paralelo à borda livre adotada (NBR 6118, 2014, p.163).

Os valores de k são, da mesma maneira obtidos pela Tabela 1 e os perímetros


críticos conforme a Figura 17.

Figura 17 - Perímetro crítico em pilares de canto

Fonte: NBR 6118 (2014, p.163).


45

Pedrosa (2013) ressalta que a verificação da tensão resistente de compressão


diagonal do concreto na superfície crítica c deve ser realizada independente da presença
– ou não – da armadura de punção através da seguinte equação:

Onde, ⁄ , com fck em MPa.


Caso haja trechos com armadura de punção a verificação da tensão resistente na
superfície crítica c’ deve ser realizada pela equação:

( √ )

Sendo .
Onde:
Sr é o espaçamento radial entre linhas de armadura de punção;
Asw é a área da armadura de punção num contorno paralelo a C’;
α é o ângulo de inclinação entre o eixo da armadura de punção e o plano da laje;
u é o perímetro crítico ou perímetro crítico reduzido no caso de pilares de borda
ou de canto;
fywd é a resistência de cálculo da armadura de punção, não maior do que 300
MPa para conectores ou 250 MPa para estribos em lajes com espessura até 15 cm ou
435 MPa para estribos em lajes com espessura maior que 35 cm. Estes valores devem
ser interpolados linearmente no caso da utilização de estribos em lajes com espessura
entre 15 cm e 35 cm.

2.4.3 Vantagens e desvantagens do sistema construtivo com lajes lisas ou


cogumelo
Hennrichs (2003, apud Faria, 2010) aponta como vantagens mais significativas
do sistema com lajes que se apoiam diretamente sobre os pilares, com ou sem a
presença de capitéis:
 Maior possibilidade de reformas e modificações futuras – quando previstas em
projeto – racionalização de vedações e aberturas, execução de fachadas com mais
liberdade;
 Menor consumo de materiais, as fôrmas apresentam um plano contínuo sem
obstáculos, possibilidade de uniformização das espessuras das lajes, maior
46

facilidade de operação das fôrmas, menor incidência de mão de obra, racionalização


e padronização dos escoramentos;
 Simplificação e racionalização das armaduras pela ausência de vigas, operações de
corte, dobra e montagem facilitadas, facilidade de inspeção e verificação;
 Simplificação da concretagem devida aos poucos recortes nas lajes, facilitando o
acesso de vibradores, reduzindo a possibilidade de falhas e melhorando o
acabamento;
 Há possibilidade de redução da quantidade de cimento – quando concreto for
produzido em obra – pois na concretagem de sistemas convencionais onde há grande
incidência de vigas pode ser necessário um concreto mais fluído;
 Simplificação das instalações pela menor quantidade de condutos e fios necessários,
menor incidência de cortes e emendas, possibilidade de perfuração da laje para
passagem de tubulação;
 Maior insolação e ventilação dos ambientes devido à ausência de vigas, diminuindo
a umidade, redução do acúmulo de sujeira e insetos;
 Redução do tempo de execução em função da simplificação nas fôrmas, armaduras,
concretagem e instalações.

Apesar das vantagens citadas acima é necessário um estudo minucioso para


decidir-se a utilização de lajes lisas devido aos seguintes fatores:
 Em edifícios residenciais, usualmente os pilares não são dispostos regularmente o
que pode tornar esta alternativa antieconômica (ARAÚJO 2003 apud FARIA 2010,
p.30);
 A ausência das vigas torna a estrutura muito deformável frente às ações horizontais,
o que é representa um sério problema em edifícios altos. Sendo assim, torna-se
necessário projetar elementos de contraventamento, como paredes estruturais ou
núcleos rígidos na região da escada e dos poços de elevadores (ibidem, 2010);

 O deslocamento de lajes sem vigas, para uma mesma rigidez e um mesmo vão, é
maior do que aqueles nas lajes sobre vigas (HENNRICHS, 2003 apud FARIA 2010,
p.29);
 Menor rigidez da estrutura às ações laterais em relação aos outros sistemas
estruturais, devido ao número reduzido de pórticos (ALBUQUERQUE, 1999, p.53).
47

2.4.4 Processo construtivo do sistema com lajes lisas ou lajes-cogumelo


Neste caso, o processo construtivo é semelhante ao apresentado para as lajes
maciças convencionais com a particularidade de não existirem vigas – excetuando-se o
caso das vigas de borda – Deve-se apenas eliminar os procedimentos de montagem de
fôrmas e armaduras para as vigas ou vigas internas quando forem utilizadas vigas de
bordo. Ademais etapas serão consideradas similares e aplicáveis para este caso. Assim
sendo, todo o processo já detalhado anteriormente, será considerado aplicável para a
execução de sistemas estruturais com lajes lisas.

2.5 LAJES NERVURADAS


As lajes nervuradas surgiram do fato de que para grandes vãos as lajes
convencionais maciças necessitam ter grande espessura que resulta em elevado peso
próprio, este pode ser de tal magnitude que venha a representar a maior parcela dos
carregamentos a que estão submetidas.
É sabido que em estruturas de concreto armado há solidarização entre
concreto e armadura, onde o concreto possui excelente resistência aos esforços de
compressão e baixa resistência à tração – sendo esta desprezada na verificação a
solicitações normais – e o aço apresenta excelente resistência à tração. A análise da
posição da linha neutra (LN) permite verificar que há uma pequena zona de concreto
comprimido e uma grande zona de concreto tracionado abaixo desta. Segundo Pinheiro
e Razente (2003) em concordância com Pedrosa (2013) a laje nervurada pode ser
interpretada como um conjunto de vigas (unidirecionais ou bidirecionais) que se
cruzam, solidarizadas por uma capa de concreto. Esse elemento estrutural terá
comportamento intermediário entre o de laje maciça e o de grelha.

Desta forma, combatem com muita eficiência os esforços de tração, que são
absorvidos pela nervura com a devida armadura, e os esforços de compressão
que são suportados, em sua maior parte, pela mesa de concreto. Com a linha
neutra situada próxima a região da mesa, a parte inferior pouco contribui para
a resistência de compressão, servindo apenas para garantir a aderência entre o
aço e o concreto. Tal região é considerada inerte e poderá ser preenchida com
material mais leve, sem função estrutural, como placas de isopor, elementos
cerâmicos, entre outros (ARAÚJO, 2008 apud LOPES, 2012).
48

2.5.1 Tipologia
A Norma divide as lajes nervuradas em dois grandes grupos: lajes
nervuradas pré-moldadas e moldadas “in-loco”. Estas também podem ser bidirecionais
ou unidirecionais. Neste trabalho trataremos apenas dos elementos moldados no local.

2.5.1.1 Lajes nervuradas moldadas “in-loco”


Lopes (2012) e Pinheiro e Razente (2003) descrevem este tipo de laje como
sendo aquela onde todas as etapas de execução são realizadas na obra e em suas
posições definidas em projeto. À vista disso, é necessário o uso de fôrmas e
cimbramentos, além do material de enchimento. Também pode-se utilizar fôrmas para
substituir os materiais inertes. Essas fôrmas já são encontradas em polipropileno ou em
metal, com dimensões moduladas, sendo necessário utilizar desmoldantes.
“As lajes moldadas no local podem ser unidirecionais ou bidirecionais. A
laje unidirecional é recomendada quando a relação entre os vãos for superior a dois,
sendo a bidirecional recomendada quando a relação entre vãos for inferior a dois”
(PEDROSA, 2013, p.7).
Estas ainda podem ser convencionais, invertidas ou duplas. Nas
convencionais a capa de concreto – mesa de compressão – que une as nervuras fica na
parte superior, já na invertida a capa de concreto fica embaixo e as nervuras em cima, e
na laje nervurada dupla as mesas de compressão ficam tanto na parte superior como na
inferior.
A Figura 18, Figura 19 e Figura 20 representam respectivamente as seções
transversais de uma laje nervurada convencional, invertida e dupla.

Figura 18 – Seção transversal de laje nervurada convencional


49

Fonte: PEDROSA (2013, p.8).

Figura 19 – Seção transversal de laje nervurada invertida

Fonte: PEDROSA (2013, p.8).

Figura 20 – Laje nervurada dupla

Fonte: PEDROSA (2013, p.19).

O formato da laje nervurada também pode variar, sendo o espaço entre as


nervuras em forma de meia circunferência, alveolar ou de forma modulada, na qual a
nervura tem uma pequena inclinação para facilitar a desfôrma (PEDROSA, 2013, p.19).
50

2.5.2 Prescrições da NBR 6118 (2014) e métodos de cálculo


A NBR 6118 prescreve:
 A espessura da mesa, quando não existirem tubulações horizontais embutidas, deve
ser maior ou igual a 1/15 da distância entre as faces das nervuras (lo) e não menor
que 4 cm;
 O valor mínimo absoluto da espessura da mesa deve ser 5 cm, quando existirem
tubulações embutidas de diâmetro menor ou igual a 10 mm. Para tubulações com
diâmetro ɸ maior que 10 mm, a mesa deve ter a espessura mínima de 4 cm + ɸ, ou 4
cm + 2 ɸ no caso de haver cruzamento destas tubulações;
 A espessura das nervuras não pode ser inferior a 5 cm;
 Nervuras com espessura menor que 8 cm não podem conter armadura de
compressão;
 Para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras menor ou igual a 65 cm, pode
ser dispensada a verificação da flexão da mesa, e para a verificação do cisalhamento
da região das nervuras, permite-se a consideração dos critérios de laje;
 Para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras entre 65 cm e 110 cm, exige-se
a verificação da flexão da mesa, e as nervuras devem ser verificadas ao
cisalhamento como vigas; permite-se essa verificação como lajes se o espaçamento
entre eixos de nervuras for até 90 cm e a largura média das nervuras for maior que
12 cm;
 Para lajes nervuradas com espaçamento entre eixos de nervuras maior que 110 cm, a
mesa deve ser projetada como laje maciça, apoiada na grelha de vigas, respeitando-
se os seus limites mínimos de espessura;
 Quando as hipóteses já citadas para lajes não forem verificadas, deve-se analisar a
laje nervurada considerando a capa como laje maciça apoiada em uma grelha de
vigas;
 As lajes nervuradas unidirecionais devem ser calculadas segundo a direção das
nervuras, desprezadas a rigidez transversal e a rigidez à torção;
 As lajes nervuradas bidirecionais, conforme NBR 14859-2 (2002) podem ser
calculadas, para efeito de esforços solicitantes, como lajes maciças;
Como foi dito outrora no item 2.5 a laje nervurada pode ser interpretada
como um conjunto de vigas solidarizadas por uma capa de concreto. Entretanto, se as
51

condições acima forem obedecidas a NBR 6118 (2014) permite fazer o cálculo da laje
nervurada como uma laje maciça, quando essas hipóteses não se aplicarem, deve-se
analisar a laje nervurada considerando a capa como laje maciça apoiada em uma grelha
de vigas.
O cálculo simplificado determina os esforços solicitantes, como momentos
fletores, reações de apoio e deslocamentos através de tabelas desenvolvidas para lajes
maciças através da Teoria da Elasticidade – tabelas de Czerny, de Bares, de Marcus, etc
– para lajes bidirecionais, já as lajes unidirecionais devem ser calculadas segundo a
direção das nervuras, desconsiderando a rigidez transversal e a rigidez à torção.
Os esforços encontrados, no entanto, são fornecidos para faixas de largura
unitária. Ao se dimensionar lajes nervuradas é necessário determinar o momento fletor
atuante em cada nervura, ou seja, trabalha-se com um esforço por nervura. Para tal,
basta multiplicar o valor encontrado para a faixa de um metro pela distância entre eixos
das nervuras.

2.5.2.1 Determinação do peso próprio nas lajes nervuradas


“O peso próprio das lajes nervuradas é obtido subtraindo-se a espessura dos
vazios da espessura total da laje de concreto” (PEDROSA, 2013, p.13). A Figura 21
ilustra as dimensões aplicadas no cálculo do peso próprio da referida laje.
Figura 21 - Dimensões utilizadas na determinação do peso próprio da laje nervurada

Fonte: PEDROSA (2013, p.13).


52

A espessura de vazios é determinada pela equação:

E a espessura equivalente de concreto por:

Por fim, o peso próprio é obtido multiplicando-se a espessura equivalente hc pelo


peso específico γ do concreto armado, que é de 25KN/m3.

2.5.2.2 Momento negativo em apoios intermediários


Conforme explicitado, a capa de concreto que une as nervuras trabalha muito
bem para os momentos positivos, desta maneira, para estes esforços, o cálculo da
armadura é claramente feito para a nervura. Todavia, ao se deparar com uma viga que
serve de apoio a duas lajes distintas, mas contínuas, surge um momento negativo sobre
esse apoio (PEDROSA, 2013, p.14). De acordo com BASTOS (2005 apud Pedrosa,
2013), o dimensionamento da laje nervurada para os momentos fletores negativos pode
ser feito adotando uma das seguintes hipóteses:
 “A seção na nervura (seção retangular), com armadura simples (negativa), é
suficiente para suportar o momento fletor negativo;
 Se a seção da nervura é insuficiente com armadura simples, pode-se utilizar
armadura dupla, desde que . Nesse cálculo, os limites impostos para a
posição da linha neutra devem ser obedecidos, visando garantir a necessária
ductilidade;
 A seção da nervura é insuficiente, mas pode-se aumentar a seção (normalmente
altura)”.
A Figura 22 ilustra um apoio intermediário entre duas lajes e a distribuição dos
momentos no mesmo.

Figura 22 - Lajes nervuradas sobre apoio intermediário e a distribuição dos momentos


53

Fonte: BASTOS (2005 apud PEDROSA, p.14).

2.5.2.3 Armadura de flexão


No caso dos momentos fletores positivos, a laje nervurada apresenta a mesa
comprimida e a armadura é obtida com o cálculo para uma seção T. Não obstante,
verificando a posição da linha neutra (LN), se esta passar pela mesa, a área comprimida
é retangular e o dimensionamento é feito com a largura da mesa. Porém, se passar pela
nervura, a área comprimida é em forma de T, então esta área deve ser dividida em duas,
sendo uma delas formada pelas abas da mesa e a outra pela nervura (PEDROSA, 2013,
p.16).
O caso em que a LN passa pela mesa é representado pela Figura 23.

Figura 23 - Dimensionamento da viga T com a linha neutra passando pela mesa


54

Fonte: LONGO (2009 apud PEDROSA, 2013, p.16).

Para que a linha neutra passe pela mesa é necessário satisfazer . Onde,
para obter o valor de x Primeiro, calcula-se o valor de kmd pela equação:

Com o valor de kmd é possível obter Kx:



E finalmente:
.
Sendo atendida a verificação a armadura é obtido pela equação:

Onde:
.
A situação em que a LN passa pela nervura é representada na Figura 24.
55

Figura 24 - Dimensionamento da viga T com a linha neutra passando pela nervura

Fonte: LONGO (2009 apud PEDROSA, 2013, p.16).

Nessa hipótese, divide-se a área T comprimida em duas. Desta forma, o


momento fletor de cálculo pode ser entendido como o momento resistido pela mesa
somado ao momento resistido pela nervura:

Sendo:
MMd – momento resistido pela mesa;
MNd – momento resistido pela nervura.
O momento MMd é:
( ) ( )
E MNd é:

Com o MNd já calculado, pode-se fazer o cálculo do kmd por:

Conclui-se calculando a armadura considerando as parcelas relativas à mesa e à


nervura (PEDROSA, 2013, p.17):

( )

Quando submetida a momentos fletores negativos a nervura é comprimida e,


consequentemente, esta área que sofre compressão é retangular. O procedimento de
cálculo é mostrado abaixo. A Figura 25 ilustra uma viga T nessas condições.
56

Figura 25 - Dimensionamento da viga T submetida a um momento negativo

Fonte: LONGO (2009 apud PEDROSA, 2013, p.18).

Encontrado o kmd é possível prosseguir para o cálculo de kz pela expressão:

( √ )
E então, a armadura é calculada por (PEDROSA, 2013, p. 18):

Além da área das armaduras, é necessário verificar o comprimento das


armaduras de modo a cobrir o diagrama de momentos fletores, a ancoragem das mesmas
e armadura mínima (PEDROSA, 2013, p. 18).

2.5.2.4 Armadura de cisalhamento


O dimensionamento para o esforço cortante é realizado levando em
consideração o espaçamento entre as nervuras. A Norma 6118 (2014) propõe um
método de cálculo para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras menor ou igual a
65 cm e outro para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras entre 65 cm e 110
cm. Ambos serão abordados nesta subseção.
Para o caso em que o espaçamento entre eixos de nervuras é menor ou igual
a 65 cm a Norma recomenda a fazer a verificação do cisalhamento através dos critérios
de laje. No item 19.4.1, a NBR 6118 (2014) prescreve que as lajes nervuradas ou
57

maciças podem prescindir de uma armadura transversal para resistir aos esforços de
tração causados pelo cortante. A dispensa dessa armadura para o cortante se faz quando
é obedecida a relação:

[ ]
Onde:

k = |1| para elementos onde 50% da armadura inferior não chega até o apoio;
k = | 1,6 − d |, não menor que |1|, com d em metros, para os outros casos;

não maior que |0,02|;

;
bw é a largura mínima da seção ao longo da altura útil d;
NSd é a força longitudinal na seção devida à protensão ou carregamento (a
compressão é considerada com sinal positivo);
AS1 é a área da armadura de tração que se estende até não menos que (d + lb,nec)
além da seção considerada; com lb,nec definido no item 9.4.2.5 da NBR 6118 (2014) e
na Figura 26.

Figura 26 - Comprimento de ancoragem necessário

Fonte: NBR 6118 (2014, p.159).

Se a relação for atendida, não será necessário colocar armadura


transversal. Do contrário, deve-se calcular a armadura transversal suficiente para
suportar o esforço cortante.
58

Em seu item 19.4.2, a NBR 6118 (2014) recomenda que, no cálculo de lajes
com armadura resistente à força cortante, a resistência dos estribos tenha os seguintes
valores máximos:
 250 MPa, para lajes com espessura até 15 cm;
 435 MPa, para lajes com espessura maior que 35 cm;
 Para lajes com espessuras entre 15 cm e 35 cm, a resistência dos estribos pode ser
interpolada linearmente.

Não obstante, para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras entre 65
cm e 110 cm o esforço cortante nas nervuras deve ser verificado como nas vigas e
sempre haverá sempre uma armadura transversal nas nervuras, ainda que mínima
(PEDROSA, 2003, p.20).
A NBR 6118 (2014) assinala que a “resistência do elemento estrutural, em
uma determinada seção transversal, deve ser considerada satisfatória, quando
verificadas simultaneamente as seguintes condições:

VSd é a força cortante solicitante de cálculo, na seção;


VRd2 é a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais
comprimidas de concreto, de acordo com os Modelos de cálculo I e II da Norma;
VRd3 = Vc + Vsw é a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína por tração
diagonal, onde Vc é a parcela de força cortante absorvida por mecanismos
complementares ao da treliça e Vsw a parcela resistida pela armadura transversal, de
acordo com os Modelos de cálculo I e II.”
Este trabalho abordará apenas o Modelo de Cálculo I da Norma, presente no
item 17.4.2.2.
“O modelo I admite diagonais de compressão inclinadas de θ = 45° em relação
ao eixo longitudinal do elemento estrutural e admite ainda que a parcela complementar
Vc tenha valor constante, independente de VSd.”
A verificação da compressão diagonal do concreto é feita pela equação:

Sendo: ( ) e fck em Megapascal (Mpa).

O cálculo da armadura transversal:


59

Onde:

( )

Vc = 0 nos elementos estruturais tracionados quando a linha neutra se situa fora


da seção;
Vc = Vc0 na flexão simples e na flexo-tração com a linha neutra cortando a seção;
na flexo-compressão;

;
;
Onde:
bw é a menor largura da seção, compreendida ao longo da altura útil d;
d é a altura útil da seção, igual à distância da borda comprimida ao centro de
gravidade da armadura de tração;
s é o espaçamento entre elementos da armadura transversal Asw, medido segundo
o eixo longitudinal do elemento estrutural;
fywd é a tensão na armadura transversal passiva, limitada ao valor fyd no caso de
estribos e a 70 % desse valor no caso de barras dobradas, não se tomando, para ambos
os casos, valores superiores a 435 MPa;
a é o ângulo de inclinação da armadura transversal em relação ao eixo
longitudinal do elemento estrutural, podendo-se tomar 45° ≤ α ≤ 90°;
M0 é o valor do momento fletor que anula a tensão normal de compressão na
borda da seção (tracionada por Md,máx), provocada pelas forças normais de diversas

origens concomitantes com VSd, sendo essa tensão calculada com valores de γf e γp
iguais a 1,0 e 0,9, respectivamente; os momentos correspondentes a essas forças
normais não podem ser considerados no cálculo dessa tensão, pois são considerados em
MSd; devem ser considerados apenas os momentos isostáticos de protensão;

MSd,máx é o momento fletor de cálculo máximo no trecho em análise, que pode


ser tomado como o de maior valor no semitramo considerado.
No caso de a armadura longitudinal de tração ser determinada através do
equilíbrio de esforços na seção normal ao eixo do elemento estrutural, os efeitos
60

provocados pela fissuração oblíqua podem ser substituídos no cálculo pela decalagem
do diagrama de força no banzo tracionado, dada pela equação:

* +
( )
Onde

al = d, para |Vsd,máx | ≤ |Vc|;

al ≥ 0,5 d, no caso geral;

al ≥ 0,2 d, para estribos inclinados a 45°.


Essa decalagem pode ser substituída, aproximadamente, pela equivalente
decalagem do diagrama de momentos fletores. A decalagem do diagrama de força no
banzo tracionado pode ser igualmente obtida simplesmente empregando a força de
tração, em cada seção, dada pela expressão:

[ | ]

Onde:
MSd,máx é o momento fletor de cálculo máximo no trecho analisado.

2.5.3 Vantagens e desvantagens do sistema construtivo com lajes nervuradas


As vantagens mais significativas deste sistema são:
 Oferece a vantagem de pequeno peso próprio para grande altura útil (LEONHARDT
E MÖNNIG, 1978, p.70);
 A maior inércia em relação às lajes convencionais possibilita o aumento dos vãos
entre pilares, facilitando os projetos e criando maior área de manobras nos
estacionamentos (SPOHR, 2008, p.37);
 Pode-se definir um pavimento com poucas lajes, devido à sua capacidade de vencer
grandes vãos (ALBUQUERQUE, 1999, p.32);
 Facilitação da execução devido a ausência de vigas altas, uma vez que as vigas são
embutidas na própria laje, evitando-se recortes e agilizando-se os serviços de
montagem das fôrmas (SPOHR, 2008, p.37);
 A distribuição dos pilares não necessita ser alinhada, podendo ser distribuídos de
acordo com as necessidades do projeto arquitetônico (ibidem, 2008, p.37);
61

 O número reduzido de vigas resulta em pouca interferência da estrutura na


arquitetura (ALBUQUERQUE, 1999, p.32);
 Se associado a um sistema de fôrmas industrializadas aceleram muito o processo
construtivo, chegando a um ciclo médio de execução de sete dias por pavimentos
com aproximadamente 450,00 m².
 Especialmente vantajoso em locais como garagens, onde os pilares, além de
dificultarem as manobras dos veículos, ocupam regiões que serviriam para vagas de
automóveis;
Principais desvantagens:
 Faz-se necessária mão de obra qualificada para não onerar custos e prejudicar a
produtividade (ARAÚJO, 2008 apud FARIA, 2010, p.34);
 Normalmente aumentam a altura total da edificação (LOPES, 2012, p.44);
 Maior número de operações na montagem (ibidem, 2012, p.44);
 O sistema de escoramento deve ser compatível com a montagem das fôrmas para
evitar a perda da rigidez do sistema (ARAÚJO, 2008 apud FARIA, 2010, p.34);
 Dificuldade em projetar uma modulação única para o pavimento todo, de maneira
que o espaçamento entre as nervuras seja sempre o mesmo (LOPES, 2012, p.44);
 Exigem maiores cuidados durante a concretagem a fim de evitar que fiquem vazios
nas nervuras, que costumam ser de pequena largura (ibidem, 2012, p.45);
 Dificuldades na fixação dos elementos de enchimento, com a possibilidade de
movimentação dos mesmos durante a concretagem (ibidem, 2012, p.45);
 Resistência da seção transversal diferenciada em relação a momentos fletores
positivos e negativos, necessitando de cálculo mais elaborado (ibidem, 2012, p.45).

2.5.4 Cubetas de polipropileno


Ao decidir-se por manter os espaços vazios entre as nervuras, têm-se como
consequência a necessidade utilização de fôrmas na face inferior da mesa, assim como,
nas faces laterais e na face inferior das nervuras. Hodiernamente é comum a utilização
de cubetas de polipropileno reaproveitáveis. Estas consistem em moldes desenvolvidos
especificamente para construção de lajes nervuradas, apresentadas na Figura 27. Lopes
(2010) cita que esta tecnologia foi desenvolvida na Inglaterra há mais de 30 anos e
permanece sendo utilizada hoje em mais de 30 países, inclusive no Brasil. Existem
62

empresas que alugam e/ou vendem essas fôrmas além de sistemas de escoramento
apropriado para as mesmas. Pinheiro e Razente (2003) destacam que o número de
reutilizações dessas fôrmas pode ultrapassar cem vezes.

Figura 27 - Moldes de fôrmas de polipropileno

Fonte: PINHEIRO e RAZENTE (2003, p. 17.2).

2.5.5 Processo construtivo do sistema com lajes nervuradas


O processo de execução de uma estrutura com lajes nervuradas, não
importa a fôrma utilizada possui muitas semelhanças com de lajes maciças
convencionais. Isto ocorre devido a principal diferença entre as duas soluções estar nas
lajes. Portanto, serão isoladas as etapas diretamente ligadas à laje nervurada, pois as
demais etapas são praticamente idênticas.
Araújo (2008 apud Faria 2010) e Lopes (2012) apresentam as seguintes
etapas para produção da estrutura em lajes nervuradas “moldadas in-loco”:
 Etapas de montagem;
 Preparação e lançamento do concreto;
 Adensamento e cura do concreto;
 Retirada das fôrmas e escoramentos.

2.5.5.1 Etapas de montagem


Segundo Araújo (2008 apud Faria 2010) a colocação e montagem do
cimbramento e barroteamento se dão antes da instalação das fôrmas, seguindo as
especificações do projeto de fôrmas. Comumente adota-se um sistema de
escoramento metálico, pela terceirização de especializadas, que permite a remoção da
fôrma sem retirar as escoras. Lopes (2012) ressalta que o cimbramento deve estar
apoiado em base firme que pode ser o contra piso em caso de pavimento térreo ou a
63

laje do andar inferior. É essencial a aplicação de um líquido desmoldante na fôrma


antes de cada utilização, evitando assim a deterioração e facilitando a desfôrma.
Em seguida, conforme Araújo (2008 apud Faria 2010) passa-se à
colocação das armaduras, primeiramente as nervuras são armadas e, posteriormente,
a mesa, conforme indicado no projeto. O autor salienta a necessidade de nos
encontros das lajes nervuradas com os pilares manterem-se as regiões maciças de
modo a absorver os esforços advindos do efeito da punção. Bocchi Jr. e Giongo
(2010 apud Lopes 2012) frisam ainda que caso a laje possua estribos estes precisam
ser locados com o espaçamento previsto através de espaçadores de argamassa,
evitando-se, que estes se desloquem durante a concretagem da laje.

2.5.5.2 Preparação e lançamento do concreto


Recomenda-se que sempre que possível a concretagem desse tipo de laje
seja realizada de uma única vez, evitando-se as juntas de concretagem. Quando não for
possível, é imprescindível asseverar a solidarização na ligação entre o concreto já
endurecido com o recém-lançado e, para isto, é necessário remover a nata do concreto
endurecido na ligação e realizar a limpeza do local antes da nova concretagem,
assegurando a aderência entre os concretos. As juntas de concretagem devem ocorrer
em regiões onde as tensões de cisalhamento são menores (BOCCHI JR. & GIONGO,
2010 apud LOPES, 2012, p.34). Em geral utiliza-se um concreto com boa plasticidade
para esse sistema construtivo devido a maior densidade de armaduras.

2.5.5.3 Adensamento e cura do concreto


O concreto das lajes nervuradas precisa sempre ser vibrado, de
preferência mecanicamente, a fim de garantir maior homogeneidade e
redução do número de vazios permitindo-se, assim, que se tenha a resistência
mínima do concreto prevista em projeto. A vibração é feita com vibradores
de imersão manuseados por operários capacitados evitando-se a desagregação
do concreto e com dimensões dos agregados compatíveis com as medidas da
seção transversal (BOCCHI JR & GIONGO, 2010 apud LOPES, 2012, p.34).

Durante a cura o concreto deve ser protegido de intempéries e outros


agentes danosos, tais como: variações bruscas de temperatura, chuva forte, secagem
rápida, componentes químicos, contra choques e vibrações que possam produzir fissuras
neste ou prejudicar a sua aderência às barras da armadura (ibidem, 2012, p.35).
64

A reação química que resulta no endurecimento do concreto e, seu


consequente aumento de resistência, necessita de água e como parte da água presente no
concreto evapora, para que a reação ocorra de maneira eficaz – garantindo-se assim a
resistência prevista em projeto – deve-se manter o concreto perenemente umedecido
durante o período da cura (ibidem, 2012, p.35). Além destas recomendações deve-se
obedecer às especificações normatizadas.

2.5.5.4 Retirada das fôrmas e escoramentos


Tal como o processo de cura a desfôrma e retirada dos escoramentos devem
ser realizados de acordo com a normatização. Posteriormente segue-se a retirada das
cubetas. Esse procedimento pode ser facilitado pela utilização de ar comprimido. Outra
maneira de removê-las, conforme Araújo (2008 apud Faria 2010) é utilizando cunha de
madeira ou martelo de borracha, devido ao fato de outras maneiras acarretarem na
danificação ou até inutilização das peças. Depois da retirada das fôrmas, aguarda-se a
cura completa do concreto que ocorre em, aproximadamente, 28 dias.
A remoção das fôrmas e escoramentos deve ser efetuada quando o concreto
estiver suficientemente endurecido para resistir às ações atuantes sobre a laje de forma
que estas não produzam deformações excessivas, tendo em consideração que o baixo
módulo de elasticidade do concreto nas primeiras idades permite maior deformação
(BOCCHI JR & GIONGO, 2010 apud LOPES, 2012, p.37).
65

3 ESTUDO DE CASO

O edifício-exemplo e o projeto estrutural para as duas alternativas estudadas


foram cedidos pela empresa Jabmetal Engenharia, através do coordenador e engenheiro
José Augusto Barbosa. Trata-se de um edifício residencial, com 10 pavimentos. O
presente trabalho ficou restrito ao estudo do pavimento tipo. As análises foram
realizadas para dois sistemas construtivos em concreto armado: lajes maciças
convencionais e lajes lisas nervuradas com regiões maciças em torno dos pilares, vigas
de bordo e cubetas de polipropileno.
O dimensionamento e levantamento de todos os quantitativos foram obtidos
através do Eberick V10 (2016), com o intuito de compor os preços dos sistemas
analisados e verificar o comportamento de ambos os sistemas aos esforços.
As composições adotadas para se chegar ao custo global foram obtidas da
coletânea publicada periodicamente pela PINI. Essas composições são apresentadas nas
“Tabelas para Composições de Preços para Orçamentos” - TCPO, 2010.
Os valores em reais dos insumos para as composições de custos foram obtidos
na tabela SINAPI de preços de insumos, disponível no site da Caixa Econômica
Federal, para o estado do Rio de Janeiro referente ao mês de maio de 2017.

3.1 EBERICK V10


O software Eberick, utilizado para o levantamento de quantitativos e análise
estrutural do projeto em questão, é um programa para projetos estruturais em concreto
armado moldado “in-loco” e concreto pré-moldado que engloba as etapas de
lançamento, análise da estrutura, dimensionamento e o detalhamento final dos
elementos.
Possui um sistema gráfico de entrada de dados, associado à análise da estrutura
em um modelo de pórtico espacial, e a diversos recursos de dimensionamento e
detalhamento dos elementos, de acordo com a NBR 6118 (2014), além da visualização
tridimensional da estrutura modelada.
Trata-se de um programa, com diversos recursos que proporcionam alta
produtividade na elaboração dos projetos e no estudo de diferentes soluções para um
mesmo projeto.
66

O Eberick pode ainda ser complementado por diversos módulos, conforme o


tipo e a necessidade dos seus projetos.

3.2 COMPOSIÇÃO DE CUSTOS UTILIZADA


As composições utilizadas para formulação dos orçamentos levaram em conta,
além dos valores médios dos insumos as despesas com mão-de-obra. Para a composição
dos orçamentos foram consideradas apenas lajes, elementos diretamente relacionados
aos sistemas estruturais empregados.
Devido à complexidade da tarefa de comparação de custos optou-se por utilizar
as composições usuais para todos os serviços considerados. Estas composições
consideram apenas os serviços propriamente ditos, sendo assim, não se aplicam os
custos relacionados aos serviços iniciais, de instalação da obra, do terreno,
administrativos ou quaisquer outros não relacionados diretamente com os serviços
abordados neste trabalho. Também não estão sendo considerados neste trabalho os
custos com cimbramentos. Não obstante, optou-se por não utilizar forros na estrutura
em lajes nervuradas, devido ao excelente acabamento obtido somente com as fôrmas de
polipropileno.
Da mesma maneira, custos com fundações, pilares e vigas, assim como prazos
de execução não foram considerados. Para os materiais, aços CA-50 e CA- 60, concreto
30Mpa, fôrmas de madeira, mão-de-obra e serviços diretamente ligados às lajes foram
utilizados preços obtidos pela tabela SINAPI, que já incluem os encargos sociais, para o
período de maio de 2017. Apenas para as cubetas de polipropileno os custos foram
levantados através de orçamento, cuja fonte encontra-se nas referências.

3.3 ESTRUTURA EM LAJES MACIÇAS CONVENCIONAIS


Para o projeto foi utilizada sobrecarga de 300 kgf/m² e 100 kgf/m² de
revestimento. A classe de agressividade adotada é III (forte), conforme especificação
normatizada na tabela 6.1 da NBR 6118 (2014) para regiões marinhas – caso da cidade
de Cabo Frio – e, portanto, o fck é de 30 Mpa de acordo com as especificações da
referida norma e a combinação frequente. Foi utilizado cobrimento de 3,5cm nas
armaduras. Em relação à direção das armaduras, as lajes são bidirecionais.
67

Através da planta de fôrmas na Figura 28, percebe-se claramente o grande


número de vigas internas e externas no pavimento.

Figura 28 – Planta de fôrma do pavimento tipo em lajes maciças convencionais.

Fonte: EBERICK (2017).

A Tabela 2 apresenta a altura de lajes e vigas do pavimento em lajes


convencionais, através da análise desta verifica-se a diferença significativa entre a altura
das lajes em relação à das vigas, uma característica fundamental desse sistema. Para esta
alternativa o peso próprio é 750 kgf/m2, considerando o peso específico do concreto γ
armado como 2.500 kgf/m3.
68

Tabela 2 - Dados de lajes e vigas para o pavimento em lajes maciças


DIMENSÕES
LAJES ALTURA (cm) VIGAS (cm)
L1 30 V1 20X60
L2 30 V2 20X60
L3 30 V3 20X60
L4 30 V4 20X60
L5 30 V5 20X60
L6 30 V6 20X60
L7 30 V7 20X60
L8 30 V8 20X60
Fonte: AUTOR.

A Tabela 3 foi construída com base nas flechas totais nas lajes calculadas pelo
programa Eberick e verificadas com base nas flechas admissíveis previstas pela NBR
6118 (2014) em seu item 13.3 que prescreve o deslocamento limite como sendo: ℓ/250.
As lajes do referido pavimento apresentam vãos efetivos de 620x830m, sendo assim a
flecha admissível é de 2,48cm.

Tabela 3: Flechas totais e admissíveis nas lajes maciças


FLECHA ADMISSÍVEL
LAJES FLECHA TOTAL (cm)
(cm)
L1 0,70 2,48
L2 0,70 2,48
L3 0,70 2,48
L4 0,70 2,48
L5 0,70 2,48
L6 0,70 2,48
L7 0,70 2,48
L8 0,70 2,48
Fonte: AUTOR.

3.3.1 Quantitativos e custos dos materiais e mão-de-obra do pavimento em


lajes convencionais
A Figura 29 e a Figura 30 mostram respectivamente: o detalhe da armação
negativa para o pavimento em lajes convencionais e o detalhe da armação positiva.
69

Figura 29 - Detalhe da armação negativa no pavimento tipo em lajes maciças convencionais

Fonte: EBERICK (2017).

Figura 30 - Detalhe da armação positiva no pavimento em lajes maciças convencionais

Fonte: EBERICK (2017).

A Tabela 4 quantifica o consumo total de aço CA-50 para o pavimento tipo do


sistema construtivo em questão em Kg já acrescido dos 10%, obtido na saída de dados
do programa Eberick.
70

Tabela 4: Consumo de aço CA-50 para o pavimento tipo em lajes maciças


Aço Diâmetro (mm) Comprimento Total (m) Peso + 10% (Kg)
CA50 10 1060,6 719,20
CA50 12.5 1224,1 1297,10
CA50 8 4865,3 2111,70
CA50 6.3 2140,8 576,20
PESO TOTAL DE AÇO CA 50
(KG) 4704,4
Fonte: AUTOR.

Tabela 5, por sua vez, quantifica o consumo total de aço CA-60, também
acrescido da reserva de 10%.

Tabela 5: Consumo de aço CA-60 para o pavimento tipo em lajes maciças


Aço Diâmetro (mm) Comprimento Total (m) Peso + 10% (Kg)
CA 60 5 25638,7 430,4
PESO TOTAL DE AÇO CA
430,4
60 (KG)
Fonte: AUTOR.

A Tabela 6 fornece uma visão geral do quantitativo de materiais necessários para


o pavimento em questão. As composições de formas utilizadas para ambos os sistemas
foi basicamente em madeira com chapas de compensado resinadas com espessura igual
a 12 mm.

Tabela 6: Quantitativo de materiais para o pavimento tipo em lajes maciças


Lajes
CA50 4704,40
Peso Total de Aço (Kg)
CA60 430,40
Volume de Concreto (m3) C 30 133,50
Área de Fôrma (m2) 413,50
Fonte: AUTOR.

Com as informações obtidas pelo software Eberick e de posse dos custos


unitários para cada material e serviço foi possível construir as Tabela 7, Tabela 8 e
Tabela 9 onde constam os custos para um pavimento. Multiplicando-se esses dados por
10, devido ao número de pavimentos do edifício, obteve-se o custo global aproximado
da estrutura (considerando apenas as lajes, como explicitado no subitem 3.2) exposto na
Tabela 10.
71

Tabela 7: Custos de aço para cada bitola utilizada


Preço
Aço Diâmetro Quant. Unid. unitário Total R$
R$
CA50 10 719,2 Kg 4,42 3178,86
CA50 12.5 1297,1 Kg 4,01 5201,37
CA50 8 2111,7 Kg 4,42 9333,71
CA50 6.3 576,2 Kg 4,42 2546,80
CA 60 5 430,4 Kg 3,91 1682,86
CUSTO TOTAL DE
AÇO 21943,62
Fonte: AUTOR.

A Tabela 1Tabela 8 apresenta o consumo de materiais e o custo total destes para


o pavimento tipo em lajes maciças convencionais.

Tabela 8: Consumo de materiais para o pavimento tipo em lajes maciças


CONSUMO DE MATERIAIS E CUSTOS Quantidade por Preço
Unidade Custo total R$
POR PAV. pav. unitário R$
Concreto 30MPa Usinado Bombeável s/
133,5 m³ 380,48
bombeamento R$ 50.794,08
Forma de madeira compensada resinada e=12mm 413,5 m² 18,80 R$ 7.773,80
Aço CA-50 4704,4 kg Ver Bitola R$ 20.260,75
Aço CA-60 430,4 kg Ver Bitola R$ 1.682,86
R$
Custo total da laje maciça
80.511,49
Fonte: AUTOR.

A Tabela 9 corresponde à composição de custos realizada através do TCPO e da


tabela SINAPI para mão-de-obra e serviços principais para esta alternativa.
72

Tabela 9: Composição de custos de mão-de-obra e serviços para o pavimento tipo em lajes maciças

Consumo de mão de obra e serviço por Preço


Unidade Consumo Quantidade Total Custo total
pavimento unitário

0,031 4704,40 145,84 R$ 25,17 R$ 3.670,70


Armador h
0,050 430,40 21,52 R$ 25,17 R$ 541,66
Ajudante de carpinteiro h 0,182 413,50 75,26 R$ 20,52 R$ 1.544,27
Ajudante de armador h 0,050 430,40 21,52 R$ 20,48 R$ 440,73
Carpinteiro h 0,726 430,40 312,47 R$ 25,17 R$ 7.864,88
Pedreiro h 1,650 133,50 220,28 R$ 25,22 R$ 5.555,34
Servente h 4,500 133,50 600,75 R$ 20,08 R$ 12.063,06
Montagem e desmontagem de fôrma feita em
obra para lajes, em chapa compensada para
m2 1,000 430,40 430,40 R$ 21,47 R$ 9.240,69
lajes, em chapa resinada, e=12 mm (8
utilizações)
Vibrador de imersão, elétrico, portência 1 HP
h prod. 0,200 133,50 35,60 R$ 0,78 R$ 27,77
(0,75 KW) - vida útil 20.00h

Custo por pavimento


R$ 40.942,15
Fonte: AUTOR.

Tabela 10: Custo global da estrutura em lajes maciças


Custo total de materiais R$ 80.511,49
Custo total de mão-de-obra e serviços R$ 40.942,15
Custo do pavimento tipo em lajes maciças convencionais R$ 121.453,64
CUSTO GLOBAL DA ESTRUTURA EM LAJES
MACIÇAS CONVENCIONAIS R$ 1.214.536,40
Fonte: AUTOR.

3.4 ESTRUTURA EM LAJES LISAS NERVURADAS


Por se tratar de um estudo de comparação entre dois sistemas construtivos as
características de projeto foram as mesmas utilizadas para o pavimento em lajes
maciças. A sobrecarga é de 300 kgf/m² e 100 kgf/m² de revestimento, classe de
agressividade III (forte), fck de 30 Mpa, combinação frequente e cobrimento de 3,5cm.
Não obstante, as cubetas utilizadas tem dimensões de 0,80x0,80x0,20 m as meia cubetas
necessárias tem dimensões 0,40x0,80x0,20m.
Através da planta de fôrmas na Figura 31, é possível perceber a ausência de
vigas internas, resultando em um pavimento visivelmente mais amplo e formando uma
laje única.
73

Figura 31 - Planta de fôrma do pavimento em lajes lisas nervuradas

Fonte: EBERICK (2017).

Pela Tabela 11 observa-se a maior espessura da laje nervurada em relação


àquelas do pavimento convencional. Esse aumento é resultado da ausência de vigas
internas para suportar as cargas previstas. Entretanto, o peso próprio desta laje é de
530kgf/m2, significativamente menor do que o do pavimento convencional. Isso se dá
exatamente pela principal característica desse sistema – a presença das nervuras
aliviando o peso próprio. A utilização das cubetas de polipropileno também contribui
para esta diminuição, pois substituem os materiais inertes.

Tabela 11: Dados de Laje e vigas do pavimento em laje lisa nervurada


DIMENSÕES
LAJES ALTURA (cm) VIGAS (cm)
V1 20X60
V2 20X60
L1 40
V3 20X60
V4 20X60
Fonte: AUTOR.

A Tabela 12 da mesma maneira que para as lajes maciças foi construída com
base na flecha total calculada pelo programa Eberick e verificada com base na flecha
admissível prescrita pela Norma. Aplicando ℓ/250cm obtêm-se a flecha admissível de
7,12cm.
74

Tabela 12: Flecha total e flecha admissível no pavimento em laje lisa nervurada
LAJES FLECHA TOTAL (cm) FLECHA ADMISSÍVEL (cm)
L1 0,78 7,12
Fonte: AUTOR.

3.4.1 Quantitativos e custos dos materiais e mão-de-obra do pavimento em


laje lisa nervurada
A Figura 32, Figura 33 e Figura 34 Figura 29Figura 30mostram
respectivamente: o detalhe da armação negativa, o detalhe da armação positiva e o
detalhe da punção e cisalhamento para o pavimento em lajes lisas nervuradas. A Figura
35 apresenta a cubeta utilizada nas nervuras.

Figura 32 - Detalhe da armação negativa no pavimento tipo em lajes lisas nervuradas

Fonte: EBERICK (2017).


75

Figura 33 - Detalhe da armação positiva no pavimento em lajes lisas nervuradas

Fonte: EBERICK (2017).

Figura 34 - Detalhe de punção e cisalhamento no pavimento em lajes lisas nervuradas

Fonte: EBERICK (2017).


76

Figura 35 - Janela de dados de seção de cubetas de polipropileno

Fonte: EBERICK (2017).

A Tabela 13 quantifica o consumo total de aço CA-50 para o pavimento tipo do


sistema construtivo em questão em Kg já acrescido dos 10%, obtido na saída de dados
do programa Eberick.

Tabela 13: Consumo de aço CA-50 para o pavimento tipo em lajes lisas nervuradas
Aço Diâmetro (mm) Comprimento Total (m) Peso + 10% (kg)
CA50 10 2953,2 2002,80
CA50 12.5 2727,6 2890,30
CA50 8 2263,6 982,50
CA50 6.3 204,3 55,00
CA50 16 1636,3 2840,80
CA50 20 72 195,10
PESO TOTAL DE AÇO
CA 50 (KG) 8966,50
Fonte: AUTOR.

A Tabela 14 da mesma maneira quantifica o consumo total de aço CA-60.


77

Tabela 14: Consumo de aço CA 60 para o pavimento em laje lisa nervurada


Aço Diâmetro (mm) Comprimento Total (m) Peso + 10% (kg)
CA 60 5 1140,1 904,7
PESO TOTAL DE AÇO CA 60
904,7
(KG)
Fonte: AUTOR.

A Tabela 15 fornece uma visão geral do quantitativo de materiais necessários


para este pavimento.

Tabela 15: Quantitativo de materiais para o pavimento tipo em laje lisa nervurada
Lajes
CA50 8966,5
Peso Total de Aço (kg)
CA60 904,70
Volume de Concreto (m3) C 30 94,8
Área de Fôrma (m2) 6,54
Cubeta de polipropileno (Un) 600
Meia cubeta (Un) 60
Fonte: AUTOR.

De posse das informações obtidas pelo Eberick e com os custos unitários para
cada material e serviço foi possível construir a Tabela 16, Tabela 17 e Tabela 18 onde
constam os custos para um pavimento. Multiplicando-se esses dados por 10, devido ao
número de pavimentos do edifício, obteve-se o custo global aproximado da estrutura.

Tabela 16: Custos de aço para cada bitola utilizada na laje lisa nervurada

Custo
Aço Diâmetro Quant. Unid. Total R$
unitário R$

CA50 10 2002,80 Kg R$ 4,42 R$8.852,38


CA50 12.5 2890,30 Kg R$ 4,01 R$ 11.590,10
CA50 8 982,50 Kg R$ 4,42 R$ 4.342,65
CA50 6.3 55,00 Kg R$ 4,42 R$243,10
CA50 16 2840,80 Kg R$ 4,01 R$11.391,61
CA50 20 195,10 Kg R$ 4,01 R$782,35
CA 60 5 904,70 Kg R$ 3,91 R$3.537,38
Custo Total
R$ 40.739,57
de aço
Fonte: AUTOR.
78

Tabela 17: Consumo de materiais para o pavimento tipo em laje lisa nervurada
Quantidade por
CONSUMO DE MATERIAIS E CUSTOS POR PAV. Unidade Preço unitário R$ Custo total R$
pav.
Concreto 30MPa Usinado Bombeável s/ bombeamento 94,8 m³ R$ 380,48 R$ 36.069,50
Fôrma de madeira compensada resinada e=12mm 6,54 m² R$ 44,07 R$ 288,22
Aço CA-50 8966,4 kg Ver Bitola R$ 37.202,19
Aço CA-60 904,70 kg Ver Bitola R$ 3.537,38
Cubeta de polipropileno 600 Un/dia 0,39x28 dias R$ 6.552,00
Meia cubeta 60 Un/dia 0,39x28 dias R$655,20
CUSTO TOTAL DE MATERIAIS DO
R$ 84.304,49
PAVIMENTO EM LAJES LISAS NERVURADAS
Fonte: AUTOR.

Estes insumos foram calculados de acordo com os índices presentes no TCPO e


quantificados de acordo com suas respectivas unidades. A mão-de-obra de servente para
a colocação e retirada das cubetas de polipropileno foi calculada considerando o m2.

Tabela 18: Composição de custos de mão-de-obra e serviços para o pavimento tipo em laje lisa nervurada

Consumo de mão de obras e serviço Preço Custo


Unidade Consumo Quantidade Total
por pavimento unitário total

R$
0,031 8966,4 277,96 R$ 25,17
6.996,21
Armador h
R$
0,05 904,70 45,24 R$ 25,17
1.138,56
Ajudante de carpinteiro h 0,182 6,54 1,19 R$ 20,52 R$ 24,42
Ajudante de armador h 0,05 904,70 45,24 R$ 20,48 R$ 926,41
Carpinteiro h 0,726 6,54 4,75 R$ 25,17 R$ 119,51
R$
Pedreiro h 1,65 94,8 156,42 R$ 25,22
3.944,91
0,03 403,2 12,10 R$ 20,08 R$ 242,89
Servente h R$
4,5 94,8 426,60 R$ 20,08
8.566,13

Montagem e desmontagem de fôrmas


de laje nervurada com cubeta e
m2 1 6,54 6,54 R$ 38,10 R$ 249,17
assoalho em chapa de madeira
compensada resinada, 18 utilizações

Vibrador de imersão, elétrico, portência


h prod. 0,2 94,80 18,96 R$ 0,78 R$ 14,79
1 HP (0,75 KW) - vida útil 20.00h

Custo por pavimento


R$ 22.472,19
Fonte: AUTOR
79

A Tabela 19 exibe o custo global para o pavimento e para a estrutura em laje lisa
nervurada. Estes e os demais resultados encontrados serão comparados com aqueles do
pavimento convencional na seção 3.5.

Tabela 19: Custo global da estrutura em laje lisa nervurada


Custo total de materiais R$ 84.304,49
Custo total de mão-de-obra e serviços R$ 22.472,19
Custo do pavimento tipo em lajes lisas nervuradas R$ 106.776,68
CUSTO GLOBAL DA ESTRUTURA EM LAJES
LISAS NERVURADAS R$ 1.067.766,80
Fonte: AUTOR.

3.5 COMPARAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS


A partir do edifício-exemplo foram dimensionados dois sistemas estruturais: em
lajes maciças convencionais (LMC) e laje lisa nervurada com cubetas de polipropileno
(LLNCP). Seus quantitativos levantados nas seções anteriores são comparados
graficamente a seguir.
Na laje lisa nervurada houve uma economia de 28,99% no consumo de concreto
em relação ao pavimento em lajes convencionais. Este resultado está intrinsecamente
ligado à concepção desse tipo de estrutura que foi desenvolvido para minorar o
consumo de concreto em edificações com grandes vãos (Figura 36).

Figura 36 - Comparativo do consumo de concreto

CONCRETO (m3)

140
120
100
80 LMC

60 LLNCP

40
20
0

Fonte: AUTOR.
80

Como consequência do menor consumo de concreto o pavimento em LLNCP


apresenta peso próprio 29,33% inferior ao pavimento em LMC, como mostra a Figura
37. Apesar das vigas, pilares e fundações não fazerem parte do escopo desta análise é
importante observar que por ser mais leve a laje lisa nervurada transmite uma carga
menor para esses elementos acarretando uma economia ainda mais significativa.

Figura 37 - Comparativo do peso próprio

PESO PRÓPRIO (Kgf/m2)

800
700
600
500
LMC
400
300 LLNCP

200
100
0

Fonte: AUTOR.

O consumo de aço, por sua vez, é 47,98% maior na LLNCP em relação à LMC.
Isto é justificável devido à ausência das vigas internas e apoio da laje diretamente sobre
os pilares, sendo necessárias armaduras de punção e cisalhamento. O comparativo é
apresentado graficamente na Figura 38.

Figura 38 - Comparativo do consumo de aço


CONSUMO DE AÇO (kg)

10000

8000 LMC

6000 LLNCP

4000

2000

Fonte: AUTOR.
81

Entretanto, em relação ao consumo de fôrmas, mais uma vez a concepção não


convencional apresentou significativa economia em relação à maciça. Na realidade, o
consumo de fôrmas da LLNCP corresponde a apenas 1,58% do consumo da LMC. Isso
se deve a outra característica preponderante desse sistema que é a ausência de vigas
internas e consequentemente menor número de vigas, resultando em fôrmas das lajes
menos recortadas. Cabe ressaltar que o custo de fôrmas do sistema LLNCP pode ainda
ser significativamente reduzido se não for utilizado o assoalho que serve de apoio para
as “cubetas”, as quais seriam colocadas diretamente sobre o escoramento metálico que
lhe dá suporte. Porém, não há um consenso entre engenheiros, pois alguns asseguram
que os trabalhadores nessa condição estariam mais expostos a acidentes de trabalho.

Figura 39 - Comparativo do consumo de fôrmas


CONSUMO DE FÔRMAS (m2)

450
400
350
300 LMC
250
LLNCP
200
150
100
50
0

Fonte: AUTOR.

A Figura 41 mostra que nas lajes convencionais a parcela mais significativa dos
custos ficou por conta do concreto. Isso pode ser explicado pela grande espessura
necessária para vencer os grandes vãos e consequente elevado volume de concreto. Já
na comparação dos custos para a laje lisa nervurada abordada na Figura 41 observa-se
que para esta concepção o maior custo foi o do aço, pelo fato, já abordado
anteriormente, da laje ser diretamente apoiada nos pilares, havendo apenas vigas de
bordo.
82

Figura 40 - Comparativo de custo dos materiais da LMC

COMPARATIVO DE CUSTOS DOS MATERIAS DA LMC

60000
50000
40000 Concreto
30000 Aço

20000 Fôrmas

10000
0

Fonte: AUTOR.

Figura 41 - Comparativo de custo dos materiais da LLNCP

COMPARATIVO DE CUSTO DOS MATERIAIS DA


LLNCP

50000
40000 Concreto
30000 Aço
20000 Fôrmas

10000 Cubetas

Fonte: Autor.

A Figura 42 compara o custo total dos materiais das duas alternativas analisadas.
O pavimento em lajes maciças apresenta um custo 4,50% inferior de materiais em
relação ao pavimento em laje lisa nervurada. Esta diferença ocorre devido ao alto
consumo de aço dessa alternativa e a utilização dos moldes de polipropileno. A Figura
43 representa graficamente a diferença de preço entre os dois sistemas para o concreto,
aço e fôrmas.
83

Figura 42 - Comparativo dos custos de materiais dos pavimentos analisados

COMPARATIVO DOS CUSTOS DE MATERIAIS

100000
80000
60000 LMC

40000 LLNCP

20000
0

Fonte: AUTOR.

Figura 43 - Comparativo do custo de concreto, aço e formas para as soluções analisadas

60000

50000

40000

30000 LMC
LLNCP
20000

10000

0
Concreto Aço Fôrmas

Fonte: AUTOR.

A Figura 44 aborda a diferença entre o custo de mão-de-obra entre os dois


pavimentos, conforme os dados levantados na Tabela 9 e Tabela 18. Observa-se que o
LLNCP apresenta um custo de mão-de-obra 45,11% inferior ao do LMC. Esta grande
diferença ocorre devido ao grande recorte nas fôrmas pela presença das muitas vigas,
diminuindo a produtividade e ao maior consumo de mão-de-obra na concretagem.
84

Figura 44 - Comparativo dos custos de mão-de-obra

COMPARTIVO DO CUSTO DE MÃO-DE-OBRA

50000

40000

30000 LMC

20000 LLNCP

10000

Fonte: AUTOR.

A Figura 45 compara o custo global dos pavimentos tipo para LMC no valor de
R$ 121.453,64, sendo R$1.214.536,40 o custo da estrutura e do LLNCP no valor de R$
106.776,68, sendo R$1.067.767,78 a estrutura, considerando os insumos já abordados.
O pavimento em lajes lisas nervuradas apresentou um custo 12,08% menor em relação à
alternativa convencional em lajes maciças.

Figura 45 - Comparativo do custo global por pavimento tipo

COMPARATIVO DO CUSTO GLOBAL DO PAVIMENTO


TIPO

150000

100000
LMC
LLNCP
50000

Fonte: AUTOR.

A Tabela 20 mostra as flechas totais e admissíveis nas lajes estudadas. Fica claro
que ambas as estruturas estão de acordo com a Norma NBR 6118 (2014) neste quesito.
85

Tabela 20: Comparativo das flechas


FLECHA TOTAL FLECHA ADMISSÍVEL
LAJES
(cm) (cm)
LMC (L1 a L8) 0,7 7,12
LLNCP 0,78 2,48
Fonte: AUTOR.
86

4 CONCLUSÕES

Ao longo deste trabalho pode-se observar a relevância de um estudo para


determinação da alternativa estrutural adequada para um pavimento, principalmente
quando a análise realizada torna-se mais criteriosa, envolvendo fatores econômicos e
questões de funcionalidade. Também é necessário o conhecimento dos vários sistemas
estruturais e construtivos existentes, buscando utilizar aquele que obtiver melhor
desempenho observando-se os aspectos econômicos, de funcionamento, de execução, e
os relacionados à interação com os demais subsistemas da edificação.
As lajes desempenham função fundamental nas estruturas dos edifícios, além de
serem responsáveis pelo consumo de elevada parcela do volume total de concreto
utilizado, por isso foram os elementos estruturais selecionados para serem estudados
neste trabalho.
A estrutura convencional com lajes maciças (LMC) apresentou o maior custo,
peso próprio 29,33% superior – o que acarreta maior carga nos pilares fundações,
acarretando um maior custo destes – e a significativa quantidade de vigas dificulta a
execução e prejudica a arquitetura. O uso dessa concepção estrutural deve ser
restringido a casos específicos. Resultado semelhante foi obtido por Albuquerque
(1999).
Porém, no caso de regiões menos desenvolvidas, onde a mão de obra é menos
qualificada e o sistema convencional é utilizado há muitos anos, pode-se encontrar
oposição por parte de empreiteiros e operários, seja por falta de informação ou
meramente por dificuldade de concordância em utilizar novas soluções mais eficazes.
Na estrutura em laje lisa nervurada com cubetas de polipropileno (LLNCP)
obteve-se um custo 12,08% inferior ao LMC e, como esperado, o peso próprio foi
relativamente inferior, resultando em consumo de concreto muito menor, mesmo para a
maior espessura da laje. Além do mais, a ausência de vigas internas aumenta a
produtividade, favorece a arquitetura e diminui em muito os custos com fôrmas e mão-
de-obra, fatores que foram preponderantes para o menor custo global, juntamente com a
diminuição do volume de concreto. Todavia, há de se ressaltar a taxa de armação cerca
de 47,98% maior que nas lajes convencionais e a resistência de muitos arquitetos à
estética das nervuras sem material de enchimento. Não obstante, esta solução estrutural
representou a melhor escolha no edifício em questão.
87

Finalmente, torna-se a salientar que a escolha do sistema estrutural depende de


muitos fatores. Destes, alguns fogem da alçada tanto do engenheiro de estruturas quanto
do engenheiro de obras. Há ainda o fato de imposições arquitetônicas inviabilizarem um
determinado sistema estrutural, em virtude de suas particularidades. Desta forma, o
presente trabalho não tem a intenção de tornar genéricos os resultados obtidos, mas
apresentar parâmetros que podem ajudar na estruturação de análises de edificações
semelhantes e, nos demais casos, auxiliar na escolha de tipologia estrutural adequada.
88

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