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DE
POTÊNCIA
Cassio Gobbato
DC/DC – CHOPPER: STEP-
DOWN (BUCK), STEP-UP
(BOOST), BUCK-BOOST
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
É bastante comum nos depararmos com situações em que seja necessário
a alteração do nível de tensão para determinada aplicação. Por exemplo,
um aparelho doméstico possui tensão de alimentação de 127 Vrms. Se
o usuário desse aparelho for morar em uma região do Brasil em que a
tensão da instalação de sua residência for de 220 Vrms, será necessário
utilizar um transformador para adequá-la ao nível de tensão do aparelho.
Esse exemplo envolveu valores de tensão alternada. Mas, e em casos de
tensão contínua? Como exemplo, um carregador de celular que reduz a
tensão de entrada, seja 127Vrms ou 220Vrms, para um valor típico de 5
VCC. Como isso é possível?
Pois bem, utilizando o caso do carregador de celular, a tensão alter-
nada de entrada é retificada, transformando-se em tensão contínua. Essa
tensão contínua é reduzida para 5 VCC através de conversores de tensão
DC/DC (direct current), também comumente conhecidos na literatura
como conversores CC/CC (corrente contínua).
A alteração de níveis de tensão contínua pode ser realizada através
de reguladores lineares e conversores chaveados. O primeiro método se
destaca pela simplicidade, robustez e baixo custo. No entanto, possui a
grande desvantagem de apresentar uma eficiência reduzida. Ao contrário,
os conversores chaveados se destacam pela elevada eficiência, além
2 DC/DC – CHOPPER: STEP-DOWN (BUCK), STEP-UP (BOOST), BUCK-BOOST
VinDT
VO = = VinD (1)
T
Outro ponto que deve ser destacado é com relação à eficiência. Como dito
anteriormente, conversores chaveados apresentam elevada eficiência com
relação a outros conversores. Aí você pode se perguntar: por qual razão? É
simples: considere que a chave seja ideal, ou seja, não há resistência no dis-
positivo quando estiver operando no estado fechado; desconsidere também as
resistências nos fios condutores do circuito. No momento em que a chave estiver
aberta, nenhuma potência será transferida para a carga e, consequentemente,
nenhuma potência será entregue pela fonte de tensão. No momento em que
a chave estiver fechada, toda a potência dissipada na carga será transferida
da fonte. Portanto, em um período T, a potência total dissipada na carga
será a mesma potência total disponibilizada pela fonte. Isso resulta em uma
eficiência de 100%.
VO
Vin
VO, médio
S
Vin RO VO
DT (1 – D)T
t
a) b)
Figura 1. Conversor CC/CC. a) Circuito chaveado. b) Tensão de saída VO.
Fonte: Adaptado de Hart (2011).
A chave S pode ser compreendida como um TJB, MOSFET, IGBT, entre outros. Esses
dispositivos podem ser utilizados como chave, pois podem operar no estado aberto
ou fechado, impedindo ou não o fluxo de corrente pelo dispositivo.
4 DC/DC – CHOPPER: STEP-DOWN (BUCK), STEP-UP (BOOST), BUCK-BOOST
Com base no conhecimento adquirido até aqui, você verá que o enten-
dimento da operação dos conversores abordados neste capítulo será muito
mais tranquilo.
Pois bem, neste tópico estudaremos o conversor buck (Figura 2), que possui
a capacidade de reduzir o valor da tensão de saída em relação à de entrada.
Portanto, esse circuito é conhecido como conversor redutor ou abaixador de
tensão.
Lbu
Sbu
Vin Dbu Cbu Rbu
iS VL iL iO
Lbu
Sbu
Vin VDbu Cbu Rbu VO
a)
VL iL iO
VS
iD Lbu
b)
VD = –Vin (2)
–Vin + VL + VO = 0 (3)
(Vin – VO)DT
∆iL = (5)
L
DC/DC – CHOPPER: STEP-DOWN (BUCK), STEP-UP (BOOST), BUCK-BOOST 7
VS
Vin
iL iLpk
iO
t
iLmín iS iLpk
t
Vin – VO
VL
t
t VD
–VO t
iC
iLpk
–Vin
iLmín t
iD iLpk
DT (1 – D)T
T
t
DT (1 – D)T
T
Figura 4. Formas de onda do conversor buck operando em MCC.
– VO (1– D) T
∆iL = (7)
L
VO
= D (9)
Vin
VO/Vin
1
0,5
D
0 0,5 1
Figura 5. Ganho de tensão (VO/Vin) x razão cíclica (D).
∆iL
iLpk = iO + (10)
2
∆iL
iLmin = iO + (11)
2
∆Q = C∆VO (12)
T ∆iL
∙ T∆iL
2 2
área do triângulo = ∆Q = = (13)
2 2
T∆iL
C= (14)
8∆VO
Lbo Dbo
Vin Sbo Cbo Rbo
Como você já deve ter percebido, na primeira etapa de operação do conversor a chave
fecha e o diodo abre. E, na segunda etapa, a chave abre e o diodo fecha. Portanto, de
agora em diante, essa informação ficará implícita.
iL VL iO
VD
iS iC
a)
iL VL iD VD iO
Lbo Dbo iC
Lbu VO
Vin VS Cbo Rbo
b)
Etapa 1
A etapa 1 é apresentada pela Figura 7a. A tensão sobre o diodo é igual à tensão
de saída, pois a chave encontra-se no estado fechado. Ou seja:
VD = –VO (15)
∆iL
VL = Vin = L (16)
DT
VinDT
∆iL = (17)
L
Portanto, em (17) tem-se uma devida positiva, o que resulta em uma rampa
crescente da corrente iL, conforme pode ser observado na Figura 8.
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VS VO
iL iLpk
iin t
iS iLpk
iLmín
t
VL Vin
t
VD
t t
Vin – VO
iC
–VO
t iD iLpk
–VO/Rbo
DT (1 – D)T
T
t
DT (1 – D)T
T
Figura 8. Formas de onda do conversor boost operando em MCC.
Etapa 2
A etapa 2 de operação é apresentada pela Figura 7b. A tensão V L pode ser
determinada fazendo-se uma análise de malha no sentido horário. Ou seja,
–Vin + VL + VO = 0 (18)
∆iL
VL = Vin – VO = L (19)
(1 – D) T
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Nesse caso, como VO é sempre maior ou igual que Vin, tem-se uma derivada
negativa, o que resulta em uma rampa decrescente de iL.
A tensão média sobre o indutor deve ser zero em um intervalo de tempo T.
Portanto, somando (17) com (20) em função de cada intervalo de tempo, tem-se:
VO 1
= (22)
Vin 1–D
Se D for zero, o ganho será unitário, por isso é dito chamado de elevador de
tensão. A equação do ganho apresentado por (22) é representada na Figura 9.
Note que o ganho de tensão ideal do conversor boost cresce exponencial-
mente com o aumento de D. Entretanto, na prática, o ganho decai quando D
se aproxima de 1, pois as perdas no circuito começam ser bem expressivas.
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VO/Vin
10
Ideal
Não
4 ideal
1 D
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
Figura 9. Ganho de tensão (VO/Vin) x razão
cíclica (D) do conversor boost.
Fonte: Adaptado de Hart (2011).
|VO|
área do triângulo = ∆Q = DT = C∆VO (23)
R
DT VO
C= (24)
R ∆VO
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Sbb Dbb
Vin Lbb Cbb Rbb
VD
iS VD iO
iL iC
Vin Sbb
Lbb VL Cbb Rbb VO
a)
VS VD iD iO
iL iC
Dbb
Vin Lbb VL Cbb Rbb VO
b)
VS Vin + VO
iL iLpk
iLmín t
iS iLpk
t
Vin
VL
t
t VD
–VO t
iLpk
iC
– (Vin–VO)
t
–VO/Rbb iD iLpk
DT (1 – D)T
T
t
DT (1 – D)T
T
Figura 12. Formas de onda do conversor buck-boost operando em MCC.
18 DC/DC – CHOPPER: STEP-DOWN (BUCK), STEP-UP (BOOST), BUCK-BOOST
Pelo fato da topologia estudada neste tópico ser a junção das duas topologias
estudadas anteriormente, algumas equações são exatamente iguais ou são
muito similares às que já foram apresentadas. Portanto, elas serão reutilizadas
na análise de circuito a seguir.
Etapa 1
A tensão no indutor na primeira etapa pode ser determinada através de (16).
Portanto, a variação da corrente no indutor pode ser igualmente obtida através
de (17). O comportamento de iL pode ser observado na Figura 12.
Etapa 2
A tensão no indutor na segunda etapa pode ser determinada através de (6).
Portanto, a variação da corrente no indutor pode ser igualmente obtida através
de (7).
O ganho do conversor buck-boost pode ser obtido através da soma de (16)
com (6). Ou seja, após algumas simplificações, tem-se:
VO D
=
Vin 1 – D (25)
VO/Vin
10
Ideal
Não
4 ideal
1 D
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
Figura 13. Ganho de tensão (VO/Vin) x razão
cíclica (D) do conversor buck-boost.
Referência
Leituras recomendadas
AHMED, A. Eletrônica de potência. São Paulo: Pearson, 2000.
RASHID, M. H. Eletrônica de potência: circuitos, dispositivos e aplicações. 4. ed. São
Paulo: Makron Books, 2014.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.