Você está na página 1de 28

Eletrônica de Potência I

Conversores CC-CC Isolados


Forward e Push-Pull

Prof. Bruno S. Dupczak, Dr. Eng.


Departamento Acadêmico de Eletrotécnica – DAE
Conversor Forward
• O conversor Forward é a versão isolada do conversor
Buck, apresentando um ganho estático que depende
proporcionalmente da razão cíclica (D);
• É utilizado em potências mais altas do que o conversor
Flyback (100 W < Po < 600 W), sendo as fontes de
computador um exemplo de aplicação desta estrutura;
• O terceiro enrolamento (auxiliar) e o diodo D3 servem
para fazer a desmagnetização do núcleo do
transformador;

Prof. Bruno S. Dupczak


Etapas de Operação
• O conversor Forward apresenta três etapas de operação:

• ETAPA 1 (0 < t < D.Ts): Interruptor S1 conduzindo (on). A (0 < t < D.Ts)
polaridade dos enrolamentos primário e secundário permite
que a energia seja transmitida da fonte Vi para a carga através
do diodo D1 enquanto que D2 estará bloqueado. A polaridade do
enrolamento auxiliar é invertida, logo, D3 também estará
bloqueado;

• ETAPA 2 (D.Ts < t < Ti=0): Interruptor S1 bloqueado (off). A


corrente no secundário se anula e D1 é bloqueado. D2 passa a (D.Ts < t < Ti=0)
conduzir a corrente de carga. O enrolamento auxiliar inverte a
polaridade e polariza D3, devolvendo para fonte a energia
armazenada na indutância magnetizante;

• ETAPA 3 (Ti=0 < t < Ts): Interruptor S1 bloqueado (off). Em Ti=0 a


desmagnetização do trafo é concluída, bloqueando D3. A
corrente de carga continua circulando por D2 até que o período
de comutação reinicie. (Ti=0 < t < Ts)

Prof. Bruno S. Dupczak


Formas de Onda

Prof. Bruno S. Dupczak


Ganho Estático
• Do mesmo modo como foi feito para o conversor Flyback,
também aqui se calcula o valor médio da tensão sobre o
elemento magnético (indutor Lo) que deve ser nulo:

• Nota-se pela expressão do ganho estático do conversor


isolado é idêntico ao conversor sem isolamento (Buck),
com a diferença que a relação de transformação do
transformador faz parte da equação.
Prof. Bruno S. Dupczak
Conversor Forward
• Uma maneira de diminuir o número de enrolamentos do
conversor Forward é adicionar um interruptor e um
diodo, constituindo assim o conversor Forward com dois
interruptores;
• Em algumas aplicações este conversor é preferido, por
possuir um transformador mais simples do que a versão
original do conversor

Prof. Bruno S. Dupczak


Conversor Push-Pull Os conversores Flyback e
Forward empregam apenas 1
• O conversor Push-Pull pode ser considerado como dois interruptor controlado,
conversores Forward operando complementarmente; operando apenas no 1º
quadrante da curva B-H do
• Os interruptores controlados S1 e S2 são controlados
núcleo do transformador.
alternadamente, com condução máxima de 50% do período
Isso restringe estas
de comutação do conversor;
estruturas para aplicações de
• É recomendado para aplicações de médias potências (500- baixa potência;
2.000 W) e baixas tensões (pois os interruptores precisam
bloquear o dobro da tensão de entrada); Já os conversores em ponte
• A maior vantagem desta estrutura, em relação as outras operam em mais de um
estruturas em ponte, reside na robustez e simplicidade. Os quadrante da curva B-H,
interruptores são comandados de um ponto comum em sendo que a potência
relação a fonte de alimentação. Além disso, uma falha no processada é dividida entre 2
funcionamento dos interruptores não implica em curto- ou mais interruptores;
circuito da fonte de alimentação.
Além disso, apresentam uma
tensão secundária cuja
frequência é o dobro da
frequência de comutação,
resultando em um menor
volume do filtro de saída;

Prof. Bruno S. Dupczak


Conversor Push-Pull - Opções 8

• Transformador com duas


bobinas no secundário;
• Dois diodos de saída;
• Valor máximo da tensão
de bloqueio dos diodos:

VD1,max = 2  n Vin

• Transformador com uma


bobina no secundário;
• Quatro diodos de saída;
• Valor máximo da tensão
de bloqueio dos diodos:

VD1,max = n Vin

Prof. Bruno S. Dupczak


INEP 8 Prof. Bruno S. Dupczak
9

Etapas de Operação
ETAPA 1 (t0 – t1): S1 (on); S2
(off). Os diodos D1 e D4 ficam
diretamente polarizados e
entram em condução,
transferindo energia da fonte
de alimentação para a carga
através do transformador. Os
diodos D2 e D3 mantém-se
bloqueados;

Prof. Bruno S. Dupczak


INEP 9 Prof. Bruno S. Dupczak
10

Etapas de Operação
ETAPA 2 (t1 – t2): S1 (off); S2
(off). O bloqueio de S1 ocasiona
a inversão de polaridade da
tensão em VP,1, devido a
mudança de derivada da
corrente na bobina primária.
Isso causa a polarização direta
dos diodos D2 e D3, formando
um caminho de roda livre para
a corrente do indutor de saída,
a qual assume-se que é
dividida igualmente entre os
dois braços de diodos.

Prof. Bruno S. Dupczak


INEP 10 Prof. Bruno S. Dupczak
11

Etapas de Operação
ETAPA 3 (t2 – t3): S1 (off); S2
(on). A entrada em condução
de S2 impõe a tensão na saída,
forçando os diodos D1 e D4 a
bloquearem. Os diodos D2 e D3
mantém-se em condução,
transferindo energia da fonte
de alimentação para a carga
através do transformador;

Prof. Bruno S. Dupczak


INEP 11 Prof. Bruno S. Dupczak
12

Etapas de Operação
ETAPA 4 (t3 – t4): S1 (off); S2
(off). O bloqueio de S2 ocasiona
a inversão de polaridade da
tensão em VP,2, devido a
mudança de derivada da
corrente na bobina primária.
Isso causa a polarização direta
dos diodos D1 e D4, formando
um caminho de roda livre para
a corrente do indutor de saída,
a qual assume-se que é
dividida igualmente entre os
dois braços de diodos.

Prof. Bruno S. Dupczak


INEP 12 Prof. Bruno S. Dupczak
Ganho Estático
• Do mesmo modo como foi feito para o conversor
Forward, para o conversor Push-Pull calcula-se o
valor médio da tensão sobre o elemento magnético
(indutor Lo) que deve ser nulo;
D T T
1 1
VLo =  ( n  Vi ) − Vo   dt +  −V o  dt = 0
T 0
T DT

 ( n Vi ) − Vo   Vo 
VLo =    D  T  −   (T − D  T )  = 0
 T    T 
 ( n Vi ) − Vo  Vo
   D  T =  (T − D  T )
 T  T
( n Vi ) − Vo   D = Vo  (1 − D )
Vo Vsec
=D onde n=
n  Vi VP

• Nota-se pela expressão do ganho estático do


conversor isolado é idêntico ao conversor sem
isolamento (Buck), com a diferença que a relação
de transformação do transformador faz parte da
equação. Prof. Bruno S. Dupczak
Correntes de entrada e saída
• O valor médio da corrente de saída (Io,md) é definido por:

Vo ,md
I o , md =
Ro
• Considerando o rendimento provável do conversor ( ), o
valor médio da corrente de entrada (Iin,md) será:

Po =   Pin
Po =   Vin ,md  I in ,md
Po
I in ,md =
  Vin ,md

Prof. Bruno S. Dupczak


Indutor de Saída (Lo)
• O estágio da saída do conversor Push-Pull é idêntico ao
do conversor Buck;
• Conforme apresentado no material de conversores CC-CC
não-isolados, a condição de máxima ondulação ocorre
com D=0,5. Isso é válido também para o indutor Lo do
conversor Push-Pull;
• Assim, obtém-se o valor do indutor de saída por meio de:

VD
Lo =
4  I Lo  Fo
• O valor de ∆ILo corresponde a um valor percentual de I Lo ,md = I o ,md
ondulação de corrente em relação ao valor médio da
corrente que passa pelo indutor (ILo,md),
• É importante observar que a tensão VD corresponde a
VD = VSec − ( 2 V f )
tensão do secundário do transformador (VSec) menos a
queda de tensão (Vf) em 2 diodos que estarão em série
em cada etapa de operação;
Fo = 2  Fs
• A frequência de operação do indutor (Fo) corresponde a 2
Prof. Bruno S. Dupczak
vezes a frequência de comutação (Fs) dos interruptores;
Correntes de saída
• A partir da forma de onda, obtém-se o valor eficaz da
ondulação de corrente ∆ILo como sendo:

I Lo
I Lo ,ef =
2 3
• Por sua vez, o valor eficaz total da corrente no indutor
será a soma quadrática do valor médio com o valor
eficaz de ondulação;
2
 I Lo 
 + ( I o ,md )
2
I Lo,ef = 
 2 3 

• Considerando que toda ondulação de corrente do


indutor circula pelo capacitor, o valor eficaz de corrente
que circula por ele será:
I Lo
I Co ,ef =
2 3
Prof. Bruno S. Dupczak
Capacitor de saída (Co)
• Corrente no indutor de saída (i Lo)

iLo = I Lo,md + I Lo
I Lo ,md = I o,md

• A corrente no capacitor de saída (iCo) será:

iCo = iLo − I o ,md

• Portanto:

ICo = I Lo
Prof. Bruno S. Dupczak
Capacitor de saída (Co)
• A escolha do valor de Co deve considerar a queda de
tensão que ocorre na resistência série equivalente (RSE)
do capacitor;

• Assim, determina-se a RSE e escolhe-se um capacitor de


valor comercial que apresente uma RSE inferior ao valor
calculado;
VCo
RSE 
I Co
• O capacitor escolhido também deve suportar:
– Tensão de 1,2 a 1,5 vezes a tensão de saída Vo;
– Corrente superior a 1,2 vezes a corrente eficaz ICo(ef) ;
– Classe de temperatura compatível com o ambiente de
operação;

Prof. Bruno S. Dupczak


Tensão no secundário (VSec)
• O valor médio da tensão VD equivale ao valor médio da
tensão de saída (Vo), pois o valor médio da tensão no
indutor Lo é nulo;
• Portanto:
DT

 (V − 2V f ) dt
1
VD ,md = Vo ,md = Sec − 2V Df
T 0
VSec
Sec

(VSec − 2V f )  D = Vo ,md
Vo ,md
VSec = + 2V f
D
A razão cíclica de cada
• Como o intervalo de tempo D*T é o mesmo que o interruptor possui um
intervalo de condução de cada interruptor (Dmax*Ts), e valor máximo (Dmax)
sabendo que T=Ts/2 (frequência de saída Fo e o dobro da que depende do
frequência de comutação Fs) controlador PWM que
é utilizado. No caso do
conversor Push-Pull,
Vo ,md Dmax < 0,5
VSec = + 2V f
2  Dmáx Prof. Bruno S. Dupczak
Relação de transformação (n)
• Na determinação da relação de transformação (n) será
considerado o rendimento provável do conversor (),
visando compensar as quedas de tensão que ocorrem
nos componentes:

  PP ,1 = PSec
 Vin  I P ,1 = VSec  I Sec
Considerando que I P ,1  n  I Sec
 Vin  n  I Sec = VSec  I Sec
VSec
n=
 Vin

Obs: Não está sendo considerada a presença


da corrente de magnetização do
transformador.

Prof. Bruno S. Dupczak


Correntes no transformador
• É necessário determinar os valores eficazes nos
enrolamentos do transformador. Essas correntes serão
usadas posteriormente no dimensionamento físico do
componente.
• No enrolamento secundário, o valor eficaz de corrente é
o mesmo que o encontrado no indutor de saída (Lo);

2
 I Lo 
 + ( I o ,md )
2
I Sec ,ef = I Lo ,ef = 
 2 3 

• Nos enrolamentos primários, o valor eficaz de corrente é


o mesmo que o encontrado nos interruptores (S1 e S2);

n  I Sec ,ef
I P1,ef = I S 1,ef 
2

Obs: Não está sendo considerada a presença da corrente de


magnetização do transformador. Prof. Bruno S. Dupczak
Indutância Magnetizante (Lm)
• Uma parcela da corrente no primário é necessária para
estabelecer o fluxo de magnetização do transformador,
tendo em vista que o material magnético possui uma
relutância a passagem do fluxo (permeabilidade finita);
• O valor pico-a-pico desta corrente magnetizante (∆ILm) é
especificado entre 10-20% do valor médio da corrente de
entrada (Iin,md);

I Lm = I Lm[%]  I in ,md

• Definido o valor da corrente de magnetização, é possível


calcular a indutância magnetizante do transformador;

Vin  Dmáx
Lm =
I Lm  Fs Lembrar que a frequência
de comutação (Fs) é a
metade da frequência de
saída (Fo).
Prof. Bruno S. Dupczak
Especificação dos semicondutores
• Interruptores (MOSFETs)

VS1,máx = VS2,máx = 2 Vin


I in ,md
I S 1,md = I S 2,md =
2
n  I Sec ,ef
I S 1,ef = I S 2,ef 
2

• Diodos

VD1234,máx = VSec
I Lo ,md I o,md
I D1234,md = =
2 2
I Lo ,ef
I D1234,ef =
2 Prof. Bruno S. Dupczak
Atividade 14 • Vin = 12 V
• Vo = 48 V
1. Projete e simule um conversor Push-Pull, • Po = 21,3 W
considerando as especificações ao lado. • η = 85%
– Use um modelo de transformador com o valor de Lm e da • Fs = 20 kHz
relação transformação (n:1) calculados por você. • Dmax = 0,4
Desconsidere a indutância de dispersão (Llk) e a resistência de • VF = 0,70 V
bobinas, usando um valor bem pequeno (1e-6 por exemplo);
• ∆ILo = 17,5% de Io,md
– Calcule os valores de corrente e de tensão com as equações
apresentadas anteriormente e compare com os resultados de
• ∆VCo = 1% de Vo,md
simulação (não use o filtro de entrada) • ∆ILm = 10% de Iin,md
– Considere que você irá usar o seguinte capacitor de saída para
o conversor. Verifique se o dimensionamento está correto.
Item Modelo

MOSFET STP42N60M2
(600 V / 34 A)
Diodo UF5404
(400 V / 3 A)
Indutor de
20 uH
Entrada
Capacitor 1000 uF / 50 V
de Entrada (Epcos – B41858)
Capacitor 220 uF / 63 V
De Saída (Epcos – B41856)
Dissipador RDD4220 (L=80 mm,
Prof. Bruno S. Dupczak
Rth = 7,3 oC/W)
Dicas para Simulação (Push-Pull)

Prof. Bruno S. Dupczak


Dicas para Simulação

Colocar um resistor de
valor elevado (1 MΩ)
para não deixar em
aberto o enrolamento
secundário que não será
usado (senão o PSIM não
simula)!

Prof. Bruno S. Dupczak


Dicas para Simulação

Prof. Bruno S. Dupczak


28

Referências Bibliográficas
[1] POMILIO, J.A. Eletrônica de Potência (Notas de Aula). UNICAMP,
2009.

[2] PETRY, C.A. Curso Básico de Eletrônica de Potência (Notas de


Aula). IFSC, 2014.

[3] BARBI, I. Eletrônica de Potência. INEP-UFSC, 6ª Edição, 2006.

[4] AHMED, A. Eletrônica de Potência. São Paulo: Prentice Hall,


2000.

[5] MARTINS, D. C; BARBI, I. Introdução ao estudo dos conversores


CC‐CC. Edição do Autor, 2005.

[6] ERICKSON, R.W. Fundamentals of Power Electronics. Chapman &


Hall, 1997.

[7] MARTINS, D.C. Eletrônica de Potência - Semicondutores de


Potência Controlados, Conversores CC-CC Isolados e Comutação
Forçada. INEP-UFSC, Agosto, 2005.

Prof. Bruno S. Dupczak


INEP 28 Prof. Bruno S. Dupczak

Você também pode gostar