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Pontes e grandes estruturas

Profª: PhD. Danielle Airão Barros


danielle.a.barros@kroton.com.br
Unidade 1: Introdução
ao estudo de pontes

Seção 1.2
Projeto geométrico e cargas permanentes
nas pontes de concreto
1. Introdução

LEVANTAMENTO DE CARGA

→ Etapa fundamental para definir as dimensões necessárias das vigas; SUPERESTRUTURA:

→ Análise da capacidade resistente da estrutura; • Lajes: Formam a pista de rolamento,

→ Cálculo das armadura mínimas; recebem e permitem a distribuição das

→ Definição da finalidade da obra e para qual carregamento a estrutura será dimensionada; cargas dos veículos e contribuem para o
aumento da resistência à flexão das vigas;
• Longarinas: são as vigas dispostas
longitudinalmente, suportando a estrutura
e transmitem a carga dos vãos aos pilares;
• Transversina de apoio e meio de vão: São
elementos necessários para dar rigidez à
ponte e quando engastadas na pista
conduzem parta da carga móvel às vigas;
1. Introdução

ELEMENTOS DA ESTRUTURA

Laje de aproximação: É um componente que permite a transição entre o tabuleiro e a via de acesso à ponte ou viaduto. Essas estruturas estão abaixo do
nível do pavimento da via e sua ligação com a cortina pode ser feita mediante o uso de um aparelho de apoio fixo ou articulação de concreto.
Cortinas: São estruturas que servem de suporte para as lajes de aproximação e aterros compactados, pois garantem a contenção da terra na região dos
encontros das superestruturas.
Transversina: É uma viga no sentido transversal que atua, geralmente, sem receber carregamentos principais da superestrutura, porém, são dimensionadas
para prevenir as deformações nas seções transversais da superestrutura e proporcionarem uma melhor distribuição de cargas verticais entre as longarinas,
permitindo que o tabuleiro trabalhe como uma grelha.
1. Introdução

LAJE DE APROXIMAÇÃO
→ Anexo K da NBR 7187;
→ Também conhecida como laje de transição;
→ Elementos estruturais utilizados para abranger a área crítica entre a zona de aproximação e o encontro das obras de artes especiais;
→ Compensação do recalque do solo;
→ Espessura mínima de 0,25m e a extensão mínima de 4,0m;
→ A laje de transição em aproximações de OEA não tem como objetivo evitar o recalque, mas distribuir esse possível recalque ao longo de seu
comprimento, proporcionando uma transição suave entre o elemento e a estrutura;

Recalque
do solo
1. Introdução

CORTINA E ALA
→ A cortina também é conhecida como transversina de entrada, sendo projetada para conter o aterro e servir de apoio para a laje;
→ Elementos que possibilitam boa transição entre OAE’s e as rodovias. Ao mesmo tempo que são apoios extremos, são também elementos de
contenção e estabilização dos aterros de acesso;
→ Dispositivo de contenção engastado na superestrutura, com a função de proteção lateral da pista rodoviária, com a altura superior a 1,5m, com a
função de evitar a queda do veículo da ponte ou viaduto;
1. Introdução

TRANSVERSINA
→ Nos apoios extremos são necessárias para dar apoio ao bordo da laje de tabuleiro, porque caso contrário, ela seria solicitada em excesso neste local.
→ As lajes em balanço necessitam, no mínimo, de um reforço de bordo na extremidade;
→ Transversina de apoio são necessárias para absorver os esforços produzidos pelo vento e como enrijecimento à torção das vigas principais. Para esta
função a alma da transversina deve ser apoiada em toda a largura;
→ As transversinas são indicadas para distribuir as cargas quando existirem mais de duas vigas principais (grelhas);
→ Obtêm-se melhor resultado de distribuição das cargas com uma transversina no meio do vão (𝐿Τ2). Duas transversinas a (𝐿Τ3) são aproximadamente
equivalentes;

Grelha: É um modelo composto por elementos lineares (barras) dispostos num mesmo plano horizontal, que possibilita a avaliação do comportamento de um piso, isto é, do conjunto formado pelas
vigas e lajes de um pavimento, perante a atuação de ações verticais. Os pilares são simulados por apoios.
1. Introdução

ELEMENTOS DA ESTRUTURA

Junta de dilatação: Mecanismos entre elementos estruturais preenchidos por materiais de alta capacidade de deformação e baixo módulo de elasticidade,
sendo assim, são capazes de permitir a movimentação e deformação longitudinal da estrutura.
Barreiras rígidas: Dispositivos de segurança de concreto para proteção lateral de veículos. Esses elementos devem ser instalados ao longo das vias públicas,
de forma que tenha dimensões e capacidade resistente suficiente para reconduzirem veículos desgovernados à pista com desacelerações suportáveis pelo
corpo humano e com os menores danos possíveis ao veículo e ao dispositivo de segurança, impedindo que os veículos atravessem canteiros centrais seguida
de choque frontal contra outros veículos, quedas de precipícios, entre outros.
Sistema de drenagem: Devem garantir o perfeito escoamento das águas pluviais, que incidem sobre os tabuleiros das pontes e viadutos.
Longarina: Vigas principais.
1. Introdução

LONGARINAS
→ As vigas longarinas, pré-moldadas ou moldadas no local, de concreto armado ou protendido, apresentam dimensões que visam garantir a resistência
necessária do sistema estrutural e dimensões mínimas capazes de acomodar as armaduras principais.
1. Introdução

APARELHOS DE APOIO
→ Transmitem as reações de apoio e permitem movimentos da superestrutura.
→ Nas pontes e nas construções de grande porte, a estrutura deve funcionar, tanto quanto possível, de acordo com as hipóteses previstas no cálculo,
sendo portanto necessária a utilização de aparelhos de apoio adequados nos locais onde o cálculo admitiu a possibilidade de ocorrerem movimentos.
→ Os movimentos pode ser de rotação e de translação, em função dos quais, os aparelhos de apoio podem ser classificados em três tipos: articulações
fixas, articulações móveis e articulações elásticas.
* Articulações fixas: Permitem apenas os movimentos de rotação, gerando reações vertical e horizontal no vínculo.
* Articulações móveis: Permitem tanto a rotação como a translação, gerando no vínculo apenas a reação vertical. Na realidade, surge também
a reação horizontal, por causa do atrito que não pode ser totalmente eliminado, mas nos casos usuais ela pode ser desprezada por ter valor
relativamente pequeno.
* Articulações elásticas: Permitem a rotação e a translação gerando reações vertical e horizontal, esta última, com valor que não pode ser
desprezado.
2. Ações

DEFINIÇÕES
Ações: Causas que provocam esforços ou deformações nas estruturas. Do ponto de vista prático, as forças e as deformações impostas pelas ações são
consideradas como se fossem as próprias ações. As deformações impostas são por vezes designadas por ações indiretas e as forças, por ações diretas.

→ Início do projeto estrutural

“Ação é qualquer influência ou conjunto de influência capaz de produzir estados de tensão ou deformação ou movimento de corpo rígido em uma estrutura”.

AÇÕES PERMANENTES (G): Ações que ocorrem com valores constantes ou de pequena variação em torno de sua média, durante praticamente toda a vida
da construção.
AÇÕES VARIÁVEIS (Q): Ações que ocorrem com valores que apresentam variações significativas em torno de sua média, durante a vida da construção.
AÇÕES EXCEPCIONAIS (E): Ações que têm duração extremamente curta e muito baixa probabilidade de ocorrência durante a vida da construção.
2. Ações

AÇÕES PERMANENTES - DIRETA


→ Peso dos elementos da estrutura;

→ Pesos de todos os elementos da construção permanentemente


suportados pela estrutura, tais como: pisos, paredes fixas, coberturas,
forros, escadas, revestimentos e acabamentos;

→ Pesos de instalações, acessórios e equipamentos permanentes, tais


como tubulações de água, esgoto, aguas pluviais, gás, dutos e cabos
elétricos;

Para a determinação das cargas permanentes de → Empuxos devidos ao peso próprio de terras não removíveis. Em casos
pesos próprio, devem ser utilizados os pesos particulares, os empuxos hidrostáticos também podem ser considerados
específicos aparentes dos materiais de construção, como permanentes.

previstos na ABNT NBR 6120:2019.


2. Ações

AÇÕES PERMANENTES - INDIRETA


- Protensão, recalques de apoio e a retração dos materiais.
2. Ações

AÇÕES VARIÁVEIS
Ocorrem com valores que apresentam variações significativas em torno de sua média, durante a vida da construção.
→ Ações acidentais (atuam nas construções em função de seu uso);
→ Efeitos do vento;
→ Efeitos das variações de temperatura;
→ Pressões hidrostáticas e hidrodinâmicas;
2. Ações

AÇÕES VARIÁVEIS
→ Em função de sua probabilidade de ocorrência durante a vida da construção, as ações variáveis são classificadas em normais ou especiais:

a) ações variáveis normais: ações variáveis com probabilidade de ocorrência suficientemente grande para que sejam obrigatoriamente consideradas no
projeto das estruturas;
b) ações variáveis especiais: nas estruturas em que devam ser consideradas certas ações especiais, como ações sísmicas ou cargas acidentais de natureza ou
de intensidade especiais;
2. Ações

AÇÕES VARIÁVEIS
De acordo com o tipo de edificação, as seguintes ações variáveis devem ser consideradas:

→ Edifícios habitacionais: sobrecarga devido ao uso e ocupação (pessoas, objetos, móveis, etc), ação do vento;
→ Edifícios industriais e comerciais: sobrecarga devido ao uso e ocupação (equipamentos, pessoas, cargas tecnológicas), ação do vento;
→ Pontes e passarelas: sobrecarga devido ao uso e ocupação (veículos e peso das pessoas), ação do vento;
→ Barragens e centrais nucleares: ações sísmicas, além das demais;
→ Ginásios de esporte, academias de ginástica, salões de dança: sobrecarga devido ao uso e ocupação (pessoas, objetos, móveis, etc), ação do vento;

As sobrecargas de uso e ocupação são definidas em função de analises estatísticas, cujos valores mínimos, em termos de cargas uniformemente
distribuídas estão estabelecidas pela NBR 6120:2019. No caso de edifícios industriais com equipamentos mecânicos, os fabricantes destes devem
fornecer o valor da sobrecarga.
2. Ações

AÇÕES EXCEPCIONAIS
Ações decorrentes de causas tais como:
→ Explosões
→ Choques de veículos
→ Incêndios
→ Enchentes ou sismos excepcionais
3. Ações permanentes (NBR 7187)

GENERALIDADES

Ações cujas intensidades podem ser consideradas como constantes ao longo da vida útil da construção. Também são consideradas ações permanentes as
que crescem no tempo, tendendo a um valor-limite constante.

As ações permanentes compreendem, entre outras:


a) Cargas provenientes do peso próprio dos elementos estruturais;
b) Cargas provenientes do peso da pavimentação, dos trilhos, dos dormentes, dos lastros, dos revestimentos, das barreiras rígidas, dos guarda-rodas, dos
guarda-corpos e de dispositivos de sinalização;
c) Empuxos de terra e de líquidos;
d) Forças de protensão;
e) Deformações impostas, isto é, provocadas por fluência e retração do concreto, e por deslocamentos de apoios.

* Peso próprio dos elementos estruturais


→ O peso específico deve ser tomado no mínimo igual a 24 kN/m³, para o concreto simples, e 25 kN/m³, para o concreto armado ou protendido.
→ Devem ser consideradas cargas devidas ao peso do enchimento para compatibilização do greide com a laje do tabuleiro.

* Pavimentação
→ Na avaliação da carga devida ao peso da pavimentação, deve ser adotado para peso específico do material empregado o valor mínimo de 24 kN/m³,
prevendo-se uma carga adicional de 2 kN/m² para atender a um possível recapeamento. A consideração desta carga adicional pode ser dispensada, a
critério do proprietário da obra.
3. Ações permanentes (NBR 7187)

GENERALIDADES

* Lastro ferroviário, trilhos e dormentes


→ As cargas correspondentes ao lastro ferroviário devem ser determinadas por meio de ensaios utilizando o material da jazida. Na ausência de ensaios,
deve ser considerado um peso específico aparente mínimo de 19 kN/m³. Deve ser suposto que o lastro atinja o nível superior dos dormentes e preencha
completamente o espaço limitado pelos guarda-lastros, até o seu bordo superior, mesmo se na seção transversal do projeto assim não for indicado. Na
ausência de indicações precisas, a carga referente aos dormentes, trilhos e acessórios deve ser considerada no mínimo igual a 8 kN/m por via.

* Empuxo de terra
→ O empuxo de terra atuante sobre as estruturas deve ser determinado de acordo com os princípios da mecânica dos solos, em função de sua natureza
(ativo, passivo ou de repouso), das características geomecânicas e geométricas do maciço (aterro, solo natural ou sobrecarga), da presença do nível
d’água, assim como da rigidez dos paramentos.

* Empuxo d’água
→ O empuxo d´água e a subpressão devem ser considerados nas situações mais desfavoráveis para a verificação dos estados-limites, sendo dada especial
atenção ao estudo dos níveis máximo e mínimo dos cursos d’água e do lençol freático.

* Deslocamento de fundações
→ Se a natureza do terreno e o tipo de fundações permitirem a ocorrência de deslocamentos que induzam efeitos na estrutura, as deformações impostas
decorrentes devem ser consideradas no projeto estrutural com base nos parâmetros definidos por estudo geotécnico.
3. Ações variáveis (NBR 7187)

GENERALIDADES

Ações de caráter transitório que compreendem, entre outras:


a) cargas móveis;
b) cargas de construção;
c) cargas de vento;
d) empuxo de terra provocado por cargas móveis;
e) pressão da água em movimento;
f) efeito dinâmico do movimento das águas;
g) variações de temperatura.

* Cargas móveis
→ Devem ser considerados os valores característicos das cargas móveis rodoviárias, incluindo cargas verticais, efeito dinâmico, força centrífuga, efeitos da
frenação e da aceleração, fixados na ABNT NBR 7188.

* Cargas de construção
→ No projeto e no cálculo estrutural, devem ser consideradas as ações (estáticas e dinâmicas) passíveis de ocorrerem durante o período da construção,
notadamente aquelas devidas a equipamentos e estruturas auxiliares de montagem e de lançamento de elementos estruturais e seus efeitos em cada
etapa executiva da obra.
3. Ações excepcionais (NBR 7187)

GENERALIDADES

São aquelas cuja ocorrência acontece em circunstâncias anormais. Compreendem os choques de objetos móveis, as explosões, os fenômenos naturais
pouco frequentes, como ventos ou enchentes catastróficas e sismos, entre outros.

* Choques de objetos móveis


→ Nos pilares e passarelas passíveis de serem atingidos por veículos rodoviários, deve-se considerar as ações indicadas na ABNT NBR 7188.
→ Os pilares passíveis de serem atingidos por embarcações devem ter sua segurança verificada considerando a tonelagem da embarcação e a energia do
impacto.
→ Dispensa-se essa verificação se o projeto contemplar dispositivos físicos ou estrutura auxiliar independente capaz de proteger a estrutura principal,
absorvendo o impacto.

* Ações sísmicas

* Outras ações excepcionais


As verificações de segurança quanto às demais ações excepcionais somente devem ser realizadas em construções especiais, a critério do proprietário da
obra.
4. Exemplo – Cálculo do peso próprio
As pontes e viadutos devem ser projetados para atender a necessidade da região onde serão implantados. Em vias urbanas, as pequenas obras
podem conter passeios, destinados à locomoção das pessoas. O passeio é geralmente executado em laje de concreto armado pré-moldado, disposta
sobre pontos de apoio nas extremidades das pontes e viadutos e, abaixo da laje do passeio, o espaço vazio permite a utilização de tubulações de gás
ou rede elétrica. Para proteção do passeio, é necessário a utilização de guardas-corpo conforme especificações de norma.
Para a carga permanente de cada elemento da ponte de concreto em duas vigas, considere:

a. Peso específico do concreto armado: 25kN /m³


b. Peso específico do pavimento flexível: 24kN /m³
c. Carga distribuída prevista para recapeamento da pista: 2kN /m²
d. Carga distribuída do guarda-corpo: 1kN /m (dado do fabricante)

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