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Conversor Buck

Bruno Henrique Santiago Reis


Gustavo de Sousa Marques Silva
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo
Votuporanga, SP

1 Introdução

Alguns equipamentos eletrônicos são compostos por diversos circuitos. Para cada circuito que compõe um
equipamento eletrônico, muitas vezes, é exigido o suprimento de energia em um nível de tensão específico.
Para isso, são utilizados dispositivos de conversão de energia, que podem converter um único nível de ten-
são em outros. Quando o dispositivo de conversão energética realiza a transformação de um nível de tensão
elétrica contínuo em outro contínuo, denomina-se DC/DC.(RODRIGUES, 2010)

Neste trabalho trataremos especificamente do tipo de conversores DC/DC, que são dispositivos utilizados
para converter uma fonte de tensão de um nível para outro, tanto diminuir a tensão quanto aumentar.

Trata-se de uma classe de conversores de potência que utilizam comutação de sinal e armazenamento
de energia através de elementos semicondutores e armazenadores (indutor ou capacitor), respectivamente.
Devido à característica de comutação, também são conhecidos como reguladores chaveados ou fontes cha-
veadas.(CHRYSSIS, 1984)

A conversão DC/DC é realizada através do armazenamento temporário da energia de entrada e da libera-


ção na saída com uma tensão diferente. Esses tipos de conversores são bastante utilizados na eletrônica, pois
possibilitam a utilização de uma única bateria para alimentar o circuito, sendo possível ter diferentes tensões
dentro do circuito sem a necessidade de múltiplas baterias.(RODRIGUES, 2010)

Vantagens: Desvantagens:

• 80% de eficiência da conversão; • Maior custo;


• Maior tempo de operação para dispositivos su- • Emissão de ruídos;
pridos a bateria;
• Complexidade maior em relação a outras formas
• Espaço menor utilizado em relação a outras for-
de conversão;
mas de conversão, estando disponível em forma
de Circuito Integrado, enquanto outras formas
dependem, geralmente, de subcircuitos que de-
pendem de vários níveis de tensão.

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Existem basicamente dois tipos de conversão utilizando o DC/DC:

• Step – Down: utilizado para realizar a diminuição da tensão na saída em relação a tensão da entrada.

• Step – Up: utilizado para realizar o aumento da tensão na saída em relação a tensão da entrada.

Além disso podem ser utilizados para várias polaridades entre a entrada e saída. Contendo diversas to-
pologias de conversores DC/DC, onde cada topologia apresenta uma característica diferente. Neste trabalho
utilizaremos o conversor DC/DC Step – Down, também conhecido como Conversor Buck, portanto, será dado
um detalhamento maior deste tipo de conversor.

2 Conversor BUCK

Conversor buck (conversor abaixador) é um conversor DC/DC caracterizado por diminuir a tensão (en-
quanto aumenta a corrente) de sua entrada para sua saída.

Os conversores de chaveamento (como por exemplo o conversor buck) fornecem eficiência de energia
muito maior do que os reguladores lineares, que são circuitos mais simples que reduzem as tensões dissi-
pando a energia como calor, mas não aumentam a corrente na saída, impossibilitando muitas vezes o acio-
namento de cargas que dependam de baixa tensão mas determinada corrente maior.(KEEP, 2012)

As principais características que o conversor Buck apresenta, são:

• Abaixador de tensão em fontes de alimentação. • A corrente de saída tem boa qualidade;

• Acionamento de motores DC. • A corrente na entrada é descontínua.


• Carregadores de Bateria (por exemplo de bate-
rias de automóveis).

Segundo (PETRY, 2001) o conversor Buck pode operar em três modos de operação:

1. Condução Contínua: a corrente no indutor (L) não se anula durante um período de comutação. Onde
a tensão de saída varia linearmente com ciclo de trabalho.

2. Condução Descontínua: a corrente no indutor (L) se anula a cada período de comutação. Onde a
tensão de saída depende do tempo de extinção da corrente.

3. Condução Crítica: a corrente no indutor (L) está no limiar de se anular a cada período de comutação.

A estrutura do conversor Buck está representada na Figura 1, onde é possível perceber que a chave S
pode assumir dois estados: conduzindo ou bloqueada. Onde no momento em que a chave está conduzindo
o diodo fica reversamente polarizado e a fonte transfere energia diretamente para o indutor, fazendo assim a
corrente IL crescer de acordo com a tensão aplicada. Consequentemente se IL for maior que IS aida (IL >
IS aida), a fonte também passa a transferir energia para o capacitor.(MORAES, 2018)

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Figura 1: Estrutura BUCK.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Quando S abre bloqueando a passagem de energia diretamente da fonte para o restante do circuito, o
diodo entra em condução fornecendo a passagem de corrente do indutor. Com isso a energia armazenada no
indutor é entregue ao capacitor para manter o conversor constante. Logo IL diminui.(MORAES, 2018)

Figura 2: Conversor Buck Chave Bloqueada.

Fonte: Elaborada pelo autor.

3 Projeto Conversor BUCK

Os seguintes dados iniciais foram propostos para a estruturação do projeto:

Dados do Projeto:

• Tensão de Entrada (Vin ): 50V; • Frequência de chaveamento: 50KHz;

• Tensão de Saída (Vout ): 25V;


• Tipo de controle: PWM por largura de pulso;
• Corrente Máxima saída: 1A;

• Potência de saída: 25W; • Ripple Máximo: ∆Vout (max):

3.1 Conversor BUCK - Malha Aberta

Primeiramente realizamos a montagem do conversor buck em malha aberta utilizando a chave S como
sistema de controle, como mostrado na Figura 4

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Figura 3: Conversor Buck Malha Aberta.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Cálculo do Resistor de Carga

Vout 2
R =
P
252
R =
25
R = 25Ω

Cálculo do Ponto de Operação

De acordo com o modelamento Vorpérian, considera-se o elemento passivo como sendo o diodo, e o elemento
ativo como sendo o transistor.

Razão Cíclica da Parte Ativa: Razão Cíclica da Parte Passiva:

Vout
D =
Vin D0 = 1−D
25
D = D0 = 1 − 0, 5
50
0
D = 0, 5 D = 0, 5

Cálculo do Capacitor de Filtragem

∆IL
Cmin =
2πf ∆Vout
0, 40.1
Cmin =
2π(50.103 )(0, 01.25)
Cmin = 5, 093µF

O modelo comercial dos capacitores mais próximo é 5, 1µF , portanto seria o valor utilizado. Porém após testes
realizados observou-se que utilizar um capacitor com valor maior seria mais aceitável as distorções nas formas
de onda. Portanto usamos um capacitor de 100µ F.

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Cálculo do Indutor

Vin .D.D0
Lmin =
f ∆IL
50.0, 5.0, 5
Lmin =
(50.103 )(0, 4.1)
Lmin = 0, 625mH

O valor mais próximo comercial dos indutores é de 1mH. É indicado a utilização de indutores com valores
bem mais altos do que o calculado para garantir um modo de operação contínuo em toda a faixa de operação.

Variação da Corrente Máxima do Indutor

Vin
∆ILmax =
4f L
50
∆ILmax =
4(50.10 )(625.10−6 )
3

∆ILmax = 0, 4A

Corrente de Pico do Indutor

∆IL
Ip = + IR
2
∆IL Vout
Ip = +
2 R
0, 4 25
Ip = +
2 25
Ip = 1, 2A

Variação na Tensão do Capacitor

∆V c = 0, 01Vout
∆V c = 0, 01.25
∆V c = 0, 25V

Cálculo da Resistência RSE

A resistência RSE é utilizada em série com o capacitor para auxiliar na filtragem do circuito, ocasionando uma
variação menor.

∆V
RSE =
∆IL
0, 25
RSE =
0, 4
RSE = 625mΩ

O valor comercial mais próximo de resistores é de 1000mΩ ou 1Ω.

Portanto, após os cálculos e dimensionamentos dos componentes do circuito, utilizando o bloco de frequên-
cia o Conversor Buck se dá pelo seguinte esquema mostrado na Figura 4

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Figura 4: Conversor Buck

Fonte: Elaborada pelo autor.

Logo, as principais formas de ondas de tensão e corrente do circuito equivalente são:

Figura 5: Chaveamento

Fonte: Elaborada pelo autor.

Figura 6: Tensão e Corrente no Diodo

Fonte: Elaborada pelo autor.

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Figura 7: Tensão Indutor

Fonte: Elaborada pelo autor.

Figura 8: Corrente Indutor

Fonte: Elaborada pelo autor.

Figura 9: Tensão e Corrente no Capacitor

Fonte: Elaborada pelo autor.

Figura 10: Tensão e Corrente de saída do Conversor

Fonte: Elaborada pelo autor.

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Portanto, vimos que o circuito se comporta da maneira esperada, com suas variações de tensões e cor-
rentes, demonstradas anteriormente, dentro dos limites calculados.

Após os estudos realizados com o circuito utilizando um bloco de frequência e a obtenção das suas formas
de onda, decidiu-se implementar o sistema de controle PWM. Como mostrado na Figura 11

Figura 11: Estrutura Conversor BUCK com PWM

Fonte: Elaborada pelo autor.

O sistema de controle utiliza: um Mosfet, um AOP Comparador, uma fonte dente de serra e a fonte de
tensão de refêrencia. Onde o AOP Comparador tem nas suas entradas (não-inversora e inversora), respecti-
vamente, a fonte dente de serra e a fonte de refêrencia.

Figura 12: Tensão e Corrente na Saida PWM

Fonte: Elaborada pelo autor.

Logo, é possível observar através da simulação mostrada na Figura 12, que a tensão e corrente na saída
utilizando o sistema PWM com comparador e fonte dente de serra continuou com seus valores próximos ao
valor ideal teórico de 25 Volts e 1 Ámpere. Onde a faixa azul representa a tensão de saída e a faixa vermelha
representa a Corrente de saída do circuito conversor Buck utilizando PWM.

4 Conclusão

O estudo dos conversores DC em sua forma ideal é primordial para entendê-lo completamente. O in-
tuito deste trabalho foi apresentar as principais formas de ondas e equacionamentos do dimensionamento do
circuito envolvendo o conversor Buck em duas estapas, realizando a montagem em malha aberta utilizando
um bloco de frequência e após a obtenção desse circuito, substituiu-se o mesmo bloco por um sistema de
controle envolvendo Amplificadores Operacionais, portanto comprovando assim que os resultados obtidos na
simulação condizem com os resultados obtidos teoricamente utilizando ambos os modelos de controle.

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Referências

CHRYSSIS, G. C. High-Frequency Switching Power Supplies. 1. ed. [S.l.]: McGraw-Hill. 1. ed., 1984.
KEEP, S. Compreendendo as vantagens e desvantagens dos reguladores lineares. [s.n.], 2012.
Disponível em: <http://web.archive.org/web/20141016025724/http://www.digikey.com/en/articles/techzone/
2012/may/understanding-the-advantages-and-disadvantages-of-linear-regulators>. Acesso em: 23 ago.
2020.

MORAES, C. Análise do Conversor Buck em Condução Contínua. [s.n.], 2018. Disponível em:
<https://eletronicadepotencia.com/analise-do-conversor-buck-em-mcc/>. Acesso em: 23 ago. 2020.
PETRY, C. A. Introdução aos Conversores CC-CC. [s.n.], 2001. Disponível em: <https://www.
professorpetry.com.br/Bases_Dados/Apostilas_Tutoriais/Introducao_Conversores_CC_CC.pdf>. Acesso em:
17 ago. 2020.

RODRIGUES, L. G. Estudo e Desenvolvimento de um Conversor DC-DC de Topologia Buck para


Aplicaçao Aeroespacial. [s.n.], 2010. Disponível em: <http://www.tcc.sc.usp.br/tce/disponiveis/18/180500/
tce-13052010-154507/?&lang=br>. Acesso em: 07 ago. 2020.

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