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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

VINÍCIUS DE ARAÚJO MADRA PINHEIRO

ANÁLISE COMPARATIVA DA CONFORMIDADE DE LOTES


DE CONCRETO DE DIFERENTES CLASSES: ESTUDO DE
CASO

Natal-RN
2022
Vinícius de Araújo Madruga Pinheiro

Análise comparativa da conformidade de lotes de concreto de diferentes classes: estudo de caso

Trabalho de Conclusão de Curso na


modalidade Monografia, submetido ao
Departamento de Engenharia Civil da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte como parte dos requisitos necessários
para obtenção do Título de Bacharel em
Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. José Airton Cunha Costa

Natal – RN
2022
Vinícius de Araújo Madruga Pinheiro

ANÁLISE COMPARATIVA DA CONFORMIDADE DE LOTES DE CONCRETO DE


DIFERNTES CLASSES: ESTUDO DE CASO

Trabalho de conclusão de curso na modalidade


Monografia, submetido ao Departamento de Engenharia
Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
como parte dos requisitos necessários para obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Civil.

Aprovado em 08 de julho de 2022:

___________________________________________________________
Prof. Dr. José Airton Cunha Costa – Orientador

___________________________________________________________
Prof. Dr. Marcos Lacerda Almeida – Examinador interno

___________________________________________________________
Me. Eng. Pedro Mitzcun Coutinho – Examinador externo

Natal-RN
2022
RESUMO

Análise comparativa da conformidade de lotes de concreto de diferentes classes: estudo de


caso

A realização de ensaios de resistência à compressão é utilizada como o principal método para a


determinação da conformidade de um lote de concreto. Esse procedimento, que faz parte do controle
tecnológico, é normatizado pela ABNT NBR 12655:2015, que estabelece os parâmetros para a
formação e aceitação dos lotes de concreto, parâmetros estes que visam garantir a qualidade das
estruturas de concreto armado. Diante disto, o presente trabalho realizou a coleta dos resultados de
resistência à compressão de concretos das classes C25, C30, C40 e C50, sendo todos utilizados em
uma mesma obra e fornecidos por uma mesma empresa de serviços de concretagem, para que então
fossem aplicados os critérios de aceitação preconizados na referida norma. Como resultado, constatou-
se que para concretos de classes de resistência característica mais elevada, o número de lotes de
concreto rejeitados era significativamente maior, com percentuais de reprovação de 0,0% para a classe
C25, 17,9% para a classe C30, 24,0% para a classe C40 e 38,2% para a classe C50. Estes resultados
levantaram a possibilidade de falhas severas nos procedimentos de controle tecnológico relacionados
ao processo de produção do concreto, e, através da quantificação do volume de concreto
comprometido, puderam mostrar a dimensão do impacto que a não aplicação de rígidos processos de
controle de qualidade pode ter sobre um empreendimento, uma vez que 19,5% do volume total de
concreto utilizado foi reprovado. Logo, conclui-se que falhas nos processos de controle, afetam de
maneira mais severa concretos de classes de resistência mais elevadas, e, que o estabelecimento de
práticas de controle tecnológico é de fundamental importância para o sucesso de uma construção, uma
vez que apontam falhas nos processos produtivos, falhas estas que devem ser prontamente corrigidas.

Palavras chave: Concreto. Resistência. Controle tecnológico.


ABSTRACT

Comparative analysis of the conformity of concrete batches of different classes: case study

Compressive strength tests are used as the main method for determining the conformity of a concrete
batch. ABNT NBR 12655:2015, which establishes the parameters for the formation and acceptance
of concrete batches, regulates this procedure, which is part of the technological control. Those
parameters aim to guarantee the quality of reinforced concrete structures. Thus, the present work
carried out the collection of the results of compressive strength of concrete classes C25, C30, C40 and
C50, all of which were used in the same construction and were supplied by the same company, so that
the acceptance criteria recommended in that standard could then be applied. As a result, it was found
that, for concretes of higher characteristic strength classes, the number of rejected concrete batches
was significantly higher, with disapproval percentages of 0.0% for class C25, 17.9% for class C30 ,
24.0% for class C40 and 38.2% for class C50. These results raised the possibility of severe failures in
the technological control procedures related to the concrete production process. And, through the
quantification of the committed concrete volume, it was possible to show the dimension of the impact
that the non-application of rigid quality control processes can have on a project, since 19.5% of the
total volume of concrete used was rejected. Therefore, it is concluded that failures in the control
processes affect more severely concretes of higher strength classes, and that the establishment of
technological control practices are of fundamental importance for the success of a construction, since
they point to failures in production processes, failures that must be promptly corrected.

Keywords: Concrete. Resistance. Technological control.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Diagrama de etapas envolvidas no controle de qualidade do concreto................................ 7


Figura 2 - Diagrama da diferença entre resistência do concreto em corpos-de-prova e na estrutura ... 8
Figura 3 - Representação da curva de distribuição da resistência à compressão do concreto ............ 14
Figura 4 - Gráfico comparativo do percentual de conformidade do volume de concreto por classe. 27
Figura 5 - Frequência de ocorrência de exemplares rejeitados ........................................................... 28
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Classes de agressividade ambiental .................................................................................. 11


Quadro 2 - Correspondência entre classe de agressividade e qualidade do concreto ......................... 12
Quadro 3 - Desvio padrão a ser adotado em função da condição de preparo do concreto ................. 15
Quadro 4 - Valores máximos para a formação de lotes de concreto .................................................. 18
Quadro 5 - Valores de ψ6 ................................................................................................................... 21
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Quantitativo da conformidade dos lotes ............................................................................ 25


Tabela 2 - Conformidade volumétrica ................................................................................................ 27
Tabela 3 - Resultados dos ensaios de resistência a compressão aos 28 dias para o concreto de 25 MPa
............................................................................................................................................................ 33
Tabela 4 - Resultados dos ensaios de resistência a compressão aos 28 dias para o concreto de 30 MPa
............................................................................................................................................................ 36
Tabela 5 - Resultados dos ensaios de resistência a compressão aos 28 dias para o concreto de 40 MPa
............................................................................................................................................................ 38
Tabela 6 - Resultados dos ensaios de resistência a compressão aos 28 dias para o concreto de 50 MPa
............................................................................................................................................................ 41
LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas.

ABECE Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural

NBR Norma Brasileira Regulamentadora.

C.P Corpo de prova


C25 Classe de concreto com resistência característica à compressão de 25 MPa
C30 Classe de concreto com resistência característica à compressão de 30 MPa
C40 Classe de concreto com resistência característica à compressão de 40 MPa
C50 Classe de concreto com resistência característica à compressão de 50 MPa
MPa Megapascal
LISTA DE SÍMBOLOS
𝑆𝑑 Desvio padrão da amostra.
𝑓𝑐𝑚 Resistência à compressão média de valores da amostra.
𝑓𝑐𝑘 Resistência à compressão característica de projeto
𝑓𝑐𝑘𝑗 Resistência à compressão característica a j dias de idade

𝑓𝑐𝑘,𝑒𝑠𝑡 Resistência à compressão estimada


𝑓𝑖 Resistência à compressão de um exemplar
𝑓𝑐,𝑏𝑒𝑡𝑜𝑛𝑎𝑑𝑎 Resistência à compressão da betonada

D Diâmetro do corpo de prova


F Força máxima alcançada em newtons
NM Norma Mercosul
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 3
2. OBJETIVOS ....................................................................................................................................... 5
2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................................. 5
2.2 Objetivos específicos .................................................................................................................... 5
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................................... 6
3.1 Controle tecnológico do concreto ................................................................................................. 6
3.2 Normatização .............................................................................................................................. 10
3.3 Resistência à compressão ............................................................................................................ 13
3.4 Ensaio de resistência à compressão ............................................................................................. 16
3.5 Amostragem, lotes e mapeamento .............................................................................................. 17
3.6 Tipos de controle de resistência .................................................................................................. 19
3.6.1 Controle de resistência por amostragem total ...................................................................... 19
3.6.2 Controle por amostragem parcial ........................................................................................ 20
3.6.3 Casos especiais ................................................................................................................... 21
3.7 Determinação da conformidade dos lotes.................................................................................... 21
4. ESTUDO DE CASO ......................................................................................................................... 23
4.1 Caracterização do estudo de caso e metodologia ........................................................................ 23
4.2 Apresentação de resultados ......................................................................................................... 25
4.2.1 Análise quantitativa da conformidade dos lotes .................................................................. 25
4.2.2 Análise volumétrica da conformidade dos lotes .................................................................. 26
4.2.3 Avaliação temporal das inconformidades observadas ......................................................... 28
4.3 Considerações a respeito das medidas a serem tomadas ............................................................. 28
5. CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 29
APÊNDICE .............................................................................................................................................. 33
Resultados para o concreto C25 ............................................................................................................ 33
Resultados para o concreto C30 ............................................................................................................ 36
Resultados para o concreto C40 ............................................................................................................ 38
Resultados para o concreto C50 ............................................................................................................ 41
6. REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 31
3

1. INTRODUÇÃO

Dentre toda a gama de materiais de construção disponíveis atualmente, o concreto armado


é um dos mais amplamente utilizados no mundo. Sua grande versatilidade, durabilidade, resistência
e custo relativamente baixo, se comparado a outros materiais, são fatores chave para tamanha
popularização do seu emprego. Dito isto, seria inconcebível dissociar o progresso tecnológico
humano do desenvolvimento do uso do concreto.
A utilização do concreto armado de cimento Portland na construção civil, remonta ao século
XIX e, desde então, vem passando por avanços tecnológicos consideráveis. Melhorias nas
propriedades do concreto, como a resistência à compressão, permeabilidade, plasticidade, e
durabilidade, associadas ao aprimoramento das técnicas executivas, permitiram a execução de
estruturas cada vez mais complexas e econômicas.
A indústria da construção civil, possui particularidades que a diferem das demais. Sua
natureza itinerante, a produção de produtos únicos e não em cadeia, a variabilidade dos materiais
empregados, a baixa qualificação da mão de obra, fazem com que, apesar de todos os avanços, a
tecnologia do concreto ainda incorra em inúmeras incertezas impossíveis de serem mensuradas
com exatidão.
Para contornar tais incertezas, a engenharia de estruturas, faz uso de diversos coeficientes
de segurança durante a fase de dimensionamento estrutural, majorando assim os esforços
solicitantes e minorando a resistência dos elementos, buscando dessa forma contornar efeitos
adversos incapazes de serem previstos.
Contudo, tentar solucionar o problema apenas no nível de projeto não é suficiente, tendo
em vista que nele apenas estão contidas as condições mínimas a serem atendidas durante a
execução. Portanto, a fim de garantir que tais condições estão de fato sendo respeitadas, devem ser
adotados processos de controle da qualidade, que busquem monitorar de forma objetiva os
processos produtivos, e os materiais empregados.
Sendo assim, o controle de qualidade do concreto, ou controle tecnológico do concreto,
deve abranger todas as etapas de produção e uso dos elementos estruturarias, e envolver todos os
agentes intervenientes nos processos, ou seja: projetistas; construtores; fabricantes de materiais e
componentes; compradores e usuários. Além disso, deve ser baseada nos devidos documentos
4

técnico normativos, que determinem os procedimentos e especificações necessários (HELENE;


TERZIAN, 1993)
O objetivo da realização do controle tecnológico do concreto é, resumidamente, o de
garantir que o material se enquadre em um padrão de qualidade previamente especificado, para que
se possa decidir se este material, no estado em que se encontra, poder ser considerado aceitável ou
não. Com essa finalidade, os valores de resistência à compressão são tidos como um dos mais
importantes indicadores da qualidade do concreto, tanto pela relativa facilidade de realização dos
ensaios, quanto pela forte relação entre esta propriedade e as demais (módulo de elasticidade;
durabilidade; fator água cimento). Sendo assim, a determinação da conformidade do concreto
através dos resultados de ensaios de resistência à compressão, se tornou o método mais difundido
nos canteiros de obras mundo afora.
Não se pode, porém, confundir a realização dos ensaios de resistência à compressão com o
controle tecnológico em si, uma vez que os ensaios são parte integrante do controle tecnológico,
que abrange diversos processos diferentes. Logo, os valores de resistência obtidos através dos
ensaios são apenas indicadores da qualidade final do concreto, que caso não se mostre satisfatória,
serve para indicar inconformidades em outras etapas de produção.

Sendo o concreto armado o material mais utilizado nas construções brasileiras, e tendo em
vista o grande número de edificações pelo país que apresentam patologias estruturais, é notória a
necessidade de se ter um olhar mais atento às práticas construtivas empregadas no Brasil, visando
a redução de tais ocorrências e assim, elevando a qualidade das edificações nacionais. Diante disto,
o presente trabalho busca analisar como a ausência de um devido controle tecnológico pode afetar
negativamente uma construção, utilizando para isso, os dados referentes aos resultados dos ensaios
de resistência à compressão.
5

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise comparativa entre os resultados
de ensaios de resistência à compressão de diferentes classes de concreto utilizados na obra de um
edifício residencial localizado na cidade de Natal, Rio Grade do Norte, a fim de determinar se a
qualidade do produto entregue, determinado através dos procedimentos de controle estabelecidos
na ABNT BR 12655:2015, está, de alguma forma, relacionada à classe do concreto empregado.

2.2 Objetivos específicos

 Revisar os fundamentos do controle tecnológico do concreto, que fundamentam os critérios


de controle e aceitação apresentados na ABNT NBR 12655:2015;
 Coletar os dados referentes aos ensaios de resistência à compressão do concreto, utilizados
no controle tecnológico de uma obra real;
 Determinar, através dos critérios de controle e de resistência do concreto contidos na ABNT
NBR 12655:2015, a conformidade de cada um dos lotes utilizados na obra analisada;
 Gerar indicadores que possam atestar a correlação entre a variação da resistência
característica de projeto e a qualidade do concreto entregue à obra;
 Realizar uma avaliação das possíveis causas das inconformidades observadas, enfatizando
a relevância do controle tecnológico para a garantia da qualidade das estruturas.
6

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Controle tecnológico do concreto

Assim como todos os outros materiais utilizados em processos industriais, o concreto na


construção civil demanda mecanismos de aferição que busquem garantir a qualidade do produto
final, o que, para o caso do concreto, significa assegurar a conformidade entre aquilo que foi
executado com o especificado nos projetos de estrutura. Sendo assim, segundo Metha e Monteiro
(2006), cabe aos engenheiros desenvolver ou aprovar programas de controle de qualidade que
envolvam a seleção de métodos de testagem, análise estatística dos resultados e o estabelecimento
de mecanismos de acompanhamento posterior do produto.

Devemos entender o controle tecnológico como parte integrante de um amplo sistema de


garantia da qualidade, que leve em consideração os inúmeros fatores capazes de influenciar nas
características do concreto. Esses fatores se distribuem em todas as etapas de produção dos
elementos estruturais, indo desde as propriedades intrínsecas dos materiais e sua heterogeneidade,
até as atividades de transporte, lançamento, adensamento e cura (HELENE; TERZIAN, 1993). O
esquema a seguir, conforme Figura 1, apresenta as etapas envolvidas na produção das estruturas de
concreto que devem ser consideradas nos processos de controle.
7

Figura 1 - Diagrama de etapas envolvidas no controle de qualidade do concreto

Fonte: Helene e Terzian (1993) (Adaptado).

Com esse entendimento, fica claro que além da garantia da qualidade dos materiais
utilizados no concreto e do controle de resistência a compressão, os serviços executivos, que vão
desde a montagem dos sistemas de fôrmas e posicionamento de armaduras, até a desforma do
concreto endurecido também demandam controle, a fim de que os parâmetros de qualidade
estabelecidos sejam atingidos.

No que diz respeito ao controle de materiais, deve-se lavar em consideração que a


realização de testes contínuos para a aferição de todas as suas propriedades é inviável por razões
práticas e econômicas. Sendo assim, “a qualidade do concreto que se pretende usar em uma
construção futura é estabelecida no projeto pela especificação de certo valor para a resistência
característica” (FUSCO, 2008, p. 90).
8

Além das propriedades dos materiais que constituem o concreto, características como
módulo de elasticidade, porosidade, e resistência a agentes externos prejudiciais também podem
ser testados. Contudo, a testagem da resistência à compressão do concreto é a mais fácil de ser
realizada em laboratório, além de permitir que, a partir dos dados obtidos, se deduzam os valores
das características citadas acima, levando em conta que essas propriedades são dependentes da
resistência à compressão (MEHTA; MONTEIRO, 2006, p. 50). Sendo assim, segundo os mesmos
autores, os valores dos resultados dos ensaios de resistência à compressão são universalmente
aceitos como indicador geral das propriedades resistivas do concreto.

A realização de ensaios para mesurar a resistência à compressão do concreto apresenta


limitações, tendo em vista que se restringe a informar apenas o valor da resistência potencial
daquele concreto, que não necessariamente equivale à sua resistência real na estrutura, ou à
resistência de eventuais corpos-de-prova extraídos do concreto já endurecido (FUSCO, 2008, p.
90). Esse fenômeno ocorre em função dos diferentes caminhos percorridos pelo concreto destinado
a moldagem das amostras e pelo concreto lançado nas fôrmas, o que consequentemente os expõem
a diferentes variáveis que podem interferir nos valores de resistência final, como apresentado na
Figura 2.

Figura 2 - Diagrama da diferença entre resistência do concreto em corpos-de-prova e na estrutura

Fonte: Fusco (2008) (Adaptado)


9

Na etapa de dimensionamento das estruturas, a definição do valor de resistência


especificado exige que seja considerado um concreto produzido em condições padronizadas. Sendo
assim, adota-se como valor de referência a resistência potencial do concreto, obtida através dos
ensaios de resistência a compressão, sendo estes moldados de acordo com as especificações da
ABNT NBR 5738:2015 – Concreto – Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova; e
ensaiados conforme a ABNT NBR 5739:2018 – Concreto – Ensaios de compressão de corpos de
prova cilíndricos.

Sobre o valor de referência para o dimensionamento estrutural Helene e Terzian (1993)


apontam que: “Tem de ser um valor único e perfeitamente definido a fim de permitir a correta
comunicação entre as etapas de projeto e execução da obra. Essa necessidade invalida a prática —
felizmente cada vez menos usual — de procurar manter o corpo-de-prova em condições iguais à
do concreto da estrutura. Essa igualdade nunca poderia ser alcançada (diferenças de geometria, de
acabamento superficial, de adensamento) ao mesmo tempo que o resultado obtido deixaria de ser
único, impossibilitando ser tomado como referência”.

De acordo com os mesmos autores, a correspondência entre as duas resistências à


compressão – resistência potencial e resistência real – deve ser assegurada através do
estabelecimento de práticas de controle tecnológico relativos as etapas de produção do concreto,
que são independentes dos ensaios de resistência. Dessa forma, A ABNT NBR 6118:2014 e a
ABNT NBR 14931:2004 estabelecem as técnicas de dimensionamento e execução que devem ser
seguidos na produção das estruturas de concreto armado.

Com o objetivo de garantir a segurança das estruturas, considera-se que os valores de


resistência obtidos nos ensaios controlados sempre serão superiores àqueles encontrados no
concreto da estrutura, portanto um coeficiente de minoração de resistência 𝛾𝑐 , com valor usual de
1,4 é utilizado no dimensionamento estrutural.
10

3.2 Normatização

O controle tecnológico do concreto é regido por diferentes normas regulamentadoras, cada


uma tratando de um aspecto diferente envolvendo o tema. No Brasil, a ABNT NBR 6118:2014 –
Projeto de estruturas de concreto – procedimento, estabelece os requisitos a serem atendidos
durante a elaboração dos projetos estruturais em concreto simples, concreto armado e concreto
protendido, não sendo contempladas estruturas em concreto leve, concreto pesado ou outros
concretos especiais.

No que tange os materiais que compõe o concreto, as condições exigíveis para a realização
do controle tecnológico ficam a cargo da ABNT NBR 12654:1992 – Controle tecnológico de
materiais componentes do concreto. Nela, estão contidos os ensaios referentes a cada material
individualmente (água de amassamento, cimento, agregado graúdo, agregado miúdo, aditivos e
adições minerais), bom como as normas específicas para cada um dos ensaios.

A dimensão executiva das estruturas de concreto fica a cargo da ANBT NBR 14931:2004
– Execução de estruturas de concreto - procedimento. Nela, estão estabelecidos, detalhadamente
os requisitos para a execução de estruturas em concreto, em particular aquelas elaboradas segundo
as diretrizes da ANBT NBR 6118.

A norma ABNT NBR 12655:2015 – Concreto de cimento Portland – Preparo, Controle e


aceitação – Procedimento; mais diretamente relacionada ao assunto abordado no presente trabalho,
estabelece os requisitos para “propriedades do concreto fresco e endurecido e suas verificações;
composição, preparo e controle do concreto; aceitação e recebimento do concreto”, sendo ainda
atribuídas as incumbências relativas ao processo de produção do concreto para cada profissional
envolvido.

São abordados também, em seu item 5.2, os critérios referentes as condições de durabilidade
das estruturas em que é exposto que: “As estruturas de concreto devem ser projetadas e construídas
de modo que, sob as condições ambientais previstas na época do projeto e quando utilizadas
conforme preconizado em projeto, de acordo com o que estabelece a ABNT NBR 6118, apresentem
segurança, estabilidade e aptidão em serviço durante o período correspondente à sua vida útil de
projeto”.
11

A norma ainda classifica os níveis de agressividade ambiental, referenciando a ABNT NBR


6118:2014, a partir do quadro mostrado a seguir.

Quadro 1– Classes de agressividade ambiental

Fonte: ABNT NBR 12655:2015

Uma vez classificada a classe de agressividade, a ABNT NBR 12655:2015 traz em um outro
quadro (Quadro 2) a correspondência entre a qualidade do concreto e a classe de agressividade à
qual ele está submetido, ressaltando que a durabilidade é fortemente relacionada as propriedades
do concreto, em especial a resistência à compressão e a relação água cimento, sendo possível então
que, na falta de ensaios comprobatórios do desempenho de durabilidade da estrutura, sejam
adotados os requisitos mínimos apresentados no quadro a seguir.

Ainda no item 5 da ABNT NBR 12655:2015, são trazidos os assuntos de armazenamento


dos materiais, medidas das quantidades dos materiais e do próprio concreto, dosagem e mistura do
concreto.
12

Quadro 2 - Correspondência entre classe de agressividade e qualidade do concreto

Fonte: ABNT NBR 12655:2015

Os ensaios referentes ao controle e aceitação do concreto são abordados pelo item 6 da


ABNT NBR 12655:2015, que os divide em “ensaio de consistência” e “ensaios de resistência a
compressão”. O primeiro grupo é definido pelos ensaios de abatimento do tronco de cone (em
conformidade com a ABNT NBR NM 67), ensaio de espalhamento (ABNT NBR 15823-2) e
habilidade passante em fluxo livre (ABNT NBR 15823-3), sendo estes destinados a avaliar o
concreto para o recebimento. O Segundo grupo aborda o ensaio de resistência de corpos de prova
cilíndricos, de acordo com a ABNT NBR 5739:2018, e deve ser utilizado como critério de aceitação
ou rejeição dos lotes. Este assunto será tratado em maior profundidade ao longo do trabalho.

No que tange a produção de concreto realizada em central, os processos de produção e


controle de qualidade ficam a cargo da ANBT NBR 7212:2012. Esta norma, no entanto, não
abrange as operações realizadas após as etapas de entrega e recebimento do concreto limitando-se
às atividades da empresa de serviços de concretagem.
13

3.3 Resistência à compressão

A capacidade de resistir a esforços de compressão é considerada a propriedade mais


importante do concreto para o uso na construção civil. Segundo Neville e Brooks (2013), em
algumas situações práticas particulares, outras características do concreto como a durabilidade,
impermeabilidade e a estabilidade de volume podem se mostrar mais relevantes, contudo, o
conhecimento da resistência dá uma ideia geral da qualidade do concreto, uma vez que está
diretamente ligada à estrutura da pasta de cimento.

Em materiais sólidos, a relação entre a porosidade do material e sua resistência se dá de


maneira inversamente proporcional, sendo assim, para materiais heterogêneos como o concreto, os
graus de porosidade dos componentes da microestrutura acabam agindo como limitadores para a
sua capacidade resistiva, além disso, como os agregados naturais utilizados na mistura são
normalmente densos e resistentes, é geralmente a porosidade da matriz rígida de argamassa e a
interface entre ela e o agregado graúdo que determinam a resistência do concreto (MEHTA;
MONTEIRO). Fusco (2008) acrescenta que, a partir do momento que a matriz de argamassa passa
a ser mais resistente que o agregado graúdo “a ruptura se dá de modo explosivo, com fraturamento
dos grãos de agregado graúdo por tração transversal na microestrutura” e o concreto passa a ser um
material frágil.

Conforme exposto anteriormente, o concreto, seja destinado a moldagem de corpos de


prova, ou a compor os elementos estruturais, estará exposto a inúmeras variáveis capazes de
interferir em sua resistência. Segundo Bauer (2008), o concreto “é sensível às modificações nas
condições ambientes, físicas, químicas, mecânicas, com reações geralmente lentas registradas de
certo modo em suas características, que dependem de sua história”.

A variabilidade intrínseca aos processos de produção das estruturas de concreto e de


moldagem de corpos de prova – variação dos componentes da mistura, mudanças na produção e
lançamento do concreto, variações nos procedimentos de amostragem e ensaio (NEVILLE;
BROKS, 2013, p.320) – garantem aleatoriedade aos resultados obtidos nos ensaios de resistência
à compressão. Dessa forma, em uma grade amostra de copos de prova similares, os resultados
mostrarão uma dispersão ou distribuição em torno do valor da resistência média (NEVILLE;
BROKS, 2013, p.320).
14

A fim de contornar a problemática decorrente da natureza aleatória dos valores de


resistência, para o controle tecnológico do concreto, utilizam-se a resistência média e a dispersão
dos resultados dos ensaios para a obtenção de um único valor de resistência característica (𝑓𝑐𝑘 ).
Para isso, adota-se uma abordagem estatística dos dados, admitindo-se que estes compõem uma
curva de distribuição gaussiana ou normal como atestado por Helene e Terzian (1993, p.107) “a
curva densidade de probabilidade das resistências é então admitida como normal e o valor
característico é calculado em função da dispersão dos resultados, originados pelo processo de
produção e ensaio.”

Uma vez conhecidos os valores de resistência média (𝑓𝑐𝑚 ) e do desvio padrão (𝑆𝑑 ) de um
lote de amostras, o 𝑓𝑐𝑘 (valor de resistência característica) é adotado com como resistência de
referência do lote. Ele corresponde ao quantil de 5% da distribuição de resistências, o que significa
que representa o valor que tem apenas 5% de probabilidade de ser ultrapassado no sentido das
menores resistências (FUSCO, 2008). O cálculo do 𝑓𝑐𝑘 se dá através da formula a seguir:

𝑓𝑐𝑘 = 𝑓𝑐𝑚 − 1,65𝑆𝑑 (1)

A curva de distribuição normal da resistência do concreto é representada pela figura 2 a


seguir.

Figura 3 - Representação da curva de distribuição da resistência à compressão do concreto

Legenda:
𝑓𝑐 – resistência à
compressão
𝑓𝑐𝑘 – resistência à
compressão característica
𝑓𝑐𝑚 - resistência à
compressão média
𝑆𝑑 – desvio padrão

𝑓𝑐𝑘

Fonte: Helene e Tezian (1993) (Adaptado)

Como pode ser percebido pelo gráfico da figura 2, quanto maior o desvio padrão, maior a
dispersão dos valores dos resultados, o que resulta na necessidade de um maior 𝑓𝑐𝑚 para que seja
15

garantido o 𝑓𝑐𝑘 desejado. A fixação do valor do 𝑓𝑐𝑘 como o quintil de 5% da distribuição normal,
segundo Helene e Terzian (1993), faz com que a resistência considerada no dimensionamento da
estrutura seja independente da variabilidade do processo de produção do concreto o que gera
incentivos para a melhoria desse processo, na busca de reduzir a variabilidade dos resultados e
consequentemente o valor do 𝑓𝑐𝑚 , o que acarreta uma redução de custos na produção.

Existe uma diferenciação entre os valores de desvio padrão no controle tecnológico do


concreto. O 𝑆𝑑 , enquanto desvio padrão de dosagem, é utilizado no cálculo da resistência média de
dosagem, resistência esta obtida, segundo a ABNT NBR 12655:2015, através da equação 2 abaixo,
com a letra j representando a idade de referência.

𝑓𝑐𝑚𝑗 = 𝑓𝑐𝑘𝑗 + 1,65𝑆𝑑 (2)

Para esta situação, o 𝑆𝑑 utilizado pode ser, segundo a ABNT NBR 12655:2015, conhecido
ou desconhecido. Nas situações em que não se conhece o desvio padrão do concreto, o cálculo da
resistência de dosagem deve levar em conta um dos desvios padrão apresentados no quadro 3.

Quadro 3 - Desvio padrão a ser adotado em função da condição de preparo do concreto

Fonte: ABNT NBR 12655:2015

As condições de preparo A, B e C são definidas na ABNT NBR 12655:2015 segundo a


classe do cimento utilizada e as condições de preparo. Sendo assim a condição A se aplica a todas
as classes de concreto e determina que o cimento e os agregados devem ser medidos em massa, a
água de amassamento em massa ou em volume utilizando-se dispositivo dosador e sendo corrigida
de acordo com a umidade dos agregados. Já a condição B se aplica apenas às classes de cimento
C10 a C20, com o cimento medido em massa, a água de amassamento medida em volume com
dispositivo dosador e os agregados medidos em massa combinada com volume. A última condição
16

(C), se limita a concretos das classes C10 e C15 e nela, o cimento é medido em massa, os agregados
em volume e a água de amassamento também em volume, com sua quantidade ajustada de acordo
com a estimativa da umidade dos agregados e com a consistência do concreto.

Além do desvio padrão de dosagem a ABNT BR 12655:2015 traz o conceito de desvio


padrão para uma amostra de n exemplares, este, apesar de ser designado pela norma pela mesma
sigla 𝑆𝑑 , se aplica ao controle estatístico do concreto por amostragem parcial com lotes
representados por amostras com um número de exemplares superior a 20. A diferenciação se dá no
fato de que o 𝑆𝑑 de dosagem é calculado com base em dados históricos referentes ao processo de
produção do concreto e serve como referência para o cálculo da resistência média de dosagem,
enquanto que no segundo caso, ele é utilizado para o cálculo da resistência estima do lote 𝑓𝑐𝑘,𝑒𝑠𝑡 ,
e se utiliza dos valores de resistência das amostras 𝑓𝑖 .

De acordo com a ABNT NBR 12655:2015, as fórmulas utilizadas para o cálculo do desvio
padrão e para o cálculo do 𝑓𝑐𝑘,𝑒𝑠𝑡 são as fórmulas 3 e 4, respectivamente apresentadas a seguir.

𝑛
1 (3)
𝑆𝑑 = √ ∑(𝑓𝑖 − 𝑓𝑐𝑚 )²
1−𝑛
i=1

(4)
𝑓𝑐𝑘,𝑒𝑠𝑡 = 𝑓𝑐𝑚 − 1,65𝑆𝑑

Onde 𝑓𝑐𝑚 é a média dos valores de resistência das amostras 𝑓𝑖 .

3.4 Ensaio de resistência à compressão

A determinação da resistência potencial do concreto à compressão é realizada através de


ensaios laboratoriais que se utilizam das amostras coletadas em campo. Os ensaios de resistência a
compressão são normatizados no Brasil pela ABNT NBR 5738:2015 – Concreto – Procedimento
para moldagem e cura de corpos de prova; que rege a dimensão de campo do ensaio, onde são
moldadas as amostras. Como o tipo de amostra mais comum no Brasil são os corpos de prova
17

cilíndricos, também utilizados na amostragem analisada no presente trabalho, utiliza-se a ABNT


NBR 5739:2018 – Concreto – Ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos; como diretriz
normativa para realização destes ensaios em laboratório.

A realização do ensaio tem início com a moldagem dos corpos de prova, que devem ter a
medida da altura igual ao dobro do diâmetro, sendo admitidas tolerâncias de 2% e 1%
respectivamente. As demais especificações relativas as características dos moldes, tais como
estanqueidade, geometria e material, estão contidas no item 4 da ABNT NBR 5738:2015. A norma
também dispõe sobre como deve proceder a moldagem e adensamento dos corpos de prova, que
pode ser mecânico ou manual, além de variar de acordo com as dimensões dos moldes. Os
procedimentos de cura, transporte e preparação das bases para adequação à realização do ensaio.

Em laboratório, o corpo de prova é posicionado na máquina de ensaios, onde será submetido


a um esforço de compressão que deve ser aplicado com velocidade crescente, contínua e sem
choques, devendo cessar apenas quando houver uma queda de força que indique a ruptura. O corpo
de prova deve ser posicionado com seu eixo coincidido com o eixo da máquina, de modo que a
resultante das forças passe pelo seu centro (ABNT NBR 5739:2018).

Para o cálculo da resistência do corpo de prova utiliza-se o valor da maior força aplicada
pela máquina na fórmula 5 a seguir.

4𝐹 (5)
𝑓𝑐 =
𝜋 × 𝐷²

Onde 𝑓𝑐 corresponde a resistência a compressão do exemplar em Megapascal (MPa); F


corresponde a força máxima alcançada em newtons (N) e D corresponde ao diâmetro do corpo de
prova em milímetros.

3.5 Amostragem, lotes e mapeamento

A coleta de amostras para os ensaios de resistência à compressão deve ser realizada de


acordo com os lotes de concreto utilizados na concretagem. A ABNT NBR 12655:2015 define lote
como sendo “volume definido de concreto, elaborado e aplicado sob condições consideradas
uniformes (mesma classe, mesma família, mesmos procedimentos e mesmo equipamento)”, e com
o quadro 4 abaixo esta mesma norma estabelece os limites para a determinação de tais lotes.
18

Quadro 4 - Valores máximos para a formação de lotes de concreto

Fonte: ABNT NBR 12655:2015

Nota-se então que de acordo com o quadro 5, são utilizados critérios de volume associados
aos tipos de esforços atuantes nos elementos para a delimitação dos tamanhos dos lotes. Contudo,
um volume de concreto pré-estabelecido não garante a uniformidade dos parâmetros envolvidos no
processo de produção e ensaio do concreto, o que distorce a recomendação inicial substituindo o
critério da constância dos fatores envolvidos na produção e testagem, para o volume.

Em face dessa problemática, Helene e Terzian (1993) apontam que na definição de lotes
devem ser levados em conta a natureza do concreto, isto é, como foi produzido, homogeneidade e
proporção de matérias na mistura, a fim de assegurar a uniformidade das características dos lotes
de concreto. Recomendam ainda que sejam consideradas as características das solicitações ou o
tipo da peça que será composta pelo concreto do lote, a fim de definir lotes diferentes para
elementos de natureza distinta.

De cada lote de concreto devem ser coletadas as amostras de acordo com o estipulado na
NBR NM 33:1998 – Concreto – Amostragem de concreto fresco. Esta, determina que as amostras
sejam coletadas aleatoriamente após a conclusão da mistura, ter um volume mínimo de trinta litros,
ser coletada com suas porções iniciais e finais ditando no máximo quinze minutos entre si e sendo
retiradas entre os 15% e 85% do volume da betonada. Quando a frequência e quantidade das
amostras, estas vão variar em função do tipo de ensaio realizado.

Cada amostra é composta por um número n de exemplares, e cada exemplar, por sua vez, é
composto por dois corpos de prova. Este par de corpos de prova, em princípio deveria resultar em
um mesmo valor de resistência para ambos, contudo a variabilidade oriunda da moldagem, cura,
19

transporte e no ensaio propriamente dito, resulta em resistências diferentes para cada um deles.
Sendo assim o emprego de dois corpos de prova por amostra via atenuar essa variabilidade, com o
resultado de maior valor representando o melhor valor potencial da mistura e o resultado de menor
valor representando a variabilidade do processo de preparo e ensaio, devendo, portanto, ser
descartado (FUSCO, 2008).

Além da definição dos lotes é importante que se efetue o mapeamento onde são registrados
os locais da estrutura referentes a cada um dos lotes. Como citado por Fusco (2008): “No controle
por amostragem é indispensável localizar cada lote produzido dentro da estrutura, a fim de que
medidas adequadas possam ser tomadas no caso de serem obtidos resultados inferiores aos
especificados”. Essa medida visa a capacidade de julgar individualmente a conformidade do
concreto para os elementos estruturais individualmente, a fim de possibilitar que intervenções
possam ser aplicadas de maneira localizada.

3.6 Tipos de controle de resistência

Para a realização do controle tecnológico do concreto podem ser utilizados dois tipos
diferentes de controle de resistência, no que diz respeito à formação dos lotes e ao controle
estatístico envolvido na avaliação de conformidade. Na ABNT NBR 12655:2015 esses controles
são definidos como controle por amostragem parcial e controle por amostragem total.

3.6.1 Controle de resistência por amostragem total

Configura-se controle por amostragem total o controle de resistência onde todas as


betonadas de um determinado lote são amostradas com um exemplar representativo que irá definir
a resistência à compressão para cada uma delas. De acordo com a ABNT NBR 12655:2015, para
esse tipo de amostragem, o valor da resistência característica à compressão do concreto (𝑓𝑐𝑘,𝑒𝑠𝑡 ) é
dado pela fórmula 6, com 𝑓𝑐,𝑏𝑒𝑡𝑜𝑛𝑎𝑑𝑎 correspondendo ao valor da resistência a compressão do
exemplar representativo da betonada.
20

𝑓𝑐𝑘,𝑒𝑠𝑡 = 𝑓𝑐,𝑏𝑒𝑡𝑜𝑛𝑎𝑑𝑎 (6)

É importante considerar que cada exemplar, ou dupla de corpos de prova deverá ser rompido
em uma idade determinada, portanto se deseja-se obter os resultados de resistência para diferentes
idades, o número de exemplares será maior.

3.6.2 Controle por amostragem parcial

Este controle de resistência consiste na amostragem de apenas uma parte dos lotes, com
número de a mostras variando de acordo com a classe do concreto. Para concretos do grupo 1, que
abrangem as classes até C50, devem ser coletadas no mínimo seis exemplares, já para concreto do
grupo 2, o mínimo de doze exemplares é requerido (ABNT NBR 12655:2015)

Os valores de resistência característica estimada (𝑓𝑐𝑘,𝑒𝑠𝑡 ) dos lotes no caso de amostragem


parcial pode ser obtido de duas formas distintas, determinadas pela quantidade de amostras que
compões o lote.

Lotes com um número de exemplares entre seis e vinte (6 ≤ n < 20), o valor de 𝑓𝑐𝑘,𝑒𝑠𝑡 e
dado pela fórmula 7 a seguir.

𝑓1 + 𝑓2 + ⋯ + 𝑓𝑚−1 (7)
𝑓𝑐𝑘,𝑒𝑠𝑡 = 2 × − 𝑓𝑚
𝑚−1

Com m igual a n/2, desprezando-se o valor mais alto de n caso este seja ímpar, e 𝑓1 + 𝑓2 +
⋯ + 𝑓𝑚 correspondem aos valores de resistência das amostras em ordem crescente.

A ABNT NBR 12655:2015 ainda define que não se pode adotar um valor de 𝑓𝑐𝑘,𝑒𝑠𝑡 inferior
a ψ6 ·𝑓1, sendo ψ6 obtido através do quadro 5 abaixo, com esse valor variando de acordo com o
número de exemplares e a condição de preparo do concreto
21

Quadro 5 - Valores de ψ6

Fonte: ABNT NBR 12655:2015

Nos casos que envolvendo lotes com números de exemplares superior a vinte (n ≥ 20) o
cálculo do 𝑓𝑐𝑘,𝑒𝑠𝑡 é realizado pela fórmula 4 já citada, com o desvio padrão calculado de acordo
com a fórmula 3.

3.6.3 Casos especiais

A norma ainda preconiza o procedimento para determinação do 𝑓𝑐𝑘,𝑒𝑠𝑡 para casos em que o
concreto é produzido em betonadas de pequeno volume e sempre que se tratar de amostragem
parcial, a estrutura poderá ser dividida em lotes de ate 10m³, com um número de exemplares entre
dois e cinco. Esses casos são denominados de especiais e neles, o 𝑓𝑐𝑘,𝑒𝑠𝑡 é determinado pela
fórmula 8, com ψ6 obtido através do quadro 5.

𝑓𝑐𝑘,𝑒𝑠𝑡 = ψ6 × 𝑓1 (8)

3.7 Determinação da conformidade dos lotes

Segundo estabelecido pela ABNT NBR 12655:2015, um lote de concreto será considerado
conforme quando, em caso de amostragem parcial, o valor da resistência característica à
compressão estimada (𝑓𝑐𝑘,𝑒𝑠𝑡 ) ou, em caso de amostragem total, o valor da resistência à compressão
do exemplar, for igual ou superior à resistência característica do concreto à compressão
determinada no projeto estrutural. Esta condição pode ser expressa pela equação 9 a seguir.
22

𝑓𝑐𝑘,𝑒𝑠𝑡 ≥ 𝑓𝑐𝑘𝑗 (9)

Em casos de lotes não conformes, aplicam-se critérios de uma outra norma, a ABNT NBR
7680-1:2015- Concreto - — Extração, preparo, ensaio e análise de testemunhos de estruturas de
concreto Parte 1: Resistência à compressão axial. Sobre esta norma, a ABECE (Associação
Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural), emitiu um documento com recomendação sobre
os procedimentos a serem adotados após a identificação da existência de lotes não conformes
(𝑓𝑐𝑘,𝑒𝑠𝑡 < 𝑓𝑐𝑘𝑗 ). Nele, é recomendado que a não conformidade de um lote seja sucedida de uma
verificação de projeto, com a finalidade de “determinar se a parte da estrutura executada com esse
lote pode ser considerada aceita, levando-se em consideração os valores obtidos nos ensaios de
rompimento de corpos de prova” (ABECE, 001:2015). Uma vez que esta verificação mostre um
resultado negativo, o próximo passo consiste na realização, com a anuência do engenheiro
responsável pelo projeto da estrutura, de uma nova análise estrutural utilizando-se as resistências
obtidas pela extração de testemunhos extraídos diretamente da estrutura. A finalidade dessa análise
é verificar se o estado limite último e o estado limite de serviço ainda são atendidos.

Uma vez necessária a extração dos testemunhos da estrutura, deve-se proceder de acordo
com a ABNT ABNT NBR 7680-1:2015.
23

4. ESTUDO DE CASO

4.1 Metodologia

Este estudo de caso foi desenvolvido a partir da coleta dos resultados dos ensaios de
resistência à compressão do concreto utilizado em uma obra de um edifício residencial
multifamiliar de 42 pavimentos e dois subsolos, localizado na cidade de Natal, Rio Grande do
Norte. Trata-se de uma obra que conta com elementos estruturais distintos não só na função que
exercem, mas também no concreto do qual são compostos. O empreendimento possui concreto da
classe C25 (𝑓𝑐𝑘𝑗 = 25 MPa), para estacas escavadas de contenção e de fundação, concreto da classe
C30 (𝑓𝑐𝑘𝑗 = 30 MPa), para estacas hélice contínua, concreto da classe C40 (𝑓𝑐𝑘𝑗 = 40 MPa), para
vigas e lajes, e concreto da classe C50 (𝑓𝑐𝑘𝑗 = 50 MPa) para blocos de coroamento e pilares.

O estudo acompanhou a execução da estrutura desde seu início até o pavimento térreo
(primeiro nível após os subsolos), o que possibilitou a coleta de dados de resistência da totalidade
dos lotes utilizados, abrangendo todas as quatro classes citadas anteriormente. Durante esse período
foram utilizados um total de 2987,5m³ de concreto usinado, sendo 886,5m³ de concreto C25, 611m³
de concreto C30, 729m³ de concreto C40 e 761m³ de concreto C50.

O tipo de controle de resistência adotado pela construtora foi o método da amostragem total,
com cada caminhão betoneira correspondendo a um lote de concreto, de onde foram coletados três
exemplares, para serem rompidos aos 7, 28 e, em caso de não conformidade do lote aos 63 dias.
Foram então lançados na estrutura 421 lotes, sendo 119 lotes de concreto C25, 95 lotes de concreto
C30, 96 lotes de concreto C40 e 110 lotes de concreto C50, sem haver um volume fixo para os
lotes. Também foi realizado o mapeamento de todas as concretagens, com o registro do local de
aplicação de cada um dos lotes e a data do lançamento.

Os dados aqui utilizados correspondem aos valores de resistência à compressão estimada


do concreto aos 28 dias (𝑓𝑐𝑘,𝑒𝑠𝑡,28 ), uma vez que o valor de resistência a compressão de projeto leva
em conta a resistência a essa idade (𝑓𝑐𝑘𝑗,28).

Os resultados dos ensaios foram então divididos por tipo de concreto, com cada caminhão
betoneira correspondendo a um lote, de acordo com a determinação da ABNT NBR 12655:2015,
24

que diz: “todas as betonadas são amostradas e representadas por um exemplar que define a
resistência à compressão daquele concreto naquela betonada”. Ainda segundo a norma, dos dois
valores de resistência à compressão de cada exemplar, o menor deles foi descartado, com o maior
resultado correspondendo ao 𝑓𝑐𝑘,𝑒𝑠𝑡,28 do lote.

De posse destes valores, os dados foram organizados em planilhas separadas por classe de
concreto, onde constam as informações:

 Numeração do lote;
 Data da concretagem;
 Volume do lote;
 Valor de resistência de cada corpo de prova (C.P) do exemplar rompido aos 28 dias;
 Valor da resistência da amostra 𝑓𝑐𝑘,𝑒𝑠𝑡,28 (maior valor obtido pelos corpos de prova);
 Indicação da conformidade do lote segundo: 𝑓𝑐𝑘,𝑒𝑠𝑡,28 ≥ 𝑓𝑐𝑘𝑗,28

Estas planilhas encontram-se no apêndice no final deste documento.

Com as planilhas montadas, foi observado um número significativo de lotes em não


conformidade com a resistência à compressão característica de projeto, ou seja, reprovados no
critério de aceitação. A partir daí buscou-se analisar o aproveitamento do concreto fornecido pela
concreteira, bem como avaliar o impacto que a não conformidade dos lotes de concreto teve sobre
a estrutura, em termos de volume de concreto e de elementos estruturais comprometidos. Para isso,
para cada classe de concreto, foram calculados alguns indicadores, sendo eles: a quantidade de
lotes rejeitados; a porcentagem de lotes rejeitados; o volume de concreto rejeitado e a porcentagem
de volume rejeitado.

Por se tratar de amostragem total, com cada lote sendo avaliado individualmente, a
determinação do valor de resistência à compressão característica estimada 𝑓𝑐𝑘,𝑒𝑠𝑡 , correspondente
ao quantil de 5% da curva de distribuição normal dos resultados, não foi realizada, uma vez que,
segundo a ANBT NBR 12655:1015, esta abordagem remete ao controle por amostragem parcial.

Os resultados não conformes foram também avaliados temporalmente, a fim de identificar


se estariam concentrados em datas específicas ou se eram distribuídos aleatoriamente entre todas
as datas de concretagem. Essa abordagem buscou analisar se as falhas no controle de qualidade da
produção do concreto ocorriam de forma pontual ou constante.
25

Ao final, os resultados das análises referentes a cada classe de concreto foram comparados
entre si, com o objetivo de identificar uma possível correlação entre a classe de concreto e qualidade
do produto fornecido, dado que concretos de maiores resistência tendem a ter traços mais
complexos, demandando uma maior rigidez do controle de qualidade do processo produtivo.

4.2 Apresentação de resultados

Os resultados apresentados a seguir foram obtidos a partir dos dados contidos nas tabelas
apresentadas em anexo ao presente trabalho

4.2.1 Análise quantitativa da conformidade dos lotes

A contabilização dos lotes que apresentaram, como resultado dos ensaios de resistência à
compressão, valores satisfatórios estão apresentados na Tabela 1 a seguir.

Tabela 1 – Quantitativo da conformidade dos lotes

fckj 25 Mpa 30 Mpa 40 MPa 50 Mpa


Total de lotes 119 95 96 110
Lotes aceitos 119 78 73 68
Lotes rejeitados 0 17 23 4
% de lotes aceitos 100,0% 82,1% 76,0% 61,8%
% de lotes rejeitados 0,0% 17,9% 24,0% 38,2%
Fonte – Próprio autor

Em seguida, os valores percentuais dos lotes aceitos e rejeitados foram plotados em um


gráfico de barras (Figura 3), a título de comparação dos valores referentes a cada classe de concreto.
26

Figura 3 – Gráfico comparativo entre percentuais de aprovação por classe de concreto

% de lotes aprovados por classe de concreto


120,0%

100,0%
17,9% 24,0%
80,0% 38,2%

60,0%
100,0%
40,0% 82,1% 76,0%
61,8%
20,0%

0,0%
25 MPa 30 MPa 40 MPa 50 MPa

% de lotes aceitos % de lotes rejeitados

Fonte – Próprio autor

Como fica claro, o aumento da resistência à compressão característica (𝑓𝑐𝑘𝑗,28 ) do concreto


contratado, foi acompanhado de um aumento no número de lotes rejeitados para cada classe de
concreto.

4.2.2 Análise volumétrica da conformidade dos lotes

Levando em conta que, segundo os critérios estabelecidos na ABNT NBR 12655:2015 para
amostragem total, cada caminhão betoneira foi considerado como um lote, e que os volumes
relativos a cada lote variam de acordo com as necessidades de cada concretagem, podendo possuir
volumes de 3m³ a 8m³, um mesmo número de lotes possivelmente não corresponderá a um mesmo
volume de concreto. Sendo assim, para a avaliação do impacto que os lotes rejeitados tiveram sobre
a estrutura, é interessante que seja considerado o volume de concreto aceito e o volume de concreto
rejeitado. A Tabela 2 a seguir traz os valores obtidos no estudo.
27

Tabela 2 - Conformidade volumétrica

fckj 25 MPa 30 MPa 40 MPa 50 MPa


Volume total dos lotes (m³) 886,5 611 729 761
Volume dos lotes aceitos (m³) 886,5 503 551 463
Volume dos lotes rejeitados (m³) 0 108 178 298
% de volume de concreto aceito 100,0% 82,3% 75,6% 60,8%
% de volume de concreto rejeitado 0,0% 17,7% 24,4% 39,2%
Fonte: Próprio autor

Assim como realizado no item anterior, os valores foram plotados em um gráfico de barras
(Figura 4).

Figura 4 – Gráfico comparativo do percentual de conformidade do volume de concreto por classe.

% de lotes aprovados por classe de concreto


120,0%

100,0%
17,7% 24,4%
80,0% 39,2%

60,0%
100,0%
40,0% 82,3% 75,6%
60,8%
20,0%

0,0%
25 MPa 30 MPa 40 MPa 50 MPa

% de volume de concreto aceito % de volume de concreto rejeitado

Fonte: Próprio autor

Como se pode perceber, apesar das variações nos volumes dos lotes, a diferença entre os
percentuais de conformidade unitários e volumétrico não foi grande, com a maior diferença sendo
observada para o concreto C50 (1,1%), contudo estes valores são mais representativos do
percentual do concreto da estrutura que não atende aos critérios de projeto.
28

4.2.3 Avaliação temporal das inconformidades observadas

Com objetivo de identificar a frequência de ocorrência de resultados insatisfatórios dos


ensaios de resistência à compressão, os exemplares reprovados foram separados por data, para que
o número de dias em que existiu concreto não conforme fosse comparado com o total de dias de
concretagem para cada tipo de concreto. A tabela 5 apresenta os resultados obtidos.

Figura 5 - Frequência de ocorrência de exemplares rejeitados

fckj 25 MPa 30 MPa 40 MPa 50 MPa


Total de dias de concretagem 59 12 17 32
Dias com exemplares rejeitados 0 4 7 16
Dias sem exemplares rejeitados 59 8 10 16
% de dias com exemplares rejeitados 0,0% 33,3% 41,2% 50,0%
Fonte: Próprio autor

Diante desses dados, observa-se que além do aumento da quantidade de exemplares


rejeitados crescer com a o aumento do 𝑓𝑐𝑘𝑗 , o percentual de dias com ocorrência de lotes rejeitados
também aumenta.

4.3 Considerações a respeito das medidas a serem tomadas

A adoção do método de controle do concreto por amostragem total, aliado ao correto


mapeamento das concretagens, permite que medidas corretivas para concretos de resistências
inferiores às estabelecidas em projeto possam ser especificamente direcionadas aos elementos
estruturais comprometidos.

Inicialmente, os resultados insatisfatórios, junto ao mapeamento devem ser encaminhados


ao engenheiro calculista responsável pelo projeto estrutural, para que seja avaliado se os trechos da
estrutura executados com aqueles lotes ainda podem ser considerados aceitos. No caso da obra
analisada aqui, além dos resultados de resistência aos 28 dias, foram moldados exemplares para
29

serem rompidos aos 63 dias, com o intuito de fornecer ao calculista mais informações a respeito do
desenvolvimento da resistência do concreto ao longo do tempo. Em muitos casos, os lotes que não
atingiram os valores de resistência de projeto aos 28 dias, superaram esses valores na idade mais
avançada. Sendo assim, estes dados podem se mostrar úteis no processo de determinação da
aceitação dos elementos estruturais.

Caso a avaliação do calculista ainda resulte na condenação do elemento, novos valores de


resistência poderão ser obtidos atrás da extração de testemunhos de concreto, realizada de acordo
com a ABNT NBR 7680:2015. Os resultados obtidos pelos ensaios de resistência à compressão
dos testemunhos devem então ser utilizados em uma nova análise estrutural, a fim de determinar
se os estados limites últimos e de serviço estão sendo atendidos.

Se após a adoção destas medidas ainda existirem elementos com valores inaceitáveis de
resistência à compressão do concreto, deve-se adotar medidas de correção para os elementos
estruturais, a fim de garantir a segurança estrutural da construção. Estas medidas podem ser: a
realização de reforço estrutural dos elementos ou a demolição e reconstrução destes elementos.

5. CONCLUSÃO

De posse dos indicadores apresentados anteriormente, pode-se afirmar que, para esta obra
e para esta empresa de serviços de concretagem, existe uma relação direta entre o aumento da
resistência característica do concreto contratado, e o aumento na quantidade de reprovações dos
lotes fornecidos. Como foi mostrado, tanto a quantidade de lotes reprovados quanto o número de
dias contendo esses lotes cresceu seguindo o aumento do valor do 𝑓𝑐𝑘 .

Conforme foi exposto na revisão bibliográfica, mesmo que a resistência à compressão do


concreto seja um bom indicador de sua qualidade, o controle tecnológico não deve se resumir ao
monitoramento da resistência dos lotes de concreto de uma obra, e sim, estender-se por todas as
etapas de produção das estruturas. Portanto, todas estas etapas também devem estar sujeitas a
procedimentos de controle, uma vez que de nada adianta apontar valores de resistência
insatisfatórios se não se pode identificar e corrigir as suas possíveis causas.
30

O presente trabalho apresentou a inconsistência da qualidade do concreto produzido pela


concreteira em questão, que ora fornece um produto condizente com as especificações, ora falha
no cumprimento de suas responsabilidades contratuais de garantir o fornecimento de um concreto
com resistência igual ou superior à resistência de projeto. O grande número de inconformidades, e
a tendência de elevação deste número, à medida que se eleva o 𝑓𝑐𝑘 , e, portanto, o nível de exigência
requerido na produção, são um forte indício de que os processos de controle de qualidade de
produção adotados pela empresa de concretagem são insatisfatórios.

Contudo, a identificação exata da origem dos problemas de resistência demandaria um


acompanhamento direto do processo de produção, tendo em vista que estes podem estar
relacionados a fatores distintos. A qualidade e variabilidade dos materiais empregados, o processo
de mistura, as correções referentes à alterações de umidade dos agregados, o respeito às quantidades
estabelecidas no traço, são alguns dos fatores que podem ocasionar os problemas de resistência
observados. Este acompanhamento, junto com uma avaliação das causas de possíveis
inconformidades no processo de produção do concreto, pode ser tema de um outro trabalho.

Além do processo de produção, a qualidade dos ensaios de resistência à compressão


também pode afetar os resultados de resistência. Uma vez que o não cumprimento dos
procedimentos padronizados prescritos tanto na ABNT NBR 5738:2015, e na ABNT NBR
5139:2018, podem comprometer a representatividade dos exemplares ensaiados sobre o concreto
lançado na estrutura. Sendo assim um acompanhamento meticuloso de todos esses procedimentos
também pode apontar possíveis causas para os problemas de resistência observados no estudo.

Os resultados apresentados no presente trabalho evidenciaram o impacto que falhas no


controle de qualidade de produção do concreto podem ter sobre uma construção, deixando claro
que concretos de maiores resistência podem se mostrar mais sensíveis a este problema. Vale
ressaltar que para se obter um bom concreto, é necessário a participação de todas as partes
envolvidas no processo construtivo, fazendo-se necessário o monitoramento e registro constante
dos parâmetros de qualidade, além do intercâmbio de informações entre as partes, a fim de que,
uma vez que um problema se apresente, possam ser adotadas as medidas cabíveis da maneira mais
célere e eficiente possível.
31

1. REFERÊNCIAS

ABECE. Recomendação ABECE 001:2015: Análise de Casos de Não Conformidade de


Concreto. São Paulo: Abece, 2015. 4 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7212: Execução de concreto


dosado em central – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2012. 16 p

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12655: Concreto de cimento


Portland – Preparo, controle, recebimento e aceitação - Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT,
2015. 23 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas de


concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014. 238 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5738: Concreto – Procedimento


para moldagem e cura de corpos de prova, Rio de janeiro, 2015. 9 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739: Concreto - Ensaio de


compressão de corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro: Abnt, 2018. 9 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7680-1: Concreto - Extração,


preparo, ensaio e análise de testemunhos de estruturas de concreto - Parte 1: Resistência à
compressão axial. Rio de Janeiro: Abnt, 2015. 27 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 33: Concreto - Amostragem


de concreto fresco. Rio de Janeiro: Abnt, 1998. 5 p.

BASTOS, S. S. P. Fundamentos do concreto armado. 2019. 83p. Notas de aula (Estruturas de


concreto I) – Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2019.

BAUER, L. A. Falcão. Materiais de construção. 5. ed. rev. Rio de Janeiro: LTC, 2008. 488 p. v.
1. ISBN 978-85-216-1249-0.

FUSCO, Péricles Brasiliense. Tecnologia do concreto estrutural: tópicos aplicados. São Paulo:
Pini, 2008.
32

MEHTA, P. Kumar; MONTEIRO, Paulo J. M. Concrete: Microestructure, Properties, and


Materials. 3. ed. California: McGraw-Hill, 2006.

NEVILLE A.M.; BROOKS J.J. Tecnologia do concreto. Tradução Ruy Alberto Cremoni. 2. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2013. 448 p.

BASTOS, S. S. P. Fundamentos do concreto armado. 2019. 83p. Notas de aula (Estruturas de


concreto I) – Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2019.

ANDRADE, J. J. O. Durabilidade das estruturas de concreto armado: Análise das


manifestações patológicas nas estruturas no estado de Pernambuco. 1997. 139p. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1997

AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. Guide to durable concrete.ACI 201.2R-08. Farmington


Hills, 2008.
33

APÊNDICE

A seguir estão presentes as tabelas com os dados dos resultados dos ensaios de resistência
a compressão coletados no estudo de caso e utilizados no presente trabalho.

Resultados para o concreto C25

Tabela 3– Resultados dos ensaios de resistência a compressão aos 28 dias para o concreto de 25 MPa

Nota de Dia de Volume fck,est 28


C.P 1 C.P 2 Conformidade
Entrega Concretagem (m³) dias (Mpa)
1 25/03/2021 4 25,7 24,4 25,7 Conforme
2 26/03/2021 8 29 28,9 29 Conforme
3 26/03/2021 7 29 29,7 29,7 Conforme
4 29/03/2021 8 29,5 30,1 30,1 Conforme
5 30/03/2021 8 27,3 26,9 27,3 Conforme
6 31/03/2021 8 27,2 25,8 27,2 Conforme
7 31/03/2021 8 30,5 28,7 30,5 Conforme
8 31/03/2021 8 31,3 32,5 32,5 Conforme
9 01/04/2021 8 30,9 28 30,9 Conforme
10 01/04/2021 7 32,5 33,3 33,3 Conforme
11 01/04/2021 8 34,2 37,8 37,8 Conforme
12 01/04/2021 7 35,9 36,5 36,5 Conforme
13 05/04/2021 8 28,5 33,8 33,8 Conforme
14 05/04/2021 8 29,8 31,4 31,4 Conforme
15 06/04/2021 8 29,6 31 31 Conforme
16 06/04/2021 8 28,4 25,6 28,4 Conforme
17 06/04/2021 8 26,7 29,5 29,5 Conforme
18 07/04/2021 8 34,1 36,5 36,5 Conforme
19 07/04/2021 7 39,4 38,3 39,4 Conforme
20 08/04/2021 8 28,2 29,2 29,2 Conforme
21 08/04/2021 8 36,8 35,7 36,8 Conforme
22 09/04/2021 8 33 22,9 33 Conforme
23 09/04/2021 7,5 34,8 35,2 35,2 Conforme
24 12/04/2021 8 29,9 30,7 30,7 Conforme
25 09/04/2021 8 39,3 32,3 39,3 Conforme
26 13/04/2021 7,5 34,1 34,3 34,3 Conforme
27 14/04/2021 6 32,6 36,1 36,1 Conforme
28 14/04/2021 6 32,7 33,6 33,6 Conforme
29 14/04/2021 8 37,7 39,8 39,8 Conforme
30 14/04/2021 8 36 35,2 36 Conforme
34

31 15/04/2021 8 33,6 30,4 33,6 Conforme


32 15/04/2021 7 37,6 36 37,6 Conforme
33 16/04/2021 6 32,3 36,6 36,6 Conforme
34 16/04/2021 7,5 34,7 32,6 34,7 Conforme
35 19/04/2021 7,5 29,7 33,5 33,5 Conforme
36 20/04/2021 8 25,8 31,6 31,6 Conforme
37 20/04/2021 8 33,7 35,3 35,3 Conforme
38 20/04/2021 6,5 36 33,9 36 Conforme
39 20/04/2021 6 29,1 32,7 32,7 Conforme
40 22/04/2021 7,5 32,7 31,3 32,7 Conforme
41 23/04/2021 8 23,9 25,4 25,4 Conforme
42 23/04/2021 8 33,5 31,7 33,5 Conforme
43 23/04/2021 8 26,7 30,6 30,6 Conforme
44 23/04/2021 4,5 25,7 24,6 25,7 Conforme
45 26/04/2021 8 36,2 37,8 37,8 Conforme
46 27/04/2021 8 34,3 35,7 35,7 Conforme
47 27/04/2021 8 36,4 34 36,4 Conforme
48 27/04/2021 8 36,2 37,2 37,2 Conforme
49 28/04/2021 8 29,8 27,3 29,8 Conforme
50 28/04/2021 8 26,9 28,4 28,4 Conforme
51 29/04/2021 8 31,4 34 34 Conforme
52 29/04/2021 8 32,7 31,6 32,7 Conforme
53 29/04/2021 7,5 33,4 29,3 33,4 Conforme
54 30/04/2021 6 25,6 27,4 27,4 Conforme
55 30/04/2021 5 25,9 28 28 Conforme
56 03/05/2021 8 30,2 33,2 33,2 Conforme
57 03/05/2021 7,5 32,4 34,3 34,3 Conforme
58 04/05/2021 8 36,8 31,7 36,8 Conforme
59 04/05/2021 8 31,4 31,5 31,5 Conforme
60 06/05/2021 8 30,1 26,9 30,1 Conforme
61 06/05/2021 6 27,2 30,8 30,8 Conforme
62 07/05/2021 6 25,1 28,3 28,3 Conforme
63 07/05/2021 6 26,1 24,8 26,1 Conforme
64 11/05/2021 8 32,8 36,2 36,2 Conforme
65 11/05/2021 8 30,9 33,7 33,7 Conforme
66 12/05/2021 6,5 28,9 30 30 Conforme
67 12/05/2021 8 30,5 31,4 31,4 Conforme
68 17/05/2021 8 29 29,4 29,4 Conforme
69 18/05/2021 8 29,4 30,9 30,9 Conforme
70 19/05/2021 6 26,3 30,8 30,8 Conforme
71 20/05/2021 7,5 36,6 35,8 36,6 Conforme
72 20/05/2021 8 35 36,3 36,3 Conforme
73 21/05/2021 8 32,2 30 32,2 Conforme
74 21/05/2021 7 34,8 35,1 35,1 Conforme
75 21/05/2021 7 28,7 27,7 28,7 Conforme
76 25/05/2021 8 34,8 32,1 34,8 Conforme
35

77 25/05/2021 8 32,4 32,4 32,4 Conforme


78 25/05/2021 8 33 32,2 33 Conforme
79 26/05/2021 8 30,4 27,1 30,4 Conforme
80 26/05/2021 8 32,9 29 32,9 Conforme
81 27/05/2021 6 38,9 37,1 38,9 Conforme
82 27/05/2021 8 38,3 39,3 39,3 Conforme
83 27/05/2021 7 45,1 43,3 45,1 Conforme
84 29/05/2021 8 36,7 35,6 36,7 Conforme
85 29/05/2021 8 31,4 31,6 31,6 Conforme
86 29/05/2021 8 29,6 30,3 30,3 Conforme
87 01/06/2021 8 32,4 30 32,4 Conforme
88 01/06/2021 8 28,3 28,1 28,3 Conforme
89 01/06/2021 8 30,9 30,3 30,9 Conforme
90 02/06/2021 8 29,9 28,3 29,9 Conforme
91 02/06/2021 8 28,1 30,8 30,8 Conforme
92 08/06/2021 7,5 31,4 32,4 32,4 Conforme
93 09/06/2021 7 28,3 31,5 31,5 Conforme
94 10/06/2021 6 33,4 30,5 33,4 Conforme
95 10/06/2021 6 28,5 26,6 28,5 Conforme
96 11/06/2021 8 31,2 32,2 32,2 Conforme
97 14/06/2021 7 28,7 30,8 30,8 Conforme
98 16/06/2021 5 26,3 27,3 27,3 Conforme
99 06/08/2021 8 30,9 29,5 30,9 Conforme
100 09/08/2021 8 30,5 34 34 Conforme
101 09/08/2021 8 23,2 25,9 25,9 Conforme
102 10/08/2021 8 30,6 28,6 30,6 Conforme
103 10/08/2021 8 38,5 40,4 40,4 Conforme
104 11/08/2021 8 47,4 45,3 47,4 Conforme
105 11/08/2021 8 44,5 48,2 48,2 Conforme
106 12/08/2021 8 40,9 37,3 40,9 Conforme
107 12/08/2021 8 38,6 32,9 38,6 Conforme
108 12/08/2021 6,5 37,4 36,7 37,4 Conforme
109 13/08/2021 6 37 34,3 37 Conforme
110 16/08/2021 8 40,4 41,8 41,8 Conforme
111 17/08/2021 8 44 42,8 44 Conforme
112 17/08/2021 8 44,6 43,2 44,6 Conforme
113 17/08/2021 6 39,2 39,9 39,9 Conforme
114 18/08/2021 8 43,6 40,4 43,6 Conforme
115 18/08/2021 6 42,6 43,8 43,8 Conforme
116 19/08/2021 8 40,7 39,9 40,7 Conforme
117 19/08/2021 7 37,8 38 38 Conforme
118 20/08/2021 6 40,3 31,4 40,3 Conforme
119 20/08/2021 8 36,8 41,4 41,4 Conforme
Fonte: Próprio autor
36

Resultados para o concreto C30

Tabela 4 – Resultados dos ensaios de resistência a compressão aos 28 dias para o concreto de 30 MPa

Nota de Dia de Volume fck,est 28 dias


C.P 1 C.P 2 Conformidade
Entrega Concretagem (m³) (Mpa)
1 04/11/2021 7 28,1 28,4 28,4 Rejeitado
2 04/11/2021 7 26,3 23,8 26,3 Rejeitado
3 04/11/2021 7 25,6 27 27 Rejeitado
4 04/11/2021 7 29,1 27,3 29,1 Rejeitado
5 04/11/2021 6 26,6 26,9 26,9 Rejeitado
6 04/11/2021 6 28,9 29,9 29,9 Rejeitado
7 04/11/2021 5 26,8 33,5 33,5 Conforme
8 05/11/2021 7 27,8 27,8 27,8 Rejeitado
9 05/11/2021 7 28,7 30,3 30,3 Conforme
10 05/11/2021 7 25,1 29,3 29,3 Rejeitado
11 05/11/2021 7 30,6 29,9 30,6 Conforme
12 05/11/2021 7 30,9 30,3 30,9 Conforme
13 05/11/2021 7 32,6 31,1 32,6 Conforme
14 05/11/2021 7 31,6 30,5 31,6 Conforme
15 05/11/2021 5 23,8 24 24 Rejeitado
16 08/11/2021 7 32,8 31,8 32,8 Conforme
17 08/11/2021 7 33,7 31,2 33,7 Conforme
18 08/11/2021 7 31,2 25,9 31,2 Conforme
19 08/11/2021 7 29,9 32,2 32,2 Conforme
20 08/11/2021 7 31,2 29,4 31,2 Conforme
21 08/11/2021 7 34,1 30,6 34,1 Conforme
22 08/11/2021 7 33,8 30,9 33,8 Conforme
23 08/11/2021 7 30,6 33,5 33,5 Conforme
24 09/11/2021 7 35,2 31,3 35,2 Conforme
25 09/11/2021 7 30,8 31,9 31,9 Conforme
26 09/11/2021 7 35,7 36,9 36,9 Conforme
27 09/11/2021 7 39,2 36,5 39,2 Conforme
28 09/11/2021 7 39,9 34,4 39,9 Conforme
29 09/11/2021 7 38,9 35,2 38,9 Conforme
30 09/11/2021 5 34,2 35,7 35,7 Conforme
31 10/11/2021 7 32,1 30,6 32,1 Conforme
32 10/11/2021 7 36,4 29,5 36,4 Conforme
33 10/11/2021 7 30,5 31,9 31,9 Conforme
34 10/11/2021 7 32,1 32,9 32,9 Conforme
35 10/11/2021 7 30,3 32,6 32,6 Conforme
36 10/11/2021 7 37,7 33,1 37,7 Conforme
37 10/11/2021 7 30,7 32,1 32,1 Conforme
38 10/11/2021 5 28,5 31 31 Conforme
37

39 11/11/2021 7 30,4 33,6 33,6 Conforme


40 11/11/2021 7 29,1 30,4 30,4 Conforme
41 11/11/2021 7 30,2 28,3 30,2 Conforme
42 11/11/2021 7 30 27,5 30 Conforme
43 11/11/2021 7 31,5 34,2 34,2 Conforme
44 11/11/2021 7 33,6 34 34 Conforme
45 11/11/2021 7 30 32,7 32,7 Conforme
46 11/11/2021 3 32,5 30,5 32,5 Conforme
47 12/11/2021 7 38,1 35,4 38,1 Conforme
48 12/11/2021 7 30,9 28,5 30,9 Conforme
49 12/11/2021 7 35,5 36,1 36,1 Conforme
50 12/11/2021 7 30,2 28,6 30,2 Conforme
51 12/11/2021 7 29,4 44,9 44,9 Conforme
52 12/11/2021 5,5 35,4 35,1 35,4 Conforme
53 16/11/2021 7 30,4 29,6 30,4 Conforme
54 16/11/2021 6 29,1 31,6 31,6 Conforme
55 16/11/2021 6,5 24,1 25,4 25,4 Rejeitado
56 16/11/2021 6 28,6 33,5 33,5 Conforme
57 16/11/2021 6,5 27,5 29,1 29,1 Rejeitado
58 16/11/2021 6 34,4 33,2 34,4 Conforme
59 17/11/2021 7 30,9 30,5 30,9 Conforme
60 17/11/2021 6 27,9 30,7 30,7 Conforme
61 17/11/2021 6 23,6 25,4 25,4 Rejeitado
62 17/11/2021 6 25,1 28,9 28,9 Rejeitado
63 17/11/2021 6 28,1 27,1 28,1 Rejeitado
64 17/11/2021 6 31,1 29,8 31,1 Conforme
65 17/11/2021 6 28,4 32,8 32,8 Conforme
66 17/11/2021 6 30 32,6 32,6 Conforme
67 17/11/2021 6 31,3 32,5 32,5 Conforme
68 17/11/2021 6 28,5 31 31 Conforme
69 18/11/2021 6,5 29,1 30 30 Conforme
70 18/11/2021 6 31 33 33 Conforme
71 18/11/2021 6 31,4 30,2 31,4 Conforme
72 18/11/2021 6 30,5 33,4 33,4 Conforme
73 18/11/2021 5,5 28,3 30 30 Conforme
74 18/11/2021 6 27,1 31 31 Conforme
75 19/11/2021 6,5 31,5 30,2 31,5 Conforme
76 19/11/2021 6 30,4 29,5 30,4 Conforme
77 19/11/2021 6 30,2 29 30,2 Conforme
78 19/11/2021 6 24,9 25,9 25,9 Rejeitado
79 19/11/2021 6 30,5 30,6 30,6 Conforme
80 19/11/2021 5 31,5 32,1 32,1 Conforme
81 19/11/2021 6 25,4 24,7 25,4 Rejeitado
82 19/11/2021 6 27,4 32,2 32,2 Conforme
38

83 19/11/2021 6 26,8 27,7 27,7 Rejeitado


84 19/11/2021 6 33,5 33,7 33,7 Conforme
85 19/11/2021 6 39,5 33,9 39,5 Conforme
86 22/11/2021 6,5 30,2 29,3 30,2 Conforme
87 22/11/2021 6 31 30,4 31 Conforme
88 22/11/2021 6 34,8 30,6 34,8 Conforme
89 22/11/2021 6 29,1 32,9 32,9 Conforme
90 22/11/2021 6 35,7 31,3 35,7 Conforme
91 22/11/2021 6 34 29,3 34 Conforme
92 22/11/2021 6,5 31,5 31,1 31,5 Conforme
93 22/11/2021 6 32,5 26,9 32,5 Conforme
94 22/11/2021 6,5 31,3 33,4 33,4 Conforme
95 22/11/2021 6,5 28,8 30,2 30,2 Conforme
Fonte: Próprio autor

Resultados para o concreto C40

Tabela 5 - – Resultados dos ensaios de resistência a compressão aos 28 dias para o concreto de 40 MPa

Nota de Dia de Volume fck,est 28 dias


C.P 1 C.P 2 Conformidade
Entrega Concretagem (m³) (Mpa)
1 29/03/2021 6 41,5 35,9 41,5 Conforme
2 25/06/2021 8 32,4 30 32,4 Não conforme
3 25/06/2021 6 28,3 28,1 28,3 Não conforme
4 25/06/2021 6 30,9 30,3 30,9 Não conforme
5 09/07/2021 7 36,7 36,3 36,7 Não conforme
6 09/07/2021 7 36,8 37,7 37,7 Não conforme
7 12/07/2021 8 36,1 32,8 36,1 Não conforme
8 16/08/2021 6 43,5 53 53 Conforme
9 23/08/2021 5 40,3 35,4 40,3 Conforme
10 27/12/2021 7 38,2 44,2 44,2 Conforme
11 27/12/2021 7 45 44,3 45 Conforme
12 27/12/2021 7 44,8 48,9 48,9 Conforme
13 27/12/2021 7 52,8 50,4 52,8 Conforme
14 27/12/2021 7 42 45,6 45,6 Conforme
15 27/12/2021 7 41,4 46,9 46,9 Conforme
16 27/12/2021 7 44,7 46,7 46,7 Conforme
17 27/12/2021 7 43,3 46,4 46,4 Conforme
18 27/12/2021 7 46 43,5 46 Conforme
19 28/12/2021 7 43,5 46,4 46,4 Conforme
20 28/12/2021 7 48,3 45,2 48,3 Conforme
21 28/12/2021 7 53,3 48,1 53,3 Conforme
39

22 28/12/2021 7 48,5 45,8 48,5 Conforme


23 28/12/2021 7 44,3 48,2 48,2 Conforme
24 28/12/2021 7 44,3 44,7 44,7 Conforme
25 28/12/2021 7 41,4 44,7 44,7 Conforme
26 28/12/2021 7 46,6 48,8 48,8 Conforme
27 03/02/2022 8 42,6 39,8 42,6 Conforme
28 03/02/2022 8 39,7 44,2 44,2 Conforme
29 03/02/2022 8 43,5 40,1 43,5 Conforme
30 03/02/2022 8 37,1 35,1 37,1 Não conforme
31 03/02/2022 8 36,4 39,5 39,5 Não conforme
32 03/02/2022 8 34,7 37,1 37,1 Não conforme
33 03/02/2022 8 39 33,6 39 Não conforme
34 03/02/2022 8 37,9 28,8 37,9 Não conforme
35 03/02/2022 8 34,3 36,1 36,1 Não conforme
36 03/02/2022 8 35,9 33,9 35,9 Não conforme
37 04/02/2022 8 36,9 35,3 36,9 Não conforme
38 04/02/2022 8 37,4 31,5 37,4 Não conforme
39 04/02/2022 8 34,7 30,9 34,7 Não conforme
40 04/02/2022 8 38,2 28,2 38,2 Não conforme
41 04/02/2022 8 36,4 38,5 38,5 Não conforme
42 04/02/2022 8 36,5 31,3 36,5 Não conforme
43 04/02/2022 8 34 36,8 36,8 Não conforme
44 04/02/2022 8 36,4 41 41 Conforme
45 04/02/2022 8 39,3 40,7 40,7 Conforme
46 14/03/2022 8 44,9 42,8 44,9 Conforme
47 14/03/2022 8 42,5 38,6 42,5 Conforme
48 14/03/2022 8 42,8 40,2 42,8 Conforme
49 14/03/2022 8 42,9 38,5 42,9 Conforme
50 14/03/2022 8 37 43,6 43,6 Conforme
51 14/03/2022 8 45,3 43,7 45,3 Conforme
52 14/03/2022 8 42,2 42,3 42,3 Conforme
53 14/03/2022 8 42,1 45 45 Conforme
54 14/03/2022 8 36,8 45 45 Conforme
55 14/03/2022 8 38,5 43,2 43,2 Conforme
56 14/03/2022 5,5 41,6 39,9 41,6 Conforme
57 05/04/2022 8 45,3 48,4 48,4 Conforme
58 05/04/2022 8 45,7 47,7 47,7 Conforme
59 05/04/2022 8 43,3 40,6 43,3 Conforme
60 05/04/2022 8 44 39,8 44 Conforme
61 05/04/2022 8 41,6 35,1 41,6 Conforme
62 05/04/2022 8 49,2 48,7 49,2 Conforme
63 05/04/2022 8 46,9 43,9 46,9 Conforme
64 05/04/2022 8 39,3 40,4 40,4 Conforme
65 05/04/2022 8 41,9 40 41,9 Conforme
40

66 05/04/2022 3 47,3 47,9 47,9 Conforme


67 12/04/2022 8 35,2 36,1 36,1 Não conforme
68 12/04/2022 8 36,3 40,9 40,9 Conforme
69 12/04/2022 7,5 42,9 44,4 44,4 Conforme
70 28/04/2022 8 41,5 43,8 43,8 Conforme
71 28/04/2022 8 41,9 43,1 43,1 Conforme
72 28/04/2022 8 40 41,8 41,8 Conforme
73 04/05/2022 8 36,4 40,7 40,7 Conforme
74 04/05/2022 8 40,9 37 40,9 Conforme
75 04/05/2022 8 39,8 41,1 41,1 Conforme
76 04/05/2022 8 36,6 41,5 41,5 Conforme
77 04/05/2022 8 36 40,5 40,5 Conforme
78 04/05/2022 8 38,7 40,9 40,9 Conforme
79 12/05/2022 8 33,6 40,3 40,3 Conforme
80 12/05/2022 8 41,3 41,6 41,6 Conforme
81 12/05/2022 8 33,7 40,6 40,6 Conforme
82 12/05/2022 8 39,3 40,4 40,4 Conforme
83 12/05/2022 8 37,4 40,4 40,4 Conforme
84 12/05/2022 8 39,4 41,6 41,6 Conforme
85 12/05/2022 8 39,6 41,6 41,6 Conforme
86 12/05/2022 7 42,3 42 42,3 Conforme
87 21/05/2022 8 43,6 39,3 43,6 Conforme
88 21/05/2022 8 41,8 39 41,8 Conforme
89 21/05/2022 8 44,4 43,2 44,4 Conforme
90 21/05/2022 8 45,3 42,9 45,3 Conforme
91 21/05/2022 8 36,5 31,1 36,5 Não conforme
92 21/05/2022 8 42,7 48 48 Conforme
93 21/05/2022 8 36,7 38,5 38,5 Não conforme
94 21/05/2022 8 41,4 40,8 41,4 Conforme
95 21/05/2022 8 41,5 42,6 42,6 Conforme
96 21/05/2022 8 39,8 40,2 40,2 Conforme
Fonte: Próprio autor
41

Resultados para o concreto C50

Tabela 6 – Resultados dos ensaios de resistência a compressão aos 28 dias para o concreto de 50 MPa

Nota de Dia de Volume fck,est 28 dias


C.P 1 C.P 2 Conformidade
Entrega Concretagem (m³) (Mpa)
1 22/09/2021 7,5 47,7 49,9 49,9 Não conforme
2 22/09/2021 7 44,2 43,3 44,2 Não conforme
3 22/09/2021 6,5 44,9 46,1 46,1 Não conforme
4 29/09/2021 7 51 45,6 51 Conforme
5 29/09/2021 7 52 48,7 52 Conforme
6 29/09/2021 4 50,2 48,7 50,2 Conforme
7 06/10/2021 7 53,3 59,7 59,7 Conforme
8 06/10/2021 7 50,3 48,4 50,3 Conforme
9 06/10/2021 8 56,3 49,5 56,3 Conforme
10 06/10/2021 7,5 50,9 45,8 50,9 Conforme
11 08/10/2021 4,5 39,1 45,8 45,8 Não conforme
12 08/10/2021 4,5 51,8 55,6 55,6 Conforme
13 22/10/2021 6 41,2 46,2 46,2 Não conforme
14 22/10/2021 6 43,4 45,7 45,7 Não conforme
15 22/10/2021 6 50,8 51,5 51,5 Conforme
16 06/11/2021 6,5 46,3 50,2 50,2 Conforme
17 06/11/2021 6,5 47,2 52 52 Conforme
18 23/11/2021 6,5 45,3 50,3 50,3 Conforme
19 02/12/2021 6 42,5 40,7 42,5 Não conforme
20 02/12/2021 4 39,9 35,6 39,9 Não conforme
21 13/12/2021 7 46,6 48,5 48,5 Não conforme
22 13/12/2021 7 51 51,7 51,7 Conforme
23 13/12/2021 7 44,4 45,8 45,8 Não conforme
24 13/12/2021 7 56,4 52,5 56,4 Conforme
25 13/12/2021 6,5 51,9 50,6 51,9 Conforme
26 22/12/2021 6 53,1 50,6 53,1 Conforme
27 22/12/2021 6 54,2 62,7 62,7 Conforme
28 22/12/2021 6 48,3 50,2 50,2 Conforme
29 22/12/2021 6 50,3 55,5 55,5 Conforme
30 22/12/2021 6 50,4 44,7 50,4 Conforme
31 22/12/2021 6,5 61 58,6 61 Conforme
32 30/12/2021 7 45,8 56,1 56,1 Conforme
33 30/12/2021 7 50,5 55,2 55,2 Conforme
34 30/12/2021 7 57,4 54 57,4 Conforme
35 30/12/2021 7 56 52,8 56 Conforme
36 30/12/2021 7 56,6 52,7 56,6 Conforme
37 11/01/2022 6 53,6 50,4 53,6 Conforme
38 11/01/2022 6 52,6 44,5 52,6 Conforme
42

39 11/01/2022 6 62,3 54,9 62,3 Conforme


40 11/01/2022 6 42,5 44 44 Não conforme
41 11/01/2022 7 46,9 50,5 50,5 Conforme
42 11/01/2022 7 47,9 51 51 Conforme
43 11/01/2022 4,5 48,9 43,1 48,9 Não conforme
44 14/01/2022 8 54,1 50,5 54,1 Conforme
45 14/01/2022 8 58,8 56,2 58,8 Conforme
46 14/01/2022 8 47,2 43,9 47,2 Não conforme
47 14/01/2022 8 47,7 45,7 47,7 Não conforme
48 14/01/2022 8 47,8 45,5 47,8 Não conforme
49 14/01/2022 8 54,4 47,7 54,4 Conforme
50 14/01/2022 8 43,7 46,7 46,7 Não conforme
51 24/01/2022 5,5 48,9 53,5 53,5 Conforme
52 27/01/2022 8 47,7 51,1 51,1 Conforme
53 27/01/2022 8 49,4 57,7 57,7 Conforme
54 27/01/2022 8 50,1 60,4 60,4 Conforme
55 31/01/2022 8 48 51,9 51,9 Conforme
56 31/01/2022 8 52,4 50,1 52,4 Conforme
57 31/01/2022 6,5 59,8 53,2 59,8 Conforme
58 09/02/2022 4 58,1 54,3 58,1 Conforme
59 09/02/2022 3 44,1 48,6 48,6 Não conforme
60 11/02/2022 8 53,8 54 54 Conforme
61 11/02/2022 8 50,4 49 50,4 Conforme
62 11/02/2022 8 51,8 45,8 51,8 Conforme
63 11/02/2022 8 53,6 45,5 53,6 Conforme
64 11/02/2022 8 51,1 50,6 51,1 Conforme
65 15/02/2022 8 48,2 48,4 48,4 Não conforme
66 15/02/2022 8 48 46,6 48 Não conforme
67 15/02/2022 8 49,9 50,3 50,3 Conforme
68 15/02/2022 8 47 48,8 48,8 Não conforme
69 15/02/2022 7 44,5 48,3 48,3 Não conforme
70 18/02/2022 8 44,2 49,3 49,3 Não conforme
71 18/02/2022 8 49 46,6 49 Não conforme
72 18/02/2022 7 36,7 47,6 47,6 Não conforme
73 21/02/2022 8 47,6 47,4 47,6 Não conforme
74 21/02/2022 8 49,3 45,4 49,3 Não conforme
75 21/02/2022 7,5 51,1 46,2 51,1 Conforme
76 21/02/2022 5 50 61,2 61,2 Conforme
77 24/02/2022 8 55 53,9 55 Conforme
78 24/02/2022 8 50,3 47,9 50,3 Conforme
79 24/02/2022 8 53,4 47,1 53,4 Conforme
80 24/02/2022 8 47,8 44,9 47,8 Não conforme
81 09/03/2022 8 47,4 35,4 47,4 Não conforme
82 09/03/2022 8 42,6 44,2 44,2 Não conforme
43

83 09/03/2022 8 43,2 43 43,2 Não conforme


84 10/03/2022 7 40,4 50,5 50,5 Conforme
85 10/03/2022 6 55,2 53,7 55,2 Conforme
86 10/03/2022 6 41,5 51,5 51,5 Conforme
87 10/03/2022 6 49,7 51,4 51,4 Conforme
88 19/03/2022 8 49,5 51,1 51,1 Conforme
89 19/03/2022 8 44,1 38,1 44,1 Não conforme
90 19/03/2022 8 36,3 52,2 52,2 Conforme
91 19/03/2022 8 37,2 48,1 48,1 Não conforme
92 19/03/2022 8 47,1 41,2 47,1 Não conforme
93 19/03/2022 8 44,8 44,6 44,8 Não conforme
94 19/03/2022 8 50,4 44,6 50,4 Conforme
95 19/03/2022 8 40,7 47,2 47,2 Não conforme
96 19/03/2022 8 47,4 45,4 47,4 Não conforme
97 19/03/2022 6 37 46 46 Não conforme
98 19/03/2022 7 45,7 50,7 50,7 Conforme
99 23/03/2022 8 47,5 50,6 50,6 Conforme
100 23/03/2022 8 44,2 52,3 52,3 Conforme
101 23/03/2022 8 45,3 50,8 50,8 Conforme
102 23/03/2022 5 44 50,8 50,8 Conforme
103 30/03/2022 4 52,9 54,3 54,3 Conforme
105 07/04/2022 3 47,7 52,2 52,2 Conforme
106 19/04/2022 8 46,6 41,1 46,6 Não conforme
107 19/04/2022 8 39,2 46,6 46,6 Não conforme
108 19/04/2022 7 42,2 38,6 42,2 Não conforme
109 04/05/2022 4 45,1 45,3 45,3 Não conforme
110 12/05/2022 5 52,8 50,7 52,8 Conforme
111 21/05/2022 8 44,6 45,3 45,3 Não conforme
Fonte: Próprio autor

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