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ELÉTRICOS
Introdução
No passado, os motores de corrente contínua (CC) representavam a
maior parte das máquinas elétricas, cenário que vem mudando a partir
dos avanços nos circuitos de controle, que permitiram que motores de
corrente alternada fossem controlados com uma flexibilidade próxima a
de um motor CC. Entretanto, ainda são muitas as situações que exigem
os motores e geradores CC.
Para usar esses equipamentos, é necessário compreender o seu as-
pecto construtivo para, somente então, analisar o seu mecanismo de
funcionamento. Em geral, muito da teoria envolvida em máquinas CA
está presente também nas máquinas CC.
Neste capítulo, você conhecerá o que possibilita o funcionamento de
uma máquina rotativa em corrente contínua ou, no sentido inverso, será
capaz de produzir corrente contínua a partir de um movimento rotativo,
além de aprender como dimensionar corretamente esses equipamentos.
Características
Em sua maior parte, as máquinas elétricas de corrente contínua (CC) são
máquinas de movimento rotativo que têm como função produzir movimento
a partir de uma corrente contínua ou produzir corrente contínua a partir de
um movimento, como no caso de um gerador (CHAPMAN, 2013).
2 Máquinas CC
O esquema básico de uma máquina CC pode ser visto na Figura 3a, na qual
estão destacados o eixo direto, de direção do fluxo magnético do entreferro
produzido a partir das bobinas de campo, e o eixo em quadratura, formado
pelas escovas que conectarão as bobinas de armadura ao circuito elétrico por
meio do comutador.
4 Máquinas CC
IA
VT
IA
Funcionamento
Havendo um campo magnético no estator, seja por ímãs permanentes, seja
por bobinas alimentadas por corrente contínua, sempre que o rotor entrar em
movimento, a variação do campo magnético ao longo de suas espiras durante
a movimentação fará com que uma tensão seja induzida nestas (CHAPMAN,
2013).
Uma vez que cada bobina do rotor muda de posição em relação ao campo
magnético em que está imersa, a intensidade e o sentido da corrente induzida
durante a rotação também mudarão. A corrente somente será contínua à medida
que o gerador compensar essa movimentação pelo comutador.
A tensão induzida em uma bobina quadrada pode ser facilmente determi-
nada dividindo-a em quatro segmentos (Figura 6), ainda que em todos eles a
tensão obedecerá à Equação (1).
eind = l. (v × B) (1)
edc
c ωm
d eba
eind etot
eind = 2 × l × (v × B) (5)
v = r × ωm (6)
onde:
r: raio de rotação da espira [m];
ωm: velocidade angular [rad/s].
AR = 2πrl (8)
onde:
AR: área total do rotor [m²];
r: raio da circunferência e de rotação da espira [m].
Máquinas CC 9
(9)
onde:
AP: área do rotor sobre a face de cada polo [m²];
P: quantidade de polos.
(10)
A Equação (10) pode, então, ser substituída na Equação (7) para expressar
a tensão induzida em termos de velocidade angular, como visto nas Equações
(11) e (12).
(11)
(12)
Por fim, sabe-se que a densidade de fluxo (B) é constante, sendo o produto
da área do rotor por essa densidade o fluxo total que passa por meio do rotor,
como na Equação (13). Conhecido o fluxo, a tensão induzida poderá ser
determinada pela Equação (14) (CHAPMAN, 2013).
ϕ = Ap × B (13)
(14)
Figura 7. (a) Densidade de fluxo no entreferro; (b) tensão gerada entre as escovas.
Fonte: Umans (2014, p. 202).
F = i × (l × B) (15)
onde:
i: corrente da bobina [A];
F: força sobre cada segmento da bobina [N].
τ = r × F × senθ (16)
onde:
θ: ângulo entre o raio (r) e a força (F);
F: força sobre cada segmento da bobina [N].
Assim como ocorria com a tensão induzida, a força também será nula nos
segmentos bc e da, uma vez que o comprimento do segmento (l) é paralelo
à densidade de fluxo (B).
Logo, o torque será resultado da soma do torque resultante das forças nos
segmentos ab e cd, conforme as Equações (17) a (23).
(24)
(25)
Dimensionamento
O dimensionamento de motores e geradores CC depende, respectivamente,
do cálculo de torque e corrente, no primeiro caso, e da tensão e velocidade,
no segundo.
Para determinar a tensão induzida em uma máquina CC, deve-se multiplicar
a Equação (1) pelo número total de condutores e dividir pelos caminhos de
corrente, conforme as Equações (26) a (29).
(26)
(27)
(28)
(29)
onde:
Z: número total de condutores;
a: caminhos de corrente.
(30)
EA = Kϕωm (31)
14 Máquinas CC
(32)
(33)
(34)
EA = K´ ϕ nm (35)
onde:
nm: rotações por minuto.
(37)
(38)
(39)
(40)
(41)
Máquinas CC 15
(42)
τind = K × ϕ × IA (43)
onde:
τcond: conjugado (torque);
Icond: corrente de cada condutor;
IA: corrente total da máquina;
a: quantidade de caminhos de corrente;
Z: quantidade de condutores.
Leituras recomendadas
FALCONE, A. G. Eletromecânica: máquinas elétricas rotativas. São Paulo: Edgard Blücher,
1979. v. 2. 280 p.
FITZGERALD, A. E.; KINGSLEY JUNIOR, C.; UMANS, S. D. Máquinas elétricas: com introdução
a eletrônica de potência. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. 648 p.
PETRUZELLA, F. D. Motores elétricos: e acionamentos. Porto Alegre: AMGH; Bookman,
2013. 372 p. (Série Tekne).