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DURABILIDADE E LIMITE DE USO DOS TRILHOS

A superestrutura viária constituída por sublastro, lastro, dormente, trilho e


deve cumprir duas funções: constituir a superfície de rolamento para as rodas dos
veículos ferroviários, servindo como guia, além de transmitir os esforços decorrentes
do movimento desses veículos para a infra-estrutura viária, sendo o trilho o elemento
responsável por cumprir estas duas funções, além de ser parte integrante do
sistema de transporte ferroviário, composto de veículo e via.

Os trilhos cumprem duas funções principais: constituem a superfície de


rolamento pelo qual trafegam os veículos ferroviários, servindo como guia, e
transmitem os esforços decorrentes do movimento do veículo (carga dos eixos,
esforços de aceleração e frenagem e esforços devido à variação de temperatura)
para a infra-estrutura viária. Os trilhos requerem a máxima precisão para o
alinhamento em planta e nivelamento do perfil longitudinal, assim como adequada
sobrelevação para poder permitir altas velocidades e conforto, em tráfego que
submete os trilhos a grandes esforços. Ao apresentarem defeitos ou desgastes
podem ser reaproveitados.

De acordo com Brina (2), várias indicações têm sido adotadas para fixar
esses limites. Algumas estradas de ferro admitem, para o desgaste vertical do
boleto, o limite de 12 milímetros para linhas principais e de 15 a 20 milímetros para
linhas secundárias. Para o desgaste lateral do boleto, admitem que o ângulo de
desgaste θ (figura 1) possa atingir de 32 a 34°. A largura do boleto, por sua vez,
deve guardar com sua altura uma relação tal que o desgaste lateral não obrigue a
substituição do trilho antes que o mesmo tenha atingido o limite de desgaste vertical.
A relação c1/e é de aproximadamente 1,6 a 1,8 (figura 2). A relação ideal h/l1 está
entre l e l,1. A perda de peso admitida é de 10% para trilhos até 45 kg/m e 15 a 20%
para trilhos mais pesados.

Figura1:Desgaste lateral figura 2: Desgaste vertical

DESGASTES E DEFEITOS EM TRILHOS FERROVIÁRIOS

Os trilhos estão sujeitos a defeitos de fabricação que vão desde defeitos


metalúrgicos, formados durante a solidificação do lingote (como segregações,
inclusões e trincas de solidificação) ou no processo de laminação (dobras). Há
deformações que são originadas partir da ação repetida do carregamento exercido
pelas rodas no trilho pela passagem do trem, que, além de poder formar
deformidades, é também responsável pela propagação de trincas. Esses defeitos
afetam a integridade dos trilhos ferroviários, já que aumentam os riscos de falhas
que podem ocasionar acidentes e trazer, como consequência, perdas humanas e
econômicas.

alguns defeitos em trilhos podem ser visualmente identificados, porém a


grande maioria requer inspeções por ultrassom. Os desgastes podem ser
monitorados por medidores de perfil com gabaritos apropriados. Nos trechos com
traçados sinuosos prevalecem os desgastes laterais do boleto dos trilhos externos
de curvas, já nos trechos com traçados mais retilíneos prevalecem os defeitos por
desgastes horizontais ou os defeitos superficiais

Para medir o desgaste através da perda de área do boleto, necessitamos de


um instrumento que seja capaz de desenhar todo o perfil do trilho e a partir disso
calcular a perda de área do boleto.
A perda máxima admitida da área do boleto é de 25% para veículos de cargas
perigosas e para passageiros. Esse número está na resolução da ANTT e deve ser
seguido pelas concessionárias ferroviárias.
A resistência ao desgaste pode ser minimizada por meio do tratamento
térmico do boleto e através da lubrificação da lateral do boleto.

FADIGA

A falha por fadiga é um fenômeno devagar, no qual um material falha devido a


solicitações cíclicas. O desenvolvimento da falha por fadiga pode ser dividido em
três partes: início da trinca; propagação da trinca; e fratura súbita. As duas primeiras
fases requerem solicitações cíclicas para se desenvolverem.

CRITÉRIO POR FADIGA

Ocorre de defeitos no canto ou no topo do boleto, tanto nos trilhos de curvas


ou tangentes que provocam vibrações com a perda da condição de socaria da linha
ou comprometimento das fixações

A falha por fadiga devido ao rolamento da roda sobre o trilho é conhecida por
RCF (Rolling Contact Fatigue) e ocorre basicamente pela presença de altas tensões
cisalhantes desenvolvidas pelo contato entre os corpos. As tensões têm caráter
cíclico, devido à passagem de várias rodas sobre um ponto do trilho. Estas
solicitações podem danificar o trilho levando ao surgimento de trincas, as quais
podem se iniciar superficialmente, quando o trilho é submetido a grandes esforços
tangenciais.
DEFEITOS INTERNOS NOS TRILHOS

Geralmente, os defeitos internos são originários de falhas de fabricação ou


fim de vida útil devido a carregamentos sucessivos (fadiga). Para se desenvolver um
defeito interno no trilho é necessário ele esteja sujeito a alguma forma de tensão:

Os defeitos internos podem ser classificados de acordo com seu


desenvolvimento. As características geralmente utilizadas para a classificação dos
defeitos internos são; Direção de propagação: transversal, vertical ou horizontal.
Local de surgimento: boleto, alma, patim, furo, solda, junta.Tipo de solda: elétrica,
aluminotérmica, a gásTamanho: pequeno, médio ou grande.
Velocidade de progressão: normal, rápida, repentina.

Ex1: Trinca vertical no boleto

É uma fratura no plano vertical que se desenvolve de modo progressivo e


longitudinalmente ao centro do boleto, conforme exposta a figura a seguir, podendo
atingir mais de 2m ao longo do comprimento do trilho. O crescimento desta trinca é
relativamente rápido até que ela aflore em algum ponto da extensão do trilho.

Fonte: MRS Logística


Ex2:Trinca de patinação de roda

É uma fratura no plano transversal provocada pela patinação de roda que se


desenvolve logo abaixo da marca de patinação. Ela se encaminha em direção à
alma do trilho e no sentido da parte externa do boleto.

Fonte: MRS Logística

ACESSÓRIOS PARA TRILHOS

TALAS DE JUNÇÃO

Geralmente suas dimensões são 10,12 ou 18 metros, para manter a


continuidade dos trilhos, são colocados nas pontas dos mesmos duas peças,
chamadas talas e junção, posicionadas de um e outro lado do trilho e apertadas
pelos parafusos, contra a parte inferior do boleto e a parte superior do patim.
PARAFUSOS

Os parafusos servem para apertar a talas de junção contra as pontas dos


trilhos são simples parafusos comuns, com porcas, tendo próximo a cabeça uma
gola oval ,que se encaixa na tela e tem por objetivo evitar que o parafuso gire ,ao ser
apertado pela porca ,sem ser necessário segurá-lo.

ARRUELAS
São utilizadas para impedir que o parafuso se afrouxe com a trepidação na
passagem dos trens, devem ser colocadas entre a tala e a porca do parafuso uma
arruela, que dará maior pressão a porca.

Fonte: Felipe Cava (2008)


PLACAS DE APOIO
Para um aumento da área de apoio do trilho no dormente coloca-se entre eles
uma chapa de aço, com os furos necessários á passagem dos elementos de fixação
do trilho ao dormente.

Fonte: Railway
ACESSÓRIOS DE FIXAÇÃO
São elementos de fixação do trilho ao dormente ou á placa de apoio.

TIPOS DE FIXAÇÃO
O mais comum e prego de linha ou grampo de linha, geralmente e
de seção retangular e termina com cunha.

Fonte: Railway
Referências Bibliográfica

LORENZ, GUILHERME. ESTUDO DAS MANUTENÇÕES E DESGASTES DECORRENTES


DO TRÁFEGO DOS VEÍCULOS FERROVIÁRIOS NOS TRILHOS DA VIA PERMANENTE DA
TRENSURB. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia Civil) -
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ, [S. l.],
04/12/2018. Disponível em:
https://bibliodigital.unijui.edu.br:8443/xmlui/bitstream/handle/123456789/6006/Guilherme
%20Lorenz.pdf?sequence=1. Acesso em: 19 abr. 2023.

DA SILVA SEMPREBONE, Paula. Desgastes em trilhos ferroviários ? Um estudo teórico.


2005. Dissertação de Mestrado (Pós-graduação) - A Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura
e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas, [S. l.], 07/12/2005. Disponível em:
file:///D:/Downloads/Semprebone_PauladaSilva_M.pdf. Acesso em: 19 abr. 2023.

SCHNEIDER, Eduardo Luis. ANÁLISE DA VIDA ÚTIL DE TRILHOS COM DEFEITOS


TRANSVERSAIS DESGASTADOS EM SERVIÇO. Revista tecnologia e Tendências, [S. l.], p.
1-14, 1 jun. 2014. Disponível em:
https://periodicos.feevale.br/seer/index.php/revistatecnologiaetendencias/article/view/1336.
Acesso em: 19 abr. 2023.

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