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FORMAÇÃO

MÓDULO VIA

João Cabral Data:19/03/2011

Objectivos da Formação
No final da Formação, os formandos deverão:

- Saber distinguir e identificar os vários elementos


constituintes da via ao nível da infra-estrutura e super-
estrutura.

- Proceder à correcta localização de qualquer ponto da


infra-estrutura ferroviária com base na classificação,
referenciação e etiquetagem da via.

- Ter conhecimento geral das instruções técnicas e


normativos de via mais relevantes
1. Conceitos Gerais

Via-Férrea
Enquanto via de Comunicação, é o conjunto de
elementos que serve de suporte e encaminhamento
dos comboios.
A via distingue-se em duas partes fundamentais:

– Infra-estrutura
– Super-estrutura

Super-estrutura
É formada pelo balastro e armamento de via (carril, travessas e
material de fixação e de ligação).

Infra-estrutura
É formada pelas camadas localizadas sob o balastro (plataforma),
aterros e taludes de escavação, sistemas de drenagem e onde se
incluem as obras de arte destinadas a suportar a via.
2. Infra-estrutura

Infra-estrutura
A infra-estrutura da via é constituída por:

 Plataforma;

 Taludes;

 Sistema de drenagem;

 Obras de arte.
Infra-estrutura
Plataforma
Superfície de apoio da Super-estrutura de via e das cargas rolantes das
circulações ferroviárias.

Requisitos:
– Ser Plana, com uma certa inclinação
transversal de modo a facilitar a
saída (drenar) das águas da chuva;

– Estar ao abrigo das águas, ou outros


efluentes vindos de trincheiras,
inundações, etc

Infra-estrutura

Trincheiras ou Taludes

Tipos de Taludes:

– Talude de Aterro;
– Talude de Escavação.
Infra-estrutura
Taludes de Aterro
Superfície de terreno inclinada, resultante da construção de um aterro que
permite a implantação da plataforma da via a cotas superiores às dos
terrenos a ela adjacentes.

Infra-estrutura
Taludes de Escavação
Superfície de terreno inclinada, resultante do desmonte do terreno natural
que permite a implantação da plataforma da via a cotas inferiores às dos
terrenos a ela adjacentes.
Infra-estrutura
Sistemas de Drenagem
Têm a função de desviar (conduzir) as águas da plataforma e do leito da via.

Requisitos:
 Devem ser construídas com secção e inclinação longitudinal suficientes
para escoar rapidamente as águas e permanecerem desobstruídas;

 A sua inclinação longitudinal mínima é de 5 mm/m.

Infra-estrutura
Obras de Arte

A designação de obras de arte refere-se em particular a:

– Ponte
– Viaduto
– Passagem Superior (PS)
– Passagem Inferior (PI)
– Túnel
– Muro de suporte/ Muro de espera
3. Super-estrutura

Super-estrutura
A super-estrutura da via é constituída por:
 Balastro;

 Travessas;

 Carris;

 Material de Fixação;

 Peças de ligação.
Super-estrutura
Balastro
Material granular resultante da britagem de pedra com elevada resistência
ao desgaste e à fragmentação.

Funções

 Distribuir sobre a plataforma os efeitos das cargas rolantes;


 Amortecer os choques provocados pelas circulações ferroviárias, por possuir
uma certa elasticidade em todo o seu conjunto;
 Opor-se eficazmente às deslocações transversais e longitudinais da via.

Super-estrutura

Travessa
É o elemento intermédio da super-estrutura da via e destina-se a apoiar e
fixar os carris e manter a distância entre as duas filas de carris
(Bitola).
Recebem as pressões exercidas sobre os carris, transmitindo e
distribuindo as mesmas sobre o balastro.
Super-estrutura
Tipos de Travessas:
Madeira Betão Bi-bloco Betão Monobloco

Super-estrutura
Travessas Madeira

Vantagens Desvantagens
 Fácil fabrico;  Não garantem uma eficaz
 Fácil manuseamento; fixação aos carris;
 Asseguram um bom nivelamento.  Degradação da floresta.

A sua duração é muito variável, podendo oscilar entre os 15 a 20 anos.


Super-estrutura
Travessas Betão
São as mais utilizadas na actualidade

Vantagens
 São produzidas a partir de matérias primas inesgotáveis;
 Asseguram uma boa fixação;
 Asseguram uma boa estabilidade da via, devido ao seu peso;
 Maior durabilidade.

Super-estrutura
Carris
São vigas de aço laminado, com uma secção transversal formada por cabeça,
alma e patilha.
Super-estrutura
Tipo de Carril:
• Os carris são caracterizados, essencialmente pelo seu peso por metro de
comprimento. Os mais correntes são de 54 kg/m (54E1) e 60 kg/m (60E1)
• Quanto ao comprimentos dos carris, os mais correntes são 18, 36, 72 e 108
metros.

Unidades de Carril:
Carril Unidade formada de uma só peça (sem soldadura)

Barra Fila de carris formada por dois ou mais carris soldados

Barra Curta Fila de carris com o comprimento máximo de 36m

Barra Longa Soldada Fila de carris com o comprimento mínimo de 300m

Super-estrutura
Material de Fixação
Servem para fixar os carris às travessas garantindo o seu posicionamento.

Tipos de Fixação:
Pregação Rígida Pregação Elástica
Super-estrutura
Peças de ligação
As ligações de carris destinam-se a estabelecer a continuidade de duas
barras ou carris distintos.

Tipos de Junta

 Junta mecânica;

 Junta soldada;

 Junta isolante;

Super-estrutura
Ligações de carril

Junta mecânica
Ligação tradicional dos carris composta por 1 par de barretas de 4 ou 6
furos /tipo 60 ou 54 kg/m) e 4 ou 6 parafusos de junta, porca e anilha.
Super-estrutura
Ligações de carril

Junta soldada
Ligação por intermédio de soldadura que garante a continuidade do
material constituinte dos carris.

Super-estrutura
Ligações de carril

Junta isolante colada (JIC)


Ligação composta por um par de barretas de aço (4 ou 6 furos), 1 topo
isolante, 6 casquilhos isolantes de nylon, 2 telas isolantes em fibra de
vidro, 6 parafusos de elevada resistência com porca e anilha e uma
mistura de resina com endurecedor.

Funções

Assegurar o isolamento dos circuitos


de via.
Super-estrutura
Ligações de carril

Junta isolante normal (JIN)


Ligação composta por um par de barretas de madeira lamelada, 1 topo
isolante, 4 parafusos de junta isolante com porca e anilha e 4 barras
metálicas

Funções

Assegurar o isolamento dos circuitos


de via.

4. Parâmetros de Via
Parâmetros de Via
 Bitola;

 Inclinação transversal do carril;

 Nivelamento longitudinal;

 Escala;

 Empeno;

 Alinhamento

 Outros parâmetros

Parâmetros de Via
Bitola da via-férrea
É a distância entre faces interiores dos carris, também designados por
faces de guiamento, medida 15mm abaixo do plano de rolamento.
Parâmetros de Via
Bitola da via-férrea

No que se refere às Bitolas, as linhas classificam-se em:

– Linhas de via normal = 1435 mm


– Linhas de via larga > 1435mm
– (bitola nominal da via larga, na Rede Ferroviária Nacional é de 1668 mm)
– Linhas de via estreita < 1435 mm
– (caso das vias de bitola igual a 1000 ou métrica)

Parâmetros de Via
Inclinação Transversal dos Carris:
Os carris são geralmente assentes com um pequeno ângulo em
relação à horizontal, para:
 Facilitar o ajustamento do carril ao rodado;
 Contrariar os esforços de derrube do carril pelo rodado.

À inclinação transversal do carril, também designada de


tombo é de 1/20.
Parâmetros de Via
Nivelamento longitudinal
É o parâmetro responsável pela regularidade do apoio dos rodados em
movimento e por assegurar a estabilidade vertical dos veículos.

Defeito de nivelamento longitudinal


É o desnível entre a rasante de dois pontos altos e um ponto baixo,
situado entre os dois.

Parâmetros de Via
Escala ou sobreelevação
É a elevação da fila de carris exterior da curva, com o objecto de contrariar
os esforços transversais resultantes da força centrífuga.

Defeito de escala
É a diferença entre a escala existente num determinado ponto da via e a
escala fixada em projecto.
Parâmetros de Via
Empeno
É a variação de escala entre dois pontos da via.

Empeno numa base de 3 metros


É a diferença de escala entre dois pontos da via afastados de 3 metros.

Defeito de empeno
É o excedente de empeno em relação ao disfarce de escala ou empeno
previsto.

Parâmetros de Via
Empeno
Parâmetros de Via
Alinhamento
É o parâmetro responsável pela qualidade do guiamento dos veículos e
por assegurar a estabilidade lateral dos mesmos.

Defeito de alinhamento
É a diferença entre a flecha medida e o valor da flecha fixado em cadastro.

Parâmetros de Via
Tolerâncias dos parâmetros geométricos de via para linhas de bitola 1668
e 1435 mm – Trabalhos de manutenção (IT VIA.018)
Parâmetros de Via
Tolerâncias dos parâmetros geométricos de via para linhas de bitola 1668
e 1435 mm – Alerta (IT VIA.018)

Parâmetros de Via
Tolerâncias dos parâmetros geométricos de via para linhas de bitola 1668
e 1435 mm – Intervenção (IT VIA.018)
Parâmetros de Via
Tolerâncias dos parâmetros geométricos de via para linhas de bitola 1668
e 1435 mm – Acção imediata (IT VIA.018)

Parâmetros de Via
Entrevia
É o afastamento entre as faces de guiamento dos carris de duas vias
contíguas, medido na horizontal.
Parâmetros de Via
Entre-eixos
É o afastamento entre os eixos das duas vias contíguas, medido na
horizontal.

A medida de entre-eixos em recta é por definição igual à soma da entre via


mais duas meias bitolas.

5. Classificação, Referenciação e
Etiquetagem de via
Classificação das Linhas

No que se refere às linhas, quanto ao número de vias, classificam-se


em:

Via Única Via Dupla Via Múltipla

Classificação das Linhas

Identificação das vias duplas :

 VA (Via Ascendente)
via do lado esquerdo com as costas para a origem
 VD (Via Descendente)
via do lado direito com as costas para a origem
Classificação das Linhas

Identificação das vias múltiplas :

- Via Ascendente Rápida (VAR) / Via Descendente Rápida (VDR) / Via


Ascendente Lenta (VAL) / Via Descendente Lenta (VDL)

– Via Ascendente Externa (VAE) / Via Ascendente Interna (VAI) / Via


Descendente Interna (VDI) / Via Descendente Externa (VDE)

– Via Ascendente Norte (VAN) / Via Descendente Norte (VDN) / Via


Ascendente Sul (VAS) / Via Descendente Sul (VDS)

Classificação das Linhas

Exemplo de VAR / VAL / VDL / VDR:


Referenciação e Etiquetagem da Via
• Geograficamente, qualquer ponto de uma linha pode ser identificado
pela respectiva localização quilométrica.

• A localização quilométrica de qualquer ponto da via indica em


quilómetros, a distância desse ponto à origem.

Etiquetagem de Via
São postes ou estacas situadas do lado esquerdo da via (sentido
ascendente) que referenciam quilometricamente a super-estrutura.

Poste quilométrico Estaca hectométrica


Indicador Limite de Resguardo
É o ponto que não deve ser ultrapassado pelos veículos estacionados
numa linha de modo a não impedirem a livre circulação pela linha
contígua.

É constituído por um bloco prismático pintado de amarelo ou branco que é


colocado no ângulo de convergência das duas linhas

6. Representação da via
Representação da Via

A representação da via pode ser efectuada da seguinte


forma:
 Em Planta;

 Perfil Longitudinal;

 Perfil Transversal.

Representação em Planta

 Alinhamento recto

 Curva circular

 Curva de transição
Representação em Perfil longitudinal
 Traineis
Rampa – Designação de um trainel em declive quando percorrido a
subir
Pendente – Designação de um trainel em declive quando percorrido a
descer
Patamar – Designação de um trainel com declive nulo

 Concordâncias
Côncava
Convexa

Representação em Perfil Transversal (Tipo)


Representação gráfica plana dos elementos constituintes da super e da
infra-estrutura da via e dos terrenos adjacentes, bem como do seu
posicionamento relativo, num plano vertical perpendicular à directriz.
Perfil Transversal Tipo em via única
Gabaritos
São normas reguladoras das dimensões limite, podendo ser:
– Gabarito de material
– Gabarito de obstáculos

Gabarito de Material
Regula as dimensões máximas exteriores do material circulante,
distinguindo-se dois tipos:

 Gabarito de Material Estático


Define as dimensões máximas do material circulante em repouso

 Gabarito de Material Cinemático


Define as dimensões máximas do material circulante em movimento

Gabarito de Obstáculos
Regula o espaço mínimo ao longo da via obrigatoriamente livre de
obstáculos.
7. Aparelhos de Via

Super-estrutura
Sentido do Aparelho de Mudança de Via

Direito Quando o desvio dos veículos se processa para a direita;

Esquerda Quando o desvio dos veículos se processa para a esquerda;

Simétrico Quando desvia dos veículos se processa para a direita e


para a esquerda com o mesmo ângulo.

Para distinguir o sentido dum aparelho de mudança de via o observador


coloca-se sobre a ponta da agulha, no eixo da via
Super-estrutura
Aparelhos de Via
São dispositivos especiais aplicados na via para que esta possa cumprir o
seu objectivo de suporte e guiamento dos veículos.

Tipos de Aparelhos de Via:


 Mudança de Via Simples (MVS), também normalmente designado de
Aparelho de Mudança de Via (AMV);
– Atravessamento Oblíquo (ATO);
– Atravessamento rectangular (ATR);
– Transversal de Junção Simples (TJS);
– Transversal de Junção Dupla (TJD).

Super-estrutura
Aparelhos de Mudança de Via
Dispositivo que através da manobra das agulhas , permite o desvio do
material circulante para outra via.
Super-estrutura
Constituição do Aparelho de Mudança de Via

Grade da Cróssima Grade Intermédia Grade de Agulha


ou Cruzamento

ATO – Atravessamento oblíquo


É um aparelho que permite o cruzamento de duas vias ao mesmo nível.
É formado por 2 cróssimas de 1 bico e 2 cróssimas de 2 bicos de igual
tangente.

TJS – Transversal de junção dupla


É um aparelho que permite o cruzamento de duas vias ao mesmo nível
e o desvio do material circulante de uma para a outra.
É formado por 1 ATO e 2 grades de agulha (1 esquerda e 1 direita)

TJD – Transversal de junção dupla


É um aparelho que permite o cruzamento de duas vias ao mesmo nível
e o duplo desvio do material circulante de uma para a outra.
É formado por 1 ATO e 4 grades de agulha (2 esquerdas e 2 direitas)
ATO

TJS

TJD

Aparelho de Dilatação
Servem para absorver as dilatações e contracções das zonas de respiração
das BLS e/ou de pontes metálicas.

Tipos de Aparelhos de Dilatação:


– Unidireccional
– Bidireccional
Aparelho Carrilador
Servem para promover o carrilamento de um ou mais eixos de uma
composição, em que os mesmos circulem descarrilados.

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