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ENGENHARIA DE PONTES

AULA 2: INTRODUÇÃO AO
ESTUDO DAS PONTES

Profª MARIANA MEDEIROS XIMENES.


xm.mariana@gmail.com
CONTEÚDO

- ELEMENTOS CONSTITUINTES DAS PONTES;

- ELEMENTOS RELATIVOS À SEÇÃO TRANSVERSAL;

- CLASSIFICAÇÃO DAS PONTES.


ELEMENTOS RELATIVOS À SEÇÃO
TRANSVERSAL

Com relação à seção transversal, conforme


mostrado na figura abaixo, podem aparecer os
seguintes elementos:
Os elementos constituintes da seção transversal
de uma ponte são:
- pista de rolamento: largura disponível para o
tráfego normal dos veículos, que pode ser
dividida em faixas;

- acostamento: largura adicional à pista de


rolamento destinada à utilização em casos de
emergência, pelos veículos;

- defensas: elementos de proteção aos veículos,


colocado lateralmente ao acostamento;
- passeio: largura adicional destinada
exclusivamente ao tráfego de pedestres;

- guarda - roda: elemento destinado a impedir a


invasão dos passeios pelos veículos;

- guarda-corpo: elemento de proteção aos


pedestres;
Com relação à seção longitudinal, mostrada na
Figura abaixo, tem-se as seguintes denominações:
- Comprimento da ponte (também denominado
de vão total): distância, medida
horizontalmente segundo o eixo longitudinal,
entre as seções extremas da ponte;
- Vão (também denominado de vão teórico e de
tramo): distância, medida horizontalmente,
entre os eixos de dois suportes consecutivos;
- Vão livre: distância entre as faces de dois
suportes consecutivos;
- Altura de construção: distância entre o ponto
mais baixo e o mais alto da superestrutura;
- Altura livre: distância entre o ponto mais baixo
da superestrutura e o ponto mais alto do
obstáculo.
CLASSIFICAÇÃO DAS PONTES
As pontes podem ser classificadas segundo vários
critérios; os mais importantes são os seguintes:

• durabilidade;
• material da superestrutura;
• comprimento;
• natureza do tráfego;
• desenvolvimento planimétrico;
• desenvolvimento altimétrico;
• sistema estrutural da superestrutura
- durabilidade;

• permanente: aquela construída em


caráterdefinitivo;
• provisória: aquela construída para uma duração
limitada, geralmente até que se construa a obra
definitiva. Geralmente serve para o desvio do
tráfego;
• desmontável: aquela construída para uma
duração limitada, diferindo da provisória por ser
reaproveitável.
- material da superestrutura;

• de madeira;
• de alvenaria;
• de concreto simples;
• de concreto armado;
• de concreto protendido;
• de aço.

Na infraestrutura das pontes emprega-se


normalmente o concreto armado, portanto não será
feita a classificação segundo o material da
infraestrutura.
- comprimento;

• galerias (bueiros) – de 2 a 3 metros;


• pontilhões – de 3 a 10 metros;
• pontes – acima de 10 metros.

Existe ainda uma divisão, também de contornos


não muito definidos, que é:
• pontes de pequenos vãos – até 30 metros;
• pontes de médios vãos – de 30 a 60 a 80 metros;
• pontes de grandes vãos – acima de 60 a 80
metros.
- natureza do tráfego;
• rodoviárias:
• ferroviárias;
• passarelas (pontes para pedestres);
• aeroviárias;
• aquetudos;
• mistas.

Estas denominações são associadas ao tipo de


tráfego principal. As pontes mistas são aquelas
destinadas a mais de um tipo de tráfego, por
exemplo ponte rodo-ferroviária que serve para
estabelecer a continuidade de uma rodovia e de
uma ferrovia.
A construção da ponte rodoferroviária (ferronorte) foi feita
sobre o rio Paraná. Ela propiciará o ligamento da região
centro-oeste ao sudeste, através de um corredor 1.300 km
quilômetros de extensão.
- É a primeira ponte construída no Brasil;
- sendo constituída por um trecho de 2.600 m em
estrutura metálica (26 tramos de 100 m);
- tendo a existência de dois viadutos de acesso
em concreto, medindo 720 m (junto a margem
esquerda) e 450 m (junto a margem direita).

- Foram consumidos 64.000 m³ de concreto,


sendo 25.000 m³ destinados apenas à
execução da fundação, que foi constituída por
tubulões com até 55 m de coluna d’água.
- desenvolvimento planimétrico;

• Retas: ortogonais: quando o ângulo que o eixo


da ponte forma com a linha de apoio da
superestrutura é 90°
esconsas: quando o ângulo que o eixo da
ponte forma com a linha de apoio da
superestrutura é diferente de 90°.

• curvas: apresentam o eixo, em planta, curvo.


- desenvolvimento altimétrico;
• retas: horizontal;
em rampa.
• curvas: tabuleiro convexo;
tabuleiro côncavo.
- Quanto ao sistema estrutural da superestrutura,
as pontes são classificadas em:

• ponte em viga: compostas por longarinas com ou


sem transversinas servindo como suporte para
lajes, que receberão os carregamentos
diretamente.

Caracterizam-se por apresentarem ligações que


não permitem a transmissão de momentos fletores
da superestrutura para a infraestrutura.
PONTE RIO-NITERÓI
Todavia, em pontes com vãos pequenos, acaba
sendo o sistema mais vantajoso financeiramente
pela agilidade e simplicidade no dimensionamento
e na execução, além de ser normalmente mais
barato quando comparados às pontes em laje.
As pontes em vigas podem apresentar diferentes
tipo de vinculações, apresentados a seguir:

• Vigas simplesmente apoiada sem balanço;


• Vigas simplesmente apoiada com balanço;
• Pontes integrais (viga contínua);
• Vigas gerber.
• Vigas simplesmente apoiada sem balanço
• Vigas simplesmente apoiada com balanço
- A economia que se tem com a eliminação dos
encontros muitas vezes é aparente.
• Vigas contínuas (pontes integrais)
- Se não houver restrições de ordem urbanística,
topográfica ou construtiva, deve-se fazer os vãos
extremos cerca de 20% menores que os vãos
internos de forma que os máximos momentos
fletores sejam aproximadamente iguais,
resultando assim uma melhor distribuição das
solicitações;
- A distribuição de momentos fletores pode
também ser melhorada através da adoção de
momentos de inércia das seções variáveis ao
longo dos vãos.

- O aumento do momento de inércia das seções


junto aos apoios implicará no aumento do
momento fletor negativo dessas seções, e na
diminuição do momento fletor positivo das seções
do meio dos vãos, o que possibilitará a redução
da altura das seções nestas posições.
VANTAGENS:
- eliminação das juntas e a consequente redução nos
custos de manutenção;

- Pista de rolamento mais uniforme evitando o desconforto


para o tráfego;
- Maior capacidade de redistribuir esforços no caso de
sobrecargas;
- Melhor estética em função da continuidade entre os vãos.
LIMITAÇÕES:
- Comprimento do tabuleiro x variação de
temperatura;
- Pontes com raio de curvatura pequeno e as
pontes muito esconsas devem ser analisadas com
mais cuidado;
- Possibilidade de recalques de apoio (esforços
adicionais).
• Vigas Gerber:

- derivada da viga contínua, na qual são colocadas


articulações de tal forma a tornar o esquema isostático, e
como consequência disto, não receberá esforços
adicionais devidos aos recalques diferenciais dos apoios;

- para pontes de grandes vãos, em que o peso próprio


representa uma grande parcela da totalidade das cargas,
as vigas Gerber teriam um comportamento próximo ao das
vigas contínuas, sem sofrer a influencia danosa dos
recalque diferenciais.
- Em pontes com vãos desiguais é importante
colocar as articulações nos vãos maiores, pois
distribuem melhor os momentos fletores devidos à
carga móvel;
• ponte em pórtico: Na construção de pontes, os
pórticos surgem pela ligação, com rigidez à flexão,
das vigas da ponte (superestrutura) com as
paredes dos encontros ou com os pilares
(infraestrutura).

Neste tipo estrutural, parte da flexão da viga é


transmitida para os pilares, o que possibilita a
redução das solicitações na superestrutura à custa
da flexão da infraestrutura.

- Ligações sem aparelho de apoio.


• ponte em arco: é um tipo de ponte de pedra em
forma de arco ou sustentada por muitos pilares
consecutivos também em arcos.

Os viadutos podem ser feitos a partir da estrutura


de uma ponte em arco.

A estrutura da ponte gera apenas esforços de


compressão no arco principal, sendo por isso
pedras e concreto muito utilizados.
Nesse sistema estrutural, o tabuleiro da ponte tem
seu carregamento transferido aos apoios por meio
de uma estrutura curva côncava, os famosos arcos.

É seguindo esse tipo de estrutura que pontes de


pedra em estilo romano (e aquelas inspiradas por
ele!) foram projetadas. Pontes em arco também se
adequam bem aos materiais construtivos
contemporâneos, como concreto armado, concreto
protendido e aço.
A ponte rodoviária do Rio Zhijinghe, na China, é a mais alta ponte em
arco do mundo, com 294 metros de altura. Com um vão principal de 430
metros a ponte é também uma das 10 pontes em arco, mais longas do
mundo. A ponte foi feita com oito tubos de aço de grandes dimensões
que correm ao longo da parte de baixo do arco, inicialmente ocos. Uma
vez endurecido, o concreto se solidifica e endurece o arco e melhora da
resistência à compressão de toda a estrutura.
A Ponte da Amizade é uma ponte internacional sobre o rio Paraná que
liga a cidade de Foz do Iguaçu, no Brasil e Ciudad del Este, no
Paraguai, construída durante as décadas de 1950 e 1960. A ponte tem
553 metros de comprimento, sustentada sobre um arco com vão livre de
290 metros. Na época de sua construção (em 1962), foi recorde mundial
de vão em ponte de concreto armado e arco engastado.
A Ponte da Amizade é muito conhecida por causa do grande movimento
de brasileiros que atravessam a ponte para fazer compras no Paraguai.
• ponte em treliça: ponte feita com estrutura de
treliça. Seu uso é tão comum que pode ser vista
associada a outros tipos de pontes, constituindo
um tipo de estrutura mesclada, como as pontes em
arco com treliças. Os materiais mais utilizados são
madeira ou metal.

- Com uma estrutura simples a treliça é uma ótima


solução para vencer grandes vãos.

- As treliças possuem membros individuais que


utilizam forças da tração e compressão, mas
deixam de usar a força de flexão, por isso que as
vigas de uma ponte treliçada são delgadas.
A ponte ferroviária do Rio Forth, na Escócia, é a segunda maior ponte
ferroviária em vão do tipo cantilever do mundo e foi a maior neste
gênero desde a sua construção em 1890 até 1917.
Tem 2,528.7m de comprimento, destinada somente ao tráfego
ferroviário.
• VANTAGENS: economia de material, economia
no processo construtivo, redução da carga
permanente, redução das deformações e aumento
da rigidez da estrutura.

• DESVANTAGENS: maiores despesas de


fabricação e manutenção.
• ponte estaiada: tipo de ponte conhecido por
possuir mastros de onde partem cabos
responsáveis por sustentar os tabuleiros da ponte.
É atualmente uma das opções mais comuns
quando o objetivo é vencer grandes vãos.
Quando os cabos partem quase paralelos uns aos
outros, ao longo do mastro, fala-se em ponte
estaiada tipo harpa; já quando os cabos de
sustentação partem do topo do mastro, fala-se em
ponte tipo leque.
Na tipologia harpa, os cabos correm paralelos a
partir do mastro, de modo que a altura de fixação
do cabo ao mastro é proporcional à distância entre
o mastro e o ponto de fixação deste cabo ao
tabuleiro.

No leque, os cabos conectam-se ou passam pelo


topo do mastro.

“O mais bonito é o modelo em harpa, mas as


pontes em leque são mais baratas. O indicado é
mesclar ambas as alternativas na mesma ponte”.
É hoje a ponte mais alta do mundo, mais alta 343 metros que a Torre Eiffel.
Ela foi construída para facilitar a travessia do vale do rio Tam no sudoeste da
França, perto de Millau. Antes da ponte os veículos tinham que descer até o
vale do rio, causando enormes congestionamentos, principalmente no verão.
Ela foi erguida sob sete pilares de concreto armado, que sustentam o
tabuleiro de 2460 metros de comprimento. Este, por sua vez, é formado por 8
trechos de aço e suportado por cabos estiados. É considerada a maior
rodovia suportada por cabos do planeta, com peso total de 36 mil toneladas,
32 metros de largura e 4,2 metros de espessura.
Ponte Otavio Farias de Oliveira, de desenho único no mundo, localiza-se em
São Paulo, é uma ponte estaiada do tipo leque. Foi construída para resolver
um problema urbano, sem abrir mão de uma sofisticada engenharia e beleza.
Alta com 138 metros e com 1,6km de comprimento, a estaiada chama a
atenção de longe por seu porte e magnitude.
Ponte estaiada tipo leque. Erguida com aproximadamente 1.700 t de aço e 8
mil m³ de concreto, a Ponte da Passagem em Vitória (ES) foi a primeira
ponte estaiada no país a empregar torres metálica
Quatro elementos principais compõem esse tipo de
ponte: os estais, os mastros, o tabuleiro e
a fundação.

“Todos fazem parte de um sistema integrado. Os


estais não são nada sem o mastro que, por sua
vez, não tem função sem o tabuleiro, que é
sustentado pelos estais. Cada parte tem sua
relevância e, se a fundação começa errada, a
ponte está fadada a cair”
• ponte pênsil: é suportada por um sistema de
cabos e mastros. Os cabos principais vão de um
mastro a outro formando uma "parábola" (mais
precisamente uma catenária). Ao longo dos cabos
principais partem cabos de sustentação verticais
que sustentam a plataforma.

As primeiras pontes suspensas eram construídas


em selvas e florestas, feitas com vinhas e
trepadeiras (muito comuns em filmes de aventura,
estilo Indiana Jones). A Golden Gate Bridge, ou
ponte de São Francisco, nos Estados Unidos, é o
mais famoso exemplo desse tipo de ponte.
A ponte Hercílio Luz, que está localizada no Estado de Santa Catarina e foi
construída para ligar o continente à ilha de Florianópolis, entra para o RankBrasil
em 2007 por ser a Maior ponte pênsil do país. Com 819,471m de extensão, a
ponte recordista tem 259m de viaduto insular, 339,471m de vão central e 221m de
viaduto continental. A estrutura de aço tem peso aproximado de cinco mil
toneladas, e os alicerces e pilares consumiram 14.250m³ de concreto. As duas
torres medem 75m a partir do nível do mar e o vão central tem altura de 43m.
ATIVIDADE
Classifique as pontes mostradas nas figuras.

1 2

3
FIM!!!

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