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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS - UEG

UNU DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

CASSIUS SANTOS BADUE

METODOLOGIAS DE DIMENSIONAMENTO DE PISOS INDUSTRIAIS DE

CONCRETO

ANÁPOLIS / GO

2015
ii

CASSIUS SANTOS BADUE

METODOLOGIAS DE DIMENSIONAMENTO DE PISOS INDUSTRIAIS DE

CONCRETO

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS.

ORIENTADOR: PROF. DR. BENJAMIN JORGE RODRIGUES DOS SANTOS

ANÁPOLIS/GO: 2015
iii

FICHA CATALOGRÁFICA:

BADUE, CASSIUS SANTOS

Metodologias de Dimensionamento de Pisos Industriais de Concreto [Goiás] 2015

xi, 73P, 297 mm (ENC/UEG, Bacharel, Engenharia Civil, 2015).

Projeto Final - Universidade Estadual de Goiás. Unu de Ciências Exatas e Tecnológicas.


Curso de Engenharia Civil.

1. Concreto. 2. Construção de Concreto.


3. Pavimentos de Concreto. 4. Pisos Industriais de Concreto.
I. ENC/UEG II. Título (Série)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BADUE, C. S. Metodologias de Dimensionamento de Pisos Industriais de Concreto. Projeto
Final, Curso de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Goiás, Anápolis, GO, 73p. 2015.

CESSÃO DE DIREITOS
NOME DO AUTOR: Cassius Santos Badue
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO DE PROJETO FINAL: Metodologias de Dimensionamento de
Pisos Industriais de Concreto
GRAU: Bacharel em Engenharia Civil ANO: 2015
É concedida à Universidade Estadual de Goiás a permissão para reproduzir cópias deste
projeto final e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e
científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte deste projeto final
pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor.

_____________________________
Cassius Santos Badue
Av. Copacabana, 135, Qd. 146, Área 5, Bloco 1, Apto 1601
Jardim Atlântico
CEP 74343-240 – Goiânia / GO – Brasil
iv

CASSIUS SANTOS BADUE

METODOLOGIAS DE DIMENSIONAMENTO DE PISOS INDUSTRIAIS DE

CONCRETO.

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL.

APROVADO POR:

_____________________________________________
BENJAMIN JORGE RODRIGUES DOS SANTOS, Dr (UEG).
(ORIENTADOR)

_____________________________________________
MARCUS VINÍCIUS SILVA CAVALCANTI, Dr (UEG).
(EXAMINADOR INTERNO)

ANÁPOLIS / GO 15, de JULHO de 2015.


v

RESUMO

Os pisos industriais de concreto tem conquistado considerável parcela do mercado da

construção civil devido ao marcante crescimento da indústria brasileira nos últimos anos. Por

se tratar de um elemento importante das edificações que receberá transito intenso e sujeito ao

ataque de agentes agressivos, torna-se necessário projeto específico desenvolvido por

profissional especializado e fundamentado em dados técnicos precisos. É importante enfatizar

que a qualidade e a durabilidade dos pisos industriais de concreto estão diretamente ligadas a

um adequado controle tecnológico do processo executivo do piso. O presente trabalho

apresenta algumas metodologias mais divulgadas de dimensionamento de pisos industriais de

concreto e alguns pré-requisitos de dimensionamento, além de abordar características

construtivas que são aplicadas com o intuito de auxiliar na escolha adequada do processo de

dimensionamento de pisos industriais.

PALAVRAS-CHAVE: Pisos. Industriais. Concreto. Dimensionamento.


vi

ABSTRACT

The industrial concrete floor has gained enough market within the building due to the

large growth of the Brazilian industry in recent years. Because it is an element of utmost

importance that receive heavy traffic and subject to attack by aggressive agents, it is necessary

specific project developed by experienced personnel and based on accurate technical data. It

is important to emphasize that the quality and durability of concrete industrial floors are

directly linked to the technological control and to executive process of the floor. This paper

presents some most widespread methods of sizing industrial concrete floors and some sizing

prerequisites and some constructive characteristics studied in order to assist in the proper

choice of the design process of the industrial floor.

KEYWORDS: Floors. Industrial. Concrete. dimensioning.


vii

LISTA DE FIGURAS

Figura Página

3.1 - Estruturas de pavimentos ............................................................................................. 19

3.2 - Pavimentos de concreto simples ................................................................................... 21

3.3 - Pisos de concreto simples com barra de transferência ................................................... 22

3.4 – Pavimentos com armadura distribuída ......................................................................... 23

3.5 – Piso estruturalmente armado ........................................................................................ 25

3.6 - Perfil típico de piso de concreto reforçado com fibras .................................................. 25

4.1 – O sistema pavimento industrial e seus componentes estruturais ................................... 30

5.1 – Planta de paginação do piso (armação superior e inferior) ........................................... 39

5.2 – Ábaco do número N para veículos de eixo simples de rodagem simples ...................... 50

5.3 – Planta baixa de um módulo da estante ......................................................................... 55

5.4 – Planta baixa de dois módulos contíguos da estante ...................................................... 56

5.5 – Espraiamento da largura da chapa até a linha neutra do pavimento. ............................. 57

5.6 – Vista lateral das rodas da empilhadeira situação 1 ....................................................... 66

5.7 – Vista lateral das rodas da empilhadeira situação 2 ....................................................... 66

5.8 – Vista frontal das rodas da empilhadeira situação 3 ....................................................... 67

5.9 – Vista frontal das rodas da empilhadeira situação 4 ....................................................... 67

5.10 – Ábaco de Anders Lösberg.......................................................................................... 68


viii

LISTA DE TABELAS

Tabela Página

5.1 - Especificações de Barras de Transferência ................................................................... 42

5.2 - Aumento de k devido à presença de sub-base granular ................................................. 43

5.3 - Momentos Fletores Calculados .................................................................................... 65


ix

LISTA DE SIMBOLOS, NOMENCLATURAS E

ABREVIAÇÕES NOMENCLATURA

ABCP .................................................................... Associação Brasileira de Cimento Portland

ABNT .................................................................... Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACI .............................................................................................. American Concrete Institute

ANAPRE ....................... Associação Nacional de Pisos e Revestimentos de Alto Desempenho

CBR ................................................................................................... California Bearing Ratio

DNER ...........................................................Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

IBTS .............................................................................. Instituto Brasileiro de Telas Soldadas

MCT .............................................................................. de Miniatura, Compactado e Tropical

PCA ............................................................................................ Portland Cement Association

SPT ................................................................................................... Standart Penetration Test

RAD ................................................................................. Revestimento de Alto Desempenho


x

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12
1.1 GENERALIDADES SOBRE O ASSUNTO ............................................................. 12
1.2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 13
1.3 OBJETIVOS ............................................................................................................ 13
1.3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................. 13
1.3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ........................................................................................ 13
1.4 METODOLOGIA..................................................................................................... 14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................. 15
2.1 UM BREVE HISTÓRICO DA PAVIMENTAÇÃO INDUSTRIAL ......................... 15
3 OS PAVIMENTOS DE CONCRETO ...................................................................... 16
3.1 TIPOS DE PISO DE CONCRETO ........................................................................... 17
3.1.1 PISO DE CONCRETO SIMPLES ............................................................................ 17
3.1.2 PISO DE CONCRETO COM ARMADURA DISTRIBUIDA .................................. 19
3.1.3 PISO DE CONCRETO ESTRUTURALMENTE ARMADO .................................... 21
3.1.4 PISO DE CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS............................................. 22
3.1.5 PISO DE CONCRETO PROTENDIDO ................................................................... 23
4 OS PISOS INDUSTRIAIS DE CONCRETO............................................................ 24
4.1 O SISTEMA PAVIMENTO INDUSTRIAL E SEUS COMPONENTES
ESTRUTURAIS .................................................................................................................. 26
4.1.1 FUNÇÕES DOS COMPONENTES ESTRUTURAIS .............................................. 27
5 DIMENSIONAMENTO ........................................................................................... 34
5.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 34
5.2 ESTUDO DE CASO................................................................................................. 35
5.3 TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO E LISTA DE QUESTIONAMENTOS ............ 37
5.4 DADOS UTILIZADOS NO DIMENSIONAMENTO DO GALPÃO ....................... 39
5.4.1 CONCRETO ............................................................................................................ 39
5.4.2 AÇO ......................................................................................................................... 40
5.4.3 SOLO ....................................................................................................................... 41
5.4.4 GEOMETRIA DO PAVIMENTO ............................................................................ 41
5.4.5 CARACTERÍSTICAS DO VEÍCULO UTILIZADO NO DIMENSIONAMENTO .. 42
5.5 MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO UTILIZADOS.......................................... 43
xi

5.5.1 MÉTODO DE RODRIGUES E PITTA, 1997 - CARTAS DE INFLUÊNCIA DE


PICKET E RAY................................................................................................................... 43
5.5.2 MÉTODO DE MAYERHOF .................................................................................... 48
5.5.3 MÉTODO DE ANDERS LÖSBERG, 1961 .............................................................. 59
5.5.4 MÉTODO DE PALMGREN-MINER....................................................................... 64
5.6 DIMENSIONAMENTO DA PLACA DE CONCRETO A MOMENTO FLETOR ... 65
6 SUGESTÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................... 69
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 71
12

1 INTRODUÇÃO

1.1 GENERALIDADES SOBRE O ASSUNTO

O tema proposto para o trabalho de conclusão de curso na área de pavimentação,

“Metodologias de Dimensionamento de Pisos Industriais de Concreto”, mostrou-se como um

desafio no que se refere à delimitação do estudo e dimensionamento de pisos industriais de

concreto.

Como ponto de partida, faz-se uma síntese do componente básico do estudo, o

pavimento. Ao se definir pavimento, pode-se dizer que é toda estrutura estratificada

construída sobre a última camada de terraplenagem ou de outra infraestrutura tendo como

função essencial suportar os esforços do tráfego previstos para um determinado período, além

de melhorar as condições de rolamento, fornecer conforto, segurança e economia aos seus

usuários durante sua utilização. A estrutura do piso pode ser composta por várias camadas e

materiais de diferentes características de deformabilidade e resistência. Esta diversidade de

materiais e combinações em sua utilização provoca uma grande complexidade para

determinação das tensões e deformações destes elementos.

De acordo com a norma NBR 7207/82: “O pavimento é uma estrutura constituída após

a terraplenagem e destinada ao uso econômico e simultaneamente em seu conjunto a: resistir e

distribuir ao subleito os esforços verticais produzidos pelo tráfego; melhorar as condições de

rolamento quanto à comodidade segurança; resistir ainda aos esforços horizontais que nela

atuam, tornando mais durável a superfície de rolamento.”.

Neste trabalho são estudados os pisos industriais de concreto com ênfase nos diversos

materiais utilizados e processos de dimensionamento de tais elementos.


13

1.2 JUSTIFICATIVA

Nos últimos anos novas exigências do mercado da construção civil no Brasil têm

surgido devido às evoluções tecnológicas nos processos de dimensionamento e execução das

obras de pisos industriais, impulsionadas principalmente pelas atuais necessidades das

empresas de sistema logístico e armazenagem, incluindo armazenagem frigoríficada, de

distribuição e produção, empreendimentos industriais ou comerciais, além das pavimentações

urbanas e rodoviárias. Desta forma, torna-se imprescindível para o engenheiro civil o

conhecimento, estudo e aperfeiçoamento das técnicas de dimensionamento dos pisos

industriais de concreto.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 OBJETIVO GERAL

Este trabalho tem como objetivo apresentar as principais metodologias de

dimensionamento de pisos industriais de concreto, passando pelos principais componentes

deste tipo de pavimento que deve ser projetado e executado com tecnologia e materiais

adequados para que tenham suporte suficiente aos esforços pelos quais foram projetados e

serão expostos.

1.3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

Descrever os conhecimentos teóricos básicos sobre solos, sub-bases, solicitações de

cargas em pisos, tecnologia de concreto, juntas e armaduras, utilizando as referências citadas.

Mostrar um estudo de caso de um piso industrial explicando cada etapa do projeto,

apresentando os cálculos e o desenho do projeto.


14

Utilizar o software Tela Piso do Instituto Brasileiro de Telas Soldadas - IBTS para

entrada de dados de solos, sub-bases, solicitações de cargas, tipo de concreto, juntas, cálculo

da armadura e geração do desenho executivo.

1.4 METODOLOGIA

O trabalho foi realizado a partir de levantamento bibliográfico e pesquisas bibliográficas

e documentais, dados junto à Associação Nacional de Pisos e Revestimentos de alto

desempenho – ANAPRE e à Associação Brasileira de Cimento Portland - ABCP, revistas

especializadas, além de normas específicas. Os dados coletados foram catalogados em tabelas

e figuras dispostos no texto.

O estudo foi dividido em seis capítulos. No primeiro capítulo, introdução, abordou-se

generalidades sobre o assunto, justificativas do tema, objetivos gerais e específicos,

metodologia adotada e apresentou-se um breve resumo dos assuntos abordados em cada

capítulo. A seguir, no segundo capítulo procedeu-se a uma Revisão Bibliográfica que

apresentou um breve histórico das obras estudadas.

O terceiro capítulo versou sobre os pavimentos de concreto.

No quarto capítulo foi abordada uma classe de pavimentos específica que são os pisos

industriais de concreto.

O quinto capítulo apresentou a aplicação da metodologia em um estudo de caso de um

piso industrial.

Por fim, o sexto capítulo traz algumas sugestões e considerações finais a respeito do

dimensionamento de pisos industriais concreto.


15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 UM BREVE HISTÓRICO DA PAVIMENTAÇÃO INDUSTRIAL

De acordo com Rodrigues (2010), a história do dimensionamento dos pisos industriais

se confunde com a dos pavimentos de concreto, que começou na década de 1920 com os

trabalhos teóricos, desenvolvidos por Westergaard, cujo dimensionamento baseia-se no limite

elástico do concreto. A exatidão do trabalho desenvolvido por esse pesquisador vem sendo

constantemente validada pelos modernos processos de elementos finitos.

Na década de 1960, Anders Lösberg lança a base teórica para o dimensionamento de

placas apoiadas em meio elástico através do limite plástico do material. Para isso, Lösberg

trabalhou com placas de concreto armado, e seu trabalho tem sido fundamental para o

desenvolvimento do concreto reforçado com fibras de aço.

Para a ANAPRE (2015), o mercado de revestimentos para pisos de concreto se

desenvolveu mais expressivamente no Brasil na década de 80, principalmente com o advento

de novos insumos na indústria de polímeros, que permitiram um grande avanço tecnológico

na formulação de revestimentos, sobretudo aqueles à base de epóxi e de poliuretano. Foi nesse

momento que os revestimentos autonivelantes de epóxi começaram a ocupar um espaço

fundamental em vários segmentos industriais, devido as suas destacadas propriedades

mecânicas, resistência química e, sobretudo, fatores estéticos. Além disso, a grande facilidade

de limpeza inerente a este produto também colaborou muito para que este tipo de

revestimento conquistasse uma participação razoável no mercado.

Rodrigues (2006), afirma que o Brasil vem se destacando de maneira clara como

detentor de conceitos firmes na área de projeto, tendo adotado a Escola Europeia como opção

em critérios de dimensionamento desde a década de 1990, e que só recentemente vem

paulatinamente sendo adotado na América do Norte, Roesler (2007).


16

3 OS PAVIMENTOS DE CONCRETO

Em geral, as formas de atividades de fabricação, armazenamento e distribuição ou

mesmo de lazer em edifícios necessitam de uma plataforma sólida sobre a qual operar e na

maioria das vezes são feitas de concreto. Os pavimentos de concreto são constituídos por

placas de concreto de cimento Portland interligadas por juntas e assentes sobre o solo de

fundação ou sub-base intermediária e com rigidez à flexão. Estas placas funcionam

simultaneamente como camada de desgaste e de base. O desempenho de um piso de concreto

depende das técnicas utilizadas na sua construção. Alguns requisitos são fundamentais e têm

medidas específicas a serem tomadas durante o processo de concepção e construção, The

Concrete Society (2003).

É muito importante que esta camada garanta a impermeabilidade do pavimento, não só

através da laje como das juntas que devem estar seladas com material adequado, Rodrigues

(2011).

Bernucci et al (2008) define que os pavimentos de concreto-cimento são aqueles em que

o revestimento é uma placa de concreto de cimento Portland. Nesses pavimentos a espessura é

fixada em função da resistência à flexão das placas de concreto e das resistências das camadas

subjacentes.

As placas de concreto podem ser armadas ou não com barras de aço – Figura 3.1. É

usual designar-se a subcamada desse pavimento como sub-base, uma vez que a qualidade do

material dessa camada equivale à sub-base de pavimentos asfálticos.

Figura 3.1 – Estruturas do pavimento (Fonte: Cristelli, 2010).


17

De acordo com Petronilho et al (2011), a grande durabilidade e a pequena necessidade

de manutenção são consideradas condições fundamentais no desenvolvimento de projetos da

nova geração de pavimentos. Ademais, na pavimentação de rodovias, grandes avenidas,

corredores de ônibus, anéis viários e arruamento em indústrias, a relação custo/benefício

envolvida na execução de pisos industriais é imbatível.

As empresas de diversos ramos de atividade valorizam as boas técnicas, hoje

mundialmente reconhecidas, e as adotam como condição de infraestrutura para

desenvolvimento de suas atividades, sendo a qualidade do piso elemento relevante para a

obtenção do aumento na produtividade.

3.1 TIPOS DE PISO DE CONCRETO

Os pavimentos de concreto podem ser classificados de acordo com sua concepção

estrutural, com a presença ou não de armadura na placa de concreto. Desta forma podem ser

divididos em cinco grupos distintos, a saber:

 Piso de concreto simples;


 Piso de concreto com armadura distribuída;
 Piso de concreto estruturalmente armado;
 Piso de concreto reforçado com fibras;
 Piso de concreto protendido.

3.1.1 PISO DE CONCRETO SIMPLES

São pavimentos onde os esforços atuantes são resistidos apenas pelo concreto, sem a

presença de armadura. Apresenta espessuras elevadas para correção da deficiência do

concreto em relação à sua baixa resistência à tração, Pitta (1989).

Oliveira (2000) define piso de concreto simples como um sistema construtivo em que a

camada de concreto não possui nenhum tipo de reforço, sendo o concreto o único responsável
18

por resistir aos esforços de flexão. Devido à ausência de qualquer reforço, e apresentando o

concreto uma baixa resistência aos esforços de tração, é necessário elevar a espessura do

pavimento e criar um maior número de juntas fator que provoca uma redução da dimensão das

placas de concreto. Esta solução culmina numa menor capacidade de resistência em relação

ao pavimento de concreto reforçado, tornando necessário o aumento da quantidade de

cimento. Deve-se considerar também a fadiga do material devido ao número repetições de

carregamentos, fator relevante na execução deste tipo de pavimento. A figura 3.2 ilustra o

pavimento de concreto simples.

Figura 3.2 Pavimento de Concreto Simples. (Fonte: Cristelli, 2010)

São pavimentos compostos por placas de concreto de pequenas dimensões apoiadas

sobre a fundação ou subleito reforçado. As áreas pavimentadas recebem juntas serradas ou

moldadas na concretagem para indução de fissuração em pontos específicos, combatendo a

retração, dilatação térmica e empenamento das placas. A sua utilização justifica-se em locais

onde o elevado número de juntas não interfere na durabilidade do pavimento, Cristelli (2010).

De acordo com Chodounsky et al (2007), os pisos de concreto simples são

caracterizados por não haver presença de armadura estrutural, porém dispositivos de

transferência de carga tais como, barras de transferência ou de ligação podem ser empregadas,

ficando assim, a critério do projetista. Neste tipo de pavimento todos os esforços de tração são

resistidos pelo concreto, apesar de ser amplamente empregado em pavimentos rodoviários,

sua utilização em pisos industriais tem sido pequena.


19

Segundo Chodounsky et al (2007), devido a esse processo repetitivo, o concreto poderá

romper mesmo que essa tensão admissível não seja alcançada.

Segundo Nakamura (2009), o processo executivo deste tipo de pavimento é bastante

simplificado, porém apresenta menor resistência e durabilidade que os demais pisos de

concreto. Sua utilização é restrita em áreas onde existem grandes necessidades de suporte de

carga, sendo indicado geralmente para casos onde a grande quantidade de juntas não prejudica

a vida útil do pavimento.

Figura 3.3 Piso de Concreto Simples com Barra de Transferência. (Fonte: Cristelli, 2010)

A norma NBR – 7583 / 86 – Execução de pavimentos de concreto simples por meio

mecânico, fixava as condições exigíveis, os materiais a serem empregados e os equipamentos

necessários para a construção dos pavimentos de concreto simples por processo mecânico em

estradas, aeródromos, vias urbanas, pátios de estacionamento, pisos industriais e docas

portuárias. Esta norma foi cancelada em outubro de 2014 e não é mais utilizada pelo setor,

mas contém informações interessantes a respeito deste tipo de pavimento.

3.1.2 PISO DE CONCRETO COM ARMADURA DISTRIBUIDA

Rodrigues et al. (2006) diz que é com certeza o mais popular dos pavimentos

industriais, sendo constituído por uma estrutura em que a armadura (geralmente uma tela

soldada) é posicionada no terço superior da placa de concreto, conforme mostra a figura 3.4.
20

Figura 3.4 Pavimento com armadura distribuída. (Fonte: Cristelli, 2010)

A função primordial desta armadura é combater as tensões originárias da retração

hidráulica do concreto, permitindo a execução de placas com dimensões bem maiores se

comparada àquelas feitas somente com concreto (pavimento simples).

Secundariamente, essa armadura tem também uma resposta estrutural, como

demonstram ensaios de verdadeira grandeza efetuados com placas de concreto simples e com

armadura distribuída, mas que serão objeto de analise futura.

3.1.2.1 PISO DE CONCRETO COM ARMADURA DISTRIBUIDA CONTÍNUA

De acordo com Silva et al. (2014) os pavimentos de concreto com armadura distribuída

contínua apresentam armadura longitudinal contínua sem a presença de juntas transversais

intermediárias de expansão ou contração. São usualmente empregados na construção de

pavimentos de aeroportos.

3.1.2.2 PISO DE CONCRETO COM ARMADURA DISTRIBUIDA DESCONTÍNUA

De acordo com Silva et al. (2014) os pavimentos de concreto com armadura distribuída

descontínua possuem armadura destinada, exclusivamente, a combater a fissuração oriunda da

retração do concreto. As barras de aço são geralmente colocadas a 5 cm da superfície e

localizadas em cada junta transversal e longitudinal do pavimento, por isso mesmo, o termo

“armadura descontínua”.
21

Os Pavimentos de Concreto com Armadura Distribuída Descontinua possuem armadura

sem função estrutural. A armadura é posicionada acima da meia seção da placa, a pelo menos

5cm da sua superfície de rolamento. A armadura é interrompida antes de cada junta

transversal, tendo função exclusiva de manter ligadas as eventuais fissuras que se formem

entre duas juntas transversais consecutivas, espaçadas normalmente entre 6,10 e 36,6 m sendo

obrigatório o uso de barras de transferência, Adada (2001).

3.1.3 PISO DE CONCRETO ESTRUTURALMENTE ARMADO

Segundo Cristelli (2010), os pisos estruturalmente armados são caracterizados por

possuir armadura positiva, na parte inferior, e negativa, na parte superior. Este tipo de

pavimento possui uma elevada resistência à compressão do concreto associada à elevada

resistência à tração do aço. Além disso, exige a presença de juntas com a utilização de barras

de transferência para garantir um comportamento estrutural mais uniforme.

De acordo com Silva et al. (2014) os pavimentos de concreto estruturalmente armado

possuem barras de transferência e telas de aço distribuídas na parte superior e inferior da

placa. A função essencial do aço é de combater as tensões geradas pelo carregamento.

Pavimentos de Concreto Estruturalmente Armados, são adotados para combater as

tensões de tração geradas nos pavimentos de concreto, com armadura posicionada na parte

inferior das placas de concreto.

As dimensões das placas normalmente superiores às adotadas para os pavimentos de

concreto simples com barras de transferência, excetuando-se que normalmente as espessuras

são menores. A armadura e interrompida nas juntas, Adada (2001).

De acordo com Rodrigues (2003), este tipo de pavimento distingue-se daquele com

armadura distribuída por possuir uma armadura positiva (posicionada na parte inferior da

placa de concreto) destinada a absorver os esforços gerados pelos carregamentos (figura 3.5)
22

Figura 3.5 – Piso estruturalmente armado.

São pavimentos empregados em áreas de carregamentos elevados e tem oferecido

grandes possibilidades no campo do jointless.

3.1.4 PISO DE CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS

De acordo com Chodounsky e Viecili (2007), “O concreto reforçado com fibras nada

mais é que um compósito, constituído de duas fases – a matriz e as fibras. As propriedades

destes compósitos são determinadas pela interação entre as propriedades da matriz e das

próprias fibras.”. As fibras podem ser de dois tipos, sintéticas ou metálicas.

Rodrigues (2003) afirma que na primeira metade da década de 90, o Brasil passou a

contar com as fibras de aço produzidas a partir de fios trefilados de alta resistência que são

adequadas à execução dos pavimentos industriais (figura 3.6).

Figura 3.6 – Perfil típico de piso de concreto reforçado com fibras (fonte: CRISTELLI, 2010)
23

Com essas fibras vieram também critérios de dimensionamento que permitem extrair

deste material toda a sua potencialidade estrutural. Pode-se até dizer que a chegada das fibras

de aço promoveu uma verdadeira revolução na engenharia de pavimentação industrial, pois

trouxe consigo a metodologia de dimensionamento empregada na Europa, possibilitando o

aperfeiçoamento das técnicas de projeto de outros tipos de pavimento.

Têm-se também outros tipos de fibras disponíveis no mercado com alto módulo de

elasticidade, como por exemplo, a fibra de vidro.

De acordo com Silva et al. (2014) os pavimentos de concreto reforçado com fibras são

pavimentos compostos de placas de concreto com adição de fibras de aço ou poliméricas –

nylon e polipropileno. Apresentam maior resistência à fissuração, ao impacto e ao desgaste,

além de possuir maior ductilidade.

3.1.5 PISO DE CONCRETO PROTENDIDO

De acordo com Rodrigues (2006), no concreto protendido, cabos de protensão são

instalados na placa formando uma malha que tem como função básica suportar esforços de

tração que são muito pequenas no concreto convencional. A vantagem do sistema é a

considerável diminuição na quantidade de juntas.

De acordo com Silva et al. (2014) os pavimentos de concreto protendido são

empregados principalmente em pavimentos de aeroportos e pisos industriais pesados. Devido

a protensão há grande redução da espessura necessária de concreto.

Os Pavimentos de Concreto Protendido são construídos com placas de grandes

dimensões longitudinais, com extensões que variam de 91 a 232m e pequenas espessuras, em

tomo de 12cm, Adada (2001).


24

4 OS PISOS INDUSTRIAIS DE CONCRETO

Segundo Petronilho et al. (2011) até a década de 1970, a execução de pisos industriais

era realizada formando-se quadros de 25 metros quadrados. A qualidade final do piso

produzido era muito distante das exigências impostas pelos fabricantes de equipamentos de

rodagem para a operação de galpões de armazenagem, centros de distribuição,

supermercados, depósitos e pavimentos indústrias.

No Brasil, por volta de 1980, surgiram as primeiras empresas especializadas na

execução de pisos industriais, que adotavam novos processos executivos e equipamentos

modernos, específicos para a atividade. Este setor da construção logo se fixou no mercado,

tornando impossível imaginar a execução de pavimentações de concreto para indústria.

A história dos pisos industriais no Brasil é bastante recente, com pouco mais de 20 anos.

Antes disso, havia pouca preocupação com critérios de projeto, Rodrigues (2003). No início,

costumava-se dimensionar os pavimentos industriais, geralmente de concreto simples, com

base nos critérios da PCA. A grande popularidade desse método deve-se à ênfase que a

ABCP, Carvalho e Pitta (1989) deu a ele, que se popularizou com os trabalhos divulgados em

simpósios e cursos promovidos por aquela entidade.

Rodrigues et al. (2006), afirma que uma grande evolução na execução de pisos

industriais no Brasil ocorreu a partir da década de 90, fato justificável devido à estabilidade

econômica iniciada nessa época e resultado de uma maior interação intelectual com outros

países. As exigências de mercado principalmente para as grandes redes varejistas em

expansão de seus entrepostos comerciais, como forma de atender ao crescente mercado

consumidor, foram fundamentais para as inovações tecnológicas que se fizeram presentes

naquele período.
25

Com completo domínio das técnicas de projeto e execução, o Brasil tornou-se, nos

últimos 20 anos, um dos países líderes no dimensionamento e execução de pavimentos

industriais. A execução de pisos industriais no mercado brasileiro segue a prática evolutiva da

escola europeia e cresce a passos largos, apresentando bons resultados tanto do ponto de vista

econômico como da sustentabilidade pela utilização de menor quantidade de insumos para a

obtenção de resultados satisfatórios, Petronilho et al. (2011).

De acordo com Senefonte (2007), pisos industriais são elementos que estão

continuamente apoiados e que são dimensionados para suportar cargas diferenciais quanto à

intensidade e forma de atuação. Atendendo às variadas situações de carregamentos a que são

impostos e podem ser executados sobre diferentes aspectos estruturais e funcionais.

A Associação Nacional de Pisos e Revestimentos de Alto desempenho - ANAPRE

(2009) define pisos industriais como sendo o elemento estrutural com finalidade de resistir e

distribuir os esforços verticais proveniente dos carregamentos ao subleito. É considerado

como elemento de grande importância para logística de operação das empresas, visto que é

sobre ele que as atividades produtivas se realizam, proporcionando movimentação de cargas e

equipamentos, além de resistir aos esforços mecânicos, químicos e biológicos.

Scripture et al. (1953) alertavam para o fato de que, em muitos casos, o piso constitui a

parte mais vital da construção industrial e, frequentemente, a mais vulnerável. Por esta razão,

a resistência ao uso do piso industrial de concreto é extremamente importante.

Na utilização de piso industrial, são necessários estudos para identificação das

necessidades especificas de cada empreendimento, de forma a possibilitar a utilização mais

adequada, com o menor custo possível, que garantam o desempenho, a durabilidade e o

acabamento de acordo com a finalidade de cada obra.

Para isso, o controle tecnológico dos materiais bem como as quantidades a serem

utilizadas durante a execução dos pisos de concreto é de fundamental importância, pois não
26

estando em conformidade os materiais especificados em projetos e atrasos no fornecimento

podem contribuir para falhas durante a execução dos serviços e a sua vida útil.

Segundo o ACI 302 (1996) a qualidade de um piso industrial de concreto é

essencialmente dependente da obtenção de uma superfície de elevada dureza e durabilidade,

plana e relativamente livre de fissuras, que esteja em conformidade com um nível de

referência, e que possua uma textura superficial adequada à futura utilização do piso. As

propriedades da superfície são determinadas pela dosagem dos materiais, pela qualidade da

concretagem e execução das juntas. Desta forma, segundo Sá et al. (2009), busca-se um

pavimento com as melhores propriedades e desempenho possíveis, sendo que a escolha do

concreto é fundamental para obtenção destes parâmetros. Por isso, é necessário analisar as

propriedades do concreto tanto no estado fresco como no estado endurecido, além disso,

características como o consumo de cimento, teor de argamassa, dosagem de aditivos, tipos de

agregado, abatimento do concreto, segregação, retração, exsudação e resistência devem ser

estudadas detalhadamente para que não ocorram problemas futuros no piso. Sendo assim, os

tipos de piso de concreto, materiais constituintes do concreto e suas propriedades irão ser

descritos nos itens a seguir.

4.1 O SISTEMA PAVIMENTO INDUSTRIAL E SEUS COMPONENTES


ESTRUTURAIS

O piso industrial é um elemento estrutural bastante complexo composto por diversas

camadas superpostas, constituídas por materiais bastante distintos (ver figura 4.1)

basicamente são estruturados com cinco componentes estruturais principais: subleito, sub-

base (ou base), barreira de vapor, placa de concreto e revestimento. Muitas vezes, outras

camadas são introduzidas para resolver problemas específicos, como uma drenagem

superficial ou camada de bloqueio. Outras vezes algumas são suprimidas, como o subleito de

um piso estanqueado.
27

Figura 4.1 – O sistema pavimento industrial e seus componentes estruturais.

Cabe ao projetista avaliar os dados relativos à análise do solo, solicitações de cargas

previstas e utilização do piso para poder definir e propor com bastante cuidado, os sistemas

mais indicados em cada situação, Hovaghimian et al (2008).

As juntas também são componentes fundamentais na maioria dos casos de

pavimentação industrial, combatendo as variações higro-térmicas do concreto, induzindo

fissurações localizadas e auxiliando o processo executivo de concretagem das placas,

Gasparetto et al (2010).

4.1.1 FUNÇÕES DOS COMPONENTES ESTRUTURAIS

Cada componente estrutural tem função específica dentro deste sistema construtivo. Os

cuidados de projeto e execução de cada um deles são de extrema importância para a eficiência

e qualidade dos pisos industriais. A falha de um desses componentes estruturais não é

necessariamente compensada por outro; assim, se o subleito é mal compactado, uma placa de

concreto bem dimensionada pode romper com carga muitas vezes bem abaixo da prevista em

projeto e, embora o defeito se apresente de forma estrutural, na realidade foi causado por uma

falha executiva, Hovaghimian et al (2008).


28

4.1.1.1 SUBLEITO

O subleito é composto pelo terreno de fundação do piso sendo, portanto, o solo local.

Em países de clima quente e úmido como o Brasil e, portanto de grande atividade de

decomposição de rochas, solos de mesma origem podem ter comportamentos muito distintos

quando são formados, por exemplo na Serra do Mar ou no planalto central. Portanto, suas

propriedades devem ser previamente conhecidas e lembrando que nem sempre o mesmo tipo

de ensaio é adequado: solos de natureza laterítica, típicos de partes bem drenadas de regiões

tropicais úmidas, são melhor caracterizados pelos ensaios MCT, enquanto que os saprolíticos,

oriundos da decomposição in sito de rocha são caracterizados pela metodologia tradicional,

Hovaghimian & Rodrigues (2008).

De acordo com Pitta (1987), os pavimentos industriais transmitem esforços ao solo,

estes são suportados por terrenos de fundação denominados de subleito. A existência de solos

moles a certa profundidade não é tolerada para este terreno de fundação, pois é desprezível

para pavimentos urbanos e pode ou não, dependendo da magnitude dos carregamentos e

propriedades dessa camada, ser aceita para pavimentos industriais. Assim sendo, no

dimensionamento dos pavimentos industriais é necessário, assim como nas rodovias, ter o

conhecimento da camada superficial do solo, obtido através de seus índices físicos (CBR) e

do coeficiente de recalque (k), bem como do conhecimento das camadas mais profundas,

obtidas na sua forma mais elementar pelas sondagens (SPT).

Dessa forma, entende-se que o projetista deve exigir uma série de ensaios antes de

iniciar qualquer procedimento de projeto. Tais ensaios, listados a seguir, são a garantia de um

processo correto do ponto de vista técnico que viabilizará a busca da melhor solução para os

pavimentos.
29

4.1.1.2 SUB-BASE (OU BASE)

A sub-base, que no passado foi muito controversa, hoje é um elemento fundamental

para o piso, seja sob o ponto de vista estrutural, homogeneizando a condição de suporte e

controlando o bombeamento, como funcional, agindo como uma camada de isolamento

restringindo a ascensão de umidade, facilitando as aplicações do RAD. Podem ser cimentadas,

como brita graduada tratada com cimento, concreto compactado com rolo, solo-cimento, etc,

mas mais comuns são as estabilizadas granulometricamente, como as britas graduadas,

Hovaghimian et al (2008).

As sub-bases são elementos estruturais que se situam intermediariamente entre as placas

de concreto e o subleito, formado pelo terreno natural ou por solo trocado, devidamente

compactado, e são de importância primordial ao desempenho do piso.

No passado, muitos pavimentos de concreto apresentaram sérios problemas pela

ausência de sub-base, sendo o mais perceptível formado pelo bombeamento, que é a perda de

material fino da camada de suporte, expelido junto com água pela junta.

Segundo Pitta (1987), excetuando-se os casos em que ocorra a concomitância entre

baixas solicitações de cargas, subleito homogêneo, com boa capacidade de suporte, com

ausência de material fino plástico e clima seco, é fundamental a presença da sub-base para se

obter um produto final de ótima qualidade.

A camada de sub-base é constituída por material granular normalmente estabilizado

com ligante hidráulico (concreto pobre, solo-cimento) de forma a oferecer uma boa resistência

a solicitações de tráfego pesado e intenso. Também visa garantir uma superfície estável e

uniforme à camada sobrejacente, com capacidade para resistir à erosão, tanto no decorrer da

obra como ao longo da vida útil do pavimento.

A fundação deve ser constituída por material homogéneo, não sensível à água. Se

apresentar heterogeneidade nas suas características físicas e mecânicas bem como reduzida
30

capacidade de carga, deve incorporar um leito de pavimento com solo melhorado, Rodrigues

J. L., (2011).

4.1.1.2.1 FUNÇÕES DA SUB-BASE

De acordo com Pitta (1987) as sub-bases possuem três funções fundamentais:

a) Eliminar a possibilidade da ocorrência do bombeamento de solos finos plásticos.

O processo do bombeamento, ou pumping, é a expulsão dos finos plásticos de um solo

através das juntas, bordas ou trincas de um pavimento, diminuindo drasticamente a

capacidade de suporte do subleito, uma vez que o fenômeno provoca profundas alterações no

esqueleto sólido do solo; a falta de suporte adequado induz a maiores deformações da placa,

levando a níveis críticos as tensões de tração na flexão do pavimento, resultando na sua

ruptura. O bombeamento está ligado a:

-existência de finos plásticos no subleito;

-saturação do subleito;

-juntas ou trincas no pavimento;

-cargas intensas móveis.

A fim de prevenir o bombeamento, não são necessárias grandes espessuras de subbase.

Segundo Tartuce (1990), há registros de pavimentos de concreto com subbase com

apenas 50,00 mm de espessura, apoiados em subleitos extremamente favoráveis à ocorrência

do bombeamento em que, mesmo após dez anos de trabalho sob condições severas de tráfego,

o fenômeno não se manifestou.

b) Evitar variações excessivas do material do subleito.

Os materiais de subleito, quando formados por solos expansivos, podem, em presença

de água, ou em sua ausência, sofrer fenômenos de expansão ou retração, que podem vir a
31

induzir à desuniformidade do suporte do piso, provocando deformações de tal ordem que, se

não houver colapso, o rolamento ficará bastante prejudicado.

Nos casos em que o subleito é submetido ao processo de escarificação e compactação, é

fundamental a adoção de um rígido sistema de controle de umidade, que deve ser igual ou

ligeiramente superior à ótima, resultando em uma camada cuja espessura final compactada

seja de pelo menos 30,00 cm.

c) Uniformizar o comportamento mecânico da fundação ao longo do piso.

A presença da sub-base introduz dois novos aspectos ao comportamento mecânico do

conjunto pavimento e fundação: primeiro, uniformizando o comportamento da fundação e,

segundo, aumentando a resistência.

Ao contrário do que se poderia imaginar, a uniformidade é o aspecto mais importante,

sendo a melhoria da resistência apenas uma vantagem acessória. Tal fato origina-se a partir do

seguinte princípio: a função do conjunto pavimento e terreno de fundação é absorver as

tensões de cisalhamento oriundas do tráfego de veículos ou de carregamentos estáticos.

4.1.1.3 BARREIRA DE VAPOR

As barreiras de vapor formadas por camadas impermeáveis, tais como lonas plásticas ou

imprimações impermeabilizantes são geralmente empregadas quando o projeto prevê

aplicação de RAD ou quando o local apresenta problemas crônicos oriundos de umidade

ascendente. De fato, a única garantia de não ocorrência de patologias decorrentes de umidade,

tais como bolhas, é a presença deste componente, mas a sua adoção deveria ser generalizada

por proteger o próprio concreto, Hovaghimian at al (2008).


32

4.1.1.4 PLACA DE CONCRETO

A placa de concreto é, sem dúvida, o elemento estrutural mais importante, pois é ela que

vai absorver todos os carregamentos do piso, transferindo-os para a fundação, de modo que

esta trabalhe sempre no regime elástico, isto é, sem deformações permanentes. Além disso, é

a responsável pela ancoragem dos revestimentos. Pode ser de concreto simples ou reforçado,

sendo este tipo o preferido do nosso meio, já que nele a quantidade de juntas é bem menor.

Os reforçados podem ser com armaduras de aço, tipo as telas soldadas, fibras ou

protendido. Como o concreto é um material que durante as primeiras idades apresenta

variações causadas pela retração hidráulica e de outros tipos, importantes estas tem que serem

consideradas no dimensionamento e comportamento da placa em serviço e, a tecnologia do

concreto é matéria obrigatória, tanto no projeto como na execução, Hovaghimian &

Rodrigues (2008).

4.1.1.5 REVESTIMENTO

Os revestimentos de alto desempenho ou RADs tem como objetivo acrescentar

características específicas ao sistema piso, conforme a necessidade do projeto em questão;

entre outros agregam melhoria das condições de higienização, da resistência superficial e

mecânica em geral, resistência química, facilitam as demarcações de áreas e a estética. De

modo geral, os RADs se dividem em três grandes grupos: os autonivelantes, os multicamadas

e os argamassados ou espatulados. As bases químicas adotadas com maior frequência são a

resina epóxi e o poliuretano, Hovaghimian & Rodrigues (2008).

4.1.1.6 JUNTAS

As juntas são elementos introduzidos para o controle das variações higro-térmicas do

concreto além de servirem como elementos auxiliares na execução. Devem apresentar a


33

característica de permitir a continuidade estrutural do piso, mas mesmo assim são sempre a

parte mais fraca e quando há problemas estruturais, é nela que eles se manifestam

inicialmente, Hovaghimian & Rodrigues (2008).

De acordo com Rodrigues (2006), como os solos são muito diferentes entre si,

respondendo de maneira variável às solicitações aplicadas, torna-se necessário o estudo

sistemático de suas propriedades e, principalmente, da observação do seu comportamento.

Para cada região em particular pode-se ter características de solos mais marcantes ou

importantes do que em outras, fazendo com que essa disciplina seja bastante complexa.

O Brasil é um país de dimensões continentais, apresenta uma diversidade de solos muito

grande que impossibilita uma padronização, como se pode ver nas cartas pedológicas1, muito

empregadas na agricultura, exigindo que cada projeto seja verificado de forma particular.

A primeira consideração que deve ser feita para desenvolver o projeto de um pavimento

industrial refere-se ao nível de informações geotécnicas disponíveis. Estas, por sua vez,

devem ser de tal magnitude que propiciem ao projetista o nível de segurança necessário para

que o projeto atinja uma relação ótima entre custo e durabilidade.

1
Embora a pedologia seja a ciência que trata do solo para fins agrícolas, é muito comum associar
esses solos com as suas propriedades mecânicas, servido como uma primeira diferenciação entre os diversos
tipos.
34

5 DIMENSIONAMENTO

5.1 INTRODUÇÃO

A etapa de dimensionamento de um piso industrial de concreto é fundamental na

elaboração do projeto, mas não deve ser considerada como a mais importante, pois é preciso

compartilhar o sucesso do projeto com o detalhamento e o projeto de juntas Rodrigues (2010).

A metodologia de dimensionamento de pisos industriais foi herdada dos estudos sobre

pavimentos rodoviários e aeroportuários, inicialmente com os trabalhos pioneiros de

Westergaard - de base eminentemente teórica - e posteriormente com os estudos de cunho

experimental desenvolvidos de modo independente por Meyerhof (1962) e por. Lösberg

(1961).

Tradicionalmente no Brasil os pavimentos industriais de concreto têm sido

dimensionados com base nos critérios da Portland Cement Association - PCA. A elevada

aceitação deste método de dimensionamento foi devido à ênfase que a Associação Brasileira

de Cimento Portland – ABCP deu a ele, com ampla divulgação feita em seus trabalhos,

simpósios e cursos Pitta e Carvalho (1986).

Novas tendências de dimensionamento começaram a surgir a partir de 1995,

proveniente de estudos divulgados na da Europa (The Concrete Society, 1994), notadamente

nos trabalhos de Lösberg e Mayerhof, em complemento aos ensinamentos dos americanos

Westergard (Westergard, 1927), Pickett, Ray (Pickett e Ray, 1950) e Packard (Packard,

1976).

A partir da década de 1990, observou-se no Brasil um crescente aumento nas exigências

de qualidade dos pisos industriais, inclusive relativos ao projeto.

Os fatores que diferem as duas escolas - a europeia e a norte-americana - residem

fundamentalmente no fato da primeira focar pavimentos de concreto armado, cujos métodos


35

consideram o comportamento plástico dos materiais na ruptura, como os que empregam telas

soldadas, fibras de alto módulo de elasticidade ou protensão, enquanto a americana trabalha

essencialmente com concreto simples.

A diferença entre as estruturas dos dois pavimentos é acentuada: os critérios americanos

produzem placas de elevada rigidez e de pequenas dimensões já os procedimentos europeus,

conduzem a pavimentos esbeltos e placas de grandes dimensões, sendo deles a concepção do

pavimento tipo Jointless, que emprega placas com mais de 500 m².

Nota-se que nos últimos dez anos tem-se adotado no Brasil a metodologia aplicada na

escola europeia e marcante avanço das técnicas de dimensionamento de pavimentos

estruturalmente armados. As publicações de Rodrigues, (1996) e Rodrigues e Pitta, (1998)

contribuíram para consolidar essa tendência.

5.2 ESTUDO DE CASO

Apresenta-se a seguir o dimensionamento de um pavimento rígido de concreto armado

para um galpão industrial de dimensões (60m x 120 m), o que totaliza uma área de 7200 m².

Deve-se considerar que sobre este pavimento haverá aplicações de cargas montantes

advindas de estanterias, de cargas dinâmicas devido ao tráfego de empilhadeiras e de cargas

estáticas devido à colocação de equipamentos diretamente sobre sua superfície.

A figura 5.1 mostra a planta de forma geral com a disposição das placas de concreto

com dimensões de 5m x 10m ao longo da área do galpão.

Para todo projeto executivo de grande porte, recomenda-se que seja desenhada a planta

de fôrma geral da edificação em escala grande em uma prancha A1. A seguir, recomenda-se

que esta planta seja dividida em diversos quadrantes de forma que o desenho contido em cada

quadrante seja plotado em uma planta A1 na escala de 1:100, de modo a representar de forma

nítida: as posições das Juntas Serradas, de Construção e de Encontro; as espessuras dos


36

pavimentos; as armações principais em telas e as armações em barras entre as placas. Essa

prancha deverá conter os desenhos de um corte longitudinal e um transversal de toda a área,

além de desenhos específicos de caixa, canaletas de drenagem e/ou de outros dispositivos das

instalações.

Figura 5.1 – Planta de paginação do piso (armação superior e inferior).


37

5.3 TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO E LISTA DE QUESTIONAMENTOS

Antes de efetivamente iniciar o projeto de um pavimento industrial de concreto,

recomenda-se que o responsável pelo dimensionamento faça uma entrevista com o cliente e

uma inspeção ou reconhecimento no local onde será realizada a obra, a fim de levantar dados

suficientes para o desenvolvimento do projeto.

Quando do reconhecimento do local da obra, recomenda-se que sejam tiradas fotos (de

preferência uma câmera de boa resolução), procedidas medições com trena metálica e

confeccionado um croqui ou desenho esquemático.

Preliminarmente faz-se necessário coletar informações importantes para o

dimensionamento do piso.

Os principais questionamentos a serem observados são enumerados a seguir:

1. Quais os tipos de veículos (cargas dinâmicas) irão operar sobre o pavimento?

Deve-se investigar a marca e o modelo de cada veículo, afim de se obter seus

dados técnicos.

2. Quais os tipos de estantes serão utilizadas? Normalmente, o contratante adota

um tipo de estante padrão. Deve-se, neste caso, solicitar as dimensões da estante

(comprimento, largura, e altura), o número de prateleiras, a capacidade de carga

e as dimensões da chapa de base do pilar da estante.

3. Quais tipos de equipamentos serão armazenados sobre o pavimento? Deve-se

anotar a área de base de cada equipamento e a sua massa e decidir se o

equipamento será armazenado sobre algum suporte ou diretamente sobre o

pavimento.

4. Qual a previsão do contratante para troca de veículos estanterias e equipamentos

para as próximas décadas? Este questionamento faz-se necessário pois o cliente

pode, por exemplo, estar utilizando uma empilhadeira com capacidade para
38

25,00kN e ter previsão para o usar empilhadeiras com capacidade de 120,00 kN,

ou adotar o uso de estantes com capacidade de armazenagem de 100,00 kN e

modificar, no futuro, para estantes de 300,00 kN. Esta em especial é uma

questão muito importante para qualquer projeto de pavimento industrial. O

projetista deve estar consciente da necessidade presente e futura para que o

projeto possa garantir um pavimento que atenda as necessidades de carga

solicitantes previstas, fatores que implicam em custo e segurança.

5. Haverá rampas no galpão? Deve-se verificar a inclinação máxima permitida

para cada tipo de veículo em operação, em seu Catálogo Técnico, a fim de

dimensionar a altura e o comprimento da rampa adequadamente.

6. Haverá baias? Existem casos de galpões cujo piso é executado ao nível da

carroceria do caminhão, com recortes no piso para carga e descarga.

7. Qual tipo de acabamento superficial será adotado no seu novo pavimento?

Acabamento liso, camurçado ou vassourado? Esse item deve ser muito bem

definido, pois o uso de acabamento vassourado, por exemplo, promove um

desgaste mais acelerado de rodas pneumáticas de empilhadeiras.

8. Qual o tipo de material das rodas das empilhadeiras que operarão sobre o piso?

Existem empilhadeiras com rodas pneumáticas (borracha) e metálicas. Quando

metálicas, além de gerarem maior ruído, podem exigir aplicação de produto anti-

abrasivo sobre a superfície do pavimento de concreto, afim de reduzir o desgaste

superficial do mesmo.

Quando se tratar de uma edificação já existente, onde o piso será refeito, é

recomendável, além do questionamento apresentado anteriormente, os relacionados abaixo:


39

9. O cliente pretende elevar nível do pavimento existente? Se sim, verificar no

entorno do galpão a existência de portões, portas, tomadas, estantes já montadas

e de luminárias. Caso haja uma modificação no nível do piso do galpão esses

elementos poderão perder suas respectivas funções. Tomando como exemplo um

portão preexistente, caso haja uma elevação no nível do pavimento e não for

previsto a reconstrução do portão, pode ocorrer que o novo vão livre vertical

impeça a entrada de empilhadeiras e carretas nesse galpão. Ou, por exemplo, se

houver edificações construídas no galpão como prédios administrativos, os

níveis das soleiras das portas, que antes estavam acima do nível do piso

existente, poderão ficar niveladas ou até mesmo abaixo do novo nível de piso a

ser projetado.

10. No caso de já se ter um pavimento existente, verificar a capacidade de carga

desse pavimento, a fim de decidir se ele necessita apenas de um reparo

superficial , se precisa ser substituído ou se tem capacidade suficiente para ser

usado como sub-base do novo pavimento de concreto a se projetar.

5.4 DADOS UTILIZADOS NO DIMENSIONAMENTO DO GALPÃO

5.4.1 CONCRETO

Resistência Característica do Concreto a Compressão:

 fck = 40,00 MPa.

Resistência Média do Concreto a Tração:

 fct,m = 0,30 . fck (2/3) = 0,30 . (40MPa)(2/3) = 3,51MPa.

Resistência Característica do concreto a tração:

 fctk,sup = 1,30 . fct,m = 1,30 . (3,51MPa) = 4,56 MPa.


40

Coeficiente de Poisson:

 ν = 0,20.

Módulo de Elasticidade Inicial do Concreto:

 ECI = 5600 . (fck)(1/2) = 5600 . (40MPa)(1/2)= 35.417, 51MPa.

5.4.2 AÇO

Considerou-se que na execução do pavimento serão utilizadas malhas duplas principais

de telas soldadas em aço CA-60 e barras de transferência (entre placas) em aço CA-25.

Como critério de dimensionamento adotou-se o aço CA-50 A como parâmetro para os

cálculos.

Tipo de aço para armadura principal = CA-50 A.

Tipo de aço para barras de transferência = CA-25.

Diâmetro da barra principal de aço CA-50 A = 8,00mm.

Diâmetro da barra de retração de aço CA-50 A = 6,35 mm.

Diâmetro da barra de aço CA-25 = 20,00 mm adotado a partir da Tabela 5.1.

Módulo de Elasticidade do Aço:

 Eaço = 205.000MPa.

Tabela 5.1 - Especificação de Barras de Transferência

Barra de transferência
Altura total da placa
Diâmetro Comprimento Espaçamento
(mm)
(mm) (cm) (cm)
125 16 50 30
150 20 50 30
200 25 50 30
→250 32 50 30
41

5.4.3 SOLO

Para o solo do subleito serão adotadas as seguintes características:

Índice de suporte Califórnia:

 CBR% = 20 %

Adotando-se para a concepção do projeto sub-base granular constituída de brita

graduação simples (BGS) com altura h = 20 cm (espessura da camada), obtém-se na tabela

5.2 o valor do coeficiente de recalque no topo da sub-base:

Tabela 5.2 - Aumento de k devido à presença de sub-base granular.

Aumento de k devido à presença de sub-base granular


Valor de suporte do Coeficiente de recalque no topo do sistema
subleito (Mpa/m) para espessuras de sub-base iguais a (cm):
CBR (%) k (Mpa/m) 10 15 20 30
2 16 19 22 27 33
3 24 27 31 37 45
4 30 34 33 44 54
5 34 38 42 49 59
6 38 42 46 53 65
7 41 45 50 56 69
8 44 48 53 60 72
9 47 52 56 63 76
10 49 54 58 65 79
11 51 56 60 67 81
12 53 58 62 69 84
13 54 59 63 70 85
14 56 61 65 72 87
15 57 62 66 73 88
16 59 64 68 75 91
17 60 65 69 76 92
18 61 66 70 77 93
19 62 67 71 78 94
20 63 68 72 79 98

 K = 79 MPa/m.

5.4.4 GEOMETRIA DO PAVIMENTO

Dados da placa de concreto:


42

 Altura (h) = 15 cm.

 Cobrimento de concreto (d’) = 5 cm.

Como altura de cálculo da placa tem-se:

 d = h - d’ → d = 15 cm – 5 cm → d = 10 cm.

Deve-se ter um cuidado especial quanto ao processo de cura. Tal processo deve ser

rigoroso e iniciado logo após o início da pega do concreto devendo-se estender até o 21º dia

(no caso da utilização de concreto constituído de cimento com Pozolana e de Alto forno) ou

14º dia (no caso da utilização de concreto constituído por outros tipos de cimento).

Tem-se portanto:

 Largura da placa = 5 m.

 Comprimento da placa = 10 m.

5.4.5 CARACTERÍSTICAS DO VEÍCULO UTILIZADO NO DIMENSIONAMENTO

Quanto a geometria:

 Largura do pneu (w) = 0,207m (item 5.5.1 b).

 Distância entre eixos (d) = 2000mm.

 Pressão de enchimento dos pneus (q) = 0,70MPa.

Quanto a carga:

 Capacidade máxima de carga (qmax) = 40,00 kN.

 Peso próprio (“service weight” ou tara) (qpp) = 61,50 kN.

 Carga Total (qt)= q pp + qmax

No caso em que não é possível encontrar dados a respeito às aplicações de cargas nos

eixos dianteiro e traseiro, pode-se considerar para o eixo dianteiro uma carga equivalente a

85% da Carga total.

Portanto, a carga do eixo dianteiro (qdianteiro)= 85% . (qpp + q max)


43

 qdianteiro = 85% . (40,00 kN + 61,50 kN) = 86,3 kN.

Para efeito de carga móvel sobre o pavimento adotou-se uma carga de 86,3 kN,

aplicada sobre eixo simples dianteiro de uma empilhadeira.

Após a obtenção dos dados referentes a geometria e cargas em estudo pode-se dar

início aos métodos de cálculo de dimensionamento do pavimento em estudo.

5.5 MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO UTILIZADOS

Foram aplicados aqui os seguintes métodos de dimensionamento:

1. Método de Rodrigues e Pitta, 1997 - Cartas de Influência de Picket e Ray;

2. Método de Mayerhof;

3. Método de Anders Lösberg, 1961; e

4. Método de Palmgren-Miner.

5.5.1 MÉTODO DE RODRIGUES E PITTA, 1997 - CARTAS DE INFLUÊNCIA DE


PICKET E RAY

Este método é utilizado para o dimensionamento de pavimentos de concreto

estruturalmente armado e cargas dinâmicas. O método tem como base a determinação das

tensões atuantes e dos momentos fletores, de acordo com o modelo proposto por Westergaard,

por meio das Cartas de Influência de Pickett e Ray.

Fundamentalmente são consideradas duas condições de carregamento: a primeira, mais

favorável, toma as cargas atuando no interior da placa, enquanto a outra leva em conta o

carregamento na borda livre; nesta, os esforços gerados podem atingir cerca do dobro dos

valores produzidos pelo primeiro caso. Entre os dois extremos, podem-se ter valores

intermediários, como nas juntas protegidas, cuja magnitude dos esforços será função da sua

eficiência na transmissão de carga.


44

Todo o cálculo estrutural é conduzido no Estádio III, de acordo com as prescrições da

norma NBR 6118, para armação considera-se o emprego de telas soldadas produzidas com

aço CA-60. A resistência do concreto utilizada deve ser superior a 25 MPa, para que se tenha

uma resistência ao desgaste compatível com grau de solicitação imposto ao pavimento.

As juntas de construção e de retração deverão ser protegidas por mecanismos adequados

de transferência de carga, como as barras de transferência.

Considera-se sempre o emprego de sub-base, dando-se preferência às tratadas com

cimento. Deve-se levar em consideração o efeito de erosão da sub-base, acarretada pelo

processo de expulsão de finos por bombeamento ou processo similar, por meio de redutores

da capacidade de suporte final desta.

Este método se destaca pelo fato de levar em consideração o cálculo do número de

operações/solicitações (N), causados por um eixo de veículo sobre um pavimento. N é

calculado em função da pressão nos pneus, geometrias de pneus e eixos e, a partir deles,

determinar o valor do momento fletor máximo atuante.

Ao se considerar o dano causado pela passagem de cada veículo, chega-se a conclusão

de que este dano é de pequena magnitude, mas o efeito acumulativo causado por esse dano

repercute na resistência a fadiga do pavimento.

5.5.1.1 EIXO SIMPLES – RODAGEM SIMPLES

a) Raio de Rigidez (l):

 l = [(ECI . h3)/ (12 . (1 – ν 2) . k)]0,25 →

 l = [(35.417,51MPa . (0,15m)3)/ 12 . (1- (0,20 2)).(79MPa)]0,25 →

 l = 0,602m.
45

É importante o conhecimento do Raio de Rigidez, pois placas cujo comprimento sejam

próximos a (8 x l) se tornam mais susceptíveis ao aparecimento de fissuras por retração

hidráulica.

No caso adotado, cuja dimensão máxima adotada é de 10 metros de comprimento o

tem-se:

 8 x l (raio de rigidez) = 8 x 0, 602 = 4,816m.

Isso faz com que o processo de cura deva ser bastante rigoroso, sendo iniciado logo

após o início da pega do concreto e se estendendo até o 21º dia no caso de concreto

constituído de cimento com Pozolana e de Alto forno, e até o 14º dia no caso de concreto

constituído de cimento de outro tipo.

b) Determinação da área de contato do Pneu (A), do comprimento (L) e da largura do

pneu (w):

1. Determinação da área de contato do Pneu (A):

 A = PR/q →

 A = (P/ 2 rodas) / q = (86,3 kN / 2 rodas) / 0,70 MPa →

 A = (43,15 kN/roda) / 0,70 . 103 kN/m2→

 A = 0,062m².

2. Determinação do comprimento (L):

 L= (A/0,5227)(1/2) →

 L = (0,062/0,5227)(1/2) →

 L = 0,344.

3. Determinação da largura do pneu(w):

 w = 0,60 . L →
46

 w = 0,60 . 0,344 →

 w = 0,207m.

c) Determinação do número N:

 L’ = (0,254.L)/l →

 L’ = (0,254 . 0,344 m)/ (0,602m ) →

 L’ = 0,145m (14,50cm).

 d' = (0,254.d)/l →

 d’ = (0,254 . 2,000 m)/ (0,602m ) →

 d’ = 0,844m (84,40cm).

Pelo ábaco da Figura 5.2, entrando-se com os valores de d’ = 84, 40 cm e L’ = 14,50

cm, obtém-se o valor de N≈ 505.

Figura 5.2 – Ábaco número N para veículos de eixo simples de rodagem simples (Fonte: Neto, 2013).
47

Como mencionado anteriormente, o número N representa o valor de operações/

solicitações causadas pelo eixo de um veículo sobre um pavimento. O dano causado pela

passagem de cada veículo é de pequena magnitude, mas o efeito acumulativo deste dano

repercute na resistência à fadiga do pavimento.

d) Cálculo dos esforços solicitantes:

1. Momento no bordo da placa (MB):

 MB = (N. q . l2)/10.000 = (505. (0,70MPa).((0,602m)2))/10.000 →

 MB = (505. (0,70.10 3 kN/m2).((0,602m)²)/10.000 →

 MB = 12,81 kN.m.

2. Momento no interior da placa (M I):

 MI = MB / 2 = (12,81 kN.m)/2 = 6,41kN.m.

e) Armadura de retração

 As = (f . L . h)/ 333 = (1,70.(10m).15cm)/333 = 0,77 cm² / m.

Sendo: f(coeficiente de atrito) = 1,70; L = comprimento da placa (m); h=altura da

placa(cm).

Adotando-se barras de aço com 6,3 mm de diâmetro, tem-se o seguinte valor para

espaçamento entre barras:

 S = ASunitária/AStotal → S = (0,312cm²)/ 0,77cm²/m) = 0,41m.

Será adotada armação dupla, com armaduras principais dispostas nas camadas superior

e inferior, desta forma o uso de armadura de retração, que deveria ser colocada na camada

superior do pavimento, pode ser descartado.

f) Armadura das barras de transferência:

As barras de transferência devem ser especificadas em projeto indicando o seu

diâmetro, comprimento e espaçamento entre estas.

Para altura total da placa de concreto adotada de 15cm, tem-se da tabela 5.1:
48

 Para h = 15 cm → 1 Ø 20 mm c/ 30 cm C = 50 cm

Portanto, deve-se dispor, no projeto estrutural executivo, de uma barra com 20mm de

diâmetro, a cada 30 cm e com 50 cm de comprimento.

Por esse método, foi possível determinar um valor de momento fletor correspondente a

12,81 kN.m, devido à solicitação de carga dinâmica da empilhadeira.

5.5.2 MÉTODO DE MAYERHOF

Pelo método de Mayerhof, permitem-se encontrar valores de esforços solicitantes para

cargas montantes, distribuídas e cargas móveis, aplicadas em cada situação em separado, no

pavimento. Onde cada situação faz o concreto do pavimento trabalhar sob diferentes variações

de esforços de momento fletor.

Deve-se, portanto, obter o maior valor dentre essas situações quando suscetíveis de

aplicação.

5.5.2.1 DIMENSIONAMENTO FRENTE ÀS CARGAS MÓVEIS

Roteiro de cálculo:

a) Cálculo do Raio de Rigidez: l = 0,602 m (item 5.5.1.1 a)

b) Área de contato dos pneus: A=0,062m² (item 5.5.1.1.b 1)

c) Valor de a: a=(A/π)(1/2) = (0,062m²/π)(1/2) = 0,141 m.

d) Momento fletor:

 M = PR/[6.(1+(2.a)/1))] = (86,30kN/2rodas)/[6.(1+((2.0,141m)/0,602m))] =

4,90kN.m

e) Espessura da placa:

 h=((6.M)/σADM)(1/2) = ((6.(4,90kN.m))/17,6.10²kN/m²))=0,13m= 13cm < altura

h=15cm adotada (satisfaz).


49

 σADM=fctm,k/F.S.=(3,51MPa/2) = 1,76 MPa = 1,76.106N/m² = 17,6.10²kN/m².

5.5.2.2 DIMENSIONAMENTO FRENTE ÀS CARGAS DISTRIBUÍDAS

As cargas uniformemente distribuídas são frequentemente utilizadas no

dimensionamento dos pavimentos industriais, mas na realidade, não são muito comuns no seu

"senso estricto", mas sim camufladas por cargas pontuais, lineares e outras configurações.

Sob o ponto de vista exclusivamente técnico, uma carga distribuída refere-se a um

carregamento plano, apoiado sobre o piso por meio de uma área de contato que coincide com

a projeção do carregamento, sem que haja a existência de cargas pontuais ou lineares.

Usualmente, as cargas distribuídas geram um momento negativo nos corredores que

suplantam os momentos positivos que ocorrem sob a placa e são inferiores aos produzidos por

cargas móveis ou pontuais e que por este motivo, são desprezados.

O momento negativo não é função apenas do carregamento e das características

elásticas do terreno de fundação, mas também da largura do corredor:

Quando o carregamento ocorre, o terreno de fundação experimenta uma deformação,

fazendo com que haja uma mudança da curvatura da linha elástica da placa na área

descarregada, gerando o momento negativo no corredor, situado a uma distância próxima a

1,1.l do término da área carregada (PCA, 2001), onde l é o raio de rigidez da placa.

Portanto, à medida que o corredor vai se estreitando, ocorre a superposição dos

momentos negativos e esta será máxima para L=2,2.l ; nesta condição, a capacidade do piso

será (Packard, 1976):

c = 1,03 ∗ σ ∗ √h ∗ k

onde:

c é a carga admissível em kN/m²;

σadm é a tensão admissível em, MPa (fctM,k);


50

h é a espessura do concreto em cm;

k é o coeficiente de recalque, em MPa/m.

Os valores máximos de carga aplicados diretamente sobre o pavimento de forma

distribuída no galpão em estudo, tendo como base a razão entre a massa e a área de base dessa

massa, para os diversos equipamentos é obtida junto ao cliente da obra. Para o galpão

estudado os valores de carga distribuída que serão utilizados são inferiores a 40 kN/m²,

portanto, este valor que será adotado como referência para o dimensionamento em estudo.

= 1,03 ∗ ∗ √ℎ ∗ = 1,03 ∗ 1,76 ∗ (0,15 ∗ (79 / )) =

6,24MPa

Para o cálculo da altura da placa tem-se:

h = (c Á /(1,03 ∗ σ ))² ∗ (1/k)

onde:

cMÁX corresponde ao valor máximo de carga admissível em kN/m²;

σadm é a tensão admissível em, MPa (fctM,k);

h é a espessura do concreto em cm;

k é o coeficiente de recalque, em MPa/m.

O valor de cMÁX corresponde ao máximo valor de carga admissível c

encontrado, comparando-se o valor de c calculado com o valor c da carga distribuída de

40kN/m², que no caso seria de 0,04MPa. No caso em estudo o maior dos dois valores é o

calculado de 6,24MPa que será adotado como sendo cMÁX. Portanto:

h = (6,24MPa/(1,03 ∗ (1,76MPa)))² ∗ (1/79MPa/m) = 0,15 m

h ≤ h = 15 cm (satisfaz)

/ /
f = 0,30 ∗ f = 0,30 ∗ (40MPa) = 3,51MPa.

f = 1,30 ∗ f = 1,30 ∗ 3,51MPa = 4,56MPa.


51

σ = (f , /2) = 3,51MPa/2 = 1,76MPa = 1,76 ∗ 10 N/m =

σ = 17,6 ∗ 10 / ².

Para CBR(%)=20 e espessura de subbase de h=20cm, tem-se: k=79MPa/m.

5.5.2.3 DIMENSIONAMENTO FRENTE ÀS CARGAS MONTANTES

Para dimensionamento considerou-se que as estantes possuem três andares, e cada andar

possui capacidade de carga de até 2000kg. A base da estante se apoia no piso através de um

pilarete principal que se apoia sobre uma chapa de aço fixada diretamente sobre o pavimento,

por meio de um chumbador mecânico. A chapa de base possui dimensões de 14cm x 14 cm. A

esquematização da estante em planta baixa é mostrada na figura 5.3.

Figura 5.3 – Planta baixa de um módulo da estante.

Cada módulo da estante é constituído de 8 pilares dispostos entre si pelas medidas

indicadas na planta baixa. Sendo os pilares P1 a P4 responsáveis por resistirem às cargas de 3


52

andares, com cada andar possuindo 20kN, mas com limite de uso de 20kN. Para os pilares P5

a P8, é aplicada a mesma metodologia.

Sendo assim, para 3 andares, tem-se uma carga total de: 3 x 20kN = 60kN.

Dividindo-se 60kN/ 4 pilares, tem-se: 15 kN por pilar.

Como as estantes estão montadas de modo contíguo, como mostrado na figura 5.4,

percebe-se que cada um dos pilares de divisa acaba por absorver o dobro da carga dos pilares

de periferia, Sendo assim, para a situação a seguir, os pilares P2, P4, P6 e P8 passam a receber

2 x 15kN = 30,00 kN, cada um.

Figura 5.4 – Planta baixa de dois módulos contíguos da estante.

Com isso, para o modelo existente no galpão, em função da capacidade de carga para

cada andar e da disposição dos pilares, constata-se que os pilares intermediários recebem a

maior parcela de carga equivalente a 30,00kN.

Sabe-se que a altura da placa de concreto do piso corresponde a 15 cm. Para o cálculo

da área de influência da chapa de base dos pilares deve-se espraiar a base do pilar até a linha

neutra do pavimento. Desta forma encontram-se dimensões de placa com valores de 29 cm x

29 cm, como pode ser visto na figura 5.5.:


53

Figura 5.5 – Espraiamento da largura da chapa até a linha neutra do pavimento.

Sendo assim, tem-se uma tensão de punção aplicada no pavimento equivalente a:

= / = 30,0 / (0,29 ∗ 0,29 ) ⟹ = 356,7 / ².

Largura da chapa de base da coluna espraiada até a linha neutra do pavimento =

((hPAVIMENTO/2)+largura da chapa de base da coluna + (hPAVIMENTO/2)) = ((15cm/2) + 14 cm +

(15 cm/2)) = 29 cm = 0,29 m.

Ou seja, de imediato, a partir dos dados de campo, consegue-se obter a carga máxima

aplicada no pilar da estante, bem como a tensão máxima aplicada no pilar da estante, bem

como a tensão máxima de punção aplicada no pavimento.

De posse da geometria da estante de da carga de maior magnitude aplicada na chapa de

base da estante, pode-se efetivamente dimensionar este pavimento de concreto para aplicação

de cargas montantes.

Inicia-se o dimensionamento determinando dados básicos para o concreto, o aço e o

solo, a seguir:

a) Dados:

a.1) Concreto:

 Resistência Característica do Concreto à Compressão: = 40 .

( / )
 Resistência Média do Concreto à Tração: , = 0,30 ∗ = 0,30 ∗

(40 )( / )
= 3,51 .
54

 Resistência Característica do Concreto à Tração: = 1,30 ∗ = 1,30 ∗

(3,51 ) = 4,56 .

 Coeficiente de Poisson do Concreto: = 0,20.

 Altura da placa de concreto: h = 15 cm (adotada).

 Cobrimento do Concreto: d’ = 5 cm.

 Altura de cálculo: d = h – d’ = 15 cm – 5 cm = 10 cm.

 Módulo de Elasticidade Inicial: = 5600 ∗ = 5600 ∗ √40 =

35.417,51 .

a.2) Aço:

 Tipo de aço para armadura principal: CA-50 A

 Tipo de aço para barras de transferência: CA-25

 Diâmetro da barra principal de aço: Ø 8mm (CA-50 A)

 Diâmetro da barra de retração de aço: Ø 6,35mm (CA-50 A)

 Diâmetro da barra de aço CA-25: Ø 20mm

 Módulo de Elasticidade do Aço: EAÇO= 205.000,00 MPa.

a.3) Solo:

 Índice de Suporte Califórnia CBR(%) = 20%.

Na tabela de aumento de k devido à presença de sub-base granular, como optou-se no

dimensionamento por subbase constituída de Brita Graduada Simples (BGS) com espessura

de h=20 cm e CBR = 20 %, de acordo com a tabela obtem-se um valor de coeficiente de

recalque k= 79 MPa/m.

b) Tensão aplicada pela chapa de base no pavimento de concreto:

Verifica-se que a tensão aplicada pela placa é inferior à tensão resistente do concreto, do

seguinte modo:

= ( , )/ . . = 4,56 / 2,00 = 2,28 = 2,28 ∗ 10 / =


55

= 22,8 ∗ 10 / ⟹ = 2280 / ².

Fator de Segurança: F.S.= 2,00.

= / ≤ 4,2 ∗ , ⟹ = (30,0 /(0,0196 )) ≤ 4,2 ∗

2280 / ²⟹

σ = 1530,6kN/m² ≤ 9576,0kN/m (Satisfaz).

= ℎ ℎ = 14 ∗

14 = 196 ⟹

= (196/10.000) ⟹ = 0,0196 .

Como a tensão resistente do pavimento de concreto (4,2 * fctm,k) é superior à tensão

solicitante (σPLACA ), o pavimento satisfaz a aplicação de tensão aplicada pela chapa de basedo

pilar da estante.

c) Cálculo do Raio de Rigidez da Placa de Concreto:


,
= [( ∗ ℎ )/ (12 ∗ (1 − ) ∗ )] ⟹

= [(35.417,51 ∗ (0,15 ) )/ (12 ∗ (1 − 0,20 ) ∗ (79 / ))] , ⟹

= 0,602 .

Onde:

− ;

ℎ− ;

− ;

− / .

d) Cálculo do Momento Fletor:

= / ( 6 ∗ (1 + ((2 ∗ )/1))) = (30 )/ (6 ∗ (1 + ((2 ∗ 0,79 )/0,602 )))

⟹ = 3,96 . .

= ( / )= (196 / ) = 7,90 = (7,90/100) = 0,079 .


56

e) Dimensionamento da Altura da Placa de Concreto:

ℎ= ((6 ∗ )/ ) = ((6 ∗ (3,96 . ))/(2280 / ²)) ⟹

ℎ = 0,10 = 10 .

Como a espessura do pavimento de concreto adotada com 15 cm é superior à altura

mínima de pavimento encontrada no cálculo de 10 cm, a espessura adotada satisfaz, não se

fazendo necessário aumentar o valor da espessura do pavimento para atender ao cálculo aqui

visto.

Dimensionamento da armação da placa de concreto para momento fletor:

Por fim, de posse do valor do momento fletor de magnitude de 3,96 kN.m, da altura do

pavimento de concreto e das especificações do concreto e do aço, pode-se dimensionar a

armadura necessária para placa de concreto.

O momento fletor de cálculo segue como:

= ∗ Á = 1,40 ∗ 3,96 . = 5,54 . .

Cálculo do kmd:

= /( ∗ ∗ ) ⟹

= (5,54 . )/ (1 ∗ (0,10) ∗ 28,57 / ²)) = 0,019.

= / = 40 /1,40 = 28,57 = 28,57 ∗ 10 / ⟹

= 28.570 / ².

Cálculo do kmd do aço CA-50 A adotado:

= / ⟹

= (43,48 / ²)/ (205.000 )⟹

= (43,48 / ²) / (205.000 ∗ 10 / ²) ⟹

= 2,121 ∗ 10 = 2,121 °/ .

/ ⟹

(50,00 / ²)/1,15 = 43,48 / = 43,5 / ².


57

= 1,15.

= /( + ) = (3,50°/ + 2,121°/ ) = 0,623.

= 1 − (0,4 ∗ ) = 1 − (0,4 ∗ 0,623) = 0, 751.

= 0,68 ∗ ∗ = 0,68 ∗ 0,623 ∗ 0,751 = 0,318 .

Como o valor do kmd= 0,019 encontrado é inferior ao kmd = 0,318 do aço CA-50 A, o

concreto não rompe por ruptura frágil.

Cálculo do KX:

0,272 ∗ ² − 0,68 ∗ + 0,019 = 0.

Δ= −4∗ ∗ = (−0,68 ) − 4 ∗ 0,272 ∗ 0,019) = 0,441.

= ((− ± (Δ))/ (2 ∗ ) = (−(−0,68) ± (0,441))/(2 ∗ 0,272) ⟹

′ = 2,472; ′′ = 0,028 .

′ = ′ ∗ ℎ = 2,472 ∗ 15 = 37,08 .

′′ = ′′ ∗ ℎ = 0,028 ∗ 15 = 0,42 .

(adota-se x = 0,028, pelo fato do valor final de 0,42cm permanecer dentro da seção

transversal do pavimento com altura de 15cm).

Cálculo de KZ:

= 1 − (0,4 ∗ ) = (0,4 ∗ 0,028) = 0,988.

Cálculo da armadura:

= /( ∗ ∗ )⟹

= (5,54 . )/(0,988 ∗ 0,10 ∗ (43,5 / ²)) = 1,29 ².

Á ç â 8 = ( ∗ )/4 ⟹

Á = ( ∗ (8 ) )/4 = 0,50 ².

n= / Á ⟹

n = (1,29cm²)/(0,50 ²) = 2,58 / .

= Á / ⟹
58

= (0,50 ²)/(1,29 ²) = 0,39 = 39 .

Adota-se uma barra de aço de diâmetro a cada 15 cm (1 Ø 8 c/ 15).

Para placas e lajes, o espaçamento entre barras de aço não deve exceder a 2 x d (altura

de cálculo da laje), cujo limite no nosso caso corresponde a: 2 x 0,10 m = 0,20 m.

Poder-se-ia forçar a adoção de uma barra de aço de diâmetro de 8 mm a cada 20 cm,

pois se encontrou um espaçamento máximo de cálculo de 39 cm. Porém, opta-se por deixar

uma folga e manter o espaçamento a cada 15 cm.

Ou seja, para um valor de momento fletor máximo de 3,96 kN.m, é necessário

introduzir uma barra de 8 mm de diâmetro disposta a cada 15 cm, nas duas direções, e nas

duas camadas, superior e inferior da placa.

Para cargas aplicadas de grande magnitude, advindas de cargas dinâmicas (veículos),

cargas montantes (estanterias), cargas distribuídas (equipamentos) etc., recomenda-se sempre

a adoção camadas duplas de armaduras nas placas e nunca de camada simples.

Para essa disposição de armaduras, pode-se adotar o tipo de tela Q335 constituída de 1

Ø8 c/15.

f) Dimensionamento da Placa de Concreto a Esforço de Punção:

Perímetros críticos: em função da largura da chapa de base do pilar de 14 cm.

= (15 /2) + 14 + (15 /2) = 29 , − :

= =2∗ ∗ = 2∗ ∗ (29 /2) = 91,06 .

Tensão solicitante de punção:

= /Á = 30 /(0,29 ∗ 0,29 ) = 356,7 / ².

Largura do pneu espraiada até a linha neutra do pavimento:

((ℎ /2 ) + ℎ + (ℎ /2 )) =

((15cm/2 ) + 14 + (15cm/2 )) = 29 = 0,29 .

Estudo do Contorno C para Punção:


59

Reação Vertical Total da Chapa de Base do Pilar:

= 356,7 .

= ∗ = 1,40 ∗ (356,7 ) = 499,4 .

= 0,27 ∗ ∗

= (1 − ( /250)) = (1 − (40 /250)) = 0,84.

= / = (40 )/1,40 = 28,57 . ( = 1,40)

Portanto:

= 0,27 ∗ 0,84 ∗ (28,57 ) = 6,48 = (6,48 ∗ 10 )/ ² ⟹

= (64,8 ∗ 10 )/ ² = 6480 / ².

= /( ∗ ) ⟹

(6480 / ²) = /(91,06 ∗ 10 )⟹

= 590,1 .

= 590,1 > = 499,4 , a verificação do esforço de punção ao

longo do contorno C satisfaz.

5.5.3 MÉTODO DE ANDERS LÖSBERG, 1961

Pelo Método de Anders Lösberg, pode-se encontrar o valor do Momento de Inércia da

Seção Íntegra do Pavimento (IG), bem como o valor do Momento de Inércia da Seção

Fissurada (ICRÍTICO), além de nos permitir encontrar um valor de Carga Equivalente dado em

função da forma de aplicação da carga.

Ou seja, como se vê, pode-se calcular o momento fletor atuante na placa em virtude da

disposição das rodas tanto no sentido longitudinal como transversal, em função de um raio

geométrico tomado com base no valor do Raio de Rigidez já calculado anteriormente.


60

5.5.3.1 ESFORÇOS SOLICITANTES

Cálculo do Momento de Inércia da Seção Íntegra (IG):


= ∗ ℎ³/12 = ((1 ) ∗ (0,15 )³/12 = 0,00028 .
Cálculo dos Momentos Fletores Críticos:
Í =( , )∗ /

, = 4,56 = 4,56 ∗ 10 / ² ⟹

, = 45,6 ∗ 10 / ².

Í = (45,6 ∗ 10 / ²) ∗ (0,00028 )/(0,15 /2) = 17,1 . .

Então M’NEGATIVO = 17,1 kN.m.

E, MPOSITIVO = M’NEGATIVO/2 = 17,1kN.m/2 = 8,6 kN.m.

Cálculo da armadura necessária para combater o Momento Fletor Crítico:

Í = ∗ Í

Í = 1,40 ∗ 17,1 . = 23,9 . .

Kmd = 0,084 < kmd=0,318 do aço CA-50A (o concreto não rompe por ruptura frágil);

kz = 0,948; AS=5,80cm².

Cálculo do Momento de Inércia daSeção Fissurada ICRÍTICO:

Í = ( ∗ ³/3) + ∗ ∗ ( − )² ⟹

Í = (100 ∗ (15 /2)³/3) + 7,50 ∗ (5,80 ²/ ) ∗ (10 − (15 /2))²

Í = 14.334,38 .

≅ 7,50 ( çã ó ç ).

Cálculo do valor de a:

= Í / ⟹

= (14.334,38 )/(0,00028 )⟹

= ((14.334,38/100.000.000 )/(0,00028 ) = 0,51.

Cálculo do Raio de Rigidez com inserção do valor de α:


61

,
= (( ∗ ℎ³ ∗ )/12 ∗ (1 − ²) ∗ )) ⟹

,
= ((35.417,51 ) ∗ (0,15 )³ ∗ 0,51)/12 ∗ (1 − 0,20²) ∗ 79 / )) ⟹

= 0,509 .

Cálculo da carga equivalente: dado em função da forma de aplicação da carga.

Raio de influência:

= ∗ = 2,00 ∗ 0,509 = 1,018 .

= 2,00( 1 2).

= 86,3 ( ).

Com o valor do Raio de Rigidez e de um valor de n atribuído como 2, estuda-se

primeiro os valores de cargas P1, P2, ... PN, aplicados pelas rodas, com o veículo disposto

sobre a placa de concreto. Como a empilhadeira só possui dois eixos, o estudo restringir-se-á

à aplicação de cargas P1 e P2, que compreendão as duas rodas vistas de lado e de frente, com a

simulação da empilhadeira passeando sobre o pavimento de concreto.

As figuras 5.6 e 5.7 ilustram respectivamente, a situação 1 (vista lateral das rodas da

empilhadeira com os dois eixos dentro do raio de influência da placa) e situação 2 (vista

lateral das rodas da empilhadeira com apenas um eixo dentro do raio de influência da placa).

Situação 1:

= ∗ 0,02 = (86,3 /2) ∗ 0,02 = 0,9 .

= ∗ 0,02 = (86,3 /2) ∗ 0,02 = 0,9 .

= + = 0,9 + 0,9 = 1,8 .

Figura 5.6 Vista lateral das rodas da empilhadeira situação 1.


62

Situação 2:

= ∗ 1,00 = (86,3 /2) ∗ 1,00 = 43,2 .

= ∗ 0,00 = (86,3 /2) ∗ 0,00 = 0,00 .

= + = 43,2 + 0,00 = 43,2 .

Figura 5.7 - Vista lateral das rodas da empilhadeira situação 2.

Em seguida serão estudados os valores das cargas aplicadas pelas rodas, com o veículo

disposto na seção transversal (de frente) – no caso de frente, só se terão possíveis situações

com a locação de 2 rodas do veículo.

As figuras 5.8 e 5.9 ilustram a situação 3 (rodas dentro do raio de influência) e situação

4 (apenas uma roda dentro do raio de influência) respectivamente.

Situação 3:
= ∗ 0,42 = (86,3 /2) ∗ 0,42 = 18,1 .

= ∗ 0,42 = (86,3 /2) ∗ 0,42 = 18,1 .

= + = 18,1 + 18,1 = 36,2 .

Figura 5.8 - Vista frontal das rodas da empilhadeira situação 3.


63

Situação 4:

= ∗ 1,00 = (86,3 /2) ∗ 1,00 = 43,2 .

= ∗ 0,00 = (86,3 /2) ∗ 0,00 = 0,00 .

= + = 43,2 + 0,00 = 43,2 .

Figura 5.9 - Vista frontal das rodas da empilhadeira situação 4.

A carga equivalente máxima é de CEQUIVALENTE MÁX = 43,2kN. Para o dimensionamento

será trabalhado com este valor de carga e não com o valor da carga por eixo, no item a seguir.

Obtendo-se os valores de coeficientes para adentrar no Ábaco de Anders Lösberg:

( + ′)/ = ((17,1 . ) + (8,6 . ))/(43,2 ) = 0,595.

= / = 43,2 /(0,70 ) = 43,2 /(0,70 ∗ 10 / ²) ⟹

= 43,2 /(7,0 ∗ 10 / ²) = 0,062 ².

= /2 = (0,141 )/2 = 0,071 .

= / = 0,071 /0,509 = 0,140.

Entrando com os valores de (M+M’)/PULT=0,595 e de a=c/lE=0,140 no Ábaco da Figura

5.10 obtém-se: M’/P=0,07.


64

Figura 5.10 – Ábaco de Anders Lösberg.

Obtendo-se o valor do momento fletor aplicado na borda livre da placa:

′/ = 0,07 ⟹ ′/(43,2 ) = 0,07 ⟹ ′ = 3,0 . .

5.5.4 MÉTODO DE PALMGREN-MINER

5.5.4.1 CAPACIDADE RESISTENTE DA SEÇÃO DE CONCRETO DESPROVIDA DE


ARMADURA

= / . . = 6,66 / 1,50 = 4,44 = 4,44 ∗ 10 / =

= 44,4 ∗ 10 / ⟹ = 4440 / ².

Fator de Segurança: F.S.= 1,50.

Recomenda-se determinar o valor de fctm e de fctk para este método, que resulta em:
( , )
= 0,56 ∗ = 0,56 ∗ (0,40 )( , )
= 5,12 .

= 1,30 ∗ = 1,30 ∗ (5,12 ) = 6,66 .


65

5.6 DIMENSIONAMENTO DA PLACA DE CONCRETO A MOMENTO FLETOR

De acordo com os métodos estudados, puderam-se encontrar os seguintes valores de

momentos fletores indicados na Tabela 5.3:

Tabela 5.3 - Momentos Fletores Calculados.

MOMENTOS FLETORES
Momento Bordo da Placa MB = 12,81 kN.m
Rodrigues e Pitta, 1997
Momento no Interior da Placa MI = 6,41 kN.m
Meyerhof Momento Cargas Móveis M = 4,90 kN.m
Momento Fletor Crítico MCRITICO = 17,10 kN.m
Anders Lösberg, 1961
Momento de Bordo da Placa M' = 3,00 kN.m
Palmgren - Miner 1961 Momento Fletor M = 16,70 kN.m

De acordo com a Tabela 5.3, pelo método de Rodrigues e Pitta, 1997 – Carta de

Influencia de Picket e Ray, obteve-se:

 Momento Fletor aplicado no Bordo da Placa de MB=12,81kN.m e

 Momento Fletor aplicado no Interior da Placa de M1=6,41kN.m.

Pelo método de Meyerhof, obteve-se:

 Momento Fletor para cargas móveis M=4,9kN.m.

Pelo método de Anders Lösberg, 1961, obteve-se:

 Momento Fletor Crítico M CRÍTICO=17,1kN.m.

 Momento Fletor aplicado no Bordo da Placa M’= 3,0kN.m.

Pelo método de Miner, 1961, obteve-se:

 Momento Fletor = 16,7 kN.m.

O maior valor obtido para esforço solicitante de momento fletor foi de

MMÁX=17,1kN.m. Sendo assim, deve-se utilizá-lo para o dimensionamento do pavimento de

concreto a flexão.
66

Por fim, dimensiona-se a placa de concreto do pavimento para este valor máximo de

momento fletor:

O momento fletor de cálculo segue como:

= ∗ Á = 1,40 ∗ 17,1 . = 23,9 . .

Cálculo do kmd:

= /( ∗ ∗ ) ⟹

= (23,9 . )/ (1 ∗ (0,10 ) ∗ 28,57 / ²)) = 0,084.

= / = 40 /1,40 = 28,57 = 28,57 ∗ 10 / ⟹

= 28.570 / ².

Cálculo do kmd do aço CA-50 A adotado:

= / ⟹

= (43,48 / ²)/ (205.000 )⟹

= (43,48 / ²) / (205.000 ∗ 10 / ²) ⟹

= 2,121 ∗ 10 = 2,121 °/ .

/ ⟹

(50,00 / ²)/1,15 = 43,48 / = 43,5 / ².

= 1,15.

= /( + ) = (3,50°/ + 2,121°/ ) = 0,623.

= 1 − (0,4 ∗ ) = 1 − (0,4 ∗ 0,623) = 0, 751.

= 0,68 ∗ ∗ = 0,68 ∗ 0,623 ∗ 0,751 = 0,318 .

Como o valor do kmd= 0,084 encontrado é inferior ao kmd = 0,318 do aço CA-50 A, o

concreto não rompe por ruptura frágil.

Cálculo do KX:

0,272 ∗ ² − 0,68 ∗ + 0,084 = 0.

Δ= −4∗ ∗ = (−0,68 ) − 4 ∗ 0,272 ∗ 0,084) = 0,371.


67

= ((− ± (Δ))/ (2 ∗ ) = (−(−0,68) ± (0,371))/(2 ∗ 0,272) ⟹

′ = 2,370; ′′ = 0,130 .

′ = ′ ∗ ℎ = 2,370 ∗ 15 = 35,55 .

′′ = ′′ ∗ ℎ = 0,130 ∗ 15 = 1,95 .

(adota-se x = 0,130, pelo fato do valor final de 1,95cm permanecer dentro da seção

transversal do pavimento com altura de 15cm).

Cálculo de KZ:

= 1 − (0,4 ∗ ) = (0,4 ∗ 0,130) = 0,948.

Cálculo da armadura:

= /( ∗ ∗ )⟹

= (23,9 . )/(0,948 ∗ 0,10 ∗ (43,5 / ²)) = 5,80 ².

Á ç â 8 = ( ∗ )/4 ⟹

Á = ( ∗ (8 ) )/4 = 0,50 ².

n= / Á ⟹

n = (5,80cm²)/(0,50 ²) = 11,60 / .

= Á / ⟹

= (0,50 ²)/(5,80 ²) = 0,086 ≅ 9 .

Refazendo-se o cálculo da armação com o uso de aço CA-60 tem-se:

= /( ∗ ∗ )⟹

= (23,9 . )/(0,948 ∗ 0,10 ∗ (52,2 / ²)) = 4,83 ².

/ ⟹

(60,00 / ²)/1,15 = 52,17 /

= Á / ⟹

= (0,50 ²)/(4,83 ²) = 0,104 = 10,40 .


68

Sendo assim, adota-se uma barra de aço de diâmetro de 8mm a cada 10 cm (1 Ø 8 c/

10).

Ou seja, para um valor de momento fletor máximo de 17,1kN.m, é necessário introduzir

uma barra de 8 mm de diâmetro disposta a cada 10 cm, nas duas direções, e nas duas

camadas, superior e inferior da placa.

Para cargas aplicadas de grande magnitude, advindas de cargas dinâmicas (veículos),

cargas montantes (estanterias), cargas distribuídas (equipamentos) etc., recomenda-se sempre

a adoção camadas duplas de armaduras nas placas e nunca de camada simples.

Para essa disposição de armaduras, pode-se adotar o tipo de tela Q503 constituída de 1

Ø8 c/10.
69

6 SUGESTÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância do piso industrial deve ser mais bem difundida entre o meio técnico.

Trata-se de um elemento do edifício industrial a ser considerado como elemento estrutural

fundamental para o seu desempenho e não como elemento secundário. Falhas no piso durante

a vida útil do edifício, na maioria das vezes, paralisam as atividades resultando em enormes

prejuízos, tanto financeiros, como também para a própria imagem da empresa.

A correta execução do piso é de fundamental importância para garantir o desempenho

esperado, fato que torna o projeto uma etapa fundamental para garantir a qualidade exigida

pelo usuário.

Apresentou-se, assim, a sistematização do dimensionamento de pisos industriais de

concreto armado, trazendo ao meio técnico e acadêmico a oportunidade de maior

conhecimento no dimensionamento e projeto de pisos industriais de concreto, acreditando-se

ter cumprido o objetivo a que se propôs com o desenvolvimento do presente trabalho.

Apresentadas as questões relativas ao sistema construtivo de pavimentos industriais e os

aspectos característicos envolvidos na sua produção, ressaltam-se os seguintes aspectos

conclusivos:

– A inserção das tecnologias no mercado da construção civil brasileira é bastante

recente e vem se desenvolvendo em larga escala devido à demanda existente, sobretudo dos

quesitos de adequação da infraestrutura dentro do sistema produtivo das empresas e indústrias

através da adoção de elementos duráveis e consequente redução dos custos de manutenção;

– Procede-se uma especialização dos profissionais de projeto, das empresas de

execução, dos fornecedores de materiais, e da mão-de-obra no setor de pavimentos industriais.

Em vista da deficiência normativa específica para esse tipo de pavimento, estes agentes vêm
70

se estruturando para desenvolvimento de tecnologia e controle de qualidade mais apurado

para melhor poder atender o mercado;

– Embora alguns autores considerem a fase de execução dos pavimentos industriais

como a de maior peso para obtenção de boa qualidade final do elemento construído, o

trabalho demonstra que a garantia de qualidade e de boas condições de operação são obtidas a

partir de decisões criteriosas de projeto definidas sob a ótica de equipes multidisciplinares

envolvendo projetista, usuário, executores, fornecedores de insumos e materiais.

– O projeto baseia-se no domínio tecnológico do sistema construtivo, e deve

obrigatoriamente conter informações completas para a execução dos pavimentos. A análise

holística prévia dos diversos aspectos envolvidos e o planejamento tornam-se então

ferramentas essenciais e de grande influência no sistema construtivo.

– Por se tratar de área específica e apresentar caráter particular de execução, a

normatização relativa aos sistemas construtivos, execução e materiais dos pavimentos

industriais deve ser urgentemente desenvolvida. Atualmente recorre-se com frequência às

normas estrangeiras, porém, esta prática pode não se adequar em alguns casos à logística

tecnológico-produtiva nacional. A difusão destas tecnologias deve ser acessível feita para

todos os agentes envolvidos no ciclo de vida do elemento construtivo.

Sugere-se para um próximo estudo o detalhamento de outros tipos de dimensionamento,

como por exemplo, os pisos de concreto protendido além da utilização de materiais como as

fibras de aço.
71

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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