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Aparelhos de via
3 Referências bibliográficas...........................................................................................27
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Capítulo 1 - Aparelhos de mudança de via (AMV)
Figura 1.1 – Trilhos denominados agulha. Lado esquerdo agulha aberta, lado direito agulha
vedada
Figura 1.2 – Região do coice da agulha ou talão, parte mais grossa do trilho de agulha
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Capítulo 1 - Aparelhos de mudança de via (AMV)
Figura 1.4 – Esquema da barra de conjugação ligada mecanicamente ao aparelho de manobra,
(2)
Figura 1.5 – Região do Jacaré do AMV, onde também é possível visualizar os contra-trilhos
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Capítulo 1 - Aparelhos de mudança de via (AMV)
Figura 1.7 – Concepção da passagem da roda pelo Jacaré, (2)
Figura 1.9 – Visão geral da entrada de um AMV com as placas deslizantes bem lubrificadas
O sentido do tráfego dos veículos sobre um AMV, deve, em geral, respeitar a abertura
da agulha. Seja no sentido do aparelho de manobra para o Jacaré, ou do Jacaré para o aparelho
de manobra, os veículos, a princípio, deverão seguir a rota que estiver com a agulha aberta (no
caso da Figura 1.9 à esquerda). Tal controle de rotas é geralmente definido pela equipe de
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Capítulo 1 - Aparelhos de mudança de via (AMV)
operação da ferrovia, de tal modo que AMV geralmente ficam travados para uma determinada
rota, principalmente naqueles equipamentos que demandam movimentação manual da chave.
Em AMV convencionais, caso um veículo esteja seguindo no sentido Jacaré (região do
cruzamento) para a manobra (região da chave), cruzamento-chave, estando a agulha vedada
para a sua rota, haverá a quebra de componentes do AMV, uma vez que não existe espaço para
o friso das rodas entre a agulha e o trilho de encosto (a menos que estejamos tratando de um
AMV de mola). A esse procedimento operacional incorreto dá-se o nome de “AMV contra”.
Tal dano ao AMV não ocorrerá nos chamados AMV de mola (Figura 1.3), uma vez que
na região da barra de conjugação existe um pistão, que, mesmo estando o AMV travado e
vedado para determinada rota, permite o movimento das agulhas sem danificar o AMV. Tal pistão
funciona como uma mola, vedando novamente a agulha contra o trilho de encosto assim que o
veículo transponha a região, mesmo em AMV contra.
Geralmente o AMV é dividido em duas direções, uma denominada principal (segmento
retilíneo) e outra denominada desvio, por onde existirá uma curva no próprio AMV, que,
dependendo do caso, necessitará de uma superelevação para compensar o efeito da força
centrífuga, como uma curva qualquer.
Assim, uma vez que a direção do desvio do AMV se conectará na linha adjacente à
principal, existe um limite em que uma composição contrária pode prosseguir sem que haja riscos
de uma possível colisão. A essa posição damos o nome de “marco de entrevia”, geralmente
materializado entre as duas vias por uma esfera de concreto, pintada com cores vivas, ou outro
dispositivo ou material, Figura 1.10. Caso o veículo contrário ultrapasse o marco, existe a chance
real de colisão.
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Capítulo 1 - Aparelhos de mudança de via (AMV)
um ponto um pouco à frente da ponta do Jacaré onde a abertura seja igual a 10 cm. Em seguida,
marca-se um segundo ponto, onde a abertura seja igual a 20 cm. A distância entre os dois pontos,
dividida por 10, será o número do AMV, de maneira aproximada.
1
𝑐𝑑 𝑐𝑑 1 1 𝛼
𝑁= = = 1 = 𝛼 → 𝑁 = cot ( ) (1.1)
𝑎𝑏 2𝑎𝑑 2𝑎𝑑 2 tan ( ) 2 2
𝑐𝑑 2
Onde: 𝑁 = número do AMV, que define sua abertura. 𝛼 = ângulo de abertura do coração do
Jacaré.
Agora que sabemos definir o número do AMV, é possível definir os componentes gerais
que compõem o AMV, tal como seus devidos comprimentos. A Figura 1.11, a Tabela 1.1 e a
Tabela 1.2 apresentam tais componentes.
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Capítulo 1 - Aparelhos de mudança de via (AMV)
Tabela 1.2 – Exemplos de comprimentos e ângulos das partes de um AMV padrão, conforme
seu número
Parte do
Nº 08 Nº 10 Nº 12 Nº 14 Nº 16 Nº 18 Nº 20
AMV
A 5029 mm 5029 mm 6706 mm 6706 mm 9144 mm 9144 mm 9144 mm
B 1º46’22” 1º46’22” 1º19’46” 1º19’46” 0º58’30” 0º58’30” 0º58’30”
C 104,8 mm 104,8 mm 139,7 mm 139,7 mm 187,3 mm 187,3 mm 187,3 mm
D 7º09’10” 5º43’29” 4º46’19” 4º05’27” 3º34’47” 3º10’56” 2º51’51”
E 3962 mm 5029 mm 6198 mm 7188 mm 7925 mm 8915 mm 9410 mm
F 1549 mm 1956 mm 2375 mm 2969 mm 2870 mm 3365 mm 3365 mm
G 2413 mm 3073 mm 3823 mm 4559 mm 5055 mm 5550 mm 6045 mm
H 101,6 mm 127 mm 152,4 mm 177,8 mm 203,2 mm 228,6 mm 254 mm
I 2870 mm 2870 mm 2870 mm 2870 mm 3810 mm 3810 mm 3810 mm
J (b.
17446 mm 20101 mm 25208 mm 27962 mm 34029 mm 36433 mm 39010 mm
métrica)
J (b. larga) 25133 mm 29258 mm 36466 mm 40637 mm 49117 mm 52965 mm 56912 mm
K (b.
15033 mm 17028 mm 21385 mm 23403 mm 28974 mm 30883 mm 32965 mm
métrica)
K (b. larga) 22720 mm 26185 mm 32643 mm 36078 mm 44062 mm 47415 mm 50867 mm
L (b. 15036,2 17005,8 21382,3 23364,9 28958,1 30841,7 32898,3
métrica) mm mm mm mm mm mm mm
22723,2 26162,8 32630,3 36039,9 44046,1 47173,7 50800,3
L (b. larga)
mm mm mm mm mm mm mm
M (b.
99 mm 87 mm 93 mm 85 mm 96 mm 89 mm 84 mm
métrica)
M (b. larga) 190 mm 165 mm 177 mm 161 mm 182 mm 168 mm 158 mm
N (b.
8448 mm 10036 mm 12298 mm 14062 mm 16954 mm 18367 mm 20449 mm
métrica)
N (b. larga) 16136 mm 19194 mm 23556 mm 26737 mm 32042 mm 34899 mm 38351 mm
O (b.
8491 mm 10071 mm 12327 mm 14087 mm 16975 mm 18387 mm 20446 mm
métrica)
O (b. larga) 16204 mm 19250 mm 23603 mm 26778 mm 32076 mm 34931 mm 38379 mm
R (b. 146108 205272 292424 373535 477452 620906
90489 mm
métrica) mm mm mm mm mm mm
172639 279185 392937 555740 705715 906899 1164177
R (b. larga)
mm mm mm mm mm mm mm
Para a bitola métrica, S = 158,7 mm e P = 1000 mm
Para a bitola larga, S = 158,7 mm e P = 1600 mm
Fonte: disponível em <http://www.fertrilhos.com.br/tabelas>, acesso em 28/08/2018
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Capítulo 1 - Aparelhos de mudança de via (AMV)
Figura 1.13 – AMV simétrico, (2)
(a) (b)
Figura 1.14 – AMV assimétrico: (a) convexo; (b) côncavo, (2)
(a) (b)
Figura 1.15 – AMV de bitola mista à direita: (a) bitola métrica à direita; (b) bitola métrica à
esquerda, (2)
(a) (b)
Figura 1.16 – AMV de bitola mista à esquerda: (a) bitola métrica à direita; (b) bitola métrica à
esquerda, (2)
Segundo (2), existem nove tipos básicos de jacarés:
a) Jacaré de trilho aparafusado ou jacaré de trilhos, construídos de trilhos usinados com
pontas biseladas, ajustados e unidos rigidamente através de parafusos. Admitido em
linhas de tráfego leve, desvios ou ramais industriais;
b) Jacaré com núcleo removível em aço-manganês, constituído por uma única peça
fundida em aço-manganês e rigidamente fixada em pedaços de trilhos por meio de
parafusos, formando um conjunto sólido. Admitido em linhas de tráfego pesado onde
a densidade de movimento é semelhante à via principal;
c) Jacaré com ponta móvel ou jacaré móvel, em que uma das pernas, por pressão de
mola, fecha o espaço entre ela e a ponta do coração;
d) Jacaré com ponta removível;
e) Jacaré móvel com aparelho, cujo coração é movimentado por um aparelho elétrico;
f) Jacaré móvel com mola, acionado pelo friso da roda, mantendo-se em posição
constante através da ação de um dispositivo de mola;
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Capítulo 1 - Aparelhos de mudança de via (AMV)
g) Jacaré maciço, inteiriço, fundido em uma peça única;
h) Jacaré guia-rodas, maciço com ressaltos laterais que guiam a roda, dispensando o
uso de contratrilhos. Podendo ser empregados em linhas onde a velocidade não
ultrapassa 48 km/h, Figura 1.17.
Figura 1.18 – Vista frontal da entrada do AMV na região dos trilhos agulhas, (2)
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Capítulo 1 - Aparelhos de mudança de via (AMV)
Figura 1.19 – Vista superior do coice da agulha, (2)
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Capítulo 1 - Aparelhos de mudança de via (AMV)
Figura 1.22 – Esquema com a distância vertical entre a face superior da agulha e a superfície
de rolamento do trilho, (2)
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Capítulo 1 - Aparelhos de mudança de via (AMV)
1.5 Elementos de projeto do AMV
1.5.1 AMV com derivação lateral em bitola única
É o caso mais simples e comum do projeto de um AMV, apresentando na Figura 1.23.
Nesse tipo de AMV o desvio é uma curva reversa (com dois raios e um ponto comum de
tangência), sendo necessário determinar:
a) O ângulo de abertura do Jacaré, 𝛼;
b) O ângulo do desvio, β;
c) A projeção das agulhas na direção horizontal, m;
d) Os raios R e R’, formando, respectivamente, os arcos BE e HJ, que também deverão
ser determinados;
e) A distância do coice da agulha ao coração do Jacaré, l;
f) A distância do coração do Jacaré ao marco de entrevia, l’, local onde as linhas
principal e desvio se tornam paralelas.
Para tais determinações, se conhece:
a) A bitola, B, de eixo a eixo dos trilhos (bitola mais um boleto);
b) O número do AMV, N, uma vez que no mercado existem modelos pré-determinados,
e consequentemente (ver Figura 1.11 para melhor entendimento) sabe-se:
a. o comprimento dos trilhos agulhas, h;
b. a comprimento (abertura de eixo a eixo) do coice da agulha (folga mais um
boleto), i;
c. o segmento de reta que fica na frente do coração do Jacaré, t;
d. o segmento de reta que fica atrás do coração do Jacaré, n.
c) A entrelinha, E;
Onde: 𝑁 = número do AMV, que define sua abertura. 𝛼 = ângulo de abertura do Jacaré.
Tem-se ainda que:
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Capítulo 1 - Aparelhos de mudança de via (AMV)
𝑖 𝑖
sin 𝛽 = → 𝛽 = arcsin ( ) (1.3)
ℎ ℎ
Onde: 𝛽 = ângulo do desvio; 𝑖 = comprimento do coice da agulha; ℎ = o comprimento dos trilhos
agulhas.
𝑚 = ℎ × cos(𝛽 ) (1.4)
Onde: 𝑚 = projeção das agulhas na direção horizontal; ℎ = o comprimento dos trilhos agulhas; 𝛽
= ângulo do desvio.
𝐼 = 𝐷𝐸 + 𝐹𝐺 = 𝐶𝐸 − 𝐶𝐷 + 𝐹𝐺 = 𝐶𝐸 − 𝐴𝐵 + 𝐹𝐺
(1.6)
𝐼 = 𝑅 sin(𝛼) − 𝑅 sin(𝛽) + 𝑡 cos(𝛼 ) → 𝐼 = 𝑅[sin(𝛼) − sin(𝛽)] + 𝑡 cos(𝛼 )
Onde: 𝐼 = distância do coice da agulha ao coração do Jacaré; 𝑅 = raio da curva na região dos
trilhos agulhas; 𝛼 = ângulo de abertura do Jacaré; 𝛽 = ângulo do desvio; 𝑡 = segmento de reta
que fica na frente do coração do Jacaré.
𝛼 𝐸 𝛼
𝐸 = (𝑛 + 𝐻𝐼 ) sin 𝛼 → 𝐸 = [𝑛 + 𝑅′ tan ( )] sin 𝛼 → − 𝑛 = 𝑅′ tan ( )
2 sin 𝛼 2
𝐸 𝑛 𝐸 − 𝑛 sin(𝛼) (1.7)
′ ′
𝛼 − 𝛼 =𝑅 →𝑅 = 𝛼
sin(𝛼) tan (2 ) tan ( 2 ) sin(𝛼) × tan ( 2 )
Onde: 𝑅′ = raio da curva após o Jacaré até o marco de referência; 𝐸 = entrelinha; 𝑛 = segmento
de reta que fica atrás do coração do Jacaré; 𝛼 = ângulo de abertura do Jacaré.
𝐸 𝛼
𝑙 ′ = 𝐺𝐼 ′ + 𝐼𝐽 → 𝑙 ′ = + 𝑅′ × tan ( ) (1.8)
tan(𝛼) 2
Onde: 𝑙 ′ = distância do coração do Jacaré ao marco de entrevia; 𝐸 = entrelinha; 𝛼 = ângulo de
abertura do Jacaré; 𝑅′ = raio da curva após o Jacaré até o marco de referência.
(𝛼 − 𝛽 ) 𝑅 𝜋
̂ =
𝐵𝐸 (1.9)
180°
̂ = comprimento do arco da curva na região dos trilhos agulhas; 𝛽 = ângulo do desvio;
Onde: 𝐵𝐸
𝛼 = ângulo de abertura do Jacaré.
𝛼𝑅𝜋
̂=
𝐻𝐽 (1.10)
180°
̂ = comprimento do arco da curva após o Jacaré até o marco de referência; 𝛼 = ângulo
Onde: 𝐻𝐽
de abertura do Jacaré.
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Capítulo 1 - Aparelhos de mudança de via (AMV)
1.5.2 AMV Travessão
Esse tipo aparelho de via é muito utilizado em pátios ferroviários, onde existem diversas
linhas paralelas, gerando a necessidade de constante mudança de linhas, Figura 1.24. Em geral,
trata-se de dois AMV idênticos. O cálculo do ângulo do Jacaré (𝛼), da projeção das agulhas na
direção horizontal (m), e da distância do coice da agulha ao coração do Jacaré (l), seguem a
mesmas formulações apresentadas anteriormente.
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Capítulo 1 - Aparelhos de mudança de via (AMV)
Figura 1.25 – AMV com desvios simétricos em relação a entrevia, (1)
𝛼 𝛼
𝐵 = 2[𝐸𝐹 + (𝐴𝐶 )] + 𝑖 → 𝐵 = 2 [𝑡 sin ( ) + (𝑅 cos 𝛽 − 𝑅 cos ( ))] + 𝑖
2 2
𝛼 (1.13)
𝛼 𝛼 𝐵 − 2𝑡 sin ( 2 ) − 𝑖
𝐵 = 2𝑡 sin ( ) + 2𝑅 [cos 𝛽 − cos ( )] + 𝑖 → 𝑅 = 𝛼
2 2 2 [cos 𝛽 − cos ( 2 )]
Onde: 𝑅 = raio da curva na região dos trilhos agulhas; 𝐵 = bitola de eixo a eixo dos trilhos; 𝑡 =
segmento de reta que fica na frente do coração do Jacaré; 𝑖 = comprimento do coice da agulha;
𝛼 = ângulo de abertura do Jacaré; 𝛽 = ângulo do desvio;
𝐼 = 𝐷𝐸 + 𝐹𝐺 = 𝐶𝐸 − 𝐶𝐷 + 𝐹𝐺 = 𝐶𝐸 − 𝐴𝐵 + 𝐹𝐺
𝛼 𝛼 𝛼 𝛼 (1.14)
𝐼 = 𝑅 sin ( ) − 𝑅 sin 𝛽 + 𝑡 cos ( ) → 𝐼 = 𝑅 [sin ( ) − sin 𝛽] + 𝑡 cos ( )
2 2 2 2
Onde: 𝐼 = distância do coice da agulha ao coração do Jacaré; 𝑅 = raio da curva na região dos
trilhos agulhas; 𝛼 = ângulo de abertura do Jacaré; 𝛽 = ângulo do desvio; 𝑡 = segmento de reta
que fica na frente do coração do Jacaré.
𝛼
𝐸 𝐸 − 2 n sin ( 2 )
𝛼 −𝑛 𝛼 𝛼
𝐻𝐼 𝐺𝐼 − 𝑛 2 sin (2 ) 2 sin ( 2 ) 𝐸 − 2 n sin ( 2 ) (1.15)
𝑅′ = 𝛼 = 𝛼 = 𝛼 → 𝑅′ = 𝛼
′
→𝑅 = 𝛼 𝛼
tan (4 ) tan (4 ) tan ( 4 ) tan ( 4 ) 2 sin ( 2 ) tan ( 4 )
Onde: 𝑅′ = raio da curva após o Jacaré até o marco de referência; 𝐸 = entrelinha; 𝑛 = segmento
de reta que fica atrás do coração do Jacaré; 𝛼 = ângulo de abertura do Jacaré.
𝐸 𝐸
′ ′ 2 ′
𝛼 ′ 2 ′
𝛼
𝑙 = 𝐺𝐾 + 𝐼𝐽 → 𝑙 = 𝛼 + 𝑅 tan ( 4 ) → 𝑙 = 𝛼 + 𝑅 tan ( 4 ) (1.16)
tan (2 ) tan ( 2 )
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Capítulo 1 - Aparelhos de mudança de via (AMV)
1.5.4 AMV com desvios saindo em curva para o mesmo lado
Esse tipo de AMV é apresentado na Figura 1.26. A partir da linha principal que passa
transversalmente ao corte AA’, são derivados dois desvios que efetivamente se separaram no
coração do Jacaré, no ponto B, comum entre os desvios. Existem então duas curvas com raios
diferentes, sendo R > R’. A curva com raio R (OB’ ou OB + bitola/2) é a mais externa, já a curva
com raio R’ (O’B – bitola/2) é a mais interna. O centro da curva de raio R é o ponto O, já o centro
da curva com raio R’ é o ponto O’. Veja que é formado um triângulo OAB. O ângulo T é formado
no encontro dos segmentos de reta AO e AB.
Para o caso em questão, é conhecido a bitola de eixo a eixo (𝐵), o ângulo de abertura
do Jacaré (𝛼) e o raio da curva externa (R).
Os elementos necessários a se calcular para o projeto e locação do AMV em campo são:
a) O ângulo 𝛿, formado no encontro dos segmentos de reta OA e OB, do triângulo OAB;
b) O raio R’ da curva mais interna dos desvios;
c) O comprimento do segmento de reta AB, denominado l;
d) O comprimento do segmento de reta A’B, denominado l’.
Figura 1.26 – AMV com desvios saindo em curva para o mesmo lado, (1)
Verificando a Figura 1.26 na região do Jacaré:
𝐵
𝛼 2 𝛿 𝐵´𝐶 𝛿 𝐵 1
tan ( ) = e tan ( ) = , assim: tan ( ) = ,
2 𝐵´𝐶 2 𝑅 2 𝑅 2 tan(𝛼)
2
1 𝛼
Conforme visto na equação (1.2), 𝑁 = 2 cot ( 2 ), logo: (1.17)
𝛿 𝐵 𝐵𝑁
tan ( ) = 𝑁 → 𝛿 = 2 arctan ( )
2 𝑅 𝑅
Onde: 𝛿 = ângulo formado no encontro dos segmentos de reta OA e OB, do triângulo OAB; 𝐵 =
bitola da via até o eixo dos trilhos; 𝑅 = raio da curva mais externa dos desvios; 𝑁 = número do
AMV.
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Capítulo 1 - Aparelhos de mudança de via (AMV)
𝐵 𝐵 𝐵 𝐵 𝐵
𝑅′ + 𝑅− 𝑅− 𝑅′ + 𝑅−
2= 2 = 2 → 2 = 2
sin(𝛿 ) sin[180° − (𝛼 + 𝛿 )] sin(𝛼 + 𝛿 ) sin(𝛿 ) sin(𝛼 + 𝛿 )
(1.18)
𝐵
(𝑅 − 2 ) sin(𝛿 ) 𝐵
𝑅′ = −
sin(𝛼 + 𝛿 ) 2
Onde: 𝑅′ = raio da curva mais interna dos desvios; 𝑅 = raio da curva mais externa dos desvios;
𝐵 = bitola da via até o eixo dos trilhos; 𝛿 = ângulo formado no encontro dos segmentos de reta
OA e OB, do triângulo OAB; 𝛼 = ângulo de abertura do Jacaré.
Onde: 𝑙 = comprimento do segmento de reta AB; 𝑅′ = raio da curva mais interna dos desvios; 𝐵
= bitola da via até o eixo dos trilhos; 𝛼 = ângulo de abertura do Jacaré; 𝛿 = ângulo formado no
encontro dos segmentos de reta OA e OB, do triângulo OAB.
Onde: 𝑙′ = comprimento do segmento de reta A’B; 𝑅 = raio da curva mais externa dos desvios; 𝐵
= bitola da via até o eixo dos trilhos; 𝛼 = ângulo de abertura do Jacaré; 𝛿 = ângulo formado no
encontro dos segmentos de reta OA e OB, do triângulo OAB.
Caso ainda seja necessário mais relações para resolução de problemas de projeto, tem-
se a relação trigonométrica apresentada na equação (1.21), exemplificada no triângulo qualquer
da Figura 1.27. Aplicando-a no triângulo OAB da Figura 1.26, obtém-se a equação (1.22).
𝐴̂ + 𝐵̂ 103 + 47
𝑎 + 𝑏 tan ( 2 ) 200 + 150 tan ( 2 )
= → = →7=7 (1.21)
𝑎−𝑏 𝐴̂ − 𝐵̂ 200 − 150 tan (103 − 47)
tan ( 2 ) 2
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Capítulo 1 - Aparelhos de mudança de via (AMV)
𝐵 𝐵 (𝛼 + 𝑇 ) + 𝑇
(𝑅 + 2 ) + (𝑅 − 2 ) tan ( ) 2𝑅 tan (𝛼 + 2𝑇 )
2 2
= → = 𝛼
𝐵 𝐵 (𝛼 + 𝑇 ) − 𝑇 𝐵 tan (
(𝑅 + ) − (𝑅 − ) tan (
2 2 2 ) 2)
Figura 1.28 – AMV com desvios saindo em curva para lados opostos, (1)
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Capítulo 1 - Aparelhos de mudança de via (AMV)
Utilizando relações trigonométricas, de maneira semelhante ao que foi realizado no AMV
do caso anterior, relações essas demonstradas por (1), tem-se para o ângulo 𝛿 a mesma
equação (1.17) já apresentada. Portanto:
𝐵𝑁
𝛿 = 2 arctan ( ) (1.23)
𝑅
Onde: 𝛿 = ângulo formado no encontro dos segmentos de reta O’F e O’K; 𝐵 = bitola da via até o
eixo dos trilhos; 𝑅 = raio da curva inferior, conhecido; 𝑁 = número do AMV.
Onde: 𝑙 = comprimento do segmento de reta BK; 𝑅 = raio da curva inferior, conhecido; 𝐵 = bitola
da via até o eixo dos trilhos; 𝛿 = ângulo formado no encontro dos segmentos de reta O’F e O’K.
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Capítulo 1 - Aparelhos de mudança de via (AMV)
2 Aparelhos gerais de via
2.1 Aparelho de translação do eixo da via (pombinho)
Também conhecidos como chave fixa, são aparelhos que permitem a mudança da
posição da bitola na via, em vias de bitola mista, da esquerda para a direita, da direita para a
esquerda, para o centro ou vice e versa. No Brasil, onde existem duas bitolas predominantes
(métrica e larga de 1600 mm), é utilizado para alterar a bitola métrica de posição.
No caso da Figura 2.1, alterou-se a bitola métrica, que está à direita, para o centro da
via, ou seja, para a esquerda. Nesse caso, é necessário a utilização de contratrilhos para “puxar”
o rodeiro para a posição desejada.
2.2 Giradores
São estruturas implantadas na via para alterar o sentido dos veículos ferroviários, uma
vez que esses são conseguem manobrar, como ocorre com os veículos rodoviários, Figura 2.2.
Os giradores podem ser automatizados ou manuais, sendo relativamente fáceis de
serem operados, principalmente se bem lubrificados.
Figura 2.2 – Automotriz A4 da EFCJ no girador manual da estação ferroviária de Santo Antônio
do Pinhal. Disponível em < http://vfco.brazilia.jor.br/Trem-Turistico/EFCJ-Campos-
Jordao/aventura-VFCJ-1990-a.shtml>, acesso em 28/08/2018
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Capítulo 2 - Aparelhos gerais de via
Figura 2.3 – Mesa transferidora movimentando um carro de passageiros da CPTM. Disponível
em < https://www.youtube.com/watch?v=bnn8Ax3nVeA>, acesso em 28/08/2018.
Figura 2.4 – Triângulo de reversão ferroviário localizado no pátio ferroviário de São Simão/GO
Os triângulos de reversão demandam a instalação de três aparelhos de mudança de via.
O veículo ferroviário vem em determinada direção até a transposição de dois AMV. Após essa
etapa, muda-se a chave dos AMV, move-se o veículo de ré até a transposição de mais dois AMV.
Então é só o veículo seguir em marcha normal que estará sem sentido contrário.
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Capítulo 2 - Aparelhos gerais de via
Figura 2.5 – Pêra ferroviária no estado brasileiro do Tocantins. Disponível em <
http://www.informativodosportos.com.br/vli-inaugura-dois-novos-terminais-intermodais-no-
tocantins/ >, acesso em 28/08/2018
2.6 Cruzamentos
Cruzamentos ferroviários são dispositivos que permitem a passagem de veículos
ferroviários em sentido transversal, um em relação ao outro, Figura 2.6. Por se tratar de vias
independentes, é possível inclusive o cruzamento de ferrovias de bitolas diferentes.
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Capítulo 2 - Aparelhos gerais de via
Figura 2.7 – Para-choque com sistema de absorção de energia em caso de impacto, inclusive
protegendo um pilar estrutural. Disponível em <https://en.wikipedia.org/wiki/Buffer_stop>,
acesso em 28/08/2018
Figura 2.8 – Para-choque de via projetado com sistema de absorção de energia mecânico e
por atrito. Disponível em <https://en.wikipedia.org/wiki/Buffer_stop>, acesso em 28/08/2018.
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Capítulo 2 - Aparelhos gerais de via
Figura 2.9 – Para-choque de via com sistema de amortecimento utilizando pistões mecânicos e
por atrito nos trilhos, capaz de suportar a colisão de um trem de 1000 t a 15 km/h (segundo
fabricante). Disponível em < http://www.industrispar.se/eng/products/buffer-stop/buffer-stop-
hyd/>, acesso em 28/08/2018.
Figura 2.10 – Para-choque de via construído a partir do entortamento dos trilhos. Disponível em
<http://www.travelwriticus.com/hamm-rail-buffer-stop/>, acesso em 28/08/2018.
Figura 2.11 – Para-choque de via construído com trilhos torcidos e presos por parafusos.
Disponível em <https://www.alamy.com/buffer-stop-and-rusty-sidings-dartmouth-steam-railway-
kingswear-south-devon-england-uk-image213294190.html>, acesso em 28/08/2018.
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Capítulo 2 - Aparelhos gerais de via
Figura 2.12 – Para-choque de via sendo utilizando durante trabalho de operários na via para a
proteção física. Disponível em
<https://twitter.com/networkrailpad/status/736844133357264897>, acesso em 28/08/2018.
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Capítulo 2 - Aparelhos gerais de via
3 Referências bibliográficas
1. Brina, H. L. Estradas de ferro: via permanente. 2. Belo Horizonte : UFMG, 1988. Vol.
1.
2. VALE. Manual técnico da via permanente. Belo Horizonte : s.n., 2009. p. 362.
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Referências bibliográficas